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Ruídos e vibrações

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ERGONOMIA DO 
AMBIENTE 
CONSTRUÍDO
Dulce América de Souza
Ruídos e vibrações
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Identificar as fontes de ruído.
 Definir vibrações.
 Enumerar os efeitos fisiológicos e psicológicos dos ruídos e das vibrações.
Introdução
Nos ambientes construídos, ocorrem interferências de diversas naturezas. 
Os ruídos e as vibrações são fenômenos que causam mal-estar e até 
transtornos de ordem fisiológica e psicológica ao trabalhador que convive 
por longas jornadas nos espaços destinados ao trabalho. Os arquitetos e 
demais projetistas devem conhecer esses fenômenos, as normas técnicas 
que objetivam avaliá-los e as recomendações científicas para reduzir ao 
máximo os ruídos e as vibrações que podem comprometer o desempe-
nho e a saúde do trabalhador no seu ambiente de trabalho.
Neste capítulo, conheceremos os limites humanos de tolerância 
aos ruídos e às vibrações, suas naturezas e os efeitos causados pela ex-
posição excessiva e esses fenômenos no ambiente de trabalho. Serão 
apresentadas as normas técnicas pertinentes às recomendações para os 
ambientes de trabalho e as relativas às medições de ruídos e vibrações, 
no sentido de contribuir para soluções de projeto voltadas ao bem-estar 
e à segurança do usuário no nosso caso de estudo: o trabalhador em 
seu espaço físico laboral.
Identificação das fontes de ruído
A diferença entre som e ruído não é física, visto que o som é uma sensação 
produzida no sistema auditivo humano — é, portanto, sensorial —, já o ruído 
é considerado um som indesejável ou não harmonioso. O ruído pode provocar 
desconforto e efeitos nocivos ao ser humano, e, em níveis muito elevados, 
pode causar: perda da audição e da pressão arterial, denominados efeitos 
fi siológicos; incômodos, denominados efeitos psicológicos; e danos e falhas 
estruturais, denominados efeitos mecânicos (BISTAFA, 2011).
Iida (2005, p. 269) destaca que existem ruídos de diversas naturezas, os quais 
tendem a desagradar a percepção de um determinado estímulo: “O termo ruído 
geralmente é associado a sinais auditivos, mas esse conceito pode ser estendido 
para qualquer tipo de sinal que atrapalhe a percepção, como os ‘chuviscos’ que 
ocorrem na tela de TV, as luvas que reduzem a sensibilidade tátil dos dedos ou 
reflexos que prejudicam a nitidez de uma fotografia [...]”. O autor salienta que as 
diversas naturezas dos ruídos tendem a degradar a percepção de um estímulo, 
pelo efeito do mascaramento, que se trata da interferência de um sinal sobre 
o outro. A interferência tende a ser mais sentida com sinais simultâneos que
ocorrem em um mesmo canal, bem como quando há semelhanças entre os
sinais. Por exemplo: uma fala interfere mais em outra fala do que a música, ou
o ruído da rua sobre a fala.
A faixa de audição humana é elástica, compreende todos os tipos de som, desde 
um murmúrio do vento até o ruído de um avião a jato. Conforme observam Kroe-
mer e Grandjean (2005, p. 252): “Para acomodar uma faixa tão grande em escala 
prática, foi introduzida uma unidade logarítmica, o decibel (dB) [...]”. Sabendo 
que as pessoas apresentam muitas diferenças quanto à tolerância dos ruídos, o 
Quadro 1 ilustra os limites toleráveis de ruídos em diversos tipos de atividades.
Fonte: Adaptado de Iida (2005).
Nível de ruído
dB (A)
Atividade
50 A maioria considera como um ambiente silencioso, mas cerca 
de 25% das pessoas terão dificuldade para dormir
55 Máximo aceitável para ambientes que exigem silêncio
60 Aceitável em ambientes de trabalho durante o dia
65 Limite máximo aceitável para ambientes ruidosos
70 Inadequado para trabalho em escritórios (conversação difícil)
75 É necessário aumentar a voz para conversação
80 Conversação muito difícil
85 Limite máximo para a jornada de trabalho
Quadro 1. Limites toleráveis de ruídos
Ruídos e vibrações2
Em ambientes de trabalho, o ideal é conservar o nível de ruído ambiental 
abaixo de 70 dB. Conforme orienta IIda (2005, p. 396): “Embora os ruídos até 
90 dB não provoquem sérios danos aos órgãos auditivos, os ruídos entre 70 e 
90 dB dificultam a conversação e a concentração e podem provocar aumento 
dos erros e redução do desempenho [...]”. 
