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Revista Jurídica Consulex nº 300 André da Silva Ordacgy Defensor Público da União, Titular do Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva no Rio de Janeiro. Coordenador Regional Sudeste do Instituto Brasileiro de Advocacia Pública e Membro da Comissão Especial de Processos Coletivos da Secretaria de Reforma do Judiciário. Mestre em Estado, Direito e Justiça pela Universidade Estácio de Sá. [a-] [A+] 15/7/2009 OS DIREITOS HUMANOS E A SEGURANÇA PÚBLICA O CASO DA EXECUÇÃO DOS TRÊS JOVENS DO MORRO DA PROVIDÊNCIA A proximidade da 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública, a realizar-se em agosto deste ano, sob iniciativa do Ministério da Justiça, bem como o aniversário de um ano, completado em junho passado, da morte violenta e indigna dos três jovens do Morro da Providência (na cidade do Rio de Janeiro), por meio de conduta altamente reprovável, praticada por militares do Exército Brasileiro com utilização do aparato estatal, demonstram a atualidade do presente tema, ainda mais quando enriquecido pela análise crítica de um caso concreto de grande relevância para a discussão dos Direitos Humanos no Brasil. O caso da execução dos três jovens do Morro da Providência é emblemático para a discussão dos Direitos Humanos. A uma, porque o Rio de Janeiro é uma das principais metrópoles e, portanto, vitrine social para todo o Brasil. A duas, porque dificilmente qualquer outra cidade consegue representar tão bem a diversidade social existente no país, onde ricos e pobres moram todos bem próximos, onde bolsões de miséria convivem a poucos metros de bairros nobres, onde a extrema pobreza encontra-se encravada nos morros e favelas da elitista zona sul da “Cidade Maravilhosa”. A três, e por último, porque se tratou de caso concreto praticado com grande atrocidade, pelo próprio poder estatal, com o uso de força militar até então tida como de imagem exemplar em decorrência de excelente atuação, em segurança pública, por ocasião da ECO-92. Ou seja, tratou-se de delito atroz praticado pelo próprio Estado, que, em última análise, deveria ser o primeiro encarregado da proteção dos direitos humanos fundamentais, cuja repercussão alcançou o mundo inteiro por meio da mídia. Para melhor compreensão do caso, faz-se necessário detalhar os fatos conforme ocorreram, com a maior fidelidade possível. O Exército vinha atuando no Morro da Providência desde dezembro de 2007, num projeto denominado “Cimento Social”, que objetivava a reforma das modestas casas na citada localidade, por força de um convênio com o Ministério das Cidades. De acordo com a Lei Complementar nº 97/99, que regulamenta o § 1º do art. 142 da Constituição da República1, caberia ao Exército, como atribuição subsidiária particular, dentre outras, cooperar com órgãos públicos federais, estaduais e municipais e, excepcionalmente, com empresas privadas, na execução de obras e serviços de engenharia, sendo os recursos advindos do órgão solicitante (inc. II, art. 17A, da LC nº 97/99). Vale destacar que inexistia entre as atribuições subsidiárias particulares, previstas no art. 17A da citada Lei Complementar, qualquer autorizativo legal para o Exército exercer a segurança pública, função essa expressamente atribuída pela Constituição da República, no art. 144, com exclusividade, à Polícia Federal, à Polícia Rodoviária Federal, à Polícia Ferroviária Federal, à Polícia Civil, à Polícia Militar2 e ao Corpo de Bombeiros, obviamente cada qual dentro de sua área de competência. Os §§ 2º ao 7º do art. 15 da LC nº 97/99 traçam a única hipótese em que se admite a atuação das Forças Armadas na segurança pública, para garantia da lei e da ordem, sendo esta entendida pela doutrina como hipótese de exercício da segurança pública: quando esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da Constituição Federal. E, de acordo com o § 3º, isso somente vai ocorrer quando, em determinado momento, forem eles formalmente reconhecidos pelo respectivo Chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual como indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão constitucional. Ainda assim, essa atuação dar-se-á de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado (§ 4º). Feitas essas considerações gerais, convém agora apontar os fatos de grande relevância, inclusive motivadores da propositura da necessária ação civil pública por parte da Defensoria Pública da União3, para a retirada imediata do Exército da área do Morro da Providência: a trágica morte de três jovens moradores do local (David, Wellington e Marcos), que foram entregues por militares do Exército aos traficantes do Morro da Mineira (dominado por uma facção rival, ADA – Amigos dos Amigos), para serem torturados e, após, brutalmente executados. Segundo as investigações efetuadas pela Polícia Civil e noticiadas pela mídia, no dia 14 de junho de 2008, ao alvorecer do dia, os militares abordaram os três jovens, supostamente porque um deles tinha na cintura um volume semelhante ao de uma arma. Eles tinham acabado de descer de um táxi, acompanhados de uma moça. Os militares os revistaram e encontraram apenas um celular. Porém, após a revista, os três jovens e outras pessoas que se juntaram ao redor começaram a protestar. Segundo os militares, houve troca de ofensas que culminou com a detenção dos três por desacato, motivo pelo qual foram levados ao quartel da Companhia de Comando. Ouvidos pelo capitão que respondia pela Delegacia Judiciária Militar do Quartel, os três foram liberados em seguida, sob o entendimento de que não havia ocorrência de qualquer delito. Entretanto, o tenente que chefiava o grupo de dez militares encarregados de liberar os três jovens não se conformou com a decisão do seu oficial superior, decidindo então aplicar um “corretivo exemplar” aos três, razão pela qual os levou ao Morro da Mineira, dominado pela facção ADA (Amigos dos Amigos), inimiga da facção CV (Comando Vermelho), que atua no Morro da Providência. David, Wellington e Marcos desapareceram e os corpos dos três foram encontrados no domingo, em um aterro sanitário em Duque de Caxias (Município vizinho), com evidentes sinais de tortura (membros do corpo decepados e tiros em várias partes dos corpos). No ensaiado discurso oficial, o Exército descreveu sua atuação no Morro da Providência, centro do Rio, como uma ação de apoio, na qual a tropa apenas faria a segurança dos canteiros de obras e dos operários do projeto “Cimento Social”, ou seja, apenas segurança patrimonial. Nos documentos internos, porém, o assunto foi tratado como Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e descrito como “Manutenção da Ordem e da Segurança Pública no Estado do Rio”. As informações sobre o perfil da ação do Exército no morro constavam do texto “Procedimentos Operacionais Padrão e Regras de Engajamento à Operação Cimento Social”, de dezembro, assinado pelo então comandante da 9ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército. No referido documento do Exército, o que se notou foram regras para uma típica operação de ocupação militar da comunidade. Não há referência à segurança dos canteiros de obras ou dos operários. Previa-se, inclusive, a reação dos militares diante de situações como hostilidade dos moradores, encontro de pessoas armadas ou de cadáveres, arremesso de granadas contra a tropa, e a revista de suspeitos, entre outras. A recomendação básica era para não aceitar provocações. Determinou-se o respeito às leis e que “a força somente deverá ser empregada quando esgotados os meios pacíficos de resolução do conflito”. Ora, consoante exposto anteriormente, existe uma diferença gritante entre atribuição subsidiária particular e Operação GLO (segurança pública). De acordo com os parágrafos do art. 15 da Lei Complementar nº 97/99, para realizar uma Operação GLO, na qual se desenvolve o trabalho de segurança pública,o Exército dependeria do reconhecimento formal do Chefe do Poder Executivo Estadual (Governador do Estado do Rio de Janeiro) de que as Polícias Militar e Civil encontravam-se indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão constitucional de prestar a segurança pública no Morro da Providência. Ainda assim, essa atuação dar-se- ia de forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado. De acordo com o Comando do Exército, para a realização de uma operação de segurança, seria necessária “a determinação do Presidente da República e a aprovação do Congresso Nacional”. Em maio de 2007, o então 3º Subchefe do Estado Maior do Exército (EME), no simpósio “As Forças Armadas e a Segurança Pública”, deixou claro que “qualquer outro arranjo” para a utilização das Forças Armadas em defesa da Garantia da Lei e da Ordem “implica riscos ao Estado de Direito e às próprias Forças Armadas”, conforme noticiado pela mídia. Não há qualquer dúvida de que o Exército efetuava a segurança pública naquela região (Morro da Providência e adjacências), em flagrante contrariedade à Constituição e à Lei Complementar nº 97/99, o que restou evidente até pela blitz que os militares empreenderam nos três jovens, com revista pessoal e em horário incomum (madrugada de sexta-feira para sábado), sem qualquer ligação com obras em andamento na comunidade. Para realizar esse tipo de atividade, o Exército dependeria de autorização formal do Governador do Estado do Rio de Janeiro, o que de fato não ocorreu. Pelo contrário, desde o dia 27.05.08, ou