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ABUSO DE PODER NO EXERCÍCIO DOS PODERES ADMINISTRATIVOS Resumo: • abuso de poder é gênero, com duas espécies: desvio de poder e excesso de poder • Excesso = vício quanto à competência • Desvio = vício quanto à finalidade Ex.: Blitz” da polícia militar – é possível exigir: documentação do veículo; documentos pessoais; fazer revista. Exigência de Carteira de Habilitação = somente se for batalhão do policiamento de trânsito, caso contrário faltará competência e ato é praticado com excesso de poder ou abuso de autoridade Policial faz revista e agride = vício na finalidade, ato viciado por desvio de poder I – ATOS ILEGAIS ATO ILEGAL: total • Desvio de finalidade ou desvio de poder • Isto ocorre quando o agente público exerce sua competência para alcançar fim diverso do interesse público que é objetivo da lei • Nessa hipótese o ato é nulo desde a sua edição, não permitindo seu aproveitamento pela Administração • Ex. de desvio de finalidade: Desapropriação de imóvel de determinada pessoa a fim de beneficiá-la com indenização superior ao valor de mercado. ATO ILEGAL: parcial • Excesso de poder ou abuso de direito • Ocorre quando o conteúdo do ato ultrapassa os limites fixados pela lei. • É parcialmente ilegal, pois parte dele pode ser admitida, isto é, parte dele apresenta legalidade. • Assim, esse tipo de defeito do ato apenas o invalida parcialmente, salvo se o defeito contaminar totalmente o seu conteúdo • Ex.: Concessão de uso de bem público imóvel que, por determinação da lei somente pode ser outorgada em caráter precário. Se a concessão for feita por tempo determinado de 5 anos ocorrerá o defeito que anula o ato na parte do prazo. II – EXECUÇÃO DO ATO DE FORMA IRREGULAR Abuso de poder ou abuso de autoridade • O ato é legal, mas sua execução ocorre de modo irregular. O agente, mesmo com competência para a prática, excede suas atribuições. • Relaciona-se com os aspectos materiais do ato administrativo, podendo ocorrer tanto em atos vinculados quanto em discricionários • Ex. agente policial que ao prender pessoa e estando ela algemada, passa a agredi-la fisicamente antes de conduzi-la à autoridade competente. • Todavia, Súmula Vinculante 11 STF: uso de algemas, se não justificado leva à nulidade do ato. Assim, não havendo justificativa nada se salva do ato, mesmo havendo competência do agente. Atos de abuso de autoridade • Lei 4.898/65 que regula o Direito de Representação e o processo de Responsabilidade Administrativa Civil e Penal, nos casos de abuso de autoridade, define (art. 3º) como atos que constituem abuso de autoridade os atos atentatórios a: - liberdade de locomoção - inviolabilidade do domicílio - sigilo de correspondência - liberdade de consciência e de crença - livre exercício de culto religioso - liberdade de associação - direitos e garantias legais assegurados ao exercício de voto - direito de reunião - integridade física do indivíduo - direitos e garantias legais assegurados aos exercício profissional • Art. 4º: - ordenar e executar medida privativa de liberdade sem prévia autorização legal ou com abuso de poder - submeter pessoa sob sua guarda a vexame ou constrangimento não autorizado por lei - deixar de comunicar a juiz competente prisão ou detenção de pessoa - deixar o juiz de relaxar prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada - prender pessoa que se proponha apagar fiança legal - cobrança de quaisquer valores por agentes de carceragem ou autoridade policial sem apoio em lei e, se autorizadas, recusar recibo - ato lesivo da honra ou patrimônio de pessoa natural ou jurídica quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal - prolongar a prisão temporária deixando de expedir ato de ordem de liberdade III – SUJEITO ATIVO • Aquele que exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil ou militar ainda de forma transitória e sem remuneração (art. 5º) IV – PROCEDIMENTO PARA REPRESENTAÇÃO • Exercido por meio de petição dirigida à autoridade superior com competência legal para aplicar a sanção e encaminhada ao órgão do MP que tiver competência para o processo-crime (esta, ação penal pública condicionada a representação) • Ao mesmo tempo a vítima poderá promover ação visando apurar responsabilidade civil ou penal de autoridade culpada. V – SANÇÕES APLICÁVEIS • Art. 6º - administrativas - advertência - repreensão - suspensão do cargo, função ou posto por prazo de 180 dias com perda de vencimentos e vantagens - destituição de função - demissão - demissão, a bem do serviço público • Art. 6º - penais (CP 42 a 56) - multa - detenção de 10 dias a seis meses - perda do cargo e a inabilitação para exercício de qualquer função pública por prazo de até 3 anos • As sanções administrativas e penais podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente e quando cometido por autoridade policial poderá ser aplicada a pena de não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no Município onde se deu o fato pelo prazo de 1 a 5 anos