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Universidade de Brasília Departamento de Matemática Prof. Celius A. Magalhães Cálculo II Notas da Aula 33∗ Ponto Singular Além de sua importância intrínseca, com aplicações em vários problemas da Física-Matemática, a equa- ção de Euler é também modelo para o estudo de equações que possuem pontos não ordinários. Esses são os pontos singulares e, em geral, é em torno desses pontos que reside o interesse de vários problemas. Primeiros Exemplos No PVI com coeficientes polinomiais { P(t)y′′(t)+Q(t)y′(t)+R(t)y(t) = 0 y(t0) = y0, y′(t0) = y′0 (1) o ponto t0 é ordinário se P(t0) 6= 0. Nesse caso, por continuidade, P(t) 6= 0 para t ≈ t0. Logo, indicando por p(t) = Q(t) P(t) e q(t) = R(t) P(t) , pode-se dividir a equação por P(t) para obter que y′′(t) =−[p(t)y′(t)+q(t)y(t)] (2) Em particular, y′′(t0) = −[p(t0)y ′(t0) + q(t0)y(t0)] é dada em termos dos coeficientes e dos dados iniciais. Derivando (2) sucessivamente, e avaliando em t = t0, obtém-se que y(t) possui derivadas de todas as ordens em t = t0, todas dadas em termos dos coeficentes e dos dados iniciais. Esse fato sugere que y(t) deve ser analítica em t0, e é natural tentar solução na forma de uma série y(t) =∑∞ n=0 antn. Procedento assim os an são determinados pelas relações de recorrência, e tudo funciona muito bem. Essa é a técnica do ponto ordinário, com as aplicações vistas nas aulas passadas. No entanto, a técnica deixa de funciona se o ponto não for ordinário, e é necessário buscar outra alternativas. O primeiro exemplo importante de ponto não ordinário é t0 = 0 na equação de Euler t2y′′(t)+αty′(t)+βy(t) = 0 (3) pois o coeficiente P(t) = t2 se anula em t0 = 0. Apesar disso, foi relativamente fácil obter a solução geral desta equação explorando a simetria dos coeficientes, como visto na aula passada. Além disso, a equação de Euler pode ser usada como modelo para estudar outros problemas em que a técnica do ponto ordinário não funciona. Para isso, é importante observar as seguintes propriedades. Em (3), indicando como acima por p(t) = Q(t) P(t) = αt t2 e q(t) = R(t) P(t) = β t2 , tem-se que existes os limites lim t→0 t p(t) = α e lim t→0 t2q(t) = β Isso é claro, mas, no caso geral, essa é a propriedade importante, e tanto que vale dar um nome para ela. Definição 1 O ponto t0 é singular para a equação (1) se P(t0) = 0. Se, além disso, existem os limites lim t→t0 (t − t0)p(t) = p0 e lim t→t0 (t − t0) 2q(t) = q0 onde p(t) = Q(t) P(t) e q(t) = R(t) P(t) , então t0 é um ponto singular regular. Com a definição, o que se viu acima é que t0 = 0 é um ponto singular regular para a equação de Euler. � Exemplo 1 Obtenha e classifique os pontos singulares para a equação de Chebyshev (1− t2)y′′(t)− ty′(t)+α2y(t) = 0 � ∗Texto digitado e diagramado por Henrique Reis a partir de anotações de sala de Olaia Diniz Solução. Os pontos singulares são os que anulam o coeficiente P(t) = 1− t2, e é claro que são os pontos t0 =−1 e t1 = 1. Quanto à classificação, tem-se p(t) = −t 1−t2 e q(t) = α2 1−t2 . Logo lim t→t0 (t − t0)p(t) = lim t→−1 −(t+1)t (1−t)(1+t) = 1 2 e lim t→t0 (t − t0) 2q(t) = lim t→−1 (t+1)2α2 (1−t)(1+t) = 0 e, portanto, t0 =−1 é ponto singular regular. Analogamente para t1 = 1. � Vale observar que, no