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AULA 2 AUDITORIA TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA Profª Sayuri Unoki de Azevedo 2 TEMA 1 – ANÁLISE ESTRATÉGICA DO CLIENTE Em Auditoria Externa, o aceite para a realização de um trabalho somente é feito após entrevista inicial com o responsável na empresa contratante. Essa entrevista inicial faz parte da etapa de diagnóstico, que comporá o Planejamento de Auditoria caso haja aceite e assinatura do contrato de prestação de serviço de auditoria. O objetivo principal da entrevista inicial (pré-contrato) é entender o possível cliente, a composição e o layout organizacional, bem como se existem conciliações das contas patrimoniais da empresa. Existem casos em que apenas as informações da entrevista inicial (pré- contrato) não são suficientes para dar segurança ao auditor/empresa de auditoria para o aceite do trabalho. Nesses casos, existe a possibilidade de a empresa negociar com o contratante a realização de uma auditoria de Controles Internos. Nessa auditoria, verifica-se a efetividade dos controles para os eventos que possam afetar o cumprimento do objetivo de determinada área ou processo. Normalmente, com a entrevista inicial (pré-contrato) e a análise dos Controles Internos, o auditor/empresa de auditoria já possui elementos suficientes para aceitar o trabalho, ajustar a proposta ou recusá-la. Os casos mais comuns de recusa de um trabalho de auditoria são a existência de problemas de perda de independência, ou algo que possa ensejar conflito de interesses. Contudo, também existem casos em que a empresa contratante não possui conciliações contábeis (conferência dos registros com seus respectivos documentos suporte) e acaba gerando a recusa dos trabalhos pela auditoria, visto que o risco de erro ou fraude se eleva consideravelmente. Como visto, a análise inicial é de extrema relevância para o aceite do trabalho pelo auditor independente. No caso de Auditoria Interna, essa análise inicial de aceite do trabalho não existirá, pois a equipe de auditoria é parte integrante da empresa (apesar de precisar possuir autonomia para a realização do trabalho, reportando-se normalmente ao Conselho de Direção ou à Alta Diretoria da empresa). A segurança para aceite do cliente depende fortemente dessa análise inicial. Para isso, além de entrevistas e exame dos Controles Internos, pode-se solicitar documentos que servirão também como base para o planejamento da auditoria. 3 Os documentos iniciais solicitados não são exaustivos, pois podem haver novos documentos que o auditor necessite analisar em face dos resultados das análises predefinidas quando da realização da auditoria. Normalmente, os itens básicos que constarão no roteiro da solicitação de documentos iniciais são: 1. Balancetes de verificação: “relatório gerado pelo setor de contabilidade das empresas (...) com o intuito de fornecer um demonstrativo contábil de todas as contas em movimento na empresa e seu respectivo saldo” (Balancete, 2020). 2. Livro Razão: livro contábil exigido para empresas do lucro real em que é possível verificar todas as movimentações realizadas em cada conta contábil. Chamado de livro, pois antigamente esse documento era apresentado somente em forma de livro diante da quantidade de informações. O Livro Razão contém todas as contas separadas em ativo, passivo e patrimônio líquido (contas patrimoniais), além das contas relacionadas a receitas, despesas e custos. Para cada conta, apresenta-se informações como data de lançamento, contrapartida do lançamento, histórico do lançamento, valores lançados a débito e a credito, saldos (anterior e final), indicação da natureza do lançamento (devedora ou credora) etc. (Livro Razão, 2020). 3. Memórias de Cálculo: consiste no detalhamento dos cálculos efetuados até chegar ao resultado final de determinada conta. A memória de cálculo é importante para que o auditor entenda a composição de determinado valor e possa verificar se não houve erro ou problema no cálculo executado pela empresa. 