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ROTA 4 AUDITORIA INTERNA

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AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AUDITORIA INTERNA DE 
GESTÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Luiz Eduardo Croesy Jenkins 
 
 
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TEMA 1 – PLANEJAMENTO DO TRABALHO DA AUDITORIA INTERNA 
Como uma das etapas do processo de auditoria, o planejamento atua no 
apoio à equipe na delimitação do escopo e no estabelecimento dos objetivos da 
auditoria, permitindo a estimativa de custos e estrutura de pessoal necessário. 
Sendo a atividade de auditoria uma prestação de serviços, os principais 
fatores de impacto na questão dos custos para fins de realização de uma auditoria 
são o tempo e a extensão dos exames. Isso porque os custos neste tipo de 
atividade estão atrelados aos gastos com pessoal, sejam eles internos ou 
terceirizados. Outros custos que podem impactar seriam os logísticos, como 
deslocamento em viagens e hospedagens. 
1.1 Análise preliminar do objeto de auditoria 
O objeto da auditoria corresponde à questão principal e razão: a motivação 
para a execução de uma auditoria. Para a identificação do objeto a ser auditado, 
é fundamental que se observem a relevância e a forma como as informações 
prestadas pelos auditores serão utilizadas pelos usuários da auditoria. 
Na fase de planejamento, o auditor faz uso de indicadores de desempenho 
ou performance, que auxiliam na visão e sensibilidade quanto àquilo que deverá 
ser auditado. Assim, torna-se possível identificar possíveis mudanças ocorridas 
na condição em que se encontra o processo a ser auditado. 
Na análise preliminar, ainda na fase de planejamento, são observados os 
processos internos de tomada de decisão, avaliando-se o perfil de gestão e cultura 
organizacional que é adotado no setor ou na organização auditada. 
A compreensão quanto àquilo que se pretende auditar — ou seja, o objeto 
de auditoria — é obtida por meio de leis, regulamentos, normas e contratos que 
impactam o processo auditado. Outro elemento de informação são os objetivos e 
as metas traçados para o período em que a auditoria está sendo realizada. Os 
objetivos e as metas trazem as expectativas da área ou empresa e podem 
apresentar, de forma inerente, riscos que podem afetar o atingimento dos 
objetivos previstos. 
A avaliação dos controles internos também contribui para a adequada 
compreensão quanto ao objeto da auditoria, na qual se podem identificar as 
ferramentas utilizadas para minimizar os riscos de impactos que erros e fraudes 
podem trazer às organizações. 
 
 
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Outra fonte de análise preliminar é a identificação da estrutura da área ou 
empresa auditada: sua disponibilidade financeira, quantidade de empregados, 
quantidade e valor dos ativos, dívida, área, entre outros. 
1.2 Definição do escopo e do objetivo da auditoria 
É importante identificar a diferença entre escopo e objetivo de auditoria. 
O escopo é conceitualmente definido como a delimitação adotada para a 
implementação dos programas de auditoria, tendo como base desta determinação 
a relevância e o risco detectado. 
O escopo é aplicado tendo em vista a impossibilidade do auditor em realizar 
a análise da totalidade da população ou o conjunto de processos e rotinas que 
envolvem determinado objeto. 
O escopo, apesar de ser uma delimitação, deverá apresentar ao auditor 
uma segurança de auditoria quanto àquilo que está sendo analisado, para que lhe 
seja possível estabelecer uma conclusão a respeito do que está sendo auditado. 
Estabelecer os limites da auditoria é um dos pressupostos de segurança 
para a atuação dos auditores, já que os fatores tempo, extensão e complexidade 
são elementos que podem trazer riscos ao trabalho de auditoria a ser 
desenvolvido e devem ser observados quando o planejamento da ação de 
auditoria está sendo construído. 
O escopo como uma limitação e proteção à auditoria, a fim de garantir a 
sua qualidade, deverá levar em consideração as seguintes situações: 
• período ou exercício sob avaliação; 
• limitação de recursos financeiros para desenvolvimento da auditoria; 
• limitação de recursos humanos para realização do trabalho; 
• características e natureza do objeto a ser auditado. 
É fundamental que a definição do escopo da auditoria guarde estreita 
relação com os objetivos de auditoria que foram propostos na etapa de 
planejamento, estabelecendo assim uma coerência e uniformidade no 
desenvolvimento das etapas da auditoria. Os elementos que compõem a 
delimitação do escopo de auditoria são: abrangência, oportunidade, extensão e 
profundidade. 
A abrangência significa aquilo que deve ser objeto de avaliação. A 
oportunidade corresponde ao momento em que a auditoria deverá ser realizada. 
 
