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MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO MPT ora atua como órgão interveniente, ora atua como órgão agente. Evolução histórica Início ligado à figura dos agentes do rei (Séc. 14 +-). No Brasil, alguns sinais da existência do Ministério Público remontam às Ordenações Afonsinas (Procurador de Nossos Feitos). Na legislação, somente a partir do CPC de 1939 é que a instituição surge nos moldes como é hoje conhecida. Nas constituições: • 1824 – pouco falou sobre a instituição – falou sobre a presença do Procurador da Coroa. • 1891 – limitou-se a estabelecer a forma como seria escolhido o Procurador- Geral da República, sem falar sobre as atribuições da instituição. MP dentro do Poder Judiciário. • 1934 – Ministério Público com seção própria. Estabilidade aos membros. Regulamentação do ingresso na carreira. Paridade de vencimentos do Procurador-Geral com os ministros da suprema corte. PRIMEIRA AQUISIÇÃO DE STATUS CONSTITUCIONAL. • 1937 – Suprimiram-se a estabilidade e paridade de salário. Limita-se a tratar acerca da designação e destituição do PGR – fragilizando o papel institucional do MP. • 1946 – Título ESPECÍFICO para o Parquet – distinto dos demais poderes – previsão de existência estadual e federal. Estabilidade e inamovibilidade. Nessa CF, cabia ao MP a representação do Estado (agora é a AGU). • 1967 – Parquet em seção própria, mas dentro do capítulo do Poder Judiciário. MP ainda tinha que representar a União em juízo. • EC1/69 - suprimiu as garantias do MP, enfraquecendo a Instituição. Colocada dentro do Poder Executivo. • 1988 – consagrou o MP como Instituição Permanente, essencial à função jurisdicional, defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Princípios Institucionais (art. 127, §1º, da CF) 1. UNIDADE Sentido Clássico: Membros do MP formam uma só instituição, chefiados por um Procurador-Geral.1 Sentido Moderno: A doutrina tem entendido, também, por Unidade que o MP, como um todo, possui a mesma finalidade: defender os interesses da coletividade. 2. INDIVISIBILIDADE A instituição não pode ser repartida internamente em partes autônomas. Quem se manifesta é a própria instituição nos processos, não “o procurador tal”. Conforme destaca 1 Na prática, a Unidade vige apenas no âmbito de cada ramo do MP. Hugo Nigro Mazilli, indivisibilidade significa que seus membros podem ser substituídos uns pelos outros não arbitrariamente, mas segundo a forma estabelecida na lei. INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL Não há subordinação hierárquica entre os membros da instituição, nem mesmo em relação à sua chefia. Os membros do MP se submetem apenas às leis e à constituição, não possuem “chefes”. 23 3. PROMOTOR NATURAL Veda designações casuísticas de PROMOTORES DE EXCEÇÃO, a atuação na defesa do interesse público recai a órgão ministerial previamente investido da atribuição legal. Não possui previsão expressa na CF, mas se extrai tal princípio da Independência Funcional e da Inamovibilidade. 45 Garantias, Prerrogativas e Vedações (idênticas às dos Magistrados) Garantias 1. VITALICIEDADE Após 2 (DOIS) anos de exercício, o cargo só pode ser perdido por SENTENÇA TRANSITADA EM JULGADO. 2. INAMOVIBILIDADE Via de regra. Exceção? MOTIVO DE INTERESSE PÚBLICO – decisão do órgão colegiado competente – VOTO DA MAIORIA ABSOLUTA DOS MEMBROS. 3. IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIO Ressalvado o disposto na CF de forma contrária. PRERROGATIVAS INSTITUCIONAIS (LC 75/93) 1. Sentar-se no mesmo plano e imediatamente à direita dos juízes. 2. Usar Vestes Talares 3. Ter ingresso e trânsito livres em qualquer recinto público ou privado, garantida a inviolabilidade de domicílio. 4. Prioridade em serviço de transporte ou comunicação, quando em serviço de caráter urgente. 5. Porte de arma, independente de autorização. 