No Brasil, a Norma Regulamentadora n° 15 (NR-15) — Atividades e 
operações insalubres —, em seu Anexo 1, estabelece os limites de tolerância 
para ruído contínuo ou intermitente (BRASIL, 2015). O ruído contínuo de 
85 dB é considerado o máximo tolerável para uma exposição de oito horas de 
jornada de trabalho pela NR-15, conforme o Quadro 2. 
Nível de ruído
dB (A)
Máxima exposição diária permissível
85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos
98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
Quadro 2. Limite de tolerância para ruído contínuo ou intermitente
(Continua)
3Ruídos e vibrações
Existem estudos internacionais que consideram ruídos de 80 dB como já 
prejudiciais, e, nesse sentido, as normas estrangeiras fixam o limite máximo 
de ruído em 80 dB. Acima do nível máximo de tolerância estabelecido pelas 
normas, a exposição do trabalhador deve ser reduzida gradativamente e 
devem ser providenciados equipamentos de proteção individual para os 
ouvidos (IIDA, 2005).
Quando falamos de ambiente construído, no Brasil, os níveis de ruído 
aceitáveis são determinados pelas normas técnicas ABNT NBR 10151:2000 
— Avaliação do nível do ruído em áreas habitadas visando o conforto da 
comunidade — e ABNT NBR 10152:1987 — Níveis de ruído para conforto 
acústico. A primeira fixa níveis de ruído para ambientes externos, ao ar livre, 
ao passo que a segunda fixa níveis de ruído para ambientes internos. A NBR 
10152:1987 atribui os intervalos adequados de ruído ambiente, de acordo com 
a finalidade característica do recinto, conforme descrito no Quadro 3, em 
que dB(A) corresponde à pressão sonora ponderada e NC se refere à curva 
de avaliação de ruído — método de avaliação de um ruído em um ambiente 
determinado (ABNT, 1987, 2000).
Fonte: Adaptado de Brasil (1978).
Nível de ruído
dB (A)
Máxima exposição diária permissível
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 8 minutos
115 7 minutos
Quadro 2. Limite de tolerância para ruído contínuo ou intermitente
(Continuação)
Ruídos e vibrações4
Fonte: Adaptado de ABNT (1987)
Locais dB(A) NC
Hospitais Apartamentos, enfermarias, berçários, 
centros cirúrgicos
35–45 30–40
Laboratórios, áreas para uso do público 40–50 35–45
Serviços 45–55 40–50
Escolas Bibliotecas, salas de música, salas de 
desenho
35–45 30–40
Salas de aula, laboratórios 40–50 35–45
Circulação 45–55 40–50
Hotéis Apartamentos 35–45 30–40
Restaurantes, salas de estar 40–50 35–45
Portaria, recepção, circulação 45–55 40–50
Residências Dormitórios 35–45 30–40
Salas de estar 40–50 35–45
Restaurantes — 40–50 35–45
Escritórios Salas de reunião 30–40 25–35
Salas de gerência, salas de projetos e 
de administração
35–45 30–40
Salas de computadores 45–65 40–60
Salas de mecanografia 50–60 45–55
Igrejas e templos 
(cultos meditativos)
— 40–50 35–45
Locais para esporte Pavilhões fechados para espetáculos e 
atividades esportivas
45–60 40–55
Quadro 3. Níveis aceitáveis de ruído ambientes de acordo com o uso – NBR 10152
Verificamos, a partir do item “escritórios”, no Quadro 3, que os níveis 
considerados adequados de ruído nos ambientes de trabalho se situam consi-
deravelmente abaixo dos 85 dB indicados como limite máximo de ruído para 
uma jornada de trabalho de oito horas, conforme preconiza a NR-15.
5Ruídos e vibrações
No mercado da construção civil, a ABNT NBR 10152:1987 foi apoiada 
pela ABNT NBR 15575:2013 — Norma de desempenho de edificações —, 
que enfatiza os níveis de atenuação ou transmissão de ruídos aceitáveis, por 
meio do desempenho dos sistemas construtivosdas edificações habitacionais, 
contribuindo para os demais programas arquitetônicos (CAU/BR, 2015).
