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História e Fontes do Direito Trabalhista

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
 
Em 1° de maio de 1941, é oficialmente instalada a Justiça do Trabalho no Brasil. 
Desde a Constituição de 1934 a JT estava instituída, bem como já havia sido organizada por meio 
do Decreto nº 1.237/1939, todavia é apenas em 1941 que Vargas decide instalá-la oficialmente, 
em meio às comemorações do Dia do Trabalhador, em 1° de maio, no Estádio Vasco da Gama/RJ. 
A Constituição Federal de 1946 integrou a Justiça do Trabalho ao Poder Judiciário, mantendo a 
estrutura que tinha como órgão administrativo, inclusive com a representação classista. 
Sua estrutura permaneceu assim nas Constituições posteriores, de 1967 (alterada pela Emenda 
de 1969) e de 1988. 
 
FONTES DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
Bezerra Leite as divide em FORMAIS e MATERIAIS. 
1. Fontes Materiais. São fontes potenciais de direito processual do trabalho. Emergem, 
via de regra, do próprio direito material. Há o descumprimento de um direito material 
reconhecido pela ordem jurídica, ou dúvidas a respeito da existência de fatos e 
interpretações, de modo que o processo se torna o meio de realizar aquele direito 
material. Logo, processo = instrumento. 
2. Fontes Formais. São as que estão positivadas dentro do ordenamento jurídico. Dividem-
se em diretas, indiretas e de explicitação. 
a. Fontes Formais Diretas – lei em sentido genérico e costume. Bezerra ainda diz 
que as Súmulas Vinculantes passam a ser fonte formal direta. Entende que 
costumes só podem ser utilizados quando houver previsão no ordenamento 
para isso (ex.: protesto nos autos – art. 795 da CLT – advém de um costume, 
mas foi positivado). 
b. Fontes Formais Indiretas – doutrina e jurisprudência. Quando fala de 
jurisprudência, diz que o art. 8 §2º da CLT (sumulas e outros enunciados não 
poderão restringir direitos previstos nem criar obrigações não previstas em lei) 
tenta transformar os tribunais em “meros aplicadores da lei”. 
c. Fontes Formais de Explicitação – fontes integrativas – analogia, princípios 
gerais de direito e equidade. Bezerra entende que os princípios constitucionais 
devem ser o ponto de partida para a colmatação de lacunas. 
d. ATENTAR QUE ACT E CCT NÃO SÃO FONTES FORMAIS. 
 
PRINCÍPIOS DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
Conceito e importância. Princípios dão coerência interna ao sistema jurídico. Os princípios 
representam fins políticos, filosóficos, éticos e sociológicos da sociedade, sendo as normas 
instrumentais na busca desses fins. Princípio é fator determinante da completude do 
ordenamento jurídico. 
 
1. Princípios Constitucionais Fundamentais 
Princípios Constitucionais – fontes normativas primárias. Caráter de norma. Para Bezerra, 
princípios do CPC são aplicáveis ao Processo do Trabalho devido à força normativa da CF. 
• Para Celso A. Bandeira de Melo, princípios são o mandamento nuclear do 
sistema, alicerce deles, e orientam o espírito, compreensão e inteligência da 
norma jurídica. 
• Para Ataliba: princípio > norma – pois é diretriz, rumo apontado a ser seguido, 
além de ser norma. 
• Para Dworking -> Norma (lato) = princípios + regras (stricto). Princípio não revoga 
princípio, eles coexistem (diferentemente das regras). 
• Para Alexy -> enfatiza o aspecto deontológico dos princípios (regras de condutas 
– dever ser). Mandamentos de otimização. Alexy se alinha à ideia de Dworking 
de que norma = princípios + regras. 
 
