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Programa de Financiamento de Bolsas de Mestrado Vinculadas à Pesquisa "Micro e Pequenas
Empresas em Arranjos Produtivos Locais no Brasil”. SEBRAE | UFSC | NEITEC | FEPESE| 2004
 1 
Aspectos conceituais e metodológicos na análise de 
Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais 
 
Prof. Dr. Marco Antonio Vargas1 
 
1. Introdução e objetivos 
 
O principal objetivo desta nota técnica consiste em apresentar elementos 
conceituais e metodológicos que permitam o estabelecimento de um referencial 
analítico comum para o estudo da dinâmica de desenvolvimento de MPEs 
articuladas em torno de arranjos e sistemas produtivos locais. 
A discussão sobre as diferentes formas de articulação de MPEs em torno de 
aglomerações produtivas territoriais envolve dois eixos prioritários de análise com 
elevado grau de interdependência. O primeiro remete ao caráter interativo e 
localizado do aprendizado tecnológico que fundamenta o estudo dos processos de 
capacitação competitiva e inovativa de empresas articuladas em arranjos e sistemas 
produtivos. De acordo com essa visão sistêmica da inovação e da competitividade, a 
capacidade de geração, difusão e utilização de novos conhecimentos consolida-se 
como um processo que transcende a esfera da firma individual e passa a depender da 
contínua interação entre firmas e destas com as diferentes instituições que 
constituem sistemas de inovação em diferentes âmbitos2. Em particular, diante deste 
quadro que coloca o processo de aprendizado inovativo como principal fonte de 
vantagem competitiva, a própria questão da competitividade dos arranjos estudados, 
passa ser compreendida a partir de um referencial sistêmico que contempla não 
somente a firma individual, mas também as interações entre conjuntos articulados de 
empresas e demais atores institucionais que integram tais aglomerações. 
O segundo eixo refere -se ao reconhecimento crescente da importância 
associada ao papel das micro e pequenas empresas enquanto fonte de dinamismo 
econômico, e seus reflexos na geração de emprego e renda. Neste aspecto, verifica-
se que a articulação de MPEs em torno de arranjos e sistemas produtivos locais tem 
representado um importante fator de sustentação ao desenvolvimento deste 
segmento de empresas. Da mesma forma, destaca-se um conjunto de contribuições 
recentes (Lastres et al 1999; Cassiolato e Lastres 1999; Schmitz 1995; Schmitz e 
Nadvi 1999) que argumenta que: 
a) Aglomerações de MPME apresentam uma importância crescente para os países 
em desenvolvimento e constituem-se num fenômeno comum numa ampla gama 
de países e setores; 
 
1 Doutor em Economia Industrial e da Tecnologia, IE/UFRJ; Pesquisador Associado do Instituto de 
Economia da UFRJ na Rede de Pesquisa em Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos. 
2 Neste aspecto, assume uma importância crucial as relações de cooperação horizontais e verticais, entre 
firmas, bem como com seu universo de clientes, fornecedores e demais organizações como centros de 
pesquisa, escolas técnicas, atores públicos e privados, que desempenham um papel relevante no processo 
de capacitação de arranjos produtivos. 
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b) A participação neste formato de aglomerações tem auxiliado micro e pequenas 
empresas a ultrapassar conhecidas barreiras ao crescimento das firmas, a 
produzir eficientemente e a comercializar produtos em mercados distantes. 
Esta nota privilegia a discussão sobre os principais elementos conceituais e 
metodológicos que integram o estudo sobre arranjos e sistemas produtivos e 
inovativos locais. Tal discussão será apresentada ao longo de três seções, além desta 
introdução. A próxima seção explora os fundamentos teóricos da discussão sobre 
mudança tecnológica e sistemas de inovação que têm origem, respectivamente, no 
enfoque evolucionário e neo-schumepeteriano. A relação entre proximidade, 
aprendizado e inovação também é discutida na segunda seção, na medida em que 
constitui-se num elo fundamental para compreensão do dinamismo competitivo e 
inovativo que é geralmente associado aos diferentes formatos de aglomerações 
produtivas territoriais. A terceira seção avança na constituição de um referencial 
analítico para o desenvolvimento dos estudos de caso sobre as distintas formas de 
articulação de micro e pequenas empresas em torno de arranjos e sistemas 
produtivos e inovativos locais. A última seção procura detalhar os principais 
procedimentos metodológicos a serem adotados na pesquisa de campo tendo em 
vista os diferentes recortes temáticos que são propostos no Termo de Referência do 
projeto. Dessa forma, a seção apresenta um roteiro de questões que serve de base 
para coleta de informações junto aos arranjos a serem pesquisados. 
 
2. Referencial teórico: a dimensão sistêmica do aprendizado e da 
inovação 
 
Esta seção apresenta uma sistematização dos principais elementos teóricos 
e conceituais que integram a análise sobre arranjos e sistemas produtivos e 
inovativos locais tendo como pano de fundo o enfoque evolucionista sobre mudança 
tecnológica que tem origem no trabalho pioneiro de Nelson e Winter (1982) e a 
abordagem neo-schumpeteriana sobre sistemas de inovação proposta por autores 
como Freeman (1987), Lundvall (1988 e1992). Tais abordagens permitem explorar a 
importância associada às configurações institucionais no sentido de dar sustentação 
às trajetórias de capacitação inovativa das firmas ao mesmo tempo em que enfatizam 
o papel do conhecimento e do aprendizado interativo enquanto elementos centrais no 
processo de mudança tecnológica. Finalmente, destaca-se os principais argumentos 
que resgatam a importância de aglomerações produtivas locais no decorrer da 
década de 80 a partir de uma discussão sobre a relação entre proximidade territorial, 
aprendizado localizado e inovação. 
 
