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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO SOCIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS DO PATRIMÔNIO CULTURAL
LADY DAIANA OLIVEIRA DA SILVA
Resumo crítico: o poder legislativo e a política de preservação do patrimônio cultural no Brasil
GUANAMBI
2023
LADY DAIANA OLIVEIRA DA SILVA
Resumo crítico: o poder legislativo e a política de preservação do patrimônio cultural no Brasil
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Gestão Social e Políticas Públicas do Patrimônio Cultural da Universidade Federal da Bahia como requisito para a avaliação na Disciplina Marcos Regulatórios do Patrimônio Cultural.
Orientador: Prof. Mestre Antonioni Afonso.
GUANAMBI
2023
INTRODUÇÃO
Neste resumo crítico, focalizo a discussão sobre o artigo: o poder legislativo e a política de preservação do patrimônio cultural no Brasil, proposto Costa (2021). Pondero a respeito das funções do Estado, particularmente da atuação dos Poderes Legislativo e Executivo, nas formulações de políticas públicas de proteção e salvaguarda do patrimônio cultural que em muitos casos, são estabelecidas Leis parlamentares que declaram os bens materiais e imateriais como patrimônio de municípios, sem crivo de um corpo de especialistas ou mesmo sem a imersão da comunidade. 
Diante disso, para dar inteligibilidade ao resumo aqui proposto, o texto realça os desafios e entraves apresentados pela autora referentes ao processo legislativos de preservação do patrimônio cultural em nosso país em seguida, as considerações contingenciais nas quais são realçadas as reflexões críticas deste resumo.
2. DESAFIOS E ENTRAVES NO PROCESSO LEGISLATIVO BRASILEIRO DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL 
No Brasil, a Constituição Federal de 1988, no artigo 216, ampla o entendimento de patrimônio cultural ratificando a natureza jurídica a partir de normativas especiais para promoção e proteção aglutinando a atuação colaborativa entre as instituições que representam o poder público e as comunidades. Tal ação refere-se à participação do controle social e participativo na seleção, fruição e no acesso dos bens definidos como objetos de preservação e salvaguarda. 
Contudo, percebe-se que no Brasil as leis declaratórias do patrimônio cultural, de inciativa parlamentar, imersas entre as instituições jurisprudência dos Poderes Legislativos em suas esferas, são questionados por Costa (2021), que coloca em suspensão a capacidade, legitimação e efetividade dessas instituições que concebem aos bens culturais materiais e imateriais o tombamento e os registros desconsiderando, que a interlocução com a comunidade, uma vez que estas “atam o laço social e oferecem aos indivíduos as marcas necessárias para sua identidade “ (COSTA, 2011, p.618). 
Nesse sentido, em muitos casos, o Poder Executivo, faz uso da sua jurisdição para determinar os bens materiais de proteção – tombamento e, os registros dos bens imateriais, conforme orienta os órgãos de proteção do patrimônio em nosso país. Desse modo, Costa (2021) realça que a proteção e salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro, mediante normativas dos poderes constitucionais, não constitui garantias de efetividade. Conforme aponta o excerto: 
Para além de não promover a preservação do bem “acautelado”, enseja: i) descompasso na interlocução e na cooperação entre os poderes Executivo e Legislativo, que compromete o desenho institucional concertado da política de preservação do patrimônio cultural – e que deve estar costurada à política de gestão urbana; ii) sobrepujamento dos papéis dos poderes Executivo e Legislativo na formulação, execução e fiscalização da política pública analisada, gerando, ainda, “apropriação” pelos parlamentos dos instrumentos de proteção disponibilizados pelo ordenamento jurídico pátrio; iii) edição de normas declaratórias inefetivas, que não ensejam efeitos protetivos por carecerem da atuação dos órgãos de proteção patrimonial da administração pública municipal, estadual ou federal, gerando precarização da proteção do patrimônio; iv) produção legislativa com traços de fragilidade democrática, considerando a não adoção de um “devido procedimento na elaboração normativa” (BARCELLOS, 2016, p. 21) e, essencialmente, a não participação dos diversos agentes do campo do patrimônio cultural na elaboração das normas citadas, em especial, de representantes das secretarias de cultura, dos órgãos de proteção patrimonial e da comunidade “produtora” do bem cultural declarado patrimônio, como estabelece o art. 216, § 1o, da CR/88; v) fluidificação e excessiva ampliação do conceito de patrimônio cultural que está sedimentado no texto constitucional, uma vez que inexiste nos projetos de lei do Poder Legislativo verificação – pela técnica e pela práxis – do indicador de relevância cultural do bem no caso concreto, aferível somente mediante realização de estudos técnicos por corpo de peritos especializados, em colaboração com a comunidade (COSTA, 2021, In. SANT'ANNA; QUEIROZ, 2021, p. 600-601).
Nesse movimento, a autora propõe alternativas para democratizar e qualificar o processo de elaboração das normas das políticas no campo patrimonial, com sugestões alternativas para que o Poder Legislativo tente fortalecer democraticamente as políticas públicas referentes ao patrimônio cultural brasileiro. A partir, da interpelação entre democracia participativa e representativa, reitero que a autora busca essa conciliação nas esferas de poder para que os representantes da sociedade civil possam tomar parte e fazer parte dos processos de decisões no âmbito da gestão do patrimônio cultural.
3 CONSIDERAÇÕES CONTINGENCIAIS
A ampliação da noção de patrimônio cultural na Constituição Federal de 1988, possibilitou incorporar na política pública patrimonial um formato descentralizado. Nesse aspecto, reitero sobre os desafios impostos sobre a efetiva atuação do Poder Legislativo neste campo de modo que propicie mecanismos de participação comunitária para que o tombamento, registro e salvaguarda dos bens culturais sejam de natureza material ou imaterial sejam efetivados levando em consideração os usos sociais dos patrimônios.
Nesse aspecto, este resumo realça sobre a necessidade de repensar as formas de atuação do Poder Legislativo, para além das jurisprudências dos poderes Executivo, legislativo e judiciário. E, desse modo, incorporar os representantes das comunidades que constroem as manifestações culturais e fazem uso dos bens considerados patrimônio. Desse modo, acredita-se que o Estado no âmbito das políticas públicas do patrimônio cultural, deve incorporar em sua função de legitimidade a participação da comunidade uma vez que, somente a produção de leis de tombamento ou registro não garantem a guarda do bem cultural. Daí a importância do Poder legislativo, por exemplo, mediar o diálogo entre o campo político e o campo patrimonial, seja por meio de fóruns, seminários, conferências, entre outros, para que o patrimônio cultural brasileiro seja gerido de forma verdadeiramente pública e democrática.
REFERÊNCIAS
COSTA, Mila Batista Leite Corrêa. Poder legislativo e a política de preservação do patrimônio cultural no Brasil IN. SANT'ANNA, Marcia; QUEIROZ, Hermano. Em defesa do Patrimônio Cultural: percursos e desafios/ Marcia Sant'Anna, Hermano Queiroz (Organizadores).
Vitória: Editora Milfontes, 2021. 820 p.: 23 cm.
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