Prévia do material em texto
Patologia Veterinária ALTERAÇÕES CIRCULATÓRIAS Alterações circulatórias Estão relacionadas as alterações do sistema vascular, do sangue e do sistema linfático. HIPEREMIA Hiperemia Aumento na quantidade de sangue em determinado tecido, primariamente ocorre dentro dos vasos. Dependendo do tipo de vaso e do mecanismo de estabelecimento se divide em: Hiperemia Hiperemia ativa: aumento do fluxo sanguíneo na circulação arterial. O sangue se acumula em artérias, arteríolas e capilares arteriais, chegando mais sangue ao tecido. Para que chegue mais sangue aos tecidos, em consequência mais nutrientes e oxigênio, os esfincteres capilares se abrem, o que é conhecido como “shunts”. Hiperemia Macro: tecido de cor vermelho vivo, aumento de volume e temperatura. Causas: os mecanismo que levam ao aumento da circulação arterial são vasodilatação e abertura da circulação verdadeira. Hiperemia Hiperemia fisiológica: ocorre na mucosa bucal, mucosa do trato gastrointestinal durante a digestão e na musculatura devido ao exercício físico. Hiperemia Na circulação verdadeira há aumento na quantidade de sangue que passa pelos vasos laterais e há divisão homogênea do sangue em todo o órgão, deixando com a cor vermelho vivo. Esse aumento de sangue é devido ao aumento da atividade do órgão. Hiperemia Macro: Coloração avermelhada do órgão. Micro: aumento da quantidade de hemácias e capilares aumentados. Hiperemia Hiperemia patológica: é aquela decorrente de inflamação do tecido. Micro: presença de células de defesa e bactérias. Hiperemia Hiperemia passiva (congestão passiva): caracteriza-se pelo acúmulo do sangue nos vasos venosos (veias, vênulas e capilares venosos). De modo geral ocorre por dificuldade de retorno do sangue de determinado tecido. Acontece por duas causas: Hiperemia Geral: envolve o coração, geralmente por ICC, o que faz com quem o sangue fique parado nos tecidos. A ICC pode ser direita ou esquerda Numa estenose direita o sangue fica impedido de passar do átrio para o ventrículo, isso faz com que o sangue se acumule no corpo, mas se ocorrer estenose esquerda o sangue se acumulará no pulmão. Hiperemia Local: envolve apenas determinado vaso venoso que drena um local, daí existem causas extrínsecas e intrínsecas. Hiperemia Extrínseca: qualquer fator externo ao vaso que cause compressão e impeça o retorno sanguíneo, como uma neoplasia. Intrínseca: fator interno ao vaso como trombose (coágulo dentro do vaso), fibrose vascular ou uma inflamação que causam espessamento da parede do vaso, diminuindo o fluxo. Aspectos morfológicos Macro: coloração escura (arroxeada) aumento de volume e temperatura fria. Micro: dilatação dos vasos venosos, capilares e vênulas repletas de hemácias. Consequências Diminuição da circulação no local. A estase (parada) sanguínea faz com que chegue menos nutrientes e oxigênio, o que leva as células a hipotrofiar, degenerar e até morrer, com consequente substituição por tecido fibroso. Consequências No pulmão, o órgão fica pesado com volume aumentado, o tecido fica mais duro com as aspecto de borracha, com o tempo as hemácias que extravasam dos vasos são fagocitadas gerando hemossiderose e com isso levando ao endurecimento do pulmão. Consequências No fígado o sangue tende a se acumular no centro do lobo, causando morte dos hepatócitos centrais e substituição deles por sangue, nos hepatócitos mais distantes ocorre esteatose, gerando uma característica conhecida como noz moscada pois com o decorrer da doença o órgão tende a ficar com as bordas avermelhadas e o centro amarelado. Consequências Caso a morte nos hepatócitos continue a ocorrer serão substituídos por tecido fibroso, gerando a cirrose cardíaca porque o problema inicial é no coração. HEMORRAGIA Hemorragia Extravasamento de sangue dos vasos, pode ser arterial ou venoso. Divide-se em: Hemorragia Interna: ocorre quando o sangue sai dos vasos e fica retido no organismo, pode ser no interstício ou nas cavidades corporais. Hemorragia Quando o sangue fica retido no interstício, formam- se bolsa denominadas hematomas, já quando fica restrito as cavidades naturais recebem nomes específicos: Hemotórax: cavidade torácica Hemoperitônio: cavidade abdominal Hemopericárdio: saco pericárdico Hemorragia Externa: ocorre