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SAÚDE E NUTRIÇÃO DA CRIANÇA E-book 4 Marianne Rocha Neste E-Book: INTRODUÇÃO ���������������������������������������������� 3 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL ����������������������������������������������4 Etapas para o desenvolvimento de ações de educação alimentar e nutricional ������������������������ 11 Como trabalhar EAN em diferentes disciplinas do currículo escolar? �������������������������������������������� 27 Educação alimentar e nutricional em escolas e resultados ���������������������������������������������������������� 30 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������36 SÍNTESE �������������������������������������������������������37 2 INTRODUÇÃO Estamos chegando ao fim da nossa jornada sobre saúde e nutrição da criança. Espero que você esteja aproveitando e curtindo saber mais sobre esse tema tão rico� Neste módulo, você ampliará seu conhecimento so- bre a educação alimentar e nutricional, e também descobrirá como podemos utilizá-la na prática em salas de aulas, projetos, palestras com pais, cuida- dores e todos os envolvidos no cuidado de crian- ças e adolescentes, e demais áreas de atuações do pedagogo para prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade infantil, tão presente nos dias de hoje. Aproveite também para refletir sobre ações de edu- cação alimentar e nutricional das quais já tenha par- ticipado e de que tenha gostado� Conversaremos sobre os fundamentos para desen- volvimento de ações de educação alimentar e nu- tricional e as estratégias que podemos utilizar em diversos projetos na área de educação alimentar e nutricional para crianças e jovens. Curioso? Vamos lá? 3 EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL Neste tópico, vamos revisar o que é a educação alimentar e nutricional e, além disso, falar de sua história e importância para a população, visando à prevenção de doenças crônicas não transmissíveis� Para enfrentar os problemas de saúde-doença é es- sencial a promoção de saúde� Sabemos que é im- possível falar sobre práticas e promoção de saúde sem promover práticas alimentares saudáveis, não é mesmo? Você se lembra de que anteriormente falamos do di- reito à alimentação? Ou seja, a Constituição Brasileira assegura que todo ser humano deve receber alimen- tos de vários tipos e em quantidade que atenda suas necessidades nutricionais diárias, com objetivo de manter sua saúde e qualidade de vida, sendo um de- ver do Estado respeitar, proteger, promover, informar, supervisionar e avaliar a realização desse direito, inclusive na escola� REFLITA Uma escola pública que, por falta de recursos econômicos, serve apenas o mesmo alimento nos almoços diários está respeitando o Direito 4 à Alimentação? Responderemos que não, pois o direito à alimentação saudável inclui a oferta de alimentos variados em qualidade e quantidade adequada� Figura 1: Educação nutricional na escola. Fonte: Unsplash. A promoção da informação sobre o que é e como manter uma alimentação saudável é essencial para garantir o direito à alimentação, sabia? Isso significa que o direito à informação é extremamente ligado ao direito à alimentação, pois pessoas recebendo infor- mação de qualidade conseguem fazer escolhas com maior autonomia nos mercados e feiras de alimentos� Vamos entender um pouco mais sobre essa autono- mia? Um indivíduo que tenha autonomia com relação a suas escolhas alimentares deve: 5 https://unsplash.com/photos/WhQAZy14xZU ● Ser capaz de escolher seus alimentos e produ- tos alimentícios por ele mesmo, de forma que seus hábitos alimentares sejam ou transformem-se em saudáveis; ● Ser capaz de lidar com propagandas publicitárias sobre alimentos; ● Ser capaz de orientar outras pessoas sobre esco- lhas alimentares; ● Ser capaz de reduzir o desperdício alimentar, de produzir alimentos respeitando o meio ambiente e promover a sustentabilidade ambiental; ● Ser capaz de respeitar os hábitos culturais, regio- nais e a sazonalidade, e ● Ser capaz de usar adequadamente os alimentos, especialmente óleo, açúcar e sal� Desse modo, para nos tornarmos indivíduos com essas habilidades, entramos no campo da Educação Alimentar e Nutricional, na qual é essencial fortalecer o campo da disseminação de informações corretas, valorizar a importância dos meios de comunicação, incentivando a produção de campanhas educativas, como também o marketing referente a alimentos e produtos alimentícios para que colaborem com a educação alimentar e nutricional da população� Lembrando que a educação alimentar e nutricional é um processo que visa a auxiliar a adoção de hábi- tos de vida saudáveis, com foco em mudanças no comportamento alimentar e na ampliação dos co- 6 nhecimentos da população relacionados à nutrição, com o objetivo de prevenir doenças e proporcionar bem-estar aos indivíduos e populações� Como verificamos anteriormente, diferentes políti- cas públicas incentivam e fortalecem a necessida- de de ações direcionadas à educação alimentar e nutricional, pois se sabe que elas contribuem com a formação das crianças e sua saúde por meio de orientações adequadas sobre