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Revisão Turbo OAB Direito Civil

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Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
 Direito Civil 
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 Direito Civil 
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Direito Civil 
Revisão Turbo | 39° Exame da OAB 
 
 
 
Sumário 
 
Aula 09/11/2023 – Turno da noite ................................................................................................ 4 
Aula 14/11/2023 – Turno da manhã ........................................................................................... 36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Aula 09/11/2023 – Turno da noite 
 
1. Parte geral: pessoa natural 
 
 
 Resolva a questão a seguir: 
1) FGV - 2022 - OAB – 35º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Maurício, ator, 23 anos, e Fernanda, atriz, 25 anos, diagnosticados com Síndrome de Down, não 
curatelados, namoram há 3 anos. Em 2019, enquanto procuravam uma atividade laborativa em sua área, 
tanto Maurício quanto Fernanda buscaram, em processos diferentes, a fixação de tomada de decisão 
apoiada para o auxílio nas decisões relativas à celebração de diversas espécies de contratos, a qual se 
processou seguindo todos os trâmites adequados deferidos pelo Poder Judiciário. Assim, os pais de 
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Maurício tornaram-se seus apoiadores e os pais de Fernanda, os apoiadores dela. Em 2021, Fernanda e 
Maurício assinaram contratos com uma emissora de TV, também assinados por seus respectivos 
apoiadores. Como precisarão morar próximo à emissora, o casal terá de mudar-se de sua cidade e, por 
isso, está buscando alugar um apartamento. Nesta conjuntura, Maurício e Fernanda conheceram Miguel, 
proprietário do imóvel que o casal pretende locar. Sobre a situação apresentada, conforme a legislação 
brasileira, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Maurício e Fernanda são incapazes em razão do diagnóstico de Síndrome de Down. 
B) Maurício e Fernada são capazes por serem pessoas com deficiência apoiadas, ou seja, caso não 
fossem apoiados, seriam incapazes. 
C) Maurício e Fernanda são capazes, independentemente do apoio, mas Miguel poderá exigir que os 
apoiadores contra-assinem o contrato de locação, caso ele seja realmente celebrado. 
D) Miguel, em razão da capacidade civil de Maurício e de Fernanda, fica proibido de exigir que os 
apoiadores de ambos contra-assinem o contrato de locação, caso ele seja realmente celebrado. 
 
 
2. Parte geral: pessoa jurídica 
*Para todos verem: esquema. 
 
P
e
s
s
o
a
 j
u
rí
d
ic
a
Direito público – art. 41 e 42, 
CC
Direito privado – art. 44, CC
Personalidade jurídica - art. 
45, CC
Atos constitutivos 
Registro no CRCPJ
Registro no Registro 
Público de Empresas 
Mercantis
Se por pessoa jurídica 
empresária
Personalidade separada – art. 49-A, CC
Sócio 
Pessoa jurídica 
Art. 50
Desconsideração 
da personalidade
Abuso da 
personalidade
Confusão 
patrimonial 
Desvio de 
finalidade 
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 Resolva a questão a seguir: 
2) FGV - 2022 - OAB – 35º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Paulo é pai de Olívia, que tem três anos. Paulo é separado de Letícia, mãe de Olívia, e não detém a 
guarda da criança. Por sentença judicial, ficou fixado o valor de R$3.000,00 a título de pensão alimentícia 
em favor de Olívia. Paulo deixou de pagar a pensão alimentícia nos últimos cinco meses e, ajuizada uma 
ação de execução contra ele, não foi possível encontrar patrimônio suficiente para fazer frente às 
obrigações inadimplidas. Entretanto, Paulo é também sócio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias 
Ltda., sociedade que tem patrimônio considerável. Diante desse cenário, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Tendo em vista a absoluta autonomia da pessoa jurídica em relação aos seus sócios, não é possível, 
em nenhuma hipótese, que, na ação de execução, Olívia atinja o patrimônio da pessoa jurídica Paulo 
Compra e Venda de Joias Ltda. 
B) É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de se atingir o patrimônio da 
sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., independentemente de restar configurada a situação 
de abuso da personalidade jurídica. 
C) Ainda que se comprove o abuso da personalidade jurídica, a legislação apenas reconhece a hipótese 
de desconsideração direta da personalidade jurídica, não se admitindo a desconsideração inversa, razão 
pela qual não é possível que Olívia atinja o patrimônio da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias 
Ltda. 
D) É possível a desconsideração inversa da personalidade jurídica, a fim de que Olívia atinja o patrimônio 
da sociedade Paulo Compra e Venda de Joias Ltda., caso se considere que Paulo praticou desvio de 
finalidade ou confusão patrimonial. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
3) FGV - 2023 - OAB – 37º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
A Associação Atlética de uma renomada instituição de ensino jurídico brasileira, que possui mais de 
seiscentos associados, publica edital em seu site e, também, nas redes sociais, de convocação para uma 
Assembleia Geral, a ser realizada por meio eletrônico, trinta dias após a publicação, tendo como pauta a 
aprovação das contas dos diretores relativas ao exercício financeiro anterior e a alteração do estatuto. 
Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta. 
 
A) A convocação de Assembleia Geral feita pela Associação Atlética apresenta um vício formal que 
conduz à nulidade absoluta, haja vista a impossibilidade da realização de Assembleia Geral por meio 
eletrônico. 
B) A realização de Assembleia Geral por meio eletrônico é possível juridicamente, desde que respeitada 
a participação e a manifestação dos associados, salvo para alteração estatutária, que deverá ser feita por 
reunião presencial, de modo que o edital da Associação Atlética é nulo, admitindo-se a conversão. 
C) A realização de Assembleia Geral por meio eletrônico é válida, desde que garantida a participação e 
a manifestação dos associados, além do respeito às normas estatutárias, inclusive, para a finalidade de 
alteração dos estatutos. 
D) A realização de Assembleia Geral por meio eletrônico é anulável, por falta de previsão legal, admitindo-
se, por conseguinte, a convalidação. 
 
3. Direito das coisas: posse 
Veja o esquema na página a seguir... 
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*Para todos verem: esquema. 
3.1. Efeitos da posse 
O Código Civil estabelece, dos arts. 1.210 ao 1.222 os efeitos da posse. Tais efeitos 
podem ser de ordem material ou processual. 
Os efeitos materiais dizem respeito a percepção dos frutos e suas consequências, ao 
direito a indenização e retenção das benfeitorias, as responsabilidades e ao direito de usucapião. 
Já os efeitos processuais dizem respeito a possibilidade de utilização dos interditos 
possessórios, as ações possessórias e a legítima defesa da posse e do desforço imediato. 
 
3.2. Percepção dos frutos 
Quanto a percepção dos frutos, deve-se, por primeiro, considerar se a posse é de boa oumá-fé. Assim, o Código Civil prevê os seguintes dispositivos quanto ao recebimento (ou não) dos 
frutos. 
POSSE
É o domínio físico que alguém tem sobre a coisa, 
que vem a ser protegido pelo Direito, sendo, 
portanto, concedido efeitos jurídicos a este 
domínio.
É o exercício de fato de um dos poderes 
inerentes a propriedade.
Posse x 
detenção
Posse: o sujeito que possui o domínio 
físico da coisa age como se dono fosse.
Detenção: o sujeito possu o domínio 
físico da coisa, mas sabe que a coisa 
não é sua e pretende devolvê-la após o 
uso.
O detentor tem a 
coisa em razão de 
uma situação de 
dependência 
econômica ou de 
subordinação.
Classificação
Direta e posse indireta – art. 1.197, CC
Justa e injusta – art. 1.200, CC
Boa e má-fé - art. 1.201, CC
Com título e sem título
Nova e posse velha
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Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. 
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser 
restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também 
restituídos os frutos colhidos com antecipação. 
Art. 1.215. Os frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são 
separados; os civis reputam-se percebidos dia por dia. 
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem 
como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se 
constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. 
 
O possuidor de boa-fé tem direito aos frutos percebidos (colhidos). Já os frutos pendentes 
(ainda não colhidos) devem ser restituídos, assim como aqueles que tenham sido colhidos por 
antecipação. 
O possuidor de má-fé deve devolver todos os frutos colhidos ou pendentes, bem como 
aqueles que deixou de colher por culpa sua (art. 1.216, CC), devendo, neste último caso, ser 
responsabilizado no caso de perecimento do frutos não colhidos por sua culpa (reparação de 
danos – responsabilidade civil). Mas tem direito, o possuidor de má-fé a ser indenizado pelas 
despesas de produção e custeio. 
Os frutos naturais são aqueles provenientes da coisa principal (frutas, por exemplo). 
Estes, tão logo sejam separados da coisa principal consideram-se colhidos. 
Os frutos industriais são aqueles que derivam de uma atividade humana (tudo o que venha 
a ser produzido em uma fábrica, por exemplo). Estes, assim, como os naturais, logo após 
separados consideram-se colhidos. 
Os frutos civis derivam de uma relação jurídica ou econômica (rendimentos de aplicações 
financeiras, aluguel de imóveis, por exemplo). Estes são percebidos na data prevista para 
vencimento do aluguel ou do “aniversário” da aplicação financeira. 
 