 
4 
A extensão diz respeito ao volume ou tamanho do que será auditado. A 
profundidade corresponde à forma como o trabalho será executado. 
O objetivo corresponde àquilo que se busca atingir com a execução do 
trabalho. É o sentido, é o alvo que se busca com a execução dos procedimentos 
de auditoria. O objetivo se constitui no elemento motivador para a aplicação de 
testes no volume e na extensão planejados. 
Algumas características que compõem o objetivo são: ser realista, lógico e 
factível. De nada adianta planejar testes de auditoria buscando atingir um objetivo 
de difícil realização. A auditoria não pode correr o risco de se tornar inócua ou 
pouco efetiva. 
1.3 Estabelecimento dos critérios 
A auditoria se constitui basicamente em uma atividade que busca aferir o 
grau de conformidade dos processos, demonstrações contábeis, transações, 
legislação e normas, ou qualquer objeto que esteja sendo auditado. 
Os critérios são as ferramentas aplicadas para mensurar o grau de 
conformidade para a qual o setor, departamento ou empresa cumprem as 
atribuições que estão sob a sua responsabilidade. 
Os critérios, portanto, correspondem aos parâmetros estabelecidos para 
conferir se existe um grau de aderência às boas práticas organizacionais e aos 
elementos norteadores, como leis, regras e regulamentos. A comparação entre os 
critérios estabelecidos e a situação identificada pelos auditores quando da 
execução dos procedimentos de auditoria correspondem aos achados ou às 
constatações de auditoria, que também podem ser denominados como pontos de 
controle ou pontos de controle interno. 
Os critérios de auditoria devem assegurar a capacidade de avaliação dos 
objetivos de auditoria estabelecidos, sendo, portanto, exequíveis e relevantes. Os 
critérios de auditoria estabelecidos devem: ser confiáveis objetivos, e 
efetivamente gerar utilidade para a melhoria dos processos da organização; ser 
claros e de razoável adoção, que permitam a comparação com outros critérios e 
parâmetros; ter aceitabilidade, ou seja, devem ser respaldados legalmente ou não 
contenham barreiras quanto à sua adoção. 
 
 
 
