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SEMINÁRIO DE HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA Copyright 2022 – Todos os Direitos Reservados à Cruzeiro do Sul Virtual. Produção Editorial: É proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, inclusive quanto às características grá�cas e/ou editoriais. A violação de direitos autorais constitui crime (Código Penal, art. 184 e Parágrafos, e Lei nº 6.895, de 17/12/1980). DITADURAS FASCISTAS PERÍODO ENTRE E ASCENSÃO DAS GUERRAS Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Dra. Andrea Borelli Revisão Textual: Prof.ª Rosemary Toffoli Esp. Aline Gonçalves da Silva ORIENTAÇÕES DE ESTUDO Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação pro�ssional, siga algumas recomendações básicas: Assim: para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também Material Complementar, que ampliarão sua inter Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de dis Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário �xos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos cientí�cos, livros, vídeos e sites encontrará sugestões de conteúdo extra no item pretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; cussão, pois irão auxiliar a veri�car o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário �xo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar.Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. CONTEXTUALIZAÇÃO “A Guerra para acabar com todas as guerras!” Frase atribuída ao presidente estadunidense Woodrow Wilson. O ano de 1918 marcou o � nal da I Guerra Mundial. Primeiro o armistício, assi- nado em 11 de novembro de 1918, e, nos meses seguintes, as negociações de paz, que geraram o Tratado de Versalhes. Uma das principais � guras políticas deste momento foi o General francês Ferdinad Foch (1851-1929), que você pode ver na fotogra� a a seguir (ele é quem carrega a pasta que continha os termos do armistício), junto com os representantes do governo alemão. O termos da paz, determinados em Versalhes, não o deixaram satisfeito, que sentenciou: “Isto não é a paz. É apenas um armistício válido pelos próximos vinte anos”. Foch errou, apenas, por alguns dias.... Assinatura do Armistício – Foch (com a pasta) e a representação alemã. 55219 55219 55219 55219 55219 U ma Guerra para acabar com todas as guerras! Essa era a percepção do presiden- te estadunidense Woodrow Wilson, e de muitos de seus contempo- râneos, sobre o con� ito que � cou conhe- cido como Primeira Guerra Mundial. Foi um choque entre estados capita- listas em expansão. Foi um con� ito em que a tecnologia ganhou o campo de batalha e um dos mais violentos da His- tória, que gerou um armistício descrito pelo Gal. Ferdinand Foch como: Infelizmente, O Gal Foch acertou... O termo armistício, no contexto da I Guerra Mundial, refere-se ao acordo que terminou com os con� itos entre a Alemanha e os aliados. Contudo, não foi o único armistício da Guerra. A Bul- gária tinha assinado o � nal da guerra em setembro de 1918, a Turquia em 30 de outubro e a Áustria, em 3 de no- vembro do mesmo ano. O armistício com a Alemanha foi as- sinado em 11 de novembro de 1918, e não era o que os alemães esperavam quando iniciaram as discussões pela paz em outubro de 1918. Eles pretendiam que os pontos do ar- mistício fossem calcados nas propostas do presidente estadunidense Woodrow Wilson, os famosos 14 pontos. Apesar de essa proposta pretender estabelecer as bases de um acordo que trouxesse uma paz duradora, o armis- tício teve um caráter punitivo, já que os aliados exigiram que os alemães fos- sem completamente desarmados para impedir uma retomada das hostilida- des, contudo, o mesmo não se aplicava aos demais combatentes . A assinatura de tratado veio acompa- nhada da decisão de discutir a paz de� - nitiva e organizar a Europa para o perí- odo pós-guerra. No dia 19 de janeiro de 1919, teve início a Conferência de Paris. Compareceram representantes de diversos estados, contudo, as nego- ciações eram controladas pelos cinco grandes poderes envolvidos na guerra: os EUA, a França, a