3.3. Retenção e indenização das benfeitorias: art. 1.219 a 1.222 
Conforme estudado na parte geral, as benfeitorias são acessórios que se agregam a coisa 
principal, ou seja, obras artificiais, realizadas pelo homem, na estrutura da coisa principal – já 
existente – com o propósito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. Estas benfeitorias podem 
ser classificadas em necessárias, úteis e voluptuárias. 
São necessárias as benfeitorias realizadas para evitar um estrago iminente ou 
deterioração da coisa principal (reparos realizados na viga; troca do telhado). 
São úteis aquelas realizadas com o objetivo de facilitar a utilização da coisa (abertura de 
uma nova entrada para servir de garagem para a casa). 
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São voluptuárias aquelas feitas para o mero prazer, sem aumento da utilidade da coisa 
(decoração do jardim) - art. 96, CC. 
Benfeitorias necessárias: o possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a 
estas benfeitorias (pelo valor atual) ou exercer o direito de retenção pelo valor delas. O possuidor 
de má-fé tem direito de ser ressarcido apenas quanto a estas benfeitorias (aquele que tiver o 
dever de indenizar tem direito de optar entre o valor atual da coisa e o custo dela), não possuindo 
direito de retenção. 
Benfeitorias úteis: o possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a estas 
benfeitorias (pelo valor atual) ou exercer o direito de retenção pelo valor delas. 
Benfeitorias voluptuárias: o possuidor de boa-fé tem direito a ser indenizado quanto a 
estas benfeitorias ou de retirá-las, desde que não haja detrimento da coisa (que não haja a 
desvalorização do imóvel, por exemplo), caso não lhes sejam pagas. O possuidor de má-fé não 
tem direito a levantar as benfeitorias voluptuárias. 
 
3.4. Responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa 
Os arts. 1.217 e 1.218, CC tratam da responsabilidade do possuidor com relação a perda 
ou deterioração da coisa: 
 
Art. 1.217. O possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa, a 
que não der causa. 
Art. 1.218. O possuidor de má-fé responde pela perda, ou deterioração da coisa, ainda 
que acidentais, salvo se provar que de igual modo se teriam dado, estando ela na posse 
do reivindicante. 
 
Pela redação dos dispositivos, percebe-se que essa responsabilidade é somente do 
possuidor de má-fé, que deverá indenizar o proprietário em razão da perda ou da deterioração 
da coisa, mesmo que acidentais. Essa responsabilidade somente será afastada havendo prova 
de que a perda ou deterioração ocorreria mesmo que a coisa estivesse na posse do reivindicante 
(art. 1.218, 2ª parte). 
Exemplo: João se apossa do cavalo de Pedro. Neste caso, se o cavalo morrer na posse 
de João por ter ingerido veneno, ele deverá indenizar a Pedro. Contudo, se a morte do animal 
ocorrer por uma doença cardíaca grave, ou seja, mesmo que estivesse na posse de Pedro ele 
morreria, não terá João o dever de indenizar. Cuidado, pois, neste caso, depende de PROVA! 
 
 
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3.5. Proteção possessória 
Dentro dos efeitos da posse encontra-se a possibilidade que o possuidor tem de se utilizar 
das ações possessórias (ou interditos possessórios) para proteção e defesa de sua posse. 
Importante observar que as ações possessórias tanto podem ser exercidas pelo proprietário 
detentor da posse, como também por aquele que, embora não tenha a propriedade, se encontra 
na posse da coisa. 
Quanto a proteção possessória, o CC prevê os seguintes dispositivos: 
 
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído 
no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 
§ 1° O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria 
força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do 
indispensável à manutenção, ou restituição da posse. 
§ 2° Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de 
outro direito sobre a coisa. 
Art. 1.211. Quando mais de uma pessoa se disser possuidora, manter-se-á 
provisoriamente a que tiver a coisa, se não estiver manifesto que a obteve de alguma das 
outras por modo vicioso. 
Art. 1.212. O possuidor pode intentar a ação de esbulho, ou a de indenização, contra o 
terceiro, que recebeu a coisa esbulhada sabendo que o era. 
Art. 1.213. O disposto nos artigos antecedentes não se aplica às servidões não aparentes, 
salvo quando os respectivos títulos provierem do possuidor do prédio serviente, ou 
daqueles de quem este o houve. 
 
3.6. Ações possessórias 
Interdito proibitório: caso de ameaça ou risco ao exercício da posse do titular. Proteção 
de perigo iminente. 
Ação de manutenção de posse: caso de turbação ou perturbação à posse, ou seja, 
houve um atentado à posse, mas sem retirá-la do possuidor. Preservação da posse. 
Ação de reintegração de posse: caso de esbulho ou retirada da posse, quando o 
atentado se concretiza e o possuidor é destituído da sua posse. Devoluçãoda posse. Cabível 
sempre que houver invasão, mesmo que parcial, do imóvel. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
4) FGV - 2019 - OAB – 29º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Em 05/05/2005, Aloísio adquiriu uma casa de 500 m2 registrada em nome de Bruno, que lhe vendeu o 
imóvel a preço de mercado. A escritura e o registro foram realizados de maneira usual. Em 05/09/2005, 
o imóvel foi alugado, e Aloísio passou a receber mensalmente o valor de R$ 3.000,00 pela locação, por 
um período de 6 anos. Em 10/10/2009, Aloísio é citado em uma ação reivindicatória movida por Elisabeth, 
que pleiteia a retomada do imóvel e a devolução de todos os valores recebidos por Aloísio a título de 
locação, desde o momento da sua celebração. Uma vez que Elisabeth é judicialmente reconhecida como 
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a verdadeira proprietária do imóvel em 10/10/2011, pergunta-se: é correta a pretensão da autora ao 
recebimento de todos os aluguéis recebidos por Aloísio? 
 
A) Sim. Independentemente da sentença de mérito, a própria contestação automaticamente transforma a 
posse de Aloísio em posse de má-fé desde o seu nascedouro, razão pela qual todos os valores recebidos 
pelo possuidor devem ser ressarcidos. 
B) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, somente após uma sentença favorável ao pedido de 
Elisabeth, na reivindicatória, é que seus argumentos poderiam ser considerados verdadeiros, o que 
caracterizaria a transformação da posse de boa-fé em posse de má-fé. Como o possuidor de má-fé tem 
direito aos frutos, Aloísio não é obrigado a devolver os valores que recebeu pela locação. 
C) Não. Sem a ocorrência de nenhum outro fato, e uma vez que Elisabeth foi vitoriosa em seu pleito, a 
posse de Aloísio passa a ser qualificada como de má-fé desde a sua citação no processo – momento em 
que Aloísio tomou conhecimento dos fatos ao final reputados como verdadeiros –, exigindo, em tais 
condições, a devolução dos frutos recebidos entre 10/10/2009 e a data de encerramento do contrato de 
locação. 
D) Não. Apesar de Elisabeth ter obtido o provimento judicial que pretendia, Aloísio não lhe deve qualquer 
valor, pois, sendo possuidor com justo título, tem, em seu favor, a presunção absoluta de veracidade 
quanto a sua boa-fé. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
5) FGV - 2015 - OAB – 16º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Mediante o emprego de violência, Mélvio esbulhou a posse da Fazenda Vila Feliz. A vítima do esbulho, 
Cassandra, ajuizou ação de reintegração de posse em face de Mélvio após um ano e meio, o que impediu 
a concessão de medida liminar em seu favor. Passados dois anos desde a invasão, Mélvio teve que trocar 
o telhado da casa situada na fazenda, pois estava danificado. Passados cinco anos desde a referida obra, 
a ação de reintegração de posse transitou em julgado e, na ocasião, o telhado colocado por Mélvio já se 
encontrava severamente danificado. Diante de sua derrota, Mélvio argumentou que faria jus ao direito de 
retenção pelas benfeitorias erigidas, exigindo que Cassandra o reembolsasse. A respeito do pleito de 
Mélvio, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Mélvio não faz jus ao direito de retenção por benfeitorias, pois sua posse é de má-fé e as benfeitorias, 
ainda que necessárias, não devem ser indenizadas, porque não mais existiam quando a ação de 
reintegração de posse transitou em julgado. 
B) Mélvio é possuidor de boa-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e devendo ser 
indenizado por Cassandra com base no valor delas. 
C) Mélvio é possuidor de má-fé, não fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias, mas deve ser 
indenizado por Cassandra com base no valor delas. 
D) Mélvio é possuidor de má-fé, fazendo jus ao direito de retenção por benfeitorias e devendo ser 
indenizado pelo valor atual delas. 
 
4. Família: regime de bens 
Mutabilidade do regime de bens: pedido motivado ao juiz, feito por ambos os cônjuges 
e com a garantia do direito de terceiros – art. 1.639, § 2.º, CC. 
Pacto antenupcial: escritura pública; antes da habilitação (encaminha junto com a 
habilitação); dispor de regras patrimoniais (art. 1.653, CC). 
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Não havendo convenção, ou sendo esta nula ou ineficaz (pelo estabelecimento de 
cláusulas que não sejam possíveis). Regime da CPB (art. 1.640, CC). 
Sem o pacto antenupcial o regime que deve constar no casamento é o regime legal 
(comunhão parcial de bens). 
Outorga conjugal: regra = necessidade de autorização conjugal. Arts. 1.647 a 1.650 do 
CC. 
Exceção: 
• No regime da separação convencional de bens; 
• Na separação obrigatória a Súmula 377 do STF é aplicada; 
• No regime da participação final nos aquestos, quando o casal convencionar a 
livre disposição dos bens. 
 