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1.4 Matriz de planejamento 
A matriz de planejamento é uma representação gráfica em forma de matriz, 
onde constam os principais elementos do planejamento da ação de auditoria. 
Nesta matriz, constam o objeto da auditoria, o problema que motivou a 
realização do processo, o escopo, o setor envolvido, o pessoal-chave, a área 
abrangida, a fonte das informações, as técnicas a serem abordadas para coleta 
dos dados, tratamento e análise dos dados, as limitações ao processo de auditoria 
e as conclusões esperadas. O Quadro 1 apresenta as especificações, ou seja, a 
explicação de cada um deles. 
Quadro 1 – Elementos da matriz de planejamento 
Elementos Especificação 
Objeto 
Aquilo que está sendo auditado, podendo ser um processo, um contrato, 
uma transação com efeitos contábeis, demonstrações contábeis, outras 
demonstrações econômico-financeiras 
Questão Objetivos do trabalho descritos em forma de perguntas. Direcionam os trabalhos para os resultados que se pretende atingir. 
Escopo Limitação do objeto auditado 
Setor envolvido Setores ou departamentos diretamente envolvidos no processo da auditoria 
Pessoal-chave 
Pessoas responsáveispelos setores envolvidos, com poder de mando e 
decisão ou aquelas pessoas responsáveis pela gestão das informações ou 
processos analisados 
Área abrangida Espaço geográfico que se encontra sob o escopo da auditoria 
Fonte das 
informações 
Identificação de onde as informações requeridas estão disponíveis, por 
exemplo, sistemas corporativos; sistemas internos da unidade; instalações 
físicas do gestor; terceiros depositários 
Técnicas para 
coleta dos dados Identificação dos procedimentos de auditoria a serem aplicados para 
Tratamento e 
análise dos dados 
Procedimentos de auditoria a serem empregados para as informações 
obtidas ou identificadas 
Limitações 
Fatores que podem reduzir ou impedir a obtenção de evidências de 
auditoria. Podem ser metodológicas, de pessoal, de acesso à informação, 
de qualidade da informação e das condições para execução dos trabalhos 
Conclusões Estão relacionadas aos achados de auditoria obtidos durante o processo de execução da ação de auditoria. 
Fonte: Elaborado com base em CGU, 2021 
1.5 O plano de auditoria 
A questão tempo é um agente limitador que afeta o processo da auditoria. 
Por conta disso, a otimização do uso das horas-homem é um elemento 
fundamental para que tudo aquilo que foi planejado para a auditoria possa ser 
realizado, bem como os objetivos traçados possam ser alcançados. 
 
 
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O plano de auditoria, ou programa de trabalho, como também pode ser 
denominado, é uma ferramenta elementar aplicada pelo auditor em todas as fases 
da auditoria. O plano não é genérico, padronizado, sendo adaptado a cada ação 
de auditoria. 
O plano de auditoria contempla os procedimentos que serão adotados 
durante as diversas fases do processo de auditoria, detalhando de que forma 
serão executados os testes de auditoria, que tipo de informação solicitar, qual área 
ou objetivo de auditoria será cumprido e quem serão os interlocutores (ou 
auditados) no processo de auditoria. 
O plano também apresenta o detalhamento em relação à natureza da ação 
de auditoria a ser executada, quais os resultados esperados e a justificativa para 
a definição de determinado tema como escopo de auditoria. Os planos de trabalho 
são aplicáveis tanto para os testes de design (ou performance) adotados na fase 
de avaliação dos controles internos como na fase de avaliação das informações 
econômico-contábeis. 
A adoção de um plano ou programa de trabalho de modo sistematizado 
permite que um profissional com conhecimento em técnicas de auditoria consiga 
realizar, de forma adequada e razoável, uma auditoria, contribuindo para que ao 
final a equipe consiga emitir uma opinião de auditoria acerca do objeto auditado. 
A ideia é que mesmo que seja necessária a substituição de um dos auditores, por 
qualquer circunstância ou impedimento, o trabalho não seja prejudicado, já que o 
passo a passo para a condução do trabalho seria de conhecimento amplo e 
irrestrito por parte de outros componentes da equipe de auditoria. 
Em resumo, um plano ou programa de auditoria deve conter: 
• objetivo da auditoria; 
• definição e alcance dos procedimentos de auditoria; 
• identificação da documentação necessária para execução dos testes de 
auditoria; 
• procedimentos de auditoria a serem adotados; 
• pessoal-chave de contato na área ou organização auditada; 
• documentos a serem elaborados pela equipe de auditoria, após a 
realização dos exames: planilha, relatório, memorando, checklist gráfico, 
roteiro, opinião. 
 