consumo alimentar� Além disso, transmitir essas informações aumenta o conhecimento sobre a alimentação saudável e, consequentemente, desmistifica diversas crenças e tabus sobre alimentos e nutrição� A EAN é direcionada a indivíduos, grupos e comu- nidades com diferentes características e, assim, deve sempre respeitar a cultura e a fase de vida em que esses indivíduos se encontram� As ações de EAN, quando desenvolvidas com crianças nas fases iniciais da escola, são essenciais, visto que é justamente na infância que os hábitos alimentares são moldados� Para a elaboração de ações de EAN, não podemos esquecer os princípios do Marco de Referência Teórico de Educação Alimentar e Nutricional� Por isso, sempre que for desenvolver projetos de EAN, não deixe de consultar o material� É importante que tenhamos em mente também que a educação alimentar e nutricional é um processo dinâmico e contínuo, que atua enfatizando os há- bitos alimentares saudáveis, a correta substituição 7 de alimentos, a introdução de práticas de higiene na manipulação de alimentos e no uso adequado de recursos disponíveis� Nem sempre é uma tarefa simples de realizar, pois acaba sendo um grande trabalho de conscientização do educando sobre suas escolhas alimentares� (TRECCO, 2016) FIQUE ATENTO Em 2018, foi promulgada a Lei 13�666 que es- tabelece que os currículos dos ensinos funda- mental e médio deverão incluir a temática edu- cação alimentar e nutricional nas disciplinas de ciências e biologia, respectivamente� Esta Lei tem o objetivo de diminuir os índices de obesi- dade infantil e assegurar informações de quali- dade sobre alimentação saudável as crianças e adolescentes� Figura 2: Crianças na escola. Fonte: Unsplash. 8 https://unsplash.com/photos/2ZmfGVOSGvs A escola é um dos ambientes para se permitir aos alunos a formação de hábitos alimentares saudá- veis, especialmente nos primeiros anos de vida� Por isso, é essencial que a educação alimentar e nu- tricional seja pautada na realidade da escola e da sociedade, e que possa integrar a escola, a família e a comunidade� FIQUE ATENTO O cardápio dos alimentos ofertados na escola deve ser elaborado por um nutricionista, visto que ele é o profissional habilitado para planejar o que deve ser consumido pelo aluno, conforme suas necessidades nutricionais� No ambiente escolar, a educação alimentar e nutri- cional se dá de duas maneiras: 1. A oferta de alimentos/refeições saudáveis, visto que os alimentos ou preparações que o aluno apren- de a comer na escola farão com que ele cobre que sua família também consuma, tornando-o assim um agente de mudanças� Por isso, não deixe de cobrar uma alimentação colorida, com alimentos de boa qualidade no cardápio escolar� REFLITA Com base nos conhecimentos já adquiridos em nossa disciplina, quais alimentos não poderiam deixarde ser ofertados no cardápio de uma es- cola de educação básica? E quais deveriam ser evitados? 9 2. As ações de educação alimentar e nutricional, com a inserção do assunto educação alimentar e nutri- cional em todas as disciplinas do currículo escolar, elaboração de hortas escolares e desenvolvimento de oficinas culinárias. SAIBA MAIS No dia 21 de outubro é comemorado o Dia Na- cional da Alimentação nas Escolas� Essa data foi escolhida com o intuito de ressaltar a importân- cia das ações voltadas para a educação alimen- tar e nutricional nas escolas para estudantes de todas as etapas da educação básica� O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) considera importantes as ações de educação ali- mentar e nutricional e incentiva a inclusão de EAN no processo de ensino e aprendizagem por meio de praticas saudáveis de vida e da segurança alimentar e nutricional� Sendo assim, é essencial que a prática da EAN utilize abordagens e recursos educacionais ativos, como grupos de discussões, oficinas culiná- rias, questionários, entrevistas, imagens, materiais impressos, palestras, vídeos, rodas de conversa problematizações que contribuam para o diálogo, considerando todas as fases da vida, etapas de sis- tema alimentar, as interações e significados que compõem o comportamento alimentar� Mas é importante que saibamos que o PNAE tam- bém indica que as ações de educação alimentar e 10 nutricional sejam planejadas, executadas, avaliadas e documentadas, segundo a faixa etária, as etapas e as modalidades de ensino� E é isso o que estudaremos a seguir: como criar ações de educação alimentar e nutricional, consi- derando suas etapas essenciais de planejamento, execução e avaliação� Vamos lá? Etapas para o desenvolvimento de ações de educação alimentar e nutricional Figura 3: Sigla da Educação Alimentar e Nutricional. Fonte: PBH. Para que as nossas ações de educação alimentar e nutricional sejam eficazes é necessário cumprir algumas etapas� Vamos entender quais são? 11 https://prefeitura.pbh.gov.br/?evento=portlet&pIdPlc=ecpTaxonomiaMenuPortal&app=ean&lang=pt_BR&pg=10768&tax=45551 A primeira etapa é o planejamento, que dividiremos em: determinação dos problemas nutricionais, defi- nição dos fatores causais e diagnostico educativo� Nessa etapa, coletaremos dados sobre qual é a prio- ridade dos nossos