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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS AJUDÂNCIA-GERAL SEPARATA DO BGPM Nº 97 BELO HORIZONTE, 27 DE DEZEMBRO DE 2011 Para conhecimento da Polícia Militar de Minas Gerais e devida execução, publica-se o seguinte: 2Caderno Doutrinário PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Caderno Doutrinário 2 TÁTICA POLICIAL, ABORDAGEM A PESSOAS E TRATAMENTO ÀS VÍTIMAS PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Caderno Doutrinário 2 TÁTICA POLICIAL, ABORDAGEM A PESSOAS E TRATAMENTO ÀS VÍTIMAS Belo Horizonte - MG Academia de Polícia Militar 2011 Direitos exclusivos da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) Reprodução proibida – circulação restrita. Comandante-Geral da PMMG: Cel. PM Renato Vieira de Souza Chefe do Estado-Maior: Cel. PM Márcio Martins Sant´ana Chefe do Gabinete Militar do Governador: Cel. PM Luis Carlos Dias Martins Comandante da Academia de Polícia Militar: Cel. PM Eduardo de Oliveira Chiari Campolina Chefe do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação: Ten.-Cel. PM Adeli Sílvio Luiz Tiragem: 1.500 MINAS GERAIS. Polícia Militar. Tática Policial, Abordagem a Pessoas e tratamento às Vítimas - Belo Horizonte: Academia de Polícia Militar, 2011. 140 p.: il. (Prática Policial Básica. Caderno Doutrinário 2) ISBN 978-85-64764-02-6 Abordagem policial. 2. Busca Pessoal. 3.Uso de Algemas. 4. Tática Policial. I. Título. II. Série. CDU 351.75 CDD 352.2 Ficha catalográfica: Rita Lúcia de Almeida Costa – CRB – 6ª Reg. n.1730 ADMINISTRAÇÃO: Centro de Pesquisa e Pós Graduação Rua Diábase 320 – Prado Belo Horizonte – MG CEP 30410-440 Tel.: (0xx31)2123-9513 Fax: (0xx31) 2123-9512 E-mail: cpp@pmmg.mg.gov.br M663t 2Caderno Doutrinário RESOLUÇÃO N° 4151, DE 09 DE JUNHO DE 2011. Aprova o Caderno Doutrinário 2 – Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítima. O COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo inciso I, alínea I do artigo 6°, item V, do Regulamento aprovado pelo Decreto n° 18.445, de 15Abr77 – (R-100), e à vista do estabelecido na Lei Estadual 6.260, de 13Dez73, e no Decreto n° 43.718, de 15Jan04, RESOLVE: Art. 1° Aprovar o Caderno Doutrinário 2 – Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítimas. Art. 2° Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Art. 3° Revogam-se as disposições em contrário. QCG em Belo Horizonte, 09 de junho de 2011. (a) RENATO VIEIRA DE SOUZA, CORONEL PM COMANDANTE-GERAL Equipe de Colaboradores: Coronel PM Fábio Manhães Xavier Coronel PM Antônio Leandro Bettoni da Silva Tenente-Coronel PM Marcelo Vladimir Corrêa Major PM Alfredo José Alves Veloso Major PM Wágner Eustáquio das Silva Almeida Major PM Eduardo Domingues Barbosa Capitão PM Renato Salgado Cintra Gil Capitão PM Wanderson Garcia Costa Neves Capitão PM Arnaldo Affonso Capitão PM Marco Aurélio Zancanela do Carmo Capitão QOS Fabrízia Lopes Brandão Pereira Capitão PM Rodolfo César Morotti Fernandes 1º Tenente PM Rodrigo Saldanha 1º Tenente PM Édson Henrique Rabello de S. Mendes 1º Tenente PM Ricardo Luiz Amorim Gontijo Foureaux 1º Tenente PM Molise Zimmermann Fonseca de Souza 1º Tenente PM Polyana Cristina Barbalho 1º Tenente PM Antônio Hot Pereira de Faria 1º Tenente PM Luciana do Carmo Socorro Nominato 2º Tenente PM Anderson Pereira de Sousa 1º Sargento PM Antônio Geraldo Alves Siqueira 3º Sargento PM Ricardo Martins Lopes 3º Sargento PM Márcia Daniela Bandeira Silva 3º Sargento PM Nadja Alves de Sousa Cabo PM Elias Sabino Soares Soldado PM Leonardo Giori de Oliveira Soldado PM Aline Vanessa Alves Professor Hugo de Moura Professora Maria Sílvia Santos Fiúza 2Caderno Doutrinário Missão Assegurar a dignidade da pessoa humana, as liberdades e os direitos fundamentais, contribuindo para a paz social e para tornar Minas o melhor Estado para se viver. Visão Sermos excelentes na promoção das liberdades e dos direitos fundamentais, motivo de orgulho do povo mineiro. Valores - respeito aos direitos fundamentais e valorização das pessoas; - ética e transparência; - excelência e representatividade Institucional; - disciplina e inovação; - liderança e participação; - coragem e justiça. 2Caderno Doutrinário LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Coberta (Perspectiva do policial).......................................................................... 22 FIGURA 2 – Coberta (Perspectiva do abordado ......................................................................23 FIGURA 3 – Abrigo .............................................................................................................................23 FIGURA 4 – Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima) ..................................................26 FIGURA 5 - Uso de Escudo Balístico (Segurança Máxima) ...................................................27 FIGURA 6 – Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima com arma na lateral) ..........28 FIGURA 7 – Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima com arma à frente do visor) .......28 FIGURA 8 – Comunicação por gestos .........................................................................................30 FIGURA 9 – Técnica de Uso da Lanterna “Posição 1” .............................................................32 FIGURA 10 – Técnica de Uso Utilização da lanterna “Posição 2” ........................................33 FIGURA 11 – Tomada de ângulo ou “fatiamento” (visão do policial) ...............................34 FIGURA 12 – Tomada de ângulo ou “fatiamento” - (Visão do abordado) .......................34 FIGURA 13 – Olhada rápida (visão do policial) ........................................................................35 FIGURA 14 - Olhada rápida (visão do abordado) ...................................................................36 FIGURA 15 – Uso do espelho .........................................................................................................37 FIGURA 16 – Ângulos de aproximação ......................................................................................38 FIGURA 17 – Postura Aberta - mãos livres ................................................................................40 FIGURA 18 – Postura de Prontidão ..............................................................................................40 FIGURA 19 - Postura Defensiva .....................................................................................................41 FIGURA 20 – Posição 1: Arma localizada.................................................................................. 43 FIGURA 21 – Posição 2: Guarda baixa .........................................................................................43 FIGURA 22 – Posição 2: Guarda baixa velada ...........................................................................44 FIGURA 23 – Posição 3: Guarda alta ............................................................................................44 FIGURA 24 – Posição 4: Pronta-resposta ...................................................................................45 FIGURA 25 – Técnica de Aproximação Triangular e Área de Contenção ........................47 FIGURA 26 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais e 1 abordado ..............49 FIGURA 27 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais e 2 abordados ...........49 FIGURA 28 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais e 3 abordados ............50 FIGURA 29 – Esquema tático de aproximação com 3 policiais e 1 abordado .............50 FIGURA 30 – Esquema tático de aproximação com 3 policiais e 4 abordados ............51 FIGURA 31 – Esquema tático de aproximação com 4 policiais e 4 abordados ............51 FIGURA 32 – Busca minuciosa na posição de contenção em pé, sem apoio ...............77FIGURA 33 – Busca minuciosa na posição de contenção em pé, com apoio............... 78 FIGURA 34 – Busca minuciosa na posição de contenção ajoelhado............................... 79 FIGURA 35 – Busca minuciosa na posição de contenção deitado ...................................81 FIGURA 36 – Sistema de trava de algemas ...............................................................................86 FIGURA 37 – Verificação da vítima .............................................................................................131 FIGURA 38 – Isolamento do local ..............................................................................................132 FIGURA 39 – Pessoas alterando local de crime .....................................................................133 FIGURA 40 – Tratamento com a imprensa ..............................................................................134 2Caderno Doutrinário 1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................15 2 TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICA ...................................................................21 2.1 Deslocamentos Táticos ..............................................................................................21 2.1.1 Uso de cobertas e abrigos ....................................................................................22 2.1.2 Tipos de deslocamentos a pé ..............................................................................24 2.1.3 Deslocamentos por rastejo ..................................................................................25 2.1.4 Técnicas de uso do escudo balístico .................................................................26 2.2 Disciplina de luz e som ..............................................................................................29 2.3 Comunicação por gestos ..........................................................................................29 2.4 Técnicas de uso de lanterna .....................................................................................30 2.5 Técnicas de varredura ................................................................................................33 2.6 Posições/posturas adotadas pelo policial na abordagem a pessoas ........37 2.6.1 Ângulos de aproximação ......................................................................................38 2.6.2 Posturas de abordagem com as mãos livres ..................................................39 2.6.3 Posições de emprego de arma de fogo ...........................................................42 2.7 Técnica de Aproximação Triangular (TAT)........................................................... 