seja, cerca de duas semanas antes da trágica ocorrência, o Secretário Estadual de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro criticava, na Câmara dos Deputados, a realização de obras pelo Exército no Morro da Providência, bem como afirmava que o Exército não estava preparado para fazer policiamento ostensivo (segurança pública), visto que não havia preocupação com o bem-estar da população, mas sim comprometimento com a segurança dos próprios militares apenas, tudo conforme noticiado pela mídia. A Carta-Cidadã de 1988 especifica claramente que a segurança pública incumbe ao Estado. O Exército pode exercer o trabalho de engenharia, nos moldes do autorizativo previsto no art. 17A da LC nº 97/99, mas a atribuição do policiamento ostensivo pertence ao Estado. E este caso dos três jovens moradores do Morro da Providência demonstrou a inabilidade do Exército para lidar com a questão. Por outro lado, deixou claro que as experiências de policiamento ostensivo por militares somente ocorrem em áreas mais pobres, desprovidas da devida proteção e garantia de direitos. Será que seria autorizado aos militares do Exército policiar as urbanizadas ruas da zona sul do Rio de Janeiro? Será que revistariam jovens de classe alta na saída de uma boate e ainda por cima os levariam detidos para o quartel mais próximo? Haveria tratamento isonômico? Os pobres poderiam se socorrer da via judicial, com efetivo acesso à justiça, para a defesa dos seus direitos? Nesse sentido, Leonardo Greco leciona, com base no direito comparado, que o acesso à justiça, como proteção judicial dos direitos fundamentais, tem como antecedente lógico o efetivo acesso ao direito, compreendido este como a investidura do cidadão diretamente no gozo de seus direitos mais básicos e fundamentais. Dessa forma, para propiciar ao cidadão o acesso ao direito, para que ele, em decorrência, obtenha acesso à justiça de forma substancial, é necessário que o Estado desenvolva, com absoluta eficiência, uma série de atividades consideradas de natureza essencial, tais como: educação, saúde, sobrevivência e existência condignas, acesso ao trabalho lícito, erradicação da miséria, segurança pública, dentre outras. Outrossim, ainda de acordo com Leonardo Greco, o acesso ao direito nas sociedades modernas exige o fortalecimento dos grupos intermediários e do associativismo, por meio de sindicatos, associações e outras organizações, além de instituições como a Defensoria Pública e o Ministério Público, como forma de compensar o desequilíbrio entre o indivíduo e os poderosos grupos que se encontram em posição de vantagem. Somente conscientizando o cidadão dos seus direitos e deveres sociais, bem como dos valores humanos fundamentais, mediante uma política estatal de inclusão social, é que o indivíduo estará apto a acessar a justiça. Isso porque a população, notadamente nas periferias e favelas, cercada pela miséria e intimidada pelo medo, não desfrutará dos seus direitos fundamentais, com mínima eficácia concreta, sem que o Estado lhe proporcione o acesso aos seus direitos sociais básicos.4 UM SUPOSTO DESACATO QUE SE TRANSFORMOU EM CASO DE GRAVE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS Em circunstâncias normais, os jovens detidos por suposto desacato deveriam ter sido encaminhados a uma Delegacia de Polícia, para lavratura de termo circunstanciado de comparecimento ao Juizado Especial e imediata soltura. Isto, porém, transformou-se em caso grave de violação aos Direitos Humanos. Não se pode deixar de ter em mente as oportunas palavras de Flávia Ferrer, de que “o direito à segurança, previsto no art. 6o da Constituição Federal como um dos direitos sociais, é composto de variados aspectos, como a segurança nas relações de consumo, a segurança frente à opressão estatal (direitos fundamentais do indivíduo), a segurança social (das relações sociais), a segurança nacional, a segurança pública interna”5 sendo este último aspecto definido por José Afonso da Silva como “uma atividade de vigilância, prevenção e repressão de condutas delituosas”, volvida à manutenção e à preservação de uma situação de “pacífica convivência social, isenta de ameaça de violência”6. Adicione-se, ainda, a lição de Daniel Sarmento de que “existe uma difundida ideia de que os direitos individuais, ditos de primeira geração, são direitos de defesa, enquanto os direitos sociais constituem direitos prestacionais. Porém, verifica-se que a questão é mais complexa, quando se constata que os direitos individuais podem envolver prestações comissivas – como vimos ao estudar os chamados ‘deveres de proteção’ –, da mesma forma que os direitos sociais frequentemente abrangem também obrigações negativas. (...) A dimensão defensiva dos