4.1. Comunhão parcial de bens 
Bens incomunicáveis: constituem o patrimônio pessoal dos consortes (arts. 1.659 e 
1.661). 
Art. 1.659. Excluem-se da comunhão: 
I - Os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância 
do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; 
II - Os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em 
sub-rogação dos bens particulares; 
III - As obrigações anteriores ao casamento; 
IV - As obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; 
V - Os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; 
VI - Os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
VII - As pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes. 
Art. 1.661. São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver por título uma causa anterior 
ao casamento. 
 
Bens comunicáveis: integram o patrimônio comum (art. 1.660). Entram na comunhão: 
 
I - Os bens adquiridos na constância do casamento por títutlo oneroso, ainda que só em 
nome de um dos cônjuges; 
II - Os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa 
anterior; 
III - Os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges; 
IV - As benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; 
IV - Os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na 
constância do casamento, ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão. 
 
4.2. Comunhão universal de bens incomunicáveis 
 
Art. 1.668. São excluídos da comunhão: 
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I - Os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados 
em seu lugar; 
II - Os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, 
antes de realizada a condição suspensiva; 
III - As dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus 
aprestos, ou reverterem em proveito comum; 
IV - As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de 
incomunicabilidade; 
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. 
 
Os casados sob esse regime, não podem constituir sociedade entre si (art. 977, CC). 
 
4.2.1. Participação final nos aquestos 
Existem cinco universalidades de patrimônios: 
1. Os bens particulares que cada um possuía antes de casar; 
2. Os bens que o outro já possuía; 
3. O patrimônio adquirido por um dos cônjuges, em nome próprio, após o 
matrimônio; 
4. Os adquiridos pelo outro, em seu nome, após o casamento; 
5. Os bens comuns, adquiridos pelo casal. 
 
Arts. 1.672 e seguintes, CC: por este regime, cada cônjuge conserva como de seu 
domínio os haveres que trouxe para o casamento, e os conseguidos ao longo de sua duração, 
administrando-os e aproveitando os seus frutos. Mas, na época da dissolução do vínculo 
conjugal procede-se à divisão do acervo adquirido a título oneroso. 
 
4.3. Separação de bens 
Cada um possui o seu patrimônio (bens e dívidas anteriores e posteriores ao 
matrimônio). Existem dois patrimôniosbem separados: o do marido e o da mulher. Não há 
qualquer comunicação de bens. 
Qualquer dos cônjuges pode alienar ou gravar seus bens sem anuência do outro 
cônjuge. 
Separação obrigatória – incidência da Súmula 377 do STF. 
 
Resolva a questão na página a seguir... 
 
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 Resolva a questão a seguir: 
6) FGV - 2019 - OAB – 30º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Arnaldo, publicitário, é casado com Silvana, advogada, sob o regime de comunhão parcial de bens. 
Silvana sempre considerou diversificar sua atividade profissional e pensa em se tornar sócia de uma 
sociedade empresária do ramo de tecnologia. Para realizar esse investimento, pretende vender um 
apartamento adquirido antes de seu casamento com Arnaldo; este, mais conservador na área negocial, 
não concorda com a venda do bem para empreender. 
Sobre a situação descrita, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Silvana não precisa de autorização de Arnaldo para alienar o apartamento, pois destina-se ao 
incremento da renda familiar. 
B) A autorização de Arnaldo para alienação por Silvana é necessária, por conta do regime da comunhão 
parcial de bens. 
C) Silvana não precisa de autorização de Arnaldo para alienar o apartamento, pois se trata de bem 
particular. 
D) A autorização de Arnaldo para alienação por Silvana é necessária e decorre do casamento, 
independentemente do regime de bens. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
7) FGV - 2023 - OAB – 37º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Pedro e Joana casaram-se pelo regime da comunhão parcial de bens. Na constância do casamento, 
Pedro herdou ações e comprou um carro, enquanto Joana recebeu de doação um apartamento e ganhou 
um prêmio de loteria. 
Com base nessas informações, assinale a opção que indica, em caso de divórcio, os bens que devem 
ser partilhados. 
 
A) As ações e o apartamento. 
B) O carro e o prêmio de loteria. 
C) O carro e o apartamento. 
D) As ações e o prêmio de loteria. 
 
 
5. Sucessões: morte 
 
 
Veja o esquema na página a seguir... 
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*Para todos verem: esquema. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
8) FGV - 2019 - OAB – 29º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Gumercindo, 77 anos de idade, vinha sofrendo os efeitos do Mal de Alzheimer, que, embora não 
atingissem sua saúde física, perturbavam sua memória. Durante uma distração de seu enfermeiro, 
conseguiu evadir-se da casa em que residia. A despeito dos esforços de seus familiares, ele nunca foi 
encontrado, e já se passaram nove anos do seu desaparecimento. Agora, seus parentes lidam com as 
dificuldades relativas à administração e disposição do seu patrimônio. Assinale a opção que indica o que 
os parentes devem fazer para receberem a propriedade dos bens de Gumercindo. 
 
A) Somente com a localização do corpo de Gumercindo será possível a decretação de sua morte e a 
transferência da propriedade dos bens para os herdeiros. 
B) Eles devem requerer a declaração de ausência, com nomeação de curador dos bens, e, após um ano, 
a sucessão provisória; a sucessão definitiva, com transferência da propriedade dos bens, só poderá 
ocorrer depois de dez anos de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão 
provisória. 
C) Eles devem requerer a sucessão definitiva do ausente, pois ele já teria mais de oitenta anos de idade, 
e as últimas notícias dele datam de mais de cinco anos. 
D) Eles devem requerer que seja declarada a morte presumida, sem decretação de ausência, por ele se 
encontrar desaparecido há mais de dois anos, abrindo-se, assim, a sucessão. 
 
 
MORTE
Presumida com decretação 
de ausência (art. 6º, 2ª parte 
+ art. 22 e ss., CC + art. 774, 
CPC)
- Ausente: art. 22;
- Aquele que desaparece de 
seu domicílio sem dar 
notícias, sem deixar 
representante ou procurador 
para administrar-lhe o 
patrimônio;
- A lei prevê 3 fases: 
curadoria dos bens do 
ausente, sucessão provisória 
e sucessão definitiva (art. 
744 e ss do CPC). 
Presumida sem decretação 
de ausência (art. 7º, CC)
Quando o corpo do de cujus 
não é encontrado. Hipóteses:
- Extremamente provável a 
morte de quem estava em 
perigo de vida; 
- Pessoa envolvida em 
campanha militar ou feito 
prisioneiro, não sendo 
encontrado até dois anos 
após o término da guerra.
Transmissão da herança aos 
herdeiros
- Princípio da saisine;
- Todo unitário e indivisível;
- Aplicação das regras do 
condomínio;
- Possibilidade de utilização 
das ações possessórias.
- Real 
- Presumida
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16 
 
6. Aceitação e renúncia 
 *Para todos verem: esquema. 
 
 
7. Exclusão da sucessão 
 *Para todos verem: tabela comparativa. 
 
 INDIGNIDADE DESERDAÇÃO 
Decorre de lei. 
 
Decorre da vontade do autor da herança. 
Hipóteses: art. 1.814, CC. Hipóteses: art. 1.814 + art. 1.962 + art. 1.963, 
CC. 
 
Herança
Aceitação
Confirma a 
transmissão 
ocorrida no 
momento da 
morte
Espécies
Expressa Por documento
Tácita
Atos próprios de 
herdeiro
Presumida
Art. 1807, CC - 
interessado em 
que o herdeito 
aceite requer 
ao juiz, para 
que lhe intime a 
dizer, em prazo 
não superior a 
30 dias se 
aceita ou não a 
herança
Nesse caso, o 
silêncio é 
interpretado 
como 
manifestação 
da vontade
Formas
Direta
Indireta
Renúncia
Repúdio a 
herança
Tem-se por não 
verificada a 
transmissão
Sempre de forma 
expressa
Escritura 
pública
Termo judicial
Efeitos
Parte do herdeiro 
renunciante acresce 
aos herdeiros de 
mesma classe
Ninguém representa 
herdeiro renunciante
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 Direito Civil 
17 
 
Independe de manifestação. Necessita de manifestação da vontade do autor 
da herança, em testamento. 
 
Alcança o herdeiro legítimo e o testamentário 
(instituído ou legatário). 
Só atinge aos herdeiros necessários – 
descendentes, ascendentes e cônjuge. 
 
A exclusão depende da ação de indignidade. 
 
Art..1.815-A. Em qualquer dos casos de 
indignidade previstos no art. 1.814, o trânsito em 
julgado da sentença penal condenatória 
acarretará a imediata exclusão do herdeiro ou 
legatário indigno, independentemente da 
sentença prevista no caput do art. 1.815 deste 
Código. 
 
A exclusão depende da ação de deserdação. 
Deve indicar a causa da deserdação no 
testamento. 
 
 
Prazo – 4 anos – abertura da sucessão. Prazo – 4 anos – abertura do testamento. 
 
Admite reabilitação, mediante perdão do 
ofendido. 
Não comporta perdão, pois o ato correspondente 
é praticado em testamento (ato de última 
vontade). Pode, contudo, novo testamento 
revogar o anterior. 
 