2.1. Fundamentos do enfoque evolucionário 
 
A abordagem evolucionária proposta originalmente por Nelson e Winter 
(1982) procura enfatizar o caráter endógeno que assume o processo de mudança 
tecnológica na teoria econômica. Dessa forma, tanto a hipótese de equilíbrio como a 
de racionalidade dos agentes econômicos, características das premissas neoclássicas, 
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passam a ser refutadas. O comportamento maximizador que determina o processo de 
decisão na concepção ortodoxa tradicional é substituído por regras ou rotinas que 
passam a direcionar o processo de decisão nas firmas. 
Os elementos chave que compõem a abordagem evolucionária são 
destacados por Malerba (1996:2)3: Inicialmente, o conhecimento encontra-se na base 
do processo inovativo, e a sua criação e difusão são a fonte básica na mudança 
econômica e tecnológica. O aprendizado é o mecanismo chave no processo de 
acumulação do conhecimento, ocorrendo através de formas que apresentam 
diferentes graus de inércia, contextualidade e complementaridade. O surgimento de 
alternativas em termos de inovações em produtos, processos, tecnologias, 
instituições, etc. possibilita o aumento da diversidade ou variedade no sistema e a 
ocorrência de um processo de mudança qualitativa. O mecanismo de seleção, por 
sua vez, reduz a variedade da economia e afeta a difusão comparativa dos tipos de 
atores e comportamentos no sistema econômico. Além disso, as instituições, na 
medida em que ajudam a moldar o processo de aprendizado, desempenham um 
papel fundamental na inovação e na evolução industrial, tendendo a evoluir 
conjuntamente no tempo com a tecnologia, formas organizacionais, estruturas de 
mercado e com as estratégias das firmas. 
Na medida em que as firmas se defrontam com situações novas para as 
quais suasregras diárias não oferecem referências, passam a valer-se de novas 
estratégias, incorporando-as à sua experiência e diferenciado-se das demais. A 
adoção de rotinas, por sua vez, reflete a existência de um elevado grau de incerteza 
no ambiente de decisão das firmas e não existe nenhum mecanismo que assegure 
uma posição de equilíbrio de longo prazo para a indústria no decorrer do processo 
que leva a busca de inovações pela firma e a seleção pelo mercado dessas estratégias 
inovativas (Nelson & Winter, 1982; Dosi e Cimoli, 1994). 
A diversidade, seja ela técnica, institucional ou organizacional, consiste 
também num elo fundamental para análise do processo inovativo. Por um lado, a 
redução na diversidade implica na redução de opções e no decréscimo nas 
possibilidades de comunicação e interação entre diferentes tipos de qualificações, de 
conhecimentos e competências (Cohendet e Llerena, 1997; Johnson e Gregersen, 
1997). Por outro lado, a heterogeneidade de recursos e qualificações representa o 
melhor fundamento para construção de competências específicas às firmas e 
variações entre firmas quanto à sua competitividade. Assim, ao mesmo tempo em 
que as firmas e organizações ampliam sua base de conhecimento e incorporam 
novas rotinas, elas também passam a avaliar o quanto a sua estratégia, estrutura e 
 
3 Também cabe destacar que a constituição do arcabouço teórico evolucionário acaba por refletir 
contribuições oriundas de diferentes disciplinas científicas: i) da teoria dos sistemas e termodinâmica 
deriva-se a diferença fundamental entre sistemas abertos e fechados, a concepção de mudança qualitativa, 
indeterminação, irreversibilidade, path dependency e multi estabilidade; ii) da biologia, resgata-se a 
discussão sobre o conceito de variação que dá origem às novas espécies e de abordagem populacional em 
oposição à abordagem tipológica proposta pela teoria neoclássica tradicional; iii) da teoria das 
organizações, introduz-se explicitamente a noção de estrutura organizacional e mediação de conflitos 
internos (Saviotti, 1997). 
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competências operam no sentido de garantir a sua sobrevivência num determinado 
ambiente (Mc Kelvey, 1998). Em outras palavras, a incerteza inerente às atividades 
de criação de novos conhecimentos induz a adoção de procedimentos e rotinas que 
refletem a interpretação das firmas sobre o sucesso de seus padrões de decisão no 
passado e que são continuamente reproduzidos e reforçados enquanto se mostrarem 
eficazes. 
 
2.2. Sistemas de inovação e a importância das configurações institucionais 
 
Conforme destacado anteriormente, um dos aspectos chave da abordagem 
sobre sistemas de inovação reside na constatação de que a inovação consiste num 
fenômeno sistêmico no sentido de que os processos de inovação que têm lugar no 
nível da firma são, em geral, gerados e sustentados por relações inter-firma e por 
uma complexa rede de relações inter-institucionais. Neste contexto, a firma passa a 
ser redefinida como uma organização voltada para o aprendizado e inserida num 
contexto institucional mais amplo (Nelson e Winter, 1982; Freeman, 1987; 
Lundvall, 1992; Edquist, 1997) 4. 
A percepção sobre a natureza sistêmica e complexa da inovação que 
emerge a partir do enfoque evolucionário e neo-schumpeteriano contrapõe-se à 
noção tradicional característica do chamado "modelo linear" que estabelece uma 
seqüência bem definida que inicia com as atividades de pesquisa básica e desemboca 
na adoção de novos produtos e processos nas empresas. Assim, a partir da 
abordagem sistêmica, a inovação deixa de ser encarada como um fenômeno isolado 
no tempo e no espaço e passa a ser considerada como o resultado de trajetórias que 
são cumulativas e construídas historicamente, de acordo com as especificidades 
institucionais e padrões de especialização econômica inerentes a um determinado 
contexto espacial ou setorial. A firma inova através da interação com outras 
instituições visando a criação, desenvolvimento e troca de diferentes tipos de 
conhecimento. Enquanto o modelo linear extrapola o papel da ciência básica e 
negligencia a necessidade de interação entre os diferentes atores no processo de 
inovação, o modelo sistêmico destaca a importância de elementos como a interação 
e a cooperação em tal processo. 
Ainda que a origem das primeiras abordagens sobre sistemas de inovação 
esteja relacionada à análise da capacidade inovativa de sistemas tecnológicos e 
industriais no âmbito de economias nacionais, desenvolvidas por autores como 
Freeman (1987), Lundvall (1992) e Nelson (1993), a perspectiva da inovação a 
partir dessa visão sistêmica constitui-se num referencial suficientemente abrangente 
para permitir a análise desses sistemas a partir de diferentes dimensões. Dessa 
forma, sistemas de inovação podem apresentar alcance supranacional, nacional, mas 
também podem ser analisados a partir de sua dimensão setorial, regional ou local 
 
4 É possível destacar também a contribuição de Porter (1990) que, mesmo sem apresentar explicitamente 
o conceito de sistema nacional de inovação, aponta para diferentes estratégias que afetam a 
competitividade da indústria nacional. 
 