alunos, como está o consumo alimentar deles, qual tipo de dúvida eles geralmente têm sobre alimentação e nutrição, dentre outras infor- mações, por meio de entrevistas, observação, rodas de conversa, inquéritos, etc� Lembrando que proble- mas nutricionais são diagnosticados por inúmeros indicadores e, desse modo, é necessário estudar cuidadosamente todos os fatores que influenciam as práticas ou hábitos alimentares que se deseja mudar. Além disso, é aqui que definiremos nossa popula- ção-alvo, por exemplo, alunos do oitavo ano de uma escola privada na cidade de São Paulo em que se verificou alto consumo de alimentos industrializa- dos, como salgadinhos, bolachas e doces, no horário do recreio� É essencial conhecer as características da população-alvo, como idade, sexo, classe social, aspectos culturais, presença de patologias e necessi- dades especiais para favorecer a escolha da melhor intervenção� Para isso, é importante: ● Definir a situação-problema; ● Identificar os componentes cognitivos, afetivos e situacionais dos comportamentos que devem ser alterados; ● Detectar os componentes educativos do problema; 12 ● Identificar os recursos disponíveis para o desen- volvimento do programa educativo� Uma superdica para o planejamento é procurar par- ceiros para que sua ação tenha ainda mais chances de sucesso� Você pode buscar por apoio de outras instituições, de líderes comunitários, de pessoas- -chave da comunidade, como os pais dos alunos com que você trabalhará, de profissionais de saúde, entre outros� Nesta primeira etapa, também é necessária a esco- lha do melhor meio de comunicação existente para a ação de educação alimentar e nutricional e as redes de comunicação pelas quais as mensagens serão disseminadas� As ações em EAN podem se relacionar aos princípios do modelo transteórico de mudança de comporta- mento, cujo intuito é que as pessoas passem por diferentes estágios de motivação durante a alteração de um comportamento-problema. Assim, identificar o estágio que a sua população-alvo se encontra – o adolescente, por exemplo – possibilita saber o quanto ele está motivado para efetivamente mudar seu hábito� O modelo transteórico inclui três estágios divididos em: 1. Pré-contemplação: o indivíduo nem consegue identificar o problema ou seu comportamento de ris- co� Por exemplo, uma criança que ache que seu alto consumo de doces não faz mal algum à sua saúde� 13 2. Contemplação: estágio em que já há consciência do comportamento, mas com alto nível de questio- namento sobre as mudanças� 3. Preparação: momento em que ocorre o planeja- mento e a disposição para a ação, ou seja, a criança (do exemplo anterior) já está disposta a diminuir seu consumo de doces� Figura 4: Objetivos. Fonte: Unsplash. A segunda etapa é a montagem do plano de ação, em que definimos os objetivos, a metodologia, os recur- sos a serem utilizados e o cronograma de atividades� Nessa etapa, o estabelecimento preciso dos objetivos é condição essencial para o sucesso das nossas ações de educação alimentar e nutricional. Ou seja, antes de realizar o trabalho, é fundamental saber o que se espera conseguir com ele� Sendo assim, os objetivos da educação alimentar e nutricional de- vem expressar as mudanças esperadas nas crian- 14 https://unsplash.com/photos/FoiZoPtxSyA ças e adolescentes por meio das experiências que passarão� Para nossa melhor organização, os objetivos podem ser divididos em gerais e específicos� O para quê da ação de EAN é expresso por meio do objetivo geral e está sempre relacionado ao bem-estar, crescimento e desenvolvimento do educando, com foco em sua saúde� Por exemplo, o objetivo geral, no caso anterior, seria reduzir o consumo dos alimentos altamente ricos em açúcares, gorduras e sal� FIQUE ATENTO O objetivo geral de uma ação de EAN deve ex- pressar a ação esperada com a intervenção edu- cativa e dentro do ambiente escolar, envolve pro- fessores, alunos, nutricionistas, diretoria escolar, pais e cuidadores� Enquanto os objetivos específicos indicam comporta- mentos que o público-alvo deve apresentar ao longo da estratégia educacional, a começar dos mais sim- ples. Para entender melhor, os objetivos específicos são passos necessários para alcançar o objetivo ge- ral. Exemplo de um objetivo específico para alcançar nosso objetivo geral: as crianças deverão ser capazes de diferenciar lanches saudáveis de não saudáveis� Os objetivos devem sempre ser escritos em relação à população-alvo (exemplo: as crianças deverão ser���) 15 e incluírem um comportamento que é expresso por um verbo que indique com maior precisão o com- portamento esperado� E, além disso, o comporta- mento deve se referir a algum objeto ou conteúdo, por exemplo, as crianças deverão ser capazes de diferenciar (ação) lanches saudáveis de não saudá- veis (conteúdo)� No objetivo geral, prefere-se a utilização de verbos mais abertos, visto que as metas são mais com- plexas� Assim sendo, é comum utilizar os verbos: apreciar, aperfeiçoar, capacitar, melhorar, motivar, saber, verificar, compreender, adquirir, desenvolver. Para a escrita dos objetivos específicos, prefere-se os verbos de sentido fechado, por exemplo: anotar, calcular, deduzir, diferenciar, discernir, raciocinar, dis- tinguir, planejar, listar, preparar, relacionar, responder, selecionar, exemplificar, formular, dizer, coletar. Lembrando que a escrita adequada dos objetivos de ação de educação alimentar e nutricional facilitará sua avaliação e reformulação� Como estamos falando de crianças e adolescentes, a população-alvo para nossas estratégiasde EAN é incluída no grupo objetivo primário. Vamos entender o que isso significa? Observe a tabela 1. 