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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 1 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 2 Próximo destino: a aprovação na OAB! Queridos alunos, cada material da Revisão Turbo foi preparado com muito carinho para que você possa absorver, de forma rápida, conteúdos de qualidade! Lembre-se: estamos aqui para ajudar você a dar asas aos seus sonhos! Preparamos um material incrível para ajudar você a concluir essa viagem acertando 40 questões com segurança e chegar ao seu destino dos sonhos: a aprovação na 1ª fase da OAB! Então embarque nessa com a gente! Com carinho, equipe Ceisc. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 3 Direito Penal Revisão Turbo | 39° Exame da OAB Sumário Aula 06/11/2023 – Turno da noite ................................................................................................ 4 Aula 10/11/2023 – Turno da manhã ........................................................................................... 29 Aula 13/11/2023 – Turno da manhã ........................................................................................... 57 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 4 Aula 06/11/2023 – Turno da noite 1. Relevância da omissão: crimes omissivos 1.1. Crimes omissivos próprios São aqueles em que há um tipo penal específico descrevendo a conduta omissiva. O verbo nuclear do tipo descreve uma conduta omissiva. Nesse caso, o crime consiste em o sujeito amoldar a sua conduta ao tipo legal que descreve uma conduta omissiva. Em síntese, o agente será responsabilizado por não cumprir o dever de agir contido implicitamente na norma incriminadora. Exemplo: crime de omissão de socorro. Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena – detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 1.2. Crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão (art. 13, § 2o, do CP) Têm a finalidade de impedir a ocorrência de determinado evento, desde que, evidentemente, seja possível agir. Para que alguém responda por crime comissivo por omissão é preciso que tenha o dever jurídico de impedir o resultado, previsto no art. 13, § 2o, do CP: a) Ter por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: nesse caso, por expressa imposição da lei, o agente estará obrigado a agir para evitar o resultado. Assim, se o agente se Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 5 omitir, ou seja, deixar de agir, quando lhe era possível, responderá pelo resultado gerado. Ex.: mãe que deixa de alimentar o filho, que, por conta da sua negligência, acaba morrendo por inanição. Essa mãe deverá responder pelo resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, de outro lado, a mãe desejou a morte do filho ou assumiu o risco de produzi-la, responderá por homicídio doloso. b) De outra forma, assumir a responsabilidade de impedir o resultado: aqui a obrigação de agir para evitar o resultado não decorre de lei, mas do fato de o agente ter assumido a responsabilidade de impedi-lo. Ex.: babá que, por negligência, deixa de cumprir corretamente sua obrigação de cuidar da criança, que acaba caindo na piscina e, por isso, morre afogada. Nesse caso, responderá pelo resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, de outro lado, desejou a morte da criança ou assumiu o risco de produzi-la, responderá por homicídio doloso. c) Com o comportamento anterior, criar o risco da ocorrência do resultado: nesta hipótese, o sujeito, com o comportamento anterior, cria situação de perigo para bens jurídicos alheios penalmente tutelados, de sorte que, tendo criado o risco, fica obrigado a evitar que ele se degenere ou desenvolva para o dano ou lesão. Ex.: aluno veterano, por ocasião de um trote acadêmico, sabendo que a vítima não sabe nadar, joga o incauto calouro na piscina. Nesse caso, contrai o dever jurídico de agir para evitar o resultado, sob pena de responder por homicídio. Resolva a questão a seguir: 1) FGV - 2019 - OAB – 28º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase David, em dia de sol, levou sua filha, Vivi, de 03 anos, para a piscina do clube. Enquanto a filha brincava na piscina infantil, David precisou ir ao banheiro, solicitando, então, que sua amiga Carla, que estava no local, ficasse atenta para que nada de mal ocorresse com Vivi. Carla se comprometeu a cuidar da filha de David. Naquele momento, Vitor assumiu o posto de salva-vidas da piscina. Carla, que sempre fora apaixonada por Vitor, começou a conversar com ele e ambos ficam de costas para a piscina, não atentando para as crianças que lá estavam. Vivi começa a brincar com o filtro da piscina e acaba sofrendo uma sucção que a deixa embaixo da água por tempo suficiente para causar seu afogamento. David vê quando o ato acontece através de pequena janela no banheiro do local, mas o fecho da porta fica emperrado e ele não consegue sair. Vitor e Carla não veem o ato de afogamento da criança porque estavam de costas para a piscina conversando. Diante do resultado morte, David, Carla e Vitor ficam preocupados com sua responsabilização penal e procuram um advogado, esclarecendo que nenhum deles adotou comportamento positivo para gerar o resultado. Considerando as informações narradas, o advogado deverá esclarecer que: A) Carla e Vitor, apenas, poderão responder por homicídio culposo, já que podiam atuar e possuíam obrigação de agir na situação. B) David, apenas, poderá responder por homicídio culposo, já que era o único com dever legal de agir por ser pai da criança. C) David, Carla, Vitor poderão responder por homicídio culposo, já que os três tinham o dever de agir. D) Vitor, apenas, poderá responder pelo crime de omissão de socorro. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 6 2. Desistência voluntária e arrependimento eficaz Art. 15, do Código Penal O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. *Para todos verem: esquema. 2.1. Desistência voluntária • O sujeito inicia a execução do delito, mas interrompe os atos executórios; • Não esgota a sua potencialidade lesiva; • Tomemos como exemplo a conduta do agente que, com a intenção homicida, desfere um disparo de arma de fogo contra a vítima, acertando-a em região não letal. Podendo prosseguir, já que tinha mais cinco balas no revólver, o agente resolve, por vontade própria, não efetuar mais disparos, deixando a vítima sobreviver. 2.2. Arrependimento eficaz • Antes da consumação possui uma postura ativa para impedir o resultado; • Esgota a sua potencialidade lesiva; • Exemplo: agente que, com a intenção homicida, após efetuar disparos de arma de fogo contra a vítima, utilizando todas as balas do revólver, arrepende-se e, adotando postura ativa, leva a vítima até o hospital, que, submetida a intervenção cirúrgica exitosa, acaba sobrevivendo. 2.3. Efeitos • Nos exemplos acima, o agente responderá pelo crime de lesão corporal (leve, grave ou gravíssima, conforme o caso); • Jamais o sujeito responderá por tentativa; Início da execução do delito Não consumação por vontade própria Revisão Turbo | 39º Exame de OrdemDireito Penal 7 • Responde pelos atos até então praticados; • Se não for eficaz o arrependimento, ou seja, se o resultado se produzir, o sujeito responderá pelo delito na modalidade consumada. 3. Arrependimento posterior Art. 16, do Código Penal Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. • Incide depois da consumação do delito; • É causa de diminuição da pena de 1/3 a 2/3. *Para todos verem: esquema. Assim, se o agente subtraiu uma TV do seu local de trabalho e, ao chegar em casa com a coisa subtraída, é convencido pela esposa a devolvê-la, o que efetivamente vem a fazer no dia seguinte, mesmo quando o fato já havia sido registrado na delegacia, haverá arrependimento posterior, com reflexo na dosimetria da pena. Se o crime for praticado com violência ou grave ameaça, ou, se praticado sem violência ou grave ameaça, mas a reparação do dano ou restituição da coisa aconteceu depois do recebimento da denúncia, incidirá a atenuante do artigo 65, III, “b”, do CP. Resolva a questão a seguir: 2) FGV - 2019 - OAB – 29º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase Durante a madrugada, Lucas ingressou em uma residência e subtraiu um computador. Quando se preparava para sair da residência, ainda dentro da casa, foi surpreendido pela chegada do proprietário. Assustado, ele o empurrou e conseguiu fugir com a coisa subtraída. Na manhã seguinte, arrependeu-se e resolveu devolver a coisa subtraída ao legítimo dono, o que efetivamente veio a ocorrer. O proprietário, Crimes praticados sem violência ou grave ameaça. Restituição da coisa ou reparação do dano que provocou. Até o recebimento da denúncia ou queixa-crime. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 8 revoltado com a conduta anterior de Lucas, compareceu em sede policial e narrou o ocorrido. Intimado pelo Delegado para comparecer em sede policial, Lucas, preocupado com uma possível responsabilização penal, procura o advogado da família e solicita esclarecimentos sobre a sua situação jurídica, reiterando que já no dia seguinte devolvera o bem subtraído. Na ocasião da assistência jurídica, o(a) advogado(a) deverá informar a Lucas que poderá ser reconhecido(a) A) a desistência voluntária, havendo exclusão da tipicidade de sua conduta. B) o arrependimento eficaz, respondendo o agente apenas pelos atos até então praticados. C) o arrependimento posterior, não sendo afastada a tipicidade da conduta, mas gerando aplicação de causa de diminuição de pena. D) a atenuante da reparação do dano, apenas, não sendo, porém, afastada a tipicidade da conduta. 4. Crime impossível Art. 17, do Código Penal. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. *Para todos verem: esquema. O crime impossível por ineficácia absoluta do meio guarda relação com o meio de execução ou instrumento utilizado pelo agente, que, por sua natureza, será incapaz de produzir qualquer resultado, ou seja, jamais alcançará a consumação do delito. É o caso do agente que, pretendendo matar a vítima, usa como meio executório arma completamente defeituosa, que jamais efetuaria qualquer disparo. O crime impossível pela impropriedade absoluta do objeto guarda relação com o objeto material, compreendendo a pessoa ou coisa sobre o qual recai a conduta do agente. Tomemos como exemplo a conduta do agente que, pretendendo matar a vítima, desfere vários disparos de arma de fogo contra o seu corpo, verificando-se, após, que, ao receber os disparos, já se encontrava morta, em decorrência de ter sofrido, momentos antes, fulminante ataque Crime impossível Ineficácia absoluta do meio Instrumento Modo de execução Impropriedade absoluta do objeto Coisa ou pessoa sobre a qual recai a conduta do sujeito Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 9 cardíaco. Evidente, neste caso, a impropriedade absoluta do objeto, diante da impossibilidade de ceifar a vida de pessoa que já estava morta. Neste caso, o fato é atípico. Se a ineficácia ou impropriedade for relativa, o sujeito vai responder pela tentativa. Resolva a questão a seguir: 3) FGV - 2019 - OAB – 30° Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase Mário trabalhava como jardineiro na casa de uma família rica, sendo tratado por todos como um funcionário exemplar, com livre acesso a toda a residência, em razão da confiança estabelecida. Certo dia, enfrentando dificuldades financeiras, Mário resolveu utilizar o cartão bancário de seu patrão, Joaquim, e, tendo conhecimento da respectiva senha, promoveu o saque da quantia de R$ 1.000,00 (mil reais). Joaquim, ao ser comunicado pelo sistema eletrônico do banco sobre o saque feito em sua conta, efetuou o bloqueio do cartão e encerrou sua conta. Sem saber que o cartão se encontrava bloqueado e a conta encerrada, Mário tentou novo saque no dia seguinte, não obtendo êxito. De posse das filmagens das câmeras de segurança do banco, Mário foi identificado como o autor dos fatos, tendo admitido a prática delitiva. Preocupado com as consequências jurídicas de seus atos, Mário procurou você, como advogado(a), para esclarecimentos em relação à tipificação de sua conduta. Considerando as informações expostas, sob o ponto de vista técnico, você, como advogado(a) de Mário, deverá esclarecer que sua conduta configura A) os crimes de furto simples consumado e de furto simples tentado, na forma continuada. B) os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto qualificado pelo abuso de confiança tentado, na forma continuada. C) um crime de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado, apenas. D) os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto qualificado pelo abuso de confiança tentado, em concurso material. 5. Erro de tipo essencial x erro de proibição 5.1. Erro de tipo essencial – art. 20, “caput”, do CP Art. 20, do Código Penal O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. O erro de tipo essencial é aquele que repercute na própria tipificação da conduta do agente, pois, se não tivesse a falsa percepção da realidade, o agente não teria praticado o fato típico, ou, pelo menos, não nas circunstâncias que envolveram o contexto fático. O erro de tipo essencial pode ser: Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 10 a) Invencível, inevitável, escusável: é aquele erro em que qualquer pessoa, nas mesmas circunstâncias, incorreria. É o erro inevitável, desculpável ou escusável, que não poderia ser evitado, mesmo por uma pessoa cautelosa e prudente. Tomemos como exemplo a conduta de uma estudante que deixa seu celular carregando na tomada da sala de aula e sai para comprar café na cantina do local. Quando retorna, retira um celular da tomada que, na verdade, não era o seu aparelho, mas de sua colega, que havia colocado um celular idêntico para carregar em substituição ao da estudante. Nesse caso, há evidente erro de tipo, pois a estudante, por conta da falsa percepção da realidade (supôs ser seu o celular, já que idêntico), errou em relação ao elemento “alheio” do tipo que define o crime de furto. E, trata-se de erro de tipo invencível, porque qualquer pessoa, nas circunstâncias, consideraria que era o seu telefone celular que estava carregando na tomada em que havia deixado. O erro de tipo invencível, inevitável ou escusável exclui o dolo e a culpa. Sendo a conduta elemento do fato típico, a ausência de dolo ou culpa leva à atipicidade da conduta. b) Vencível, evitável ou inescusável: é aquele erro emque uma pessoa mais cautelosa e prudente, nas mesmas circunstâncias, não incorreria. É o erro evitável, indesculpável ou inescusável, que uma pessoa cautelosa e prudente teria evitado. Assim, se o fato for punido sob a forma culposa, o agente responderá por crime culposo. Quando o tipo, entretanto, não admitir essa modalidade, a consequência será inexoravelmente a exclusão do crime, já que configurará fato atípico. No exemplo do caçador que praticava a caça em mata próxima à zona urbana, onde havia circulação de pessoas, o agente responderá pelo crime de homicídio culposo, já que se trata de erro de tipo vencível. 5.2. Erro de proibição Art. 21, do Código Penal O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. Nesse caso, o erro recai sobre a ilicitude do fato. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 11 O sujeito sabe o que está fazendo, mas falta potencial consciência de que a conduta é ilícita. O erro de proibição escusável, inevitável ou invencível ocorre quando o erro sobre a ilicitude do fato é impossível de ser evitado, valendo-se o ser humano da sua diligência ordinária. Ex.: um telejornal de alcance nacional informa, de forma equivocada, a aprovação da lei que autoriza a eutanásia de doentes em estágio terminal. Não havendo nenhuma razão para duvidar da veracidade da notícia, o agente dirige-se até o hospital e desliga os aparelhos que mantinham vivo um ente querido, que se encontrava sofrendo com a doença que o acometia e em estágio terminal, causando-lhe a morte. Praticou fato típico e ilícito, mas lhe faltou potencial consciência da ilicitude, incidindo o erro de proibição inevitável, cuja consequência será a exclusão da culpabilidade. O erro de proibição inescusável ou evitável ocorre quando o erro sobre a ilicitude do fato que não se justifica, pois, se tivesse havido um mínimo de empenho em se informar, o agente poderia ter tido conhecimento da realidade. O critério de aferição do erro de proibição inescusável, vencível ou evitável encontra-se no parágrafo único do art. 21 do CP, segundo o qual “considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência”. Tratando-se de erro de proibição evitável, permanece hígida a culpabilidade do agente, sendo, no entanto, causa de diminuição da pena de um sexto a um terço. Resolva a questão a seguir: 4) FGV - 2017 - OAB – 22º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase Tony, a pedido de um colega, está transportando uma caixa com cápsulas que acredita ser de remédios, sem ter conhecimento que estas, na verdade, continham Cloridrato de Cocaína em seu interior. Por outro lado, José transporta em seu veículo 50g de Cannabis Sativa L. (maconha), pois acreditava que poderia ter pequena quantidade do material em sua posse para fins medicinais. Ambos foram abordados por policiais e, diante da apreensão das drogas, denunciados pela prática do crime de tráfico de entorpecentes. Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tony e José deverá alegar em favor dos clientes, respectivamente, a ocorrência de A) erro de tipo, nos dois casos. B) erro de proibição, nos dois casos. C) erro de tipo e erro de proibição. D) erro de proibição e erro de tipo. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 12 6. Erro sobre a pessoa x erro na execução 6.1. Erro sobre a pessoa Art. 20, § 3º, do Código Penal O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. *Para todos verem: esquema. • Consideram-se as condições ou qualidades da vítima pretendida. Ignora-se as condições da vítima efetivamente atingida; • Consideremos, por exemplo, a hipótese do filho desalmado que, pretendendo matar seu pai, realiza disparos de arma de fogo contra o homem que estava na varanda da residência do genitor, causando a morte deste. O filho, então, deixa o local satisfeito, por acreditar ter concluído seu intento delitivo, mas vem a descobrir que matara um amigo de seu pai, que contava com 65 anos de idade, que, de costas, era com ele parecido; • Nesse caso, nos termos do art. 20, § 3o, do CP, consideram-se as condições e qualidades da vítima pretendida. Logo, o filho desalmado responderá pelo crime de homicídio, com a incidência da agravante de ter praticado crime contra ascendente, prevista no art. 61, II, e, 1a parte, do CP. 6.2. Erro na execução Art. 73, do Código Penal Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Veja o esquema na página a seguir... Pretende atingir determinada pessoa Erro na identificação Atinge pessoa diversa Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 13 *Para todos verem: esquema. A aberratio ictus pode ocorrer quando, por acidente, o agente, em vez de atingir a pessoa pretendida, atinge pessoa diversa. Suponhamos, nesse caso, que o agente pretende matar Wilson, deixando na sua mesa de trabalho uma xícara de café contendo veneno. Todavia, quem toma o café é Pedro, que acaba falecendo. Pode ocorrer também quando, por erro nos meios de execução, o agente, em vez de atingir a pessoa pretendida, atinge pessoa diversa. Ex.: agente pretendendo matar Wilson, visualiza a vítima, tendo-a como certa, faz a mira e efetua o disparo, mas, no entanto, erra o alvo pretendido, atingindo pessoa diversa, que se encontrava próxima ao local. A consequência jurídica da conduta do agente encontra-se retratada no art. 73, 1a parte, do CP, que faz expressa remissão ao art. 20, § 3o, do CP. Ou seja, na hipótese de erro na execução, deve-se observar o disposto no art. 20, § 3o, segundo o qual, embora tenha atingido pessoa diversa, o agente deve receber tratamento penal considerando-se as condições ou qualidades da pessoa pretendida (vítima virtual), desprezando-se as condições pessoais da vítima efetivamente atingida. Na aberratio ictus com resultado duplo, o agente, além de atingir a vítima pretendida, atinge também pessoa diversa. Nesse caso, com uma única ação, o agente produz mais de um resultado: atinge a pessoa pretendida e também pessoa diversa. Por essa razão, o art. 73, 2a parte, do CP faz expressa remissão ao art. 70 do CP, devendo ser aplicada a regra do concurso formal de crimes. Resolva a questão a seguir: 5) FGV - 2019 - OAB – 30º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase Regina dá à luz seu primeiro filho, Davi. Logo após realizado o parto, ela, sob influência do estado puerperal, comparece ao berçário da maternidade, no intuito de matar Davi. No entanto, pensando tratar- se de seu filho, ela, com uma corda, asfixia Bruno, filho recém-nascido do casal Marta e Rogério, causando-lhe a morte. Descobertos os fatos, Regina é denunciada pelo crime de homicídio qualificado pela asfixia com causa de aumento de pena pela idade da vítima. Diante dos fatos acima narrados, o(a) advogado(a) de Regina, em alegações finais da primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, deverá requerer Pretende atingir determinadapessoa Erro nos meios de execução ou acidente Atinge pessoa diversa Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 14 A) o afastamento da qualificadora, devendo Regina responder pelo crime de homicídio simples com causa de aumento, diante do erro de tipo. B) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, não podendo ser reconhecida a agravante pelo fato de quem se pretendia atingir ser descendente da agente. C) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro na execução (aberratio ictus), podendo ser reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de quem se pretendia atingir. D) a desclassificação para o crime de infanticídio, diante do erro sobre a pessoa, podendo ser reconhecida a agravante de o crime ser contra descendente, já que são consideradas as características de quem se pretendia atingir. 7. Coação moral irresistível Art. 22, do Código Penal Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. Na coação moral, o agente coator, para alcançar o resultado desejado, emprega grave ameaça contra o coagido, que, por medo de suportar um mal grave contra si ou contra outrem, acaba realizando a conduta criminosa exigida. A coação empregada pelo agente vicia a vontade do coagido, retirando-lhe a exigência de se comportar de modo diferente. Nesse caso, em relação ao coagido, incide a causa de exclusão da culpabilidade decorrente da inexigibilidade de conduta diversa. Ex.: se o sujeito é coagido a assinar um documento falso, responde pelo crime de falsidade o autor da coação. O coato não responde pelo crime, uma vez que sobre o fato incide a causa de exclusão da culpabilidade. Assim, quando o sujeito comete o fato típico e antijurídico sob coação moral irresistível, não há culpabilidade em face da inexigibilidade de outra conduta (não é reprovável o comportamento). A culpabilidade desloca-se da figura do coato para a do coator. Convém sinalar que, se o sujeito pratica o fato sob coação física irresistível, não praticará crime por ausência de conduta. Trata-se de causa excludente da tipicidade. 8. Estado de necessidade – art. 24, do CP Art. 24 do Código Penal Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 15 § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. *Para todos verem: esquema. Comportamento animal: é considerado estado de necessidade quando o animal ataca por instinto. Quando o animal for instigado por alguém para atacar, será considerada legítima defesa. Quem, por sua vontade, provocou a situação de perigo, não poderá alegar estado de necessidade. A conduta tem que ser inevitável para cessar o perigo. Se existir outro modo menos lesivo de evitar o perigo, não poderá alegar estado de necessidade. Critério de proporcionalidade: o bem protegido deve ser de igual ou maior valor que o bem sacrificado. Aquele que tem o dever legal de enfrentar o perigo, não poderá alegar estado de necessidade. 9. Legítima defesa – art. 25, do CP Art. 25, do Código Penal Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único - Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. *Para todos verem: esquema. Critério de proporcionalidade: • Meio necessário e suficiente para fazer cessar a agressão; Fato típico Se salvar de situação de perigo - Ação humana; - Evento da natureza; - Comportamento animal. Fato típico Repelir uma injusta agressão Atual ou iminente Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 16 • Uso moderado desse meio. Novidade do Pacote Anticrime: legítima defesa do Agente de Segurança Pública. • Observados os requisitos do caput; • Crime com vítima refém. 