 
 
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1.6 O planejamento de auditoria 
O planejamento de auditoria consiste na organização do trabalho em todas 
as suas fases, a fim de obter subsídios necessários para a emissão de uma 
conclusão ou opinião de auditoria. 
O planejamento de uma ação de auditoria é composto pelas etapas de: 
• análise preliminar do objeto a ser auditado; 
• estabelecimento do objetivo geral e dos específicos; 
• delimitação do escopo aplicado aos objetivos da auditoria; 
• definição dos critérios de auditoria; 
• elaboração da matriz de planejamento; 
• definição das técnicas de auditoria a serem aplicadas durante as fases do 
processo de auditoria; 
• elaboração de instrumentos de coleta de dados; 
• elaboração do plano ou programa de auditoria. 
1.7 Dimensionamento da equipe de auditoria 
Por se tratar de uma prestação de serviços, os custos em um trabalho de 
auditoria encontram-se basicamente alocados nos salários e encargos sociais, 
além de outros benefícios remuneratórios pagos aos auditores. Os gastos com 
desenvolvimento profissional e registro em conselhos profissionais de classe, 
quando subsidiados pela empresa, se configuram em outros gastos que afetam o 
custeio neste tipo de atividade. 
Sendo assim, o correto dimensionamento da estrutura de pessoal 
necessária para o desenvolvimento de uma ação de auditoria corrobora para a 
obtenção de equilíbrio entre o valor cobrado pela empresa e os custos 
correspondentes para a execução da auditoria. 
Mas isso se justifica apenas no caso de realização de auditoria externa ou 
interna executada por empresa terceirizada? E no caso da auditoria interna ser 
executada pela própria empresa, em uma unidade interna de auditoria? De igual 
modo, justifica-se o adequado dimensionamento de pessoal a fim de estruturar 
adequadamente o tamanho do setor, evitando assim gastos de pessoal 
desnecessário ou, ainda, justificar uma estrutura que aparentemente poderia ser 
encarada como uma estrutura muito grande para o tamanho da organização. 
 
 
8 
Portanto, o conhecimento e a expertise de anos anteriores no 
desenvolvimento da auditoria, o conhecimento dos processos e das áreas da 
organização, o volume de operações e transações, a estrutura organizacional e a 
abrangência territorial são elementos fundamentais para planejar adequadamente 
o quantitativo de auditores e as horas de atuação de cada profissional no 
desenvolvimento das atividades. 
TEMA 2 – EXECUÇÃO DO TRABALHO DA AUDITORIA INTERNA 
A execução dos trabalhos de auditoria ocorre em seguida à etapa de 
planejamento. É a fase em que são obtidas as evidências de auditoria que irão 
suportar as conclusões e a opinião de auditoria, auxiliando o processo de 
construção dos documentos a serem preparados pelo auditor, como o parecer ou 
relatório de auditoria. 
A execução do trabalho de auditoria interna consiste na aplicação de 
técnicas e procedimentos em conformidade com as normas de auditoria. 
2.1 Exames físicos 
Este procedimento consiste na verificação presencial, in loco, que busca 
evidenciar a existência física de algum objeto ou item e a sua condição de gerar 
riqueza ou prestar algum serviço. 
É um tipo de procedimento aplicado basicamente em ativos classificados 
como Estoque e como Imobilizado. 
Além de evidenciar a existência e a condição, o procedimento de examinar 
fisicamente busca observar aspectos qualitativos e quantitativos, além da 
fidedignidade ou autenticidade do item. 
2.2 Circularizações e confirmações 
É o procedimento que busca obter uma declaração formal e independente 
de situações ou fatos relacionados às operações da organização ou do 
setor/departamento. Em processos de auditoria, o procedimento de circularização 
é considerado um dos mais fortes e eficientes, dado o caráter de independência 
na obtenção de respostas. 
Os pedidos de confirmação são classificados em positivos “em branco” e 
negativos “em preto”. As cartas de circularização positivas são aquelas em que a 
 