direitos sociais identifica-se com a exigência de abstenção de condutas que possam lesionar ou ameaçar os bens jurídicos por eles tutelados”.7 De tais ensinamentos depreende-se que o Estado (no sentido de ente político, não no de ente federativo) tem o dever de se abster de condutas que possam causar ameaça ou danos ao direito social “segurança pública” – no entanto, a União Federal, ao tomar para si a execução da segurança pública no Morro da Providência, por meio do Exército Brasileiro, em cabal afronta ao texto constitucional e à legislação infraconstitucional, como anteriormente demonstrado, violou gravemente tal dever de abstenção. O resultado da referida violação – em oposição ao desejo do constituinte pela efetividade do direito social à segurança pública – é a criação de uma situação de conflituosa convivência social, que terminou por desaguar na brutal execução de três jovens. Com base em tais considerações, a Defensoria Pública da União, instituição legítima para representar a coletividade e promover ação civil pública (por força da novel Lei nº 11.448/07, que introduziu a Defensoria Pública no rol de legitimados do art. 5º da Lei nº 7.347/85), ajuizou na Justiça Federal do Rio de Janeiro uma ação civil pública, a qual veio a ser protocolada sob o nº 2008.51.01.009581-8 (18ª Vara Federal da Capital), e que obteve liminar antecipatória para imediata retirada do Exército do Morro da Providência, com a mantença apenas do pessoal técnico encarregado pela execução do projeto de reforma das casas. Recentemente, em março passado, foi publicada a sentença, sem resolução de mérito, no referido processo, em virtude da falta supervenientedo interesse de agir, por perda do objeto, ante o embargo das obras no Morro da Providência, por ordem da Justiça Eleitoral, e a efetiva retirada do Exército daquela localidade. Em verdade, aprioristicamente, todos os brasileiros possuem direito à segurança pública, a ser prestada adequadamente pelo órgão público competente, de modo que coube, no caso da citada ação civil pública, tão somente a demonstração de sua usurpação pelo Exército, fora das hipóteses constitucionais e legais. O dano irreparável defluiu inexoravelmente da natureza da pretensão, qual seja, o direito à segurança pública, a ser prestada pelo órgão competente constitucionalmente para essa finalidade, o que em última análise visa à preservação da vida humana. Consoante já se ressaltou anteriormente, o Exército não havia demonstrado assumir qualquer compromisso com o bem-estar da população, mas apenas com a segurança dos seus servidores militares, o que desvirtua toda a sistemática da segurança pública, demonstrando-se, claramente, a possibilidade concreta de que vidas humanas viessem a se perder como resultado de uma equivocada política de segurança pública. Espera-se que o legado de violação dos Direitos Humanos, deixado pelo triste caso dos três jovens do Morro da Providência, possa ser sempre lembrado para uma adequada implementação de política de segurança pública no Brasil, voltada principalmente para a inclusão social e para o perfeito trato do ser humano. NOTAS 1 Constituição da República. “Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. (...) § 1º Lei Complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas. 2 De acordo com a redação dos §§ 5º e 6º do art. 144 da Constituição da República, incumbe à Polícia Militar o exercício da polícia ostensiva e a preservação da ordem pública, subordinando-se aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. 3 A Defensoria Pública da União, instituição legítima para representar a coletividade e promover ação civil pública (por força da novel Lei nº 11.448/07, que introduziu a Defensoria Pública no rol de legitimados do art. 5º da Lei nº 7.347/85 – Lei de Ação Civil Pública), ajuizou na Justiça Federal do Rio de Janeiro uma Ação Civil Pública, sob o nº 2008.51.01.009581-8 (18ª Vara Federal da Capital), que obteve liminar para imediata retirada do Exército do Morro da Providência. A referida ação civil pública foi promovida pelo titular do Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva da Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro, ora autor deste artigo, o qual contou com o relevante auxílio do Defensor Público da União Eduardo Piragibe, à época assessor voluntário, na elaboração da peça exordial. 4 GRECO, Leonardo. O Acesso ao Direito e à Justiça. Rio de Janeiro: JurisPoiesis – Revista dos Cursos de Direito da Universidade Estácio de Sá, ano 7, nº 6, 2004, pp. 51 e segs. 5 In: A Efetividade dos Direitos Sociais. Lumen Juris, 2004, p. 336. 6 Apud Flavia Ferrer. Ob. cit., p. 337. 7 In: Direitos Fundamentais e Relações Privadas. Lumen Juris, 2004, pp. 334-335.