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CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS ANÁLISE CRIMINAL 1 Raízes Sociais e Históricas do problema do crime 1 SOCIOLOGIA DO CRIME Problema social: não existe sociedade sem formas de desvio; Problema público: - Custo do crime: valor gasto c/ segurança pública / atendimento médico / seg. privada. - Vítimas do crime: deterioração da qualidade de vida. “Presídio”- modelo qualidade residencial. - O medo: é maior em quem não experimentou diretamente a violência. O Crime na Idade Média 2 SOCIOLOGIA DO CRIME Era comum na Inglaterra brigas violentas e morte por assaltos; Muitos homicídios deviam-se a brigas com vizinhos (10 a 20% a ladrões e bandidos); A população inglesa era predominantemente rural (90%) – Londres 35.000 hab. – Oxford 7.000 hab. = homicídios: Londres 12 / Oxford 110; Perfil de vítimas de Oxford parecia com as de hoje: masculino e de baixo status; O Crime na Idade Média 2 SOCIOLOGIA DO CRIME Aparecimento de armas (Sec. XVI e XVII) – 7% mortes. Crimes contra patrimônio 69% e contra pessoa 12%. No Sec.XX – 90% contra patrimônio; Verifica-se um declínio no Sec. XIX e XX. A explicação seria dada pelos efeitos civilizadores (religião, educação e movimentos em relação a temperança [diminuir volume de álcool]); Taxas Americanas 3 SOCIOLOGIA DO CRIME Diferença nas taxas entre raças. Homicídio: negros - 7,5 / brancos - 2,8. Explicação: incorporação de brancos no mercado de trabalho / exclusão dos negros; Continua aumentando: Influências psicoculturais: mais acentuados no sul do que no norte ou ainda a ANOMIA Variáveis econômicas: Preço do grão. Roubos. Teoria das oportunidades; Europa 4 SOCIOLOGIA DO CRIME Componente político: violência coletiva. Responsável pela origem da polícia. Paradoxalmente é inseparável da consolidação das democracias ocidentais; A civilização ocidental era bárbara e muito violenta. Mov. Revolucinários na Europa. Inglaterra reconhecia legítimo o “direito a resistência”; Europa 4 SOCIOLOGIA DO CRIME Memória seletiva p/ a violência: história é escrita pelos vencedores; história é narrada em torno de grandes personalidades e não de massa insurretas; Mudanças na estrutura de poder: conflitos em que alguns grupos ganham poder e outros perdem; Europa 4 SOCIOLOGIA DO CRIME Tipos de violência coletiva: 1) PRIMITIVA: violência de pequena escala; 2) REACIONÁRIA: reação a ameaça de direitos adquiridos; 3) MODERNA: envolve identidade política e associativa – “classes trabalhadoras” – criação da polícia em Londres; Urbanização favorece ao movimento: 1) formação de blocos homogêneos; 2) agrupamentos de interesse; 3) massas que ameaçam autoridades (classes perigosas); A França no Século XIX 5 SOCIOLOGIA DO CRIME A crença de que o crime estava relacionado ao aparecimento das “classes perigosas”; A população estava escapando daquilo que Max chamava de “idiotia da vida rural”. O nº de pessoas que passam a viver em área urbana triplicou. Novo repertório de protestos: greves; reuniões de massa; petições e movimentos sociais. A emergência de uma cultura menos violenta 6 SOCIOLOGIA DO CRIME O “processo civilizatório” contribuiu p/ diminuição das penas (amputações, enforcamentos e espetáculo público); A emergência de ideais cavalheirescos torna valores como auto-controle e debates intelectuais mais importantes do que os físicos; Emergências dos Estados Modernos – monopólio da violência retirada dos nobres e concentram-se nos monarcas (Henrique VII iniciou o desarmamento dos nobres); A emergência de uma cultura menos violenta 6 SOCIOLOGIA DO CRIME Centralização de poder – íntegra do processo civilizatório (vigilância, controle e urbanização); Ascensão dos sistemas de vigilância – vem de encontro a teoria da dissuasão e das Oportunidades. A expansão dos Estados Vigilantes 7 SOCIOLOGIA DO CRIME A partir de um regimento de elite do Exército Francês (a Maréchaussée) foi criada a Polícia Francesa que serviu como polícia militar