16 Grupo objetivo primário Grupo objetivo secundário Grupo objetivo terciário Indivíduos cuja conduta deve ser modificada. Exemplo: ado- lescentes com alto consumo de refrigerantes Indivíduos que serão utilizados como intermedi- ários para fazer chegar a mensa- gem ao primeiro grupo� Exemplo: professores, pais e cuidadores� Indivíduos que podem facilitar o processo de comunicação e mudança de hábito� Exemplo: diretores de escola, políticos, pessoas próxi- mas à família da criança� Tabela 1: Classificação de grupo alvo conforme o objetivo em Educação Alimentar e Nutricional. Agora que sabemos o que são os tipos de grupos na população-alvo, não podemos esquecer que, du- rante as ações de educação alimentar e nutricional, os grupos devem participar – e não apenas rece- ber as informações –, além disso, é desejável que também transmitam as informações aos demais grupos-objetivo. No plano de ação ainda é necessário considerar o ambiente em que a atividade será desenvolvida, e as individualidades de cada aluno, pois experiências anteriores traumatizantes poderão reduzir a responsi- vidade do aluno à atividade atual, e também influen- ciar o modo que os demais integrantes responderão ao que será proposto� Outra questão a ser pensada no nosso plano de ação é a comunicação, ou seja, como iremos transmitir a mensagem aos educandos� Para delimitar bem a 17 mensagem que queremos passar devemos pensar: quais palavras devemos usar? Em qual ordem? Além de pensar nisso, também devemos ter em men- te os meios de comunicação que utilizaremos� Para isso, precisamos saber quais recursos financeiros e humanos teremos disponíveis para a ação de EAN, assim como qual meio é mais eficaz para a popula- ção-alvo com que estamos trabalhando, tendo em vista suas características� Para transmitir nossa mensagem podemos utilizar vários recursos didáticos, como computador, livros, filmes, documentários, revistas, redes sociais, fo- lhetos, entre outros� Os recursos que utilizamos po- dem ser classificados em tecnologias dependentes e independentes. Observe o que isso significa na tabela 2� Ademais, funciona muito bem com crian- ças a utilização de desenhos, teatro de fantoches ou marionetes, dramatização, pinturas e concursos de pintura, ou seja, podemos abusar do lúdico! Tecnologias independen- tes Álbum, baralho de alimentos, cartazes, histórias em quadrinhos, jogos, ilustrações, jornal escolar, livro didático, livro infanto- juvenil, mural, sucata, máscaras, quadro de pregas, massa para modelagem, horticultu- ra, quadro de giz� Tecnologias dependentes Computador, jogos interativos, CDs de his- torias e músicos, tablet, celular, datashow, desenhos animados� Tabela 2: Tipos de recursos didáticos para utilizar em EAN. 18 Também é bastante comum utilizar adaptações de jogos – dama, bingo, memória, entre outros – como recursos didáticos para as ações em EAN� Na elaboração do material de apoio para nossas estratégias de EAN, conseguimos utilizar manuais, cartazes, filmes, vídeos educativos, etc. e para sua elaboração é essencial responder a estas quatro perguntinhas: 1. Qual tipo de material usar? 2. Quais imagens ou figuras? 3. Quais cores? 4. Vou utilizar som? Qual sistema? Observe a tabela 2 para saber escolher o melhor meio e material de apoio: Você deve ter em mente os seguintes critérios ao escolher o meio e o material de apoio para utilizar em educação alimentar e nutricional: - Custo: Você ou a instituição em que está consegue arcar com o custo financeiro da ação a ser desenvolvida? - Acessibilidade: o recurso que está pensando é acessí- vel à população-alvo? - Facilidade de “uso” do meio: A pessoa responsável pela ação nutricional (que pode ser você mesmo) conse- gue utilizar esse recurso facilmente? - Participação da comunidade: Esse meio escolhido incentiva a participação dos educandos? - Relação com os objetivos: Pode-se utilizar esse meio ou recurso para atingir os objetivos esperados? 19 Uma dica para um programa bem-sucedido é utilizar a combinação de vários meios e recursos que ele- vam a possibilidade de obter sucesso na atividade� FIQUE ATENTO A seleção dos meios de comunicação e mate- riais de apoio para sua educação alimentar e nu- tricional deve ser feita com base no diagnóstico da população e dos recursos disponíveis� As características principais da faixa etária que queremos trabalhar também nos auxiliam quanto à escolha e o planejamento das atividades e você pode saber mais sobre isso no próximo quadro� Faixa etária Objetivos de ações em EAN 1 a 3 anos Estimular a autonomia da criança no ato de se alimentar� Promover a exploração sensorial dos ali- mentos, especialmente quando a criança inicia o período natural de neofobia ali- mentar (rejeição aos alimentos novos). 