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(Edquist, 1997). Esses diferentes recortes apresentam um caráter complementar e a 
escolha de uma dimensão específica de análise reflete basicamente o tipo de enfoque 
e objeto de estudo (Vargas, 2002). Em alguns casos as relações entre diferentes 
atores que integram um sistema podem apresentar maior nexo quando analisadas a 
partir da sua dimensão setorial, em outros casos tais relações são mais claramente 
explicadas a partir da sua dimensão territorial ou local. 
Sob vários aspectos, a discussão sobre o escopo e limites da abordagem 
sobre sistemas nacionais de inovação proposta por autores como Freeman e 
Lundvall, apresenta uma clara contraposição aos argumentos que apontam para a 
crescente globalização dos processos de inovação tecnológica. Ao contrário da visão 
de autores como Nelson, eles consideram que o elementos e relacionamentos que 
compõem os sistemas nacionais de inovação podem ser moldados a partir da ação de 
policy-makers e demais atores e instituições que compõem tais sistemas. Desta 
forma, destacam a importância da constituição de arranjos institucionais, públicos e 
privados, que possam contribuir para a criação de competências tecnológicas 
específicas e para o processo de aprendizagem interativa. 
A importância atribuída às especificidades locais na constituição de 
sistemas de inovação também é destacada por Ehrnberg e Jacobsson (1997), que 
afirmam que um sistema tecnológico local e funcional pode dar à firma um 
conjuntos de vantagens no processo de superação das descontinuidades tecnológicas. 
De acordo com esses autores, evidências empíricas demonstram que as firmas e 
inovações tendem a agrupar-se espacialmente e que as regiões geográficas 
freqüentemente se especializam em certas áreas industriais ou tecnológicas. O 
chamado "conhecimento coletivo" relacionado à proximidade territorial tende a 
conduzir o comportamento de uma região em relação à "como fazer a coisas" 
significando que o desenvolvimento regional tende a convergir para uma trajetória 
path dependent. 
 
2.3. Conhecimento tácito e a dimensão localizada e interativa do 
aprendizado 
 
No campo da Ciência Econômica, de um modo geral, a busca de 
explicações sobre a forma pela qual indivíduos e firmas acumulam e modificam suas 
bases de conhecimento com vistas a atuar em mercados e organizações deu origema 
diferentes abordagens teóricas fundamentadas em perspectivas distintas sobre a 
natureza do conhecimento. Por um lado, a abordagem neoclássica demonstra uma 
visão empiricista que limita a noção de aprendizado ao acúmulo de informações 
através da observação e da experiência (Hodgson,1998). Por outro, no decorrer das 
últimas décadas, as transformações radicais nas relações sócio-econômicas, 
engendradas pelas novas tecnologias da informação e comunicação, contribuíram 
para o surgimento de novos enfoques - baseados no referencial teórico evolucionário 
e neo-schumpeteriano - que destacam a importância do conhecimento enquanto 
principal insumo do atual padrão de desenvolvimento sócio-econômico e apontam a 
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natureza social e interativa do processo de aprendizado (Lundvall, 1995; Dosi 1996: 
84). 
De acordo com este enfoque não ortodoxo, o processo de aprendizado 
reflete o uso de informações e a geração e difusão de conhecimentos (tácitos ou 
codificados), constituindo-se numa atividade coletiva que integra a experiência de 
indivíduos e organizações. Seu desenvolvimento efetivo encontra-se, portanto, 
vinculado à natureza das interações entre diferentes atores sociais e ao 
estabelecimento de canais eficientes de comunicação que, por sua vez, refletem as 
condições do ambiente social, cultural e institucional (Amin e Wilkinson, 1999: 
121). 
A busca de uma explicação endógena para o processo de transformação do 
conhecimento aplicado em sistemas econômicos representa o principal desafio do 
esforço de teorização evolucionário e neo-shumpeteriano. Sob vários aspectos, o 
desenvolvimento dessas abordagens heterodoxas na análise do processo de mudança 
tecnológica reflete o desconforto com relação ao referencial ortodoxo onde, 
tradicionalmente, o processo de criação e acumulação de conhecimento se encontra 
fora do escopo de análise dos modelos. Assim, um dos maiores avanços da 
abordagem evolucionária em relação ao enfoque neoclássico consiste, justamente, 
no reconhecimento da importância desempenhada pelo aprendizado no processo de 
mudança tecnológica. Neste novo contexto, o aprendizado passa a ser descrito como 
a forma pela qual as firmas constroem, suplementam e organizam conhecimentos e 
rotinas em torno de competências e cultura inerentes, ao mesmo tempo em que 
adaptam e desenvolvem sua eficiência organizacional através da melhoria destas 
competências (Dodgson, 1996: 55) 
Conforme é colocado por Johnson e Gregersen (1997: 15), quase todos os 
processos de aprendizado são sociais e interativos, sendo o conhecimento afetado e 
transformado através de processos permeados pela interação social e onde as 
próprias instituições mudam como resultado dessa interação voltada para criação de 
novos conhecimentos. Dessa forma, as instituições são apresentadas como um 
elemento básico no processo de evolução social na medida em que propiciam, 
através do mercado, um ambiente de seleção para as inovações e cumprem um papel 
relevante na acumulação e transmissão de conhecimentos de um período a outro. 
Johnson e Gregersen (1997) destacam que na perspectiva evolucionária a 
importância das instituições e a própria relação entre instituições e mudança 
econômica torna-se evidente. As configurações institucionais afetam a geração, 
acumulação, distribuição, uso e destruição do conhecimento na medida em que 
moldam a percepção e as decisões dos agentes econômicos. Da mesma forma, as 
instituições também condicionam o processo de geração de variedade e seleção 
tendo em vista seu papel com relação às transformações técnicas e organizacionais. 
Assim, a evolução dos padrões de aprendizado constitui-se numa decorrência do 
contexto institucional e do grau de interação estabelecido entre os diferentes atores 
no sistema (Thomson, 1993). O processo de aprendizagem encontra-se socialmente 
embebido e os formatos institucionais e organizacionais condicionam as formas de 
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interação entre os atores econômicos. O contexto institucional pode sustentar ou 
impedir os estabelecimento de vínculos e interações através das quais os indivíduos 
desenvolvem processos de aprendizado e traduzem este aprendizado na adoção de 
inovações. 
Além da importância associada ao contexto institucional no sentido de 
moldar processos de aprendizado, a abordagem evolucionária destaca também o 
papel de dois outros elementos na análise da sua dimensão localizada. O primeiro 
destes elementos diz respeito ao caráter “path-dependent” das trajetórias de 
aprendizado que tende a perpetuar rotinas e procedimentos ao longo do tempo. O 
segundo elemento, refere-se à sua natureza interativa que, por sua vez, introduz o 
espaço geográfico como uma dimensão de análise a ser considerada (Maskell et al, 
1998: 9; Cooke e Morgan, 1998; Maskell e Malmberg, 1999: 180). Neste aspecto, na 
medida em que se concebe o ambiente local como um conjunto de configurações 
institucionais e organizacionais inseridas num rol de interações com diferentes 
atores econômicos, percebe-se a importância que assume a dimensão localizada dos 
processos de aprendizado e capacitação inovativa das firmas. 
 