rural e guarda-costas de Napoleão. No séc. XIX as atividades dessa gens d´armes (gendarmerie) declina e passam a cuidar do policiamento. Eram uniformizados p/ “lembrar ao público a presença do policial”; A expansão dos Estados Vigilantes 7 SOCIOLOGIA DO CRIME O surgimento da polícia envolvia, além do controle do crime: 1) vigilância, controle e repressão a ação coletiva; 2) rotina de inspeções a relatos regulares; 3) vigilância antecipatória; Os estados-nações modernos caracterizam-se pela expansão de controle sobre as populações; Análise das taxas de crime 8 SOCIOLOGIA DO CRIME Estudos de Gillis*, ao avaliar o crime, verifica que a urbanização tem uma grande influência; Porque as taxas de crime variam? Devido a fatores que afetam a escolha entre crimes e suas alternativas: 1) Predisposições pessoais; 2) Forças socializantes da família, pares e escola; 3) Reforços proporcionados pela comunidade; 4) Arranjos institucionais (mesma articulação PM X PC); * GILLIS, A.R. (1989). “Crime and State Surveillance in Nineteenth-Century France”. Análise das taxas de crime 8 SOCIOLOGIA DO CRIME Existem 3 tipos de mudanças acarretados por estes fatores: 1) Prevalência do crime: na proporção da população que comete crimes; 2) Incidência do crime: no nº de delitos cometidos por um dado criminoso por ano; 3) Duração da carreira criminosa: no nº de anos em que o criminoso esta ativo. Análise das taxas de crime 8 SOCIOLOGIA DO CRIME Quais as variáveis fundamentais? Oportunidade: taxas em virtude de mudanças na densidade das oportunidades que facilitam ou dificultam o acesso e a penetração da criminalidade (urbanização); Valores do crime: a) Valor material do saque: condição de revenda / dificuldade de rouba-lo / escassez no mercado; Análise das taxas de crime 8 SOCIOLOGIA DO CRIME Quais as variáveis fundamentais? 2) Valores do crime: b) Recompensas psíquicas: um deles é o sentido de igualdade – acesso às oportunidades limitado – desenvolve justificativa p/ crime; c) Consciência: depende da moralidade de uma sociedade e de como ela será introjetada pelos seus indivíduos (família, escola, etc.); Análise das taxas de crime 8 SOCIOLOGIA DO CRIME Quais as variáveis fundamentais? 3) O timing entre o crime cometido e a punição associada a ele; 4) O valor do não crime. Análise das taxas de crime 8 SOCIOLOGIA DO CRIME As taxas criminais aumentam quando as oportunidades criminais são mais densas, mais valiosas e mais acessíveis. Isto cresce em uma proporção maior quando jovens se tornam criminosos, menos inibidos por problemas de consciência, mais impulsivos e menos persuadidos pela distribuição de riquezas. Análise das taxas de crime 8 SOCIOLOGIA DO CRIME As taxas de crimes são, portanto, afetadas por: Mudanças na estrutura etária: jovens que venham a ser mais agressivos e agem em função do curto prazo; Mudanças nos benefícios do crime (acesso, desidade e valor das oportunidades) e custos (risco de punição / custo de estar fora da escola ou trabalho); Análise das taxas de crime 8 SOCIOLOGIA DO CRIME As taxas de crimes são, portanto, afetadas por: c) Investimento da sociedade em incutir um auto-controle sobre as pessoas (escolas, igrejas e mídia), de tal forma que sejam capazes de postergar seus ganhos mais imediatos via ação criminosa. PRINCIPAIS TEORIAS CRIMINAIS LOMBROSO ECOLÓGICA ANOMIA MARXISTA CONTROLE SOCIAL RÓTULOS APRENDIZADO / ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL TEORIAS CRIMINAIS Avançar TEORIAS CRIMINAIS 1. BIOQUÍMICA Também conhecida pelos seguintes nomes: Biológica, constitucional (em relação à constituição física, estrutura morfológica do corpo), genética, e criminologia antropológica. O campo mais antigo é a antropologia criminal, fundada pelo pai da criminologia moderna, Cesare Lombroso, em 1876. Ele foi um dos primeiros expoentes da proposta positivista a explicar o crime. O significado de positivismo está ligado à busca pelas causas do crime empregando métodos científicos, oposto à proposta