Nem sempre os fatos são anteriores à morte do 
autor da herança. 
Os suportes fáticos são anteriores à morte do 
autor da herança. 
 
 
 Resolva a questão a seguir: 
9) FGV - 2019 - OAB – 30º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Juliana, Lorena e Júlia são filhas de Hermes, casado com Dóris. Recentemente, em razão de uma doença 
degenerativa, Hermes tornou-se paraplégico e começou a exigir cuidados maiores para a manutenção de 
sua saúde. Nesse cenário, Dóris e as filhas Juliana e Júlia se revezavam a fim de suprir as necessidades 
de Hermes, causadas pela enfermidade. Quanto a Lorena, esta deixou de visitar o pai após este perder 
o movimento das pernas, recusando-se a colaborar com a família, inclusive financeiramente. Diante desse 
contexto, Hermes procura você, como advogado(a), para saber quais medidas ele poderá tomar para 
que, após sua morte, seu patrimônio não seja transmitido a Lorena. Sobre o caso apresentado, assinale 
a afirmativa correta. 
 
A) A pretensão de Hermes não poderá ser concretizada segundo o Direito brasileiro, visto queo 
descendente, herdeiro necessário, não poderá ser privado de sua legítima pelo ascendente, em nenhuma 
hipótese. 
B) Não é necessário que Hermes realize qualquer disposição ainda em vida, pois o abandono pelos 
descendentes é causa legal de exclusão da sucessão do ascendente, por indignidade. 
C) Existe a possibilidade de deserdar o herdeiro necessário por meio de testamento, mas apenas em 
razão de ofensa física, injúria grave e relações ilícitas com madrasta ou padrasto atribuídas ao 
descendente. 
D) É possível que Hermes disponha sobre deserdação de Lorena em testamento, indicando, 
expressamente, o seu desamparo em momento de grave enfermidade como causa que justifica esse ato. 
 
 
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 Direito Civil 
18 
 
8. Sucessão legítima 
*Para todos verem: esquema. 
 
 
*Para todos verem: tabela comparativa. 
 
Falecido casado ou convivente em união estável 
 
Descendentes em 
concorrência com o 
sobrevivente 
Ascendentes em concorrência 
com o sobrevivente 
Sobrevivente como herdeiro 
universal 
Condicionado ao regime de 
bens. 
Independentemente do regime 
de bens. 
Não havendo descendentes, 
nem ascendentes. 
Regra: há ocorrência. Meação sobre bens comuns. Direito real de habitação sobre o 
imóvel em que o casal residia. 
Exceção: CUB, SOB, CPB, 
s/BP. 
Herda sobre a totalidade da 
herança (outra metade dos bens 
comuns + totalidade de bens 
particulares). 
 
Meação sobre bens comuns. % de concorrência. 
Herança sobre bens 
particulares. 
1/3 se concorrer com pai e mãe. 
% de concorrência. ½ se concorrer só com pai ou só 
com mãe ou se maior for o grau. 
 
Falecido solteiro
DESCENDENTES
- Mais próximos excluem os mais remotos;
- Existe direito de representação;
- Filhos sucedem por cabeça;
- Outros descendentes, por cabeça ou por estirpe, conforme se 
achem ou não no mesmo grau.
ASCENDENTES
- Mais próximos excluem os mais remotos;
- Não há direito de representação;
- Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os 
ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a 
outra aos da linha materna. 
COLATERAIS
- Mais próximos excluem os mais remotos;
- Ordem: 1º irmãos - 2º sobrinhos - 3º tios - 4º demais colaterais;
- Existe direito de representação – FILHOS DE IRMÃOS: irmão 
unilateral – peso 1 - irmão bilateral – peso 2.
 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
 Direito Civil 
19 
 
Divisão igualitária – qualquer 
número de filhos individuais. 
 
Reserva de ¼ da herança – 
mais de 3 filhos comuns. 
 
 
9. Direito das obrigações: adimplemento e extinção das obrigações 
9.1. Do pagamento 
Para que se tenha a liberação do vínculo obrigacional, com a extinção da obrigação é 
necessário que se cumpra o pagamento com seus 5 requisitos: quem paga, para quem se paga, 
o que se paga, onde se paga e quando se paga. Uma vez cumpridas tais exigências, teremos a 
extinção da obrigação através do pagamento. Se uma delas não for cumprida, poderá ser 
aplicado o ditado de que: “quem paga mal, paga duas vezes.” 
*Para todos verem: esquema. 
 
9.1.1. De quem deve pagar: artigos 304-307 
Outras pessoas, além do devedor, podem pagar e outras pessoas além do credor podem 
receber. Quem pode pagar: 
• Devedor; 
• Terceiro interessado (por exemplo: fiador): ao pagar, se sub-roga nos direitos do 
credor primitivo; 
• Terceiro não interessado (amigo, por exemplo): ao pagar, não se sub-roga, mas 
tem direito de regresso contra o devedor, caso tenha feito o pagamento em seu 
nome; 
• Segundo o artigo 304 qualquer interessado poderá pagar a dívida e se o credor 
se opuser poderá o terceiro ajuizar ação de consignação em pagamento. 
Quem paga;
Para quem se paga;
Objeto do pagamento;
Lugar do pagamento;
Tempo do pagamento.
 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
 Direito Civil 
20 
 
Se houver pagamento por terceiro não interessado, sem que o devedor saiba ou em 
oposição ao devedor não terá o terceiro direito de pedir o reembolso para o devedor, se este 
último tinha meios para ilidir a ação. 
 
9.1.2. Para quem se paga 
O pagamento será feito ao credor ou a quem de direito represente este credor. 
• Pagamento feito ao credor putativo terá validade se feito de boa-fé, ainda provado 
que depois não era credor. Aplicação da teoria da aparência (artigo 309); 
• Pagamento feito cientemente ao credor incapaz como regra não terá validade, 
mas se provar que o pagamento reverteu em benefício do incapaz, então será 
válido (artigo 310). 
 
9.1.3. Objeto de pagamento e sua prova: artigos 313-326 
Objeto do pagamento: art. 313 a 318 do Código Civil. 
Prova: art. 319 a 326 do Código Civil. 
Objeto: 
• Com relação ao objeto de pagamento, o devedor e credor não são obrigados a 
pagar ou receber um objeto diferente do contratado, ainda que sejam mais 
valiosos. Da mesma forma, sendo a obrigação divisível, não podem 
credor/devedor partilhar a prestação se assim não se estipulou; 
• Extremamente relevante o artigo 317 que trata sobre a revisão contratual por fato 
superveniente: 
 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o 
valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a 
pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação. 
 
Prova: o devedor que paga, tem direito à quitação regular e pode reter o pagamento, se 
não lhe for entregue a quitação. Quitação é a prova efetiva do pagamento. Seus requisitos se 
encontram no artigo 320: 
 
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser dada por instrumento particular, designará o 
valor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo 
e o lugar do pagamento, com a assinatura do credor, ou do seu representante. 
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se 
de seus termos ou das circunstâncias resultar haver sido paga a dívida. 
 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
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21 
 
Desta forma, preferencialmente se espera que a quitação preencha os requisitos do 
“caput” do artigo 320. Contudo, caso não possua todos requisitos, poderá ainda assim o 
pagamento ser comprovado por outros meios, como estipula o parágrafo único do art. 320 do 
CC. 
 
9.1.4. Do lugar do pagamento: artigos 327-330 
Como regra geral, se nada for estipulado, o pagamento será feito no domicílio do devedor. 
Designados dois ou mais lugares, caberá ao credor escolher qual domicílio será efetuado 
o pagamento. 
 
 Muito importante: 
 
“Artigo 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do 
credor relativamente ao previsto no contrato.” 
Temos uma importante relação com o Princípio da boa-fé objetiva. Temos aqui a aplicação 
da “supressio” e da “surrectio”. 
“Supressio” significa supressão, por renúncia tácita, pelo não exercício com o passar do 
tempo. 
Já a “surrectio” significa que, ao mesmo tempo em que o credor, por exemplo, perde o 
direito do pagamento no domicílio estipulado, significa que o devedor ganha um novo domicílio 
para efetuar o pagamento. 
 
9.1.5. Do tempo do pagamento: artigos 331-333 
Como regra, a dívida deve ser paga no vencimento (artigo 331). No entanto, se não houver 
data de pagamento, o cumprimento da obrigação poderá ser exigido à vista (cuidar o contrato de 
mútuo, que tem regra própria no artigo 592 do CC). 
Já o artigo 333 trata sobre a possibilidade de vencimento antecipado da dívida. Isso 
ocorre: 
I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; 
II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro 
credor; 
III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou 
reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. 
 
 
 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
 Direito Civil 
22Resolva a questão a seguir: 
10) FGV - 2020 - OAB – 31º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Jacira mora em um apartamento alugado, sendo a locação garantida por fiança prestada por seu pai, 
José. Certa vez, Jacira conversava com sua irmã Laura acerca de suas dificuldades financeiras, e 
declarou que temia não ser capaz de pagar o próximo aluguel do imóvel. Compadecida da situação da 
irmã, Laura procurou o locador do imóvel e, na data de vencimento do aluguel, pagou, em nome próprio, 
o valor devido por Jacira, sem oposição desta. Nesse cenário, em relação ao débito do aluguel daquele 
mês, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Laura, como terceira interessada, sub-rogou-se em todos os direitos que o locador tinha em face de 
Jacira, inclusive a garantia fidejussória. 
B) Laura, como terceira não interessada, tem apenas direito de regresso em face de Jacira. 
C) Laura, como devedora solidária, sub-rogou-se nos direitos que o locador tinha em face de Jacira, mas 
não quanto à garantia fidejussória. 
D) Laura, tendo realizado mera liberalidade, não tem qualquer direito em face de Jacira. 
 