Inglaterra, a Itália e o Japão. As reuniões aconteceram em várias localidades ao redor de Paris e o princi- pal tratado, assinado com a Alemanha, nasceu de uma reunião em Versalhes. Os tratados subsequentes determi- naram o � m dos outros dois poderes O PERÍODO ENTRE GUERRAS “Isto não é a paz. É apenas um armistício válido pelos próximos vinte anos.” 55219 55219 55219 55219 55219 55219 participantes da guerra: os impérios Austro-Húngaro e Turco-Otomano. O Império Austro-Húngaro foi divi- dido em Hungria, Polônia, Iugoslávia e Áustria, e o Império Turco foi dividi- do em Protetorados Britânicos (Iraque, Jordânia e Palestina) e Protetorados Fran ceses (Síria e Líbano) . As negociações de paz ampliam as tensões entre os estados envolvidos no con� ito, pois não resolvem as questões que levaram à guerra e aprofundam a competição entre eles. A pesar de ser considerada aliada dos estados vence- dores da I Guerra, a Itália não foi favorecida pelas re- parações garantidas pelo tratado de Versalhes e, no início da década de 1920, a nação vivia uma profunda cri- se econômica. A QUESTÃO DO FASCISMO NA EUROPA: A ITÁLIA Nesse contexto, são formados, em 1919, os Fascio di Combatimento, sob o comando do carismático Benito Mussolini, um ex-militante comunista e líder do movimento. Por meio do jornal Il Popolo d’Itália, ele apresenta suas ideias sobre uma nova doutrina política para a Itália: o fascismo. O Tratado de Versalhes determinava que: • Alsácia e Lorena retornariam à França; • o carvão do Sarre seria explorado pela França; • a Alemanha deveria ceder colônias, navios e submarinos para a França, Inglaterra e Bélgica; • a Alemanha deveria reduzir seu exército a 100 mil homens e desmantelar a força aérea; • a Alemanha assumiu uma dívida de 33 bilhões de dólares; • regiões da Alemanha deveriam retornar para Polônia e Bélgica. 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 Em 1921, os fascistas conseguem ele- ger 35 deputados para o parlamento ita- liano e o Partido Nacional Fascista é o� - cialmente criado. No mesmo momento, surgiu a Milí- cia Voluntária de Segurança Nacional (Milizia Volontaria per la Sicurezza Nazionale), seus membros � caram co- nhecidos como Camisas Negras. Os Ca- misas Negras funcionavam como um grupo paramilitar e faziam uso de mé- todos violentos para calar os opositores do fascismo. No ano de 1922, Mussolini dirigiu o peso dos Camisas Negras contra o governo italiano, iniciando o que � cou conhecido como Marcha sobre Roma. Os membros da milícia a� uíram para a cidade, com o objetivo de forçar o Rei Vittorio Emanuelle a indicar Mussolini como chefe de estado. O movimento foi um sucesso e, a partir de 1922, os rumos do estado ita- liano foram ditados pelos fascistas. Em 1924, novas eleições garantiram que os fascistas obtivessem 65% dos vo- tos consolidando sua presença no go- verno, contudo, ele ainda encontrava oposições, que � caram latentes durante o Caso Matteotti. Giacomo Matteotti era uma lideran- ça socialista que havia sido eleita para o parlamento e, em 20 de maio de 1924, fez um discursoque acusava o fascismo e Mussolini de utilizarem métodos vio- lentos para calar os opositores e frau- dar a eleição. Em 10 de junho, Matteotti despareceu e seu corpo foi encontrado em uma cova rasa, em 18 de agosto do mesmo ano. As investigações sobre a morte do socialista não provaram o envolvimento de Mussolini no planejamento do crime. Contudo, a opinião popular duvidava da inocência do líder fascista, mas isso não desestabilizou o governo de Mussolini, ao contrário, ao � nal da crise, seu con- trole sobre o estado era ainda maior. “A Itália deseja paz e tranquilidade, trabalho e calma. Eu possibilitarei isso com amor, se possível, ou com força, se necessário .” Benito Mussolini, 1925. 