Fontes de ruído
As fontes de ruído podem ser tanto externas quanto internas à edifi cação, e os 
ruídos externos mais impactantes são o tráfego, os advindos das atividades 
industriais e a vizinhança. Já os ruídos internos mais comuns que ocorrem 
nos ambientes de trabalho são provenientes das máquinas ruidosas e dos 
motores, no caso das indústrias, e os ruídos gerados dentro de um ambiente 
corporativo, como os escritórios, correspondentes aos telefones, computadores, 
impressoras e pessoas andando e falando (KROEMER; GRANDJEAN, 2005).
Os ruídos de rua são fatores externos que perturbam as atividades de 
trabalho dentro de um escritório, por exemplo. O ruído interno em fábricas 
pode ser contínuo ou intermitente, podendo soar como um estrondo, assobio, 
ruído de fala e chocalho. Nos escritórios, as atividades desenvolvidas exigem 
concentração mental para a compreensão da linguagem, os equipamentos de 
informática — computadores (sistema de refrigeração e teclado), impressoras, 
plotters, etc. — são fontes de ruído associadas à fala e à movimentação humana 
(KROEMER; GRANDJEAN, 2005).
Iida (2005) destaca uma fonte de ruído particularmente perturbadora: os 
ruídos de curtíssima duração, ou ruídos de impacto: 
Os ruídos de curtíssima duração, também chamados de impacto, são aqueles 
com duração de apenas alguns segundos. São especialmente prejudiciais 
quando os picos de energia acústica atingem níveis de 110 a 135 dB. Ocorrem, 
por exemplo, com as batidas de máquinas em forjarias e estamparias (pren-
sas). Podem ser considerados também ruídos de impacto aqueles de natureza 
inesperada e que se destacam no ambiente, como buzinas, batidas de porta, 
queda de objetos e gargalhadas repentinas (IIDA, 2005, p. 396).
Os ruídos de impacto são os que mais perturbam, isso porque o or-
ganismo tem dificuldade de adaptação aos ruídos inesperados. Um som 
repentino de 100 dB com curtíssima duração provoca susto, resultando em 
uma reação imediata de defesa. “Nessas ocasiões, o organismo adota uma 
posição instintiva de máxima estabilidade postural, preparando-se para uma 
Ruídos e vibrações6
eventual fuga [...]” (IIDA, 2005, p. 396). Essas reações retardam o tempo 
de reação para outras tarefas, interferindo diretamente na produtividade 
do trabalho executado.
Qualquer edificação pode ser acometida por diversas fontes de ruídos inter-
nos e externos, pois o som produzido em um ambiente da edificação se reproduz 
por vias diretas e indiretas, resultando em ruídos em outros ambientes da 
edificação. Nos ambientes de convivência, principalmente aqueles destinados 
às refeições — cantinas, refeitórios e cozinhas —, a acústica é sensivelmente 
prejudicada, pois geralmente são revestidos de materiais cerâmicos, visando a 
atender os requisitos de higiene e assepsia. Nesses ambientes, “[...] as paredes 
propiciam a reflexão das ondas sonoras contribuindo para altos índices de 
reverberação acústica [...]” (BERZOINI, 2015, p. 53).
A qualidade acústica de um ambiente também é influenciada pelo tempo 
de reverberação acústica, que se refere à persistência do som em um ambiente 
fechado diretamente relacionado pela reflexão sonora resultante dos elementos 
construtivos, pois o intervalo de tempo necessário para o som baixar ao nível 
de 60 dB é definido a partir do seu nível inicial, conforme ilustra a Figura 1 
(BERZOINI, 2015).
Figura 1. Esquema da reverberação em recintos fechados.
Fonte: Berzoini (2015, p. 54)
7Ruídos e vibrações
Alguns aspectos da edificação também podem resultar em reflexões do som 
externo para o interior da edificação, como as formas geométricas projetadas 
nas sacadas. Em relação ao conforto acústico do ambiente construído, a perda 
de isolamento acústico resultante do baixo isolamento das esquadrias e frestas 
ou orifícios nas fechaduras permitem a passagem do som do exterior.