clássica, que se assentana livre vontade como principal causa do crime. Historicamente, as teorias bioquímicas tentaram estabelecer uma inferioridade biológica aos criminosos, contudo, a bioquímica moderna apenas afirma que a hereditariedade e as disfunções orgânicas produzem uma pré-disposição para o crime. TEORIAS CRIMINAIS 3. ECOLÓGICA Desenvolvida nos anos 20, no departamento de Sociologia da Universidade de Chicago. A teoria ecológica é o estudo da relação entre o organismo e o seu ambiente, e explica o crime como resultado das áreas desorganizadas onde as pessoas vivem, e não em razão do tipo de pessoa que vive naquela área. 2. CRIMINOLOGIA PSICOLÓGICA Apresentada no ano de 1914, tenta explicar a tendência criminosa por uma diferença de oito pontos entre o QI de um criminoso e o de um não criminoso. Tal lacuna não é suficiente para ser notada, mas torna o indivíduo mais impulsivo, assumindo riscos desnecessários, e mesmo as pessoas inteligentes, com o QI alto, se expõem ao comportamento negligente. Outros psico-criminologistas centram seus estudos nas desordens de personalidade, tais como psicopatas, sociopatas e personalidades anti-sociais. TEORIAS CRIMINAIS 4. ANOMIA Apresentada pelo pai da sociologia moderna Emile Durkheim (1858-1917), esta teoria vê o crime como resultado normal em uma sociedade que vive o “American Dream”, na qual as pessoas estabelecem suas aspirações (de riqueza, educação, trabalho, ou qualquer símbolo de status) em um nível muito alto. Inevitavelmente, indivíduos dessa sociedade não encontram o caminho normal, ou socialmente aceito para se alcançar tais aspirações. Assim, buscam meios não convencionais para realizar suas aspirações. Duas coisas, nesse caso, podem ser feitas para que o crime não ocorra: reduzir as aspirações ou aumentar as oportunidades. TEORIAS CRIMINAIS 5. APRENDIZADO Segue o modelo apresentado por Edwin Sutherland, que desenvolveu a teoria da “Associação Diferencial”, em 1947, segundo a qual o crime é aprendido, ou o comportamento criminoso é imitado por outros. A teoria do aprendizado é mais que isso, envolve a análise do que é positivo ou negativamente compensador (reforço) para o indivíduo. TEORIAS CRIMINAIS 6. CONTROLE Enfoca a relação das pessoas e seus agentes de socialização, tais como pais, professores, sacerdotes, policiais, etc. Estuda com que eficiência a ligação com tais autoridades se traduz em ligação com a sociedade, e, desta forma, mantém as pessoas dentro das normas sociais. TEORIAS CRIMINAIS 7. RÓTULO Esta teoria defende que o crime é o resultado da rotulação estampada pelo próprio Estado, através de seu sistema punitivo, rotulando o indivíduo que, inicialmente, apresentou algum comportamento desviante menor, ou infringiu alguma norma social menos relevante. O argumento desta teoria é que qualquer um submetido a uma rotulação social extremamente negativa, irá assumi-la e reforçá-la, ao mesmo tempo em que a sociedade também o faz. TEORIAS CRIMINAIS 8 . MARXISTA Critica a sociedade capitalista que permite existir milionários de um lado, enquanto a grande maioria da população se constitui de pobres e miseráveis. Tal disparidade econômica reflete contradições básicas na forma em que o trabalho é organizado em condições brutalizadas, desmoralizadas e opressivas. O crime é visto como o reflexo de uma luta de classes, um tipo de rebelião primitiva, na qual os criminosos se comportam como rebeldes sem causa. OPORTUNIDADES E CRIME TEORIA DAS OPORTUNIDADES A teoria das oportunidades é uma teoria que propõe a motivação da ação criminosa em virtude de aspectos do ambiente, a existência de um alvo fácil, a falta de vigilância efetiva e a presença de um Agente motivado a cometer uma ação criminosa Racionalidade e Crimes Teoria das Oportunidades Mundo do Crime Criminosos Motivados ou atraídos para alvos que trazem mais benefícios e envolvem menores custos Mercado Análogo ao Mercado Econômico Vítimas potenciais Motivados para diminuir os