46 3 ABORDAGEM A PESSOAS ..........................................................................................55 3.1 Uso diferenciado de força nas intervenções policiais ....................................56 3.2 Níveis de Intervenção ................................................................................................58 3.3 Técnicas e táticas de abordagem a pessoas ......................................................62 3.4 Modelos de abordagem ............................................................................................63 3.4.1Intervenção nível 1 (assistência e orientação) ................................................63 3.4.2 Intervenção nível 2 (verificação preventiva) ..................................................64 3.4.3 Intervenção nível 3 (verificação repressiva) ...................................................66 4 BUSCA PESSOAL ............................................................................................................71 4.1 Aspectos legais da busca pessoal ..........................................................................71 SUMÁRIO 4.2 Tipos de Busca Pessoal ..............................................................................................74 4.2.1 Busca Ligeira ..............................................................................................................74 4.2.2 Busca Minuciosa .......................................................................................................75 4.2.3 Busca Completa ........................................................................................................81 4.3 Uso de algemas ............................................................................................................82 4.3.1 Recomendações Gerais do Uso de Algemas ..................................................87 5 PROCEDIMENTOS POLICIAIS ESPECÍFICOS ......................................................91 5.1 Procedimentos Policiais em Ocorrências Envolvendo Autoridades.......... 91 5.1.1 Membros do Poder Executivo .............................................................................92 5.1.2 Membros do Poder Legislativo ...........................................................................93 5.1.3 Membros do Poder Judiciário .............................................................................94 5.1.4 Membros do Ministério Público .........................................................................94 5.1.5 Membros de Órgãos Policiais ..............................................................................94 5.1.6 Membros das Forças Armadas ............................................................................95 5.1.7 Membros da Advocacia .........................................................................................95 5.1.8 Outras Instituições ...................................................................................................96 5.2 Abordagens policiais a grupos vulneráveis .......................................................98 5.3 Atuação policial frente às minorias ....................................................................109 5.4 Abordagem a pessoas em surto de drogas .....................................................112 6 TRATAMENTO ÀS VÍTIMAS .....................................................................................117 6.1 Procedimentos com vítimas em locais de ocorrência .................................119 7 LOCAL DE CRIME .........................................................................................................125 7.1 Classificação do Local de Crime e Conceitos Correlatos .............................125 7.2 Prova ..............................................................................................................................126 7.3 Procedimentos no local de crime ........................................................................128 7.4 Cadeia de Custódia de Vestígios ..........................................................................135 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................137 2Caderno Doutrinário REFERÊNCIAS SEÇÃO 1 APRESENTAÇÃO PRÁTICA POLICIAL BÁSICA 15 2Caderno Doutrinário 1 APRESENTAÇÃO O Caderno Doutrinário 2 – Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítimas (CD 2) está em conformidade com a legislação brasileira, em especial à Portaria Interministerial do Uso da Força1, e com as normas internacionais de Direitos Humanos, oriundas das Organização das Nações Unidas (ONU), aos quais são aplicadas à função policial. Este documento tem como referência os fundamentos da abordagem policial do Caderno Doutrinário 1 – Intervenção Policial, Verbalização e Uso de Força (CD 1) e trata da aplicação da técnica e tática policial à atividade-fim. A construção das técnicas e táticas descritas neste Caderno é fruto de experiências positivas vivenciadas no cotidiano operacional, de pesquisa e da análise de simulações de ações policiais em âmbito acadêmico. Este volume enfatizará a abordagem a pessoas, bem como as açõesque devem ser realizadas de forma preparatória e posteriores a esta intervenção. Logo, a leitura do CD 2 deve, obrigatoriamente, ser precedida da leitura do Caderno Doutrinário 1. A seção 2 do Caderno é dedicada à apresentação de técnicas e táticas policiais que antecederão a abordagem policial, como deslocamentos táticos, uso de equipamentos como escudos balísticos e lanternas, técnicas de varredura e de aproximação, bem como posturas de abordagem com as mãos livres e posições de emprego de arma de fogo. A abordagem policial2 é tratada na seção 3, onde é feita uma exposição transversal com os princípios de uso de força e a classificação de risco, estudados no CD 1. São descritas técnicas e táticas de abordagem a pessoas, e traçado um modelo policial de referência para as abordagens nos diversos níveis de intervenção. A abordagem a pessoas envolve um conjunto ordenado de ações policiais para se aproximar de um ou mais indivíduos, com o intuito de resolver demandas do policiamento ostensivo. Este conceito possui um sentido amplo, ou seja, abrange a todos os cidadãos, não se restringindo às pessoas em situação de suspeição. 1 Portaria Interministerial 4226/10. 2 Ver Caderno Doutrinário 1 16 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Na seção 4 são descritos os procedimentos relacionados à busca pessoal, bem como seu embasamento legal. Esta etapa da intervenção policial será realizada desde que haja fundada suspeita em relação à pessoa. Procedimentos policiais para o tratamento de públicos específicos (minorias, grupos vulneráveis, entre outros) são temas presentes na seção 5, demonstrando o compromisso institucional no alinhamento desta doutrina às normas internacionais de direitos humanos. No cumprimento da visão institucional da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), de atingir excelência na promoção das liberdades e dos direitos fundamentais, este Caderno traz na seção 6 um enfoque de atenção do policial à vitima de crime, tema pouco explorado nos documentos normativos das polícias brasileiras e no ordenamento jurídico nacional. A seção 7 é dedicada ao procedimento operacional em locais de crime, por meio da classificação e conceitos dos locais de crime, bem como na descrição de procedimentos específicos a serem adotados no local onde ocorreu um delito e a cadeia de custódia de vestígios. Diante desses conhecimentos, o policial deve refletir sobre seu papel na sociedade e a melhor maneira de executar o seu trabalho. Ele deve se reconhecer como integrante da comunidade que exerce um papel diferenciado por sua qualificação profissionalização na área de segurança pública, e por estar a serviço da comunidade. Assim, uma intervenção que envolva a simples abordagem a pessoas é uma grande oportunidade para o policial oferecer ajuda a alguém que acredita que este é o profissional mais capacitado a orientá-lo na resolução de conflitos. Como promotor de Direitos Humanos, o policial deve respeitá-los e defendê- los, o que implica permitir que todos os cidadãos, sem distinção de qualquer natureza, tenham seus direitos respeitados. Além disso, é imprescindível que as condutas operacionais corroborem com os princípios elencados nas normas de direitos humanos. Por isso, as ações policiais devem estar sempre pautadas na imparcialidade e na justiça, conforme as técnicas e táticas referenciadas nesse caderno. Este documento faz parte de um conjunto de “Cadernos Doutrinários” denominados Prática Policial Básica, a saber: 17 2Caderno Doutrinário Caderno Doutrinário 1 – Intervenção Policial, Verbalização e Uso de Força Caderno Doutrinário 2 – Tática Policial, Abordagem a Pessoas e Tratamento às Vítimas Caderno Doutrinário 3 – Blitz Policial Caderno Doutrinário 4 – Abordagem a Veículos Caderno Doutrinário 5 – Escoltas Policiais e Conduções Diversas Caderno Doutrinário 6 – Abordagem a Edificações SEÇÃO 2 TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICA 21 2Caderno Doutrinário 2 TÉCNICA E TÁTICA POLICIAL BÁSICA Entende-se por técnica policial o conjunto dos métodos e procedimentos utilizados na execução da atividade