 
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confirmação formal é obrigatória, ou seja, as informações constantes na carta 
precisam obrigatoriamente de um retorno, confirmando ou negando o fato. As 
cartas “em branco” são aquelas em que não se apresentam valores, deixando-os 
a cargo daqueles respondentes. As cartas “em preto” são aquelas que são 
encaminhadas com algum tipo de informação com apresentação de valores, para 
que o respondente confirme ou discorde das quantidades e valores apresentados. 
As cartasde circularização negativas são aquelas cuja resposta somente é 
esperada em casos de discordância quanto ao teor da informação apresentada. 
As cartas ou pedidos de confirmação, para que possam ser aceitas como 
um teste válido e sirva como evidência de auditoria, devem respeitar alguns pré-
requisitos, como: 
• Podem e devem ser preparadas pelas áreas auditadas com a 
correspondente assinatura. Contudo, o seu envio somente deverá ser 
efetuado pela equipe de auditoria. 
• As respostas deverão ser sempre endereçadas diretamente à equipe de 
auditoria, não sendo válido a entrega das confirmações aos auditados. 
• Não deve ocorrer qualquer tipo de interferência dos auditados quanto ao 
teor ou escopo das cartas de circularização nem qualquer tipo de escolha 
ou direcionamento de respondentes por parte dos auditados. 
2.3 A triangulação 
A triangulação ocorre quando são utilizados mais de um tipo de método de 
pesquisa e de coleta de dados, seja ele qualitativo e quantitativo, com vistas a dar 
maior robustez às evidências identificadas. 
A triangulação pode ser aplicada visando estabelecer relações entre 
informações colhidas em fontes diferentes, dando a estas informações maior 
fidedignidade. 
2.4 Exame de documentação original 
O exame documental configura-se em um dos procedimentos clássicos nas 
abordagens da auditoria. Ele consiste na análise documental de faturas, notas 
fiscais, certidões, contratos, portarias, declarações, atas de reunião, a fim de 
comprovar a sua veracidade de conteúdo e de legitimidade. Tem como 
características a fidedignidade, a normalidade, a aprovação e o registro formal. 
 
 
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2.5 Exames de registros contábeis 
Procedimento similar ao exame documental, mas aplicado especificamente 
a livros e registros contábeis como livro diário, livro-razão e livros fiscais como 
registros de entrada e saída, livro de apuração de impostos, como o imposto de 
renda, sob os quais são feitas confrontações de informação com o disposto nos 
demonstrativos contábeis, como o balanço patrimonial e a demonstração de 
resultados. 
2.6 Entrevistas 
O procedimento de entrevistas tem por objetivo buscar esclarecer pontos 
que ficaram obscuros ou duvidosos durante o processo de verificação de 
evidências (execução de testes de auditoria) e que requerem maior detalhamento 
ou explicação. 
As entrevistas também são aplicadas em situações nas quais foram 
identificadas diferenças significativas ou indicativos de erros ou fraudes que 
requerem elucidações por parte da gestão da área ou organização. 
É importante ressaltar que qualquer tipo de gravação durante a realização 
das entrevistas deverá ser previamente autorizado pelas partes. 
2.7 Corte de operações ou cut-off 
Este procedimento consiste em um corte temporal, específico de operações 
ou transações para apuração da dinâmica de um procedimento, permitindo ao 
auditor obter uma visão específica de determinado objeto ou situação. 
Sua aplicação é mais observada em auditorias de natureza contábil. A 
utilização do cut-off para análise de informações em determinado período 
específico está relacionado à observação do princípio contábil da competência, 
na qual os fatos devem ser registrados no período de sua ocorrência, e não no 
período de realização ou liquidação (evento financeiro). 
2.8 Conferência e soma de cálculos 
O teste de conferência e soma de cálculos, ou simplesmente teste de 
recálculo, é um dos procedimentos mais aplicados nos trabalhos de auditoria. E é 
um recurso utilizado tanto para as auditorias internas quanto para as auditorias 
externas, visto que toda informação que fornece dados quantitativos, como 
 