2. Tríplice Função dos Princípios Constitucionais Fundamentais 
São três funções: informativa, interpretativa e normativa. 
• Função informativa: “informa” o legislador. Princípio atuando como subsídio do 
legislador na hora de criar uma regra. Propósitos prospectivos. 
• Função interpretativa: direcionada ao aplicador do direito. Princípio utilizado na hora 
da interpretação de norma componente do ordenamento jurídico. Compreensão de 
significados e sentidos. 
• Função normativa: princípio utilizado como fundamento de decisão. Pode se dar de 
forma direta ou indireta. 
o Forma direta de aplicação de princípios com função normativa: derrogação de 
uma norma por um princípio (princípio da norma mais favorável aos 
trabalhadores), por exemplo. 
o Forma indireta de aplicação de princípios com função normativa: integração 
do sistema nas hipóteses de lacuna. 
• Princípios são fontes formais primárias de direito, ocupam o mais alto posto na escala 
normativa, e são normas fundamentais. 
• Em caso de choque princípio x regra, preferência para o primeiro. 
 
3. Princípios Gerais do Direito Processual: princípios informativos e princípios 
fundamentais 
 
a. Princípios informativos 
Não possuem basicamente nenhum valor ideológico neles inseridos, são “meras 
regras informativas do processo” – AXIOMAS (considerados como óbvios). Servem como base 
para a elaboração da teoria geral do processo. 
Se subdividem em Princípio Lógico, Jurídico, Político e Econômico. 
i. Lógico – logicidade a que está jungido o processo (primeiro vem a petição 
inicial, depois a contestação e assim por diante). 
ii. Jurídico – garante igualdade de tratamento no processo e na decisão, com 
regras claras e pré-estabelecidas. 
iii. Político – máxima garantia social com o mínimo de interferência na liberdade 
individual. Princípio político que determina que o juiz deve sentenciar mesmo 
em caso de lacunas. 
iv. Econômico – lides não tão dispendiosas e custosas + garantia do acesso do 
hipossuficiente à justiça. 
 