policial. O estabelecimento de técnicas visa alcançar os princípios da eficiência, segurança e legalidade. Para cada recurso utilizado no serviço policial, seja humano ou material, existem técnicas pré-estabelecidas. O emprego correto da técnica exige treinamento permanente, e cabe ao policial conhecer e empregar as técnicas apresentadas neste caderno. O treinamento policial militar deve estar alinhado com a identidade organizacional e ser realizado de forma contínua, sendo o policial protagonista neste processo de auto-aprimoramento profissional. Essas técnicas foram selecionadas e aperfeiçoadas a partir de diversas experiências vivenciadas no cotidiano operacional e acadêmico, levando- se em conta a segurança nas abordagens, a coerência com os fundamentos legais e éticos presentes nas normas internacionais e nacionais de direitos humanos. Além do domínio das técnicas (como fazer?), outro fator importante para o sucesso das intervenções é a disciplina tática. Entende-se por tática policial a forma de se aplicar com eficácia os recursos técnicos que se dispõe, ou de se explorar as condições favoráveis para se atingir os objetivos desejados. A disciplina tática consiste na obediência de todos os policiais, quando atuando em grupo, ao exercer suas ações (o que e quando fazer?), no exato local (onde fazer?) definido no planejamento de cada atividade. Isso propicia uma melhor coordenação das ações e dos procedimentos de cada policial na sua respectiva responsabilidade de atuação e, consequentemente, aumenta a segurança dos envolvidos. Para garantir a disciplina tática, todos os policiais devem conhecer sua função no ambiente de intervenção e conscientizar-se que cada atribuição, por mais simples que pareça, é imprescindível para que o caso tenha uma solução satisfatória (por que fazer?). 2.1 Deslocamentos Táticos Correspondem às movimentações, realizadas por policiais, com o objetivo de progredir, aproximar e abordar pessoas, adotando técnicas específicas que lhes permitam agir com rapidez, surpresa e segurança. A observância desses 22 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA fundamentos da abordagem policial potencializa suas ações e asseguram que o objetivo proposto seja alcançado com mais eficácia. Abaixo, estudaremos as técnicas a serem empregadas nos deslocamentos: 2.1.1 Uso de cobertas e abrigos Nos deslocamentos táticos, os policiais deverão identificar locais no ambiente que lhe permitam proteção e ocultação. A ocultação visa possibilitar que os policiais desloquem até o local determinado, sem serem vistos pelos suspeitos até o momento da abordagem, ou seja, conseguindo assim o fundamento da surpresa. A proteção visa diminuir o risco do policial ser agredido ou alvejado pelo suspeito. Portanto, nos deslocamentos, os policiais deverão buscar cobertas e abrigos para proteção e ocultação. As cobertas e os abrigos são anteparos existentes na natureza ou produzidos pelo homem, encontrados ao longo do deslocamento ou no cenário onde ocorre a intervenção policial, sabendo que: a) as cobertas são usadas como ocultação. Não Têm a capacidade de deter projéteis disparados contra o policial. Exemplos: portas em madeira, arbustos, fumaça, neblina, um local escuro ou outro fator que dificulte a visualização e os movimentos do policial ( figuras 1 e 2). Figura 1 – Coberta (Perspectiva do policial) 23 2Caderno Doutrinário Figura 2 – Coberta (Perspectiva do abordado) b) os abrigos são usados como proteções, e são anteparos que, por suas características e dimensões, são capazes de proteger o policial contra disparos de arma de fogo e arremesso de objetos. Exemplos: postes, muros, paredes, parte frontal de veículos (compartimento do motor), caçambas metálicas, tronco de árvores, dentre outros (Figura 3). Figura 3 – Abrigo 24 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Para maximizar a proteção nosdeslocamentos e nas abordagens, deve-se, sempre que possível, conjugar a coberta com o abrigo. O deslocamento tático em áreas amplas, abertas e sem proteção, podem comprometer a segurança do policial. Todavia, sendo necessária a movimentação nessas áreas, deverá ser realizada de forma rápida com silhueta reduzida ou através dos procedimentos de rastejo e sempre com a cobertura da equipe. 2.1.2 Tipos de deslocamentos a pé Existem três tipos principais de deslocamento tático de policiais no processo a pé, variando de acordo com o objetivo a ser alcançado: a) Deslocamento Lento: é o passo com velocidade moderada, que permita ao policial observar todos os pontos de foco e pontos quentes antes de progredir. O policial deverá estar de silhueta reduzida, com a arma nas posições de guarda baixa ou guarda alta. Deverá ser empregado, preferencialmente, nas intervenções de risco nível II e III, em que há necessidade de aproximação imediata do objetivo a pé, mantendo a ocultação dos policiais até o momento da abordagem. Exige disciplina de luz e som, que será apresentada no item 2.2. Exemplos: abordagens a edificações; b) Deslocamento Normal: é o passo natural, com compostura, em que o policial deverá estar no estado de atenção ou de alerta, com a arma no coldre, observando o que acontece à sua volta. Este deslocamento, devido ao pouco desgaste físico, permite percorrer grandes distâncias e empenho em jornadas prolongadas. Deverá ser empregado em rastreamentos e deslocamentos longos até a aproximação mediata do alvo principal da intervenção. Exemplo: deslocamentos para diligência de captura de presos em fuga em área rural; c) Deslocamento rápido: é o passo com velocidade acelerada que permite ao policial alcançar o objetivo com rapidez. Este tipo de deslocamento deverá ser empregado mediante prévia avaliação dos riscos, nos seguintes casos, entre outros: I- Perseguição de suspeito enquanto estiver à vista. O policial deve alterar o tipo de deslocamento conforme a avaliação das áreas de risco ou segurança; II- Progressão em áreas amplas, carentes de cobertas e abrigos. Nestes casos, o policial poderá empregar técnica de deslocamento com mudança brusca de direção “ziguezague”; 25 2Caderno Doutrinário III- Intervenções com objetivo de salvar vidas. 2.1.3 Deslocamentos por rastejo Existem três processos de deslocamento de policiais por rastejo, variando de acordo com o objetivo a ser alcançado e a necessidade. Ressalta-se que estes processos são lentos e cansativos, logo se recomenda que sejam utilizados em deslocamentos curtos: a) 1º Processo: o policial apoiará seu corpo sobre seus joelhos e antebraços. Erguerá o peitoral, mantendo seu corpo o mais próximo possível do chão, forçando sua cabeça e quadril para baixo. Durante o movimento, os joelhos deverão permanecer sempre atrás do quadril. O policial se locomoverá por meio da tração alternada de cotovelos e joelhos. Ou seja, joelho esquerdo move-se junto com o cotovelo direito, e vice-versa, de forma sucessiva. Caso o policial esteja portando arma longa, ela deverá ser transportada nos braços, perpendicularmente ao corpo, para que não entre sujeiras em seu cano. b) 2º Processo: deitado de bruços, o policial moverá suas mãos à frente da cabeça, mas manterá seus cotovelos no chão. Flexionará uma perna, e a utilizará para impulsionar o corpo para frente, juntamente com a ajuda das mãos e antebraços. Caso o policial esteja portando arma longa, ela poderá ser conduzida por uma das mãos à frente do corpo, cano da arma voltado para frente, elevando o armamento o mínimo necessário a cada impulsão. Este processo faz com que a movimentação seja mais lenta e cansativa em relação ao primeiro, mas melhora as condições de ocultação e proteção. c) 3º Processo: o policial apoiará seu corpo sobre suas pernas e cotovelos. Erguerá o peitoral, mantendo seu corpo o mais próximo possível do chão, forçando sua cabeça e quadril para baixo. Movimentará seu corpo por meio da ATENÇÃO! Perseguição policial é o procedimento adotado pelas forças policiais para acompanhar visualmente ou seguir um suspeito da prática de um delito, que se encontra em fuga, com objetivo de capturá-lo para adoção das medidas legais cabíveis. (O tema de perseguição policial a veículos é tratado no Caderno Doutrinário 4). 26 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA tração de cotovelos, impulsionando com seus pés ao mesmo tempo. Caso o policial esteja portando arma longa, ela deverá ser transportada atravessada, no ângulo formado pelos braços e antebraços. É recomendado utilizar este processo quando se pretende evitar que a arma longa se atrite com o solo. Para maior segurança nos deslocamentos, o policial poderá, ainda, recorrer ao escudo balístico. 