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DIREITO PENAL Professor Paulo Henrique Helene TEORIA DA NORMA 1. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA O Direito Penal deve procurar proteger a comunidade de crimes que tenham gravidade razoável, evitando punir os chamados crimes de bagatela (ninharia). Fundamenta-se no princípio da fragmentariedade, pois compete ao Direito Penal proteger bens jurídicos mais importantes, e não proteger qualquer bem jurídico. A conduta já nasce insignificante, atípica (excluída a tipicidade material). Para sua incidência, a jurisprudência do STF e do STJ firmou entendimento de que é necessária a presença dos seguintes vetores: a) a mínima ofensividade da conduta do agente; b) a nenhuma periculosidade social da ação; c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada; SÚMULAS RELACIONADAS: - Súmula 589, STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. - Súmula 599, STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a administração pública. - Súmula 606, STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97. COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM: 01. Ano: 2014 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27589%27).sub.&TIT1TEMA0 http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27589%27).sub.&TIT1TEMA0 http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27589%27).sub.&TIT1TEMA0 http://www.stj.jus.br/SCON/sumanot/toc.jsp?livre=(sumula%20adj1%20%27599%27).sub.&TIT1TEMA0 Pedro Paulo, primário e de bons antecedentes, foi denunciado pelo crime de descaminho (Art. 334, caput, do Código Penal), pelo transporte de mercadorias procedentes do Paraguai e desacompanhadas de documentação comprobatória de sua importação regular, no valor de R$ 3.500,00, conforme atestam o Auto de Infração e o Termo de Apreensão e Guarda Fiscal, bem como o Laudo de Exame Merceológico, elaborado pelo Instituo Nacional de Criminalística. Em defesa de Pedro Paulo, segundo entendimento dos Tribunais Superiores, é possível alegar a aplicação do a) princípio da proporcionalidade. b) princípio da culpabilidade. c) princípio da adequação social. d) princípio da insignificância ou da bagatela. 02. Ano: 2012 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Em relação ao princípio da insignificância, assinale a afirmativa correta. a) o princípio da insignificância funciona como causa de exclusão da culpabilidade. A conduta do agente, embora típica e ilícita, não é culpável. b) mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica constituem, para o Supremo Tribunal Federal, requisitos de ordem objetiva autorizadores da aplicação do princípio da insignificância. c) a jurisprudência predominante dos tribunais superiores é acorde em admitir a aplicação do princípio da insignificância em crimes praticados com emprego de violência ou grave ameaça à pessoa (a exemplo do roubo). d) o princípio da insignificância funciona como causa de diminuição de pena. 03. Ano: 2011 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Jefferson, segurança da mais famosa rede de supermercados do Brasil, percebeu que João escondera em suas vestes três sabonetes, de valor aproximado de R$ 12,00 (doze reais). Ao tentar sair do estabelecimento, entretanto, João é preso em flagrante delito pelo segurança, que chama a polícia. A esse respeito, assinale a alternativa correta. a) A conduta de João não constitui crime, uma vez que este agiu em estado de necessidade. b) A conduta de João não constitui crime, uma vez que o fato é materialmente atípico. c) A conduta de João constitui crime, uma vez que se enquadra no artigo 155 do Código Penal, não estando presente nenhuma das causas de exclusão de ilicitude ou culpabilidade, razão pela qual este deverá ser condenado. d) Embora sua conduta constitua crime, João deverá ser absolvido, uma vez que a prisão em flagrante é nula, por ter sido realizada por um segurança particular. GABARITO: 01- D / 02- B / 03- B TEORIA DO CRIME 2. CONDUTA De acordo com a Teoria Finalista (de Hans Welzel), conceitua-se a conduta como um comportamento humano voluntário e consciente dirigido a uma finalidade. Assim, tradicionalmente teremos como FORMAS DE CONDUTA: - AÇÃO: movimento corpóreo ou comportamento positivo; por exemplo: matar, subtrair, constranger. - OMISSÃO: abstenção de um comportamento. - Crime omissivo próprio: o agente viola a norma mandamental, deixando de fazer o que ela determina (obrigação de fazer). - Crime omissivo impróprio / comissivo por omissão: o agente pode e deve agir (dever jurídico especial) para impedir o resultado, mas se omite. O garante se omite acarretando a produção do resultado naturalístico. Noutro giro, NÃO haverá conduta quanto: → CASO FORTUITO/FORÇA MAIOR: fato imprevisível. Exemplo: Thiago dirige normalmente seu automóvel em viagem de férias quando, em determinado momento, ocorre o rompimento da barra de direção do veículo que, desgovernado, sai da pista e atinge o transeunte Pedro, causando-lhe lesões corporais graves. → MOVIMENTO (OU ATO) REFLEXO: movimento de reação a um estímulo interno ou externo – ato fisiológico. Exemplo: convulsão epilética; excitação sensitiva (espirro, acesso de tosse). ATENÇÃO: os atos instintivos e automáticos (ex.: ação em curto circuito; reação impulsiva ou explosiva) são passíveis de controle pelo querer (atenção) do agente e não excluem a ação. → ESTADO DE INCONSCIÊNCIA: atos realizados independentemente da vontade humana. Exemplo: sonambulismo; sono profundo; hipnose profunda. → COAÇÃO FÍSICA IRRESISTÍVEL (vis absoluta): Força, constrangimento físico exterior que obriga materialmente o agente. Deve ser irresistível, isto é, sem possibilidade de resistência / sem domínio do próprio corpo. Segundo Zaffaroni e Pierangeli, são “hipóteses em que opera sobre o homem uma força de tal proporção que o faz intervir como uma mera massa mecânica”. COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM: 04. Ano: 2014 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Isadora, mãe da adolescente Larissa, de 12 anos de idade, saiu um pouco mais cedo do trabalho e, ao chegar à sua casa, da janela da sala, vê seu companheiro, Frederico, mantendo relações sexuais com sua filha no sofá. Chocada com a cena, não teve qualquer reação. Não tendo sido vista por ambos, Isadora decidiu, a partir de então, chegar à sua residência naquele mesmo horário e verificou que o fato se repetia por semanas. Isadora tinha efetiva ciência dos abusos perpetrados por Frederico, porém, muito apaixonada por ele, nada fez. Assim, Isadora, sabendo dos abusos cometidos por seu companheiro contra sua filha, deixa de agir para impedi-los. Nesse caso, é correto afirmar que o crime cometido por Isadora é a) omissivo impróprio. b) omissivo próprio. c) comissivo. d) omissivo por comissão. 05. Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Carlos presta serviço informal como salva-vidas de um clube, não sendo regularmente contratado, apesar de receber uma gorjeta para observar os sócios do clube na piscina, durante toda a semana. Em seu horário de “serviço”, com várias crianças brincando na piscina, fica observando a beleza física da mãe de uma das crianças e, ao mesmo tempo, falando no celular com um amigo, acabando por ficar de costas paraa piscina. Nesse momento, uma criança vem a falecer por afogamento, fato que não foi notado por Carlos. Sobre a conduta de Carlos, diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta. a) Não praticou crime, tendo em vista que, apesar de garantidor, não podia agir, já que concretamente não viu a criança se afogando. b) Deve responder pelo crime de homicídio culposo, diante de sua omissão culposa, violando o dever de garantidor. c) Deve responder pelo crime de homicídio doloso, em razão de sua omissão dolosa, violando o dever de garantidor. d) Responde apenas pela omissão de socorro, mas não pelo resultado morte, já que não havia contrato regular que o obrigasse a agir como garantidor. 