b. Princípios Fundamentais (princípios gerais do processo) 
São princípios sobre os quais o sistema jurídico pode fazer opção, considerando 
aspectos políticos e ideológicos. Pode haver princípios em sentido contrário. São eles: 
i. Princípio da igualdade ou isonomia: consagrado no art. 5 da CLT (todos são 
iguais perante a lei) – igualdade meramente formal para a CF. Princípio da 
isonomia = paridade de armas – CPC. Tratamento isonômico das partes no 
processo. A paridade de armas deve ser entendida no sentido amplo no 
processo do trabalho (igualdade formal e substancial), dada a desigualdade 
normalmente existente. 
1. Exceção ao princípio da paridade de armas (isonomia 
processual): prerrogativas à Fazenda Pública e outras 
instituições. 
2. Outras formas de mitigação da igualdade formal: dispensa de 
custas e caução para hipossuficientes, duplo grau de jurisdição 
quando as pessoas de direito público são vencidas, inversão do 
ônus da prova, etc. 
ii. Princípio do Contraditório: advém do art. 5, LV da CF (aos litigantes são 
assegurados... o contraditório e ampla defesa). Princípio de mão dupla. 
Bilateralidade. Participação das partes dos atos do processo. “Parte” é aquela 
que participa do contraditório. Possibilidade de vistas e manifestação das 
partes. 
iii. Princípio da Ampla Defesa: advém do art. 5, LV da CF (aos litigantes são 
assegurados... o contraditório e ampla defesa). Também tem mão dupla (autor 
defende seu direito material, réu se defende da pretensão). Essa defesa é ampla, 
não se pode impedir ou inibir. 
iv. Princípio da imparcialidade do juiz: juiz deve ser imparcial, sem tendências. 
Imparcialidade é diferente de neutralidade. Inamovib. Irredutib. e Vitaliciedade 
– garantias da CF para efetivar a imparcialidade do juiz. 
v. Princípio da Fundamentação das Decisões: garantia contra o arbítrio dos juízes. 
Previsto na CF (art. 93, IX). Decisões devem ser fundamentadas, sob pena de 
nulidade. 
vi. Princípio do devido processo legal: é a base sobre a qual todos os outros 
princípios processuais se sustentam. A partir do due process of law, os outros 
princípios processuais tomam forma. Previsto no art. 5, LIV da CF (ninguém será 
privado de seus bens ou liberdade sem o devido processo legal). Não se 
restringe ao terreno processual. 
vii. Princípio do Juiz Natural: advém do art. 5, LIII da CF (ninguém será processado 
nem sentenciado senão pela autoridade competente). Consagra que o juiz é 
aquele investido de função jurisdicionale impede a criação de tribunais de 
exceção. 
viii. Princípio do Promotor Natural: interpretação sistêmica da CF (autonomia e 
inamovibilidade do MP). É uma garantia à sociedade de que nenhuma 
autoridade ou poder poderá escolher o Promotor ou Procurador específico que 
atuará em determinada lide. Além disso, o pronunciamento do MP se dará 
livremente, sem interferência. O STF não vinha reconhecendo tal princípio. 
Posições mais atuais reconhecem. 
ix. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: direito ao exame de mérito em dois 
graus de jurisdição (reexame pelo segundo grau, normalmente colegiado). A CF 
não o contempla de forma explícita. Não é absoluto e possui exceções. Há 
previsões de entidades que não se submetem ao reexame necessário. 
x. Princípio do acesso individual e coletivo à Justiça ou inafastabilidade do 
controle jurisdicional ou ubiquidade ou indeclinabilidade de jurisdição: 
consagrado no art. 5º XXXV (a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
lesão ou ameaça a direito). Esse princípio diz que ninguém pode impedir o 
direito fundamental de qualquer pessoa acessar o judiciário. Tanto para lesão 
quanto para ameaça a direito. 
xi. Princípio da razoabilidade da duração do processo – advém do art. 5º LXXVIII 
“A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável 
duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. 
Busca-se a efetividade do processo. Juiz pode utilizar todos os meios disponíveis 
para tanto. 
1. Juiz de primeiro grau e tribunais de segundo grau não podem 
tirar férias coletivas. 
2. Juízes não tem direito a promoção se retiverem os autos por 
prazo superior ao legal de maneira injustificada. 
xii. Princípio do ativismo judicial – ideia de maior atuação do judiciário, a partir do 
advento do neoconstitucionalismo. Juiz não apenas bouche de la loi, mas agora 
tendo papel atuante na busca da concretização dos direitos fundamentais. 
1. Juiz ativo – cumpre suas diligências e deveres funcionais dentro 
do prazo legal. 
2. Juiz ativista – compreende a realidade de mundo a seu redor, e 
dá às suas decisões um sentido construtivo e modernizante, 
orientando-se para a consagração dos valores essenciais em 
vigor. 
 