exemplo acima, p(t) = −t 1−t2 não está definido em t0 =−1, pois o denominador se anula nesse ponto. No entanto, se multiplicado por (t − t0), resulta que (t − t0)p(t) = −(t+1)t (1−t)(1+t) = −t 1−t está definido em t0 = −1. Aliás, por ser um quociente entre polinômios em que o denominador não se anula, a função (t − t0)p(t) é analítica em t0 =−1. Analogamente para (t − t0) 2q(t). Essa propriedade é verdadeira em geral. Sempre que t0 for um ponto singular regurar, as funções (t − t0)p(t) e (t − t0) 2q(t) são analíticas em t0. Ótimo, é fácil obter e classificar os pontos singulares. Mas, por que isso é importante? Foi Frobenius quem descobriu o porquê, e raciocinou assim. Para simplificar a notação, suponha que o ponto singular regular para a equação (1) seja t0 = 0. Para t 6= 0, dividindo a equação por P(t), multipli- cando por t2 e usando a notação já introduzida, obtém-se que 0 = t2y′′(t)+ t2 Q(t) P(t) y′(t)+ t2 R(t) P(t)y(t) = t2y′′(t)+ t[t p(t)]y′(t)+ [t2q(t)]y(t) (4) Frobenius (1849–1917) Como t0 = 0 é um ponto singular regular, e existem os limites limt→0 t p(t) = p0 e limt→0 t2q(t) = q0, pode-se olhar para (4) como uma perturbação da equação de Euler t2y′′(t)+ t[p0]y ′(t)+ [q0]y(t) = 0 (5) que tem a equação indicial s(s−1)+ p0s+q0 = 0 O argumento agora é como segue. Sendo t0 = 0 ponto singular regular, as funções t p(t) e t2q(t) são analíticas nesse ponto, e a equação (4) é da forma Coeficientes de Euler × Funções Analíticas O método de Frobenius consiste então em tentar solução de (4) na forma Solução de Euler × Funções Analíticas Apesar de parecer uma tentativa um tanto ingênua, ela de fato funciona, e é capaz de resolver proble- mas importantes. Veja como o método funciona no exemplo a seguir. � Exemplo 2 Verifique que t0 = 0 é um ponto singular regular para a equação 2t(t +1)y′′(t)+ (3+ t)y′(t)− ty(t) = 0, t > 0 (6) e use o método de Frobenius para obter um sistema fundamental de soluções em torno de t0. � Solução. Os coeficientes são P(t) = 2t(t +1), Q(t) = 3+ t e R(t) =−t. Como P(0) = 0, segue-se que t0 = 0 é ponto singular. Além disso, como p(t) = Q(t) P(t) = 3+t 2t(t+1) e q(t) = R(t) P(t) = −t 2t(t+1) , tem-se que lim t→0 t p(t) = lim t→0 3+t 2(1+t) = 3 2 e lim t→0 t2q(t) = lim t→0 −t2 2(1+t) = 0 e, portanto, t0 = 0 é ponto singular regular. Daí segue-se que (6) é uma perturbação da equação de Euler t2y′′(t)+ t 3 2y′(t)+0y(t) = 0 (7) Cálculo II Notas da Aula 33 2/6 que tem equação indicial s(s−1)+ 3 2s+0= s(s+ 1 2 ) = 0 com raízes s0 = 0 e s1 =− 1 2 . Assim, as funções y0(t) = t0 = 1 e y1(t) = t−1/2 formam um sistema fundamental de soluções para (7), e o que se espera é que as soluções de (6) sejam perturbações analíticas dessas funções. Essa expectativa pode ser verificada pelo método de Frobenius, que propõe solução de (6) na forma y(t) = Solução de Euler × Função Analítica = ts ∞ ∑ n=0 antn = ∞ ∑ n=0 ants+n = a0ts +a1ts+1 +a2ts+2 + · · ·+ants+n + · · · (8) onde s deve ser uma das raízes s0 = 0 ou s1 =− 1 2 . Calculando as derivadas, obtém-se y′(t) = ∞ ∑ n=0 (s+n)ants+n−1 = sa0ts−1 +(s+1)a1ts +(s+2)a2ts+1 + · · ·+(n+ s)ants+n−1 + · · · y′′(t) = ∞ ∑ n=0 (s+n)(s+n−1)ants+n−2 = s(s−1)a0ts−2 +(s+1)sa1ts−1 +(s+2)(s+1)a2ts+ · · ·+(s+n)(s+n−1)ants+n−2 + · · · Para substituir em (6) vale primeiro agrupar os termos semelhantes, como na igualdade a seguir. 