2.4. Proximidade territorial, aprendizado e inovação 
 
A partir da década de 80, diversas contribuições passaram a enfatizar que os 
processos de aprendizado interativo evoluem a partir de bases de conhecimento e 
padrões de comunicação que, muitas vezes, são moldados por configurações 
institucionais cuja origem e evolução se traduzem na proximidade geográfica entre 
firmas em aglomerações produtivas. Inspirados numa concepção que remonta ao 
trabalho pioneiro de Marshall5, tais estudos estiveram pautados, em grande parte, 
pelo desenvolvimento induzido a partir do dinamismo tecnológico de determinadas 
aglomerações produtivas. Como exemplos mais clássicos deste tipo de estudo 
encontram-se os Distritos Industriais na chamada Terceira Itália, o Vale do Silício na 
Califórnia, ou a região de Baden-Wurttemberg na Alemanha, entre outros. 
Experiências cujo sucesso logrou resgatar o papel ativo desempenhado pelo 
ambiente local enquanto instância de organização da produção e locus de 
importantes elementos relacionados ao aprendizado tecnológico6 (Vargas, 2002). 
Da mesma forma, este interesse crescente em torno da dinâmica econômica 
e tecnológica de sistemas produtivos operando em regiões específicas resultou na 
criação de múltiplas definições e conceitos voltados à análise sobre a importância da 
dimensão territorial na coordenação e organização de atividades produtivas e 
 
5 Em seus 'Princípios de Economia' (1890), Marshall foi o primeiro autor a utilizar o conceito de 'Distritos 
Industriais', para descrição de um padrão de organização comum à Inglaterra dos fins do século XIX, 
onde pequenas firmas concentradas na manufatura de produtos específicos de setores como o têxtil se 
localizavam geograficamente em grupamentos, em geral na periferia dos centros produtores. 
6 Como um elemento comum à maior parte desses enfoques, esteve o debate em torno do crescente 
esgotamento dos ganhos de produtividade oriundos do modelo fordista de produção em massa e a 
transição para um novo paradigma tecno-econômico baseado nos avanços advindos de ramos ligados às 
novas tecnologias como a microeletrônica e a biotecnologia. 
 
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tecnológicas. Distritos industriais (Brusco, 1990; Becattini, 1990; Piore e Sabel, 
1984), clusters industriais (Schmitz,1989; 1995; Nadvi e Schmitz, 1994), millieu 
inovativo (Aydalot, 1986; Maillat, 1996), sistemas nacionais e regionais de inovação 
(Freeman, 1987; Lundvall, 1992; Braczik et al.,1998), entre outros, são alguns dos 
conceitos que procuram captar a diversidade dessas experiências empíricas. Em 
particular, tais contribuições logram resgatar a importância da diversidade em 
termos de formatos institucionais e padrões de organização produtiva e tecnológica 
que refletem a dimensão localizada do aprendizado tecnológico, numa clara 
contraposição aos argumentos sobre a crescente desterritorialização da economia 
contemporânea induzida pelo fenômeno da globalização (Vargas, 2002). 
Dentre as proposições que procuram sistematizar os diferentes modelos e 
correntes teóricas que analisam a relação entre proximidade e inovação Schmitz 
(1999), por exemplo, considera que o debate referente à importância da proximidade 
geográfica nos relacionamentos inter-firmas apresenta quatro linhas de trabalho 
principais. A primeira, estaria incorporada nos modelos da chamada nova teoria do 
crescimento e comércio internacional desenvolvidos no escopo da mainstream 
economics onde destaca-se, particularmente, o trabalho de autores como Krugman 
(1991; 1995). Uma segunda linha de trabalho estaria representada na contribuição de 
autores como Porter (1990), que enfatizam a importância dos vínculos e fluxos de 
conhecimentos que emergem das relações entre agentes locais na conquista de 
vantagens competitivas. Os estudos de distritos industriais e outras formas de 
aglomerações industriais ligadas às novas abordagens em Ciência Regional são 
apontados como uma terceira linha de trabalho. Neste conjunto de contribuições, 
destaca-se o trabalho de autores como Storper (1995; 1997), Becattini (1990), 
Brusco (1990), Markussen (1996), entre outros. Finalmente, as diferentes 
contribuições no campo da literatura da inovação, e em especial os estudos 
relacionados a sistemas de inovação em nível regional e local (Braczik et al. 1998; 
Cooke e Morgan, 1998; Edquist, 1997; Cassiolato e Lastres, 1999), compõem uma 
quarta linha de trabalho relacionada ao estudo das relações entre proximidade e 
inovação7. 
 
7 Um recorte alternativo é proposto por Larsson e Malmberg (1999) que identificam três grupos 
diferenciados ligados ao debate em torno do processo de regionalização de sistemas industriais e 
tecnológicos. No primeiro, encontram-se tanto as contribuições de autores como Brusco (1990), Becattini 
(1990) e Piore e Sabel (1984) ligadas à abordagem sobre distritos industriais e centrada na noção de 
especialização flexível e no papel das micro, pequenas e médias empresas (MPEs), bem como as 
contribuições da escola de geografia econômica da Califórnia. Esta última representada por autores como 
Scott (1988), que tratam do relacionamento entre inovação tecnológica, organização industrial e espaço 
através do conceito de novos espaços industriais. Num segundo grupo, encontra-se a extensa literatura 
sobre millieu inovativo e distritos tecnológicos associada, em sua vertente mais recente, à contribuição de 
autores como Aydalot (1986) e Maillat (1996). Um terceiro agrupa a literatura sobre economia 
evolucionária e da inovação - representada por autores como Nelson e Winter (1982), Freeman (1987), 
Dosi (1988) e Lundvall (1995) – juntamente com o conceito de aglomeração industrial desenvolvido por 
Porter (1990), na medida em que seriam modelos que discutem a capacidade inovativa de sistemas 
industriais e tecnológicos de países e regiões. 
 
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A noção de proximidade territorial apresenta um alcance e uma delimitação 
diferenciada de acordo com o tipo de abordagem utilizado. Na maior parte dos 
modelos inspirados na abordagem sobre millieu inovativo, a proximidade é 
representada através da noção mais genérica de espaço mesoeconômico que denota a 
exis tência de sistemas produtivos territoriais, mas também abarca sua dimensão 
organizacional e institucional. Na abordagem sobre clusters industriais a noção de 
proximidade assume uma clara identificação com a idéia de aglomerações que se 
originam a partir da concentração espacial e setorial de empresas. Essa visão é 
compartilhada, em parte, pelos modelos oriundos da abordagem sobre sistemas de 
inovação que também destacam a articulação entre elementos espaciais e setoriais na 
definição de sistemas regionais e locais de inovação. Não obstante estas pequenas 
divergências, existe um consenso entre os diferentes enfoques de que a proximidade 
territorial representa uma condição necessária para existência de aglomerações 
produtivas, mas não constitui-se em condição suficiente para a promoção do 
dinamismo competitivo e inovativo de empresas. O desenvolvimento de processos 
de aprendizado voltados para a inovação no âmbito de aglomerações produtivas 
implica não somente na proximidade geográfica, mas na existência de outras formas 
de proximidade relacionadas a fatores institucionais, culturais e tecnológicos, com 
vistas à troca efetiva de conhecimentos tácitos e codificados entre agentes (Vargas, 
2002). 
 