PRINCÍPIOS COMUNS AO DIREITO PROCESSUAL CIVIL E AO DIREITO PROCESSUAL DO 
TRABALHO 
1. Princípio Dispositivo / da Demanda – livre iniciativa – fundamento no art. 2º do CPC (o 
processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo 
exceções previstas em lei) - é faculdade da parte ajuizar ação ou não. O judiciário está 
“à disposição” da parte. Não há jurisdição sem autor. No direito civil, praticamente 
absoluto o princípio dispositivo. Não é absoluto quando trata de direitos de natureza 
indisponível. 
a. No direito processual do trabalho há algumas exceções a esse princípio – 
reclamação trabalhista instaurada de ofício pela Superintendência Regional do 
Trabalho e execução ex officio. 
2. Princípio Inquisitivo / do Impulso Oficial – previsto expressamente no art. 2º do CPC 
(o processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo 
exceções previstas em lei) - processo se dá mediante impulso, após ter iniciado como 
iniciativa da parte. 
a. No processo do trabalho, art. 765 da CLT (os Juízos e Tribunais terão ampla 
liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas, 
podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas) 
caracteriza tal princípio. As exceções anteriores do princípio dispositivo 
caracterizam o princípio inquisitivo (instauração do processo após 
requerimento da SRT e execução ex officio). 
3. Princípio da Instrumentalidade das formas / Princípio da Finalidade – processo = 
instrumento = meio para alcançar o direito material. Para tal princípio, o processo é 
uma forma de chegar ao direito material. Se a lei prescrever uma conduta de 
determinada forma, sem cominar nulidade, e o juiz considerar válido ato realizado de 
outro modo, opera-se o princípio da instrumentalidade. Nulidade não será pronunciada 
quando for possível suprir-se a falta ou repetir-se o ato. 
4. Princípio da transcendência (prejuízo) – Não haverá nulidade sem prejuízo manifesto 
às partes. 
5. Princípio da utilidade – a declaração deve ser útil ao processo “"o juiz ou tribunal que 
pronunciar a nulidade declarará os atos a que ela se estende”. 
6. Princípio da causalidade - art. 798 "a nulidade do ato não prejudicará senão os 
posteriores que dele for dependente. Assim o juiz declarará quais atos foram atingidos. 
CPC, art. 249” Causa e efeito. 
7. Princípio da impugnação especificada – por esse princípio, a impugnação do réu deve 
ser específica. O que não for especificamente impugnado é considerado verdadeiro – 
presunção de veracidade – isso é absoluto? Não, em alguns casos (se não for admitida 
a confissão para a figura do réu – defensor público, advogado dativo, curador especial – 
se a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei entender como 
substancia do ato, e se estiver em contradição com a defesa, considerada em seu 
conjunto. A DEFESA NÃO PODE SER GENÉRICA, ainda que o ônus de prova seja do 
autor. 
a. Na Justiça do trabalho, há divergência doutrinária: uma corrente entende que 
não pode incidir tal princípio, dado o jus postulandi; a outra entende que tal 
princípio admite aplicação subsidiária ao processo do trabalho (prevalecente). 
8. Princípio da Estabilidade da Lide – Segundo tal princípio, o autor somente poderá 
alterar fatos alegados na inicial até a citação do réu ou, após a citação, até a defesa, e 
desde que com a anuência da parte contrária. 
a. Na JT, a alteração pode se dar até o recebimento da defesa. 
9. Princípio da Eventualidade – todas as alegações de defesa, ainda que sejam 
contraditórias no plano lógico (“caso assim não entenda, pelo princípio da 
eventualidade, requer a reclamada...”) devem ser feitas junto com a contestação, pois 
após ela ocorrerá a preclusão. 
10. Princípio da Preclusão – as nulidades não serão declaradas senão por provocação das 
partes, as quais deverão argui-las no primeiro momento em que tiverem de, sobre elas, 
falar. Do contrário, ocorre a preclusão. Andar para frente, sem retorno a etapas e 
momentos processuais já ultrapassados. 
a. Preclusão Consumativa – perda do “ato”. Uma vez praticado determinado ato, 
a parte não poderá praticar o mesmo ato de forma distinta. Se impugnou o 
cálculo só com relação ao FGTS, não poderá, em sede de EE, embargar a 
correção monetária. 
b. Preclusão Temporal – a parte não pratica um ato processual no prazo 
legalmente previsto (perda do prazo para a interposição de um recurso). 
c. Preclusão Lógica – é a perda da prática de um ato, por estar em contradição 
com atos anteriores, ofendendo a lógica comportamental das partes. Por 
exemplo: publicada sentença mandamental, a parte a cumpre em dois dias. 
Perderá o direito de recorrer, por preclusão lógica. 
d. Preclusão Ordinatória – perda da possibilidade de praticar um ato, se esse ato 
for precedido do exercício irregular da mesma possibilidade. A validade 
depende da prática de ato anterior. Ex: Embargos à Execução – dependem de 
prévia garantia do juízo. Ocorre preclusão ordinatória se o juízo não for 
garantido. 
e. Preclusão Máxima – é o mesmo que coisa julgada. Art. 836 da CLT (é vedado 
aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, 
excetuados casos...). 
f. Preclusão pro judicato – veda ao juiz conhecer de questões já decididas. 
i. Embargos de Declaração e Ação Rescisória não observam tal 
preclusão, ou seja, o juiz pode conhecer de questões já decididas 
nestes dois casos. 
11. Princípio da Economia Processual – obter o máximo de prestação jurisdicional com o 
mínimo de atos processuais. 
12. Princípio da perpetuatio jurisdictionis – perpetuação da competência = competência 
fixadano momento da propositura da ação, sendo irrelevantes as modificações do 
estado de fato ou de direito posteriores, salvo quando suprimirem o órgão judiciário 
ou alterarem a competência absoluta 
13. Princípio do Ônus da Prova - art. 373 do CPC + Art. 818 da CLT – o ônus da prova 
incumbe à parte que alegar. Autor deve provar fatos constitutivos. Réu deve provar 
fatos extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do autor. 
a. Tal princípio, no entanto, não é absoluto, admitindo a alteração do ônus da 
prova em alguns casos. (Distribuição Dinâmica da Carga Probatória). 
14. Princípio da Oralidade – predomínio da linguagem falada sobre a escrita, em 
determinados casos – discussão oral da causa, na presença do magistrado. Questão já 
falou que se pode considerar o processo do trabalho como um “processo oral”. 
15. Princípio da imediatidade ou da imediação – juiz deve estar em contato 
imediatamente direto com as partes e provas, para obter os elementos necessários ao 
esclarecimento dos fatos. 
16. Princípio da identidade física do juiz – o juiz que concluir a audiência julgará a lide, salvo 
se convocado, licenciado, afastado, promovido, aposentado. 
a. CPC de 2015 NÃO MAIS TROUXE ESSA PREVISÃO. É o ideal, mas não tem 
problema se não for. 
17. Princípio da Concentração – concentração dos atos em uma única audiência, salvo se 
não for possível. 
18. Princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias – no CPC, são 
agraváveis algumas decisões interlocutórias em alguns casos. Na seara laboral, o 
princípio em questão tem aplicabilidade mais enfática – impugnação contra decisões 
interlocutórias somente será admitida em recursos interpostos contra decisão final. 
19. Princípio da Boa-fé Processual / probidade / lealdade – previsto expressamente no art. 
5ª do CPC (aquele que participar do processo o deverá fazer de acordo com a boa-fé). 
Conduta ética e respeito mútuo dos litigantes. Multa por Litigância de má-fé. Abarca 
boa-fé objetiva e subjetiva. 
a. Dano processual – é o que fundamenta a aplicação das penas por litigância de 
má-fé. Podem ser aplicadas às partes (reclamante, reclamado ou interveniente) 
e às testemunhas. 
20. Princípio da Cooperação ou Colaboração – todos os sujeitos do processo devem entre 
si colaborar. O juiz deve esclarecer dúvidas às partes, perguntar quando tiver dúvidas, e 
as partes igualmente. O processo é um ato colaborativo – todos querem a decisão final. 
a. Ao magistrado, três deveres: 1) dever de esclarecimento; 2) dever de 
consultar; 3) dever de prevenir. 
21. Princípio da Vedação da Decisão Surpresa – expressamente extraído do art. 10 do CPC 
(o juiz não pode decidir com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado 
às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual 
deva decidir de ofício). 
a. Exceções? Sim -> art. 9 do CPC §único (tutela de urgência e tutela de evidência). 
22. Princípio da Primazia da Decisão de Mérito – somente em situações excepcionais, 
quando não for possível a correção dos vícios ou irregularidades, o juiz poderá extinguir 
o processo sem resolução do mérito. 
23. Princípio da observância da Ordem Cronológica da Conclusão de Processos – 
preferencialmente, o julgamento deverá observar preferencialmente a lista de 
antiguidade. 
a. Exceções? Previstas no art. 12 §2º do CPC: sentenças em audiência, 
homologação de acordo, improcedência liminar, processos em bloco, recursos 
repetitivos, embargos de declaração, agravo interno, preferências legais, 
processos criminais, causa com urgência. 
 