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 No � nal de 1926, o movimento tinha expurgado a maioria dos opositores e, em 1929, Mussolini conseguiu organi- zar o Tratado de Latrão, que garantiu o silêncio da igreja perante o avanço da ditadura fascista. No ano de 1927, surgiu a polícia se- creta do regime, a OVRA, che� ada por Arturo Bocchini. Este grupo procurava garantir a lealdade ao partido e cuida- va das prisões estabelecidas em Ponza e Lipari. Calcula-se que a OVRA tenha pren- dido e exilado, aproximadamente, 4 mil pessoas, um número muito menor que o da Gestapo alemã. Os inimigos políticos do fascismo eram tratados com violência, contudo, os fascistas tinham um plano para con- ter a propagação dos seus inimigos po- líticos: a educação. Mussolini, queria criar uma nação de soldados que iriam restaurar a glória do império, enquanto as moças deveriam ser as mães e esposas desses soldados. As atividades realizadas na escola eram controladas e o currículo foi al- terado para atender aos interesses do Estado, garantindo que as crianças fos- sem educadas para obedecer aos líde- res fascistas, especialmente, Mussolini. Além disso, existiam as organizações que procuravam completar a educação dos jovens, como a Opera Balilla. Os meninos eram agrupados de acordo com a idade e realizavam ativi- dades físicas e culturais, sempre volta- das a criar um soldado fascista. Opera Balilla Lobinhos Meninos entre 4 e 8 anos Balilla Meninos entre 8 e 14 anos Vanguarda Meninos entre 14 e 18 anos As meninas também eram reunidas em grupos de acordo com a idade e recebiam uma formação voltada para a maternidade. Ser mãe era a maior obrigação das mulheres, e o governo estimulava as fa- “A guerra é para os homens o que a gravidez representa para as mulheres.” Slogan Fascista. Menino Balilla . 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 mílias númerosas por meio da redução de impostos para quem tivesse mais de 5 � llhos. Era a Batalha pelos nascimen- tos, que objetivava o aumento signi� - cativo da população italiana e que foi implementada pelo Estado entre 1925 e 1938. Em 1933, foi organizada a “La giornata della madre e del fanciullo”, que reuniu as mulheres italianas com a maior quantidade de � lhos para conhe- cer Mussolini e serem homenageadas por sua “contribuição ao fascismo”. O termo Batalha também foi usado pelos fascistas para descrever suas ações para recuperar a economia italiana. A chamada Batalha pela Terra, ini- ciada em 1928, procurava recuperar áreas pantanosas para aumentar a pro- dução agrícola e a saúde pública. As ações desse programa tiveram pou- co impacto na produção, mas aumen- tou o número de postos de trabalho e isso era visto positivamente. Essa ação foi parte de um programa iniciado em 1925, a Batalha pelos Grãos. Essa ação objetivava ampliar a pro- dução e garantir o preço de produtos, como o pão. Por � m, o governo italiano imple- mentou a Batalha pela Lira. Esse pro- grama pretendeu recuperar o poder de compra da lira. “Eu acredito em Roma, eterna, a mãe do meu país. Eu acredito no Mussolini e na ressurreição do Império.” Slogan Ballila. Mães reunidas para conhecer Mussolini . 55219 55219 55219 55219 55219 55219 No plano externo, a política fascista foi marcada pela aproximação com a Alemanha e com o Japão para a for- mação do EIXO. A relação entre os três países era marcada pela descon� ança e sua uni- dade de ação era garantida por interes- ses comuns. A questão da “pureza da raça”, que aparecia como central na política na- zista, provocava mal-estar entre os fas- cistas, já que os nazistas consideravam os italianos um grupo inferior por não atenderem às características considera- das arianas. Em vários discursos, Mussolini mani- festou sua discordância com essas teorias e não tomou nenhuma medida o� cial “Treze séculos de história nos permitem olhar com muita pena, certas doutrinas pregadas além dos Alpes, pelos descendentes daqueles que eram analfabetos quando Roma tinha Cesar, Virgílio e Augusto .” Benito Mussolini – Bari, 1934. contra os judeus italianos, mesmo com todos os protestos da Alemanha. Em 1938, contudo, o governo italia- no publica o Manifesto da Raça, que apresentava elementos das doutrinas antissemitas e foi seguido por um con- juntos de leis contra os judeus. Diversos analistas do fascismo consi- deram que o manifesto foi uma tentativa de os fascistas acomodarem doutrinas nazistas e reforçam a aliança estabeleci- da entre as duas ditaduras. Depois da invasão da Polônia, a Itália permanece calada e somente declara guerra à França e à Inglaterra, quando a vitória alemã parece inevitável, em junho de 1940. Mussolini – fotografia de propaganda da Batalha pelos grãos. 