 
 
9.2. Da consignação em pagamento: artigos 334-345 
A consignação é o depósito feito pelo devedor ou terceiro de uma coisa devida, para que 
consiga se liberar da obrigação. É um instituto misto, já que também é tratado no Código de 
Processo Civil, artigos 539 e seguintes do CPC. 
Uma vez julgada procedente a ação de consignação, teremos a liberação do devedor, que 
não será inadimplente e, assim, não terá contra ele as consequencias do inadimplemento. 
As hipóteses do pagamento em consignação são trazidas no artigo 335: 
 
Art. 335. A consignação tem lugar: 
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar 
quitação na devida forma; 
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos; 
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em 
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; 
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento; 
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento. 
 
Como a consequência da consignação é a liberação do devedor, como se tivesse 
realizado o pagamento, para que a consignação tenha então força de pagamento, é necessário 
que concorram em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os 
quais não é válido o pagamento. 
 
9.3. Do pagamento com sub-rogação: artigos 346-351 
 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
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23 
 
A sub-rogação pode ser entendida como a substituição de uma pessoa por outra, 
realizada através do pagamento. 
O exemplo que pode ser trazido é o caso do fiador que paga a dívida do devedor, para 
que não seja responsabilizado pelo pagamento. Ao fazer isso, o credor sai da relação 
obrigacional, já que recebeu o pagamento e o então fiador passa a ser o novo credor do devedor 
(que não pagou e então continuará devendo, mas agora para o novo credor, que era seu antigo 
fiador). 
Importante destacar que na sub-rogação não há a extinção da dívida e sim a substituição 
de uma pessoa por outra através do pagamento. A sub-rogação transfere ao novo credor todos 
os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor 
principal e os fiadores. 
Há dois grandes tipos de sub-rogação: legal e convencional. 
 
*Para todos verem: esquema. 
 
9.4. Da imputação em pagamento: artigos 352-355 
Imputar significa escolher, eleger, indicar. Quando um devedor tiver várias dívidas com 
um mesmo credor, sendo elas líquidas e vencidas, este mesmo devedor poderá escolher qual 
delas ele quer pagar. 
Sub-rogação legal ou automática 
(deriva da lei). Está no artigo 346:
I - do credor que paga a dívida do devedor 
comum;
II - do adquirente do imóvel hipotecado, 
que paga a credor hipotecário, bem como 
do terceiro que efetiva o pagamento para 
não ser privado de direito sobre imóvel 
(alguém pode pagar a dívida para se 
afastar de eventual evicção);
III - do terceiro interessado, que paga a 
dívida pela qual era ou podia ser 
obrigado, no todo ou em parte.
Sub-rogação convencional (deriva 
do contrato). Está no artigo 347:
I - quando o credor recebe o 
pagamento de terceiro e 
expressamente lhe transfere todos os 
seus direitos;
II - quando terceira pessoa empresta 
ao devedor a quantia precisa para 
solver a dívida, sob a condição 
expressa de ficar o mutuante sub-
rogado nos direitos do credor 
satisfeito.
 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
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24 
 
Requisitos para a imputação: 
• Mesmo credor e devedor; 
• Plural de dívidas; 
• Líquidas e vencidas; 
• Débitos da mesma natureza. 
 
Como regra, quem deverá escolher qual dívida será paga, é o devedor (artigo 352). Se o 
devedor nada fizer e a quitação for omissa quanto ao pagamento, então teremos a imputação 
legal, ou seja, a lei, no seu artigo 355, que diz quais serão as dívidas a serem pagas: 
 
Art. 355. Se o devedor não fizer a indicação do art. 352, e a quitação for omissa quanto à 
imputação, esta se fará nas dívidas líquidas e vencidas em primeiro lugar. Se as dívidas 
forem todas líquidas e vencidas ao mesmo tempo, a imputação far-se-á na mais onerosa. 
 
Assim: 
1. Havendo capital e juros, primeiro se fará nos juros; 
2. A imputação será feita na dívida vencida em primeiro lugar; 
3. Se todas forem vencidas na mesma data, então a imputação deverá ser feita na 
mais onerosa. 
 
9.5. Dação em pagamento: artigos 356-359 
A dação ocorre quando o credor consente em receber objeto diferente do contratado. 
Assim, se exige uma obrigação previamente criada e um acordo posterior em que o credor aceita 
receber objeto diverso do contratado. 
Muito importante: 
 
Art. 359. Se o credor for evicto da coisa recebida em pagamento, restabelecer-se-á a 
obrigação primitiva, ficando sem efeito a quitação dada, ressalvados os direitos de 
terceiros. 
 
9.6. Novação: artigos 360-367 
Através da novação temos a extinção da obrigação anterior, com a criação de uma nova. 
O principal efeito é a extinção da dívida antiga, com todos os seus acessórios e garantias. 
Como a novação extingue a obrigação primitiva, liberando as garantias, se o for feita 
novação sem o consentimento do fiador, ele estará exonerado. 
 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
 Direito Civil 
25 
 
Além disso, é necessária a chamada “intenção de novar”. O animo de novar está expresso 
no artigo 361. 
Não é possível que haja novação de obrigações nulas e extintas (artigo 367). Assim, a 
obrigação meramente anulável pode ser objeto de novação. 
 
9.7. Compensação: artigos 368-380 
Quando duas ou mais pessoas forem, ao mesmo tempo, credoras e devedora umas das 
outras, extinguindo-se a obrigação até onde se compensarem. 
 
9.8. Confusão: artigos 381-384 
A confusão ocorre quando na mesma pessoa se confunde as figuras de credor e devedor. 
Pode ocorrer por um ato “inter vivos” ou “causa mortis”. Ela pode ser total ou parcial, ou seja, 
ocorrer com relação a toda a dívida ou somente de parte dela. 
 
9.9. Remissão de dívidas: artigos 385-388 
A remissão é o perdão da dívida que é concedida pelo credor ao devedor. No entanto, 
para que se tenha a liberação do devedor, é necessário que ele aceite o perdão. Assim, é um 
negócio jurídico bilateral. A remissão pode recair sobre a dívida inteira ou sobre parte dela. Há 
formas de perdão expresso (escrito) e também tácito. Um exemplo de remissão tácita ocorre no 
artigo 386, em que o credor devolve o título da obrigação (cheque, por exemplo) ao devedor. No 
entanto, se devolver, restituir o objeto empenhado (garantia do penhor) não significa que perdoou 
a dívida, mas sim que não quer mais a garantia – artigo 387. 
 
10. Direito das obrigações – inadimplemento 
Temos dois tipos de inadimplemento: 
*Para todos verem: esquema.Inadimplemento relativo, parcial ou 
mora
Descumprimento parcial
Obrigação ainda pode ser adimplida
Inadimplemento total ou absoluto
Descumprimento total
Obrigação não pode mais ser cumprida
 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
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26 
 
10.1. Cláusula penal: arts. 408-416 
Cláusula penal é uma punição, penalidade de natureza civil e tem a ver com o 
inadimplemento obrigacional. 
Ela é contratada pelas partes e ocorre em caso de inadimplemento do contrato. É uma 
obrigação acessória. A cláusula penal pode ser classificada em: cláusula penal moratória e 
cláusula penal compensatória. 
 
10.1.1. Cláusula penal moratória 
Caso de inadimplemento parcial, em que ainda é possível o cumprimento. Serve para a 
punição de quem está em mora. 
 
Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de mora, ou em segurança 
especial de outra cláusula determinada, terá o credor o arbítrio de exigir a satisfação da 
pena cominada, juntamente com o desempenho da obrigação principal. 
 
Assim, quando houver clausula penal moratória, poderá o credor exigir o cumprimento da 
obrigação e o cumprimento da clausula penal moratória. 
 
10.1.2. Cláusula penal compensatória 
Ocorre no caso de inexecução total da obrigação. Ela tem a função de antecipar as perdas 
e danos. 
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal para o caso de total inadimplemento da 
obrigação, esta converter-se-á em alternativa a benefício do credor. 
 
Se a cláusula penal tiver um valor muito alto, deverá o juiz reduzir. 
 
Art. 413. A penalidade deve ser reduzida equitativamente pelo juiz se a obrigação principal 
tiver sido cumprida em parte, ou se o montante da penalidade for manifestamente 
excessivo, tendo-se em vista a natureza e a finalidade do negócio. 
 
Não é necessária a comprovação de culpa do devedor, para que se possa solicitar a 
incidência da cláusula penal. 
 
Art. 416. Para exigir a pena convencional, não é necessário que o credor alegue prejuízo. 
 
