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3/1/24 1 LESÕES FUNDAMENTAIS Prof. Fabiana Bombarda 1 O reconhecimento da lesão fundamental é o primeiro passo no estabelecimento da hipótese diagnóstica Das combinações de lesões fundamentais surgem sinais morfológicos que caracterizam síndromes e afecções 2 São como letras do alfabeto, indispensáveis para se conhecerem o idioma. (Grinspan, 1970) “Quem não sabe o que procura, não interpreta o que acha” 3 4 Lesões Fundamentais: n Conceito: são alterações morfológicas que ocorrem na mucosa bucal e assumem características próprias, individualizadas e padronizadas, a partir das quais, juntamente com outros dados clínicos, pode-se identificar uma patologia 5 Lesões Fundamentais: n São resultantes de processos patológicos básicos n inflamatórios, n degenerativos, n circulatórios, n tumorais, n metabólicos n defeitos de formação que aparecem na boca e na pele, sendo dividas em 4 tipos principais: 6 3/1/24 2 1. Alterações de cor 2. Lesões sólidas 3. Coleções liquidas 4. Perdas teciduais Estas lesões podem ser: primárias ou secundárias 7 Primárias n Se manifestam inicialmente, mas podem não conseguir conservar suas características ao longo de seu curso n EX: manchas, pápulas, nódulos, vesículas, pústulas... 8 n São decorrentes de modificações que se associam ou se desenvolvem nas lesões primárias n EX: erosões, úlceras, pseudomembranas e pseudoplacas Secundárias 9 n Primárias (primitivas) n Secundárias, que são resultantes das lesões primárias n EX: bolha (primária) que se rompe e dando origem a uma úlcera (secundária) 10 Características Clínicas que devem ser observadas e descritas nas lesões fundamentais e que irão caraterizar as lesões bucais: • Localização • Tamanho • Cor • Formato • Consistência • Base • Limites • Contorno • Número • Textura 11 n Posição na região anatômica onde se localiza a lesão Localização: Borda lateral direita e ventre da lingua 12 3/1/24 3 n Descrito em cm ou mm, medindo o eixo de maior diâmetro ou extensão aproximada da lesão Tamanho: 13 n Ou coloração predominante na lesão n Amarelada, azulada, enegrecida, avermelhada, acastanhada... Cor: 14 Formato: n É a forma geométrica da lesão n Lentiforme, circular, oval, linear, discóide, filiforme, lobulada 15 n É descrita a resistência da lesão frente à pressão n Dura, mole, fibrosa, borrachóide, esponjosa, branda, pétrea, elástica... Consistência: Consistência Dura 16 n Séssil: quando a base da lesão é maior que seu equador (forma de montanha) n Pediculada: quando a base é menor que o equador (forma de cogumelo) Base: 17 Séssil Pediculada BASE 18 3/1/24 4 A base de implantação da lesão tem o mesmo diâmetro do equador da lesão (aspecto de montanha) BASE SÉSSIL: 19 BASE PEDICULADA: A base de implantação é menor que o diâmetro da lesão. Está inserido em um pedúnculo 20 21 n Quais são os limites da lesão em relação às estruturas anatômicas adjacentes Limites: Nítido ou não 22 n Contorno: pode ser nítido, difuso, regular, irregular Contorno: 23 n Refere-se à quantidade de lesões semelhantes presentes n Quando múltiplas pode-se anotar a quantidade e se são simétricas ou próximas umas às outras Número: 24 3/1/24 5 n Pode ser brilhante, verruciforme, lisa, rugosa, áspera Textura: 25 Classificação das Lesões Fundamentais: 26 a) Origem vascular ou