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Etiopatogênese da Doença Periodontal As DP são infecções causadas por m-o que colonizam a superfície dentária supra ou subgengivalmente. As relações ecológicas entre a microbiota periodontal e seu hospedeiro são, na sua maioria, benignas, uma vez que a lesão nos tecidos de suporte periodontal é pouco frequente. Ocasionalmente, um subgrupo de espécies bacterianas pode ser introduzido, multiplicando-se ou exibindo novas propriedades que levam à destruição do periodonto. As DP são infecções que apresentam características semelhantes a infecções bacterianas em outras partes do organismo (ex: pulmonar e intestinal) e também podem ser tratadas de forma semelhante. O m-o se estabelece nos tecidos, membranas ou pele e inicia-se o aparecimento de sinais e sintomas locais, ou pode não ter manifestação, pois o patógeno é necessário mas não suficiente para uma doença ocorrer. Etiologia: 700 espécies bacterianas diferentes, sendo que na bolsa periodontal 400 espécies bacterianas. Sulco gengival sadio/raso - 10³ Bolsa periodontal profunda >10^(8) Características Específicas das Infecções Periodontais A característica anatômica incomum dos dentes, com uma estrutura mineralizada em que parte fica exposta/externa (coroa dentária) e parte interna (raiz) e fornece superfície para colonização de diversos m-o. As bactérias podem aderir ao dente propriamente dito, as superfícies epiteliais da gengiva, bolsa periodontal, tecido conjuntivo subjacente se tiver exposto e também a outras bactérias já aderidas na superfície. A colonização das bactérias é facilitada na coroa dentária por não haver descamação da superfície. Os m-o causadores da DP residem nos biofilmes presentes nos dentes ou em superfícies epiteliais, que proporcionam um ambiente de proteção aos m-o colonizadores e permite propriedades metabólicas que não seriam possíveis em um estado livre. Biofilmes apresentam características específicas com propriedades nos receptores, potencial de oxirredução (Rh), pH, enzimas proteolíticas que dificultam o desempenho do mecanismo de defesa do hospedeiro e marcam as diferenças entre DP e outras infecções. O dente também apresenta locais onde o m-o pode ficar escondido, como túbulos dentinários ou áreas desmineralizadas que não são facilmente alcançadas por células do hospedeiro, persistindo em pequenas qtde durante o tratamento e retornando para causar problemas futuros. Além disso, fatores não celulares do hospedeiro que devem atravessar barreiras e difusão, enzimas líticas e agentes quimioterápicos também terão dificuldade em alcançá-los. Perspectiva Histórica Era dourada da microbiologia: 4 grupos responsáveis pela DP 1. Amebas: eram encontradas mesmo em sulcos sadios - emitida e antissépticos não ajudaram no tratamento -> fracasso. 2. Espiroquetas: formas móveis encontradas em lesões de doença destrutiva 3. Fusiformes: lesões pseudomembranosas na boca causadas por espiroquetas e fusiformes em indivíduos com GUN (halitose e lesões na membrana gengival) 4. Streptococcus: encontrados nos sítios subgengivais com DP e também nos sulcos sadios. Vacinas: preparados de placa dental de pacientes com DP. Autógenas ou de Estoque. Invasão Bacteriana: streptococcus e difteróides presente nos tecidos epiteliais e subjacentes. Bastonetes gram negativos nos conjuntivos em forma espiraladas/espiroquetas - Falta de evidências e terapias inadequadas para o controle microbiano. Além de teorias competitivas e de natureza nebulosa sem evidências clínicas. - Passaram a considerar defeitos constitucionais do paciente ou por trauma oclusal. Hipótese da placa não específica Bactérias voltam a assumir papel de agentes causadores na etiologia de DP destrutiva, porém não específicos. Tem um caráter quantitativo em que qualquer acúmulo de m-o ao nível da margem gengival produziram irritantes para gerar inflamação, que seria responsável pela destruição do tecido periodontal. Ou seja, quanto mais qtd de placa, mais chance de DP. Assim, o controle de placa é essencial na prevenção de DP. As espécies específicas não eram consideradas por não apresentar qtde elevada para desencadear processos destrutivos. Hipótese das infecções mistas Algumas formas de DP, principalmente a GUN, eram causadas por um complexo de m-o originados de infecções pulmonares (fusiformes e espiroquetas). Hipótese da placa específica da DP a. actinomycetemcomitans, p. gingivalis e t. forsythia. Encontradas em concentrações elevadas em lesões de periodontite e baixa em sítios sadios. Sua eliminação resulta em sucesso na terapia. Têm um grande leque de fatores de virulência, dos quais um é a capacidade de se aderir às superfícies duras intraorais e/ou à mucosa oral. 1. Bastonete pequeno gram negativo, anaeróbio facultativo e sacarolítico que formam colônias convexas de centro estrelado. 