Ainda que o prejuízo exceda o previsto na cláusula penal, não pode o credor exigir 
indenização suplementar se assim não foi convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como 
 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
 Direito Civil 
27 
 
mínimo da indenização, competindo ao credor provar o prejuízo excedente. Assim, não se pode 
cumular multa compensatória com indenização por perdas e danos decorrentes do 
inadimplemento da obrigação. Contudo, se no contrato estiver previsto tal possibilidade, a multa 
compensatória será já o mínimo de indenização. Cabe ao credor então comprovar o prejuízo 
excedente. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
11) FGV - 2017 - OAB – 22º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Festas Ltda., compradora, celebrou, após negociações paritárias, contrato de compra e venda com 
Chocolates S/A, vendedora. O objeto do contrato eram 100 caixas de chocolate, pelo preço total de R$ 
1.000,00, a serem entregues no dia 1º de novembro de 2016, data em que se comemorou o aniversário 
de 50 anos de existência da sociedade. No contrato, estava prevista uma multa de R$ 1.000,00 caso 
houvesse atraso na entrega. Chocolates S/A, devido ao excesso de encomendas, não conseguiu entregar 
as caixas na data combinada, mas somente dois dias depois. Festas Ltda., dizendo que a comemoração 
já havia acontecido, recusou-se a receber e ainda cobrou a multa. Por sua vez, Chocolates S/A não 
aceitou pagar a multa, afirmando que o atraso de dois dias não justificava sua cobrança e que o produto 
vendido era o melhor do mercado. Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Festas Ltda. tem razão, pois houve o inadimplemento absoluto por perda da utilidade da prestação e 
a multa é uma cláusula penal compensatória. 
B) Chocolates S/A não deve pagar a multa, pois a cláusula penal, quantificada em valor idêntico ao valor 
da prestação principal, é abusiva. 
C) Chocolates S/A adimpliu sua prestação, ainda que dois dias depois, razão pela qual nada deve a título 
de multa. 
D) Festas Ltda. só pode exigir 2% de multa (R$ 20,00), teto da cláusula penal, segundo o Código de 
Defesa do Consumidor. 
 
 
11. Direito contratual – evicção: arts. 447-457 
Evicção é a perda total ou parcial de um bem, em regra, por meio de uma sentença judicial 
ou ato administrativo. A sentença judicial atribui a outra pessoa o bem. Funda‑se no mesmo 
princípio da garantia em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios. 
 
11.1. Requisitos da evicção 
 
Veja o esquema na página a seguir... 
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 Direito Civil 
28 
 
*Para todos verem: esquema. 
 
11.2. Direitos do eviccto 
A sentença judicial atribui a outra pessoa o bem. Funda‑se no mesmo princípio da garantia 
em que se assenta a teoria dos vícios redibitórios. 
Responsabilidade total (artigo 450 do CC): salvo estipulação em contrário, o evicto tem 
direito: 
 
*Para todos verem: esquema. 
 
Responsabilidade parcial (artigo 449 do CC): podem as partes excluir a 
responsabilidade pela evicção? Sim, expressamente. Contudo, mesmo com a existência de tal 
cláusula, se a evicção se der, tem direito o evicto (aquele que perdeu a coisa) a recobrar o preço 
que pagou pela coisa evicta, com algumas condições: 
• Se não soube do risco da evicção; 
• Se informado, não assumiu o risco da evicção. 
Perda total ou 
parcial da 
propriedade
Anterioridade do 
direito daquele 
que ganhou a 
ação judicial
Aquisição 
realizada de 
forma onerosa
Restituição 
integral do 
preço
Indenização 
dos frutos 
que tiver sido 
obrigado a 
restituir
Indenização 
pelas 
despesas dos 
contratos
Pelos 
prejuízos que 
diretamente 
resultarem da 
evicção
Custas 
judiciais e 
honorários do 
advogado
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 Direito Civil 
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Isenção da responsabilidade pelo vendedor (artigo 457 do CC): quando o comprador 
sabe que está adquirindo bem alheio ou litigioso, caso venha a perder, não poderá demandar 
contra quem lhe vendeu. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
12) FGV - 2019 - OAB – 30º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Joana doou a Renata um livro raro de Direito Civil, que constava da coleção de sua falecida avó, Marta. 
Esta, na condição de testadora, havia destinado a biblioteca como legado, em testamento, para sua neta, 
Joana (legatária). Renata se ofereceu para visitar a biblioteca, circunstância na qual se encantou com a 
coleção de clássicos franceses. Renata, então, ofereceu-se para adquirir, ao preço de R$ 1.000,00 (mil 
reais), todos os livros da coleção, oportunidade em que foi informada, por Joana, acerca da existência de 
ação que corria na Vara de Sucessões, movida pelos herdeiros legítimos de Marta. A ação visava 
impugnar a validade do testamento e, por conseguinte, reconhecer a ineficácia do legado (da biblioteca) 
recebido por Joana. Mesmo assim, Renata decidiu adquirir a coleção, pagando o respectivo preço. 
Diante de tais situações, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Quanto aos livros adquiridos pelo contrato de compra e venda, Renata não pode demandar Joana pela 
evicção, pois sabia que a coisa era litigiosa. 
B) Com relação ao livro recebido em doação, Joana responde pela evicção, especialmente porque, na 
data da avença, Renata não sabia da existência de litígio. 
C) A informação prestada por Joana a Renata, acerca da existência de litígio sobre a biblioteca que 
recebeu em legado, deve ser interpretada como cláusula tácita de reforço da responsabilidade pela 
evicção. 
D) O contrato gratuito firmado entre Renata e Joana classifica-se como contrato de natureza aleatória, 
pois Marta soube posteriormente do risco da perda do bem pela evicção. 
 
 
12. Direito contratual – contrato de compra e venda: arts. 481-532 
São dois os elementos da compra e venda: coisa e preço. 
a) Preço: o preço deve sempre ser pago em dinheiro ou redutível a dinheiro (cheque, 
cartão etc.).Há vários modos que o preço pode ser estabelecido. 
• A fixação do preço pode ser dada a taxa de mercado ou bolsa, em certo e 
determinado dia e lugar; 
• Pode ser estabelecido que terceiro fixe o preço; 
• Pode ser fixado em função dos índices ou parâmetros. 
Observação: preço que sua fixação fica ao livre arbítrio da outra parte - nulo, segundo 
artigo 489 do CC. 
b) Coisa: pode ser a venda de algo que já existe ou de bens que virão a existir (coisa 
futura) conforme artigo 483 do CC. 
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 Direito Civil 
30 
 
*Para todos verem: esquema. 
 
12.1. Limitações ao contrato de compra e venda 
12.1.1. Venda de ascendente a descendente 
 
Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros 
descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. 
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o 
regime de bens for o da separação obrigatória. 
 
Caso não tenha o consentimento, será passível de anulação. Os legitimados para a 
propositura da ação anulatória são os outros descendentes e o cônjuge do alienante. 
O prazo para ajuizamento da ação anulatória é de 2 anos, segundo o artigo 179 do Código 
Civil. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
13) FGV - 2020 - OAB – 31º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Antônio, divorciado, proprietário de três imóveis devidamente registrados no RGI, de valores de mercado 
semelhantes, decidiu transferir onerosamente um de seus bens ao seu filho mais velho, Bruno, que 
mostrou interesse na aquisição por valor próximo ao de mercado. 
No entanto, ao consultar seus dois outros filhos (irmãos do pretendente comprador), um deles, Carlos, 
opôs-se à venda. Diante disso, bastante chateado com a atitude de Carlos, seu filho que não concordou 
com a compra e venda do imóvel, decidiu realizar uma doação a favor de Bruno. 
Elementos
Coisa
Atual
Futura
Preço
Terceiro
Mercado/ bolsa
Índices/ 
parâmetros
Costumes
Outra parte - será 
nulo
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 Direito Civil 
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Em face do exposto, assinale a afirmativa correta. 
 
A) A compra e venda de ascendente para descendente só pode ser impedida pelos demais descendentes 
e pelo cônjuge, se a oposição for unânime. 
B) Não há, na ordem civil, qualquer impedimento à realização de contrato de compra e venda de pai para 
filho, motivo pelo qual a oposição feita por Carlos não poderia gerar a anulação do negócio. 
C) Antônio não poderia, como reação à legítima oposição de Carlos, promover a doação do bem para um 
de seus filhos (Bruno), sendo tal contrato nulo de pleno direito. 
D) É legítima a doação de ascendentes para descendente, independentemente da anuência dos demais, 
eis que o ato importa antecipação do que lhe cabe na herança. 
 
 
12.1.2. Venda de parte indivisa de condomínio 
O condômino não pode alienar sua parte indivisa a terceira pessoa, se o outro condômino 
a quiser, tanto por tanto. O condômino que quiser pode exercer seu direito de preferência ou 
preempção, ajuizando ação no prazo decadencial de 180 dias contados da data em que teve 
ciência da alienação. No momento do ajuizamento, deve o condômino, efetuar a consignação do 
valor que deseja pagar. A ação pode ser ação adjudicatória, a fim de obter o bem para si. 
 
13. Direito contratual: contrato estimatório 
É um contrato que também é chamado de consignação. O consignante entrega bens 
móveis à outra pessoa, chamado de consignatário, para que este os venda pelo preço ajustado. 
Ao ser vendido, o consignatário deve pagar o preço ao consignante. Caso não venda, deverá 
devolver o bem ao consignante. 
 
14. Direito contratual: contrato de empréstimo – arts. 579-585 
Duas são as espécies de empréstimos: mútuo e comodato. 
 
14.1. Contrato de comodato 
Comodato é o empréstimo para uso, gratuito de coisas infungíveis. Pode ser bens móveis 
ou imóveis, mas precisa ser infungível. O contrato se perfectibiliza com a tradição da coisa. 
 