Formas de medição dos ruídos
A medição da quantidade de ruído é computada em unidades físicas, conside-
rando-se todos os fatores acústicos por um determinado intervalo de tempo. 
O nível do ruído não é o único fator interveniente, também a frequência em 
que ele ocorre é considerada. Os estudos resultaram em unidades de medida 
que combinam vários componentes, sendo possível caracterizar a carga de 
ruído em um determinado ponto por meio de um único dado. Para avaliar 
o ruído em um ambiente de trabalho, duas unidades são essenciais: “1. O 
nível equivalente do ruído contínuo (nível de ruído contínuo); e 2. O nível 
de frequência acumulada [...]” (KROEMER; GRANDJEAN, 2005, p. 256).
O nível equivalente de ruído contínuo (Leq) expressa o nível médio de energia sonora 
durante um dado período de tempo (o nível de energia). Esta quantidade é uma inte-
gração de todos os níveis sonoros que variam durante esse tempo, e compara o efeito 
perturbador dos ruídos flutuantes com um ruído contínuo de intensidade constante. 
O nível de frequência acumulada é medido como um indicador de nível sonoro e 
um contador de frequência, operando sobre um dado período de tempo. As unidades 
comumente usadas na medição de som incluem: 
  L50 (nível médio de ruído): “L50 = 60 dB” indica que o nível de 60 dB foi alcançado 
ou excedido durante 50% do tempo relevante.
  L1 (nível do pico de ruído): “L1 = 70 dB” indica que o nível de 70 dB foi alcançado ou 
excedido durante 1% do tempo. 
Ambos os níveis, L50 e L1, estão relacionados com o nível de ruído equivalente por meio 
da seguinte aproximação (KROEMER; GRANDJEAN, 2005, p. 256):
Ruídos e vibrações8
A norma ABNT NBR 10151:2000 — Avaliação do nível do ruído em 
áreas habitadas visando o conforto da comunidade — estabelece os procedi-
mentos de medição e a avaliação de ruído, cujas referências normativas são 
os padrões internacionais regidos pelas normas: IEC-60651:1979 — Sound 
level meters; IEC-60804:1985 — Integrated averaging sound level meters; e 
IEC-60942:1988 — Sound calibrators (ABNT, 2000). A norma ABNT NBR 
10152:1987 — Níveis de ruído para conforto acústico — fixa os níveis de ruído 
compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos e determina que 
sejam consultados os documentos complementares: ABNT NBR 10151:2000; 
DS/IEC 225 – Octave, half-octave and third-octave band filters intended for 
the analysis of sound and vibrations; e IEC-651:1979 – Sound level meters. 
Ambas as normas são utilizadas na medição de ruídos, orientando os pro-
cedimentos baseados nas unidades de medida mencionadas por Kroemer e 
Grandjean (2005).
Definindo as vibrações
As vibrações podem ser defi nidas como movimentos periódicos, oscilações 
de partículas, de um sistema de partículas ou de um corpo rígido em torno 
de uma posição de equilíbrio ou um ponto fi xo. As vibrações que ocorrem 
no corpo humano são resultantes de movimentos periódicos — regulares e 
irregulares — de um equipamento, ferramenta, veículo, ou qualquer outro 
mecanismo. A ação desses agentes desloca o corpo humano da sua posição de 
repouso (IIDA, 2005; KROEMER; GRANDJEAN, 2005). Segundo Kroemer 
e Grandjean (2005, p. 272), “O som é uma vibração que afeta nossas células 
auditivas. ‘Vibrações mecânicas’ são uma preocupação, já que causam mu-
danças na posição dos membros do corpo e órgãos importantes [...]”.
O corpo humano não é uma estrutura de massa rígida, diferentes partes do 
corpo oscilam de maneira desigual, e a natureza das vibrações exerce efeitos 
correspondentes sobre as pessoas. Sete fatores físicos são importantes para 
compreender as vibrações, são eles: ponto de aplicação no corpo; direção de 
aplicação; frequência das oscilações; aceleração das oscilações; duração 
do efeito; ressonância e amortecimento. 
1. Ponto de aplicação no corpo. Três pontos, por onde as vibrações entram no 
corpo, são ergonomicamente significativos: as nádegas e possivelmente os pés
(quando dirigindo ou andando em um veículo) e as mãos (quando operando
ferramentas vibratórias ou uma máquina.