2. Cocobacilo anaeróbios estritos, gram negativos, não móveis, com fibrilas e vesículas (liberam produtos tóxicos da p. gingivalis), assacaroliticos e capazes de manipular a resposta do hospedeiro. Biofilme Comunidades de m-o altamente organizadas em matriz orgânica acelular, cujos constituintes tornam-se fenotipicamente diferentes dos seus pares não aderidos. Saúde Periodontal Placa esparsa devido ao controle efetivo da placa. Predominam bactérias capazes de aderir a película adquirida, ou seja, streptococcus e actinomyces. Nessa microbiota o acesso ao oxigênio é facilitado pois a placa é delgada com poucas camadas e o acesso e a saliva e componentes da dieta é favorecido na região supragengival. A região subgengival sobrevive do fluido crevicular que na saúde periodontal é pouco abundante. Na gengivite, ocorre uma sucessão microbiana em que m-o que não conseguiam colonizar a placa inicial agora se agregam aos colonizadores iniciais, formando uma placa espessa com microbiota complexa, redução no acesso ao oxigênio e componentes salivares. Há uma redução na qtde de streptococcus e um aumento no de organismos anaeróbios estritos pois o oxigênio foi consumido. No espaço subgengival, aparecem bactérias proteolíticas e m-o movéis (treponema). Na saúde tem-se um biofilme com pouco impacto nos tecidos do hospedeiro, se esse biofilme sofre maturação tem-se uma inflamação controlada restrita a gengiva marginal que é progressiva à medida que aumenta a qtd de condições de anaerobiose e de fluido gengival (exsudato inflamatório) e as bactérias que usam esses substratos protéicos derivados da inflamação são favorecidas (anaeróbios estritos que se agregam aos colonizadores primários). Com o acúmulo de placa que resulta em uma resposta inflamatória que leva a alterações ambientais como ↑ fluido gengival, ↑oferta de nutrientes a nível subgengival, ↓[O2] e pH> 7,0 que favorecem m-o anaeróbios estritos e proteolíticos. Se realizado o controle do biofilme, a gengiva volta a saúde, com ↓ fluido gengival, ↓ oferta de nutrientes a nível subgengival, ↑[O2] e pH 7,0 favorecendo anaeróbios facultativos e m-o sacarolíticos. Inicia-se com cocos gram positivos e pequenos bacilos (capazes de se aderir a película adquirida > actinomyces, gram - anaeróbios facultativos), seguido de m-o filamentosos e vibries e espiroquetas até a manifestação da gengivite. Na periodontite crônica tem-se microbiota complexa, aumento do fluido crevicular favorecendo bactérias anaeróbias estritas, proteolíticas e móveis. A periodontite é causada por um desequilíbrio da microbiota onde há favorecimento de m-o inflamofilicos (sobrevivem em um ambiente inflamado) e aparecimento de m-o porphyromonas, tennerela e treponema. A microbiota da supragengival mais interna e subgengival sobrevive dos componentes do fluido crevicular e componentes resultantes da destruição dos tecidos periodontais. Quando tem-se a maturação do biofilme, com resposta inflamatória e as bactérias utilizando esses substratos protéicos derivados da inflamação. Quando tem o patógeno pedra-angular em um hospedeiro suscetível que desregula a resposta imune e leva ao aumento do n° de m-o total, m-o patobiontes (m-o não patogênicos que passam a expressar fatores de virulência) com consequente rompimento da homeostase tecidual levando à destruição. Biofilme da Placa Supragengival Placa formada sobre superfícies naturais e artificiais que não difere de modo significativo em estrutura ou em microbiologia, mostrando que pelo menos alguns dos mecanismos envolvidos na formação da placa não estão relacionados à natureza da superfície sólida a ser colonizada. Entretanto, existem pequenas diferenças na composição química da primeira camada de material orgânico formada sobre as superfícies artificiais. As superfícies dentárias (esmalte e cemento exposto) são recobertas por uma fina película adquirida. Caso seja removida, por exemplo, por instrumentação mecânica, irá ser formada novamente em poucos minutos. Composta por microrganismos da placa, saliva e exsudato gengival. Entre os Cocos Gram positivos tem um componente fibrilar e entre os Gram negativos pequenas vesículas envoltas por uma membrana trilaminar. O primeiro material celular a aderir à película sobre a superfície do dente ou a outras superfícies sólidas consiste em cocos, células epiteliais e leucócitos