3. Elementos para constituição de um referencial analítico 
 
Esta seção apresenta e discute os principais elementos analíticos a serem 
considerados nos estudos de caso a serem desenvolvidos no escopo do projeto. 
Tendo em vista as hipótese e questões de pesquisa apresentadas anteriormente, a 
delimitação de um referencial comum para análise dos estudos de caso apresenta 
duas motivações principais. Em primeiro lugar, destaca-se a necessidade de contar 
com um conjunto de critérios objetivos que permita desenvolver uma análise 
comparativa entre as diferentes configurações de arranjos e sistemas produtivos 
locais a serem estudados. Em segundo lugar, coloca-se a possibilidade de verificar 
as principais formas de inserção e estratégias de desenvolvimento e inovação 
adotadas pelo segmento de MPEs nestas aglomerações 
A fim de avançar na delimitação do referencial para o desenvolvimento dos 
estudos de caso parte-se da definição de arranjos e sistemas produtivos locais 
proposta pela RedeSist, ao mesmo tempo em que apresenta-se algumas das 
principais dimensões analíticas associadas a este conceito. 
O conceito de Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais, 
refere -se a aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em 
um mesmo território, operando em atividades correlacionadas e que apresentam 
vínculos expressivos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem. Incluem 
não apenas empresas – produtoras de bens e serviços finais, fornecedoras de 
insumos e equipamentos, prestadoras de serviços, comercializadoras, clientes, etc. e 
suas variadas formas de representação e associação - mas também diversas outras 
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instituições públicas e privadas voltadas à formação e treinamento de recursos 
humanos, pesquisa, desenvolvimento e engenharia, promoção e financiamento. Da 
mesma fora, o conceito de arranjos produtivos locais - APLs – é utilizado para 
referenciar aquelas aglomerações produtivas que não apresentam significativa 
articulação entre os agentes locais e que, portanto, não podem se caracterizar como 
sistemas. (Lastres e Cassiolato, 1999, Lastres et al 1999; Villaschi e Campos, 2001; 
Cassiolato e Szapiro, 2002). 
Apesar de partir de um recorte setorial, a caracterização dos arranjos e 
sistemas produtivos envolve um referencial de análise mais amplo que inclui 
elementos relacionados à estrutura setorial dos arranjos, mas abarca também outros 
aspectos relativos ao sistema local de inovação e seucontexto institucional. Por um 
lado, a percepção de que processos de inovação transcendem a esfera da firma 
individual e assumem uma dimensão claramente sistêmica contribuiu, em parte, para 
identificação de aglomerações produtivas a partir de um recorte tradicional de 
setores industriais. Por outro lado, a adoção de um enfoque unicamente setorial 
apresenta limitações, seja no sentido de negligenciar a diversidade associada aos 
elementos institucionais e históricos que integram sistemas produtivos territoriais, 
seja pela sua incapacidade de captar a volatilidade de tecnologias ligadas às 
fronteiras de setores industriais. Essa articulação pode assumir um papel 
complementar importante na análise da dinâmica inovativa e competitiva de 
aglomerações produtivas, na medida em que as implicações tecnológicas de cunho 
setorial sejam consideradas a partir da sua interação com configurações 
institucionais e organizacionais específicas associadas a sistemas produtivos 
territoriais (Cassiolato e Szapiro, 2002, Vargas, 2002). 
Assim, dentre os principais elementos que caracterizam Arranjos e 
Sistemas Produtivos e Inovativos locais destacam-se (Vargas, 2002; Cassiolato e 
Szapiro, 2002): 
i) a diversidade de atividades e atores econômicos, políticos e sociais; 
ii) a sua dimensão territorial; 
iii) a importância associada ao conhecimento tácito; 
iv) a existência real ou potencial de processos de inovação e aprendizado 
interativos; 
v) as formas de governança inerentes às relações entre diferentes segmentos de 
atores. 
Conforme é destacado no termo de referência do projeto, “as aglomerações 
a serem estudadas podem apresentar diferentes configurações produtivas e incluir 
agentes de diversos tamanhos de um ou mais setores da atividade econômica, bem 
como a presença de organizações tecnológicas e de coordenação caracterizando 
estruturas com diversos graus de densidade. Dependendo das características dos 
agentes e das relações que se estabelecem no interior de tais estruturas, estas podem 
apresentar também diferentes formas de governança e graus de centralização. 
Também variam as características da inserção dos arranjos nos mercados, 
abrangendo tanto os que atingem os mercados regional ou nacional, como os que 
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vendem para o mercado internacional. Existem, portanto uma diversidade de formas 
e dinâmicas de funcionamento dos arranjos produtivos localizados, que combina-se 
também com as especificidades locais que caracterizam o grau de territorialidade e 
portanto definem vantagens competitivas exclusivas para as aglomerações”. 
Com relação à organização territorial dos arranjos cabe destacar, em 
primeiro lugar, que o processo de formação e consolidação de aglomerações 
produtivas territoriais encontra-se associado a contextos históricos e culturais que 
geralmente se confundem com a própria trajetória de construção de identidades 
regionais (Cooke et al., 1997). Essa construção institucional de regiões pode tanto 
resultar de uma delimitação político-administrativa, como emergir a partir de valores 
comuns associados a uma mesma base social, cultural, política e econômica. Não 
obstante a clara interdependência existente entre estes dois tipos de construção 
institucional de regiões, do ponto de vista da estruturação de aglomerações 
produtivas locais e regionais, elas representam um critério útil na diferenciação entre 
aglomerações produtivas que surgem a partir de processos de regionalização 
marcados por contextos culturais e históricos específicos e experiências induzidas 
para criação de aglomerações produtivas regionais. Em segundo lugar, a dimensão 
territorial dos arranjos também deve ser entendida como um fenômeno distinto da 
mera localização de atividades econômicas num mesmo espaço territorial. Conforme 
é destacado por autores como Storper (1996), a territorialização é definida como um 
conjunto de atividades econômicas que é dependente de recursos específicos do 
ponto de vista territorial. Tais recursos, tanto podem assumir a forma de ativos 
territoriais específicos (no sentido material), como podem traduzir também ativos 
relacionais que encontram-se disponíveis a partir de relacionamentos e arranjos 
inter-organizacionais que envolvem necessariamente a proximidade entre os atores 
envolvidos. Apesar de ampla, essa definição sobre territorialização destaca 
claramente a importância da proximidade geográfica na constituição de 
externalidades positivas (spillover effects) em um sistema de atividades 
econômicas8. 
A dimensão territorial por sua vez reflete um dos aspectos-chave na análise 
sobre o dinamismo competitivo e inovativo de aglomerações produtivas associada à 
importância do conhecimento tácito. Contraditoriamente, uma das implicações da 
intensificação da globalização econômica que tem se tornado mais evidente reside 
na importância crescente que assume o conhecimento tácito enquanto fator de 
vantagem competitiva de empresas e regiões (Vargas, 2002). Dessa forma, quanto 
mais fácil torna-se o acesso ao conhecimento do tipo codificado, tanto mais crucial 
torna-se o domínio sobre formas tácitas de conhecimento. (Maskell, 1996, Maskell e 
Malmberg, 1999: 172). Por um lado, a intensificação do processo de globalização e 
o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação têm levado a uma 
aceleração considerável no ritmo de codificação do conhecimento e, 
consequentemente, na sua capacidade de transmissão a longa distância de forma 
 