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 “Enquanto o Duce viver, fiquem descansados, pois a Itália agarrará qualquer oportunidade de atingir suas metas imperialistas.” Adolf Hitler, novembro de 1939. Cronologia do Fascismo 1919-1939 1 9 1 9 Surgem os Fascios di Combattimento. 1 9 2 1 Surge o Partido Nacional Fascista . Os fascistas ganham 35 cadeiras na Eleição Geral. 1 9 2 2 Em outubro, Mussolini organiza a Marcha sobre Roma e exige ser indicado para Primeiro Ministro. 1 9 2 3 Em novembro, os fascistas apro- vam a Lei de Acervo, que garante que o partido mais votado na elei- ção receberia a maioria dos lugares no parlamento. 1 9 2 4 Em abril, os fascistas vencem a eleição geral por meio do uso de violência e de intimidação. 55219 55219 1 9 2 9 Assinatura do Tratado de Latrão. 1 9 3 7 Itália, Alemanha e Japão formalizam o Pacto contra os comunistas. 1 9 4 0 A Itália entra na guerra junto à Alemanha. 1 9 2 6 Em novembro, todos os partidos, com exceção do fascistas, são banidos. 1 9 3 6 Em novembro, surge o Eixo Roma/Berlin. Mussolini invade a Abyssínia. 1 9 3 5 1 9 3 9 Em abril, a Itália invade a Albânia . 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 O � nal da Primeira Guerra e os termos do Armistício foram recebidos por toda a Europa de formas diferentes: do alívio ao desencanto. Em suas memórias, o então cabo Adolf Hitler descreve seu desespero: Ao � nal da Primeira Guerra, o kaiser deixou o país e foi criado um governo democrático na cidade de Weimar: A República de Weimar propunha: • uma constituição que garantia li- berdade religiosa e de expressão, além de igualdade perante a lei; • garantia de voto para homens e mulheres a partir dos 20 anos; • eleições para presidência da repúbli- ca e para o congresso, o Reichstag; • o Reichstag criava e aprovava as leis, além de indicar os membros do governo. Esta organização trazia alguns proble- mas: a questão da representação e a pos- sibilidade da utilização de decretos-leis. No momento da eleição, os cidadãos votavam em um partido e cada partido tinha um número de assentos propor- cional ao votos. Isto propiciou o surgi- mento de uma dúzia de pequenos parti- dos e di� cultava a tomada de decisões. A lei também dizia que, em caso de necessidade, o presidente podia apro- var as medidas emergências, contudo não determinava o que se podia consi- derar uma emergência e isso foi utiliza- do para aprovarvárias leis sem aprova- ção do congresso. Desde o início de sua existência, a Re- pública enfrentou oposição de grupos descontentes com a situação: assassina- tos de políticos e levantes contra o gover- no tanto de direita quanto de esquerda. A QUESTÃO DO FASCISMO NA EUROPA: A ALEMANHA “Nós deveríamos aceitar os termos do armistício e confiar na magnanimidade dos nossos ex-inimigos. Foi impossível para mim permanecer e continuar ouvindo. A escuridão me cercou e eu cambaleei de volta para a minha ala e enterrei minha cabeça entre o travesseiro.” Adolf Hitler – Mein Kampf 55219 55219 55219 55219 A situação econômica era desespe- radora... As greves e hiperin� ação levaram à desvalorização da moeda alemã, e a mi- serabilidade tomou o país. Esta situação favoreceu o surgimento de grupos radi- cais, entre eles destacam-se os nazistas liderados por Hitler. Em 1921, Hitler havia formado um grupo paramilitar, semelhante aos “ camici neri”, que � cou conhecido como SA ( Sturm Abteilung), conhecidos pela violência contra os opositores do par- tido; sua principal liderança era Ernest Roehm, um capitão do exército da Bavaria que muito contribuiu para o re- crutamento de membros. Este grupo, desfeito em 1934, teve uma ação central no Putsch de Munique. O movimento reuniu aproximada- mente 600 pessoas e tentou tomar o governo de Munique, contudo foi rapi- damente controlado. As forças do go- verno mataram 