4 a 6 anos Incentivar a experimentação de novos alimentos� Promover habilidades culinárias simples, como lavar as frutas, por exemplo� Encorajar hábitos de higiene e noções de utensílios utilizados nas refeições� Apresentar superficialmente as funções dos nutrientes� 20 Faixa etária Objetivos de ações em EAN 7 a 10 anos Intensificar as habilidades culinárias. Apresentar as propriedades nutricionais dos alimentos, ressaltando os compor- tamentos saudáveis e seu impacto no futuro� Nessa faixa etária, a criança torna- -se agente multiplicador de hábitos saudáveis, incentivando também a família a mudar os comportamentos inadequados� Adolescente A motivação do adolescente ocorre a partir do momento em que ele entende que a sua situação-problema atual pode ser solucionada com novos conheci- mentos adquiridos� Assim, as atividades em EAN devem focar nas propriedades de alimentos que impactam sua roti- na diária atual, como excesso de peso, acne, ansiedade, desordens estéticas� Incentivar as habilidades culinárias� Empoderar o adolescente para sua so- brevivência em relação à alimentação� Tabela 3: Objetivos de ações em EAN infantil segundo faixa etária Podemos dividir os recursos didáticos mais adequa- dos segundo faixa etária, também� Vamos descobrir como? No Podcast 1, você também pode saber mais sobre ou revisar as características comuns a essas faixas etárias que determinarão os melhores recursos a serem utilizados� Acesse o PodcAst 1 em módulos 21 Figura 5: Crianças brincando com cenoura. Fonte: Unsplash. ● 1 a 3 anos: atividades que explorem a textura, o sabor, a cor, a temperatura do alimento� ● 4 a 6 anos: atividades com música, dança, con- tação de histórias, jogos de sequência e repetição, quebra-cabeça, pinturas, tarefas com competição� ● 7 a 10 anos: atividades que induzam ao raciocínio, como enigmas, caça ao tesouro, oficinas culinárias, hortas, atividades escritas, como palavras-cruzadas, bingo ou memória, atividades relacionadas a espor- tes e artes� ● Adolescentes: criação de paródias, gravação de ví- deos, documentários, teatros, simulações, atividades que envolvam tecnologia e criatividade, competições esportivas, oficinas culinárias, visitas técnicas, orga- nização de feiras, entre outras� 22 https://unsplash.com/photos/5uaZwt3x7nU SAIBA MAIS Um documentário bastante adequado para tra- balhar com adolescentes chama-se “Fonte da ju- ventude”. Você já assistiu? O filme aborda a bio- diversidade alimentar do Brasil e como ela pode ser utilizada para resgatar a identidade da cultura alimentar brasileira e auxiliar na prevenção das doenças crônicas não transmissíveis� Não podemos nos esquecer de que é o conteúdo da mensagem que queremos passar que irá influenciar na escolha dos meios e dos materiais de apoio e que estes, por sua vez, influenciarão a maneira como se elabora a mensagem� Outra coisa, a mensagem deve ser coerente com o objetivo que queremos alcançar. Por isso, uma dica: antes de executar, de vez, seu plano de ação com a população-alvo,ensaie para que tudo possa ocorrer da melhor maneira possível! Ainda que não exista fórmula mágica para a trans- missão de uma mensagem, ao elaborarmos uma, podemos pensar no seguinte roteiro: ● Passo 1: A mensagem deve ser curta e simples, com informação confiável e completa ● Passo 2: A ideia deve ser repetida diversas vezes ● Passo 3: Uma mudança de conduta deve ser recomendada ● Passo 4: Apresentar a relação entre o problema ali- mentar e/ou nutricional com a conduta recomendada 23 ● Passo 5: Utilizar um slogan ou palavra de ordem ● Passo 6: Apresentar os fatos de forma direta ● Passo 7: Utilizar sempre expressões positivas� Lembre-se sempre de que em ações de educação alimentar e nutricional é essencial incentivar os alu- nos, a família e a comunidade a participar� Por isso, as mensagens que queremos passar não podem ser estranhas à realidade dessas pessoas. Ou seja, precisamos ter empatia com o educando e nos co- locarmos no lugar dele, problematizar o viver, a saú- de e a doença para que, ao mesmo tempo em que aprende novos conteúdos, também desenvolva suas habilidades de pensar, decidir e agir� A terceira etapa é a implementação daquilo que foi indicado no plano de ação e envolve a produção de materiais de apoio, o treinamento de agentes de exe- cução e a execução da intervenção. Ou seja, hora de realmente colocar a mão na massa� Durante a terceira etapa, é essencial incentivar a participação de diversos setores da escola para a elaboração das mensagens de apoio, como profes- sores de artes e linguagens para desenhos, pinturas e textos, professores de educação física, merendeiras, professores de matemática, entre outros� Nesta etapa, também pode-se fazer o treinamento de quem participará da ação de EAN para garantir que todos tenham facilidade com a técnica e material de- senvolvido a serem empregados com os educandos� 24 Por fim, a quarta etapa é a avaliação, na qual ve- rificamos se os objetivos propostos foram ou não alcançados� Esta etapa também nos fornece dados se aquela ação foi interessante