9Ruídose vibrações
2. Direção de aplicação. A direção da oscilação é importante. Para a maior 
parte do corpo, a direção está no sentido vertical (da cabeça aos pés). Para 
a mão e braço, é aproximadamente perpendicular à linha que passa pela 
mão e braço. 
3. Frequência das oscilações. A extensão dos efeitos biomecânicos e 
geralmente patológico das vibrações é dependente da frequência. As fre-
quências particularmente importantes são aquelas na faixa das frequências 
naturais do corpo e, assim, causam ressonância. Geralmente dinstingue-se 
uma faixa baixa e alta de frequência. As vibrações dos veículos motores 
pertencem à faixa baixa, aquelas das ferramentas motorizadas à faixa 
alta de frequência.
4. Aceleração das oscilações. Dentro da faixa de frequência que é fisiologi-
camente importante, a aceleração das oscilações é geralmente tomada como 
medida da carga vibracional. Uma referência comumente usada é a aceleração 
pelo efeito da gravidade (g = 9,8m/s²).
5. Duração do efeito. O efeito das vibrações depende muito da sua duração. 
Seus efeitos danosos aumentam rapidamente com o tempo transcorrido. 
6. Ressonância. Todo sistema mecânico, que possui as propriedades ele-
mentares de massa e elasticidade, é capaz de oscilar. Cada sistema tem a 
sua própria frequência natural, com a qual ele vibra após estimulação. Quão 
mais próxima a frequência da força excitadora chega à frequência natural do 
sistema excitado, maior será a amplitude das oscilações forçadas. Quando a 
amplitude das oscilações forçadas excede a da força excitadora, diz-se que o 
sistema está em ressonância.
7. Amortecimento. As oscilações de qualquer sistema estão sujeitas a amorteci-
mento, que reduz suas amplitudes. Por exemplo, quando se está de pé, quaisquer 
vibrações verticais transmitidas pelos pés são rapidamente amortecidas pelas 
pernas. As frequências acima de 30Hz são particularmente bem amortecidas 
pelos tecidos do corpo; portanto, para uma frequência de indução de 35 Hz, a 
amplitude de oscilação é reduzida a ½ nas mãos, a 1/3 nos cotovelos e a 1/10 
nos ombros (KROEMER; GRANDJEAN, 2005, pp. 272-273.)
No ambiente de trabalho, em particular nas indústrias, os motores elétri-
cos são complexos geradores de vibrações, devido ao fluxo turbulento do ar 
de refrigeração (GERGES, 1992). Nos ambientes construídos, as vibrações 
de sólidos e de impacto são transmitidas diretamente sobre a estrutura do 
edifício, provocando, posteriormente, a vibração do ar (SOUZA et al., 2013). 
De maneira geral, as fontes de vibração que acometem os edifícios podem 
se originar internamente — derivadas do funcionamento dos equipamentos, 
como sistemas de ar-condicionado, elevadores, etc., e até de movimentos hu-
manos — ou externamente, associadas ao tráfego e às atividades da construção 
civil. Devemos considerar também as fontes naturais de vibração, como os 
tremores de terra, erupções vulcânicas e os ruídos estrondosos resultantes de 
tempestades (ANTUNES et al., 2016). 
Ruídos e vibrações10
No interior dos edifícios, as vibrações podem se manifestar de dois modos: 
vibração perceptível e ruído de baixa frequência. A vibração perceptível é 
percebida pelos seres humanos através da sensação tátil — frequentes em pisos e 
paredes — ou por meio de um movimento vibratório audível, como o movimento 
dos vidros nas janelas. Os ruídos de baixa frequência — geralmente compreendem 
as frequências entre 10 e 20 Hz e 150 e 200 Hz — resultam da vibração propagada 
através da fundação e demais estruturas dos edifícios, excitando os elementos de 
interiores, como paredes, pavimentos e tetos. “Este movimento vibratório origina 
ondas sonoras que são percebidas pelo ouvido humano como ruído (usualmente 
designado por ruído estrutural) [...]” (ANTUNES et al., 2016, p. 2).
 A variação das respostas humanas às vibrações em edifícios compre-
ende desde a simples percepção até uma reação de desconforto mais ampla. 