4. Políticas Organizacionais: são direcionadores para as ações dos empregados com foco nas metas e estratégias organizacionais estabelecidas. A formalização das orientações por meio do documento denominado Políticas Organizacionais serve como base e facilita a tomada de decisão nos diversos níveis organizacionais. Normalmente, são apresentados exemplos e casos com as diretrizes de ação que permitem aos empregados identificar situações similares e poder entender o rumo que devem seguir dentro da organização. As políticas, portanto, estabelecem o limiar pelo qual os empregados irão tomar suas decisões frente as diversas situações organizacionais (Marcondes, 2020). 4 5. Fluxograma por área/processo: o fluxograma “reúne as entradas, as tarefas, as responsabilidades e as saídas que se combinam para formar um processo” (Coso, 2007). No caso da auditoria, torna-se relevante no fluxograma identificar os eventos que possam afetar o cumprimento do objetivo de determinada área ou processo, verificando os controles internos existentes e sua correta aplicação na organização. 6. Extratos bancários: extratos de todos os bancos que a empresa possui conta para o período de análise. Além dos extratos, é comum a auditoria solicitar à empresa uma declaração de que não possui conta em outros bancos além daqueles informados e cujos extratos foram entregues à equipe de auditoria. 7. Cópias das atas: solicitadas as cópias das atas de assembleias realizadas desde o início da data base que está sendo auditada, até a mais recente. Também, durante o período de auditoria, se houver mais alguma ata, esta pode ser solicitada. Nas atas constarão todas as decisões que foram tomadas no período e eventuais problemas relevantes decididos que, possam ser relevantes e, que a auditoria necessite verificar se foram cumpridos adequadamente, bem como se não afetam o patrimônio ou os controles organizacionais. 8. Documentos específicos conforme os testes especificados no programa de auditoria. Para a área Trabalhista e Previdenciária, especificamente, os documentos básicos iniciais a serem solicitados são: 1. Resumo da Folha de Pagamento: é um resumo da Folha de Pagamento analítica da empresa, contendo os saldos do período (mês/ano) de proventos (salários, adicionais etc.) e de descontos (INSS, IRRF etc.). Pode ser apresentado o resumo geral de toda a empresa, por filial, por área, por unidade de negócios, ou subdivisão que a empresa possua. 2. Folha de Pagamento Analítica: consiste na Folha de Pagamento de cada empregado da empresa, contendo os proventos e descontos do período. Na Folha analítica, é possível identificar as informações segregadas por funcionário por período. 3. Cálculo de Décimo Terceiro Salário: arquivo contendo a memória de cálculo correspondente ao décimo terceiro salário para os empregados. 5 4. Cálculo das Férias: arquivo contendo a memória de cálculo correspondente às férias, 1/3 sobre as férias e abono pecuniário para os empregados. 5. Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas: certidão emitida gratuitamente pela empresa no site do Tribunal Superior do Trabalho, do Conselho Superior da Justiça do Trabalho e dos Tribunais Regionais do Trabalho. A validade da certidão é de 180 dias a partir da sua emissão, e contém a situação quanto aos débitos trabalhistas da empresa considerando todas as suas unidades (estabelecimentos, agências e filiais) (TST, 2012). 6. Memorando com análise da Administração: consiste em um memorando elaborado pela Administração da Organização informando se houveram e quais foram as alterações trabalhistas relacionadas à organização e como que a organização implantou essas alterações. 7. Documentos específicos conforme os testes especificados no programa de auditoria: são exemplos de documentos específicos em Auditoria Trabalhista e Previdenciáriaos cartões-ponto de empregados, os contratos de trabalho, os acordos coletivos realizados, convenção coletiva de trabalho, dentre outros. Para facilitar posteriormente a auditoria em caso de aceite do trabalho/cliente, o roteiro da solicitação de documentos deve incluir, além dos documentos básicos e documentos específicos, o responsável por entregar os documentos para a equipe de trabalho de auditoria. Alguns documentos podem ser entregues fisicamente ou eletronicamente. As empresas de auditoria com maior infraestrutura normalmente possuem sistemas próprios em formato nuvem on-line, que permitem que o responsável da empresa auditada faça o upload do documento no sistema, com registro de acesso, data e hora. Dessa forma, evita- se problemas de perda de arquivo ou problemas quanto à confirmação de entrega de documentos à equipe de auditoria. 