2.1.4 Técnicas de uso do escudo balístico O escudo balístico é um equipamento que visa proteger a pessoa que o conduz. Contudo, com a técnica adequada, sua capacidade de proteção poderá se estender aos demais policiais da equipe durante o processo de deslocamento. As progressões utilizando escudos balísticos podem ser feitas de duas formas principais, variando de acordo com o nível de segurança: a) Segurança Mínima: • o escudo será conduzido pelo 1° policial, na posição de pé (Figura 4). Figura 4 – Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima) 27 2Caderno Doutrinário a) Segurança Máxima: • o escudo será utilizado pelo 1° policial, que deslocará com a silhueta reduzida, com o escudo bem próximo ao solo. Em casos de disparo contra a guarnição, ou para conceder mais segurança em uma abordagem, o 1º policial interromperá o deslocamento e ficará na posição de joelhos (escudo no chão) (Figura 5). Figura 5 - Uso de Escudo Balístico (Segurança Máxima) 28 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Em ambos os casos, o armamento será conduzido lateralmente ao escudo, de modo que a armação encoste no equipamento e apenas o cano fique exposto. Havendo necessidade extrema de disparo, o policial levará o armamento para frente do visor do escudo, para melhor controle da visada, fazendo a empunhadura lateral (figuras 6 e 7). Todavia, o mais recomendado é que outro policial com melhor posicionamento tático realize os disparos para neutralizar o agressor. Figura 6 – Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima com arma na lateral) Figura 7 – Uso de Escudo Balístico (Segurança Mínima com arma à frente do visor) 29 2Caderno Doutrinário 2.2 Disciplina de luz e som A disciplina de luz e som é o conjunto de recomendações que pode ser empregado para reduzir ou eliminar a emissão de ruídos e de luminosidade que possam denunciar o posicionamento do policial. Para manutenção da disciplina de luz, os policiais deverão ocultar o visor do celular, caso seja necessário seu uso como instrumento de comunicação. Além disso, jamais acender cigarro, nem evitar expor objetos cromados com capacidade de reflexão de luz direta. Os policiais deverão fazer o uso da lanterna de acordo com as técnicas de emprego deste equipamento, conforme seção 2.4. Simples medidas podem preservar a vantagem tática durante a abordagem. Para manutenção da disciplina de som: • realizar a auto-inspeção (bater nos bolsos, efetuar pequenos saltos) antes de iniciar o deslocamento, retirando materiais que façam barulho; • manter no modo silencioso ou desligado os telefones celulares, alarmes de relógio e similares; • certificar-se de que os metais do cinturão ou de qualquer objeto conduzido estejam realmente presos, como as algemas, apitos, tonfa, outros; • ajustar o volume do rádio HT ou, quando possível, usar fones de ouvido para comunicação. Iniciada a progressão, deve-se observar a presença de objetos espalhados pelo solo (copos plásticos, garrafas, folhas secas, outros) que possam provocar ruídos. 2.3 Comunicação por gestos A comunicação por gestos é uma técnica utilizada nos deslocamentos. Trata-se de comunicação não verbal, executada por intermédio de sinais convencionados, que objetivamintermediar mensagens entre os policiais de forma silenciosa. Propicia a aproximação cautelosa e discreta. Os gestos mais utilizados nas intervenções são os demonstrados na figura 8. 30 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Figura 8 – Comunicação por gestos Além dos gestos apresentados, a equipe poderá convencionar outros, de acordo com a necessidade. Para maior efetividade da comunicação, antes da entrada em operação, as equipes deverão checar a compreensão dos gestos a serem utilizados. 2.4 Técnicas de uso de lanterna O olho humano não tem capacidade para se adaptar de forma rápida e efetiva às variações da luminosidade dos ambientes. Ao passar de um ambiente iluminado para um de baixa luminosidade, ou vice- versa, é preciso que o policial aguarde alguns segundos, para que sua visão se adapte às novas condições do ambiente, antes de iniciar o deslocamento. No cotidiano operacional, o policial se depara com ambientes de baixa luminosidade, mesmo durante o dia. Nessas circunstâncias, a visão em profundidade e a percepção de detalhes ficam prejudicadas e os objetos, em geral, adquirem uma tonalidade cinza ou parda. 31 2Caderno Doutrinário A lanterna é um recurso eficaz para ambientes de baixa luminosidade. Suas principais utilidades são: • iluminação do ambiente; • identificação de pessoas ou objetos; • auxílio na realização da pontaria; • ofuscamento da visão do abordado; • sinalização. A lanterna deve ser utilizada com acionamentos intermitentes, para que a posição do policial e dos demais integrantes da equipe não seja denunciada. Além disso, o acionamento de lanterna, atrás de outro policial deve ser evitado. Se, durante o deslocamento, o policial deparar com um suspeito, poderá focalizar o feixe de luz nos olhos do abordado, com o objetivo de ofuscar-lhe a visão, procurando abrigo para realização de uma verbalização segura. O feixe de luz deverá permanecer sobre os olhos do abordado o tempo necessário para averiguar se ele está armado ou enquanto apresentar perigo. A lanterna será conduzida pela mão que não estiver empunhando a arma de fogo e sempre acompanhará a direção do cano. Desta forma, o foco de visão do policial, o cano da sua arma e o feixe de luz deverão estar voltados para a mesma direção. As posições de empunhadura da lanterna são as seguintes: a) posição 1: o policial apoiará a lanterna lateralmente na armação da arma, segurando-a com o dedo polegar e o indicador. É apropriada para lanternas com botão de acionamento lateral (Figura 9). 32 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Figura 9 – Técnica de Uso da Lanterna “Posição 1” b) posição 2: o policial coloca a mão que está com a lanterna abaixo da mão que segura a arma. As costas das mãos se apóiam para dar estabilidade ao conjunto, conforme ilustra a (Figura 10). É importante frisar que, nesta posição, o armamento está em empunhadura simples com apoio, o que poderia dificultar uma boa sustentação e estabilidade após o recuo da arma entre um disparo e outro. 33 2Caderno Doutrinário Figura 10 – Técnica de Uso Utilização da lanterna “Posição 2”. 2.5 Técnicas de varredura A varredura consiste na verificação visual feita pelo policial, de um determinado espaço físico localizado em uma área de risco. Para realizá-la, os policiais poderão utilizar três técnicas básicas denominadas: tomada de ângulo, olhada rápida e uso do espelho. a) Tomada de ângulo Conhecida também como fatiamento permite checar o ambiente por segmentos. Seu objetivo é propiciar a visualização total ou parcial de uma pessoa ou de um objeto (pés, mãos, roupas, armamento, dentre outros), antes que o policial seja visto pelo abordado. A varredura será feita de maneira lenta e gradual, frente a locais com ângulos desconhecidos (esquina de becos, portas, corredores, escadas, dentre outros). O policial se moverá lateralmente, sem a exposição do corpo e sem cruzar as pernas, tendo como referência o obstáculo (parede, muro, por exemplo), que lhe servirá de abrigo. A tomada de ângulo será feita até que se tenha o controle visual total do ambiente ou visualize partes do corpo do abordado, momento em que recorrerá à verbalização e às técnicas de abordagem. 34 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Com a arma na posição 3 – guarda alta, o policial manterá os cotovelos recolhidos, para evitar a visualização de sua sombra e de peças do fardamento (Figura 11 e 12). Figura 11 – Tomada de ângulo ou “fatiamento” (visão do policial) Figura 12 – Tomada de ângulo ou “fatiamento” - (visão do abordado) A verbalização deverá iniciar-se tão logo o policial localize um suspeito, procurando manter o controle visual. b) Olhada rápida Esta técnica tem por objetivo propiciar a visualização instantânea de um suspeito, sem ser visto por ele. 35 2Caderno Doutrinário Para realizá-la, o policial deve expor a cabeça lateralmente, observar a área de risco, e retornar à posição abrigada, o mais rápido possível. Se a repetição do movimento for necessária, o policial deverá alternar o ponto de observação, como se vê na figura 13 e 14. Figura 13 – Olhada rápida (visão do policial) 36 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Figura 14 - Olhada rápida (visão do abordado) Durante sua execução, a arma deverá estar no coldre ou em uma das mãos, devendo o policial atentar para o controle da direção do cano. Antes de empregar a técnica, o policial deverá ter próximo à sua retaguarda, em cobertura, outro policial, que deverá estar em pé, com a arma na posição 2 – guarda baixa, sem apontá-la em direção ao executor e expô-lo ao perigo. Ao avistar a área de risco e identificar o(s) suspeito(s) com a olhada rápida, o policial executor sinalizará para os outros policiais o número e localização dos suspeitos, bem como se estão armados. Caso tenham supremacia de força3, deverão usar, após a olhada rápida, a técnica de tomada de ângulo, com o objetivo de se posicionarem seguramente para emprego da verbalização e abordagem. c) Uso do espelho O uso do espelho é uma técnica que contribui para aumentar a segurança do policial. A varredura será realizada com o espelho de baixo para cima ou vice-versa, cautelosamente e devagar, observando todos os ângulos. É conveniente que o espelho a ser utilizado seja convexo e sustentado por uma haste, para facilitar o manuseio e permitir uma maior amplitude visual. Ao conhecer a posição do suspeito, o policial deverá recorrer à tomada de ângulo a fim de manter o controle 3 Ver seção 3 deste Caderno. 37 2Caderno Doutrinário sobre os pontos de foco e pontos quentes4 e empregar a verbalização. Figura 15 – Uso do espelho Embora apresentadas isoladamente, o policial deve dominar as três técnicas descritas, para que as utilize segundo a conveniência e a necessidade. Simultaneamente, poderá realizar o fatiamento, com olhadas rápidas ou com o recurso do espelho, aumentando ainda mais o seu campo visual. 2.6 Posições/posturas adotadas pelo policial na abordagem a pessoas Posições/posturas de abordagem, também conhecidas como “posturas táticas”, são técnicas que definem o posicionamento do corpo e da arma do policial, que o possibilitam aproximar-se e verbalizar com o abordado de maneira segura, potencializando sua capacidade de autodefesa e viabilizando o uso diferenciado de força. As posturas referem-se ao posicionamento corporal do policial com as mãos livres, enquanto posições referem-se a empunhadura de armas ou equipamentos. A posição/postura do policial durante uma abordagem influencia diretamente no processo mental de agressão5 do abordado retardando a etapa de decisão. Uma atitude relapsa transmite despreparo profissional e expõe a segurança do policial, enquanto outra, demasiadamente rígida ou desrespeitosa, poderia causar indignação. A posição/postura do policial durante a abordagem deve estar diretamente vinculada ao risco com o qual ele pode se deparar. Por isso, em toda abordagem, este deve empregar a metodologia de avaliação de risco6para 4 Ver Seção 4 do Caderno Doutrinário 1. 