Amplitudes de vibração mais baixas, quando repetidas, podem conduzir o 
desconforto ou incômodo. O Quadro 4 apresenta uma relação genérica entre 
a vibração e a percepção humana.
Fonte: Adaptado de Antunes et al. (2016).
Valor eficaz (RMS) da aceleração 
ponderada (m/s2)
Percepção
< 0,01 Não perceptível
0,015 Limiar da percepção
0,02 Raramente perceptível
0,08 Facilmente perceptível
0,315 Fortemente perceptível
> 0,315 Extremamente perceptível
Quadro 4. Percepção e amplitudes de vibração
Conforme apontado por Kroemer e Grandjean (2005), a sensibilidade 
humana aos níveis de vibração varia conforme as características do fe-
nômeno vibratório, do seu conteúdo de frequência, da direção e da sua 
amplitude. A norma ISO 2631-1 — Guia para avaliação da exposição 
humana às vibrações de corpo inteiro — sugere valores como indicativos 
da sensação de desconforto em relação às amplitudes de aceleração de 
vibração, conforme o Quadro 5. 
11Ruídos e vibrações
Fonte: Adaptado de Antunes et al. (2016).
Valor eficaz (RMS) da 
aceleração ponderada (m/s2)
Percepção
Inferior a 0,315 Não é desconfortável
De 0,315 a 0,63 Um pouco desconfortável
Entre 0,5 e 1 Razoavelmente desconfortável
De 0,8 a 1,6 Desconfortável
De 1,25 a 2,5 Muito desconfortável
Superior a 2 Extremamente desconfortável
Quadro 5. Amplitudes de vibração e reações ao desconforto causado por vibrações
(ISO 2631-1)
Cabe ressaltar que, de acordo com a ABNT NBR 15575:2013 — Norma 
de desempenho de edificações — para a avaliação do desempenho acústico 
de uma edificação, devem ser considerados os impactos e ruídos de equipa-
mentos nas premissas de projeto (item 12.4.3). O projeto deve considerar “os 
ruídos contínuos, variáveis e de impactos, e das vibrações de equipamentos 
como motores-bomba, elevadores, válvulas de descarga, motores geradores 
de energia [...]” (ABNT, 2013, documento on-line).
Do ponto de vista do conforto humano, é relevante detectar as características 
dos ruídos e das vibrações que possam provocar desconforto, incômodos e 
efeitos nocivos à saúde do trabalhador. Esse tema tem se tornado importante 
para as empresas onde há um número elevado de funcionários expostos a 
consideráveis níveis de ruídos e vibrações, sem equipamentos adequados 
conforme orientam as normas de segurança. 
Efeitos fisiológicos e psicológicos de ruídos
e vibrações no ser humano
A resposta para a pergunta “Por que o ruído faz mal?” não é simples. A reação 
do homem perante os ruídos é complexa, pois a orelha humana possui uma 
grande capacidade de captar sons e ruídos, desde as menores até as altíssimas 
frequências. Da mesma forma, a reação humana à exposição prolongada 
às vibrações desencadeia efeitos nocivos ao ser humano, em particular nos 
ambientes de trabalho. 
Ruídos e vibrações12
Segundo Iida (2005), a consequência mais evidente da alta exposição ao ruído 
é a surdez, que pode ser de duas naturezas: a surdez de condução e a surdez 
nervosa. A surdez de condução se caracteriza pela redução da capacidade de 
transmissão das variações sonoras da orelha externa para a interno. Ruídos de 
impacto com alta intensidade podem provocar a surdez de condução, uma vez 
que podem romper a membrana do tímpano ou danificar a transmissão pela 
orelha média. A surdez nervosa ocorre na orelha interna, causada pela redução 
da sensibilidade das células nervosas da cóclea. “Para ruídos de até 80 dB, essas 
perdas são pequenas, mas tendem a crescer a partir desse nível, chegando a 
27% aos 95 dB, principalmente após exposição prolongada a ruídos intensos. 
As perdas ocorrem nas faixas de alta frequência, acima de 1.000 Hz, sendo 
maiores em torno de 4.000 Hz, e são irreversíveis [...]” (IIDA, 2005, p. 398).