6 TEMA 2 – CONTROLES INTERNOS E AUDITORIA TRABALHISTA E PREVIDENCIÁRIA O Comitê de Procedimentos de Auditoria do Instituto Americano de Contadores Públicos Certificados - American Institute of Certified Public Accountants (AICPA) define como Controle Interno: o plano da organização e todos os métodos e medidas coordenados adotados dentro da empresa para salvaguardar seus ativos, verificar a adequação e confiabilidade de seus dados contábeis, promover a eficiência operacional bem como o respeito e obediência às políticas administrativas fixadas pela gestão. (Bdo Trevisan, 2007, p. 88) O AICPA ainda estabelece os objetivos do controle interno (Bdo Trevisan, 2007, p. 89): 1) Proteção de ativos; 2) Obtenção de informação adequada; 3) Promoção da eficiência operacional; 4) Estimulação da obediência e do respeito às políticas da administração. O controle interno é para o COSO (2007, p. 8) “parte integrante do gerenciamento de riscos corporativos. A estrutura do gerenciamento de riscos corporativos abrange o controle interno, originando dessa forma uma conceituação e uma ferramenta de gestão mais eficiente”. Portanto, controles são tarefas ou ações que reduzem um risco em particular para o respectivo objetivo de controle. A importância do controle interno é observada no momento do planejamento sempre que uma equipe de auditores faz um trabalho em uma empresa, pois os procedimentos descritos e adotados pela organização direcionarão o trabalho dos profissionais de auditoria. Neste sentido, o controle interno será componente do risco de auditoria (trataremos mais detalhadamente no próximo tópico), conforme o pronunciamento de padrões de auditoria SAS 47 – Audit Risk and Materiality: Risco de auditoria = Risco inerente X Risco de Controle X Risco de detecção 7 O risco de controle “é o risco de que um erro material em uma conta não seja prevenido ou detectado em determinada época pelos controles da companhia” (Bdo Trevisan, 2007, p. 147). Attie (2011, p. 189) corrobora ao relatar que “o controle interno tem significado e relevância quando é concebido para garantir o cumprimento de um objetivo definido, quer seja administrativo ou gerencial”. Para o auditor, quanto mais adequados forem os controles internos utilizados pela empresa, mais precisos e confiáveis poderão ser considerados os relatórios para fins de verificação da auditoria. Quando a empresa possui um sistema de controle interno devidamente formalizado, bem como os procedimentos de controle são cumpridos efetivamente pelos empregados, existe maior confiança de que os dados contidos nos relatórios sejam fidedignos, reduzindo o risco de auditoria. É importante ressaltar que controles internos eficazes previnem ações fraudulentas e minimizam erros ou irregularidades, mas não são passíveis de garantia absoluta de que não ocorram. Além disso, devem detectar tanto as anormalidades de atos propositados quanto de erros provenientes de atos involuntários (Attie, 2011). Saiba mais Caso você queira saber mais sobre como realizar uma análise de Controles Internos em uma organização, pode acessar o sumário executivo da Estrutura Integrada COSO. COSO. Gerenciamento de Riscos Corporativos - Estrutura Integrada. Disponível em: <https://www.coso.org/Documents/COSO-ERM-Executive- Summary-Portuguese.