5 Ver Seção 4 do Caderno Doutrinário 1. 6 Ver Seção 3 do Caderno Doutrinário 1. 38 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA decidir a melhor técnica a ser utilizada. Antes de estabelecer as posições/posturas, é necessário definir os ângulos de aproximação entre o policial e o abordado. A aplicação do conhecimento sobre estes ângulos proporcionará maior segurança na abordagem. 2.6.1 Ângulos de aproximação Nas abordagens7e buscas pessoais8, os policiais deverão atentar pela segurança. Para tanto, foram estabelecidos ângulos de aproximação ao abordado, conforme figura 16. Figura 16 – Ângulos de aproximação O policial procurará não se aproximar do espaço compreendido entre os braços do abordado, porque poderá ser atingido com maior facilidade em caso de uma possível agressão física. Os demais ângulos descritos na (Figura 16) acima permitem uma aproximação segura, sendo que o ângulo 3 oferece maior segurança e o ângulo 1, menor. Uma aproximação, observando-se os ângulos de segurança, aumenta o tempo do processo mental da agressão do abordado. Assim, ele terá que se virar para atingir o policial que, por sua vez, terá melhor condição de se esquivar. 7 Ver Seção 3 deste Caderno. 8 Ver Seção 4 deste Caderno 39 2Caderno Doutrinário 2.6.2 Posturas de abordagem com as mãos livres São técnicas em que o policial faz a intervenção sem recorrer a quaisquer armamentos, instrumentos ou equipamentos. São estabelecidas para cada nível de risco9, orientando a distância e a angulação de aproximação, bem como a posição de mãos e braços do policial. Estando preliminarmente com as mãos livres e visíveis, o policial transmitirá ao abordado a mensagem10 de que deseja dialogar ou resolver pacificamente o conflito. Para todas as posturas a mãos livres, o policial deverá adotar a posição de “base”, utilizada nas artes marciais, variando-se apenas a posição das mãos e braços. Esta posição permite ao policial equilíbrio e melhores possibilidades de defesa e contra-ataque. Também permite maior proteção da arma de fogo do policial, haja vista que os braços e pernas mais fortes e, consequentemente, o coldre (geralmente colocado do lado da mão mais forte) ficam ligeiramente projetados para a retaguarda. Logo, mais distantes do raio de ação do abordado. Aposição de base está representada na figura 17,18,19. a) Postura Aberta Deverá ser empregada nas intervenções em que o abordado não estiver aparentemente portando armas e apresentar comportamento cooperativo. Nesta postura, o policial se aproximará do abordado, preferencialmente, pela angulação 1, conforme figura 16, e permanecerá a uma distância de aproximadamente 3 metros, o que permitirá ao policial agir em autodefesa e monitorar os pontos quentes (cabeça, mãos e pernas). Na postura aberta, os braços do policial permanecerão naturalmente abaixados, com as palmas das mãos voltadas para frente, manifestando gestualmente uma mensagem de receptividade, conforme ilustra a figura 17. 9 Ver Seção 3 do Caderno Doutrinário 1. 10 Ver Seção 6 do Caderno Doutrinário 1 40 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Figura 17 – Postura Aberta - mãos livres b) Postura de Prontidão Deverá ser utilizada nas intervenções em que o abordado não estiver aparentemente portando armas e apresentar comportamento de resistência passiva. Esta postura com um dos braços elevados e mãos abertas (conforme figura 18) permite ao policial o emprego mais eficiente das técnicas de controle de contato, além de transmitir uma mensagem gestual de contenção do conflito, não agressividade e intenção de resolução pacífica. Figura 18 – Postura de Prontidão 41 2Caderno Doutrinário Sempre que o abordado tentar reduzir a distância de segurança, o policial deverá ordenar que ele pare imediatamente e, concomitantemente, dele se afastará. Esse procedimento retardará o tempo decorrente do processo mental da agressão. c) Postura Defensiva Deverá manter a cabeça ereta na posição natural, com as mãos abertas próximas ao rosto, e os cotovelos projetados na linha das costelas, a fim de protegê-las, permanecendo assim em melhores condições de emprego das técnicas de controle físico e com maiores chances de defesa contra golpes. As mãos permanecerão abertas por assim representarem um gesto universal de defesa, as pernas deverão estar formando uma base equilibrada, os joelhos semifexionados e o corpo projetado à frente (figura 19). Jamais deverá ser usado com punho cerrado, pois este gesto denota agressão. Figura 19 - Postura Defensiva A postura defensiva com as mãos livres deverá ser utilizada nos seguintes casos: a) abordado aparentemente desarmado que apresenta resistência passiva continuada: após esgotada a tentativa de convencimento do abordado ao acatamento das ordens, o policial deverá mudar a postura de 42 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA prontidão para postura defensiva, e realizar a aproximação para emprego inicial de técnicas de controle de contato para prisão do abordado. b) abordado aparentemente desarmado que apresenta resistência ativa: neste caso, o abordado não obedece às ordens do policial e tenta atingir o policial com socos e chutes. O policial deverá adotar a postura defensiva para realizar o controle físico através do emprego e técnicas de defesa pessoal policial. Se o policial entender que não será possível dominar um abordado com o emprego de técnicas de defesa pessoal policial com as mãos livres (controle de contato e controle físico), desde que não exista risco iminente de morte, deverá acionar reforço e avaliar a oportunidade e conveniência para empregar instrumentos de menor potencial ofensivo (controle com IMPO) ou até mesmo uso dissuasivo de arma de fogo11 . A adoção de uma postura correta, somada a uma verbalização adequada, poderão levar o abordado a cooperar com a abordagem policial, prevenindo uma provável resistência, ainda na fase embrionária. 2.6.3 Posições de emprego de arma de fogo São técnicas que objetivam garantir a segurança do policial e causar impacto psicológico no abordado, proporcional ao nível de risco oferecido, de forma dissuasiva. Existem quatro posições básicas para se utilizar o armamento de porte durante as intervenções policiais. a) Posição 1 -arma localizada O policial levará a mão até o punho da arma, e a manterá no coldre, conforme figura 20. Tal posição tem o objetivo de reduzir o tempo de reação do policial e passar ao abordado a possível intenção de usar a arma. 11 Conforme disposto no item 7.2.3 do Caderno Doutrinário 01 e orientação do item 6 da Portaria Interministerial 4.226/10. ATENÇÃO! Os procedimentos para o emprego de instrumentos de menor potencial ofensivo serão tratados em manual específico. 43 2Caderno Doutrinário Figura 20 – Posição 1: Arma localizada b) Posição 2 – guarda baixa O policial manterá os braços ligeiramente flexionados, à frente e próximos ao corpo; estará com a arma empunhada (fora do coldre), posicionada na altura do abdômen com o cano voltado para baixo e, como medida de segurança, manterá o dedo indicador fora do gatilho, na mesma direção do cano, conforme figura 21. Figura 21 – Posição 2: Guarda baixa Esta posição é indicada para deslocamentos longos, pois minimiza o cansaço físico causado pelo peso da arma, proporciona ao policial condição para se defender de uma possível agressão, sem aumentar muito o tempo de reação. Ao se deslocar em grupo, o policial deverá manter o controle do cano da arma e, em hipótese alguma, a apontará na direção dos integrantes do grupamento. 44 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Uma variável que pode ser utilizada com o intento de não expor ostensivamente a arma, chama-se “guarda baixa velada”. Nesta posição, o cano fica voltado para baixo, próximo à parte superior do abdômen, com a mão que auxilia a empunhadura posicionada em cima da arma. Figura 22 – Posição 2: Guarda baixa velada c) Posição 3 – guarda alta O policialmanterá os braços à frente do corpo, ligeiramente flexionados. A arma estará empunhada abaixo da linha dos ombros (altura do tórax), e o cano ficará voltado pra frente e para baixo, num ângulo de aproximadamente 45º em relação ao solo, como mostra a figura 23. Esta posição é indicada para deslocamentos curtos. O policial se mantém em condições de responder rapidamente a uma possível agressão. Figura 23 – Posição 3: Guarda alta 45 2Caderno Doutrinário d) Posição 4 – pronta-resposta A arma será apontada diretamente para o abordado, conforme figura 24. Figura 24 – Posição 4: Pronta-resposta Será empregada nas situações em que exista potencialidade real e imediata de agressão letal, ou nas situações que ofereçam risco de morte ou ferimentos graves ao policial ou a terceiros12. Ao visualizar um agressor armado, o policial apontará rapidamente a arma para a sua massa central (tronco) e manterá, ao mesmo tempo, o controle dos pontos quentes. O policial somente deverá acionar a tecla do gatilho após identificar, certificar e decidir para agir, ou seja, disparar a arma de fogo13. LEMBRE-SE: Recomenda-se evitar iniciar as abordagens na posição de pronta-resposta, pois isso limita a alternância dos níveis de força, e ainda acarreta o risco de disparo acidental14. O policial, ao verbalizar com um abordado cooperativo aparentemente cooperativo, por exemplo, estando ainda com a arma no coldre, disporá de outros níveis de força, sem que recorra, necessariamente, ao disparo15. Ver quadros 3, 4 e 5 deste Caderno, na Seção 3. 12 Conforme previsto no item 7 da Portaria Ministerial 4.226/10 13 Conforme previsto no princípio 9 dos Princípios Básicos sobre a utilização da Força e de armas de fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei item 3 da Portaria Mi- nisterial 4.226/10. 14 Conforme disposto no item 7 da Portaria Interministerial 4.226/10. 