16 membros do parti- do, e os líderes foram presos. Adolf Hitler, um dos principais im- plicados na organização do levante, foi condenado a 5 anos de prisão, contudo, foi solto e anistiado um ano depois de seu julgamento, em dezembro de 1924. A crise alemã se aprofundou com a quebra da economia norte-americana, em 1929. Desde o � nal da Primeira Guerra, os EUA injetaram dinheiro no continente europeu, por meio de uma série de empréstimos que foram sus- pensos diante da crise. O desalento trazido pela situação le- vou a radicalização às posições políti- cas, muitos trabalhadores se voltaram para o movimento comunista. Os gru- pos médios e a elite consideravam a democracia um fracasso e procuraram voz nos movimentos de extrema direi- ta, como o nazismo. Essa mudança pode ser observada nos resultados das eleições. Em 1928, os nazistas conseguiram eleger 12 re- presentantes, e, em 1932, eles elege- ram 230 representantes e tornaram-se o partido majoritário. Diante da caótica situação do gover- no, o presidente Paul Von Hindenburg traçou uma estratégia para tentar man- ter as rédeas do governo: indicar Hitler para o cargo de vice-chanceler e contar com a maioria nazista. Ele não aceita, exige ser indicado para chanceler e Hindenburg concor- da com a proposta, por considerar que poderia controlar os nazistas. Em janeiro de 1933, Hitler foi em- possado como chanceler e em pouco tempo passou a controlar a política por meio do uso de decretos-leis. Imagem produzida pela Revista Life, quando Hitler foi capa da publicação por ser considerado “Homem do ano em 1938”. 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 A chegada dos nazistas ao poder pode ser explicada por múltiplos fato- res, contudo, merecem destaque: • o carisma de Hitler seduziu e mo- bililzou uma grande parcela da população; • os partidos moderados não foram capazes de se organizar contra os nazistas; • a crise econômica de 1929; • a ação violenta das S.A., que ataca- vam todos os inimigos do partido; • a eficiente propaganda, que tor- nou os ideais nazistas conhecidos; • a ação de Hindenburg, que con- cedeu poder real a Hitler, com a intenção de controlá-lo; • a insatisfação com o Tratado de Versalhes, que era repudiado pe- los nazistas; • o apoio da elite, que financiou o partido, com medo do avanço comunista. Instalados no poder, a partir de 1933, os nazistas iniciaram uma série de ações para implementar os principais pontos da ideologia nazista, as quais tinham sido de� nidas no programa do partido, ainda na década de 1920. Os 25 pontos do programa de ação nazista podem ser resumidos em: • o conceito de espaço Vital, que pode ser entendido como o territó- rio que deveria ser incorporado à Alemanha para o desenvolvimento da nação; • liderança do Füher; • a crença no Arianismo, no Darwi- nismo Social e no Antissemitismo; ideologias que pregavam a questão da “raça pura”; • autonomia para a Alemanha, que seria atingida pela autossuficiên- cia produtiva; • a necessidade de defender a Alemanha dos inimigos internos e externos, especialmente dos ju- deus e comunistas; • distribuição de terras aos cidadãos alemães, a ampliação das pensões e o controle pelo estado de servi- ços como água e luz; • nacionalismo exacerbado, que pro- curava garantir direitos aos alemães que eram considerados cidadãos. Essa postura se completa com a criação de leis diferentes para ju- deus e estrangeiros; • controle dos órgãos de imprensa; • estado centralizado, que não tolera oposições. Na economia, essa política se traduziu em uma série de ações que melhoraram a vida para os alemães; o estado garan- tia emprego, salário, lazer, acesso ao au- tomóvel, segurança e con� ança no futuro. Isso seria atingido pela valorização do tra- balho, pela autossu� ciência na produção. Propaganda para aquisição do fusca . 