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2020. TEMA 3 – PLANEJAMENTO DA AUDITORIA (RISCO E RELEVÂNCIA, MATERIALIDADE) O planejamento de auditoria consiste em um processo em que o auditor estabelece a estratégia do trabalho a ser realizado. Não é uma etapa ou uma fase específica, mas vai desde o diagnóstico (entendimento do cliente e análise pré- contratação, em que se verifica a composição e o layout da organização e se há conciliações de dados) que é a análise de aceitação para a realização do serviço 8 de auditoria, continua durante todas as fases de execução dos trabalhos pela equipe de auditoria, e se estende até a sua conclusão. A NBC TA 300 (R1) (2018, p. 4) estabelece que: A1. A natureza e a extensão das atividades de planejamento variam conforme o porte e a complexidade da entidade, a experiência anterior dos membros-chave da equipe de trabalho com a entidade e as mudanças nas circunstâncias que ocorrem durante o trabalho de auditoria. A2. Planejamento não é uma fase isolada da auditoria, mas um processo contínuo e iterativo, que muitas vezes começa logo após (ou em conexão com) a conclusão da auditoria anterior, continuando até a conclusão do trabalho de auditoria atual. Entretanto, o planejamento inclui a consideração da época de certas atividades e procedimentos de auditoria que devem ser concluídos antes da realização de procedimentos adicionais de auditoria. Por exemplo, o planejamento inclui a necessidade de considerar, antes da identificação e avaliação pelo auditor dos riscos de distorções relevantes, aspectos como: (a) os procedimentos analíticos a serem aplicados como procedimentos de avaliação de risco; (b) obtenção de entendimento global da estrutura jurídica e o ambiente regulatório aplicável à entidade e como a entidade cumpre com os requerimentos dessa estrutura; (c) a determinação da materialidade; (d) o envolvimento de especialistas; (e) a aplicação de outros procedimentos de avaliação de risco. A complexidade e o volume de informações com que se depara um auditor na execução de seu trabalho fazem com que deva estar atento ao risco, relevância e materialidade do trabalho a ser realizado, bem como considere todo o processo de planejamento para determinar o quão abrangente serão as análises, a fim de obter elementos suficientes para expressar sua opinião de forma convicta. O planejamento da auditoria realizado pelo auditor contempla, portanto, várias etapas, das quais se detalha a análise de risco, relevância e materialidade, a seguir, bem como a determinação da amostragem (a ser visto nas próximas aulas). O risco de auditoria é o risco do auditor, por desconhecimento, não mudar sua opinião sobre dados que contenham erros materiais. Portanto, deve-se considerar o conceito de materialidade também em conjunto com o risco de auditoria. O conceito de materialidade é aplicado pelo auditor no planejamento e na execução da auditoria, e na avaliação do efeito de distorções identificadas sobre a auditoria e de distorções não corrigidas, se houver, [...] (NBC TA 200 [R1], 2016, p. 2). Os erros materiais podem surgir como resultado de: 1. Erros não intencionais, incluindo erros aritméticos, erros na aplicação dos Princípios de Contabilidade (Entidade; Continuidade; Oportunidade; 9 Registro pelo Valor Original; Competência; Prudência) ou interpretação equivocada de fatos; 2. Erros intencionais, incluindo a declaração falsa ou omissão dos efeitos de eventos ou transações, falsificação de registros ou documentos, omissão de informações significativas, má aplicação intencional dos Princípios de Contabilidade e apropriação fraudulenta de ativos. Em toda e qualquer atividadeexiste risco. Os riscos envolvidos que podem comprometer o andamento e o resultado do trabalho do auditor devem ser cuidadosamente analisados e controlados para que o objetivo final da auditoria seja o mais satisfatório possível. Attie (2011, p. 81) define que o risco de auditoria é uma função dos riscos de distorção relevante e do risco de detecção. A avaliação dos riscos baseia-se em procedimentos de auditoria para a obtenção de informações necessárias para essa finalidade e evidências obtidas ao longo de toda a auditoria. A avaliação dos riscos é antes uma questão de julgamento profissional que uma questão passível de mensuração precisa. Os riscos de distorção relevantes podem se apresentar na demonstração contábil em nível geral ou em nível de transações, saldos contábeis e divulgações. O risco de detecção, por sua vez, está associado à natureza, época e extensão dos procedimentos determinados