0 = 2t(t +1)y′′(t)+ (3+ t)y′(t)− ty(t) = [2t2y′′(t)+ ty′(t)]+ [2ty′′(t)+3y′(t)]− ty(t) (9) Agora sim, indicando por G(x) = 2x(x−1)+ x, tem-se que 2t2y′′(t)+ ty′(t) = ∞ ∑ n=0 [2(s+n)(s+n−1)+ (s+n)]ants+n = ∞ ∑ n=0 G(s+n)ants+n Analogamente, indicando por F(x) = 2x(x−1)+3x, obtém-se 2ty′′(t)+3y′(t) = ∞ ∑ n=0 [2(s+n)(s+n−1)+3(s+n)]ants+n−1 = ∞ ∑ n=0 F(s+n)ants+n−1 Usando agora (9), e agrupando mais alguns termos semelhantes, segue-se que 0 = ∞ ∑ n=0 G(s+n)ants+n + ∞ ∑ n=0 F(s+n)ants+n−1 + ∞ ∑ n=0 −ants+n+1 = G(s)a0ts + ∞ ∑ n=1 G(s+n)ants+n +F(s)a0ts−1 +F(s+1)a1ts + ∞ ∑ n=2 F(s+n)ants+n−1 + ∞ ∑ n=0 −ants+n+1 = F(s)a0ts−1 +[G(s)a0 +F(s+1)a1]t s + ∞ ∑ n=1 G(s+n)ants+n + ∞ ∑ n=2 F(s+n)ants+n−1 + ∞ ∑ n=0 −ants+n+1 (10) Logo, com as mudanças n = k+1 no 1o, n = k+2 no 2o e n = k no 3o somatório de (10), obtém-se 0 = F(s)a0ts−1 +[G(s)a0 +F(s+1)a1]t s + ∞ ∑ k=0 G(s+ k+1)ak+1ts+k+1 + ∞ ∑ k=0 F(s+ k+2)ak+2ts+k+1 + ∞ ∑ k=0 −akts+k+1 = F(s)a0ts−1 +[G(s)a0 +F(s+1)a1]t s + ∞ ∑ k=0 [G(s+ k+1)ak+1 +F(s+ k+2)ak+2 −ak]t s+k+1 (11) Cálculo II Notas da Aula 33 3/6 Essa foi difícil! Mas está pronto, e com uma boa surpresa: para que a0 não seja nulo, deve-se ter que F(s) = 2s(s−1)+3s = 2 ( s(s−1)+ 3 2s ) = 0 Ora! Mas essa é exatamente a equação indicial da equação de Euler em (7). Isso é mesmo surpreen- dente porque, na tentativa de solução como em (8), “esperava-se”que isso fosse verdade. Então, concluir que os valores possíveis são exatamente as raízes da equação indicial de (7) reforça a ideia inicial, de que as soluções do problema original em (6) são mesmo perturbações analíticas das soluções da equação de Euler em (7). Frobenius sabia o que estava fazendo quando propôs o seu método! Bem, o exemplo não terminou. Falta as relações de recorrências. Para isso, todos os coeficientes em (11) devem ser nulos, e, portanto, deve-se ter que F(s+1)a1 =−G(s)a0 e F(s+ k+2)ak+2 = ak −G(s+ k+1)ak+1, k = 0,1,2,3, · · · (12) Para isolar o valor de a1 é necessário verificar que F(s+ 1) não se anula. No caso geral, isso pode ser um problema importantes. No entanto, nesse exemplo, os valores possíveis de s são as raízes da equação indicial s(s−1)+ 3 2 s = 0, isto é, s = 0 ou s =− 1 2 . Em qualquer dos dois casos, tem-se que F(s+1) 6= 0. Da mesma forma, F(s+ k+2) também não se anula, e as relações de recorrencia são a1 =− G(s)a0 F(s+1) e ak+2 = ak −G(s+ k+1)ak+1 F(s+ k+2) , k = 0,1,2,3, · · · Finalmente, escolhendo s = 0 e a0 = 1, um cálculo simples mostra que a solução correspondente é y0(t) = t0 ∞ ∑ n=0 antn = 1+0t + 1 10 t2 − 1 35 t3 + 37 2520 t4 − 277 34.650 t5 + · · · (13) Já com a escolha de s =− 1 2 e a0 = 1, a solução correspondente é y1(t) = t−1/2 ∞ ∑ n=0 antn = t−1/2 (1− t + 1 6 t2 − 1 10 t3 + 1 24 t4 − 13 600 t5 + · · · ) (14) Essas soluções são linearmente independentes, e formam um sistema fundamental de soluções. � Vale notar que y0(t), correspondente à raiz s = 0, é bem comportada perto de t0 = 0. De fato, é uma função analítica nesse ponto. Mas y1(t), correspondente à raiz negativa s =− 1 2 , não é analítica em t0 = 0, e não tem limite com t → 0. Em particular, para se conseguir soluções bem comportadas perto de t0 = 0, deve-se considerar apenas os