sanguínea b) Origem pigmentar 1. Alterações de cor: MANCHA OU MÁCULA Alterações de coloração da mucosa, podendo variar desde puntiformes até centímetros, sendo: branca, vermelha, roxa, acastanhada, marrom, púrpura... Podem ter origem: 27 § Para diagnóstico se a mancha é de origem pigmentar ou vascular deverá ser realizada manobra semiotécnica de diascopia ou vitropressão § Leitura: se desaparecer tem origem vascular; se não desaparecer, tem origem pigmentar e pode ser endógena ou exógena 1. Alterações de cor: MANCHA OU MÁCULA 28 29 30 3/1/24 6 A) Tipos de manchas de origem vascular: (sanguíneas) (resultado positivo na diascopia) n Eritema n Petéquias n Púrpuras n Rubor n Equimoses 31 B) Tipos de manchas de origem pigmentar: (resultado negativo na diascopia) n Causada por pigmentos de amálgama n Causada por medicamentos n Causada por outros pigmentos (cigarro, indústrias, ...) 32 Mancha de origem vascular (Angiomatose) Mancha de origem pigmentar (Tatuagem por amálgama) 33 Ø ERITEMA- pele e localicado Ø EXANTEMA - pele e generalizado ALTERAÇÕES DE COR-MÁCULA OU MANCHA 34 ALTERAÇÕES DE COR-MÁCULA OU MANCHA Ø ENANTEMA- aspecto eritematoso na mucosa 35 Ø RUBOR : na pele, devido vasocongestão ativa (calor) (mancha avermelhada) ALTERAÇÕES DE COR-MÁCULA OU MANCHA 36 3/1/24 7 Ø MANCHA ANGIOMATOSA- permanente, causada por neoformações névicas de capilares. Ø Cor púrpura intensa ØOrigem vascular Mancha em vinho do porto Síndrome de Stuger Weber ALTERAÇÕES DE COR-MÁCULA OU MANCHA 37 ØTELANGIECTASIAS: mancha com aspecto filamentoso ou pontilhado, ocorrendo devido a dilatação dos capilares Manchas vermelhas (pontiagudas) Vasos sangüíneos telangiectásicos. Poder ser de tumores malignos ALTERAÇÕES DE COR-MÁCULA OU MANCHA 38 PETÉQUIAS: Manchas vermelhas puntiformes (origem vascular) EQUIMOSES: Manchas maiores e vermelho- arroxeadas na pele (origem vascular) ALTERAÇÕES DE COR-MÁCULA OU MANCHA 39 Ø VARICOSIDADES: alteração de normalidade que pode ser mancha ou pápulas de cor azulada, ocorre no ventre e bordo de língua, mais comum em idosos Múltiplas veias dilatadas e azuladas Manchas papulares ou nodulares azuladas 40 Origem pigmentar endógena ØPigmentação melânica racial: Ocorrem devido ao acúmulo de melanina ØManchas castanhas-pele e semimucosas labial/sindrômicas ALTERAÇÕES DE COR-MÁCULA OU MANCHA 41 Pigmentações melânicas endógenas hipocrômicas Ø Ocorrem devido a perda de pigmentação, exemplo é o vitiligo. Essa perda de pigmentação existe na pele e semimucosa ALTERAÇÕES DE COR-MÁCULA OU MANCHA 42 3/1/24 8 Pigmentações Exógenas: Ø Causadas por pigmentos metálicos, produzidas por penetração local, ou introduzidas sistemicamente devido medicamentos (chumbo, bismuto), cigarro ou café Lingua pilosa Pigmentação das papilas (impregnação de alimentos, má higiene) Tatuagem por amálgama ALTERAÇÕES DE COR-MÁCULA OU MANCHA 43 Mancha acastanhada: Melanose do fumante na gengiva 44 2.1 Pápula 2.2 Placa/ Pregas 2.3 Nódulo 2.4 Tumor (nodosidade) 2. FORMAÇÕES SÓLIDAS 45 ØElevação circunscrita de consistência fibrosa, menor que 5mm. Origem epitelial, conjuntiva ou mista, podendo ser séssil ou pediculada Grânulos de Fordyce Pápulas de 1 a 2mm Pápulas cutâneas/dermatites (pápulas e placas-papulosas) PÁPULA: 46 Grânulos de Fordyce 47 PÁPULA: 48 3/1/24 9 ØElevação circunscrita de consistência fibrosa, porém