e pode ser desenvol- vida novamente, bem como indicar a necessidade de novas ações de diagnóstico� Por isso, podem ser criados processos de avalia- ção diagnóstica (realizada no início do programa de EAN), formativa (durante as ações de EAN), somativa (quando feita ao fim do programa e que subsidia as conclusões e reflexões sobre intervenções futuras), e posterior (realizada um tempo depois do programa, para verificar os benefícios a longo prazo da sua ação de EAN)� Avaliar o processo de EAN significa elaborar uma análise crítica, objetiva e sistemática dos resultados da atividade ou do projeto, em relação aos objetivos propostos, às estratégias e recursos utilizados� A avaliação dos programas de EAN pode ser dividi- da nos níveis macro, ou seja, quando se avaliam os resultados do projeto como um todo; e micro, quando se avaliam os resultados de cada atividade específica. Importante que você saiba que a avaliação pode ser feita com todos os participantes da intervenção, como seus responsáveis, a própria população-alvo, os patrocinadores (diretores e a coordenação de escola, pais e cuidadores, por exemplo)� Dentre os produtos esperados de uma ação de EAN, podemos ter: melhora do estado nutricional e de 25 saúde das crianças e adolescentes, adoção de há- bitos saudáveis, modificação de conhecimentos, atitudes e valores da população-alvo, retenção de conhecimento� REFLITA Em uma escola pública, com alunos do 5º ano, em que foi verificado alto índice de crianças com excesso de peso, o que você abordaria em uma atividade de educação alimentar e nutrição? Pense em todas as etapas para o seu desenvol- vimento e discuta com seus colegas� Depois que você planejar, executar e avaliar sua ação de EAN, não deixe de compartilhar entre seus colegas; você pode compartilhar também em uma rede de experiências chamada Ideias na Mesa para que as ações de EAN sejam cada vez mais disse- minadas e fortalecidas no nosso país� SAIBA MAIS O Ideias na Mesa é uma rede virtual de comparti- lhamento de experiências em Educação Alimen- tar e Nutricional (EAN) do Brasil com o objetivo de apoiar, difundir e estimular a prática de EAN no país� Na rede, qualquer pessoa pode compar- tilhar suas experiências, notícias, eventos, aces- sar artigos, vídeos e publicações sobre o tema� Confira em: http://ideiasnamesa.unb.br. 26 Lembrando também que o Marco de Referencia res- salta a importância do planejamento, avaliação e monitoramento das ações de EAN propostas� Porém, muitos professores ainda ficam com muitas dúvidas sobre como trabalhar a EAN em sua disciplina, não é mesmo? Por isso, no próximo tópico vamos falar de dicas do que pode ser realizado� Como trabalhar EAN em diferentes disciplinas do currículo escolar? É essencial a interdisciplinaridade, ao se trabalhar com educação alimentar e nutricional, por isso, é muito importante que todos os professores estejam engajados para ofertar conhecimentos necessários sobre saúde, alimentação e higiene para as crianças e adolescentes� Vamos entender como podemos encaixar esses temas em diferentes disciplinas? Para o professor de geografia, pode-se trabalhar: as comidas típicas de cada região do Brasil e do mundo, a vocação agrícola de cada região, solicitar aos alunos pesquisas sobre os hábitos alimentares da sua cidade, estado, país ou de qualquer lugar do mundo; realizar feiras no colégio sobre a importân- cia de cada país para a alimentação atual, explorar as hortas escolares e apresentar os benefícios dos alimentos, realizar pesquisas sobre os diferentes hábitos alimentares entre os alunos, em suas casas� 27 Na disciplina de ciências ou biologia: apresentar a importância do colorido dos alimentos por meio de seus componentes bioquímicos, ou seja, seus nu- trientes; mostrar os tipos de contaminações possí- veis pelo alimento; trabalhar os efeitos bioquímicos dos alimentos no organismo; demonstrar os malefí- cios causados por agrotóxicos e corantes artificiais contidos em guloseimas; mostrar a diferença dos alimentos orgânicos e aqueles tratados com agrotó- xicos; trabalhar os sentidos do corpo, entre outros� Na disciplina de historia, pode-se trabalhar com os alunos sobre as origens dos alimentos, os alimentos mais antigos do mundo, os hábitos alimentares pas- sados, etc� O que mais você conseguiria relacionar? Já o professor de matemática pode atuar trabalhan- do porcentagem e porções, com base na pirâmide dos alimentos; apresentar as unidades de medida, utilizando alimentos, apresentar os conceitos de peso e altura, além do cálculo de Índice de Massa Corporal� O professor de português e linguagens pode enco- rajar também os alunos a fazerem redações sobre alimentos saudáveis, segurança alimentar e nutricio- nal, criarem histórias em quadrinhos sobre alimen- tos saudáveis, introduzir a leitura infantil de livros ilustrativos sobre os alimentos, incentivar pesquisas sobre a relação de alimentação e doenças crônicas não transmissíveis� Na aula de educação física, pode-se mostrar a importância da alimentação saudável para bom 28 desempenho na atividade física, os malefícios do consumo de anabolizantes sem acompanhamento médico, elaborar projetos