 
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medidas, valores financeiros e não financeiros, dados estatísticos e quantidades, 
são passíveis de se avaliar aplicando-se o teste de recálculo. 
2.9 Rastreamento 
O rastreamento é uma técnica comumente aplicada em auditorias de 
sistema. Esta abordagem busca analisar as rotinas sistêmicas, identificação de 
usuários, de níveis de acesso aos programas em função da hierarquia, força ou 
fraqueza de senhas de acesso utilizadas. 
A auditoria de sistemas pode ser adotada em diversas fases do processo 
de auditoria, mas geralmente é adotada na fase de avaliação dos controles 
internos, uma das fases preliminares da auditoria, a fim de pontuar o nível de 
confiança e adequação do ambiente de controle interno. 
2.10 Benchmarking 
Uma das características que envolve o trabalho da auditoria, seja ela 
interna ou externa, é a condição de ser não rotineira. Este fato permite aos 
auditores executar seu trabalho em diferentes ambientes, setores e tipos de 
empresa. 
Ao realizar atividades em setores e organizações variadas, o auditor 
absorve o conhecimento de boas práticas de gestão e de implantação de 
mecanismos de controles internos que foram sucesso em outros locais e que 
podem ser aplicados à realidade que se apresenta no processo de auditoria que 
está sendo executado. 
O benchmarking pode ser utilizado como uma ferramenta de comparação 
de desempenho, de utilização de indicadores de performance, de práticas de 
gestão ou práticas operacionais e não operacionais. 
TEMA 3 – COMUNICAÇÃO DOS RESULTADOS DA AUDITORIA 
A auditoria é um tipo de atividade na qual os seus resultados não se 
resumem à dimensão interna da equipe de auditoria. O resultado do trabalho de 
auditoria, que é o relatório ou parecer de opinião, deverá ser divulgado entre os 
participantes do processo de auditoria, ou seja, as partes envolvidas, que deverão 
tomar as medidas necessárias para o atendimento das recomendações 
apresentadas pelos auditores. 
 
 
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Contudo, antes da apresentação do relatório final com os achados de 
auditoria, a equipe poderá realizar reuniões preliminares. Com isso, as 
inconsistências identificadas antecipadamente poderão ser comunicadas e, 
assim, as áreas envolvidas terão a oportunidade de avaliar as medidas 
necessárias a fim de minimizar o impacto dos riscos apontados ou corrigir erros e 
deficiências identificados. 
Mesmo diante de um cenário que difunde o uso das teleconferências e 
reuniões on-line, a abordagem das auditorias internas no processo de 
comunicação e apresentação dos resultados da auditoria devem acontecer de 
forma presencial, com a discussão dos pontos de auditoria identificados, também 
denominados de achados de auditoria. Dessa forma, os auditores poderão 
explicar de forma detalhada a forma como o processo foi conduzido, como as 
conclusões foram obtidas e a percepção geral da equipe de auditoria em relação 
aos controles internos e os riscos. 
O intuito do processo de comunicação é também estabelecer junto à área 
auditada um cronograma para implementação das melhorias apontadas durante 
o processo de auditoria, pois o trabalho da auditoria interna não finda com a 
apresentação dos resultados, já que existe uma etapa posterior, que é a de 
monitoramento ou acompanhamento dos resultados. Neste momento, durante a 
apresentação dos resultados, é importante firmar um acordo junto à área auditada 
a fim de se estabelecer um cronograma para atendimento aos pontos de melhoria 
que foram apresentados, já que estes pontos podem requerer a utilização de 
investimentos para melhoria de processos ou podem ser complexos para 
implantar em curto prazo. 
Todas estas considerações devem ser observadas pela equipe de auditoria 
e pela gestão da área auditada durante a fase de comunicação dos resultados da 
auditoria. 
TEMA 4 – ACOMPANHAMENTO DAS PROVIDÊNCIAS TOMADAS 
Esta é a fase pós-auditoria, que ocorre após a finalização e entrega dos 
resultados à unidade auditada. 
O monitoramento é conceituado como a observação sistêmica e com 
propósitos predefinidos, a fim de informar aos interessados sobre o assunto-objeto 
de determinada ação. Em auditoria, consiste na verificação quanto ao 
cumprimento das recomendações, a fim de observar se foram adotadas as 
 