14.1.1. Características do comodato 
a) Gratuidade do contrato. Se fosse oneroso, seria o contrato de locação; 
b) Infungibilidade do bem: restituição do mesmo objeto recebido como empréstimo; 
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c) Contrato real, já que o aperfeiçoamento do contrato se dá com a tradição (e não 
com a aceitação); 
d) Contrato unilateral, já que após a tradição, só há obrigações para uma das partes, 
que é o comodatário (restituir a coisa) e não há obrigações para o comodante; 
e) Contrato não solene, já que não necessita forma especial para a sua celebração. 
 
14.1.2. Obrigações do comodatário 
a) Conservar a coisa – art. 582: o comodatário deve conservar a coisa como se fosse 
sua. Deve responder pelas despesas de conservação; 
b) O comodatário não pode nunca tentar cobrar do comodante as despesas comuns, 
feitas com o uso e gozo da coisa emprestada; 
c) Uso da coisa de forma adequada: responde por perdas e danos se usar o bem 
fora do que foi contratualmente previsto, além de, também poder ser causa de 
resolução do contrato; 
d) Restituir a coisa: deve ser restituída a coisa no prazo convencionado e não 
havendo este prazo, finda a razão pela qual ocorreu, o empréstimo deve ser 
restituído (empresta livros para o trabalho de conclusão de curso, e quando 
passado o evento, deverão ser devolvidos, por exemplo. 
 
14.2. Contrato de mútuo 
O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O bem é emprestado para consumo. O 
mutuário se obriga a restituir ao mutante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, 
qualidade e quantidade. É empréstimo para consumo, pois o mutuário não está obrigado a 
devolver o mesmo bem, do qual se torna dono. Ex.: dinheiro. 
Neste tipo de empréstimo, o mutuante transfere o domínio, a propriedade, do bem ao 
mutuário. Isso não acontece no comodato. Além disso, o mutuário se torna proprietário da coisa, 
correndo por conta desse, todos os riscos da tradição. 
 
14.2.1. Características do mútuo 
O mútuo é temporário, se entende que em algum momento o que foi emprestado será 
devolvido. Mas e se não houver prazo para a restituição do bem? O CC determina que: 
• Até a próxima colheita, se o mútuo for de produtos agrícolas; 
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33 
 
• De 30 dias, pelo menos, se o mútuo for de dinheiro; 
• Do espaço de tempo que declarar o mutuante, se for de qualquer outra coisa 
fungível. 
Obs.: mútuo para um menor. O Código Civil protege o menor, dizendo que quem empresta 
para um menor, não poderá reaver o que emprestou. Contudo, há várias exceções, de quando 
o mutuante pode, portanto, reaver o que foi emprestado. São elas: 
a) O representante do menor ratificar o empréstimo; 
b) Se o menor, em caso de ausência do representante, se viu obrigado a contraí‑lo 
para os seus alimentos habituais; 
c) Se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho, caso em que a execução do 
credor não lhes poderá ultrapassar as forças; 
d) Se o empréstimo reverteu em benefício do menor; 
e) Se este obteve o empréstimo maliciosamente. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
14) FGV - 2017 - OAB – 23º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Cássio, mutuante, celebrou contrato de mútuo gratuito com Felipe, mutuário, cujo objeto era a quantia de 
R$ 5.000,00, em 1º de outubro de 2016, pelo prazo de seis meses. Foi combinado que a entrega do 
dinheiro seria feita no parque da cidade. No entanto, Felipe, após receber o dinheiro, foi furtado no 
caminho de casa. 
Em 1º de abril de 2017, Cássio telefonou para Felipe para combinar o pagamento da quantia emprestada, 
mas este respondeu que não seria possível, em razão da perda do bem por fato alheio à sua vontade. 
Acerca dos fatos narrados, assinale a afirmativa correta. 
 
A) Cássio tem direito à devolução do dinheiro, ainda que a perda da coisa não tenha sido por culpado 
devedor, Felipe. 
B) Cássio tem direito à devolução do dinheiro e ao pagamento de juros, ainda que a perda da coisa não 
tenha sido por culpa do devedor, Felipe. 
C) Cássio tem direito somente à devolução de metade do dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa 
do devedor, Felipe. 
D) Cássio não tem direito à devolução do dinheiro, pois a perda da coisa não foi por culpa do devedor, 
Felipe. 
 
 
15. Responsabilidade civil 
A responsabilidade civil subjetiva é baseada na “teoria da culpa”, já que é necessária 
a verificação de culpa, para que se possa configurar tal requisito. 
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Assim, para a verificação da responsabilidade civil subjetiva é necessário: conduta 
humana, culpa, nexo causal e dano. Já para a responsabilidade objetiva são necessários: 
conduta humana, nexo causal e dano. 
Iremos nos deter na responsabilidade objetiva e nos casos previstos no CC. 
 
15.1. Casos de responsabilidade objetiva 
15.1.1. Responsabilidade civil por atos de terceiros 
 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas 
condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício 
do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por 
dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente 
quantia. 
 
O artigo 933 do CC prevê expressamente que a responsabilidade é objetiva, já que 
informa que os terceiros serão responsabilizados, ainda que não haja culpa por parte deles. 
De acordo com o artigo 934 se o empregador, por exemplo, pagar a indenização, terá 
direito de regresso contra o empregado que causou o dano. 
Há uma exceção: relações entre ascendentes e descendentes incapazes não haverá 
direito de regresso. Assim, o ascendente não tem regresso contra o descendente, se este for 
incapaz. 
Um ponto muito importante diz respeito à solidariedade entre todos os sujeitos do artigo 
942, já que o parágrafo único informa que são solidariamente responsáveis com os autores os 
co-autores e as pessoas designadas no artigo 932. 
Observação: responsabilidade do incapaz (art. 928 do CC). De acordo com o referido 
artigo, a responsabilidade do incapaz é subsidiária. Assim, primeiro respondem os responsáveis 
pelo incapaz. Se estas pessoas não tiverem condições financeiras ou não forem obrigadas a 
tanto, então se irá responsabilizar o incapaz. Mesmo assim, de acordo com o parágrafo único, a 
indenização deverá ser equitativa e, se privar o incapaz ou as pessoas que dele dependam do 
seu sustento, então tal indenização não terá lugar. 
 
 
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 Direito Civil 
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15.1.2. Responsabilidade civil por fato de animal 
Prevista no art. 936 do CC: 
 
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar 
culpa da vítima ou força maior. 
 
Atentar para as excludentes: nas quais o dono/detentor não será responsabilizado: culpa 
da vítima e força maior. 
 
15.1.3. Responsabilidade civil do dono de edifício ou construção pela 
sua ruína 
O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se 
esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta, consoante artigo 937 do CC. 
A responsabilidade é do dono do edifício ou da construção. 
 
15.1.4. Responsabilidade por objetos caídos ou lançados do prédio 
Prevista no art. 938 do CC: 
 
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das 
coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. 
 
Ponto muito importante a ser verificado que a responsabilidade é de quem habita o 
prédio. Assim, seriam responsáveis o locatário, comodatário, proprietário, enfim, quem estiver 
habitando o prédio. 
Caso não se saiba de onde partiu o objeto caído ou lançado, os tribunais têm entendido 
pela responsabilização do condomínio que, após (e caso) identificado o responsável, poderá 
ajuizar regresso contra o ofensor. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
15) FGV - 2022 - OAB – 36º Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase 
Henrique, mecânico da oficina Carro Bom, durante a manutenção do veículo de Sofia, deixado aos seus 
cuidados, arranhou o veículo acidentalmente, causando danos materiais à mesma. Ciente de que 
Henrique não tinha muitos bens materiais e que a execução em face de Henrique poderia ser frustrada, 
Sofia pretende ajuizar ação indenizatória em face da oficina Carro Bom. A esse respeito, é correto 
afirmar que Carro Bom responderá 
 
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 Direito Civil 
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A) pelos danos causados a Sofia, devendo-se perquirir se houve culpa em eligendo pela oficina de um 
preposto desqualificado. 
B) subsidiariamente pelos danos causados por Henrique, caso este não tenha bens suficientes para 
saldar a execução. 
C) objetivamente pelos danos, sendo vedado o regresso em face do mecânico que atuou culposamente, 
pois a oficina não poderá repassar o risco de seu negócio a terceiros. 
D) objetivamente pelos danos, sendo permitido o regresso em face do mecânico que atuou culposamente. 
 
 
Aula 14/11/2023 – Turno da manhã 
1. Parte geral: bem de família 
*Para todos verem: esquema. 
BEM DE FAMÍLIA
Voluntário
Vários bens 
Até 1/3 patrimônio líquido
Escritura pública ou testamento
Registro no CRImóveis
Enquanto o casal existir ou os filhos forem 
menores de 18 anos
Impenhorabilidade quanto a dívidas posteriores 
a instituição
Salvo: derivadas do próprio bem – impostos e 
condomínio
Legal
Lei nº 8.009/90
Único bem
Regra: impenhorabilidade
Exceção: art. 3º, Lei n° 8.009/90
Protege imóveis de pessoas solteiras, casadas 
ou viúvas – Súmula 364 do STJ
Box de garagem – se tiver matrícula própria 
pode ser penhorado – Súmula 449 do STJ
Se imóvel estiver locado a terceiro – Súmula 
486 do STJ – mantém a impenhorabilidade
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 Direito Civil 
37 
 
2. Direito contratual: contrato de doação – arts. 538-564 
É o contrato em que o doador transfere bens ou vantagens para o donatário. 
 