8 De acordo com Storper, 1997: 170:“An activity is fully territorialized when its economic viability is 
rooted in assets (including practices and relations) that are not available in many other places and 
cannot easily or rapidly be created or imitated in places that lack them”. 
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rápida e eficiente. Por outro lado, mesmo diante desta tendência de transformação, 
percebe-se a permanência de formas tácitas de conhecimento que somente podem 
ser trocadas através da proximidade e interação face a face entre diferentes atores. 
Na medida em que não se encontra estabelecido de forma explícita, o conhecimento 
tácito não pode ser facilmente transmitido. A dificuldade de transmissão do 
conhecimento tácito, por sua vez, contribui para que ele geralmente encontre-se 
associado a contextos organizacionais ou geográficos específicos o que, apesar de 
contribuir para sua circulação localizada, dificulta ou mesmo impede o seu acesso 
por atores externos a tais contextos. 
Em especial, os arranjos produtivos locais traduzem os benefícios 
relacionados ao engajamento de empresas em processos de aprendizado interativo. 
Neste tipo de ambiente o conhecimento tende a se tornar incorporado não somente 
nas qualificações individuais e nos procedimentos e rotinas das organizações, como 
também no próprio ambiente local ou nos vínculos de interação entre os diferentes 
atores e desenhos institucionais. A habilidade das empresas de criar conhecimento 
vai capacitá-las a interagir com os demais atores locais num processo de 
aprendizado coletivo no qual conhecimentos que são em parte codificados e em 
parte tácitos são trocados e utilizados em cada firma. Neste aspecto, capacitações 
localizadas se refletem no conhecimento incorporado em indivíduos, empresas e na 
própria estrutura institucional presentes em sistemas produtivos territoriais (Vargas, 
2002). 
Adicionalmente, a análise da dinâmica competitiva e inovativa dos arranjos 
não pode ser desvinculada das formas de governança inerentes às relações que se 
estabelecem entre diferentes conjuntos de atores em âmbito local e destes com 
instânciasexternas ao arranjo. A noção de estruturas de governança refere-se aos 
diferentes modos de coordenação que envolve atividades interdependentes 
associadas tanto à organização de fluxos de produção como ao processo de geração, 
disseminação e uso de conhecimentos9. É importante enfatizar que as relações entre 
atores que integram aglomerações produtivas são geralmente definidas em termos de 
fluxos de insumos e produtos através dos vínculos verticais (entre empresas e 
fornecedores) ou horizontais (entre empresas de um mesmo segmento). Porém, são 
os fluxos de informação e conhecimento entre atores locais que determinam a 
incorporação de novos produtos e processos nas empresas. Apesar da clara interação 
existente entre os sistemas de produção e de conhecimento em arranjos produtivos, a 
natureza desta interação é variável e geralmente envolve conjuntos diferenciados de 
atores (Carlsson e Stankiewicz, 1991; Bell e Cassiolato, 1993; Bell e Albu, 1999). A 
adoção desta diferenciação no escopo do referencial de análise permite explorar a 
influência de segmentos diversos de atores na organização dos sistemas de produção 
e na adoção de inovações em produtos e processos produtivos nos arranjos. 
Conforme destacado anteriormente, a importância associada ao papel das 
instituições na organização de atividades produtivas e inovativas se apoia na 
 
9 Para uma discussão sobre os diferentes significados e usos do termo ver Williamson (1979); (Jessop, 
1998); Schmitz e Humphrey (2000). 
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concepção evolucionária sobre sistemas de inovação, a qual assume que os formatos 
institucionais contribuem para estabelecer um plano comum para regras cognitivas e 
padrões de comportamento associados a contextos territoriais específicos. Dessa 
forma, na medida em que reflete o poder que determinados atores detêm no sentido 
de influenciar o desenvolvimento de aglomerações produtivas a questão da 
governança representa um elemento analítico fundamental no desenvolvimento dos 
estudos de caso. Em particular, permite analisar a influência de atores locais e 
externos na coordenação dos sistemas de produção e na própria trajetória de 
desenvolvimento e capacitação produtiva e inovativa das empresas nos arranjos a 
serem estudados (Vargas, 2002). 
As implicações decorrentes das diversas formas de coordenação e desenhos 
institucionais presentes nos arranjos podem ser discutidas a partir de diferentes 
níveis de análise. Um primeiro nível envolve a identificação daqueles agentes 
econômicos, locais ou externos, que exercem maior influência na organização e 
desenvolvimento dos sistemas de produção. Um segundo nível pode estar 
relacionado ao papel dos desenhos institucionais no sentido de mediar as relações de 
poder entre diferentes segmentos de atores locais, ou mesmo entre atores locais e 
externos aos arranjos. 
A caracterização dos desenhos institucionais parte de uma concepção ampla 
que abarca tanto o papel de organizações formais (tais como associações de classe), 
como o conjunto de regras, práticas e rotinas que estão fundadas no próprio contexto 
cultural e histórico regional ou local. Um terceiro nível de análise pode ser 
relacionado à importância e papel da infra -estrutura educacional e tecnológica 
presente nas aglomerações no sentido de organizar e coordenar os fluxos de 
informação e conhecimento relevantes para o processo de capacitação produtiva e 
inovativa de atores locais. Da mesma forma, a avaliação sobre o papel e importância 
da infra-estrutura educacional e tecnológica dos arranjos baseia-se em dois aspectos 
principais. O primeiro considera a existência de universidades, centros de pesquisa, 
escolas técnicas, entre outras organizações ligadas ao processo de geração de 
conhecimento e disseminação de informações nos arranjos. O segundo procura 
avaliar em que medida tais organizações participam efetivamente na capacitação de 
atores locais. 
 