06. Ano: 2013 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: XII Exame de Ordem Unificado Odete é diretora de um orfanato municipal, responsável por oitenta meninas em idade de dois a onze anos. Certo dia Odete vê Elisabeth, uma das recreadoras contratada pela Prefeitura para trabalhar na instituição, praticar ato libidinoso com Poliana, criança de 9 anos, que ali estava abrigada. Mesmo enojada pela situação que presenciava, Odete achou melhor não intervir, porque não desejava criar qualquer problema para si. Nesse caso, tendo como base apenas as informações descritas, assinale a opção correta. a) Odete não pode ser responsabilizada penalmente, embora possa sê-lo no âmbito cível e administrativo. b) Odete pode ser responsabilizada pelo crime descrito no Art. 244-A, do Estatuto da Criança e do Adolescente, verbis: “Submeter criança ou adolescente, como tais definidos no caput do art. 2o desta Lei, à prostituição ou à exploração sexual”. c) Odete pode ser responsabilizada pelo crime de estupro de vulnerável, previsto no Art. 217-A do CP, verbis: “Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos”. d) Odete pode ser responsabilizada pelo crime de omissão de socorro, previsto no Art. 135, do CP, verbis: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”. Preexistentes Absolutas Concomitantes Dependentes CONCAUSAS Supervenientes Independentes Preexistentes Relativas Concomitantes Não por si só = Evento Previsivel Supervinientes Por si só = Evento Imprevisivel GABARITO: 04- A / 05- B / 06- B 3. RELAÇÃO DE CAUSALIDADE (NEXO CAUSAL) No artigo 13, caput, do Código Penal encontramos a teoria da equivalência dos antecedentes, a qual deve ser conjugada ao processo de eliminação hipotética. CONCAUSAS CONCAUSA ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTE Exemplo: Maria, por volta das oito horas, serve veneno para João seu marido. Uma hora depois João é atingido por um disparo efetuado por Antônio, seu desafeto. Socorrida a vítima morre na madrugada do dia seguinte em razão dos efeitos do veneno. Exemplo: Maria, por volta das oito horas, serve veneno para seu marido. Na mesma hora, coincidentemente a vítima é alvo de um disparo efetuado por Antônio, seu desafeto, vindo a morrer. Exemplo: Maria, por volta das oito horas, serve veneno para seu marido. Antes mesmo de o veneno fazer efeito, cai um lustre na cabeça do João que descansava na sala, causando sua morte por traumatismo craniano. CONCAUSA RELATIVAMENTE INDEPENDENTE Exemplo: João, portador de hemofilia, é vítima de um golpe de faca executado por Antônio. Exemplo: Antônio, com a intenção de matar, atira em João, mas não atinge o alvo. A vítima entretanto assustada tem um colapso cardíaco e morre. Exemplo: João, é vítima de um disparado de arma de fogo efetuado por Antônio, que age com a intenção de matar. Levado ao hospital, João morre em decorrência de erro médico durante a cirurgia. Exemplo: Antônio com vontade de matar desfere um tiro em João, que segue em uma ambulância até o hospital. Quando está convalescendo, o hospital pega fogo matando o paciente queimado. COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM: 07. Ano: 2013 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado João, com intenção de matar, efetua vários disparos de arma de fogo contra Antônio, seu desafeto. Ferido, Antônio é internado em um hospital, no qual vem a falecer, não em razão dos ferimentos, mas queimado em um incêndio que destrói a enfermaria em que se encontrava. Assinale a alternativa que indica o crime pelo qual João será responsabilizado. a) Homicídio consumado. b) Homicídio tentado. c) Lesão corporal. d) Lesão corporal seguida de morte. 08. Ano: 2013 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: XII Exame de Ordem Unificado Paula, com intenção de matar Maria, desfere contra ela quinze facadas, todas na região do tórax. Cerca de duas horas após a ação de Paula, Maria vem a falecer. Todavia, a causa mortis determinada pelo auto de exame cadavérico foi envenenamento. Posteriormente, soube-se que Maria nutria intenções suicidas e que, na manhã dos fatos, havia ingerido veneno. Com base na situação descrita, assinale a afirmativa correta. a) Paula responderá por homicídio doloso consumado. b) Paula responderá por tentativa de homicídio. c) O veneno, em relação às facadas, configura concausa relativamente independente superveniente que por si só gerou o resultado. d) O veneno, em relação às facadas, configura concausa absolutamente independente concomitante. 09. Ano: 2014 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Wallace, hemofílico, foi atingido por um golpe de faca em uma região não letal do corpo. Júlio, autor da facada, que não tinha dolo de matar, mas sabia da condição de saúde específica de Wallace, sai da cena do crime sem desferir outros golpes, estando Wallace ainda vivo. No entanto, algumas horas depois, Wallace morre, pois, apesar de a lesão ser em local não letal, sua condição fisiológica agravou o seu estado de saúde. Acerca do estudo da relação de causalidade, assinale a opção correta. a) O fato de Wallace ser hemofílico é uma causa relativamente independente preexistente, e Júlio não deve responder por homicídio culposo, mas, sim, por lesão corporal seguida de morte. b) O fato de Wallace ser hemofílico é uma causa absolutamente independente preexistente, e Júlio não deve responder por homicídio culposo, mas, sim, por lesão corporal seguida de morte. c) O fato de Wallace ser hemofílico é uma causa absolutamente independente concomitante, e Júlio deve responder por homicídio culposo. d) O fato de Wallace ser hemofílico é uma causa relativamente independente concomitante, e Júlio não deve responder pela lesão corporal seguida de morte, mas, sim, por homicídio culposo. 10. Ano: 2019 / Banca: FGV / Órgão: OAB Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Após discussão em uma casa noturna, Jonas, com a intenção de causar lesão, aplicou um golpe de arte marcial em Leonardo, causando fratura em seu braço. Leonardo, então, foi encaminhado ao hospital, onde constatou-se a desnecessidade de intervenção cirúrgica e optou-se por um tratamento mais conservador com analgésicos para dor, o que permitiria que ele retornasse às suas atividades normais em 15 dias. A equipe médica, sem observar os devidos cuidados exigidos, ministrou o remédio a Leonardo sem observar que era composto por substância à qual o paciente informara ser alérgico em sua ficha de internação. Em razão da medicação aplicada, Leonardo sofreu choque anafilático, evoluindo a óbito, conforme demonstrado em seu laudo de exame cadavérico. Recebidos os autos do inquérito, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Jonas, imputando-lhe o crime de homicídio doloso. Diante dos fatos acima narrados e considerando o estudo da teoria da equivalência, o(a) advogado(a) de Jonas deverá alegar que a morte de Leonardo decorreu de causa superveniente a)absolutamente independente, devendo ocorrer desclassificação para que Jonas responda pelo crime de lesão corporal seguida de morte. b) relativamente independente, devendo ocorrer desclassificação para o crime de lesão corporal seguida de morte, já que a morte teve relação com sua conduta inicial. c) relativamente independente, que, por si só, causou o resultado, devendo haver desclassificação para o crime de homicídio culposo. d) relativamente independente, que, por si só, produziu o resultado, devendo haver desclassificação para o crime de lesão corporal, não podendo ser imputado o resultado morte. GABARITO: 07-B / 08- B / 09- A / 10- D 4. TIPO DOLOSO Dolo é a consciência e a vontade de realização da conduta descrita em um tipo penal. DOLO DIRETO: → Dolo de 1º Grau: representa o que o autor quer realizar. → Dolo de 2º Grau: compreende as consequências típicas representadas como certas ou necessárias pelo autor. https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/bancas/fgv https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/institutos/oab https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2019-oab-exame-de-ordem-unificado-xxix-primeira-fase Exemplo: caso Thomas (Alemanha, 1875). DOLO EVENTUAL: compreende as consequências típicas representadas como possíveis pelo autor, que consente (ou concorda) em sua produção. Exemplo: caso Lederriemenfall (Alemanha, 1955). 5. TIPO CULPOSO Culpa é a inobservância do dever objeto de cuidado manifestada em conduta produtora de um resultado não querido, objetivamente previsível. ELEMENTOS DO CRIME CULPOSO: a) Conduta inicial voluntária: b) Violação de um dever de cuidado objetivo; c) Resultado involuntário; d) Nexo Causal; e) Previsibilidade Objetiva de Resultado; f) Ausência de previsão; g) Tipicidade; DIFERENÇAS ENTRE DOLO EVENTUAL E CULPA CONSCIENTE DOLO EVENTUAL CULPA CONSCIENTE a) Descaso em relação ao bem jurídico; b) O agente anui ao advento do resultado, assumindo o risco de produzi-lo, em vez de renunciar a ação; c) O agente decide agir por egoísmo, a qualquer custo; a) Confiança nas próprias habilidades; b) O agente repele a hipótese de superveniência do resultado, na esperança de que este não ocorrerá; c) O agente o faz leviandade, por não ter refletivo suficientemente. 6. ERRO DE TIPO ESSENCIAL É a ignorância ou a falsa de representação de qualquer dos elementos constitutivos do tipo penal. Mesmo que o indivíduo tivesse empregado o grau de Exclui o dolo e a culpa atenção de uma pessoa prudente, o erro teria ocorrido. Se o indivídio tivesse empregado o grau de Exclui o dolo, mas atenção de uma permite a punição por pessoa prudente, o erro não teria ocorrido. crime culposo se estiver previsto em lei. Exemplo: Caçador que, pensando disparar contra capivara, atinge companheiro de expedição; Exemplo: Aquele que mantém relações sexuais consentidas com menor de 14 anos que tem aparência de ser bem mais velha, sem cogitar sequer estar em companhia de menor; Exemplo: Quem transporta droga sem ter consciência do que faz; Exemplo: Um senhor, por equívoco, em lugar de pegar a sua bicicleta, acaba se apoderando de outra (deixando a sua no local); Exemplo: Venda de bebida alcoólica a menor supondo que fosse maior; COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM: 10. Ano: 2013 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Wilson, competente professor de uma autoescola, guia seu carro por uma avenida à beira-mar. No banco do carona está sua noiva, Ivana. No meio do percurso, Wilson e Ivana começam a discutir: a moça reclama da alta velocidade empreendida. Assustada, Ivana grita com Wilson, dizendo que, se ele continuasse naquela velocidade, poderia facilmente perder o controle do carro e atropelar alguém. Wilson, por sua vez, responde que Ivana deveria deixar de ser medrosa e que nada aconteceria, pois se sua profissão era ensinar os outros a dirigir, ninguém poderia ser mais competente do que ele na condução de um veículo. Todavia, ao fazer uma curva, o automóvel derrapa na areia trazida para o asfalto por conta dos ventos do litoral, o carro fica desgovernado e acaba ocorrendo o atropelamento de uma pessoa que passava Escusável, Inevitável, ou Invencível ESPÉCIES Inescusável, Evitável, ou Vencível pelo local. A vítima do atropelamento falece instantaneamente. Wilson e Ivana sofrem pequenas escoriações. Cumpre destacar que a perícia feita no local constatou excesso de velocidade. Nesse sentido, com base no caso narrado, é correto afirmar que, em relação à vítima do atropelamento, Wilson agiu com a) dolo direto. b) dolo eventual. c) culpa consciente. d) culpa inconsciente. 