múltiplos de y0(t). Outra questão que deve ser respondida é sobre a convergência das séries em (13) e (14). Aqui, mais uma vez, vale o princípio de que as soluções herdam as propriedades dos coeficientes. Com efeito, foi visto acima que a equação (6) escreve-se na forma t2y′′(t) + t[t p(t)]y′(t) + [t2q(t)]y(t) = 0, onde t p(t) = 3+t 2(1+t) e t2q(t) = −t2 2(t+1) são funções analíticas em t0 = 0. Usando que a série geométrica 1 1+t = 1+ t + t2 + t3 + · · · converge para 0 ≤ t < 1, obtém-se que as séries das funções y1(t) y0(t) t p(t) = 3+t 2 1 1+t = 3+t 2 ( 1+ t + t2 + t3 + · · · ) t2q(t) = −t2 2 1 1+t = −t2 2 ( 1+ t + t2 + t3 + · · · ) convergem para 0 ≤ t < 1. Pois então: daí conclui-se que as séries de potencias em (13) e (14) convergem pelo menos em 0≤ t < 1. As figura ao lado ilustram os gráficos de y0(t) e y1(t) nesse intervalo. Ponto Singular Regular No exemplo anterior, e de acordo com o método de Frobenius, em torno de um ponto singular regular as soluções são perturbações analíticas da equação de Euler correspondente, e esse é o caso geral! Com efeito, em geral, a questão é estudar a equação de coeficientes polinomiais P(t)y′′(t)+Q(t)y′(t)+R(t)y(t) = 0, t > 0 (15) Cálculo II Notas da Aula 33 4/6 supondo que t0=0 seja um ponto singular regular. Então, com a notação já introduzida, existem os limites lim t→0 t p(t) = p0 e lim t→0 t2q(t) = q0 (16) e t p(t) e t2q(t) são analíticas em t0 = 0. Dividindo por P(t) e multiplicando por t2, (15) escreve-se como t2y′′(t)+ t[t p(t)]y′(t)+ [t2q(t)]y(t) = 0 Ótimo, porque, nessa forma, e em razão de (16), fica claro que a equação em estudo é uma perturba- ção, com coeficientes analíticos, da equação de Euler t2y′′(t)+ t p0y′(t)+q0y(t) = 0 que possui a equação indicial s(s−1)+ p0s+q0 = 0 (17) Ora! Essencialmente, as soluções da equação de Euler são da forma ts, onde s é uma raiz da equação indicial. Então, de acordo com o método de Frobenius, as soluções de (15) são essencialmente da forma ts ∑∞ n=0 antn, isto é, são perturbações analítica das soluções de Euler. Isso motiva a Definição 2 A equação (17), com p0 e q0 dados por (16), é a equação indicial do problema (15). Indique então por s0 e s1 as raízes da equação indicial (17), e suponha que s0 ≥ s1 se essas raízes forem reais. Nesse caso pode-se mostrar que, em torno do ponto singular regular t0 = 0, o problema (15) possui um sitema fundamental de soluções {y0(t),y1(t)} dado por 1a Solução: a primeira solução é sempre da forma y0(t) = ts0 ( 1+ ∞ ∑ n=1 antn ) , t > 0 (18) expressa em termos da maior raiz da equação indicial (17). 2a Solução: para a segunda solução deve-se considerar outros três casos, como a seguir: i) se s0 > s1 e a diferença s0 − s1 não é um inteiro, a segunda solução é da forma y1(t) = ts1 ( 1+ ∞ ∑ n=1 bntn ) , t > 0 (19) Esse é o caso do exemplo acima, e a condição de que s0 − s1 não é inteiro é usada para garantir que a função F(s+ k+2) em (12) não se anula, e pode-se obter as relações de recorrências. ii) se s0 = s1, a segunda solução é da forma y1(t) = y0(t) ln(t)+ ts0 ( ∞ ∑ n=1 bntn ) , t > 0 Esse caso é análogo ao da equação de Euler, em que a primeira solução é ts0 , e, a segunda, obtida pelo método de redução de ordem, é ts0 ln(t). iii) se a diferença s0 − s1 é um inteiro positivo, a