quando o sangue sai dos vasos e vai para o exterior. Hemorragia Dependendo da origem recebem nomes específicos como: -Enterorragia: o sangue se origina no intestino e é liberado nas fezes. -Gastrorragia: a origem é oe stômago e é liberado através do vômito ou fezes. -Metrorragia: origem é o útero, liberado no pós parto. -Epistaxe: tem origem nas vias respiratórias e é liberado pelas narinas. -Otorragia: origem no tímpano e liberado no conduto auditivo. Enterorragia Gastrorragia Metrorragia Epistaxe Otorragia Hemorragia Há nomes específicos para determinar a presença de sangue em outros componentes, por exemplo: -Melena: sangue digerido nas fezes, apresentam cor escura ou preta. Gerado por hemorragia no estômago ou porção inicial do intestino. -Hematoquesia: presença de sangue com aspecto vivo nas fezes. Gerado por hemorragia na porção final do intestino. -Hematúria: sangue na urina. -Hematêmese: sangue no vômito HEMATOQUESIA Hematoquesia Hematemese Hemorragia São dois os tipos de hemorragia divididos de acordo com as causas: Diapedese e Diérese Hemorragia Diapedese: ocorre de forma intersticial , onde as hemácias e outros componentes sanguíneos passam por entre as células endoteliais dos vasos e vão para o interstício, formando manchas, sem que ocorra o rompimento do vaso. São vistas nas superfícies serosas, epiteliais e mucosas. Hemorragia De acordo com o tamanho da lesão (manchas) existem quatro tipos: -Petéquias: 1-2mm de diâmetro -Púrpuras: até 1cm de diâmetro -Equimoses: de 2-3 cm de diâmetro -Sufusões: > que 3cm de diâmetro Causas da diapedese Físicas: aumento da pressão hidrostática do vaso. Ex: hiperemia ativa ou passiva, onde há aumento da pressão intravascular que leva a supressão ou extrapolamento da capacidade de contenção do endotélio. Causas da diapedese Toxinas: causas biológicas como endotoxinas da Escherichia coli que lesionam as células endoteliais, causando perda da integridade do vaso. Causas químicas como dicumarina (anticoagulante), que impede a cascata de coagulação e causam hemorragias espontâneas. Causas da diapedese Agentes biológicos: parasitas que utilizam as células endoteliais para completar seu ciclo, é o caso de vírus que utilizam as células para fazer sua replicação, são chamados endoteliotrópicos. Ex:vírus da peste suína e da hepatite infecciosa canina. Causas da diapedese Nutricionais: deficiências de vitaminas C e K. Vit C: participa da síntese de elastina para a manutenção dos vasos, com a sua deficiência os vasos ficam fracos porque perdem a integridade de suas parede e assim o sangue extravasa facilmente. Vit K: é importante da cascata de coagulação, sua deficiência causa hemorragias. Diérese Divide-se em dois subtipos: -Rexe: são hemorragias caracterizadas por rupturas de vasos -Diabrose: são causadas por ulcerações na parede do vaso. Ocorre em processos inflamatórios graves, varizes, neoplasias e aneurisma(dilatação da parede de uma artéria). Consequências Dependem de fatores como tempo e quantidade de sangue extravasado: - Aguda: quando ocorre perda de grande quantidade de sangue em um curto período de tempo geralmente ocorre morte por choque hipovolêmico. -Crônica: ocorre pequena perda de sangue em um longo espaço de tempo existem consequências como anemia, hipóxia e cianose. É o que acontecem os parasitismos. EDEMA Edema Aumento no volume delíquido (plasma) no espaço intersticial. Esse líquido pode ser de dois tipos: Edema -Inflamatório: é chamado exsudato, ocorre no local da inflamação. Característica: possui mais de 3% de proteína, densidade maior que 1010mmHg, coagula facilmente quando exposto ao ar, possui reação ácida e presença de bactérias contaminantes. Edema Não-Inflamatório: proveniente de um processo não inflamatório. Característica: possui menos de 3% de proteína, densidade em torno de 1010mmHg, dificilmene coagula, possui reação alcalina e não há presença de bactérias contaminantes. Aspectos morfológicos Macro: aumento de volume, aumento de peso, aspecto úmido, brilhante e gelatinoso com membrana espelhada e ao corte flui um líquido de coloração amarelo pálido. Micro: distinção dos espaços intercelulares, acúmulo de líquidos nos espaços naturais do corpo, por exemplo, os pulmões onde os alvéolos são preenchidos por líquido de coloração