11. Ano: 2013 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Bráulio, rapaz de 18 anos, conhece Paula em um show de rock, em uma casa noturna. Os dois, após conversarem um pouco, resolvem dirigir-se a um motel e ali, de forma consentida, o jovem mantém relações sexuais com Paula. Após, Bráulio descobre que a moça, na verdade, tinha apenas 13 anos e que somente conseguira entrar no show mediante apresentação de carteira de identidade falsa. A partir da situação narrada, assinale a afirmativa correta. a) Bráulio deve responder por estupro de vulnerável doloso. b) Bráulio deve responder por estupro de vulnerável culposo. c) Bráulio não praticou crime, pois agiu em hipótese de erro de tipo essencial. d) Bráulio não praticou crime, pois agiu em hipótese de erro de proibição direto. 12. Ano: 2017 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: XXII Exame de Ordem Unificado Tony, a pedido de um colega, está transportando uma caixa com cápsulas que acredita ser de remédios, sem ter conhecimento que estas, na verdade, continham Cloridrato de Cocaína em seu interior. Por outro lado, José transporta em seu veículo 50g de Cannabis Sativa L. (maconha), pois acreditava que poderia ter pequena quantidade do material em sua posse para fins medicinais. Ambos foram abordados por policiais e, diante da apreensão das drogas, denunciados pela prática do crime de tráfico de entorpecentes. Considerando apenas as informações narradas, o advogado de Tony e José deverá alegar em favor dos clientes, respectivamente, a ocorrência de a) erro de tipo, nos dois casos. b) erro de proibição, nos dois casos. c) erro de tipo e erro de proibição. d) erro de proibição e erro de tipo. GABARITO: 10- C / 11- C / 12-C 7. FASES DE REALIZAÇÃO DO DELITO (ITER CRIMINIS) A realização de qualquer fato humano delitivo percorre um caminho, mais ou menos longo, de acordo com cada caso. Esse caminho, processo ou sucessão de etapas recebe o nome de iter criminis. Exemplo: O agente, com a intenção de matar a vítima (cogitação), adquiri um revolver e se posta de emboscada a sua espera (atos preparatórios), atirando contra ela (execução) e produzindo a morte (consumação). TENTATIVA ELEMENTOS DO CRIME TENTADO: a) início da execução; b) não consumação do crime por circunstância alheias à vontade do agente; c) dolo de consumação; d) resultado possível; NÃO ADMITEM TENTATIVA: a) os crimes culposos; Exemplo: art. 121, §3º, CP. b) os crimes condicionados (a existência de um resultado naturalístico); Exemplo: art. 122, CP. c) os crimes habituais (exigem a prática reiterada da conduta); Exemplo: art. 282, CP. d) os crimes omissivos (omissão própria); Exemplo: art. 135, CP. e) os crimes unisubsistentes (praticados com um único ato); Exemplo: art. 140, CP (verbal). f) os crimes de perigo abstrato (o perigo é absolutamente presumido por lei); Exemplo: art. 306, CTB. g) os crimes preterdolosos (dolo no início e culpa no resultado) Exemplo: art. 129, §3º, CP. ESPÉCIES DE TENTATIVA: a) Perfeita/ Acabada/ Crime falho: o agente esgotatodos os meios executórios que tinha a sua disposição e não consegue consumar o delito por circunstâncias alheias a sua vontade. b) Imperfeita/ Inacabada: o agente inicia a execução, mas não esgota o processo executório, deixando de consumar o crime por circunstâncias alheias a sua vontade. c) Tentativa Branca (incruenta): ocorre quando o objeto material não é atingido pela conduta criminosa. d) Tentativa Vermelha (cruenta): ocorre quando o objeto material é atingido pela conduta criminosa. CRITÉRIO PARA A DIMINUIÇÃO DA PENA (- 1/3 a - 2/3): A análise do iter criminis (itinerário do crime) percorrido tem importância para a adoção do critério de diminuição de pena. Quanto mais próximo da consumação, menor será a redução de pena, e no sentido inverso, na hipótese da tentativa se distanciar da consumação. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA / ARREPENDIMENTO EFICAZ DESISTENCIA VOLUNTÁRIA: pressupõe a desistência voluntaria “o não fazer”, isto é, o abandono da pratica dos atos que conduzam a consumação do crime, bem como a voluntariedade do agente (independentemente do motivo). Exemplo: desferidos dois disparos, possuindo outros projéteis, cessa a agressão, por ato voluntário do agente, sem que a vítima tenha sofrido lesão fatal. No exemplo citado o agente responderá pelos atos até então praticados: lesão corporal. ARREPENDIMENTO EFICAZ (resipiscência): o arrependimento eficaz pressupõe eficácia e um “fazer”. Ele ocorre quando o agente age para evitar que o resultado se produza, após o esgotamento dos atos executórios. Exemplo: o agente desfere uma facada na perna de seu desafeto com animus necandi, porém desiste de mata- lo e o leva até o hospital. Exemplo: após ter envenenado a vítima, o agente fornece a ela o antídoto. ARREPENDIMENTO POSTERIOR São requisitos cumulativos para sua incidência: a) Crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa; b) Reparação do dano ou restituição da coisa; c) Ato voluntário do agente; d) Até o recebimento da denúncia. Exemplo: Tício furtou a TV de Mévio, porém Tício, influenciado por seu pai, resolveu restituir a coisa no dia seguinte. COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM: 13. Ano: 2012 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: VII Exame de Ordem Unificado Filolau, querendo estuprar Filomena, deu início à execução do crime de estupro, empregando grave ameaça à vítima. Ocorre que ao se preparar para o coito vagínico, que era sua única intenção, não conseguiu manter seu pênis ereto em virtude de falha fisiológica alheia à sua vontade. Por conta disso, desistiu de prosseguir na execução do crime e abandonou o local. Nesse caso, é correto afirmar que a) trata-se de caso de desistência voluntária, razão pela qual Filolau não responderá pelo crime de estupro. b) trata-se de arrependimento eficaz, fazendo com que Filolau responda tão somente pelos atos praticados. c) a conduta de Filolau é atípica. d) Filolau deve responder por tentativa de estupro. 14. Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Durante uma discussão, Theodoro, inimigo declarado de Valentim, seu cunhado, golpeou a barriga de seu rival com uma faca, com intenção de matá-lo. Ocorre que, após o primeiro golpe, pensando em seus sobrinhos, Theodoro percebeu a incorreção de seus atos e optou por não mais continuar golpeando Valentim, apesar de saber que aquela única facada não seria suficiente para matá-lo. Neste caso, Theodoro a) não responderá por crime algum, diante de seu arrependimento. b) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de sua desistência voluntária. c) responderá pelo crime de lesão corporal, em virtude de seu arrependimento eficaz. d) responderá por tentativa de homicídio. 15. Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Mário subtraiu uma TV do seu local de trabalho. Ao chegar em casa com a coisa subtraída, é convencido pela esposa a devolvê-la, o que efetivamente vem a fazer no dia seguinte, quando o fato já havia sido registrado na delegacia. O comportamento de Mário, de acordo com a teoria do delito, configura a) desistência voluntária, não podendo responder por furto. b) arrependimento eficaz, não podendo responder por furto. c) arrependimento posterior, com reflexo exclusivamente no processo dosimétrico da pena. d) furto, sendo totalmente irrelevante a devolução do bem a partir de convencimento da esposa. 16. Ano: 2017 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: XXIV Exame de Ordem Unificado Decidido a praticar crime de furto na residência de um vizinho, João procura o chaveiro Pablo e informa do seu desejo, pedindo que fizesse uma chave que possibilitasse o ingresso na residência, no que foi atendido. No dia do fato, considerando que a porta já estava aberta, João ingressa na residência sem utilizar a chave que lhe fora entregue por Pablo, e subtrai uma TV. Chegando em casa, narra o fato para sua esposa, que o convence a devolver o aparelho subtraído. No dia seguinte, João atende à sugestão da esposa e devolve o bem para a vítima, narrando todo o ocorrido ao lesado, que, por sua vez, comparece à delegacia e promove o registro próprio. Considerando o fato narrado, na condição de advogado(a), sob o ponto de vista técnico, deverá ser esclarecido aos familiares de Pablo e João que a) nenhum deles responderá pelo crime, tendo em vista que houve arrependimento eficaz por parte de João e, como causa de excludente da tipicidade, estende-se a Pablo. b) ambos deverão responder pelo crime de furto qualificado, aplicando-se a redução de pena apenas a João, em razão do arrependimento posterior. c) ambos deverão responder pelo crime de furto qualificado, aplicando-se a redução de pena para os dois, em razão do arrependimento posterior, tendo em vista que se trata de circunstância objetiva. d) João deverá responder pelo crime de furto simples, com causa de diminuição do arrependimento posterior, enquanto Pablo não responderá pelo crime contra o patrimônio. 