6. Carteira de identidade especial com prerrogativas. PRERROGATIVAS PROCESSUAIS 2 OBS1. A organização do MP em níveis de carreira não fere esse princípio. 3 OBS2. Não confundir com Autonomia Funcional – a autonomia é da INSTITUIÇÃO MP, enquanto a Independência é dos MEMBROS. 4 Como já visto em Processo Civil e Processo do Trabalho, o STF não reconhecia tal princípio, mas tem passado a reconhecer. 5 As bancas tem reconhecido esse Princípio. 1. PGR – julgamento em crimes comuns pelo STF. Em crimes de responsabilidade pelo SENADO FEDERAL. 2. Membro do MPU – OFICIA EM TRIBUNAIS – crimes comuns e de responsabilidade – STJ 3. Membro do MPU – OFICIA na PRIMEIRA INSTÂNCIA – crimes comuns e de responsabilidade – TRFs. 4. Prisão SOMENTE POR ORDEM ESCRITA DO TRIBUNAL COMPETENTE ou em RAZÃO DE FLAGRANTE DE CRIME INAFIANÇÁVEL. 5. Prisão Especial ou Sala Especial. 6. Não ser indiciado em inquérito policial. 7. Ser ouvido, como testemunha, em dia previamente ajustado com magistrado. 8. Receber intimação PESSOAL nos autos em que tiver de atuar. VEDAÇÕES (igual à Magistratura) a) Receber honorários, percentagens, custas processuais. b) Exercer a advocacia c) Participar de sociedade comercial, na forma da lei d) Exercer qualquer outra função pública, salvo Magistério e) Exercer atividade político-partidária f) Receber, a QUALQUER título, auxílios ou contribuições. ATRIBUIÇÕES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO MPT – ramo do MPU que atua nas causas trabalhistas. Cumprimento do seguinte: a) Erradicação do trabalho escravo e degradante; b) Tutela do meio ambiente de trabalho equilibrado c) Erradicação do trabalho infantil e regularização do trabalho de adolescentes; d) Combate à discriminação no trabalho; e) Combate às fraudes nas relações de emprego; f) Eliminação de irregularidades trabalhistas na administração pública; g) Preservação e promoção da liberdade sindical e direitos correlatos. Duas formas de atuação: judicial e extrajudicial. Judicial – participação nos processos, como autor, réu ou fiscal da lei. (ACP) Extrajudicial – âmbito administrativo, podendo-se converter em atuação judicial. (inquérito civil) COMPETÊNCIA DO MPT (LC 75/93) MPT – ATRIBUIÇÕES JUNTO AOS ÓRGÃOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO: 1. Promover ações que lhe sejam atribuídas pela CF e pelas Leis Trabalhistas. 2. Manifestar-se em QUALQUER FASE do processo trabalhista, por sua iniciativa – quando INTERESSE PÚBLICO justifique a intervenção - ou SOLICITAÇÃO DO JUIZ.6 7 3. Promover ACP no âmbito trabalhista, para DEFESA DE INTERESSES COLETIVOS, quando desrespeitados os direitos sociais constitucionalmente garantidos. 8 ACP (DIREITOS COLETIVOS) 4. Propor as ações cabíveis para declaração de NULIDADE DE CLÁUSULA de contrato, acordo coletivo ou convenção coletiva que viole LIBERDADES INDIVIDUAIS OU COLETIVAS ou direitos INDISPONÍVEIS. 9 5. Propor ações necessárias à defesa dos direitos e interesses dos MENORES, INCAPAZES E ÍNDIOS. 6. RECORRER das decisões da JT, quando ENTENDER NECESSÁRIO, nos processos em que for parte ou fiscal da lei. Pode pedir revisão de Súmula no TST também. 7. Participar nas sessões dos tribunais trabalhistas 8. INSTAURAR INSTÂNCIA em caso de GREVE, quando a defesa da ORDEM JURÍDICA ou INTERESSE PÚBLICO o exigir.10 Ele pode promover dissídio coletivo em caso de GREVE em SERVIÇO ESSENCIAL.11 9. Promover ou participar da instrução e conciliação em dissídios decorrentes da paralisação de serviços de qualquer natureza 10. Promover MANDADO DE INJUNÇÃO, quando a competência for da JT. 11. Atuar como ÁRBITRO, CASO SOLICITADO pelas partes (faculdade das partes). 12. Requerer as diligências que julgar convenientes para o correto andamento dos processos e para a melhor solução das lides. 13. Intervir OBRIGATORIAMENTE em todos os feitos dos SEGUNDO e TERCEIROS graus de jurisdição, quando a parte for pessoa jurídica de DIREITO PÚBLICO, ESTADO ESTRANGEIRO ou ORGANISMO INTERNACIONAL. 