rosa devido a presença de algumas proteínas no alvéolo. Mecanismos de formação: Divide-se em duas categorias: Primárias e Secundárias Mecanismo de formação Primárias: Aumento da pressão hidrostática: a pressão do líquido dentro do vaso é maior que a de fora, logo haverá extravasamento de líquido. Ex: hiperemia. Mecanismo de formação Diminuição da pressão osmótica: ocorre em situações de hipoalbuminemia, uma vez que é a albumina que mantém a pressão osmótica dos vasos. Existem fatores que levam a hipoalbuminemia como nefropatias (excreção de proteínas nos rins), hepatopatias como cirrose (diminuem a síntese de proteínas), desnutrição (pouca ingestão de proteínas) e diarréia (perda de proteínas). Mecanismo de formação Aumento da permeabilidade: os capilares perdem a capacidade de manter a integridade da parede, pode ser causado por agentes etiológicos como vírus e toxinas de bactérias como Escherichia coli. Obstrução linfática: ocorre diminuição da drenagem de água dos tecidos, é o que ocorre em processos inflamatórios. Mecanismo de formação Secundárias: Retenção de cloretos: aumenta a água nos tecidos pela retenção de cloretos (cloreto de sódio). Ocorre quando existe insuficiência renal aguda porque os cloretos não são excretados e a água é reabsorvida. Também acontece em neoplasias que produzem aldosterona em excesso, que é um mineralocorticóide que reabsorve o sódio e, em consequência a água. Mecanismo de formação Aumento da pressão osmótica do tecido: ocorre em situações em que o animal tem dietas com níveis normais de NaCl, mas com privação de água. O sal se acumula nos tecidos e quando o animal volta a ingerir água em grande quantidade ela vai para os tecidos formando o edema, é conhecido por “intoxicação por sal”, sendo mais comum em suínos. Tipos de edema Local e Geral Edema Local: ocorre em apenas um local, por exemplo, no pulmão onde se observa endurecimento, aumento de volume, ao corte extravasa líquido e presença de espuma nas vias aéreas. Micro: líquido que se cora em rosa nos espaços alveolares e espessamento das paredes alveolares. Tipos de edema Edema Geral: ocorre em casos de hipoproteinenia, pois diminui albumina e consequentemente a pressão osmótica, logo se encontra líquido no interstício de todo o organismo, o que se denomina de Anasarca. Pode ocorrer no caso da cirrose hepática. Se o líquido estiver nas cavidades recebem nomes específicos: Tipos de edema Hidropericárdio: no saco pericárdio Tipos de edema Hidrotórax: cavidade torácica Tipos de edema Hidroperitônio (ascite): cavidade abdominal; TROMBOSE Trombose Caracteriza-se pela formação de trombos na parede interna dos vasos. Ocorre quando a cascata de coagulação é ativada em situação patológica. Essa alteração patológica é conhecida por tríade de virchow, que apresenta um ou mais mecanismo que podem ativá-lo, são eles: Trombose 1-Alteração da parede vascular: quando ocorre lesão das células endoteliais e ocorre exposição do colágeno subendotelial, ocorre a aderência das plaquetas a esse colágeno, então se forma uma massa firme chamada tampão primário. Trombose Essas plaquetas são ativadas e liberam uma substância que causa aderência de mais plaquetas, formando o tampão secundário. A substância que causa aderência plaquetária ativa a protrombina, em seguida o fibrinogênio, que é transformado em fibrina, esta se liga as plaquetas formando uma massa insolúvel para fechar a lesão. Trombose Existem substâncias que regulam esse processo para que o trombo não cresça muito e obstrua o vaso. Trombose 2-Alteração do fluxo sanguíneo: existem duas variáveis para alteração do fluxo sanguíneo. Velocidade: quando a velocidade diminui a pressão arterial tende a diminuir também, o fluxo laminar é desfeito e as plaquetas tendem a se aproximar das paredes dos vasos. Se uma plaqueta se aderir as células endoteliais da parede do vaso, ocorrerá a formação do trombo. Trombose Turbulência: por exemplo, válvulas venosas com problemas que causam desarranjo do curso sanguíneo e do fluxo laminar, havendo choque dos componentes sanguíneos com a parede dos vasos, isso facilita a adesão de plaquetas as células endotelias. Trombose 3-Alteração dos componentes sanguíneos: Trombocitose: aumento exagerado da quantidade de plaquetas no sangue. Deficiência