 
13providências e os efeitos foram alcançados. Portanto, o monitoramento visa 
identificar se foram aplicadas adequadamente as correções sugeridas em erros 
ou inconsistências identificadas nos controles internos e nos processos auditados. 
(TCU, 2010). 
4.1 Formas de monitoramento: direto ou indireto 
O monitoramento direto, também denominado como avaliação do produto, 
é aquele em que ocorre uma abordagem direta com os interlocutores e gestores 
dos processos auditados, de forma presencial ou à distância. Nesta abordagem, 
a auditoria oferece soluções aos problemas dos gestores, dando atenção aos 
pontos significativos e apresentando recomendações que agreguem valor à 
organização e tragam melhorias aos processos, mitigando riscos de erros e 
distorções significativas. 
O monitoramento indireto, também denominado como avaliação de 
processo, realiza o acompanhamento das atividades de auditoria, utilizando para 
tanto instrumentos de revisão e análise dos processos, observando como as 
tarefas e rotinas foram executadas nas fases do processos de auditoria. O 
monitoramento indireto pode ocorrer por meio dos seguintes procedimentos: 
• autoavaliação: supervisão dos trabalhos de auditoria durante as fases de 
pré-auditoria, planejamento, execução e comunicação; 
• supervisão do trabalho de auditoria: esta é a supervisão interna dos papéis 
de trabalho elaborados pela equipe, em processo constante de revisão da 
qualidade do serviço de auditoria, e mandatório, em função das normas 
internacionais de auditoria; 
• revisão independente: monitoramento executado por pessoas 
independentes, que não realizaram o processo de auditoria, buscando 
garantir também uma melhor qualidade ao trabalho, retirando vícios por 
aqueles que já estão inseridos no processo de auditoria. Este procedimento 
também é denominado como revisão dos pares. 
TEMA 5 – ESTUDO DE CASO: EXEMPLOS DE DOCUMENTAÇÃO DA 
AUDITORIA – PAPÉIS DE TRABALHO 
Os procedimentos de auditoria são fundamentais para a obtenção das 
evidências de auditoria. Para a realização dos testes de auditoria, os auditores 
 