17. Ano: 2018 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: XXVII Exame de Ordem Unificado No dia 05/03/2015, Vinícius, 71 anos, insatisfeito e com ciúmes em relação à forma de dançar de sua esposa, Clara, 30 anos mais nova, efetua disparos de arma de fogo contra ela, com a intenção de matar. Arrependido, após acertar dois disparos no peito da esposa, Vinícius a leva para o hospital, onde ela ficou em coma por uma semana. No dia 12/03/2015, porém, Clara veio a falecer, em razão das lesões causadas pelos disparos da arma de fogo. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Vinícius, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 121, § 2º, inciso VI, do Código Penal, uma vez que, em 09/03/2015, foi publicada a Lei nº 13.104, que previu a qualificadora antes mencionada, pelo fato de o crime ter sido praticado contra a mulher por razão de ser ela do gênero feminino. Durante a instrução da 1ª fase do procedimento do Tribunal do Júri, antes da pronúncia, todos os fatos são confirmados, pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia. Em seguida, os autos são encaminhados ao(a) advogado(a) de Vinícius para manifestação. Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de Vinicius poderá, no momento da manifestação para a qual foi intimado, pugnar pelo imediato a) reconhecimento do arrependimento eficaz. b) afastamento da qualificadora do homicídio. c) reconhecimento da desistência voluntária. d) reconhecimento da causa de diminuição de pena da tentativa. 18. Ano: 2019 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado XXIX - Primeira Fase Durante a madrugada, Lucas ingressou em uma residência e subtraiu um computador. Quando se preparava para sair da residência, ainda dentro da casa, foi surpreendido pela chegada do proprietário. Assustado, ele o empurrou e conseguiu fugir com a coisa subtraída.Na manhã seguinte, arrependeu-se e resolveu devolver a coisa subtraída ao legítimo dono, o que efetivamente veio a ocorrer. O proprietário, revoltado com a conduta anterior de Lucas, compareceu em sede policial e narrou o ocorrido. Intimado pelo Delegado para comparecer em sede policial, Lucas, preocupado com uma possível responsabilização penal, procura o advogado da família e solicita esclarecimentos sobre a sua situação jurídica, reiterando que já no dia seguinte devolvera o bem subtraído. Na ocasião da assistência jurídica, o(a) advogado(a) deverá informar a Lucas que poderá ser reconhecido(a) a) a desistência voluntária, havendo exclusão da tipicidade de sua conduta. b) o arrependimento eficaz, respondendo o agente apenas pelos atos até então praticados. c) o arrependimento posterior, não sendo afastada a tipicidade da conduta, mas gerando aplicação de causa de diminuição de pena. d) a atenuante da reparação do dano, apenas, não sendo, porém, afastada a tipicidade da conduta. 19. Ano: 2018 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase No dia 05/03/2015, Vinícius, 71 anos, insatisfeito e com ciúmes em relação à forma de dançar de sua esposa, Clara, 30 anos mais nova, efetua disparos de arma de fogo contra ela, com a intenção de matar. Arrependido, após acertar dois disparos no peito da esposa, Vinícius a leva para o hospital, onde ela ficou em coma por uma semana. No dia 12/03/2015, porém, Clara veio a falecer, em razão das lesões causadas pelos disparos da arma de fogo. Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Vinícius, imputando-lhe a prática do crime previsto no Art. 121, § 2º, inciso VI, do Código Penal, uma vez que, em 09/03/2015, foi publicada a Lei nº 13.104, que previu a qualificadora antes mencionada, pelo fato de o crime ter sido praticado contra a mulher por razão de ser ela do gênero feminino. Durante a instrução da 1ª fase do procedimento do Tribunal do Júri, antes da pronúncia, todos os fatos são confirmados, pugnando o Ministério Público pela pronúncia nos termos da denúncia. Em seguida, os autos são encaminhados ao(a) advogado(a) de Vinícius para manifestação. Considerando apenas as informações narradas, o(a) advogado(a) de Vinicius poderá, no momento da manifestação para a qual foi intimado, pugnar pelo imediato a) reconhecimento do arrependimento eficaz. b) afastamento da qualificadora do homicídio. c) reconhecimento da desistência voluntária. https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/bancas/fgv https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/institutos/oab https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2019-oab-exame-de-ordem-unificado-xxix-primeira-fase https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/bancas/fgv https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/institutos/oab https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2018-oab-exame-de-ordem-unificado-xxvii-primeira-fase d) reconhecimento da causa de diminuição de pena da tentativa. GABARITO: 13- D / 14- B / 15- C / 16- D / 17-B / 18-D / 19-B 8. CAUSAS EXCLUDENTES DA ILICITUDE (JUSTIFICANTES) CONSENTIMENTO DO OFENDIDO É o ato da vítima (ou do ofendido) em anuir ou concordar com a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico do qual é titular. São requisitos para sua incidência: a) Bem jurídico disponível; b) Ofendido capaz; c) Consentimento livre, indubitável e anterior ou no máximo, contemporâneo à conduta; d) Que o autor do consentimento seja titular exclusivo ou expressamente autorizado a dispor sobre o bem jurídico. Exemplo: “A”, maior e capaz, consente previamente que “B” destrua seu veículo. ESTADO DE NECESSIDADE O estado de necessidade caracteriza-se pela colisão de interesses juridicamente protegidos, devendo um deles ser sacrificado em prol do interesse social. São requisitos para sua incidência: a) Existência de perigo atual (instantâneo); b) Direito próprio ou alheio ameaçado pelo perigo; c) Perigo não causado voluntariamente pelo agente; d) Inexistência do dever legal de enfrentar o perigo (Art. 24, §1º); e) Inevitabilidade do comportamento; f) Razoabilidade do sacrifício; g) Conhecimento da situação justificante; Exemplo: O pai para salvar a vida do filho furta alimentos de uma mercearia (furto famélico). LEGÍTIMA DEFESA A legítima defesa apresenta duplo fundamento: de um lado, a necessidade de defender bens jurídicos perante uma agressão; de outro, defender o próprio ordenamento jurídico, que se vê afetado ante uma agressão ilegítima. São requisitos para sua incidência: a) Agressão Injusta; b) Atual ou Iminente; c) Direito próprio ou alheio; d) Repulsa com meios necessários; e) Uso moderado de tais meios; f) Conhecimento da situação justificante; EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO É o desempenho de atividade permitida por lei, penal ou extrapenal, passível que ferir bem ou interesse jurídico de terceiro, mas que afasta a ilicitude do fato típico produzido. Exemplo: Art. 301, CPP - Flagrante facultativo. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL É o desempenho de obrigação imposta em lei, ainda que termine por ferir bem jurídico de terceiro, afastando- se a ilicitude do fato típico gerado. Exemplo: Art. 301, CPP - Flagrante obrigatório. 9. CAUSAS EXCLUDENTES DA CULPABILIDADE (EXCULPANTES) DOENÇA MENTAL É a perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de entender um caráter criminoso do fato ou a capacidade de comandar à vontade com esse entendimento. Exemplos: Esquizofrenia; neurose; paranoia. DESENVOLVIMENTO MENTAL INCOMPLETO Desenvolvimento mental que não se concluiu, a pessoa está evoluindo intelectualmente para se adaptar a sociedade. Exemplos: Menor de idade (-18 anos); Índio não adaptado. DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO Pessoa cuja aptidão mental é incompatível com a idade cronológica dela. Exemplo: Débil mental; imbecil; idiota. EMBRIAGUEZ ACIDENTAL COMPLETA Embriaguez é uma causa capaz de levar a exclusão da capacidade de entendimento e de vontade do agente, em virtude de uma intoxicação aguda e transitória causado por álcool ou qualquer outra substância psicotrópica. Todavia, não será qualquer espécie de embriaguez que afastará a responsabilidade penal. EMBRIAGUEZ NÃO ACIDENTAL - VOLUNTÁRIA: O agente quer se embriagar. - CULPOSA: Por negligência, embriagou-se. COMPLETA ou INCOMPLETA: Não exclui a imputabilidade, em razão da teoria da actio libera in causa. EMBRIAGUEZ ACIDENTAL -CASO FORTUITO: O agente desconhece os efeitos da substância que ingere. -FORÇA MAIOR: O agente é obrigado a ingerir a substância. - COMPLETA: Retira a capacidade de entendimento e autodeterminação Exclui a imputabilidade (art. 28, §1º); - INCOMPLETA: Diminui a capacidade de entendimento e autodeterminação. Diminui-se a pena do sujeito, (art. 28, §2º) EMBRIAGUEZ PATOLÓGICA Embriaguez doentia. Art. 26, CP EMBRIAGUEZ PREORDENADA Serve como meio para prática de crime. Agravante (art. 