PRINCÍPIOS PECULIARES AO PROCESSO DO TRABALHO 
Divergência doutrinária sobre a existência ou não de princípios peculiares. Bezerra se filia à 
corrente de existência. 
a) Princípio da Proteção Processual – compensar a desigualdade socioeconômica com 
uma desigualdade jurídica. Reestabelecer e manter verdadeira a igualdade processual. 
Exemplos da sua aplicação: AJG, gratuidade do processo, inversão do ônus da prova, 
tratamento desigual quanto à ausência à audiência inicial (arquivamento para o autor e 
revelia e confissão para o réu). Reforma deu uma mitigada nessa proteção (honorários 
periciais e advocatícios + depósito recursal). 
b) Princípio da Finalidade Social do Processo – complementar ao princípio anterior, o 
princípio em questão propicia ao juiz uma atuação ativa, auxiliando a parte 
hipossuficiente na condução do processo, até o momento da prolação da sentença. 
Busca-se a finalidade social do processo. 
c) Princípio da Efetividade Social – conjunto de concepções, políticas, conceitos, ideias e 
mecanismos que devem inspirar a concretização ou materialização da prestação 
jurisdicional, evitando-se lesão possível ou reestabelecendo-se rapidamente direito 
violado. 
d) Princípio da Busca da Verdade Real – o juiz tem ampla liberdade na condução do 
processo, podendo determinar provas necessárias à instrução do feito. Objetivo – 
apurar a verdade real. Deve ser compatibilizado com o princípio da isonomia, ampla 
defesa e contraditório. 
e) Princípio da Indisponibilidade – processo tem a função precípua de efetivar a realização 
dos direitos sociais intransponíveis. Por isso, tem-se a ideia de que a indisponibilidade 
das normas de processo do trabalho assume importância enfática. 
f) Princípio da Conciliação – busca da solução conciliatória dos conflitos. Dois momentos 
de obrigatoriedade na proposta1 de conciliação: 1) abertura da audiência; 2) após o 
término da instrução e da apresentação das razões finais. Termo de conciliação vale 
como decisão irrecorrível (equipara-se à Coisa Julgada). 
g) Princípio da Normatização Coletiva – Na JT, como sabemos, existe a figura do Dissídio 
Coletivo e das Sentenças Normativas. As sentenças normativas estabelecem 
regramento (função atípica do judiciário) com eficácia ultra partes, refletindo nos 
contratos individuais de trabalho dos trabalhadores componentes de determinada 
categoria. 
 