2.1. Natureza jurídica 
*Para todos verem: esquema. 
 
2.2. Restrições à doação 
Doação da parte inoficiosa: é nula a parte que exceder ao que poderia dispor em 
testamento, segundo o artigo 549 do CC. A título de exemplo, se o doador tem o patrimônio de 
R$ 100.000,00 e faz uma doação de R$ 70.000,00, o ato será válido até R$ 50.000,00 (parte 
disponível) e nulo nos R$ 20.000,00. 
Doação de todos os bens do doador: é a chamada doação global ou universal, em que 
não pode todos os bens do doador serem doados, sem que fique algo para a sua subsistência. 
Caso isso aconteça, teremos nulidade. 
Doação do cônjuge adultero a seu cúmplice – artigo 550 do CC: pode ser anulada a 
doação pelo cônjuge ou pelos herdeiros necessários. Prazo de 2 anos depois de dissolvida a 
sociedade conjugal. 
 
2.3. Revogação da doação 
Há duas razões pelas quais é possível a revogação da doação: ingratidão do donatário 
e por descumprimento de encargo, conforme artigo 555 do CC. 
a) Por ingratidão do donatário: as hipóteses se encontram nos arts 557 e 558 do CC. 
• Se o donatário atentou contra a vida do doador ou cometeu crime de homicídio 
doloso contra ele; 
Unilateral: somente um dos lados se obriga a alguma coisa;
Gratuito: há perda patrimonial para somente um dos lados;
Consensual: é perfeito com a aceitação;
Solene: é a regra. Em caso de bens móveis de pequeno valor 
e que a tradição ocorra de forma imediata, será não solene 
(art. 541 do CC).Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
 Direito Civil 
38 
 
• Ofensas físicas cometidas pelo donatário contra o doador; 
• Se o injuriou gravemente ou o caluniou; 
• Podendo o donatário auxiliar com alimentos ao doador, e não o faz. 
Muito importante: quando o ofendido não for o doador, mas cônjuge, ascendente, 
descendente, ou irmão deste, ou descendente adotivo, também pode o doador pleitear a 
revogação da doação, de acordo com o artigo 558 do CC. 
b) Por descumprimento de encargo: especialmante previsto no art. 562 do CC: 
 
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o 
donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá 
notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a 
obrigação assumida 
 
 Resolva a questão a seguir: 
 
16) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB 
Maria descobre que seu marido João possui um relacionamento extraconjugal com Carla. Também ficou 
sabendo que há mais de 10 anos João fez diversas doações para Carla. Ao tomar conhecimento sobre a 
situação Maria procura você como advogado para que possa auxiliá-la, especialmente com relação aos 
bens que foram doados para Carla. Com base no enunciado assinale a opção correta: 
 
A) Maria poderá pedir a nulidade das doações feitas por João, já que negócio jurídico nulo não é passível 
de convalidação. 
B) As doações realizadas por João para Carla são passíveis de anulação, em um prazo de até dois anos 
da dissolução da sociedade conjugal. 
C) O prazo para pedir a anulação das doações feitas por João para Carla é de dois anos a partir da 
celebração do negócio jurídico tendo, portanto, o prazo já expirado. 
D) Maria nada poderá fazer com relação às doações feitas por João, já que não são oriundas da legítima 
de João. 
 
3. Direito contratual: contrato de fiança – arts. 818-839 
O conceito de fiança está no art. 818 do CC: “pelo contrato de fiança uma pessoa garante 
satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, se este não a cumpra”. 
Benefício de ordem: o benefício de ordem consiste em um privilégio, conferido ao 
fiador, de exigir que os bens do devedor principal sejam excutidos antes dos seus. O fiador que 
alegar o benefício de ordem deve nomear bens do devedor situados no mesmo município, livres 
e desembaraçados. Há alguns casos, no entanto, que o fiador não pode invocar tal benefício: 
a) Se o fiador renunciou expressamente ao benefício; 
b) Se o fiador se obrigou como principal pagador ou devedor solidário; 
c) Se o devedor for insolvente ou falido. 
 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
 Direito Civil 
39 
 
Benefício da divisão: segundo o art. 829 do CC: “a fiança conjuntamente prestada a 
um só debito por mais de uma pessoa importa o compromisso de solidariedade entre elas, se 
declaradamente não se reservarem o benefício da divisão”. 
Estipulado este benefício, cada fiador responde unicamente pela parte que, em 
proporção, lhe couber no pagamento. Portanto, se houver especificação – benefício da divisão 
– cada um paga somente o que afiançou. 
 
 Resolva a questão a seguir: 
 
17) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB 
Karine solicitou um empréstimo, modalidade mútuo, para sua amiga Fernanda, no valor de R$500.000,00 
(quinhentos mil reais). Fernanda informou que somente celebraria o contrato caso Karine trouxesse algum 
tipo de garantia. Karine, então solicita ao seu amigo, Fernando, que possa garantir, pessoalmente, a sua 
dívida, através da fiança, pelo qual Fernando concorda. Com base no enunciado, assinale a opção 
correta. 
 
A) A garantia prestada por Fernando para Karine é do tipo subsidiária, ou seja, primeiro os bens de Karine 
serão demandados e, caso insuficientes, então os bens de Fernando poderão ser demandados. 
B) Há responsabiidade solidária entre Fernando e Karine, já que ambos estarão devendo para Fernanda. 
C) O benefício de ordem não decorre automaticamente da lei, devendo ser expressamente colocado no 
contrato entabulado entre as partes. 
D) A fiança, por ser uma garantia real, não incide sobre todo o patrimônio do fiador, mas sim somente 
sobre os bens para tanto designados. 
 
4. Responsabilidade civil: arts. 927-954 
4.1. Indenização 
Nos artigos 944 até 954 do CC, é tratado a respeito da indenização. Configurado o dever 
de indenizar, previsto nos artigos anteriores do CC, se passa então para a indenização. 
Segundo o artigo 944 a indenização mede-se pela extensão do dano. Assim, quem 
estiver obrigado a reparar o dano causado deverá fazê-lo. Assim, se diz que o obrigado deve 
satisfazer integralmente os deveres resultados de sua ofensa. A indenização, sempre que 
possível, deverá recolocar a vítima na posição anterior, a compensando pelos danos sofridos. 
No artigo 945 o Código Civil fala sobre culpa concorrente: se a vítima tiver concorrido 
culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a 
gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Em algumas situações, a vítima 
também é parcialmente culpada pelo evento, juntamente com o ofensor. Será então verificada 
a participação da vítima para o evento danoso a fim de verificar a quem toca contribuir com cota 
maior ou menor de indenização. 
 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
 Direito Civil 
40 
 
Importante: vale lembrar que se a culpa for exclusiva da vítima, não teremos 
responsabilização do ofensor, já que é causa que quebra o nexo causal. 
Observação: 
 
Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização 
devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, 
imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe 
lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. 
 
Responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais, em especial da área da saúde 
(art. 951). 
 
 Resolva a questão a seguir: 
 
18) Questão Autoral Ceisc | Revisão Turbo 39° Exame da OAB 
Flávia dirigiu-se até um médico dermatologista, profissional liberal, com o intuito de verificar o excessivo 
ressecamente de sua pele. Informou ao médico Leonardo Santos que possuía diversos tipos de alergias, 
sendo sua pele muito sensível. O médico Leonardo Santos sem dar ouvidos à Flávia iniciou uma série de 
procedimentos utilizando, exatamente, os produtos alergênicos que Flávia tinha se referido. Desta forma, 
Flávia sofreu grave reação alérgica, precisando ser levada ao hospital para medicação e internação de 
urgência. Com base no enunciado, assinale a opção correta. 
 
A) A responsabilidade do médico é do tipo objetiva, ou seja, não necessita a comprovação de culpa para 
a configuração do dever de indenizar. 
B) Leonardo Santos irá responder pelo regime da responsabilidade subjetiva, de forma que Flávia precisa 
demonstrar a culpa do causador do dano. 
C) Para que haja a configuração do dever de indenizar, por ser responsabilidade objetiva, Flávia precisa 
somente demonstrar o dano sofrido. 
D) Flávia não faz jus a nenhum tipo de indenização, já que a obrigação do médico não é de resultado e, 
por isso, eventuais danos podem ocorrer em decorrência do tratamento médico. 
 
5. Direito das coisas: condomínio 
 
 
 
Veja o esquema na página a seguir... 
 Revisão Turbo | 39º Exame de Ordem 
 Direito Civil 
41 
 
*Para todos verem: esquema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
C
o
n
d
o
m
ín
io
Voluntário
Estabelecido pelas partes
Cada um possui uma quota 
ideal - pro indiviso
Cada um possui um quinhão 
real - pro diviso
Necessário
Paredes, cercas, muros e valas 
divisórias dos imóveis
Incidência das normas do direito 
de vizinhança
Edilício
Unidades autônomas + partes 
comuns
Instituição
Ato entre vivos
Testamento
Idenficação da fração 
ideal
Finalidade
Convenção de condomínio
Lei interna do condomínio

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