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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO SOCIAL E POLÍTICAS PÚBLICAS DO PATRIMÔNIO CULTURAL ADAIL DE AZEVEDO MAGALHÃES DIANE STELA NEVES ALVES LADY DAIANA OLIVEIRA DA SILVA LIELVA AZEVEDO AGUIAR ZAMANA BRISA SOUZA LIMA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: instrumento de socialização da comunidade quilombola de Gurunga-Bahia GUANAMBI 2023 ADAIL DE AZEVEDO MAGALHÃES DIANE STELA NEVES ALVES LADY DAIANA OLIVEIRA DA SILVA LIELVA AZEVEDO AGUIAR ZAMANA BRISA SOUZA LIMA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: instrumento de socialização da estrada de pedras da comunidade quilombola de Gurunga-Bahia Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Gestão Social e Políticas Públicas do Patrimônio Cultural da Universidade Federal da Bahia como requisito para a avaliação na Disciplina Gestão Social do Patrimônio Cultural. Orientadora: Profa. Doutora Maria Amelia Jundurian Corá. GUANAMBI 2023 EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: instrumento de socialização da estrada de pedras da comunidade quilombola de Gurunga-Bahia O patrimônio Estrada de Pedras, retratado neste trabalho, está inserido no território da Comunidade Quilombola de Gurunga-Bahia. A Fazenda Gurunga esta localizada a 42 quilômetros da sede do município de Igaporã, ocupando uma área total de 1.000 hectares (SOUZA, 2012). De acordo com site do Ipatrimonio a certificação de reconhecimento como comunidade quilombola foi emitida pela Fundação Cultural Palmares em 11 de julho de 2010. A seguir mapa da localização da comunidade. A Estrada de Pedra é um patrimônio material mais importante para a comunidade de Gurunga e região. Situada na Serra da comunidade, a estrada de Pedra foi construída a dezenas de anos pelo trabalho do escravizados. De acordo com pesquisa de Souza (2012, p. 82) “A senhora Juliana (falecida em junho 2009 aos 115 anos), dizia a sua neta Maria Francisca e aos seus bisnetos, que essa estrada segundo seus pais foi construída pelos escravos e muitas pessoas morreram nessa área de fome e sede”. As crendices populares, relatam que houve muita dor e sofrimento no local. Dessa forma, essa construção histórica passou a ser considerado pelos morados como um local sagrado. Acredita-se que os espíritos dos escravizados permanecem ali e para acalmá-los é necessário, sempre que se passar pelo local, colocar ramos de folhas verdes flores, água ou pedra ao lado de uma cruz presente na estrada (SOUZA, 2012). A seguir, imagem da estrada de pedras. De acordo com pesquisa de Souza (2012), as narrativas dos morados mais antigos da comunidade de Gurunga, apontam que a estrada de pedras não chegou à conclusão da obra, ou seja, que não leva a lugar algum. Antigamente, os moradores utilizam parte dessa estrada para deslocarem para o município de Caetité, uma vez que geograficamente, era a sede do município mais próximo. Os estudos de Souza (2012) e o documento Plano Municipal de Cultura de Igaporã (2015), ponderam que a comunidade já era habitada por mais de um século, a data de fundação, considerada pelos moradores é 23 de outubro de 1983; essa data é um marco da organização social do povoado de Gurunga, no qual foi celebrada a primeira missa pelo padre Adhemar Cardoso Neves à época, pertencente a paróquia de Caetité. Tal ato ocorreu sob uma árvore conhecida como Quixabeira existente até os dias atuais na comunidade. Até essa data, a comunidade era desprovida de escola, estradas, sistema de saúde, água tratada. A seguir, imagem desse acontecimento tão importante que marcou a vida dos moradores do povoado. Nesse aspecto, preservar, valorizar e divulgar os elementos culturais de um povo é manter viva a sua historicidade. De acordo com Fortuna (2016) pensar as ruínas que constituem o patrimônio é pensar no tempo como moldura, espetáculo da vida vivida. “Certamente, a ruína pode ser mero objeto de contemplação (sentimento de perda), mas igualmente pode ser inserida no seio da experiência humana e ser tornada um recurso ativo com utilidade funcional própria (função de desconstrução)” (FORTUNA, 2016, p. 6). Nesse movimento, a estrada de pedras da comunidade de Gurunga constitui a presença da ruína que marca a paisagem funcionando como marca de memória que pode ser utilizada como atração patrimonial e turística. Atualmente, a estrada de pedras da Comunidade de Gurunga, está ameaçada pelo turismo desportivo que é praticado por visitantes que realizam motocross, subindo pela estrada com as motocicletas o que tem ocasionado danos ao patrimônio local. As pedras estão sendo deslocadas e partes da estrada já está destruída. Diante disso, pensamos na gestão compartilhada desse território, entre o poder público do município ao qual a comunidade está vinculada, particularmente, ao Programa Municipal de Educação Ambiental e Patrimonial de Igaporã, o Museu do Alto Sertão da Bahia, MASB e a própria comunidade. Haja vista que a Comunidade de Gurunga integra um dos núcleos do MASB, que é constituído como museu descentralizado com núcleos territoriais a ele vinculados. Para tanto, pretendemos desenvolver uma tecnologia social direcionada a inserção da educação patrimonial nos currículos das escolas públicas municipais de Igaporã, com foco na divulgação do patrimônio material que é e estrada de pedras e no patrimônio imaterial que é a própria comunidade de Gurunga. REFERÊNCIAS SOUZA. Roseli Benvides, de. LEAL, Simônica Pedrosa. Comunidade remanescente de quilombo de Gurunga Igaporã/Ba: aspectos socioeconômicos e culturais. Monografia graduação em Geografia pela Universidade do Estado da Bahia, Campus – VI, Caetité, Bahia, 2012, 122p. (impresso) IGAPORÃ. Plano Municipal de Cultura. Diário Oficial Prefeitura Municipal de Igaporã, ANO III - Edição Nº 550 BAHIA - 17 de Julho de 2015. (impresso) FORTUNA, Carlos. O. O sentido estético e cultural da ruína. IX Congresso Português de Sociologia, Portugal, julho de 2016. Disponível em: https://plataforma9.com/congresso/ix-congresso-portugues-de-sociologia-portugal-territorio-de-territorios/ image1.jpeg image2.png image3.png image4.png