OUTROS PRINCÍPIOS DO PROCESSO TRABALHISTA 
a) Princípio da Simplicidade das Formas – processo do trabalho sem formalismos 
extremos – formas simples (recursos por simples petição). 
b) Princípio da Celeridade – juízes velarão pelo andamento rápido das causas, dada a 
natureza alimentícia dos créditos trabalhistas. 
c) Princípio da despersonificação do empregador (desconsideração da personalidade 
jurídica) – a figura do empregador poderá ser despersonificada por meio do IDPJ. 
d) Princípio da Extrapetição – em alguns casos, poderá o juiz julgar de forma extra petita 
(pedido de reintegração e o juiz defere salários correspondentes – SUM 396, II – ou juros 
e correção monetária). 
 
1 A obrigatoriedade é na TENTATIVA de conciliação, NÃO na CONCILIAÇÃO EM SI. 
 
NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
A natureza jurídica do DPT é de direito público, competindo privativamente à UNIÃO legislar 
sobre. 
AUTONOMIA 
Dois critérios para se confirmar a autonomia de um ramo do direito: 
1) Leva em conta a) a extensão da matéria; b) a existência de princípios comuns; c) a 
observância de método próprio. 
2) Baseia-se nos elementos componentes da relação jurídica: sujeitos, objeto e vínculo 
obrigacional que os interliga. 
Quanto ao Direito Processual do Trabalho, surgiram duas correntes, para dizer se tal matéria 
possui ou não autonomia: monistas e dualistas. 
a) Monistas – entendem que Direito Processual Civil e Direito Processual do 
Trabalho são um só – princípios comuns, não havendo especificidade em 
relação a um ou a outro. 
b) Dualistas – autonomia em relação ao Direito Processual Civil, pois possui 
princípios peculiares, vasta matéria legislativa, finalidade social específica, 
institutos próprios, autonomia didática, jurisdicional, processual, doutrinária. 
i. Autonomia não significa isolamento – os atos no DPT devem 
observar a unidade metodológica comum aos demais ramos do 
direito processual.CONCEITO DE DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
Para Bezerra Leite: DPT é o ramo da ciência jurídica, constituído por sistema de valores, 
princípios, regras e instituições próprios, cujo objeto é promover a concretização dos direitos 
sociais fundamentais individuais, coletivos e difusos dos trabalhadores e a pacificação justa 
dos conflitos decorrentes direta ou indiretamente das relações de emprego e de trabalho, bem 
como regular o funcionamento e a competência dos órgãos que compõem a Justiça do Trabalho. 
 