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 Os ganhos, para parte da popula- ção, foram reais, contudo, eram resul- tado da suspensão do Tratado de Versa- lhes, da retirada do mercado de trabalho dos judeus e das mulheres, na retoma- da da produção de armas e de extensas obras públicas. Com o objetivo de organizar essas ações, foram criadas várias frentes que agiam para controlar e organizar o tra- balho e tempo livre dos trabalhadores: • RAD : Serviço Nacional de Traba- lho, organizava os jovens para tra- balhos em obras públicas; • DAF : Frentes de trabalhadores ale- mães, que controlavam as condi- ções de trabalho; e • KDF : Força pela Alegria, que con- trolava o tempo livre e o lazer. Junto ao controle do trabalho, o es- tado nazista exercia um forte controle sobre a educação e sobre a preparação dos jovens. O material didático foi reorganizado para glori� car a história da Alemanha, e o currículo foi reformulado para valorizar o condicionamento físico e a disciplina. O cotidiano dos jovens também era controlado fora da escola, por meio de organizações como a BNF – Organi- zação das Meninas Nazistas e a Ju- ventude Nazista, que procura preparar os meninos para o esforço de guerra. Cartões de participação na Juventude nazista. Cartaz mostrando o papel feminino. 55219 55219 55219 55219 55219 55219 Outra questão central para o pro- grama nazista era o investimento no papel das mulheres na sociedade. Na ética nazista, as mulheres deviam ter sua vida guiada pelos 3Ks: Kinder, Künder e Kirche, que podem ser tra- duzidos por Criança, Cozinha e Igreja. Considerando esse slogan, as mulhe- res deveriam � car em casa, sendo res- ponsáveis diretas pelo lar e pelo desen- volvimento das crianças. Para os nazistas, as mulheres eram fundamentais para a manutenção dos valores arianos e das tradições alemães, observadas pelos trajes típicos. Aliás, as políticas de natalidade esta- vam em consonância com essas posi- ções; por exemplo, a partir de 1933, os casais sem � lhos ou homens solteiros ti- veram sua carga tributária ampliada. Gertrud Scholtz Klink foi indicada, ainda em 1933, para o comando da Liga das Mulheres Nazistas. A sua principal função era reforçar a importância da maternidade e rea� rmar a superioridade masculina, que era pro- fessada na doutrina nazista. Em 1934, Scholtz Klink foi indicada também para o comando da seção feminina da KDF e deveria persuadir a mulher alemã a tra- balhar pelo bem do país. Em 1935, no mesmo ano das Leis de Nuremberg, foi criado o Projeto “Lebensborn”, que apoiava a gravidez de mulheres solteiras, que deveriam inscrever-seno programa, mantido em razoável sigilo, e, se aprovadas, eram apresentadas a o� ciais da SS que se- riam pais de seus � lhos. A grávida era responsabilidade do Estado, e a crian- ça, depois do nascimento, era educada e mantida pelo sistema. O projeto nunca foi popular entre os alemães, que o consideravam um estí- mulo à imoralidade, mas as ações nunca foram descontinuadas e a ilegitimidade era aceita pelas autoridades nazistas. Outro elemento marcante na traje- tória nazista foi o aprofundamento da intolerância com grupos minoritários. O estado desenvolveu políticas de con- trole e, posteriormente, de segregação contra ciganos, homossexuais, de� cien- tes, testemunhas de jeová e todos os seus opositores políticos. “A mulher alemã deve trabalhar e trabalhar; física e mentalmente ela deve renunciar ao luxo e ao prazer.” Gertrud Scholtz Klink. 55219 55219 55219 55219 55219 55219 Contudo, as medidas foram especial- mente duras contra os judeus. O antis- semitismo era parte do projeto político dos nazistas desde o início e, para Hitler, os judeus haviam levado a Alemanha à derrota na I Guerra, além de serem res- ponsáveis pela “degeneração” das artes e dos costumes. Ao chegarem ao poder, os nazistas progressivamente di� cultaram a vida dos judeus alemães e muitos optaram por emigrar, como Albert Einstein. Em 1935, foram aprovadas as Leis de Nuremberg, que retiravam o estatuto de cidadão de todos os judeus e impediam casamentos entre judeus e não judeus. O processo de concentração e exter- mínio dos judeus europeus aconteceu durante todo o processo de ocupação pelos nazistas, e, em 1942, foi discuti- da, em Wannsee, a Solução Final que decidiu pelo extermínio imediato de to- dos os judeus que estavam em territó- rios sob o domínio dos nazistas. Entre 1942 e 1945, calcula-se que mais de 6 milhões de judeus foram executados. 