polimorfonucleares. Aparentemente, a aderência dos microrganismos a superfícies sólidas ocorre em dois passos: um estágio reversível que a bactéria adere fracamente e estágio irreversível, o qual a aderência se torna consolidada. Cocos e bastonetes curtos Gram-positivos predominam na superfície do dente, enquanto bastonetes e filamentosos Gram-negativos, bem como espiroquetas, predominam na superfície externa da massa da placa madura. O crescimento bacteriano pode ser iniciado por m-o abrigados em pequenas irregularidades, nas quais estão protegidas da limpeza natural da superfície dos dentes. Além disso, alguns organismos estão aptos a crescerem em colônias já estabelecidas, de modo que diferentes espécies se tornem aderidas à superfície dentária ou aos m-o já existentes em que podem se beneficiar um do outro, aumentando a complexidade da placa. Um exemplo são as configurações de espiga de milho resultantes do crescimento de cocos na superfície de microrganismos filamentosos. Biofilme da Placa Subgengival A placa subgengival, originalmente, está entre os tecido moles da gengiva e os tecidos duros do dente. Existem poucos estudos sobre sua estrutura interna em humano devido a dificuldade de obter amostras preservadas em sua posição original. A placa subgengival se assemelha à supragengival, embora os tipos de microrganismos predominantes variem consideravelmente daqueles encontrados na porção coronária e margem gengival. Um denso acúmulo de microrganismos é visto adjacente ao material cuticular que recobre a superfície dentária. As bactérias compreendem cocos Gram+ e Gram-, bastonetes e organismos filamentosos, espiroquetas e organismos flagelados, principalmente na porção apical da placa. A camada superficial é menos densa, e os leucócitos estão entre a placa e a camada epitelial do sulco gengival. Bactérias localizadas na porção subgengival possuem a capacidade de invadir túbulos dentinários, as aberturas que se tornaram expostas como consequência de uma reabsorção inflamatória dirigida ao cemento. Esse meio ambiente pode servir como fonte de recolonização bacteriana do espaço subgengival após o tratamento de doença periodontal. Hipótese dos complexos microbianos subgengival Vermelho: bolsas periodontais profundas sangrantes Laranja: bolsas periodontais profundas não sangrantes Azul: colonizadores primários na película adquirida Relações das bactérias no biofilme dental Co-agregação potente fator etiológico durante o desenvolvimento da comunidade Receptores na película adquirida para diferentes glicoproteínas e para outras bactérias. Evolução da microbiota bucal ao longo da vida do hospedeiro Antes do nascimento: ambiente estéril Horas após: microbiota transitória proveniente do canal vaginal (Streptococcus, lactobacillus, difteróides, enterobactérias, vírus) Pós nascimento: colonização por m-o mais adaptáveis ao ambiente bucal, proveniente de microbiota bucal contactantes, principalmente da mãe. OBS: streptococcus salivarius, oralis e mitis são colonizadores primários que alteram o microambiente oral e facilitam a colonização por outros gêneros, produzindo polímeros extracelulares de sacarose no qual as outras espécies conseguem se aderir. Primeiro ano de vida: estreptococos estafilococos, Neisseria, anaeróbios gram - como Veillonella spp em maior frequência. Após erupção:a arquitetura gera um ambiente anaeróbio, bactérias tem adesão na superfície do esmalte, aumenta a diversidade e complexidade da microbiota bucal que passa a ser predominantemente anaeróbia devido à presença de nichos onde há baixa tensão de O2, como o sulco gengival, áreas interproximais e fissuras do esmalte. Bact. que se aderem a superfície dos dentes: gram + = S. sanguinis, S. oralis, S. mutans, lactobacillus Bact. que se aderem ao espaço subgengival: gram - = Neisseria, porfiromonas Puberdade: mudanças hormonais alteram o microbioma oral aumentando a complexidade, há introdução de Spirochaetes, Veillonella, Prevotella. Senilidade: perda total dos dentes, microbiota oral similar a crianças antes da erupção (bact. de ambiente com pH neutro e aeróbias).Se houver presença de próteses pode haver o aumento da % de candida spp. Estabelecimento do microbioma oral e idade cronológica = janela de infectividade Fatores que afetam o equilíbrio e homeostase da microbiota oral: - Fatores intrínsecos: deficiência de células do SI, mudanças hormonais (gravidez, puberdade), alteração anatômica/fisiológica da mucosa oral (recessão gengival), alterações genéticas e queda dos anticorpos salivares.
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