pelo auditor para levar o risco de auditoria a um nível baixo aceitável. Desta forma, para a eficácia do trabalho de auditoria é necessário um planejamento adequado, com a designação da equipe de pessoal apropriada ao trabalho, uso de ceticismo profissional, bem como de supervisão e revisão do trabalho de auditoria (Attie, 2011). A análise dos riscos de auditoria deve ser feita na fase de planejamento dos trabalhos. Para tornar o processo de raciocínio do risco de auditoria prático, pode-se considerar o modelo a seguir que tem como base o pronunciamento de padrões de auditoria SAS 47 - Audit Risk and Materiality: Risco de auditoria = Risco inerente X Risco de Controle X Risco de detecção Conforme definição da BDO Trevisan (2007, p. 146 e 147): Risco de auditoria: é o risco que a opinião do auditor seja imprópria sobre os dados ou demonstrações sobre as quais emite opinião. Risco inerente: é a suscetibilidade que uma conta, por sua natureza, tenha para ocasionar um erro material. Ou seja, não compete ao auditor reduzir o risco a zero, pois este não é objetivo do auditor dizer com segurança absoluta que as demonstrações estão totalmente livres de distorção relevante devido à fraude ou erro. 10 Risco de controle: é o risco de que um erro material em uma conta não seja prevenido ou detectado em determinada época pelos controles da companhia. Risco de detecção: tratado anteriormente - é o risco de não detecção de erro material nas demonstrações através de procedimentos substantivos em auditoria. Créditos: Dooder/Shutterstock. TEMA 4 – O PROGRAMA DE AUDITORIA O programa de auditoria consiste na definição ordenada de objetivos e dos itens a serem esclarecidos no trabalho de auditoria (Deckmann, 2016). Simplificadamente, podemos dizer que o programa de auditoria consiste em um cronograma do que será realizado em uma ou mais auditorias. Dessa forma, estabelece o calendário da(s) auditoria(s). No caso de auditorias internas, estas devem ser realizadas mediante intervalos pré-estabelecidos, buscando assegurar se os controles internos estão funcionando conforme as disposições planejadas e de forma eficaz. Nesse sentido, a NBR ISO 9001:2008 (ABNT, 2008, p. 12) estabelece que: Um programa de auditoria deve ser planejado, levando em consideração a situação e a importância dos processos e áreas a serem auditadas, bem como os resultados de auditorias anteriores. Os critérios da auditoria, escopo, frequência e métodos devem ser definidos. A seleção dos auditores e a execução das auditorias devem assegurar objetividade e imparcialidade do processo de auditoria. Os auditores não devem auditar o seu próprio trabalho. Não se deve confundir o risco de auditoria, tratado neste tópico, com a auditoria baseada em riscos, que tem como objetivo direcionar o foco do trabalho para verificar tendências e condições que determinada organização possui pata atingir seus resultados. 11 A seguir, apresenta-se um modelo de Programa de Auditoria: Fonte: Adaptado de Programa, 2020. Observe que o modelo apresentado de um programa de auditoria contém elementos que, no mínimo, norteiam a equipe de auditoria em relação aos seguintes itens: 1. Área e Requisitos de análise: trata-se dos itens que serão auditados no trabalho. São dispostos apenas as áreas e os requisitos que farão parte do escopo do trabalho da auditoria. 2. Auditores responsáveis: são os auditores designados para realizar o exame de cada requisito. Dependendo do escopo da auditoria, ocorre a designação dos auditores. Normalmente requisitos mais fáceis de serem analisados e que possuem menor risco são destinados a auditores em fase inicial de carreira e, posteriormente, revisados por um auditor sênior e/ou superior. Conforme aumenta a dificuldade de análise e o nível de risco de determinado requisito, consequentemente, aumenta-se o nível de maturidade do auditor que será designado. 