4. Procedimentos metodológicos para elaboração dos projetos de 
dissertações: 
 
Caberá ao orientador em conjunto com o aluno bolsista a escolha das 
questões específicas de pesquisa para a análise de cada um dos arranjos, a partir do 
conjunto de questões apresentadas no projeto da pesquisa definido no Termo de 
Referência do programa. Considerando as informações prévias disponíveis sobre os 
arranjos, a respeito das características dos mesmos quanto à sua configuração e 
dinâmica, bem como o conhecimento dos pesquisadores sobre as especificidades da 
realidade local, estes poderão explicitar com precisão quais as questões relevantes de 
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pesquisa para compreender as características de inserção das micro e pequenas 
empresas no arranjo em estudo. 
O projeto de pesquisa define dois campos de investigação, o primeiro sobre 
as características da configuração e da dinâmica dos arranjos, e o segundo sobre as 
características de inserção das micro e pequenas empresas. A configuração e a 
dinâmica dos arranjos, que abrange o primeiro camp o de pesquisa, deverão ser 
objetos comuns de pesquisa para todos os projetos de dissertações. Alem deste, e 
para a análise das características da inserção das micro e pequenas empresas, que 
abrange o segundo campo de investigação, o pequisador deverá selecionar as 
questões relevantes especificas para compreender o fenômeno no arranjo em estudo. 
 
4.1. Para a análise da configuração e dinâmica do arranjo: 
 
A seguir apresentam-se as principais variáveis para definição da 
configuração e dinâmica dos arranjos que devem ser consideradas nos projetos de 
dissertações. 
1. Origem e Desenvolvimento: descrição da origem, principais fatores de sua 
constituição, trajetória evolutiva, e seu desenvolvimento recente. 
2. Principais agentes do segmento produtivo: identificação dos agentes, 
número, tamanho, origem do capital, composição acionária, localização 
geográfica; densidade da estrutura produtiva em termos da presença de 
diferentes elos de uma cadeia produtivo em âmbito local (ex. empresas 
fornecedoras de insumos e equipamentos), bem como as características dos 
mercados consumidores. Ênfase na caracterização das formas de inserção 
de MPEs na configuração produtiva do arranjo 
3. Instituições de coordenação: identificação dos agentes (organizações e 
instituições) com papéis de promoção ou coordenação das interações no 
sistema produtivo e inovativo (funções e forma de estímulo às relações de 
cooperação para a capacitação tecnológica). Impactos sobre o segmento de 
MPEs das formas de governança presentes no arranjo. 
4. Interação entre os agentes, formas de cooperação e estratégias 
competitivas: as relações entre os agentes identificando os fluxos de bens, 
serviços, informações e conhecimento, bem como as principais estratégias 
competitivas dos principais agentes locais. Alcance e importância das 
estratégias de subcontratação envolvendo o segmento de MPEs. 
5. Condicionantes dos padrões de concorrência: identificação das 
características setoriais predominantes presentes no arranjo, origem do 
capital, escalas de produção e tamanho das empresas, características e 
segmentação do mercado mundial (países produtores e importadores); 
características e segmentação do mercado nacional, barreiras à entrada e 
mobilidade e possibilidades de diferenciação de produtos. 
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6. Tecnologias, bases de conhecimento e inovação: análise da estrutura de 
produção e utilização de conhecimentosassociados ao conjunto de 
atividades desenvolvidas pelas empresas no arranjo. Abarca a identificação 
de atividades chave, técnicas e bases de conhecimentos inerentes à 
produção industrial. 
7. Infra-estrutura de PD&E: mapeamento e identificação do perfil das 
instituições e organizações que atuam em PD&E no segmento em questão. 
Esse quadro institucional deve refletir os formatos organizacionais – 
empresas, IP, universidades – através do qual o conhecimento relevante 
para o segmento é produzido e disseminado (concretamente, quem 
desenvolve os insumos de conhecimento relevantes e com quais recursos?). 
8. Infra-estrutura educacional e física – mapeamento das instituições e 
organizações que integram a infra -estrutura educacional e realizam a 
capacitação da mão-de-obra no âmbito do arranjo, identificando o nível 
educacional e as áreas de atuação, oferta de vagas, a demanda e os impactos 
sobre a qualificação da mão-de-obra empregada. 
9. Mecanismos de aprendizagem e estratégias inovativas: identificação das 
principais fontes de informação, formas de aquisição, uso e difusão de 
conhecimentos, seja através de mecanismos formais e informais de 
aprendizagem voltada para inovação. Identificação da natureza e 
intensidade das interações entre empresas e entre estas e os demais agentes 
do sistema de inovação. Identificação e avaliação das estratégias inovativas 
adotadas pelas empresas do segmento e sua adequação ao novo contexto 
competitivo do setor. 
10. Políticas para dinamização do segmento de MPEs no arranjo: identificação 
do perfil das políticas públicas voltadas para o arranjo: políticas industrial, 
científica e tecnológica que afetaram a formação e/ou o desenvolvimento 
do arranjo, identificando a área governamental (ou privada) que as 
executou, a abrangência e natureza das políticas (se verticais ou 
horizontais), as relações entre os níveis de governo na sua execução. 
Destaca-se aqui o papel dos orgãos de fomento e as políticas de 
financiamento existentes voltadas ao segmento de MPEs, impactos sobre 
emprego, estímulos à ação empreendedora, novos formatos organizacionais 
e intrumentos de promoção de MPEs no arranjo, entre outros fatores. 
 