61, II, “l”, CP) ERRO DE PROIBIÇÃO Incide o erro sobre a ilicitude do fato quanto o agente sabe exatamente o que está fazendo, porém não sabe que era proibido. Se pelas características dele (baixo nível sociocultural, vida rústica, estrangeiro etc.) comete erro inevitável será isento de pena. - SE INEVITÁVEL (ESCUSÁVEL): Isenta de pena, dois exclui a culpabilidade. - SE EVITÁVEL (INESCUSÁVEL): Poderá diminuir a pena de 1/6 para 1/3. Exemplo: Agente proveniente da Holanda com sua cota diária de maconha foi surpreendido em posse da droga no aeroporto de Cumbica (SP) e alegou que desconhecia a proibição da droga no Brasil, quando se trata de posse para uso próprio. Exemplo: Marinheiropreso em flagrante com lança-perfume, quando vinha da Argentina (onde lança- perfume, ao contrário do que ocorre no Brasil, é permitido). COAÇÃO MORAL SE A COAÇÃO FOR IRRESISTÍVEL SE A COAÇÃO FOR RESISTÍVEL COATOR Responde, como autor, pelo crime praticado pelo coagido + crime de tortura (art. 1° da Lei de Tortura) Responde, também, pelo crime praticado pelo coagido + agravante (art. 62, II, CP) COAGIDO Isento de pena por inexigibilidade de conduta diversa. Responde pelo crime praticado + atenuante (art. 65, III, “c”,CP) OBEDIÊNCIA HIERARQUICA SE A ORDEM NÃO FOR MANIFESTAMENTE ILEGAL SE A ORDEM FOR MANIFESTAMENTE ILEGAL SE A ORDEM POR LEGÍTIMA SUPERIOR Responde, como autor mediato, pelo crime praticado pelo subordinado Responde, pelo crime praticado pelo subordinado Não há crime (estrito cumprimento do dever legal) SUBORDINADO Isento de pena por inexigibilidade de conduta diversa Responde, pelo crime praticado, mas poderá ser a pena atenuada (art. 65, III, “c”, CP) Não há crime (estrito cumprimento do dever legal) COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM: 20. Ano: 2015 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Carlos e seu filho de dez anos caminhavam por uma rua com pouco movimento e bastante escura, já de madrugada, quando são surpreendidos com a vinda de um cão pitbull na direção deles. Quando o animal iniciou o ataque contra a criança, Carlos, que estava armado e tinha autorização para assim se encontrar, efetuou um disparo na direção do cão, que não foi atingido, ricocheteando a bala em uma pedra e acabando por atingir o dono do animal, Leandro, que chegava correndo em sua busca, pois notou que ele fugira clandestinamente da casa. A vítima atingida veio a falecer, ficando constatado que Carlos não teria outro modo de agir para evitar o ataque do cão contra o seu filho, não sendo sua conduta tachada de descuidada. Diante desse quadro, assinale a opção que apresenta situação jurídica de Carlos. a) Carlos atuou em legítima defesa de seu filho, devendo responder, porém, pela morte de Leandro. b) Carlos atuou em estado de necessidade defensivo, devendo responder, porém, pela morte de Leandro. c) Carlos atuou em estado de necessidade e não deve responder pela morte de Leandro. d) Carlos atuou em estado de necessidade putativo, razão pela qual não deve responder pela morte de Leandro. 21. Ano: 2013 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Débora estava em uma festa com seu namorado Eduardo e algumas amigas quando percebeu que Camila, colega de faculdade, insinuava-se para Eduardo. Cega de raiva, Débora esperou que Camila fosse ao banheiro e a seguiu. Chegando lá e percebendo que estavam sozinhas no recinto, Débora desferiu vários tapas no rosto de Camila, causando-lhe lesões corporais de natureza leve. Camila, por sua vez, atordoada com o acontecido, somente deu por si quando Débora já estava saindo do banheiro, vangloriando-se da surra dada. Neste momento, com ódio de sua algoz, Camila levanta-se do chão, agarra Débora pelos cabelos e a golpeia com uma tesourinha de unha que carregava na bolsa, causando-lhe lesões de natureza grave. Com relação à conduta de Camila, assinale a afirmativa correta. a) Agiu em legítima defesa. b) Agiu em legítima defesa, mas deverá responder pelo excesso doloso. c) Ficará isenta de pena por inexigibilidade de conduta diversa. d) Praticou crime de lesão corporal de natureza grave, mas poderá ter a pena diminuída. 22. Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Wellington pretendia matar Ronaldo, camisa 10 e melhor jogador de futebol do time Bola Cheia, seu adversário no campeonato do bairro. No dia de um jogo do Bola Cheia, Wellington vê, de costas, um jogador com a camisa 10 do time rival. Acreditando ser Ronaldo, efetua diversos disparos de arma de fogo, mas, na verdade, aquele que vestia a camisa 10 era Rodrigo, adolescente que substituiria Ronaldo naquele jogo. Em virtude dos disparos, Rodrigo faleceu. Considerando a situação narrada, assinale a opção que indica o crime cometido por Wellington. a) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro na execução. b) Homicídio consumado, considerando-se as características de Rodrigo. c) Homicídio consumado, considerando-se as características de Ronaldo, pois houve erro sobre a pessoa. d) Tentativa de homicídio contra Ronaldo e homicídio culposo contra Rodrigo. 23. Ano: 2014 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Eslow, holandês e usuário de maconha, que nunca antes havia feito uma viagem internacional, veio ao Brasil para a Copa do Mundo. Assistindo ao jogo Holanda x Brasil decidiu, diante da tensão, fumar um cigarro de maconha nas arquibancadas do estádio. Imediatamente, os policiais militares de plantão o prenderam e o conduziram à Delegacia de Polícia. Diante do Delegado de Polícia, Eslow, completamente assustado, afirma que não sabia que no Brasil a utilização de pequena quantidade de maconha era proibida, pois, no seu país, é um habito assistir a jogos de futebol fumando maconha. Sobre a hipótese apresentada, assinale a opção que apresenta a principal tese defensiva. a) Eslow está em erro de tipo essencial escusável, razão pela qual deve ser absolvido. b) Eslow está em erro de proibição direto inevitável, razão pela qual deve ser isento de pena. c) Eslow está em erro de tipo permissivo escusável, razão pela qual deve ser punido pelo crime culposo. d) Eslow está em erro de proibição, que importa em crime impossível, razão pela qual deve ser absolvido. 24. Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Miguel, com 27 anos de idade, pratica conjunção carnal com Maria, jovem saudável com 16 anos de idade, na residência desta, que consente com o ato. Na mesma data e também na mesma residência, a irmã de Maria, de nome Marta, com 18 anos, permite que seu namorado Alexandre quebre todos os porta-retratos que estão com as fotos de seu ex- namorado. O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Miguel pelo crime de estupro. Marta, após o fim da relação, ofereceu queixa pela prática de dano por Alexandre. Os réus contrataram o mesmo advogado, que deverá alegar que não foram praticados crimes, pois, em relação às condutas de Miguel e Alexandre, respectivamente, estamos diante de a) causa supralegal excludente da ilicitude e causa supralegal de excludente da culpabilidade. b) causa excludente da tipicidade, em ambos os casos. c) causa excludente da tipicidade e causa supralegal de excludente da ilicitude. d) causa supralegal de excludente da ilicitude, em ambos os casos. 25. Ano: 2013 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Para aferição da inimputabilidade por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, assinale a alternativa que indica o critério adotado pelo Código Penal vigente. a) Biológico. b) Psicológico. c) Psiquiátrico. d) Biopsicológico. 26. Ano: 2018 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: XXV Exame de Ordem Unificado Laura, nascida em 21 de fevereiro de 2000, é inimiga declarada de Lívia, nascida em 14 de dezembro de 1999, sendo que o principal motivo da rivalidade está no fato de que Lívia tem interesse no namorado de Laura. Durante uma festa, em 19 de fevereiro de 2018, Laura vem a saber que Lívia anunciou para todos que tentaria manter relações sexuais com o referido namorado. Soube, ainda, que Lívia disse que, na semana seguinte, iria desferir um tapa no rosto de Laura, na frente de seus colegas, como forma de humilhá-la. Diante disso, para evitar que as ameaças de Lívia se concretizassem, Laura, durante a festa, desfere facadas no peito de Lívia, mas terceiros intervêm e encaminham Lívia diretamente para o hospital. Dois dias depois, Líviavem a falecer em virtude dos golpes sofridos. Descobertos os fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia em face de Laura pela prática do crime de homicídio qualificado. Confirmados integralmente os fatos, a defesa técnica de Laura deverá pleitear o reconhecimento da a) inimputabilidade da agente. b) legítima defesa. c) inexigibilidade de conduta diversa. d) atenuante da menoridade relativa. GABARITO: 20-C / 21-D / 22-C / 23-B / 24-C / 25-D / 26-A TEORIA DA PENA 10. APLICAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE CRITÉRIO TRIFÁSICO 1º Fase O juiz analisa as circunstâncias judiciais elencadas no art. 59, CP; Estabelece a PENA-BASE 2º Fase O juiz analisa as circunstâncias agravantes (art. 61 a 64, CP) e as circunstâncias atenuantes (art. 65 e 66, CP); Estabelece a PENA PROVISÓRIA 3º Fase O juiz analisa as causas de diminuição e aumento da pena; Estabelece, por fim, a PENA DEFINITIVA Reincidência Portador de maus antecedentes REINCIDÊNCIA Reincidir significa incidir novamente, já no Direito Penal significa repetir o fato punível. Atente-se que os efeitos da reincidência são temporários (sistema da temporariedade). 