sobre avaliação nutricio- nal, entre outros� Em artes, a realização de peças de teatro, com foco na alimentação, e trabalhar com as cores dos ali- mentos, por exemplo� Mas, lembre-se de que todas as ações de EAN sugeridas devem ser elaboradas com objetivo de encorajar hábitos saudáveis, auto- nomia por parte dos alunos e comunidade e, claro, buscar as mudanças por parte do público atendido, quando os hábitos anteriores são inadequados� SAIBA MAIS No Youtube, você pode encontrar diversos tipos de vídeos que abordam a educação alimentar e nutricional com diferentes objetivos, como au- xílio à leitura de rótulos de alimentos, desenhos educativos, mitos x verdades sobre alimentação,como montar uma lancheira saudável, entre ou- tros que podem ajudar você na elaboração de ações de EAN. Não deixe de procurar! REFLITA Um coordenador pedagógico deve realizar um projeto de educação alimentar e nutricional na escola em que trabalha� Como ele poderia pen- sar em um projeto que integrasse as diferentes disciplinas, abordando a temática de aumentar o consumo de frutas, verduras e legumes? 29 Agora que já estudamos as etapas pelas quais de- vemos passar para criar e como desenvolver ações de educação alimentar e nutricional no ambiente escolar, vamos compreender que tipo de resultado podemos esperar com a EAN? Educação alimentar e nutricional em escolas e resultados Os estilos de vida atuais influenciam diretamente a maneira de se alimentar da população: a oferta de opções de alimentos e preparações alimentares ricas em açúcares, gorduras, sal ou com baixo teor nutritivo, a influência do marketing, da tecnologia de alimentos e da mídia geram novos comportamentos em relação à comida� Por isso, é imprescindível pro- mover a alimentação saudável no ambiente escolar para que melhores hábitos alimentares sejam utili- zados no restante da vida (BRASIL, 2012). Sabe-se que o comportamento alimentar da crian- ça é determinado, em primeiro lugar, pela família da qual ela depende e, em segundo lugar, por suas interações psicossociais e culturais� Na infância, o indivíduo sai do convívio apenas familiar e en- tra no contexto escolar, onde experimentará novos alimentos e preparações e terá a possibilidade de mudar seus hábitos alimentares pelas influências 30 dos colegas, professores e do próprio ambiente es- colar como um todo� Figura 6: Crianças na escola Fonte: Pexels. A escola, para uma criança, representa quase que um trabalho para o adulto, visto que é na escola onde toda sua produção é realizada e, dessa forma, torna- -se um ambiente privilegiado para programas de EAN. Na escola, o desafio com os alunos é motivá- -los a aceitar uma alimentação variada, a aumentar seu leque de preferências alimentares, e adoção de hábitos alimentares mais saudáveis� Para atingir tais objetivos, o educador, como já estudamos, deve utilizar atividades lúdicas e interativas, pois facilitam o aprendizado e favorecem as mudanças desejadas. Porém, mais do que atividades lúdicas pontuais, a EAN deve fazer parte do currículo escolar e extra- polar a sala de aula� 31 https://www.pexels.com/photo/girls-on-desk-looking-at-notebook-159823/ Importante lembrar que, no Brasil, as práticas em ações de EAN em ambiente escolar são realizadas por equipes intersetoriais constituídas por inicia- tivas das Secretarias de Educação, no âmbito do PNAE e pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), diretamente ou por meio dos Centros Colaboradores em Alimentação e Nutrição do Escolar (CECANE), entre outros� Participam da formação os gestores, professores, coordenadores pedagógicos, merendeiras, nutricionistas e produ- tores de alimentos� Diversos autores relatam a forma como as ações em EAN para crianças e adolescentes são aplicadas e também qual tipo de impacto proporcionaram nessa população, assim como seus resultados� Dentre os principais resultados dessas ações, encontram-se: ● Melhoria no conhecimento em nutrição e nas op- ções alimentares das crianças, por exemplo, a me- lhora na frequência de consumo de cereais, frutas, hortaliças, carnes, ovos, leguminosas e leite; ● Diminuição da omissão das refeições; ● Redução da substituição de refeições por lanches; ● Diminuição do consumo de alimentos de baixa qualidade nutricional, como guloseimas, refrige- rantes e doces; ● Melhora no fracionamento e frequência de refeições; ● Redução do IMC de crianças e adolescentes� 32 Outros resultados interessantes de ações de EAN são encontrados quando as intervenções se aliam à mudança no ambiente de refeições, por exemplo� Ações com objetivo de promover maior acesso e disponibilidade de alimentos saudáveis em canti- nas escolares, assim como restrição do consumo de bebidas açucaradas – como refrigerantes, su- cos industrializados e alimentos ultraprocessados – apresentaram bons resultados quanto à melhora dos hábitos alimentares dos alunos� Isso mostra bem a importância de se alinhar as atividades de EAN como um sistema de alimentação e nutrição dentro dos colégios para obter melhores resultados� Os estudos feitos sobre EAN mostram que bons resultados são encontrados em ações que durem pelo menos três meses, com frequência