HERMENÊUTICA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 
Hermenêutica jurídica – orientar o jurista na interpretação. Compreensão do direito. 
1. INTERPRETAÇÃO – tarefa de determinar o sentido da lei. Desempenhada 
primordialmente pelo juiz. Métodos, os quais devem ser aplicados em conjunto: 
a. Gramatical – interpretação literal do sentido contido na lei. É a 
interpretação conforme o dicionário. 
b. Lógico – busca-se o alcance e o sentido da norma por meio de raciocínios 
lógicos. Todo homem é mortal. Pedro é homem. Logo Pedro é mortal. 
c. Histórico – busca-se o sentido com base na perspectiva histórica da 
formação de determinada norma. Observa o contexto histórico para 
entender-se o sentido. 
d. Sistemático – normas não existem isoladamente. Interpreta-se uma 
determinada norma de acordo com o contexto do ordenamento jurídico. 
Insere-se a norma no ordenamento, a qual é interpretada de acordo com 
este. Coerência do sistema 
e. Teleológico – busca-se a finalidade da norma, os fins sociais que a norma 
jurídica pretende realizar. 
f. Conforme a Constituição – ocorre quando a norma apresenta vários 
significados, uns conforme a constituição e outros contrários a ela. A 
interpretação privilegiará esses últimos significados. 
i. Obs.: se o texto não permitir nenhuma interpretação conforme a 
constituição, não terá cabimento a aplicação desse tipo de 
interpretação, cabendo ao judiciário, nessa hipótese, declarar a 
inconstitucionalidade do texto que se está interpretando. 
2. INTEGRAÇÃO – Integrar = completar. Suprimento de lacunas. Obrigatoriedade do 
juiz de decidir o feito. Técnicas ao intérprete para solucionar o caso concreto no caso 
de lacunas. 
a. Analogia 
b. Princípios Gerais de Direito – deixaram de ser meras fontes subsidiárias 
com a CF 1988 – passaram a ser normas de introdução ao ordenamento. 
c. Equidade – ocorre quando a lei expressamente autoriza o juiz a proferir 
uma decisão que ele reputar justa, sem que a lei exponha exatamente o que 
deve ser decidido (ex.: arbitramento de salário). 
i. Ocorre que, com o NCPC, não há mais previsão para aplicação de 
analogia e princípios gerais do direito como técnica integrativa. 
(art. 140 – o juiz não se exime de decidir sob alegação de lacuna 
ou obscuridade do ordenamento jurídico. Par. Un. O juiz só 
decidirá por equidade nos casos previstos em lei). 
Ainda sobre integração: O CPC E AS LACUNAS ONTOLÓGICAS E AXIOLÓGICAS – NECESSIDADE 
DE HETEROINTEGRAÇÃO DO SISTEMA PROCESSUAL 
Para Bezerra Leite, a heterointegração ocorre quando os dois sistemas, processo civil e 
processo do trabalho, se comunicam de tal forma que se podem aplicar regras do CPC à justiça 
do trabalho não só no sentido normativo de lacuna, mas também quando há um 
envelhecimento forte na norma trabalhista, e a norma civil resolve a questão de forma mais 
eficiente. (Lacunas Ontológicas – ser - e Axiológicas – valores). 
Busca-se a heterointegração, com diálogo das fontes normativas infraconstitucionais, 
para concretizar o princípio da máxima efetividade das normas constitucionais de direito 
processual. 
Pode-se dizer, pois, que o processo do trabalho não possui autonomia absoluta. 
A regra do art. 769 da CLT apresenta duas espécies de lacunas, quando comparada com 
o novo processo sincrético: ontológica e axiológica. 
• Lacuna ontológica – há norma, mas essa norma sofre de um envelhecimento, 
de modo que os fatos sociais, políticos e econômicos que a inspiraram não são 
mais os mesmos do passado. 
• Lacuna Axiológica – a norma que existe é completamente injusta, de modo que, 
se aplicada, a solução do caso será injusta. 
 