15 Conforme previsto no art. 3º do Código de Conduta para os Encarregados pela Aplicação da Lei (CCEAL). 46 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA 2.7 Técnica de Aproximação Triangular (TAT) Nesta técnica, dois policiais e o abordado dispostos de maneira que formem um triângulo. É considerada a forma mais segura e eficiente de aproximação policial. A distância recomendada entre os policiais será de aproximadamente 4 metros, o que dificulta o controle visual simultâneo de ação dos dois policiais por parte do abordado. A distância dos policiais em relação ao suspeito será de aproximadamente 3 metros, para proporcionar segurança à guarnição em caso de repentina agressão (Figura 25). A postura ou posição de emprego de arma a ser utilizada pelos policiais na realização da TAT deverá ser definida pelo policial de acordo com o nível de risco e a evolução dos fatos durante a intervenção16. A TAT poderá ser empregada em esquemas táticos variados, em função da quantidade e comportamento dos abordados e do número de policiais. A área de contenção corresponderá ao espaço de abrangência da ocorrência, em que os policiais manterão monitoramento mais constante, com objetivo de conter os abordados e isolar o local de interferência de terceiros. O setor de busca corresponde ao local onde se realizará a busca pessoal e será definido pelos policiais após análise da área e da avaliação de risco. Se possível, possuirá características que privilegiem a segurança tanto dos policiais quanto dos abordados. Tais características são o relevo adequado e se situar fora da área de tráfego de veículos e de locais onde os policiais não tenham pleno controle no que se refere à segurança. O setor de custódia corresponderá a um local dentro da área de contenção, com as mesmas características do setor de busca, definido pela guarnição, onde os demais suspeitos aguardam a busca pessoal e outros procedimentos necessários (consulta de dados, checagem de objetos, outros). Recomenda-se que estes locais não possuam pontos de escape, que permitam uma possível evasão dos abordados. 16 Conforme posturas e posições de emprego de arma sugeridas na seção 3 deste Caderno 47 2Caderno Doutrinário Figura 25 – Técnica de Aproximação Triangular e Área de Contenção Numa abordagem a pessoas, os policiais exercerão as seguintes funções: • PM Verbalizador: aquele que verbaliza com o abordado; • PM Segurança: responsável pela segurança da equipe; • PM Revistador: encarregado de revistar o abordado e seus pertences (busca). Um único policial poderá exercer mais de uma função. É importante lembrar que estas funções deverão ser previamente definidas pelo comandante da abordagem, a fim de garantir a disciplina tática entre os integrantes. Para a realização da abordagem de um ou dois suspeitos, a equipe de policiais adotará as seguintes providências: • O PM Verbalizador determinará ao abordado todos os procedimentos para a adoção de uma das posições de contenção (definidas no item 4.2.2) que o policial julgar mais adequada. Para tal, o PM Verbalizador deverá dar ordens claras e precisas para o abordado até que este adote a posição determinada. • Havendo mais de um suspeito, a equipe fará a busca pessoal em um de cada vez. • A equipe cuidará para que não se perca a triangulação necessária; 48 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Para a realização da abordagem a três ou mais suspeitos, a equipe de policiais adotará as seguintes providências: • Dentre os suspeitos abordados posicionados no setor de custódia, o PM Verbalizador determinará a um deles que se poste em local distinto dos demais (setor de busca), tomando a posição de contenção mais adequada, conforme sua avaliação, para que seja procedida a busca pessoal. • A pessoa a ser abordada ficará afastada a uma distância aproximada de 3 metros do grupo, na lateral, caso a posição definida seja a busca na posição em pé. Entretanto, ficará a dois metros à retaguarda do grupo, caso a posição de busca seja na posição de joelhos. • O detalhamento das ações de Abordagem a Pessoa e Busca Pessoal será feito nas seções 3 e 4, respectivamente. • O abordado terá seus dados anotados para que seja averiguado seu prontuário criminal e/ou para pesquisas de qualidade do serviço operacional pós-atendimento. Após, o policial informará ao suspeito o motivo do procedimento e agradecerá a colaboração. • Caso o cidadão, após terminado o procedimento policial, deseje esperar por outro abordado, o PM Verbalizador determinará que ele aguarde fora da área de contenção. Entretanto, atenção ainda deverá ser dada a ele, através do monitoramento pelo PM Segurança. As funções policiais poderão variar no decorrer da abordagem, de acordo com o local, número de abordados, grau de risco, e de informações obtidas sobre os suspeitos. Observe nos esquemas sugeridos a seguir, que o policial responsável pela segurança da abordagem também se encarregará da segurança periférica. 49 2Caderno Doutrinário a) dois policiais e um abordado Figura 26 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais e 1 abordado b) dois policiais e dois ou três abordados O esquema tático sugerido aplica-se à abordagem a duas ou três pessoas. No caso de três, o esquema dependerá da avaliação de riscos feita pelos policiais. Figura 27 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais e 2 abordados 50 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Figura 28 – Esquema tático de aproximação com 2 policiais e 3 abordados c) três policiais e um abordado Figura 29 – Esquema tático de aproximação com 3 policiais e 1 abordado 51 2Caderno Doutrinário d) três policiais e vários abordados Figura 30 – Esquema tático de aproximação com 3 policiais e 4 abordados e) quatro policiais e quatro abordados Figura 31 – Esquema tático de aproximação com 4 policiais e 4 abordados 52 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Em seguida, na seção 3, serão discutidas técnicas e táticas de abordagem a pessoas, e será traçado um modelo policial de referência para as ações nos diversos níveisde intervenção. ATENÇÃO: Em abordagens com buscas pessoais a grandes grupos, mesmo não havendo um número superior de policiais em relação aos abordados, desde que se mantenha a segurança requerida para os policiais, poderá ser designado mais de um policial para realizar a busca pessoal de forma concomitante, conforme Seção 5. ABORDAGEM A PESSOAS SEÇÃO 3 55 2Caderno Doutrinário 3 ABORDAGEM APESSOAS A abordagem policial é o conjunto ordenado de ações policiais para aproximar-se de uma ou mais pessoas, veículos ou edificações. Tem por objetivo resolver demandas do policiamento ostensivo, como orientações, assistências, identificações, advertências de pessoas, verificações, realização de buscas e detenções. Já a abordagem a pessoas se refere apenas às ações policiais para se aproximar de um ou mais indivíduos. Este conceito possui um sentido amplo, ou seja, abrange a todos os cidadãos, não se restringindo às pessoas em situação de suspeição. Os procedimentos adotados pela guarnição variam de acordo com os fatos motivadores da abordagem e com o ambiente. Além disso, o policial deve compreender as peculiaridades daquele com quem interage e não vincular essa interação, necessariamente, a ações delituosas. Em cada abordagem realizada, o policial deverá utilizar técnicas, táticas e recursos apropriados ao público-alvo desta intervenção policial, seja a pessoa suspeita ou não. O poder de polícia17, intrínseco nas abordagens, deve ser entendido como um conjunto de ações que limitam e sancionam o direito individual e autorizam a intervenção do Estado18, executada por intermédio de seus agentes, em qualquer matéria de interesse da coletividade. A ação de abordar uma pessoa é um ato administrativo, discricionário, autoexecutório e coercitivo. Significa dizer que a abordagem policial é realizada de ofício. O ato de abordar é discricionário, e jamais poderá ser ilegal, sob pena de não atingir sua finalidade precípua, que é o bem comum19. É imprescindível também que, durante as abordagens, a pessoa receba um tratamento respeitoso. A doutrina sobre Intervenção Policial estabelece etapas que sistematizam o processo de solução de problemas, objetivando estruturar ações de resposta 17 Conforme disposto no art. 78 do Código Tributário Nacional. 18 Conforme preconizado no art. 32, item 2 da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos (CADH). 19 Conforme disposto no art. 22, item 3, da Convenção Americana Sobre Direitos Humanos (CADH). 56 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA adequadas durante a abordagem. Nesse enfoque, recomenda-se a leitura dos seguintes tópicos, constantes no Caderno Doutrinário 1: • etapas da intervenção: seção 5; • fundamentos da abordagem policial à pessoa em atitude suspeita: seção 5; • verbalização do policial face ao comportamento do abordado: seção 6; • uso diferenciado de força: seção 7. Como explorado no Caderno Doutrinário 1, a abordagem é uma intervenção policial, rotineira, que se procede por meio de técnicas, táticas e uso de equipamentos proporcionais aos níveis de riscos. 3.1 Uso diferenciado de força nas intervenções policiais Durante a atuação policial, caso haja resistências e agressões em variadas formas e graus de intensidade, o policial terá que adequar sua reação a essas circunstâncias, estabelecendo formas de controlar e direcionar o abordado, a fim de dominá-lo. Para lidar com esses diversos graus de intensidade, foram definidos os níveis do Uso de Força. Verifica-se, então, que a compreensão das atitudes do abordado, no que diz respeito à relação de causa e efeito, será determinante para a avaliação de riscos e a tomada de decisões seguras sobre o nível de força mais adequado para fazer cessar a agressão20. O Modelo de Uso de Força foi apresentado no primeiro Caderno Doutrinário21. Entretanto, para maior compreensão do assunto, o quadro abaixo condensa os níveis de força, explicando objetivamente a sequência de comportamentos: 20 Conforme disposto no art. 3º do Código de Conduta para os Encarregados pela Aplicação da Lei (CCEAL) e do item 2 da Portaria Interministerial 4.226/10. 