3. Frequência: é a constância com que o requisito é auditado, podendo ser mensal, trimestral, quadrimestral, semestral ou anual. Existem requisitos em que as auditorias são feitas a cada período de tempo para agilizar o trabalho em determinada época. Por exemplo, na auditoria das EQUIPE Ø Observações: JS: José da □ MO: Maria √ OC: Osvaldo ∑ PP: Paulo ꭙ Data de elaboração: Elaborado por: PROGRAMA DE AUDITORIA - ANO M a rç o Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: F re q u ê n c ia ( m e s e s ) A ç õ e s P ro g ra m a d a s v e rs u s R e a li z a d a s Ações: Objetivo: A u d it o re s R e s p o n s á v e is F e v e re ir o (...) D e z e m b ro Ações: J a n e ir o Área Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: Ações: Objetivo: PRO-00X - Rev. 0X - DATA BASE T ic k m a rk s Conforme documento original examinado Conforme registro do sistema Conferido Cálculo conferido Ponto de relatório Requisitos de Análise P ro g. R ealizado R ealizado P ro g. R ealizado P ro g. R ealizado P ro g. R ealizado P ro g. 12 demonstrações contábeis, normalmente as empresas possuem prazo para divulgação dos dados auditados e esse prazo é o mesmo para a grande maioria das empresas. Uma vez contratada a empresa que fará a auditoria, é comum as análises serem realizadas em determinada frequência (dependendo do volume das operações e dos processos realizados pela empresa auditada e do risco envolvido) conforme as operações vão ocorrendo ao longo do ano. Assim, ao chegar no período crítico em que há prazo para a realização da auditoria, faltam apenas alguns meses a serem auditados, bem como a consolidação de todos os exames já realizados anteriormente. 4. Meses: são detalhados os processos programados que serão realizados em cada mês do ano. Além disso, após a realização do exame de auditoria, deve-se colocar o que realmente foi realizado para poder haver comparação com o programado. Não necessariamente o auditor realizará exatamente o que foi programado. Pode ocorrer, por exemplo, de o auditor encontrar problemas com a amostragem programada para análise e precisar aumentar a amostra para se assegurar que os dados estão registrados adequadamente. 5. Ações e objetivo: são as ações programadas para cada requisito de auditoria e o propósito da atividade. O objetivo auxilia o entendimento do auditor quanto ao escopo e a metodologia que serão empregadas no desenvolvimento das análises para cumprir o desígnio da auditoria. As ações e o objetivo podem ser direcionados buscando a avaliação dos resultados (orçamentários, financeiros, econômicos, patrimoniais, sociais etc.), acompanhar processos organizacionais (operacional ou gerencial) ou a segurança quanto aos resultados. 6. Tickmarks: ossímbolos e seus significados que representarão os resultados e as análises feitas pelo auditor quando da elaboração dos papéis de trabalho. A padronização dos tickmarks permite maior facilidade de entendimento e leitura dos papéis de trabalho por toda a equipe de auditoria. 7. Data e elaborado por: obrigatoriamente, cada documento da auditoria precisa ter data e quem foi o responsável por sua elaboração. Segundo o IPPF (2017, p. 2, tradução nossa): 13 Para desenvolver um programa de trabalho eficaz, os auditores internos consideram a natureza, extensão e época dos testes de auditoria necessários para alcançar os objetivos do trabalho. Cada procedimento de participação no programa de trabalho deve ser projetado para testar um controle específico que lida com riscos. Também é importante que o programa de trabalho seja desenvolvido e documentado de forma a garantir que todos os membros da equipe de trabalho entendam o que precisam fazer e quais tarefas ainda precisam ser executadas. O formato dos programas de trabalho pode variar de acordo com o envolvimento ou organização. Os formatos mais usados incluem modelos ou listas de verificação padrão para documentar a conclusão das etapas de planejamento, memorandos que resumem as tarefas concluídas e colunas adicionais na matriz de risco e controle. Programas de trabalho bem documentados auxiliam na comunicação de funções, responsabilidades e tarefas aos membros da equipe de trabalho. Eles podem incluir aprovação para o trabalho concluído, os nomes dos auditores internos que concluíram o trabalho e a data em que o trabalho foi concluído. De acordo com a Norma 2240.A1, os programas de trabalho devem ser aprovados pelo gerenciamento de auditoria interna antes do início do trabalho de campo em auditoria. No entanto, com novas informações e conhecimentos adquiridos durante o trabalho de campo, o programa de auditoria pode ser ajustado, sujeito à pronta aprovação da gerência de auditoria interna (IIA Standards, 2017). TEMA 5 – ROTEIROS DE AUDITORIA Em auditoria, utilizam-se alguns tipos de roteiros. Neste tópico, trataremos os roteiros de auditagem sob duas perspectivas: 1. Roteiro do Processo de Auditoria; 2. Roteiros para o desenvolvimento do Trabalho de Auditoria. 