1º Crime Trânsito em julgado de sentença condenatória Fim do Cumprimento da Pena / Extinção da Fim do período depurador (prazo de 5 anos) Ficta Real - GERA REINCIDÊNCIA: Se a pessoa é condenada definitivamente por E depois da condenação definitiva pratica novo (a) Qual será a consequência? Crime (Brasil ou exterior) Crime Reincidência Crime (Brasil ou exterior) Contravenção Reincidência Contravenção (Brasil) Contravenção Reincidência Contravenção (Brasil) Crime Não há reincidência Contravenção (estrangeiro) Crime ou contravenção Não há reincidência - NÃO GERA REINCIDÊNCIA: Crimes militares próprios; São aqueles previstos apenas no código penal militar. Exemplo: embriaguez em serviço (art. 202, CPM); dormir em serviço (art. 203, CPM); desrespeito (art. 160, CPM; cobardia (art. 363, CPM); fuga na presença de inimigo (art. 365, CPM). Crimes políticos; É aquele de motivação política que lesione (lesionar) ou ameaça a estrutura político-social vigente no país, isto é, atentam contra a ordem constitucional ou o Estado Democrático. Exemplo: art. 2° da Lei 7.170/83 (Lei de Segurança Nacional). SÚMULAS RELACIONADAS: - Súmula 231, STJ: A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. - Súmula 241, STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial. - Súmula 443, STJ: O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. - Súmula 545, STJ: Quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador, o réu fará jus à atenuante prevista no artigo 65, III, d, do Código Penal. - Súmula 636, STJ: A folha de antecedentes criminais é documento suficiente a comprovar os maus antecedentes e a reincidência. 12. PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS As penas restritivas de direitos ostentam duas características, a saber: autonomia e substitutividade. Podemos esquematizar os requisitos elencados no artigo 44 do Código Penal da seguinte forma: objetivos (dizem respeito ao fato praticado) e subjetivos (relacionados ao agente). REQUISITOS OBJETIVOS REQUISITOS SUBJETIVOS CRIME DOLOSO Pena não superior a 4 anos; Crime cometido, sem violência ou grave ameaça à pessoa. Não ser o condenado reincidente em crime doloso;* A substituição seja indicada e suficiente; (art. 44, § 3º, CP) CRIME CULPOSO Qualquer pena aplicada. × ATENÇÃO: O reincidente em crime culposo não tem impedimento para receber uma pena restritiva de direitos. ATENÇÃO: Mesmo sendo reincidente (em crime doloso), o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. ATENÇÃO: na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos. ATENÇÃO: na condenação superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritivas de direitos e multa ou por duas penas restritivas de direitos. 13. CONCURSO DE CRIMES CONCURSO MATERIAL Ocorre o concurso material quando o agente, mediante mais de uma conduta (ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. No concurso material há pluralidade de condutas e pluralidade de crimes. Adota-se, nesse caso, o CÚMULO MATERIAL – este sistema recomenda a soma das penas de cada um dos delitos componentes do concurso. CONCURSO FORMAL Ocorre o concurso formal quando o agente, mediante uma só conduta (ação ou omissão), pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. No concurso formal há unidade de conduta e pluralidade de crimes. CONCURSO FORMAL PRÓPRIO O concurso formal será próprio (perfeito) quando a unidade de comportamento corresponder à unidade interna da vontade do agente, isto é, o agente deve querer realizar apenas um crime, obter um único resultado danoso. Adota-se, nesse caso, a EXASPERAÇÃO – este sistema recomenda a aplicação da pena mais grave, aumentada de terminada quantidade em decorrência dos demais crimes. CONCURSO FORMAL IMPRÓPRIO O concurso formal será impróprio (imperfeito) quando o agente deseja a realização de mais de um crime, ou seja, tiver consciência e vontade em relação a cada um deles (desígnios autônomos). Adota-se, nesse caso, o CÚMULO MATERIAL – este sistema recomenda a soma das penas de cada um dos delitos componentes do concurso. CONCURSO MATERIAL BENÉFICO (FAVORÁVEL) Se o sistema da exasperação elevar a pena além daquilo que a simples soma aritmética representaria, a lei determina que seja realizado o cúmulo material. CRIME CONTINUADO É uma ficção jurídica, em benefício do réu, significando que a prática de várias condutas, implicando em vários resultados típicos, desde que concretizem crimes da mesma espécie, em circunstâncias semelhantes de lugar, tempo e modo de execução, pode formar um só delito consumado, aplicando-se a pena do mais grave, ou se idênticas, qualquer delas, com um aumento variável, como regra, de um sexto a dois terços. Adota-se, em regra, a EXASPERAÇÃO – este sistema recomenda a aplicação da pena mais grave, aumentada de terminada quantidade em decorrência dos demais crimes. Agora cuidado, pois se for crime continuado específico, ou seja, praticado com violência ou grave ameaça à pessoa, contra vítimas diferentes, o juiz pode aumentar a pena até o triplo. COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM: 27. Ano: 2015 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: XVII Exame de Ordem Unificado Reconhecida a prática de um injusto culpável, o juiz realiza o processo de individualização da pena, de acordo com o Art. 68 do Código Penal. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, assinale a afirmativa correta. a) A condenação com trânsito em julgado por crime praticado em data posterior ao delito pelo qual o agente está sendo julgado pode funcionar como maus antecedentes. b) Não se mostra possível a compensação da agravante da reincidência com a atenuante da confissão espontânea. c) Nada impede que a pena intermediária, na segunda fase do critério trifásico, fique acomodada abaixo do mínimo legal. d) O aumento da pena na terceira fase no roubo circunstanciado exige fundamentação concreta, sendo insuficiente a simples mençãoao número de majorantes. 28. Ano: 2014 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado José cometeu, em 10/11/2008, delito de roubo. Foi denunciado, processado e condenado, com sentença condenatória publicada em 18/10/2009. A referida sentença transitou definitivamente em julgado no dia 29/08/2010. No dia 15/05/2010, José cometeu novo delito, de furto, tendo sido condenado, por tal conduta, no dia 07/04/2012.Nesse sentido, levando em conta a situação narrada e a disciplina acerca da reincidência, assinale a afirmativa correta. a) Na sentença relativa ao delito de roubo, José deveria ser considerado reincidente. b) Na sentença relativa ao delito de furto, José deveria ser considerado reincidente. c) Na sentença relativa ao delito de furto, José deveria ser considerado primário. d) Considera-se reincidente aquele que pratica crime após publicação de sentença que, no Brasil ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. 29. Ano: 2014 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: XX Exame de Ordem Unificado Rafael foi condenado pela prática de crime a pena privativa de liberdade de 04 anos e 06 meses, tendo a sentença transitado em julgado em 10/02/2008. Após cumprir 02 anos e 06 meses de pena, obteve livramento condicional em 10/08/2010, sendo o mesmo cumprido com correção e a pena extinta em 10/08/2012. Em 15/09/2015, Rafael pratica novo crime, dessa vez de roubo, tendo como vítima senhora de 60 anos de idade, circunstância que era do seu conhecimento. Dois dias depois, arrependido, antes da denúncia, reparou integralmente o dano causado. Na sentença, o magistrado condenou o acusado, reconhecendo a existência de duas agravantes pela reincidência e idade da vítima, além de não reconhecer o arrependimento posterior. O advogado de Rafael deve pleitear a) reconhecimento do arrependimento posterior. b) reconhecimento da tentativa. c) afastamento da agravante pela idade da vítima. d) afastamento da agravante da reincidência. 30. Ano: 2017 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Cássio foi denunciado pela prática de um crime de dano qualificado, por ter atingido bem municipal (Art. 163, parágrafo único, inciso III, do CP – pena: detenção de 6 meses a 3 anos e multa), merecendo destaque que, em sua Folha de Antecedentes Criminais, consta uma única condenação anterior, definitiva, oriunda de sentença publicada 4 anos antes, pela prática do crime de lesão corporal culposa praticada na direção de veículo automotor. Ao final da instrução, Cássio confessa integralmente os fatos, dizendo estar arrependido e esclarecendo que “perdeu a cabeça” no momento do crime, sendo certo que está trabalhando e tem 03 filhos com menos de 10 anos de idade que são por ele sustentados. Apenas com base nas informações constantes, o(a) advogado(a) de Cássio poderá pleitear, de acordo com as previsões do Código Penal, em sede de alegações finais, a) o reconhecimento do perdão judicial. b) o reconhecimento da atenuante da confissão, mas nunca sua compensação com a reincidência. c) a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, apesar de o agente ser reincidente. d) o afastamento da agravante da reincidência, já que o crime pretérito foi praticado em sua modalidade culposa, e não dolosa. 