21 Conforme disposto no item da Portaria Interministerial 4.226/10 57 2Caderno Doutrinário COMPORTAMENTO DO ABORDADO V E R B A L I Z Ç Ã O RESPOSTA POLICIAL Cooperativo: a pessoa abordada acata todas as determinações do policial durante a intervenção, sem apresentar resistência (classificação de risco nível I). Exemplo: o motorista que apresenta, prontamente, toda a documentação solicitada e atende as orientações do policial, durante operação tipo blitz. Verbalização: é o uso da comunicação oral, por meio de entonação apropriada e emprego de termos adequados, que sejam facilmente compreendidos pelo abordado. Presença Policial: utilizada em conjunto com a verbalização, geralmente inibe o cometimento de infração ou delito em determinado local. RESISTENTE TÉCNICAS DE MENOR POTENCIAL OFENSIVO Resistente passivo: a pessoa abordada não acata, de imediato, as determinações do policial, ou se opõe às ordens, reagindo com o objetivo de impedir a ação legal. Contudo, não agride o policial, nem a terceiros, nem lhes direciona ameaças (classificação de risco nível II). Exemplo: a pessoa, durante uma abordagem, corre na tentativa de empreender fuga para frustrar a ação de busca pessoal. Controles de contato: trata-se do emprego de técnicas de defesa pessoal, aplicadas ao abordado resistente passivo (que não agride o policial, nem terceiros), para fazer com que obedeça à ordem dada. Resistente ativo (com agressão não letal): o abordado opõe-se à ordem, agredindo os policiais ou as pessoas envolvidas na intervenção, contudo, tais agressões, aparentemente, não representam risco de morte (classificação de risco nível III). Exemplo: a pessoa, durante a abordagem, tenta agredir com socos os policiais. Controle físico: é o emprego das técnicas de defesa pessoal policial, com um maior nível de força, para fazer com que o abordado resistente ativo (que não agride o policial, mas a um terceiro), seja controlado, sem o emprego de equipamentos. Controle com Instrumentos de Menor Potencial Ofensivo (IMPO): O policial recorrerá aos instrumentos disponíveis (bastão tonfa, agentes químicos, algemas, elastômeros, armas de impulso elétrico, entre outros), com o fim de anular ou controlar o nível de resistência. Uso dissuasivo de armas de fogo: trata-se de opções de posicionamento que o policial poderá adotar, com sua arma, para criar um efeito intimidativo no abordado sem, contudo, dispará-la. Ao mesmo tempo, o policial permanecerá em condições de responder rapidamente. RESISTENTE ATIVO (COM AGRESSÃO LETAL) FORÇA POTENCIALMENTE LETAL O abordado utiliza de agressão que põe em perigo de morte o policial ou as pessoas envolvidas na intervenção. Exemplo: o agressor, empunhando uma faca, desloca- se em direção ao policial e tenta atacá-lo (classificação de risco nível III). Golpes de defesa pessoal policial em regiões vitais: consiste também na aplicação de golpes de defesa, desferidos pelo policial, com ou sem o uso de equipamentos, contra as regiões vitais do corpo do agressor. Serão empregados apenas em situações extremas que envolvam risco iminente de morte ou lesões graves, com o objetivo imediato de fazer cessar a ameaça. Disparo de arma de fogo: consiste no disparo de arma de fogo pelo policial contra um agressor, e que deve ocorrer somente em situações extremas, que envolvam risco iminente de morte ou lesões graves à pessoa atingida. Seu objetivo imediato é fazer cessar a ameaça. FONTE: Adaptado do Modelo do Uso da Força – Caderno Doutrinário 1. QUADRO 1 - Explanação sobre modelo de uso de força 58 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA 3.2 Níveis de Intervenção A abordagem policial à pessoa também é classificada em três níveis (1, 2 e 3) tendo como referência os níveis de intervenção policial, conforme definidos pelo Caderno Doutrinário 1. O quadro 2 mostra a relaçãoentre os níveis de risco e de intervenção, e de força, bem como os estados de prontidão decorrentes. QUADRO 2 – Correlação entre os níveis de risco, de abordagem, estados de prontidão e níveis de força recomendados. FONTE: Adaptado do Caderno Doutrinário 1. OBSERVAÇÃO: Este quadro se trata de uma referência para as ações policiais, podendo o comportamento e a atitude do abordado variarem nos diversos níveis de intervenção. NÍVEIS DE RISCO COMPORTAMENTO DO ABORDADO NÍVEIS DE INTERVEN- ÇÃO ESTADO DE PRONTIDÃO NÍVEL DE FORÇA Risco nível I: caracterizado pela reduzida possibi- lidade de ocorre- rem ameaças que comprometam a segurança. Este nível de risco está presente em situa- ções rotineiras do patrulhamento e nas intervenções de caráter educativo e assistencial. Cooperativo Intervenção nível 1: adotada nas situações de assistência e orientação. A finalidade das ações policiais, neste nível, é de orientar, e dificilmente implicam em realizar buscas em pessoas ou bens. É o tipo de intervenção na qual o caráter preventivo predomina. Atenção (Amarelo) • Presença policial • Verbalização Risco nível II: caracterizado pela real possibilidade de ocorrerem ameaças que comprometam a segurança. São situações nas quais o risco é conhecido, mas que a interven- ção policial ainda é de caráter preventivo. Resistente passivo Intervenção nível 2: adotada nas situações que haja a necessidade de verificação preventiva. A avaliação de riscos indica que existe algum indício de ameaça à segurança (do policial ou de tercei- ros), mas ainda não há a necessidade imediata de uma resposta. Alerta (Laranja) Controle de contato Risco nível III: caracterizado pela concretização do dano ou pelo grau de extensão da ameaça. São situ- ações nas quais a intervenção policial é de caráter repres- sivo. Resistente ativo (agressão não letal) Intervenção nível 3: adotada nas situações de fundada suspeita ou certeza do cometimento de delito, caracterizando ações repressivas. Neste caso, a avaliação de ris- cos indica a iminência de algum tipo de agressão. Os policiais deverão estar prontos para o emprego de força Alarme (Vermelho) Controle físico Controle com IMPO Uso dissuasivo de arma de fogo Resistente ativo (agressão não letal) Golpes de defesa em regiões vitais Disparo de arma de fogo 59 2Caderno Doutrinário Os quadros 3, 4 e 5, a seguir, sugerem táticas a serem empregadas na abordagem a pessoas, em três variáveis principais: • abordado aparentemente desarmado; • abordado visivelmente portando arma branca; • abordado visivelmente portando arma de fogo. As variáveis principais, por conseguinte, estão divididas em tópicos estabelecidos de acordo com a animosidade do abordado: • abordado cooperativo; • abordado resistente passivo; • abordado resistente ativo. QUADRO 3 – Tática de Abordagem a Pessoas - “abordado aparentemente desarmado” Comportamento do Abordado Verbalizador Revistador/Segurança Cooperativo Iniciar a abordagem adotando a postura aberta (mãos livres); Uso da técnica de verbalização. Iniciar a abordagem na posição de arma localizada; Adotar a postura de prontidão (mãos livres) quando for se aproximar para realizar a busca pessoal. Resistente Passivo Iniciar na postura de prontidão; Manter constante verbalização, buscando convencer o abordado a acatar as ordens; Caso o abordado não ceda à verbalização, o policial deverá atrair sua atenção para que o PM Segurança consiga se aproximar para dominá-lo. Iniciar a abordagem na posição de arma localizada; Caso o abordado não ceda à verbalização, o policial deverá retirar a mão do punho da arma e adotar a postura defensiva quando for se aproximar do abordado para aplicar a técnica de controle de contato específica. Resistente Ativo Iniciar a abordagem na postura defensiva; Manter constante verbalização; Caso o abordado não ceda, deverá aplicar técnica de controle físico, podendo ainda fazer uso de IMPO. Iniciar a abordagem na posição de arma localizada; Será o responsável por imobilizar e conduzir o abordado caso não acate às ordens do PM Verbalizador. 60 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA QUADRO 4 – Tática de Abordagem a Pessoas - “abordado visivelmente portando arma branca” Comportamento do Abordado Verbalizador Revistador/Segurança Cooperativo Manter distância de segurança; Iniciar na posição de arma localizada ou guarda baixa; Manter constante verbalização, determinando ao autor que coloque a arma branca no chão e acate as ordens de busca. Será responsável pela segurança do PM Verbalizador; Resistente Passivo Manter distância de segurança; Emprego da arma na posição de guarda baixa; Manter constante verbalização, tentando convencer o autor a colocar a arma branca no chão e acatar às ordens de busca. Caso, após tentativa de verbalização, o abordado não ceda às ordens de largar a arma branca, deverá ser empregado IMPO para imobilização e prisão do autor. A escolha do tipo de IMPO que será empregado ficará a cargo dos policiais, de acordo com os instrumentos disponíveis, com as informações do fato e com a análise de risco. Será responsável pela segurança do PM Verbalizador; Fará a aproximação para a imobilização e prisão do autor somente após ter sido cessado seu poder de resistência face aos efeitos do emprego do IMPO. Resistente Ativo Manter distância de segurança; Verbalizar após estar abrigado (proteção física); Iniciar a abordagem na posição de guarda baixa (arma de fogo); Caso, após tentativa de verbalização, o abordado continue tentando usar a arma branca contra os policiais ou contra terceiros, deverá ser empregado IMPO para imobilização e prisão do autor; A escolha do tipo de IMPO que será empregado ficará a cargo dos policiais, de acordo com os meios disponíveis, o fato e a análise de risco; Iniciar a abordagem na posição de guarda