10. Estrito cumprimento do dever legal x exercício regular do direito *Para todos verem: tabela comparativa. Resolva a questão a seguir: 6) FGV - 2022 - OAB – 36º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase Tainá, legalmente autorizada a pilotar barcos, foi realizar um passeio de veleiro com sua amiga Raquel. Devido a uma mudança climática repentina, o veleiro virou e começou a afundar. Tainá e Raquel nadaram, desesperadamente, em direção a um tronco de árvore que flutuava no mar. Apesar de grande, o tronco não era grande o suficiente para suportar as duas amigas ao mesmo tempo. Percebendo isso, Raquel subiu no tronco e deixou Tainá afundar, como único meio de salvar a própria vida. A perícia concluiu que a morte de Tainá se deu por afogamento. A partir do caso relatado, assinale a opção que indica a natureza da conduta praticada por Raquel. A) Raquel deverá responder pelo crime de omissão de socorro. B) Raquel agiu em legítima defesa, causa excludente de ilicitude. C) Raquel deverá responder pelo crime de homicídio consumado. D) Raquel agiu em estado de necessidade, causa excludente de ilicitude. 11. Inimputabilidade pela doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado Art. 26, do Código Penal É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Estrito cumprimento de um dever legal • Agente público; • Fato típico; • Cumprimento de um dever imposto pela lei. Exercício regular de um direito • Cidadão comum; • Fato típico; • Exercício regular de um direito. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 17 • É adotado o critério biopsicológico (desenvolvimento mental incompleto ou retardado + inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da sua conduta); • Sentença absolutória imprópria, com imposição de medida de segurança. *Para todos verem: esquema. Art. 97, do Código Penal Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. O tempo de duração da medida de segurança será a pena máxima cominada ao delito, segundo se extrai da Súmula 527 do STJ. Resolva a questão a seguir: 7) FGV - 2019 - OAB – 30º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase Durante ação penal em que Guilherme figura como denunciado pela prática do crime de abandono de incapaz (Pena: detenção, de 6 meses a 3 anos), foi instaurado incidente de insanidade mental do acusado, constatando o laudo que Guilherme era, na data dos fatos (e permanecia até aquele momento), inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato, em razão de doença mental. Não foi indicado, porém, qual seria o tratamento adequado para Guilherme. Durante a instrução, os fatos imputados na denúncia são confirmados, assim como a autoria e a materialidade delitiva. Considerando apenas as informações expostas, com base nas previsões do Código Penal, no momento das alegações finais, a defesa técnica de Guilherme, sob o ponto de vista técnico, deverárequerer A) a absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de tratamento ambulatorial, podendo a sentença ser considerada para fins de reincidência no futuro. B) a absolvição própria, sem aplicação de qualquer sanção, considerando a ausência de culpabilidade. C) a absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de tratamento ambulatorial, não sendo a sentença considerada posteriormente para fins de reincidência. D) a absolvição imprópria, com aplicação de medida de segurança de internação pelo prazo máximo de 02 anos, não sendo a sentença considerada posteriormente para fins de reincidência. Medida de segurança Internação Tratamento ambulatorial Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 18 12. Embriaguez completa e acidental Art. 28, § 1º, do Código Penal É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. • Completa: em decorrência da embriaguez, o sujeito será inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito da conduta; • Acidental: caso fortuito ou força maior. No caso fortuito, o sujeito desconhece o efeito inebriante da substância que ingere, ou quando, desconhecendo uma particular condição fisiológica, ingere substância que possui álcool (ou substância análoga), ficando embriagado. É o caso do agente que está tomando determinado medicamento e ingere bebida alcóolica. A conjugação do medicamento e da bebida alcoólica potencializa o metabolismo do agente, a ponto de deixá-lo embriagado. É também o caso do agente que ingere determinada bebida sem saber que nela foi colocada uma substância capaz de lhe retirar os sentidos, deixando-o embriagado, como, por exemplo, o chamado “boa noite cinderela”. Na força maior, o agente é obrigado a ingerir bebida alcoólica. Não desejando se embriagar nem de se exceder culposamente, o agente é forçado a ingerir bebida alcoólica. É o caso, por exemplo, do trote acadêmico de péssimo gosto em que os veteranos obrigam, forçam os calouros a ingerirem bebida alcoólica. Resolva a questão a seguir: 8) FGV - 2021 - OAB – 33º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase Após o expediente, Márcio saiu com seus colegas de trabalho para comemorar o sucesso das vendas naquele mês e sua escolha como melhor funcionário do período. Ao chegarem ao bar, Márcio entregou a chave de seu carro aos colegas, alertando-os que iria beber até se embriagar e cair. Após cumprir a promessa feita aos colegas, Márcio, completamente alterado, se dirigiu até o caixa do bar para pagar sua conta. Devido a divergências quanto à quantidade de bebida consumida, Márcio iniciou uma forte discussão com o atendente do estabelecimento e arremessou a garrafa de cerveja que segurava em sua direção, acertando a cabeça do funcionário e causando-lhe ferimentos de natureza grave. Preocupado com as consequências jurídicas de seu ato, Márcio o(a) procura, na condição de advogado(a), para assistência técnica. Considerando apenas as informações expostas, sob o ponto de vista técnico, você, como advogado(a), deverá esclarecer que a conduta praticada por Márcio configura Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 19 A) crime de lesão corporal grave, diante da embriaguez culposa, podendo ser reconhecida causa de diminuição de pena, já que a embriaguez era completa. B) conduta típica e ilícita, mas não culpável, diante da embriaguez culposa, afastando a culpabilidade do agente. C) crime de lesão corporal grave, com reconhecimento de agravante, diante da embriaguez preordenada. D) crime de lesão corporal grave, diante da embriaguez voluntária. 13. Concurso de pessoas Art. 29 do Código Penal Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 13.1. Requisitos do concurso de pessoas a) Pluralidade de condutas: trata-se de requisito elementar do concurso de pessoas: a concorrência de mais de uma pessoa na execução de uma infração penal. Assim, para que haja concurso de pessoas, exige-se que cada um dos agentes tenha realizado ao menos uma conduta relevante. Pode ser em coautoria, em que há duas condutas principais; ou autoria e participação, em que há uma conduta principal e outra acessória, praticadas, respectivamente, por autor e partícipe. b) Relevância causal das condutas: para justificar a punição de duas ou mais pessoas em concurso, afigura-se necessário que a conduta do agente tenha efetivamente contribuído, ainda que minimamente, para a produção do resultado. Em outras palavras, se a conduta não tem relevância causal, isto é, se não contribuiu em nada para a produção do resultado, não pode ser considerada integrante do concurso de pessoas. Imaginemos que a empregada doméstica de uma residência, profundamente irritada por ter sido ofendida pela patroa, observa que há uma movimentação suspeita no lado externo da casa, concluindo que era alguém observando o local para praticar o delito de furto. Para facilitar o sucesso da subtração, a empregada deixa aberta a porta da frente da residência. Durante a empreitada criminosa, sem saber que a porta da frente se encontrava destrancada, o agente de atitude suspeita arrombou a porta dos fundos, ingressou na residência, e subtraiu diversos objetos. Diante desse quadro fático, a empregada doméstica não deverá responder por qualquer infração penal, uma vez que a sua contribuição foi absolutamente irrelevante para o sucesso da subtração. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 20 c) Do liame subjetivo e normativo (vínculo subjetivo e normativo entre os participantes): exige-se homogeneidade de elemento subjetivo-normativo. Significa que autor e partícipe devem agir com o mesmo elemento subjetivo (dolo + dolo) ou normativo (culpa + culpa). Os agentes devem atuar conscientes de que participam de crime comum, ainda que não tenha havido acordo prévio de vontades. A ausência desse elemento psicológico inviabiliza o concurso de pessoas, ensejando condutas isoladas e autônomas. Ex.: uma empregada doméstica, percebendo a presença de um ladrão, para vingar-se do patrão, deliberadamente deixa a porta aberta, facilitando a prática do furto. Há participação, e, não obstante, o ladrão desconhecia a colaboração da empregada. Por consequência, a empregada também responderá pelo crime de furto. d) Identidade de infração para todos os participantes: nos termos do art. 29 do CP, todos que concorrem para o crime respondem pelo mesmo delito. Ex.: alguém planeja a realização da conduta típica, ao executá-la, enquanto um desvia a atenção da vítima, outro lhe subtrai os pertences e ainda um terceiro encarrega-se de evadir-se do local com o produto do furto. É uma exemplar divisão de trabalho constituída de várias atividades, convergentes, contudo, a um mesmo objetivo típico: subtração de coisa alheia móvel. Respondem todos por um único tipo penal, qual seja, furto. 13.2. Participação de menor importância Art. 29 do Código Penal § 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. A participação de menor importância caracteriza-se, pois, pela mínima contribuição para a produção do resultado. A conduta do agente efetivamente influencia na causa do resultado, mas com reduzida relevância. 13.3. Cooperação dolosamente distinta Art. 29 do Código Penal § 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 21 O agente que desejavapraticar um delito, sem a condição de prever a concretização de crime mais grave, deve responder pelo que pretendeu fazer, não se podendo a ele imputar outra conduta indesejada, sob pena de se estar tratando de responsabilidade objetiva. Ex.: “A” determina a “B” que espanque “C”. “B” mata “C”. Segundo o art. 29, § 2o, “A” responde por crime de lesão corporal, cuja pena deve ser aumentada até metade se a morte da vítima lhe era previsível. 13.4. Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 do Código Penal Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. O art. 30 do CP determina que as circunstâncias e as condições de caráter pessoal não se comunicam, salvo quando elementares do crime. Via de regra, as circunstâncias e condições pessoais relacionadas a um dos agentes não se comunica aos outros que contribuíram para a prática delituosa. Todavia, há determinadas circunstâncias ou condições pessoais que compõem, integram o tipo penal, figurando, no caso, como verdadeira elementar no tipo penal. Nesse caso, quando também constituem o tipo penal, ou seja, figuram como elementares do tipo penal, as circunstâncias ou condições pessoais relacionadas a um dos sujeitos se comunicam aos demais coautores ou partícipes. Ex.: “A”, funcionário público, comete um crime de peculato (art. 312), com a participação de “B”, não funcionário público. A condição pessoal (funcionário público) é elementar do crime de peculato, comunicando-se, portanto, ao agente que não é funcionário público. Logo, os dois respondem por crime de peculato. De outro lado, as circunstâncias objetivas alcançam o partícipe ou coautor se, sem haver praticado o fato que as constitui, integraram o dolo ou culpa. Ex.: “A” instiga “B” a praticar homicídio contra “C”. “B”, para a execução do crime, emprega asfixia. O partícipe não responde por homicídio qualificado (art. 121, § 2o, III, 4a figura), a não ser que o meio de execução empregado pelo autor principal tenha ingressado na esfera de seu conhecimento. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 22 Resolva a questão a seguir: 9) FGV - 2022 - OAB – 36º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase Túlio e Alfredo combinaram de praticar um roubo contra uma joalheria. Os dois ingressam na loja, e Alfredo, com o emprego de arma de fogo, exige que Fernanda, a vendedora, abra a vitrine e entregue os objetos expostos. Enquanto Alfredo vasculha as gavetas da frente da loja, Túlio ingressa nos fundos do estabelecimento com Fernanda, em busca de joias mais valiosas, momento em que decide levá-la ao banheiro e, então, mantém com Fernanda conjunção carnal. Após, Túlio e Alfredo fogem com as mercadorias. Em relação às condutas praticadas por Túlio e Alfredo, assinale a afirmativa correta. A) Túlio e Alfredo responderão por roubo duplamente circunstanciado, pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo, e pelo delito de estupro, em concurso material. B) Túlio responderá por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e estupro; Alfredo responderá por roubo duplamente circunstanciado, pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo. C) Alfredo e Túlio responderão por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo; Túlio também responderá por estupro, em concurso material. D) Túlio e Alfredo responderão por roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e emprego de arma de fogo; Túlio responderá por estupro, ao passo que Alfredo responderá por participação de menor importância no delito de estupro. 14. Regime inicial de cumprimento de pena O regime penitenciário é o meio pelo qual é executado ou efetivado o cumprimento da pena privativa de liberdade. O art. 33, § 1º, do CP prevê três regimes: a) Fechado: a pena privativa de liberdade é executada em estabelecimento de segurança máxima ou média; b) Semiaberto: a pena privativa de liberdade é executada em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; c) Aberto: a pena privativa de liberdade é executada em casa de albergado ou em estabelecimento adequado. Após estabelecer a quantidade da pena imposta da sentença, cumpre ao juiz fixar o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade, levando em conta: a) a quantidade da pena imposta; b) a reincidência; c) as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP. Nos termos do art. 33, caput, do CP, nos crimes apenados com reclusão, o juiz poderá fixar o regime inicial fechado, semiaberto ou aberto. Aos crimes apenados com detenção, o juiz poderá fixar o regime inicial semiaberto ou aberto. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 23 Logo, nos crimes apenados com detenção, não é possível ao juiz fixar o regime inicial fechado, podendo, no entanto, haver regressão para o regime fechado, no caso, por exemplo, de falta grave. Súm. nº 269 do STJ: “É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados à pena igual ou inferior a 4 anos se favoráveis as circunstâncias judiciais”. Além disso, a imposição de regime inicial fechado depende de fundamentação adequada, não se revestindo a gravidade em abstrato do delito motivação idônea para a fixação do regime de cumprimento de pena mais severo do que a pena aplicada exigir. É o que se extrai das Súm. nº 718 e 719 do STF, e Súm. nº 440 do STJ. 15. Penas restritivas de direito 15.1. Conceito São penas alternativas às privativas de liberdade, expressamente previstas em lei, com a finalidade de evitar o encarceramento de determinados criminosos, autores de infrações penais consideradas mais leves, provocando-lhes a recuperação por meio de restrições a certos direitos. Nos termos do art. 43 do CP, as penas restritivas de direitos são: a) prestação pecuniária; b) perda de bens e valores; c) prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; d) interdição temporária de direitos; e) limitação de fim de semana. As penas restritivas de direitos são substitutivas, uma vez que o juiz, depois de fixar a pena privativa de liberdade, verificando a presença dos requisitos, efetua a substituição por uma ou mais penas restritivas de direitos, conforme o caso. Isso porque não há, no preceito secundário dos tipos penais incriminadores, previsão direta de pena restritiva de direitos, mas tão somente pena privativa de liberdade. 