31. Ano: 2011 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Com relação aos critérios para substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, assinale a alternativa correta. a) A substituição nunca poderá ocorrer se o réu for reincidente em crime doloso. b) Somente fará jus à substituição o réu que for condenado a pena não superior a 4 (quatro) anos. c) Em caso de descumprimento injustificado da pena restritiva de direitos, esta será convertida em privativa de liberdade, reiniciando-se o cumprimento da integralidade da pena fixada em sentença. d) Se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. 32. Ano: 2014 / Banca: FGV / Órgão: OAB /Prova: Exame de Ordem Unificado Roberto estava dirigindo seu automóvel quando perdeu o controle da direção e subiu a calçada, atropelando dois pedestres que estavam parados num ponto de ônibus. Nesse contexto, levando-se em consideração o concurso de crimes, assinale a opção correta, que contempla a espécie em análise: a) concurso material. b) concurso formal próprio ou perfeito. c) concurso formal impróprio ou imperfeito. d) crime continuado. 33. Ano: 2017 / Banca: FGV / Órgão: OAB /Prova: XXIII Exame de Ordem Unificado Pedro, quando limpava sua arma de fogo, devidamente registrada em seu nome, que mantinha no interior da residência sem adotar os cuidados necessários, inclusive o de desmuniciá-la, acaba, acidentalmente, por dispará-la, vindo a atingir seu vizinho Júlio e a esposa deste, Maria. Júlio faleceu em razão da lesão causada pelo projétil e Maria sofreu lesão corporal e debilidade permanente de membro. Preocupado com sua situação jurídica, Pedro o procura para, na condição de advogado, orientá-lo acerca das consequências do seu comportamento. Na oportunidade, considerando a situação narrada, você deverá esclarecer, sob o ponto de vista técnico, que ele poderá vir a ser responsabilizado pelos crimes de a) homicídio culposo, lesão corporal culposa e disparo de arma de fogo, em concurso formal. b) homicídio culposo e lesão corporal grave, em concurso formal. c) homicídio culposo e lesão corporal culposa, em concurso material. d) homicídio culposo e lesão corporal culposa, em concurso formal. 34. Ano: 2012 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: Exame de Ordem Unificado Otelo objetiva matar Desdêmona para ficar com o seguro de vida que esta havia feito em seu favor. Para tanto, desfere projétil de arma de fogo contra a vítima, causando-lhe a morte. Todavia, a bala atravessa o corpo de Desdêmona e ainda atinge Iago, que passava pelo local, causando-lhe lesões corporais. Considerando-se que Otelo praticou crime de homicídio doloso qualificado em relação a Desdêmona e, por tal crime, recebeu pena de 12 anos de reclusão, bem como que praticou crime de lesão corporal leve em relação a Iago, tendo recebido pena de 2 meses de reclusão, é correto afirmar que a) o juiz deverá aplicar a pena mais grave e aumentá-la de um sexto até a metade. b) o juiz deverá somar as penas. c) é caso de concurso formal homogêneo. d) é caso de concurso formal impróprio. 35. Ano: 2018 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: XXV Exame de Ordem Unificado Juarez, com a intenção de causar a morte de um casal de vizinhos, aproveita a situação em que o marido e a esposa estão juntos, conversando na rua, e joga um artefato explosivo nas vítimas, sendo a explosão deste material bélico a causa eficiente da morte do casal. Apesar de todos os fatos e a autoria restarem provados em inquérito encaminhado ao Ministério Público com relatório final de indiciamento de Juarez, o Promotor de Justiça se mantém inerte em razão de excesso de serviço, não apresentando denúncia no prazo legal. Depois de vários meses com omissão do Promotor de Justiça, o filho do casal falecido procura o advogado da família para adoção das medidas cabíveis. No momento da apresentação de queixa em ação penal privada subsidiária da pública, o advogado do filho do casal, sob o ponto de vista técnico, de acordo com o Código Penal, deverá imputar a Juarez a prática de dois crimes de homicídio em a) concurso material, requerendo a soma das penas impostas para cada um dos delitos. b) concurso formal, requerendo a exasperação da pena mais grave em razão do concurso de crimes. c) continuidade delitiva, requerendo a exasperação da pena mais grave em razão do concurso de crimes. d) concurso formal, requerendo a soma das penas impostas para cada um dos delitos. 36. Ano: 2018 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: XXVI Exame de Ordem UnificadoCadu, com o objetivo de matar toda uma família de inimigos, pratica, durante cinco dias consecutivos, crimes de homicídio doloso, cada dia causando a morte de cada um dos cinco integrantes da família, sempre com o mesmo modus operandi e no mesmo local. Os fatos, porém, foram descobertos, e o autor, denunciado pelos cinco crimes de homicídio, em concurso material. Com base nas informações expostas e nas previsões do Código Penal, provada a autoria delitiva em relação a todos os delitos, o advogado de Cadu a) não poderá buscar o reconhecimento da continuidade delitiva, tendo em vista que os crimes foram praticados com violência à pessoa, somente cabendo reconhecimento do concurso material. b) não poderá buscar o reconhecimento de continuidade delitiva, tendo em vista que os crimes foram praticados com violência à pessoa, podendo, porém, o advogado pleitear o reconhecimento do concurso formal de delitos. c) poderá buscar o reconhecimento da continuidade delitiva, mesmo sendo o delito praticado com violência contra a pessoa, cabendo, apenas, aplicação da regra de exasperação da pena de 1/6 a 2/3. d) poderá buscar o reconhecimento da continuidade delitiva, mas, diante da violência contra a pessoa e da diversidade de vítimas, a pena mais grave poderá ser aumentada em até o triplo. 37. Ano: 2019 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: FGV - 2019 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVIII - Primeira Fase Douglas foi condenado pela prática de duas tentativas de roubo majoradas pelo concurso de agentes e restrição da liberdade das vítimas (Art. 157, § 2º, incisos II e V, c/c. o Art. 14, inciso II, por duas vezes, na forma do Art. 70, todos do CP). No momento de fixar a sanção penal, o juiz aplicou a pena base no mínimo legal, reconhecendo a confissão espontânea do agente, mas deixou de diminuir a pena na segunda fase. No terceiro momento, o magistrado aumentou a pena do máximo, considerando as circunstâncias do crime, em especial a quantidade de agentes (5 agentes) e o tempo que durou a restrição da liberdade das vítimas. Ademais, reduziu, ainda na terceira fase, a pena do mínimo legal em razão da tentativa, novamente fundamentando na gravidade do delito e naquelas circunstâncias de quantidade de agentes e restrição da liberdade. Após a aplicação da pena dos dois delitos, reconheceu o concurso formal de crimes, aumentando a pena de um deles de acordo com a quantidade de crimes praticados. O Ministério Público não recorreu. Considerando as informações narradas, de acordo com a jurisprudência pacificada do Superior Tribunal de Justiça, o(a) advogado(a) de Douglas, quanto à aplicação da pena, deverá buscar a) a redução da pena na segunda fase diante do reconhecimento da atenuante da confissão espontânea. b) a redução do quantum de aumento em razão da presença das majorantes, que deverá ser aplicada de acordo com a quantidade de causas de aumento. c) o aumento do quantum de diminuição em razão do reconhecimento da tentativa, pois a fundamentação apresentada pelo magistrado foi inadequada. d) a redução do quantum de aumento em razão do reconhecimento do concurso de crimes, devido à fundamentação inadequada. GABARITO: 27-D / 28-C / 29-D / 30-C / 31-D / 32-B/ 33-D / 34-B / 35-D / 36-D / 37-D CRIMES EM ESPÉCIE 14. CRIMES CONTRA A VIDA 14.1. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO-QUALIFICADO É possível o homicídio privilegiado qualificado, desde que a circunstância qualificadora que concorre com o privilégio seja objetiva (incisos III e IV). https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/bancas/fgv https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/institutos/oab https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2019-oab-exame-de-ordem-unificado-xxviii-primeira-fase 14.2. HOMICÍDIO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR Aplica-se o disposto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (princípio da especialidade), cuja pena é mais rigorosa. 14.3. PERDÃO JUDICIAL Na hipótese do homicídio culposo, o juiz, analisando as circunstâncias que envolvam o caso concreto, decidirá sobre a aplicação do perdão judicial (art. 121, §5º). 14.4. ABORTO NECESSÁRIO Caso seja necessária a realização do aborto por pessoa sem a habilitação profissional do médico (parteira, farmacêutica, enfermeira etc.), apesar de ser fato típico, está o agente acobertado pela descriminante do estado de necessidade (art. 24). 15. CRIMES CONTRA A HONRA 15.1. RETRATAÇÃO Pela retratação o agente reconsidera a afirmação anterior e, assim, procura impedir o dano que poderia resultar da sua falsidade. Há hipóteses legais em que a retratação exime o réu de pena, esses casos são os de calúnia, difamação, falso testemunho e falsa perícia (art. 143 e 342,§2º). 