baixa ou de guarda alta; Será responsável pela segurança do PM Verbalizador; Fará a aproximação para a imobilização e prisão do autor somente após ter sido cessado sua força de resistência face aos efeitos do emprego do IMPO; Caso a tentativa de agressão do autor acarrete em risco real e imediato à vida dos policiais e de terceiros, e o uso dos IMPO se mostrarem ineficazes para o caso concreto, poderá ser efetuado disparo com a arma de fogo. 61 2Caderno Doutrinário Comportamento do Abordado Verbalizador Revistador/Segurança Cooperativo (Ex.: policial aborda cidadão que se identifica como policial, pessoa com arma na cintura e aparentemente disposição a acatar as ordens policiais) Deverá estar coberto e abrigado; Iniciar a abordagem na posição de guarda baixa ou guarda alta; Manter constante verbalização, devendo determinar ao autor que largue a arma de fogo e aca- te às ordens de busca. Será o responsável pela segurança do PM Verbalizador durante o processo de verbalização; Iniciar a abordagem na posição de guarda alta (arma de fogo). Resistente Passivo (Ex.: Arma de fogo na cintura ou na mão com o cano voltado para baixo, porém, não acatando as determinações do PM Verbalizador) Deverá estar coberto e abrigado; Iniciar abordagem na posição de guarda alta; Manter constante verbalização, tentando convencer o autor a largar a arma de fogo no chão e acatar as ordens. Caso, após tentativa de verbalização não acate as ordens, deverá ser empregado IMPO para imobilização e prisão do autor. A escolha do tipo de IMPO que será empregado ficará a cargo dos policiais de acordo com os meios disponíveis, com o fato e com a análise de risco. Iniciar abordagem na posição de guarda alta ou pronta-resposta; Será responsável pela segurança do PM Verbalizador; Fará a aproximação para a imobilização e prisão do autor somente após certificar-se de que o autor largou a arma de fogo e não oferece poder de reação face aos efeitos do emprego do IMPO; Resistente Ativo autor apontando arma em dire-ção aos policiais ou a terceiros; porém sem atirar. Poderá efetuar disparo com a arma de fogo caso a ação do autor configure risco real e imediato à vida dos policiais e de terceiros. Deverá estar coberto e abrigado; Iniciar abordagem na posição de pronta resposta; O policial deverá fazer uma análise do risco e verificar se o autor tem intenção de atirar e se o disparo tem probabilidade de atingir aos policiais e a terceiros: a) caso o policial avalie que o autor não tem intenção de atirar E se caso vier a atirar o disparo não tem condições de atingir os policiais e terceiros, face à coberta e abrigo, deverá optar pelo emprego de IMPO capazes de retirar, momentaneamente a capacidade de reação do autor. Sugerimos o uso do “stinger” e da “munição de impacto controlado” para o caso em análise; Será responsável pela segurança do PM Verbalizador; Fará a aproximação para a imobilização e prisão do autor somente após ter sido cessado sua força de resistência face aos efeitos do emprego do IMPO; Fará uso da arma de fogo caso a ação do autor acarrete em risco real e imediato à vida. QUADRO 5 – Tática de Abordagem a Pessoas - “abordado visivelmente portando arma de fogo 62 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Resistente Ativo autor atirando contra os policiais. b) caso o policial avalie que o autor vai atirar (ex.: pelo grau de animosidade, pelos antecedentes, dentre outros) e que o disparo tem condições de atingir os policiais e/ou terceiros, deverá usar a arma de fogo contra o autor. Deverá estar coberto e abrigado; Iniciar abordagem na posição de pronta resposta; Caso o policial avalie que os disparos estão colocando em perigo a vida dos policiais e de terceiros, deverá ser efetuado disparo de arma de fogo contra o autor dos disparos. 3.3 Técnicas e táticas de abordagem a pessoas Ao iniciar uma abordagem, a guarnição policial deverá realizá-la com segurança. Se for realizada especificamente a uma pessoa em atitude suspeita, é necessário que haja supremacia de força. Neste caso, a técnica policial será fundamental para seu sucesso. Quando a guarnição entender que necessitará de outros recursos (humanos ou logísticos), solicitará apoio policial, mantendo o contato visual e, se possível, o controle do suspeito. A supremacia de força é uma vantagem tática do policial em relação ao abordado para uma atuação segura. Esta vantagem é medida de forma qualitativa e quantitativa, podendo estar relacionada não só ao número de policiais, mas também ao uso de força e à posse de instrumentos, equipamentos e armamentos por parte da guarnição. Uma atuação policial com supremacia de força é aquela em que os policiais envolvidos dispõem de níveis de força adequados para reagirem às ameaças que poderão advir dos abordados. No desenvolvimento da abordagem, o policial manterá a atenção às possíveis mudanças que venham a ocorrer no cenário e que podem, por exemplo, obrigá-lo a aumentar ou diminuir o nível de força. O comportamento do abordado (cooperativo, resistente passivo e ativo) será determinante para a mudança de postura tática. OBSERVAÇÃO: a posição de emprego da arma de fogo pode ser alterada, de acordo com a percepção do policial sobre o uso diferenciado de força, podendo variar de acordo com o comportamento do suspeito. O policial que aponta a arma para o abordado não precisa se manter nesta mesma posição durante toda a abordagem, se não for necessário. 63 2Caderno Doutrinário É importante saber que, em qualquer nível de intervenção, o policial deverá adotar os seguintes procedimentos: a) autoidentificação: demonstrar clareza, falando nome e posto ou graduação. Atitude que reforça os valores institucionais da ética, transparência, representatividade institucional e disciplina. O policial deve saber que sua identidade deve ser pública diante da função revestida pelo Estado; b) tratamento respeitoso para com as pessoas: tratar os abordados com respeito, cordialidade, urbanidade, solicitude e dignidade. c) esclarecimentos sobre o motivo de uma abordagem: esclarecer às partes interessadas sobre a motivação e o desdobramento da ação policial, a qual se submete o abordado. Com essa medida, fortalecerá o respeito, a cortesia e a credibilidade no trabalho da Polícia Militar. d) relacionamento adequado com a imprensa: é responsabilidade do policial preservar a pessoa quanto à veiculação de sua imagem, quando estiver sob sua custódia22. Além disso, o policial deve ter em mente os Fundamentos da abordagem policial à pessoa em atitude suspeita23 . 3.4 Modelos de abordagem De acordo com os níveis de intervenção, serão apresentados modelos que exemplificam a aplicação das técnicas e táticas policiais, de maneira integrada, para a abordagem a pessoas. 3.4.1 Intervenção nível 1 (assistência e orientação) Esta intervenção está alinhada com o conceito de Prevenção Ativa, que é definido como as ações desenvolvidas visando o provimento de serviços públicos à população, destinadas à prevenção da criminalidade. A finalidade dos procedimentos policiais, neste nível, é orientar e prestar assistência. Dificilmente implicará em busca pessoal. O caráter preventivo predomina (risco nível I). 22 Conforme artigo 5º, inciso X da CF/88 e Princípio 1 do Conjunto de Princípios para a Proteção de Todas as Pessoas Sujeitas a Qualquer forma de Detenção ou Prisão 23 Ver Caderno Doutrinário 1. 64 PRÁTICA POLICIAL BÁSICA Exemplo: policial aborda um cidadão e orienta-o a conduzir a própria bolsa de maneira a evitar furto. A aproximação dos policiais, junto ao abordado, será direta e natural, devendo, entretanto, serem adotadas posições e posturas corporais específicas. A arma permanecerá no coldre ou poderá ser utilizada na posição 1 (arma localizada), mediante a possibilidade de ameaças, o que implicará numa nova avaliação de riscos. O policial se identificará profissionalmente e transmitirá ao abordado a sua mensagem. -Bom dia, Sr (a)! Sou o ... (dizer posto / graduação e o nome) da Polícia Militar. (Espere resposta). -Sua bolsa está aberta (ou então outra situação que faça com que o abordado se torne vulnerável à ação de algum cidadão infrator). Para sua segurança, é melhor o(a) Sr(a) fechá-la e conduzi-la a frente de seu corpo (ou dê outra orientação de autoproteção para o abordado). Essa atitude evitará que seus pertences sejam furtados. Tenha um bom dia. 3.4.2 Intervenção nível 2 (verificação preventiva) A avaliação de riscos demonstra que há indício de ameaça à segurança (do policial ou de terceiros), mas ainda não há, aparentemente, a necessidade imediata de uma intervenção policial de nível mais elevado. Neste tipo de intervenção, podem ser realizadas buscas em pessoas ou em seus pertences, pois as equipes envolvidas iniciam suas ações com algum risco conhecido (fundada suspeita) e o policial deverá estar pronto para enfrentá-lo. Exemplos: um cidadão que observa o interior de uma agência bancária ou caixa eletrônico ou em atitude suspeita, em local classificado como Zona Quente de Criminalidade (ZQC). Os policiais planejarão a abordagem, indicando as características da pessoa que se encontra em situação de suspeição, (vestimenta, tipo físico, gênero) e, em seguida, rapidamente, elaborarão um plano de ação, com a Técnica de Aproximação Triangular (TAT). 65 2Caderno Doutrinário Inicialmente, o PM Verbalizador deverá: • identificar-se como policial; • realizar a inspeção visual; • determinar ao abordado que adote a posição de contenção 1 (em pé) ou 2 (de joelhos), conforme previsto no item 4.2.2 ; • explicar o motivo da abordagem; • determinar que o abordado entregue os documentos ao PM Revistador; • controlar a atenção do abordado por meio de verbalização, perguntando seu nome, sua idade, o que faz/procura no local, diminuindo, desta forma, sua capacidade de reação. - Bom dia! Esta é uma abordagem policial preventiva. - Por motivo de segurança da abordagem, siga