1 9 1 9 1 9 2 3 1 9 2 0 Em setembro, Hitler se junta ao Partido dos Trabalhadores Alemães. Em novembro, acontece o Putsch de Munique, um golpe político frustrado que levou os líderes nazistas para a prisão. Em fevereiro, o Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães lança seu programa o� cial. Em outubro, surgem as Sturm Abteilung (SA), as sessões de assalto. Era um grupo paramilitar, che� ado por Ernest Roehm, responsável por inúmeros atos de violência contra inimigos políticos do movimento nazista e contra as minorias. Cronologia da Ascensão do Nazismo 1919-1939 55219 55219 55219 55219 55219 1 9 2 5 1 9 3 2 1 9 3 0 1 9 3 3 1 9 2 4 Em junho surge a Schutzstaffel (SS), criada como guarda pessoal de Hitler. O grupo foi organizado por Heinrich Himmler, que o tornou uma divisão de elite, formada somente por homens que atendessem aos requisitos para serem considerados “arianos”. Em 1932, Himmler instituiu o uniforme preto que caracterizou o grupo. Em julho, foi publicado o primeiro volume Mein Kampf. Em março, Hindenburg vence Adolf Hitler na eleição presidencial. Em junho, os nazistas conquistam 230 assentos no Parlamento alemão. Em setembro, os nazistas conquistam 107 assentos no Parlamento alemão. Em janeiro, Hitler chega ao cargo de Primeiro Ministro . Em feveireiro, o parlamento pega fogo . Em março o primeiro campo de concentração alemão é criado em Dachau. Hitler consegue a aprovação da emenda que lhe dá poderes ditatoriais . Em abril, Herman Goering forma a Gestapo. Trata-se da polícia política do estado nazista, responsável por muitas prisões e mortes. Em dezembro, os nazistas conquistam 24 assentos no Parlamento alemão. 55219 1 9 3 4 1 9 37 1 9 3 9 1 9 3 6 1 9 3 8 Em março, Hitler anuncia que ampliará o exército alemão . Em junho, acontece a Noite das Facas Longas, que leva à morte de vários líderes da SA e a sua desorganização . Em agosto, Hindenburg morre e Hitler assume o cargo de presidente, além de manter o cargo de chanceler. Em novembro a Itália assina o pacto contra o comunismo, com o Japão e a Alemanha. Em setembro, os nazistas invadem a Polônia. Em novembro Hitler e Mussolini formam uma aliança militar . Alemanha e Japão assinam um pacto contra o comunismo . Em abril, o alemães destroem a cidade espanhola de Guernica, durante a Guerra Civil Espanhola. Em novembro Josef Goebbles organiza a Noite dos Cristais. Aproximadamente, 7,5 mil lojas de judeus e 400 sinagogas são destruídas. 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 55219 MATERIAL COMPLEMENTAR LIVROS LEITURA GAY, P. A Cultura de Weimar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. HOBSBAWM, E. J. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. LENHARO, A. Nazismo: “o Triunfo da Vontade”. 6. ed. São Paulo: Atica, 2001. RIBEIRO JUNIOR, J. O que é Nazismo. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991. STEIGMANN-GALL, R. O Santo Reich: concepções Nazistas do Cristianismo 1919-1945. São Paulo: Imago Editora, 2004. ARIES, P. História da Vida Privada: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra. 7. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1991. FELICE, R.; GENTILE, E. A Itália de Mussolini e a origem do Fascismo. São Paulo: Ícone, 1988. PALLA, M. A Itália Fascista: século XX. São Paulo: Editora Ática, 1996. A Grande Guerra: 100 anos do fim e os paralelos errados https://bit.ly/3v0Tsao Centenário da I Guerra Mundial https://bit.ly/36ef1Ki Site First War – A multimídia History of World War One https://bit.ly/3Ll5MYU SITE Para o caso de você desejar se aprofundar em algumas questões trabalhadas no conteúdo, disponibilizamos, aqui, uma relação de materiais complementares para você. REFERÊNCIAS FELICE, R.; GENTILE, E. A Itália de Mussolini e a origem do Fascismo. São Paulo: Ícone, 1988. LENHARO, A. Nazismo: “o Triunfo da Vontade”. 6. ed. São Paulo: Ática, 2001. PALLA, M. A Itália Fascista: século XX. São Paulo: Ática, 1996. RIBEIRO JUNIOR, J. O que é nazismo. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.