15.2. CALÚNIA x DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA CALÚNIA (ART. 138) DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA (ART. 339) Imputar determinado fato previsto como crime, sabidamente falso. Imputar a alguém falsamente fato definido como crime; + Dar causa à instauração de procedimento oficial contra alguém. Tutela-se a honra objetiva da vítima, isto é, sua reputação perante terceiros. Tutela-se o regular andamento da Administração da Justiça, impulsionada inútil e criminosamente; em segundo lugar, protege-se a honra da pessoa ofendida. 15.3. INJÚRIA RACIAL x RACISMO INJÚRIA PRECONCEITO RACISMO Dolo do agente Injuriar pessoa determinada Discriminar grupo Prescrição Prescritível Imprescritível Fiança Afiançável Inafiançável Ação penal Pública condicionada a representação Pública incondicionada 16. CRIMES CONTRA O PATRIMÔMIO 16.1. FURTO x CRIME IMPOSSÍVEL Súmula 567, STJ - Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. 16.2. FURTO PRIVILEGIADO Súmula 511, STJ - É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de ordem objetiva. 16.3. CONSUMAÇÃO DO CRIME DE ROUBO Súmula 582, STJ - Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. https://www.legjur.com/legislacao/art/dcl_00028481940 16.4. RECEPTAÇÃO x FAVORECIMENTO REAL RECEPTAÇÃO (ART. 180) FAVORECIMENTO REAL (ART. 349) Crime contra o patrimônio. Crime contra a Administração da Justiça. O agente busca vantagem pessoal ou de terceiro (que não o autor do crime anterior). O agente não busca vantagem pessoal, mas assegurar vantagem do autor do crime anterior, prestando-lhe auxílio. 16.5. ESCUSAS ABSOLUTÓRIAS NOS DELITOS PATRIMONIAIS (CP) Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. (CP) Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. (CP) Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; II - ao estranho que participa do crime. III - se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos 17. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 17.1. IMPORTUNAÇÃOSEXUAL (CP) Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. 17.2. DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO OU DE PORNOGRAFIA (CP) Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave. Aumento de pena § 1º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se o crime é praticado por agente que mantém ou tenha mantido relação íntima de afeto com a vítima ou com o fim de vingança ou humilhação. Exclusão de ilicitude § 2º Não há crime quando o agente pratica as condutas descritas no caput deste artigo em publicação de natureza jornalística, científica, cultural ou acadêmica com a adoção de recurso que impossibilite a identificação da vítima, ressalvada sua prévia autorização, caso seja maior de 18 (dezoito) anos. 17.3. AÇÃO PENAL NOS DELITOS CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (CP) Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública incondicionada. 18. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 18.1. PECULATO CULPOSO Pune-se o funcionário público q que, através de manifesta negligência, imprudência ou imperícia, infringindo dever de cuidado objetivo, criar condições favoráveis à prática do peculato doloso, em qualquer de suas modalidades (apropriação, desvio ou subtração). Nessa hipótese, reparado o dano antes do trânsito em julgado da sentença ou do acórdão condenatório, extingue-se a punibilidade. Caso a reparação ocorra após esse limite legal, reduz-se a pena pela metade (art. 312, § 3º, CP) 18.2. CONCUSSÃO A conduta típica se consubstancia em exigir o agente, por si ou por interposta pessoa, explícita ou implicitamente, vantagem indevida, abusando da sua autoridade pública como meio de coação. Trata-se de uma forma especial de extorsão, executada pelo funcionário público. 18.3. CORRUPÇÃO PASSIVA O particular só será vítima se a corrupção partir do funcionário público corrupto. Se o particular oferecer ou promoter vantagem, responderá por corrupção ativa (art. 333), um caso típico de exceção pluralista à teoria monista ou unitária do concurso de pessoas (art. 29). CORRUPÇÃO PASSIVA (ART. 317) CORRUPÇÃO ATIVA (ART. 333) SOLICITAR - RECEBER OFERECER ACEITAR PROMESSA PROMETER VANTAGEM COMO JÁ APARECEU NO EXAME DE ORDEM: 38. Ano: 2015/ Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: FGV - 2015 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XVIII - Primeira Fase Maria mantém relacionamento clandestino com João. Acreditando estar grávida, procura o seu amigo Pedro, que é auxiliar de enfermagem, e implora para que ele faça o aborto. Pedro, que já auxiliou diversas cirurgias legais de aborto, acreditando ter condições técnicas de realizar o ato sozinho, atende ao pedido de sua amiga, preocupado com a situação pessoal de Maria, que não poderia assumir a gravidez por ela anunciada. Durante a cirurgia, em razão da imperícia de Pedro, Maria vem a falecer, ficando apurado que, na verdade, ela não estava grávida. Em razão do fato narrado, Pedro deverá responder pelo crime de a) aborto tentado com consentimento da gestante qualificado pelo resultado morte. b) aborto tentado com consentimento da gestante. c) homicídio culposo. d) homicídio doloso. 39. Ano: 2016 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: FGV - 2016 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XIX - Primeira Fase Patrício, ao chegar em sua residência, constatou o desaparecimento de um relógio que havia herdado de seu falecido pai. Suspeitando de um empregado que acabara de contratar para trabalhar em sua casa e que ficara sozinho por todo o https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/bancas/fgv https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/institutos/oab https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2015-oab-exame-de-ordem-unificado-xviii-primeira-fase https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/bancas/fgv https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/institutos/oab https://www.qconcursos.com/questoes-da-oab/provas/fgv-2016-oab-exame-de-ordem-unificado-xix-primeira-fase dia no local, Patrício registrou o fato na Delegacia própria, apontando, de maneira precipitada, o empregado como autor da subtração, sendo instaurado o respectivo inquérito em desfavor daquele “suspeito”. Ao final da investigação, o inquérito foi arquivado a requerimento do Ministério Público, ficando demonstrado que o indiciado não fora o autor da infração. Considerando que Patrício deu causa à instauração de inquérito policial em desfavor de empregado cuja inocência restou demonstrada, é correto afirmar que o seu comportamento configura a) fato atípico. b) crime de denunciação caluniosa dolosa. c) crime de denunciação caluniosa culposa. d) calúnia. 40. Ano: 2017 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira Fase Roberta, enquanto conversava com Robson, afirmou categoricamente que presenciou quando Caio explorava jogo do bicho, no dia 03/03/2017. No dia seguinte, Roberta contou para João que Caio era um “furtador”. Caio toma conhecimento dos fatos, procura você na condição de advogado(a) e nega tudo o que foi dito por Roberta, ressaltando que ela só queria atingir sua honra. Nesse caso, deverá ser proposta queixa-crime, imputando a Roberta a prática de a) 1 crime de difamação e 1 crime de calúnia. b) 1 crime de difamação e 1 crime de injúria. c) 2 crimes de calúnia. d) 1 crime de calúnia e 1 crime de injúria. 41. Ano: 2018 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: FGV - 2018 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXVII - Primeira Fase Leonardo, nascido em 20/03/1976, estava em dificuldades financeiras em razão de gastos contínuos com entorpecente para consumo. Assim, em 05/07/2018, subtraiu, em comunhão de ações e desígnios com João, nascido em 01/01/1970, o aparelho de telefonia celular de seu pai, Gustavo, nascido em 05/11/1957, tendo João conhecimento de que Gustavo era genitor do comparsa. Após a descoberta dos fatos, Gustavo compareceu em sede policial, narrou o ocorrido e indicou os autores do fato, que vieram a ser denunciados pelo crime de furto qualificado pelo concurso de agentes. No momento da sentença, confirmados os fatos, o juiz reconheceu a causa de isenção de pena em relação aos denunciados, considerando a condição de a vítima ser pai de um dos autores do fato. Inconformado com o teor da sentença, Gustavo, na condição de assistente de acusação habilitado, demonstrou seu interesse em recorrer. Com base apenas nas informações expostas, o(a) advogado(a) de Gustavo deverá esclarecer que a) os dois denunciados fazem jus a causa de isenção de pena da escusa absolutária, conforme reconhecido pelo magistrado, já que a circunstância de a vítima ser pai de Leonardo deve ser estendida para João. b) nenhum dos dois denunciados faz jus à causa de isenção de pena da escusa absolutória, devendo, confirmada a autoria, ambos ser condenados e aplicada pena. c) somente Leonardo faz jus a causa de isenção de pena da escusa absolutória, não podendo esta ser estendida ao coautor. d) somente João faz jus a causa de isenção de pena da escusa absolutória, não podendo esta ser estendida ao coautor. 42. Ano: 2017 / Banca: FGV / Órgão: OAB / Prova: FGV - 2017 - OAB - Exame de Ordem Unificado - XXIII - Primeira
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