12 a. A interpretação que vem sendo dada pelo TST é a de que se incumbeao Ministério Público do Trabalho a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. É obrigatória a 6 OJ 237/SDI 1-TST - II – Há legitimidade do Ministério Público do Trabalho para recorrer de decisão que declara a existência de vínculo empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública, após a Constituição Federal de 1988, sem a prévia aprovação em concurso público, pois é matéria de ordem pública. (não meramente patrimonial, há previsão expressa na CF em sentido contrário) OJ 350/SDI 1-TST - O Ministério Público do Trabalho pode arguir, em parecer, na primeira vez que tenha de se manifestar no processo, a nulidade do contrato de trabalho em favor de ente público, ainda que a parte não a tenha suscitado, a qual será apreciada, sendo VEDADA, no entanto, qualquer DILAÇÃO PROBATÓRIA 7 OJ 338. Há interesse do Ministério Público do Trabalho para recorrer contra decisão que declara a existência de vínculo empregatício com sociedade de economia mista ou empresa pública, após a CF/88, sem a prévia aprovação em concurso público. 8 ACP - Defesa -> interesses -> coletivos ACP – Violação -> liberdades -> individuais e coletivas. 9 Bezerra Leite entende que a competência para dirimir a controvérsia, nesse caso, é do tribunal, por tomar a ação uma feição coletiva. 10 Só instaura instância (promove DISSÍDIO COLETIVO) em caso de greve. 11 Se não for serviço essencial, não possui legitimidade ativa “ad causam”. 12 OJ 130/SDI 1-TST - Ao exarar o parecer na remessa de ofício, na qualidade de “custos legis”, o Ministério Público não tem legitimidade para arguir a prescrição em favor de entidade de direito público, em matéria de direito patrimonial. OJ 237/SDI 1-TST - I - O Ministério Público do Trabalho não tem legitimidade para recorrer na defesa de interesse patrimonial privado, ainda que de empresas públicas e sociedades de economia mista. atuação em razão do interesse público, não do interesse da Administração Pública, motivo por que o parecer do MPT pode ser desfavorável a ela. b. A legitimidade do MPT é na defesa de INTERESSES PÚBLICOS PRIMÁRIOS, não secundários (patrimoniais). 14. Intervir OBRIGATORIAMENTE em processos que tratem de PESSOAS COM DEFICIÊNCIA. 15. O Ministério Público do Trabalho NÃO TEM LEGITIMIDADE para atuar perante o Supremo Tribunal Federal. Reclamações 6239 e 7318 do STF INCUMBÊNCIAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO (LC 75/93)13 a) Integrar os órgãos colegiados da administração pública direta, indireta ou fundacional, que tenha atribuições correlatas às funções do MP. b) Instaurar INQUÉRITO CIVIL14 e OUTROS PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS15, sempre que cabíveis. c) Requisitar à autoridade administrativa federal competente a INSTAURAÇÃO DE PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS, podendo acompanha-los e produzir provas. d) Ser notificado PESSOALMENTE das decisões em que tenha intervindo ou emitido parecer. e) Exercer outras atribuições conferidas por lei. ÓRGÃOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO a) PGT – Procurador Geral do Trabalho b) Colégio de Procuradores do Trabalho c) Conselho Superior do Ministério Público do Trabalho1617 d) Câmara de Coordenação e Revisão do MPT18 e) Corregedoria do Ministério Público do Trabalho f) Subprocuradores-Gerais do Trabalho19 g) Procuradores Regionais do Trabalho20 h) Procuradores do Trabalho21 DO PROCURADOR GERAL DO TRABALHO • É o chefe do MPT 13 A maior parte do Quórum estabelecido nessa LC é de 2/3 para deliberações. 14 No inquérito civil se apura fatos, não se colhe provas. As provas dependem de contraditório, o que não há no Inquérito Civil. 