benefícios da ação criminosa (segurança privada, cães, etc.) INTERAGEM PASSARELA DO METRÔ DA LAGOINHA VIADUTO DA LAGOINHA VIADUTO DA LAGOINHA RUA AARÃO REIS Intervencao urbanistica na prevencao do crime Espaco defensivo Design ambiental “Para que um crime ocorra, criminosos, vítimas devem estar num mesmo lugar”. Teoria das Atividades Rotineiras A idéia básica é que o comportamento das vítimas explicaria a ocorrência do crime e, para um crime ocorrer, seria necessário a ocorrência de três elementos: Um ofensor motivado; A existência de um alvo; A ausência de um guardião Estes três elementos DEVEM se convergir no tempo e no espaço para formular a “química” necessário do crime. Abordagem das atividades de rotina CONVERGÊNCIA NO TEMPO E NO ESPAÇO AMBIENTE FAVORÁVEL Conceber o criminoso não como receptáculo passivo de forças externas, mas como agente de suas ações. Abordagem das atividades de rotina Os fatores que mais influenciam a ocorrência de delitos urbanos são: a exposição e a proximidade entre a vítima e o agressor (alvo disponível), a sua capacidade de proteção (espaço urbano coletivo ou privado), os atrativos das vítimas (ofensor motivado e alvo disponível) e a natureza dos delitos para os quais o ofensor se encontra motivado. Abordagem das atividades de rotina Idéias recentes - transgressores. Inserção de um controlador - uma pessoa, um terceiro envolvido, que possa influenciar o comportamento do transgressor. Abordagem das atividades de rotina “A oportunidade de um crime acontecer é reduzida quando alvos estão supervisionados por guardiões, criminosos por manipuladores e, lugares por gerentes”. (Felson, 1995) Objetivo/Víctima Vigilante/Guardián Controlador Agresor/Victimario Responsable Lugar Abordagem das atividades de rotina O “triângulo” do crime nos ajuda a pensar a análise e a solução de problemas através das causas do crime, da perspectiva da teoria das atividades rotineiras, e dos mecanismos que podem influenciar as suas causas bem como sua prevenção. Aqueles que cometem um crime e as vítimas, vêm de algum lugar (casa, trabalho, escola). Este lugar pode ser a mesma localizacao onde o crime aconteceu ou muito próxima. Por isto, o “lugar” possui um papel importante na compreensão do crime e na forma como prevení-lo. Reconhecer “onde”, “quando” e “como” os crimes ocorrem proporcionam mecanismos para prevenção situacional de crimes (Teoria do Padrão de Crime) (AR + ER). Abordagem das atividades de rotina Modelo da Escolha Racional Motivos imediatos e intenções; Humores e emoções; Julgamentos morais a respeito do ato em questão; Percepção das oportunidades criminais e a habilidade de tomar vantagem da situação; Avaliação dos riscos de ser apanhado bem como das prováveis consequencias. TÉCNICAS DE REDUÇÃO DE CRIMINALIDADE image2.png image3.png image4.png image5.png image6.png image7.jpeg image8.png image9.emf Incremento Esforços Percebidos Incremento Riscos Percebidos Reduzindo Recompensas Antecipadas Removendo Desculpas 1. Dificultando alvos Barreiras físicas Fechaduras Monitores 5. Peneirando Entrada/Saída Tickets ingresso Peneirando malas Etiquetas 9. Remoção Alvos CD removíveis Crtões telefone 13. Ambiente regras 2. Controle de Acesso Barreiras Interfones Cercas 6. Vigilância Formal Câmaras Alarmes Guardas de segurança Bafômetros 10. Identificando propriedades Marcas propriedades Licenciamento de veículos 14. Estimulando consciência 3. Afastando Ofensores Localização ponto ônibus Locação de bares Ruas fechadas 7. Vigilância por empregados Locação telefones públicos Funcionários estacionamento Sistema TV 11. Reduzindo tentações Reparos rápidos (broken windows) 15. Controlando desinibidores Regulando uso bebida alcoólicas entre menores 4. Controlando Facilitadores Fotos cartões Controle de armas Binas 8. Vigilância Natural Espaço defensivos Luz nas ruas Identificação 12. Negando benefícios Limpezade graffiti (pixação) 16. Facilitando obediência Facilitando checkout Banheiros públicos