5.1 Roteiro do Processo de Auditoria O Roteiro do Processo de Auditoria deve ser entendido a partir do fato de que o objetivo final de uma auditoria é que o auditor independente possa emitir uma opinião a respeito do objeto que se está verificando. Contudo, a opinião precisa ser fundamentada em dados concretos e informações factuais. Para isso, o processo de auditoria é fundamental para que o auditor possa obter elementos comprobatórios e, com base nestes, tenha condições de emitir sua opinião (Attie, 2011). 14 A Figura 1, a seguir, ilustra o Roteiro do Processo de Auditoria: Figura 1 - Roteiro do processo de auditoria Fonte: Attie, 2011, p. 25. Conforme observado na Figura 1, o roteiro do processo de auditoria tem início a partir de uma afirmação que se pretende verificar. O auditor analisa a afirmação para identificar "a origem dos dados, a complexidade, a relevância e o levantamento de perguntas" que auxiliem no planejamento e execução do trabalho de auditoria e deve contemplar: "revisão analítica; planejamento; conhecimento; e conteúdo do planejamento" (Attie, 2011, p. 25 e 26). Após a análise da afirmação, esta é avaliada em relação a como o auditor irá buscar os elementos comprobatórios, ou seja, "os métodos e medidas compatíveis e suficientes" considerando os seguintes fatores: "nível de controle interno; subjetividade inerente; integridade dos administradores; ponderação da relevância; e ponderação do risco relativo" (Attie, 2011, p. 43). Em relação aos elementos comprobatórios, estes podem ser obtidos de diversas formas, pois depende da escolha dos procedimentos de auditoria que o auditor considere mais apropriados para o trabalho. O maior desafio nesta etapa é "determinar a natureza e a extensão da verificação necessária" por meio dos testes de auditoria: "teste de procedimentos e teste de saldos" (Attie, 2011, p. 51). Análise da Afirmação Avaliação da Afirmação Obtenção de elementos comprobatórios Formação de opinião Afirmação 15 Por fim, Attie (2011) detalha que a etapa final do roteiro é o fechamento do trabalho do auditor, ou seja, a opinião a respeito da afirmação em questão quando do atendimento de todas as fases anteriores. Quando o auditor entender que os elementos comprobatórios são suficientes, deve formalizar sua opinião por meio do relatório de auditoria. 5.2 Roteiros para o desenvolvimento do Trabalho de Auditoria Os roteiros para o desenvolvimento do Trabalho de Auditoria servem como uma forma de orientação para o desenvolvimento do trabalho pela equipe de auditoria. Quanto mais detalhados os procedimentos a serem executados e seus objetivos no roteiro, mais adequada e assertiva será a atuação do auditor. São exemplos de roteiros utilizados no desenvolvimento do Trabalho de Auditoria: 1. Roteiros das Áreas de Auditoria; 2. Roteiro de solicitação de documentos; 3. Roteiros de entrevistas; 4. Roteiros de observação direta; 5. Roteiro de procedimentos para exames documentais; dentre outros que se fizerem necessários. Todos os roteiros precisam estar consubstanciados no planejamento de auditoria elaborado pelo auditor, que inclui o Programa de Auditagem já estabelecido. Portanto, para cada Requisito do Programa de Auditoria, haverá diversas afirmações a serem analisadas, cujas ações específicas serão determinadas nos Roteiros para o desenvolvimento do Trabalho de Auditoria. Os Roteiros das Áreas de Auditoria são elaborados a partir do Programa de Auditoria e consistem em direcionadores das ações da equipe de auditoria por meio da subdivisão do Programa de Auditoria a partir de áreas específicas. Essa