 
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fazem uso dos documentos de auditoria, também denominados como papéis de 
trabalho. 
Suponhamos que, em uma situação hipotética, os auditores internos estão 
testando a confiabilidade e integridade do processo de contagem dos estoques 
físicos de uma entidade empresarial, mais especificamente, uma indústria de 
autopeças automotoras. 
Especificamente para estes testes, o(a) leitor(a) deverá apontar quais os 
documentos de auditoria ou papéis de trabalho melhor se aplicam para subsidiar 
a opinião da equipe de auditoria. 
A solução sugerida para este caso está na seção Gabarito, após as 
Referências. 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
ALVES, A. L. Z. S.; REIS, J. A. G. dos. Auditoria Interna no Setor Público. São 
Paulo, 2006 
ATTIE, W. Auditoria Interna. 3. reimp. São Paulo: Atlas, 2011. 
BARROS, J. dos S. Auditoria interna no contexto da governança corporativa. 
Dissertação (Mestrado Profissional em Controladoria) – Universidade Federal do 
Ceará, Fortaleza, 2007. 
BATISTA, J. P. M. A importância dos controles internos nas organizações. 
Monografia (Conclusão de curso) – Centro de Ensino Unificado de Brasília, 
Brasília, 2010. 
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. 
CASTRO, D. P. de. Auditoria, Contabilidade e Controle Interno no Setor 
Público. São Paulo: Atlas, 2015 
CFC/RS – Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul. A 
estruturação, organização e atuação dos controles internos municipais 
segundo a norma contábil. 2017. 
CREPALDI, S. A.; CREPALDI, G. S. Auditoria contábil. Grupo Gen-Atlas, 2016. 
DIAS, S. V. S. Auditoria de processos organizacionais. São Paulo: Atlas, 2006. 
FARIAS, S. et al. A auditoria e os procedimentos de amostragem nas instituições 
federais de ensino superior da região sul do Brasil: aspectos gerais e específicos 
ao ano de 2010. Revista Contemporânea de Contabilidade, v. 9, n. 18, p. 23-
40, 2012. 
INSTITUTO DOS AUDITORES INDEPENDENTES DO BRASIL. Declaração de 
posicionamento do IIA: as três linhas de defesa no gerenciamento eficaz de 
riscos e controles. 2013 
JUNIOR, J. H. P. Auditoria das demonstrações contábeis. FGV, 2015. 
LÉLIS, D. L. M.; MARIO, P. C. Auditoria interna com foco em governança, 
gestão de riscos e Controle interno: análise da auditoria interna de uma 
empresa do setor energético. In: CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA E 
CONTABILIDADE, 9., 2009 
 
 
16 
PETER, M. da G. A.; MACHADO, M. V. V. Manual de Auditoria Governamental. 
São Paulo: Atlas, 2014. 
SILVEIRA, A. D. M. Governança corporativa e estrutura de propriedade. Tese 
(Doutorado em Administração) – Faculdade de Economia, Administração e 
Contabilidade de São Paulo, São Paulo, 2004. 
 
 
 
17 
GABARITO 
Para a situação hipotética apresentada, os procedimentos de auditoria 
sugeridos são: 
• teste de inspeção física ou exame: este procedimento permite ao auditor 
obter evidência de auditoria adequada sobre a existência e condição de 
uso dos bens registrados como estoque; 
• teste de inspeção documental: solicitação de algumas notas fiscais a fim 
de verificar a propriedade e o correto registro contábil dos estoques; 
• conferência e soma de cálculos: testar a confiabilidade das informações 
registradas nos controles auxiliares de estoque, identificando sobras ou 
faltas de produtos em comparação com os registros contábeis. 
 
 
 
	TEMA 1 – PLANEJAMENTO DO TRABALHO DA AUDITORIA INTERNA
	1.1 Análise preliminar do objeto de auditoria
	1.2 Definição do escopo e do objetivo da auditoria
	1.3 Estabelecimento dos critérios
	1.4 Matriz de planejamento
	1.5 O plano de auditoria
	1.6 O planejamento de auditoria
	1.7 Dimensionamento da equipe de auditoria
	TEMA 2 – EXECUÇÃO DO TRABALHO DA AUDITORIA INTERNA
	2.1 Exames físicos
	2.2 Circularizações e confirmações
	2.3 A triangulação
	2.4 Exame de documentação original
	2.5 Exames de registros contábeis
	2.6 Entrevistas
	2.7 Corte de operações ou cut-off
	2.8 Conferência e soma de cálculos
	2.9 Rastreamento
	2.10 Benchmarking
	TEMA 3 – COMUNICAÇÃO DOS RESULTADOS DA AUDITORIA
	TEMA 4 – ACOMPANHAMENTO DAS PROVIDÊNCIAS TOMADAS
	4.1 Formas de monitoramento: direto ou indireto
	TEMA 5 – ESTUDO DE CASO: EXEMPLOS DE DOCUMENTAÇÃO DA AUDITORIA – PAPÉIS DE TRABALHO
	REFERÊNCIAS
	GABARITO

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