Sob o aspecto ergonômico, um problema comum e recorrente é que o 
ruído ambiental perturba a compreensão da fala. Kroemer e Grandjean (2005) 
salientam que a capacidade de identificar um som em particular em meio aos 
demais sons depende do limiar de audição, que aumenta com a intensidade 
do som até 80 dB, conforme a Figura 2.
Figura 2. Gráfico de sílabas (S) e da frase oude seu sentido (W).
Fonte: Adaptada de Kroemer e Grandjean (2005, p. 263).
13Ruídos e vibrações
A compreensão da fala em ambientes de trabalho impacta diretamente o 
conforto ou desconforto do trabalhador. O gráfico da Figura 2 mostra que 
“[...] com uma compreensão silábica de apenas 20% das sentenças (S = 0,2) 
ainda é possível entender quase 80% das sentenças; se a metade das sílabas 
são compreendidas, então cerca de 95% das sentenças são inteligíveis [...]” 
(KROEMER; GRANDJEAN, 2005, p. 262).
No desempenho geral do trabalhador, o ruído também influencia, gerando 
aborrecimentos devido à interrupção forçada da tarefa, provocando tensão e 
dores de cabeça. A memória de curta duração também é afetada pela expo-
sição excessiva aos ruídos, assim como há redução de concentração mental, 
pois o pensamento e a reflexão são mais difíceis em um ambiente ruidoso. O 
estresse fisiológico provocado pela exposição ao ruído pode produzir reações 
sintomáticas, como aumento da pressão sanguínea, aceleração da frequência 
cardíaca, contração dos vasos sanguíneos da pele, aumento do metabolismo, 
redução da velocidade de digestão e aumento da tensão muscular (IIDA, 2005; 
KROEMER; GRANDJEAN, 2005).
As vibrações são subjetivamente percebidas como um incômodo, variando 
entre um transtorno menor até um transtorno insuportável. “A extensão do 
transtorno depende, em primeira instância, da frequência de indução, da ace-
leração das oscilações e da duração da exposição [...]” (KROEMER; GRAND-
JEAN, 2005, p. 275). Os efeitos fisiológicos e psicológicos das vibrações 
sobre o trabalhador incluem perda de equilíbrio, falta de concentração e visão 
turva, que diminui a acuidade visual. Contata-se também aumentos do ritmo 
cardíaco, respiratório e volume de oxigênio consumido.
Iida (2005) atribui às vibrações no ambiente de trabalho a produção de 
fadiga, dores de cabeça, insônia e, em casos extremos, danificação permanente 
de alguns órgãos humanos. Além disso:
As vibrações sobre os braços, mãos e dedos prejudicam a circulação sanguí-
nea. Isso ocorre principalmente na faixa de 40 a 125 Hz, embora haja muitas 
diferenças individuais. Em casos mais graves, os dedos ficam descoloridos, 
provocando o fenômeno “dedo branco”. Nessa situação, os dedos ficam in-
sensíveis e podem sofrer necrose. Em trabalhadores florestais que usam 
motosserra, há uma degeneração gradativa do tecido vascular e nervoso, 
causando perda da capacidade manipulativa e do tato das mãos, dificultando 
o controle motor (IIDA, 2005, p. 405).
Nas frequências baixas (de 1-80 Hz), as vibrações são particularmente 
danosas ao organismo, provocando lesões nos ossos, nas juntas e nos tendões. 
Nas frequências intermediárias (30-200 Hz), as vibrações provocam doenças 
Ruídos e vibrações14
cardiovasculares, e, nas frequências altas (acima de 300 Hz), causam dores 
agudas e distúrbios neurovasculares (IIDA, 2005). Alguns dos sintomas são 
reversíveis — após um longo período de descanso —, porém são reincidentes 
no caso de nova exposição às vibrações. 
As vibrações mecânicas ou acústicas seguem as leis da física; no caso das 
mecânicas, as sentimos, quando se trata de vibrações acústicas, as ouvimos. As 
vibrações mecânicas são geralmente um transtorno, ao passo que as vibrações 
acústicas ou ruídos podem ser uma fonte de informação e prazer, como a 
música. É fundamental que o arquiteto compreenda as fontes e os efeitos no 
organismo causados pelos ruídos e pelas vibrações e conduza seus projetos 
de acordo com as normas, a fim de controlar e minimizar os impactos desses 
fatores no ambiente construído.
15Ruídos e vibrações
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