subdivisão facilita a disposição das informações, pois no programa de auditoria completo apresenta-se os requisitos e a programação de auditoria de forma mais suscinta, enquanto que os roteiros apresentam o programa de auditoria para cada área de forma detalhada. O roteiro é, portanto, a descrição minuciosa dos procedimentos para cada área, destinado a orientar o auditor. A montagem desses roteiros deve ser feita por auditor com maior experiência profissional (exemplo: gerentes e sênior do trabalho de auditoria). Caberá a esse profissional, a partir do diagnóstico realizado para entendimento 16 do cliente (controles internos, risco e relevância, materialidade, amostragem, independência da equipe, análise de mercado, variação do saldo das contas, legislações e normas etc.), definir os requisitos para cada área que comporá o escopo de auditoria. Com a definição dos requisitos, o responsável pela elaboração dos roteiros deverá estabelecer o planejamento a nível tático e os procedimentos de auditagem que serão realizados, considerando sempre os riscos associados, e a amostragem quando necessário. Nos roteiros se estabelecem as metodologias de análise a serem adotadas pela equipe de auditoria em relação a cada área e seus requisitos. Nos roteiros devem constar também o risco associado a cada área/requisito e a definição de qual(is) nível(is) hierárquico(s) fará(ão) a revisão dos papéis de trabalho do auditor. Para áreas sem risco ou risco baixo, pode-se entender que apenas a revisão do auditor sênior é suficiente, enquanto que para áreas com risco moderado, pode-se perceber a necessidade de, no mínimo, haver a revisão do auditor sênior e do gerente da auditoria. Em auditorias externas, normalmente há a figura do sócio de auditoria. Nesses casos, o sócio precisa revisar, pelo menos, a auditoria dos riscos significativos do trabalho. 17 REFERÊNCIAS ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.NBR ISO 9001: Sistemas de Gestão da Qualidade. Rio de Janeiro, 28 p. 2008. ATTIE, W. Auditoria: Conceitos e aplicações. São Paulo: Atlas, 2011. BALANCETE. Balancete de verificação. Disponível em: <https://www.verscontabilidade.com.br/2016/07/08/o-balancete-de-verificacao- para-que-serve/>. Acesso em: 26 fev. 2020. BDO Trevisan. Apostila nº 4 – Assistente I – Programa de Treinamento. São Paulo: BDO Trevisan, 2007. COSO. Gerenciamento de Riscos Corporativos - Estrutura Integrada. Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway Commission (COSO), 2007. Disponível em: <https://www.coso.org/Documents/COSO-ERM-Executive- Summary-Portuguese.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2020. IIA STANDARDS. International Standards for the Professional Practice of Internal Auditing (Standards). International Professional Practices Framework, 2017. Disponível em: <https://na.theiia.org/standards- guidance/Public%20Documents/IPPF-Standards-2017.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2020. IPPF. Implementation Guide 2240. International Professional Practices Framework, 2017. Disponível em: <https://www.aiiaweb.it/sites/default/files/imce/pdf/ig2240-2016-12.pdf>. Acesso em: 26 fev. 2020. LIVRO RAZÃO. Livro Razão - Razonetes. Só Contabilidade. Disponível em: <http://www.socontabilidade.com.br/conteudo/razao.php>. Acesso em 26 fev. 2020. MARCONDES, J. S. Políticas organizacionais: o que são? Conceitos, definições e tipos. Disponível em: <https://gestaodesegurancaprivada.com.br/politicas- organizacionais-conceitos/>. Acesso em: 26 fev. 2020. NBC TA 300 (R1). Planejamento da auditoria de demonstrações contábeis. Brasília: Conselho Federal de Contabilidade, 2018. 18 PROGRAMA. Programa de Auditoria. Qualidade na prática Sistemas de Gestão. Disponível em: <http://qualidadenapratica.com.br/2011/11/26/modelo-de- programa-de-auditoria/>. Acesso em: 26 fev. 2020. TST. Como emitir a certidão negativa de débitos trabalhistas. Tribunal Superior do Trabalho, 2012. Disponível em: <http://www.tst.jus.br/noticias/- /asset_publisher/89Dk/content/como-emitir-a-certidao-negativa-de-debitos- trabalhistas>. Acesso em: 26 fev. 2020.
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