quinzenal ou mensal� Autores indicam que a recomendação mais constante é que a educação alimentar e nutricional dure, no mínimo, seis meses� Por isso, indica-se a aplicação de EAN durante todo o currículo escolar, com a participação de todos os setores da escola e também pais e cuidadores� Acesse o Podcast 2 para saber sobre um relato de experiência, aplicando educação alimentar e nutricional em escolares� Acesse o PodcAst 2 em módulos Com relação aos meios e recursos mais utilizados nos estudos sobre educação alimentar e nutricional, são utilizadas combinações de estratégias, como palestras, histórias infantis e em quadrinhos, dinâ- 33 micas, apresentações, teatro de fantoches, oficinas culinárias, hortas urbanas, dinâmicas com músicas, vídeo e desenhos animados, entre outros� SAIBA MAIS O Governo Brasileiro fornece por meio dos Minis- tério da Saúde e da Educação cadernos de ati- vidades desenvolvidas para ações de EAN que podem ajudar você a desenvolver as suas inter- venções com os alunos� Conheça um desses cadernos em: http://www�mds�gov�br/webarqui- vos/publicacao/seguranca_alimentar/cadenode- atividades_ean�pdf� Além disso, vários autores indicam a realização de tarefas em casa que possam contar com a ajuda dos pais ou ainda desafios que envolvam toda comunida- de escolar, incluindo os professores – por exemplo, uma semana sem refrigerantes� E você? Como você se sairia nesse desafio? É muito importante, na EAN, utilizar metodologias ativas que colocam a criança ou o adolescente no centro da atividade, como as oficinas culinárias, que normalmente são recebidas muito bem pelos alunos e promovem ótimos resultados quanto ao aumento do conhecimento sobre o alimento� Quando pensamos em atividades que têm o objetivo de prevenção da obesidade infantil, é essencial incen- tivar a participação dos pais nas ações e conteúdos, 34 visto que isso ajudará a ampliar os hábitos saudáveis além do ambiente escolar� Bem, agora estamos no fim da nossa disciplina e espero que você tenha gostado e, mais do que isso, que ela tenha incentivado você a ser um agente de mudança saudável na vida de crianças e adolescen- tes, levando conhecimento à população sobre a im- portância de cuidar da saúde, visando a benefícios para a mente e para o corpo� 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo deste módulo, revisamos o conceito de edu- cação alimentar e nutricional e a sua relação com a promoção de informação de qualidade sobre alimen- tação e saúde para desenvolver pessoas autônomas em suas escolhas alimentares� Verificamos como podemos aplicar ações de EAN no ambiente escolar, um local tão essencial para a construção de bons hábitos de saúde para a criança e o adolescente, e todas as etapas que uma inter- venção de educação alimentar e nutricional deve passar para ser bem-sucedida, assim como verifi- camos ideias do que podemos abordar com crianças e adolescentes para garantir melhor aprendizagem� Dessa forma, este módulo propiciou um grande mer- gulho sobre a Educação Alimentar e Nutricional e sua relação com o ambiente escolar e de como você pode atuar sendo um superagente de mudança na vida dos alunos� Espero que aprender sobre saúde e nutrição da criança tenha encorajado você a atuar com empatia, amor, e conhecimento científico na disseminação de informações de qualidade sobre saúde, alimentação e nutrição. Desejo que você pos- sa repassar todos os conhecimentos adquiridosnesta disciplina em seu trabalho, com a sua família e com a sua comunidade. Até mais! 36 SÍNTESE Resultados esperados de diversas ações de EAN que buscam a melhora de hábitos alimentares e/ou prevenção de doenças crônicas não transmissíveis. Como os professores responsáveis por diferentes disciplinas podem abordar a temática de EAN em seus conteúdos e, por fim. Recursos e meios de comunicação interessantes para serem utilizados com crianças e adolescentes. Como desenvolver programas de educação alimentar e nutricional em escolas, contemplando tudo que é necessário para desenvolver as etapas de planejamento, plano de ação, implementação e avaliação. Educação alimentar e nutricional nas escolas: importância, modos de ofertar EAN; O último módulo inicia-se com uma breve revisão da definição de Educação Alimentar e Nutricional e para quem pode ser destinada para subsidiar os temas seguintes abordados por ordem explicativa: Educação alimentar e nutricional para prevenção de doenças crônicas SAÚDE E NUTRIÇÃO DA CRIANÇA Referências Bibliográficas & Consultadas BARBOSA, V. L. P. Prevenção da obesidade na infância e na adolescência: exercícios, nutrição e psicologia. 2. ed. Barueri: Manole, 2009. [Biblioteca Virtual] BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Coordenação-Geral de Alimentação e Nutrição� Guia alimentar para a população brasileira. Brasília, DF, 2014. BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de educação fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Disponível em: http:// portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf� Acesso em: 15 out. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. 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