da enzima Antitrombina III: impede a conversão de protrombina em trombina. Se faltar esse elemento anticoagulante aumentará a quantidade de trombina e maior chance de trombose. Trombose Deficiência de plasminogênio: esse é convertido em plasmina que é responsável por destruir trombos, sua deficiência faz aumentar os trombos. Choque: ocorre a liberação de grande quantidade de tromboplastina (fator tecidual), fator normal da cascata de coagulação que atrai plaquetas e aumenta a viscosidade do sangue, facilitando a formação de trombos. Aspectos morfológicos Macro: possuem aspecto seco, são duros e friáveis, apresentam superfície rugosa,é muito aderente, aspecto laminar (camadas intercaladas de plaquetas e fibrina), estão aderidos a parede dos vasos. A coloração depende do local, nos vasos arteriais são esbranquiçadas ou acinzentadas. Já nos vasos venosos são avermelhados devido a velocidade do fluxo. Aspectos Morfológicos Micro: trombo recente apresenta massa rosa característica de fibrina e quantidade variada de hemácias. Já o trombo antigo apresenta tecido conjuntivo fibroso e nova vascularização, pouca fibrina e hemácias. Consequências ou destino do trombo: Fibrinólise: processo de dissolução dos trombos através da enzima plasmina. É um processo de defesa do organismo no qual enzima degrada a fibrina. Consequências ou destino do trombo: Organização:/Recanalização do trombo: a organização é a invasão por fibroblastos e células endoteliais para dentro da massa de um grande trombo, ali iniciam a formação de canais vasculares com o objetivo de recanalização do trombo. Consequências ou destino do trombo: Ruptura e fragmentação do trombo: o fragmento do trombo cai na circulação , é então chamado de êmbolo, podendo até causar infarto. ISQUEMIA Isquemia Caracteriza-se pela diminuição do fluxo sanguíneo arterial para determinado local, pode ser causado por um êmbolo ou trombo. Tipos de isquemia: Rápida e Lenta Isquemia Rápida: ocorre a obstrução de uma artéria e causa infarto. Ex: êmbolo. Lenta: compressão gradativa de uma artéria, causando atrofia do órgão. Ex: neoplasia. INFARTO Infarto Morte celular proveniente da ausência de sangue no local. Aspectos morfológicos: Macro: necrose de coagulação, no início cor vermelho intenso, após 48h coloração amarela ou branca, possui formato triangular. EMBOLIA Embolia Presença de corpo estranho na corrente sanguínea. Mais de 90% dos casos são causados por trombos, é entãodenominado de tromboembolia. Se o trombo se formar em uma artéria irá se alojar numa porção distal aquela onde foi formado. Se for formado em uma veia, como a safena, irá se localizar no fígado ou pulmão. Se formado no coração, vai para órgãos principalmente o fígado. Tipos de Embolia Embolia celular: pode ocorrer em neoplasias, onde células neoplásicas se desprendem, invadem a corrente sanguínea e atingem outras partes do corpo. Pode ocorrer por traumatismo, como uma pancada no fígado que causa desprendimento dos hepatócitos que caem na circulação. Pode ocorrer no parto , onde as células amnióticas podem atingir a corrente sanguínea. Tipos de Embolia Embolia séptica: ocorre quando colônias ou grumos de bactérias se desprendem do local da inflamação e caem na corrente sanguínea, é uma forma de disseminar o processo inflamatório. Tipo de Embolia Embolia gasosa: bolhas de ar na corrente circulatória, são introduzidas por infeções, cirurgias prolongadas e traumas no abdome. É comum em humanos nos mergulhos profundos e em altas altitudes. Tipo de Embolia Embolia gordurosa: presença de glóbulos de gorduras na corrente sanguínea. Ocorre em traumas de ossos longos, onde a medula libera gordura. Também traumas no panículo adiposo onde há liberação de adipócitos no sangue. Tipos de Embolia Embolia parasitária: presença de parasitas na corrente sanguínea como a dirofilariose onde o verme do coração em altas infestações pode cair na circulação sanguínea. O Strongylus vulgaris se localiza na artéria mesentérica de equinos e as vezes ganha a circulação. Consequência Obstrução dos vasos sanguíneos, se for um vaso arterial, com a diminuição do fluxo sanguíneo, ocorre isquemia. Atividade Faça um resumo em forma de infográfico com os temas: -Hiperemia -Hemorragia -Edema -Trombose -Infarto -Isquemia -Embolia