15.2. Requisitos objetivos a) Quantidade da pena aplicada: o legislador estabeleceu como parâmetro para a concessão da pena restritiva de direitos a pena aplicada na sentença, independentemente da pena abstratamente cominada no preceito secundário do tipo penal. Nos crimes dolosos, praticados sem violência ou grave ameaça, apenados com reclusão ou detenção, o limite estabelecido pelo legislador é de 4 (quatro) anos. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 24 Tratando-se de concurso de crimes, deve-se levar em conta o total da pena imposta, por conta da aplicação das regras do cúmulo material ou exasperação da pena. Dessa forma, se aplicadas as regras do concurso material, concurso formal e crime continuado, e o total da pena privativa de liberdade efetivamente imposta não exceder a 4 (quatro) anos, será possível a substituição por pena alternativa. No caso de condenação por crime culposo, a substituição será possível, independentemente da quantidade da pena imposta, não existindo tal requisito, ainda que resulte violência contra a pessoa, por exemplo, no homicídio culposo do Código Penal (art. 121, § 3º, CP) e no homicídio culposo na condução de veículo automotor (art. 302 do CTB). b) Natureza do crime cometido: em relação aos crimes dolosos, as penas restritivas de direitos são aplicáveis aos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa. 15.3. Requisitos subjetivos Os requisitos subjetivos levam emconta as características pessoais do sentenciado. a) Réu não reincidente em crime doloso: nos termos do art. 44, II, do CP, para concessão do benefício, é necessário que o sujeito não seja reincidente em crime doloso. O texto não trata de qualquer reincidente. Refere-se ao não reincidente em crime “doloso”, de modo que não há impedimento à aplicação da pena alternativa quando: a) os dois delitos são culposos; b) o anterior é culposo e o posterior é doloso; c) o anterior é doloso e o posterior culposo. Ainda que o réu seja reincidente em crime doloso, o Código Penal, no seu art. 44, § 3º, prevê uma exceção. Se, em face de condenação anterior, a medida for socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime, será possível aplicar a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. b) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta ou a personalidade ou ainda os motivos e circunstâncias recomendarem a substituição: conforme o art. 44, III, do CP, “a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente”. Convém notar que esses requisitos praticamente reproduzem as circunstâncias judiciais previstas no art. 59, caput, do CP, com exceção de duas: comportamento da vítima e consequências do crime, coincidentemente as únicas de natureza objetiva. Logo, verifica-se que o art. 44, III, do CP somente levou em conta as circunstâncias subjetivas. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 25 15.4. Penas restritivas de direitos e violência doméstica ou familiar contra a mulher Nos termos do art. 17 da Lei nº 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, “é vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa”. Conforme a Súm. nº 588 do STJ, a prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 16. Concurso de crimes 16.1. Concurso material Art. 69 do Código Penal Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. Ocorre o concurso material, também chamado de real, quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não (art. 69, caput, do CP). Há, pois, pluralidade de condutas e pluralidade de resultados. Na hipótese de crimes conexos apurados na mesma ação penal, a soma das penas, pelo concurso material, será realizada na própria sentença, após a adoção do critério trifásico para cada um dos delitos. Ex.: o agente pratica o crime de estupro (art. 213 do CP) e, para assegurar a sua impunidade, mata, na sequência, a vítima (art. 121, § 2º, V, do CP). Imaginemos que o juiz fixe, em relação ao delito de estupro, a pena de 8 (oito) anos; e em relação ao crime de homicídio qualificado, a pena de 20 (vinte) anos. Ao final, verificando-se tratar de concurso material de crimes, o Magistrado aplicará o sistema do cúmulo material, somando as penas, alcançando a pena definitiva de 28 anos. 16.2. Concurso formal Art. 70 do Código Penal Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 26 uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. Ocorre o concurso formal (ou ideal) quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes (art. 70, caput, do CP). Há unidade de conduta e pluralidade de crimes. O concurso formal perfeito, ou próprio, está previsto na primeira parte do art. 70 do CP. Ocorre quando o agente pratica duas ou mais infrações penais por meio de uma única conduta. Resulta de um único desígnio. O agente, de um só impulso volitivo, dá causa a dois ou mais resultados, sem desígnios autônomos em relação a cada um dos resultados. Desígnio autônomo caracteriza-se pelo fato de o agente pretender, mediante uma única conduta, atingir dois ou mais resultados. Ou seja, o agente, mediante uma ação ou omissão, age com consciência e vontade em relação a cada um deles, considerados isoladamente. Assim, se, por exemplo, o agente, na condução de veículo automotor, atropela e causa a morte de uma pessoa e lesão corporal em outra, pratica crime de homicídio culposo na condução de veículo automotor (art. 302 do CTB), em concurso formal perfeito, já que não tinha desígnios autônomos em relação a cada um dos resultados. Em relação ao concurso formal perfeito, ou próprio, o Código Penal adotou o sistema de exasperação da pena. Aplica-se a pena do crime mais grave ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. No concurso formal imperfeito, ou impróprio, o agente, mediante uma ação ou omissão, pretende, de forma consciente e voluntária, o resultado em relação a cada um dos crimes. Ex.: o agente provoca fogo em uma residência com a intenção de matar todos os moradores. O agente tem desígnios autônomos (intenção de matar) em relação a cada um dos moradores da residência. A expressão “desígnios autônomos” abrange tanto o dolo direto quanto o dolo eventual. Assim, haverá concurso formal imperfeito, por exemplo, entre o delito de homicídio doloso com dolo direto e outro com dolo eventual. No concurso formal imperfeito, ou impróprio, por conta do maior grau de reprovabilidade da conduta do agente, visando a não beneficiar agente que agiu com desígnios autônomos em relação a cada resultado, as penas devem ser somadas, adotando-se o critério do cúmulo material, nos termos do art. 70, caput, 2ª parte, do CP. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 27 *Para todos verem: tabela comparativa. 16.3. Crime continuado Art. 71 do Código Penal Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. Ocorre o crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, devendo os subsequentes, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, ser havidos como continuação do primeiro. Para a incidência das regras do crime continuado é preciso verificar a presença de requisitos dispostos no art. 71 do CP, consistentes: a) na pluralidade de condutas; b)na pluralidade de crimes da mesma espécie; c) nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes. 16.4. Concurso material benéfico Art. 70 do Código Penal Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. Concurso formal perfeito • Sem desígnios autônomos; • Exasperação da pena; • Pena do crime mais grave e aumenta de 1/6 até 1/2. Concurso formal imperfeito • Desígnios autônomos; • Cúmulo material. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 28 Se da aplicação da regra da exasperação da pena, no concurso formal, a pena tornar-se superior à que resultaria se somadas, deve-se adotar o critério do cúmulo material, porque, nesse caso, será mais benéfico (art. 70, par. ún., do CP). Ex.: suponha-se que o agente tenha praticado um homicídio simples (art. 121 do CP – pena de 6 a 20 anos) e uma lesão corporal leve (art. 129, caput, do CP – pena de 3 meses a 1 ano), em concurso formal. Aplicado o critério da exasperação da pena, considerando-se a pena do crime mais agrave, acrescido de 1/6, resultaria na pena de 7 (sete) anos. Se aplicada a pena considerando-se o critério do cúmulo material, considerando-se a pena aplicada para crime de homicídio simples (6 anos) e lesão corporal leve (3 meses), a pena definitiva ficaria em 6 (seis) anos e 3 (três) meses. Essa seria a pena a ser aplicada, já que a aplicação do critério do concurso material é mais benéfico. Em face disso, a pena a ser aplicada não pode ser superior à que seria cominada se fosse caso de concurso material, aplicando-se, nesse caso, o disposto no art. 70, par. ún., do CP. Resolva a questão a seguir: 10) FGV - 2021 - OAB – 33º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase Félix, com dolo de matar seus vizinhos Lucas e Mário, detona uma granada na varanda da casa desses, que ali conversavam tranquilamente, obtendo o resultado desejado. Os fatos são descobertos pelo Ministério Público, que denuncia Félix por dois crimes autônomos de homicídio, em concurso material. Após regular procedimento, o Tribunal do Júri condenou o réu pelos dois crimes imputados e o magistrado, ao aplicar a pena, reconheceu o concurso material. Diante da sentença publicada, Félix indaga, reservadamente, se sua conduta efetivamente configuraria concurso material de dois crimes de homicídio dolosos. Na ocasião, o(a) advogado(a) do réu, sob o ponto de vista técnico, deverá esclarecer ao seu cliente que sua conduta configura dois crimes autônomos de homicídio, A) em concurso material, sendo necessária a soma das penas aplicadas para cada um dos delitos. B) devendo ser reconhecida a forma continuada e, consequentemente, aplicada a regra da exasperação de uma das penas e não do cúmulo material. C) devendo ser reconhecido o concurso formal próprio e, consequentemente, aplicada a regra da exasperação de uma das penas e não do cúmulo material. D) devendo ser reconhecido o concurso formal impróprio, o que também imporia a regra da soma das penas aplicadas. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 29 Aula 10/11/2023 – Turno da manhã 1. Crimes contra a vida 1.1. Homicídio Art. 121 do Código Penal Matar alguém. Pena - reclusão, de seis a vinte anos. Observações importantes: a) Homicídio simples (art. 121, caput): o homicídio simples se dá por exclusão, ou seja, quando não presente nenhuma circunstância qualificadora prevista no parágrafo 2º. Via de regra não é considerado crime hediondo, somente se for praticado mediante atividade típica de grupo de extermínio. b) Homicídio privilegiado (art. 121, § 1º do CP): o artigo 121, § 1º, do Código Penal, descreve o homicídio privilegiado como o fato de o sujeito cometer o delito impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Neste caso, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3. c) Homicídio qualificado (art. 121, § 2º CP): é o homicídio praticado com circunstâncias legais que integram o tipo penal incriminador, alterando para mais a faixa de fixação da pena. Dizem respeito aos motivos determinantes do crime e aos meios e modos de execução, reveladores de maior periculosidade ou extraordinário grau de perversidade do agente. Portanto, da pena de reclusão de 06 a 20 anos, prevista para o homicídio simples, passa-se ao mínimo de 12 e ao máximo de 30 para a figura qualificada. Tentado ou consumado, o homicídio doloso qualificado é crime hediondo, nos termos do artigo 1º, inciso I, da Lei nº 8.072/90. d) Feminicídio: a partir da edição da Lei nº 13.104/2015, o crime de homicídio passou a ser qualificado também se praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. Nos termos do artigo 121, parágrafo 2º-A, o legislador considera que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Para o STJ a qualificadora do feminicídio pode ser cumulada com o motivo torpe ou fútil Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 30 sem que haja bis in idem. e) Lei nº 14.344/2022: com o advento da lei Henry Borel (Lei nº 14.344 de 2022) o homicídio praticado contra menor de 14 anos passou a ser qualificado, nos termos do artigo 121, § 2º, inciso IX do CP. Ademais, o artigo 121, § 2ºB (incluído também pela Lei Henry Borel) elenca causas de aumento de pena específicas, quais sejam: I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade; II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela. 1.2. Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação Art. 122, do CP. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. § 3º A pena é duplicada: I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a práticado ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. a) Conceito de suicídio: é a morte voluntária, que resulta, direta ou indiretamente, de um ato positivo ou negativo, realizado pela própria vítima, a qual sabia dever produzir este resultado. O Código Penal leva em conta o ato da vítima, que vem a destruir a própria vida. Observação especial: se o ato de destruição é praticado pelo próprio agente haverá o crime de homicídio. Da mesma forma se não houver voluntariedade (vítima induzida a erro ou obrigada a se matar) haverá o crime de homicídio. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 31 b) Automutilação: a autolesão não é punida. O que constitui crime é a conduta de induzir, instigar ou auxiliar a vítima a se automutilar, ou seja, de causar lesões em si própria. c) Ação nuclear: trata-se de um tipo misto alternativo (crime de ação múltipla ou de conteúdo variado). Induzir significa dar a ideia a quem não possui, inspirar, incutir. Portanto, nessa primeira conduta, o agente sugere à vítima que dê fim à sua vida ou se automutile. Instigar é fomentar uma ideia já existente. Trata-se, pois, do agente que estimula a ideia que alguém anda manifestando. Já o Auxílio é a forma mais concreta e ativa de agir, pois significa dar apoio material ao ato suicida. Exemplo: o agente fornece a arma utilizada para a vítima dar fim à sua vida ou se automutilar. d) Figuras típicas qualificadas: Art. 122, §1º, do CP. Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. §2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. e) Formas majoradas (art. 122, § 3º): • Se o crime é praticado por motivo egoístico: motivo egoístico é o excessivo apego a si mesmo, o que evidencia o desprezo pela vida alheia, desde que algum benefício concreto advenha ao agente. Logicamente, merece maior punição. Exemplo: é o caso de o sujeito induzir a vítima a suicidar-se para ficar com a herança; • Se a vítima é menor: em segundo lugar, a pena é majorada quando a vítima é menor. Qual a idade para efeito da majorante? Se a vítima é maior de 18 anos, aplica-se o “caput” do artigo 122. Se a vítima é menor de 14 anos, há crime de HOMICÍDIO. A majorante só é aplicável quando a vítima tem idade entre 14 e 18 anos; • Tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência: a terceira majorante prevê a hipótese de a vítima ter diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência, como enfermidade física ou mental, idade avançada. Ex.: induzir ao suicídio vítima embriagada. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 32 Por fim, é de ressaltar que o suicida com RESISTÊNCIA NULA, pelos abalos ou situações supramencionadas, incluindo-se a idade inferior a 14 anos, haverá o emprego das regras especiais estabelecidas nos parágrafos 6º e 7º do CP. f) Pacto de morte: é possível que duas ou mais pessoas promovam um pacto de morte, deliberando morrer ao mesmo tempo. Se cada uma das pessoas ingerir veneno, de per si, por exemplo, aquela que sobreviver responderá por participação em suicídio, tendo por sujeito passivo a outra. Se uma delas ministrar diretamente o veneno na outra, a que sobreviver responderá por homicídio. Em síntese, os atos executórios contra a própria vida devem partir exclusivamente da vítima. 