15 Recomendações - o órgão do Ministério Público, de ofício ou mediante provocação, poderá expedir, nos autos de inquérito civil ou procedimento administrativo, recomendações para que sejam observados os direitos e interesses que lhe incumba defender, dando, de tudo, publicidade pelo portal eletrônico do MPF. Na hipótese de desatendimento à recomendação, se for o caso, o Ministério Público poderá instaurar inquérito civil, celebrar o compromisso de ajustamento de conduta ou promover a ação civil competente. 16 Corregedor Geral do Trabalho participa das reuniões, mas não possui direito a voto. 17 Aprova Regimentos Internos (2/3 de Votos) 18 decide tudo, no âmbito do MPT, sobre inquérito civil público (vide Resolução 69/2007 CSMPT) 19 Subprocuradores-Gerais do Trabalho serão designados para oficiar junto ao Tribunal Superior do Trabalho e nos ofícios na Câmara de Coordenação e Revisão 20 Os Procuradores Regionais do Trabalho serão designados para oficiar junto aos Tribunais Regionais do Trabalho 21 Não existe PROCURADOR DO TRABALHO SUBSTITUTO! Caiu questão sobre isso (Q 426573) • Nomeado pelo Procurador Geral da República. Idade mínima de 35 anos. Mínimo de tempo na carreira: 5 ANOS22. Lista tríplice. Mandato de 2 anos. • Para que o PGT seja exonerado, o quórum é de 2/3 dos membros do CONSELHO SUPERIOR. • Designa, dentre os Subprocuradores-Gerais do Trabalho, um vice-procurador-geral do trabalho. 23 • PGT atua junto ao TST. 24 Atribuições do PGT a) Representar o MPT. b) Integrar, como membro nato, e presidir o Colégio de Procuradores do Trabalho, o Conselho Superior do MPT e a Comissão de Concurso. c) Nomear Corregedor-Geral do MPT – lista tríplice formada pelo Conselho Superior. d) Designar um dos membros e o Coordenador da Câmara de Coordenação e Revisão do MPT. e) Designar os ofícios em que os membros do MPT exercerão suas funções. f) Designar o Chefe da Procuradoria Regional do Trabalho dentre os Procuradores Regionais do Trabalho nela lotados. g) Decidir, EM GRAU DE RECURSO, os conflitos de atribuição entre órgãos do MPT (competência do julgamento originário é da Câmara de Coordenação e Revisão do MPT). h) Determinar a abertura de correição, sindicância ou inquérito administrativo. i) Determinar a instauração de inquérito ou PAD contra servidores dos serviços auxiliares. j) Decidir PAD contra membro de carreira ou servidor dos serviços auxiliares. k) Decidir sobre: a. Remoção a pedido ou permuta b. Alteração da lista bienal de designações l) Autorizar afastamentos m) Dar posse aos novos membros do MPT n) Designar membro para: a. Integrar comissões b. Assegurar a continuidade dos serviços (em caso de vacância, afastamentos, ausências, impedimentos, suspeições) c. Atuar nos órgãos em que a participação do MPT seja legalmente prevista o) Homologar concurso p) Publicar avisos de vagas q) Propor a criação e extinção de cargos de carreira e de ofícios. r) Elaborar a proposta orçamentária do MPT, submetendo-a ao Conselho Superior s) Encaminhar ao PGR a proposta orçamentária. t) Organizar a prestação de contas do exercício anterior u) Atos de Gestão administrativa, financeira e de pessoal 22 Caso não haja número suficiente de candidatos com mais de 5 anos, pode concorrer quem tiver mais de 2 anos de carreira. 23 Caso este cargo esteja vago, quem o exerce é o Vice Presidente do Conselho Superior do MPT. 24 Não pode atuar diretamente no STF e no STJ. OU SEJA, pode recorrer de decisão do TST, mas não ajuizar ação originária no STF (competência do PGR). v) Elaborar relatórios de atividades w) Coordenar atividades do MPT x) Exercer outras atribuições. Algumas atribuições do PGT podem ser delegadas: 1) Ao Coordenador da Câmara de Coordenação e Revisão – designar membro para assegurar a continuidade dos serviços e coordenar as atividades do MPT 2) Aos chefes das Procuradorias Regionais do Trabalho nos Estados e DF – Representar o MPT, designar membro para assegurar a continuidade, praticar atos de gestão e coordenar as atividades do MPT.