4.2. Para a análise das características de inserção de micro e pequenas 
empresas nos arranjos: 
 
A definição das questões de pesquisa sobre as características de inserção 
das micro e pequenas empresas deverá ser proposta pelos pesquisadores, a partir das 
questões sugeridas no projeto de pesquisa do termo de referência, quais sejam : 
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1. Em que medida o processo de capacitação tecnológica e organizacional das 
MPEs nos arranjos decorre de mecanismos interativos de aprendizagem 
(formais e informais) baseados em fontes locais? 
2. De que maneiras a governança e desenhos institucionais presentes nos arranjos 
influenciam as formas de interação e cooperação entre atores locais e, 
particularmente, entre micro e pequenas empresas. 
3. Qual o papel desempenhado pelas políticas públicas (em diferentes âmbitos) no 
sentido de promover a capacitação tecnológica e organizacional do segmento de 
MPEs no arranjo? 
4. Qual o papel das redes de subcontratação existentes no arranjo na dinâmica de 
desenvolvimento e capacitação de MPEs? 
5. Quais as principais limitações no tocante ao financiamento de MPEs e quais as 
formas de apoio no âmbito dos arranjos que possibilitam a superação destas 
limitações? 
6. Qual o papel das MPEs na absorção da força de trabalho e nas características 
das relações de trabalho no âmbito do arranjo. 
7. Qual a trajetória de crescimento das MPEs e como refletem as vantagens de 
localização proporcionadas por sua inserção no arranjo. 
8. Quais as estratégias para participação das MPEs em mercados externos e em 
que medida estas estratégias refletem as sinergias proporcionadas pela inserção 
em arranjos produtivos locais. 
Com relação ao processo de coleta dos dados que servirá de base para 
realização dos estudos empíricos sugere-se que o mesmo abarque: 
i) aplicação de questionários nas empresas (em particular junto ao segmento de 
MPEs) que integram o arranjo local; 
ii) entrevistas com diferentes segmentos de atores que integram os arranjos locais 
estudados, 
iii) utilização de informações oriundas de fontes secundárias. 
A fim de auxiliar a elaboração de questinários e roteiros de entrevistas para 
realização dos estudos de caso, apresenta-se em anexo (anexo 1) um roteiro de 
questões com vistas à caracterização dos arranjos. É importante enfatizar que tal 
roteiro constitui somente uma ferramenta auxiliar no sentido de apontar um conjunto 
de questões relevantes para caracterização dos arranjos tendo em vista três 
dimensões de análise mais amplas que abarcam, respectivamente: i) as formas de 
capacitação inovativa e processos de aprendizado tecnológico presentes no arranjo, 
ii) sua estrutura produtiva, padrões de territorialização e mercados; iii) suas formas 
de governança e desenhos institucionais. 
 
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Anexo 1 
 
Roteiro preliminar para caracterização de arranjos produtivos locais 
 
I - Capacitação inovativa e processos de aprendizado tecnológico 
 
1. (Existe capacidade local em P&D?) Quais as características básicas dos 
processos de geração e difusão tecnológica que condicionam as exigências de 
capacitação tecnológica no arranjo ? (principais tecnologias em uso no arranjo, 
comparação com a situação tecnológica em outros locais –nacionais ou 
mundiais) 
2. Qual a capacidade local de absorção e de geração de tecnologia ? 
3. Onde esta capacidade está localizada? Empresas? Instituições de Pesquisa? 
4. Qual o grau de heterogeneidade nas capacitações tecnológicas de agentes no 
segmento produtivo? É possível diferenciar diferentes segmentos de firmas de 
acordo com este critério? 
5. Quais são as principais fontes de informação e conhecimento que servem de 
base para adoção de inovações em produtos e processos no arranjo (clientes, 
fornecedores especializados, fornecedores de equipamentos, centros 
tecnológicos, etc.)? 
6. Qual a origem principal destas fontes de informação e conhecimento (locais ou 
externas aoarranjo)? 
7. O perfil de qualificação da força de trabalho é adequado para as necessidades 
das empresas? 
8. Qual o papel desempenhado pela infra-estrutura educacional (e tecnológica) 
local (inexistente, limitado, pervasivo e importante) em termos dos seguintes 
fatores: 
8.1. Principais organizações locais e externas ao arranjo,( recursos e níveis de 
qualificação das organizações, principal fonte de formação da mão-de-obra 
local especializada), 
8.2. Características do treinamento/educação formal nas ocupações principais 
do aglomerado? 
9. Qual o papel desempenhado pela infra estrutura tecnológica local(inexistente, 
limitado, pervasivo e importante) em termos de : 
9.1. Principais organizações locais e externas ao arranjo? 
9.2. Pesquisa e desenvolvimento em tecnologias críticas para as empresas? 
9.3. Investimentos em P&D? 
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10. Como podem ser caracterizados os mecanismos de aprendizado voltados para 
inovação presentes no arranjo: 
10.1. Predominantemente informais (limitados a circulação e disseminação de 
conhecimento e novas práticas produtivas em âmbito local, interações ente 
as empresas e com organizações tecnológicas.) 
10.2. Predominantemente formais (voltados para criação de conhecimentos 
tecnológicos e desenvolvidos intencionalmente através de esforços 
cooperativos de P&D, investimentos em P&D pelas empresas locais) 
 
II - Estrutura produtiva, padrões de territorialização e mercados. 
 
11. O arranjo apresenta alguma forma de especialização setorial ? 
12. Existem empresas produtoras de equipamentos? 
13. Existem fornecedores de insumos especializados? 
14. Existem na localidade serviços especializados: 
4.1. De extensão tecnológica? 
4.2. De apoio à exportação? 
4.3. De financiamento 
4.4. Outros? 
15. Qual o tamanho médio das empresas no arranjo? 
16. Quais são os principais canais de comercialização? (locais, regionais, nacional, 
externo) 
17. Qual o alcance geográfico do arranjo (em termos de localidades, municípios ou 
regiões) 
18. Qual o perfil do arranjo em termos de: 
18.1. Geração de renda e emprego em âmbito local/regional? 
18.2. Impacto ambiental? 
18.3. IDH (relativo aos municípios/região que integram seu entorno territorial)? 
18.4. Infra-estrutura física e humana ( 
 
III - Governança e desenhos institucionais 
 
19. Quais são os principais agentes de coordenação do arranjo? (grandes e médias 
empresas, MPEs, associações, indivíduos). 
20. A principal instância de coordenação do é local ou externa ao arranjo? 
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21. Qual é a infra-estrutura social do arranjos em termos de: 
21.1. Associações empresariais e sindicatos? 
21.2. Centros tecnológicos e universidades 
22. Qual a importância das associações empresariais e sindicatos no sentido de 
mediar a relação entre agentes no segmento produtivo e promover ações 
cooperativas em âmbito local (inexistente, limitada ou importante)? 
23. Qual a intensidade das relações de interação e cooperação inter-firmas, verticais 
e horizontais, em âmbito local (nula, baixa, média ou alta)? 
24. Qual a intensidade da energia empreendedora no arranjo com relação a: 
24.1. Criação de novas empresas por indivíduos de dentro do aglomerado? 
24.2. Capacidade do aglomerado de atrais novos empreendimentos? 
25. Qual a capacidade das empresas do arranjo em termos: 
25.1. Da definição de objetivos comuns? 
25.2. Estabelecimento de um visão comum sobre o futuro do arranjo? 
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