1.3. Infanticídio Art. 123 do Código Penal Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Pena - detenção, de dois a seis anos. Princípio da especialidade: *Para todos verem: esquema. Marco inicial: início do parto (eliminação da vida humana durante o parto ou logo após). Antes do início do parto: aborto. Atenção ao erro sobre a pessoa: art. 20, §3º, do CP. 1.4. Aborto Sujeito passivo Próprio filho Sujeito ativo Mãe Elemento subjetivo Influência do estado puerperal (perícia) Elemento temporal Durante o parto ou logo após Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 33 Art. 124 do Código Penal (gestante) Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: Pena - detenção, de um a três anos. Art. 125 do Código Penal (terceiro) Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Art. 126 do Código Penal (terceiro) Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência Art. 127 do Código Penal (aborto majorado) As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Art. 128 do Código Penal (aborto legal) I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. Divisão: *Para todos verem: esquema. Eliminação da vida humana intrauterina. Gestante - 124 do CP Autoaborto (1) Aborto consentido (2) Terceiro - 125 do CP Aborto sem consentimento da gestante Terceiro - 126 do CP Aborto com consentimento da gestante Aborto legal - 128 do CP Médico I - necessário/terapêutico: se não há outro meio de salvar a gestante (não precisa de autorização da gestante/rep. legal) Aborto legal - 128 do CP Médico II - sentimental/humanitário: se a gravidez resulta de estupro (precisa de autorização da gestante/rep. legal) Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 34 Marco inicial: nidação. Marco final: antes do início do parto (se for após haverá homicídio ou infanticídio). ADPF 54: aborto do feto anencefálico (dignidade da pessoa humana). Atenção ao crime impossível: art. 17 do CP. 2. Lesão corporal Art. 129 do Código Penal Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. Pena - detenção, de três meses a um ano. Na lesão corporal o agente atua com animus laedendi, ou seja, age com a intenção de produzir uma lesão corporal na vítima. Assim sendo, o agente não tem intenção de matar nem assume o risco de produzir o resultado morte, pois, em tal caso, responderia pelo crime de homicídio. a) Lesão corporal dolosa lesão corporal dolosa, regra geral, varia de acordo com o grau da lesão corporal, podendo ser simples (exclusão), grave (parágrafo 1º), gravíssima (parágrafo 2º) ou seguida de morte (parágrafo 3º). Atenção: • Lesão corporal grave: Art. 129 do Código Penal § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. • Lesão corporal gravíssima: Art. 129 do Código Penal § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incurável; III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Seguida de morte: • Lesão corporal seguida de morte: Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 35 Art. 129 do Código Penal § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. A lesãocorporal seguida de morte possui natureza preterdolosa, ou seja, deve o agente agir com dolo em relação à conduta inicial (lesão corporal) e culpa em relação ao resultado morte. Trata-se de crime expressamente subsidiário, somente podendo ser reconhecido na impossibilidade do homicídio (se o agente agiu com dolo direto ou dolo eventual em relação ao resultado morte). b) Lesão corporal culposa: a lesão corporal culposa não varia de acordo com a intensidade, sempre será culposa (se agindo com negligência, imprudência ou imperícia). Art. 129 do Código Penal § 6° Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de dois meses a um ano. c) Lesão corporal especial (art. 129, § 13): Art. 129 do Código Penal § 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). d) Lesão corporal funcional: é crime hediondo em se tratando de lesão corporal gravíssima ou seguida de morte. Art. 129 do Código Penal § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 3. Crimes contra a honra *Para todos verem: esquema. Bem jurídico: honra Honra objetiva Reputação social do indivíduo Calúnia e difamação Honra subjetiva Imagem pessoal perante ele mesmo Injúria Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 36 3.1. Calúnia (art. 138 do CP) Imputação falsa de fato definido como crime. Tem certeza de que está imputando um crime a um inocente. O fato precisa ser um CRIME. Via de regra, cabe exceção da verdade. Só não caberá exceção da verdade nos casos previstos no parágrafo 3º do artigo 138. 3.2. Injúria (art. 140 do CP) Imputação de uma qualidade negativa. A injúria, quando cometida por escrito, admite a tentativa; quando por meio verbal, não. Nos termos do artigo 140, parágrafo 2º do CP se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes haverá a injúria real com pena de detenção de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. Por sua vez, nos termos do artigo 140, parágrafo 3º CP (já com a redação atualizada pela Lei nº 14.532/2023) se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a religião ou à condição de pessoa idosa ou com deficiência haverá a injúria qualificada com pena de reclusão, de 1 a 3 anos e multa. Quando o agente se dirige a uma pessoa de determinada raça, insultando-a com argumentos ou palavras de conteúdo pejorativo, responderá por injúria racial, nos termos do artigo 2º-A da Lei nº 7716 de 1989, com pena de reclusão de 2 a 5 anos e multa não podendo alegar que houve uma injúria simples, tampouco uma mera exposição do pensamento (como dizer que todo “judeu é corrupto” ou que “negros são desonestos”), uma vez que não há limite para tal liberdade. Assim, quem simplesmente dirigir a terceiro palavras referentes à “raça”, “cor”, “etnia” ou “procedência nacional”, com o intuito de ofender, responderá por injúria racial nos termos do dispositivo legal citado. Ademais, vale destacar que, nos termos do parágrafo único do artigo 2º- A da Lei nº 7716/1989 a pena será aumentada de metade se o crime for praticado mediante o concurso de duas ou mais pessoas. 3.3. Difamação (art. 139 do CP) Imputação de um fato ofensivo à reputação do indivíduo (que não é crime). Pode ser contravenção penal. Via de rega, não cabe exceção da verdade. Caberá exceção da verdade se a ofensa for dirigida a funcionário público no exercício das funções. Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 37 Causas de aumento de pena: Art. 141 do Código Penal As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido. I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. Retratação: Art. 143 do Código Penal O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Parágrafo único - Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. Ação penal: Art. 145 do Código Penal Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. Conforme se extrai do art. 145 do CP, nos crimes contra a honra, a regra é a de ação penal privada da vítima ou do seu representante legal. Todavia, resultando lesão física na vítima (injúria real com lesão corporal), apura-se o crime mediante ação penal pública incondicionada. No entanto, com o advento da Lei no 9.099/1995, alguns autores entendem que se trata de ação penal pública condicionada à representação, já que é a prevista para os crimes de lesão corporal leve. Será penal pública condicionada à representação no caso de o delito ser cometido contra funcionário público, no exercício das funções (art. 141, II), e condicionada à requisição do Ministro da Justiça no caso do inciso I do art. 141 (contra o Presidente da República ou Chefe de Governo Estrangeiro). Convém ressaltar a Súm. no 714 do STF: Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem Direito Penal 38 Súmula nº 714 do STF. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. Por último, vale destacar que a injúria qualificada do parágrafo 3º do artigo 140 será de ação penal pública condicionada à representação enquanto a injúria racial (art. 2º-A da Lei nº 7.716 de 1989) será de ação penal pública incondicionada. 4. Crimes contra o patrimônio 4.1. Furto • Ação nuclear é subtrair, que significa tirar, retirar de outrem bem móvel, sem a sua permissão com o fim de assenhoreamento definitivo. A subtração implica sempre a retirada do bem sem o consentimento do possuidor ou proprietário; • Agente não tem a posse anterior do bem e inverte a posse; • É indispensável que o agente tenha a intenção de possuir a coisa alheia móvel, submetendo-a ao seu poder, isto é, de não devolver o bem, de forma alguma. É o chamado animus rem sibii habendi; • Não existe na modalidade culposa; • Para os nossos Tribunais Superiores (STF/STJ), para o furto atingir a consumação basta a subtração da coisa, ou seja, a inversão da posse, ainda que por curto espaço de tempo e em seguida a perseguição do agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. Neste sentido temos a Súmula 582 do STJ (referente ao roubo mas aplicável por analogia ao crime de furto), o RESP 1524450/RJ, o AgRg no ARESP 1.546.170/SO de 26/11/2019 do STJ e o HC 135674 de 27/09/2016 da 2° turma do