pode se estender por poucos ou vários centímetros. Pode ser removível ou não removível PLACA: 49 PLACA 50 ØElevação circunscrita de consistência fibrosa, pode se estender por vários centímetros. Pode acontecer única ou múltiplas pregas PREGA: 51 ØElevação de consistência fibrosa ou sólida, superficial ou profunda. Origem epitelial, conjuntiva ou mista. Mede até 3 cm Nódulo na pele Nódulo na mucosa jugal NÓDULO: 52 Nódulo: Granuloma piogênico 53 Nódulo: Papiloma 54 3/1/24 10 NÓDULO e TUMOR: 55 ØTambém chamado nodosidade: Elevação de consistência fibrosa ou sólida, mas ultrapassa 3 c.... m. TUMOR: 56 n Hoje em dia utilizamos como convenção a expressão “Nódulo de 6 cm” devido ao fato da palavra tumor estar freqüentemente associada às neoplasias malignas. Recomendação Atual: Nódulo X Tumor 57 3.1 Vesícula 3.2 Bolha 3.3 Hematoma 3.4 Abcesso 3. COLEÇÕES LÍQUIDAS 58 Ølesão elevada, circunscrita, com conteúdo líquido no interior do epitélio ou logo abaixo dele, não ultrapassando 3mm Diversas vesículas/ algumas já rompidas e ulceradas VESÍCULA: 59 Vesícula:Herpes Labial (simples) VESÍCULA: 60 3/1/24 11 ØLesão elevada, circunscrita, com conteúdo líquido no interior do epitélio ou logo abaixo dele, porém ultrapassa 3 mm. ØDependendo do conteúdo, essas lesões podem conter mucina, sangue, pus... BOLHA: 61 Bolha: Penfigóide Bolhoso 62 VESÍCULA - BOLHA 63 ØExtravasamento de sangue no tecido conjuntivo, apresentando cor azulada após trauma agudo. Comum após cirurgias Cisto de erupção ou Hematoma de erupção HEMATOMA: 64 ØColeção purulenta dentro de uma cavidade tecidual acompanhada do quadro de Celsus, com perda da função local Ø EMPIEMA: pus em cavidades naturais (empiema sinusal) ABCESSO: 65 66 3/1/24 12 4.1 Erosão 4.2 Úlcera/ulceração 4.3 Exulceração 4.4 Atrofia 4. PERDAS TECIDUAIS 67 ØPerda tecidual do epitélio sem atingir conjuntivo adjacente EROSÃO: 68 Erosão: Lingua geográfica 69 ØPerda de substância do epitélio com exposição do conjuntivo subjacente Úlcera infiltrativa Ulceração (aguda) ÚLCERA/ ULCERAÇÃO: 70 Úlcera Eosinofílica ou Granuloma Traumático Ulcerado 71 Úlcera: Carcinoma espinocelular 72 3/1/24 13 Múltiplas úlceras: Gengivoestomatite herpética 73 Gengivite Ulcerativa Necrosante Noma Tuberculose Úlceras 74 ÚLCERA 75 vÚlceras Aftosas Recorrentes 76 ØExulceração superficial com aspecto de pontilhado hemorrágico, ligeiramente elevada Paracoccidioidomicose EXULCERAÇÃO: 77 ØDiminuição da espessura da mucosa pela redução dos seus constituintes teciduais ATROFIA: q FISSURAS: quando são lineares q RÁGADES OU RAGÁDIAS: quando localizadas perifericamente q SULCO: quando não há solução de continuidade e o fundo é recoberto por mucosa ou pele 78 3/1/24 14 ü Atrofia papilar central (glossite rombóide) 79 FISSURA: Lingua fissurada RÁGADES OU RAGÁDIAS Fendas na comissura labial SULCO: demarcação na face da linha do tempo 80 Fissura: Língua Fissurada 81 Fissura: Quelite Angular 82 A descrição de uma lesão, por menor que se apresente, deve ser rica em detalhes, e as lesões fundamentais nos oferecem subsídios para esta finalidade. Lembrando sempre que qualquer sinal ou sintoma nunca devem ser ignorados ou negligenciados tanto pelo profissional quanto pelo paciente. 83 BOM FINAL DE SEMANA! § Boa Leitura: • NEVILLE • LASKARIS • MARCUCCI • SONIS • ESTOMATOLOGIA.COM • REGESI 84