segunda solução é da forma y1(t) = cy0(t) ln(t)+ ts1 ( 1+ ∞ ∑ n=1 bntn ) , t > 0 A constante c pode ser nula, caso em que a solução não tem um termo logarítmico. Isso depende, mais uma vez, de funções semelhantes à F(s+ k+2) em (12) se anularem ou não. Cálculo II Notas da Aula 33 5/6 Resta ainda considerar o caso em que as raízes s0 e s1 de (17) são complexas. Então, por serem complexas conjugadas, a diferença s0 − s1 não é um inteiro, e as séries em (18) e (19) formam um conjunto funtamental de soluções para (15). É claro que essas séries são funções complexas, mas, como antes, basta escolher a parte real e a imaginária para obter um conjunto fundamental de soluções reais. Finalmente, em relação à convergência das séries, deve-se olhar para os coeficentes. Com efeito, sendo analíticas, as funções t p(t) e t2q(t) possuem expansão em série t p(t) = ∞ ∑ n=0 pntn e t2q(t) = ∞ ∑ n=0 qntn que convergem em algum intervalo da forma [0,r) com r > 0. Nesse caso, todas as séries acima também comvergem nesse intervalo. É o princípio de que as soluções herdam as propriedades dos coeficientes. É claro que, se o ponto singular não for a origem, então devem ser feitas as adaptações necessárias. Ou, então, transladar a singularidade para a origem, como no próximo exemplo. � Exemplo 3 Verifique que t0 = 1 é ponto singular regular para a equação de Legendre (1− t2)y′′(t)−2ty′(t)+α(α +1)y(t) = 0 (20) e decida se existem soluções analíticas em torno desse ponto. � Solução. É claro que t0 = 1 é um ponto singular, pois o coeficiente de y′′(t) se anula nesse ponto. Essa singularidade pode ser transladada para a origem com a mudança t −1 = u e y(t) = Y (u) =Y (t −1) onde o ponto t0 = 1 corresponde a u0 = 0. Neste caso, como y′(t) = d du Y (u), y′′(t) = d2 du2 Y (u) e (1− t2) = (1− t)(1+ t) =−u(u+2), segue-se que (20) é equivalente a −u(u+2) d2 du2 Y (u)−2(u+1) d du Y (u)+α(α +1)Y (u) = 0 (21) É claro que u0 = 0 é ponto singular de (21). Em relação à classificação desse ponto, tem-se que p(u) = −2(u+1) −u(u+2) e q(u) = α(α+1) −u(u+2) são tais que lim u→0 up(u) = lim u→0 −2(u+1) −(u+2) = 1 e lim u→0 u2q(u) = lim u→0 uα(α +1) −(u+2) = 0 e, portanto, u0 = 0 é ponto singular regular. Além disso, a equação indicial de (21) é s(s−1)+ s+0 = s2 = 0 com raízes s0 = s1 = 0. Das observações acima, e para u > 0, segue-se que (21) possui um sistema fundamental de soluções na forma Y0(u) = u0 ( 1+ ∞ ∑ n=1 anun ) e Y1(u) = Y0(u) ln(u)+u0 ( ∞ ∑ n=1 bnun ) onde Y0(u) é analítica em u0 = 0, mas, em razão do termo logarítmico, Y1(u) não é analítica nesse ponto. Como a solução geral de (21) é uma combinação linear dessas duas funções, conclui-se que as soluções analíticas dessa equação são apenas os multiplos de Y0(u). Voltando para a variável t, conlcui-se que t0 = 1 é um ponto singular regular para a equaçãode Legendre, e as soluções analíticas daquela equação são os múltiplos da função y0(t) = Y0(t −1). � O curioso do método de Frobenius é que o comportamento qualitativo das solução, se elas são ana- líticas ou não, é fácil de ser determinado. Basta calcular os limites em (16) e, em seguida, as raízes da equação indicial (17). São cálculos simples, mas já dizem muito sobre o comportmento das soluções. Cálculo II Notas da Aula 33 6/6