3. APLICAÇÃO – adaptar o fato concreto ao preceito normativo. Aplicação pressupõe 
interpretação. Ao aplicar uma norma geral a um caso concreto, o magistrado cria, 
via Sentença, uma norma individual, transformando o direito objetivo em direito 
subjetivo. 1. Interpreta. 2. Integra. 3. Corrige. 4. Aplica. 
a. Ao aplicar uma norma, o juiz deve observar os novos valores, princípios, 
regras e objetivos que norteiam o Estado Democrático de Direito 
brasileiro. 
4. EFICÁCIA 
A eficácia da norma pode ter mais de um sentido: 
1. Eficácia social – “os cidadãos cumprem a norma espontaneamente?” se não, tenho 
mecanismos suficientes para propiciar o cumprimento? 
2. Eficácia jurídica – eficácia jurídica – a norma possui aptidão para promover efeitos 
jurídicos? 
4.1. Eficácia da Norma Processual Trabalhista no Tempo 
Guiada por dois princípios: irretroatividade das normas processuais e efeito imediato das 
normas processuais. 
Adota-se a Teoria de Isolamento dos Atos Processuais. A lei nova regula apenas os atos 
processuais que se praticarão em sua vigência. Os atos já praticados são regulados pela lei velha. 
4.1.1. Eficácia Temporal da EC 45/2004. 
 Reforma do Poder Judiciário. Processo que já tramitava na Justiça Comum era 
automaticamente remetido à JT? Quatro correntes. 
1. Processo como um todo indivisível, por isso deveria continuar na Justiça Comum. 
2. Processo dividido por fases processuais autônomas, motivo por que a lei nova só 
incidiria nas novas fases. 
3. Processos devem ser imediatamente remetidos, independentemente da fase ou dos 
atos praticados 
4. Processos divididos por atos processuais isolados (isolamento dos atos processuais), 
de modo que a lei nova não atingiria os atos jurídicos perfeitos, mas aplicável aos 
atos ainda não praticados. (BEZERRA ENTENDE QUE ESSA É A CORRENTE QUE DEVE 
PREVALECER, QUANTO À EC 45). 
No entanto – Súmula Vinculante 22 do STF – Os processos tramitantes na justiça Comum na 
época da EC 45 somente serão remetidos ao JT se NÃO HOUVER SENTENÇA DE MÉRITO. Se já 
houver sentença de mérito, permanecem na Justiça Comum. 
4.1.2. Eficácia Temporal do CPC e da Lei 13.467/17 
CPC esmiuçou as regras de eficácia temporal – “a norma processual não retroagirá e 
será aplicável de imediato aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados 
e as situações jurídicas consolidadas sob a égide da lei revogada”. TEMPUS REGIT ACTUM – a 
norma é aplicável de acordo com os atos processuais. 
Aplicabilidade Imediata das normas processuais, com respeito aos atos jurídicos 
perfeitos. 
Norma Processual Trabalhista – aplicação imediata às relações processuais iniciadas não 
cobertas pela coisa julgada. 
Quanto à Reforma Trabalhista, TST – In 41/2018: A aplicação das normas de direito 
processual introduzidas pela reforma é imediata, RESSALVADAS as situações jurídicas 
pretéritas, iniciadas ou consolidadas sob a égide da Lei Revogada. 
4.2. Eficácia da Norma Processual Trabalhista no Espaço. 
Princípio da territorialidade – processo rege-se, em todo o território nacional, pelas normas 
trabalhistas.

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