Buscar

Prévia do material em texto

SEMINÁRIO 
DE HISTÓRIA 
CONTEMPORÂNEA
Copyright 2022 – Todos os Direitos 
Reservados à Cruzeiro do Sul Virtual.
Produção Editorial:
É proibida a reprodução total ou parcial, por 
qualquer meio ou processo, inclusive quanto 
às características grá�cas e/ou editoriais. 
A violação de direitos autorais constitui 
crime (Código Penal, art. 184 e Parágrafos, 
e Lei nº 6.895, de 17/12/1980).
DITADURAS FASCISTAS
PERÍODO ENTRE
 E ASCENSÃO DAS 
GUERRAS
Responsável pelo Conteúdo: 
Prof.ª Dra. Andrea Borelli
Revisão Textual:
Prof.ª Rosemary Toffoli 
Esp. Aline Gonçalves da Silva
ORIENTAÇÕES DE ESTUDO
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado 
e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e 
atuação pro�ssional, siga algumas recomendações básicas: 
Assim:
para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
Material Complementar, que ampliarão sua inter
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de dis
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia 
e horário �xos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável 
pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos cientí�cos, livros, vídeos e 
sites
encontrará sugestões de conteúdo extra no item
pretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
cussão, pois irão auxiliar a veri�car o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar 
o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário �xo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
CONTEXTUALIZAÇÃO
“A Guerra para acabar com todas as guerras!”
Frase atribuída ao presidente estadunidense Woodrow Wilson.
O ano de 1918 marcou o � nal da I Guerra Mundial. Primeiro o armistício, assi-
nado em 11 de novembro de 1918, e, nos meses seguintes, as negociações de paz, 
que geraram o Tratado de Versalhes.
Uma das principais � guras políticas deste momento foi o General francês 
Ferdinad Foch (1851-1929), que você pode ver na fotogra� a a seguir (ele é quem 
carrega a pasta que continha os termos do armistício), junto com os representantes 
do governo alemão.
O termos da paz, determinados em Versalhes, não o deixaram satisfeito, 
que sentenciou:
“Isto não é a paz. É apenas um armistício válido 
pelos próximos vinte anos”.
Foch errou, apenas, por alguns dias....
Assinatura do 
Armistício – Foch 
(com a pasta) e a 
representação alemã.
55219
55219
55219
55219
55219
U
ma Guerra para acabar 
com todas as guerras! Essa 
era a percepção do presiden-
te estadunidense Woodrow 
Wilson, e de muitos de seus contempo-
râneos, sobre o con� ito que � cou conhe-
cido como Primeira Guerra Mundial.
Foi um choque entre estados capita-
listas em expansão. Foi um con� ito em 
que a tecnologia ganhou o campo de 
batalha e um dos mais violentos da His-
tória, que gerou um armistício descrito 
pelo Gal. Ferdinand Foch como: 
Infelizmente, O Gal Foch acertou...
O termo armistício, no contexto da 
I Guerra Mundial, refere-se ao acordo 
que terminou com os con� itos entre a 
Alemanha e os aliados. Contudo, não 
foi o único armistício da Guerra. A Bul-
gária tinha assinado o � nal da guerra 
em setembro de 1918, a Turquia em 
30 de outubro e a Áustria, em 3 de no-
vembro do mesmo ano.
O armistício com a Alemanha foi as-
sinado em 11 de novembro de 1918, e 
não era o que os alemães esperavam 
quando iniciaram as discussões pela 
paz em outubro de 1918.
Eles pretendiam que os pontos do ar-
mistício fossem calcados nas propostas 
do presidente estadunidense Woodrow 
Wilson, os famosos 14 pontos.
Apesar de essa proposta pretender 
estabelecer as bases de um acordo que 
trouxesse uma paz duradora, o armis-
tício teve um caráter punitivo, já que 
os aliados exigiram que os alemães fos-
sem completamente desarmados para 
impedir uma retomada das hostilida-
des, contudo, o mesmo não se aplicava 
aos demais combatentes .
A assinatura de tratado veio acompa-
nhada da decisão de discutir a paz de� -
nitiva e organizar a Europa para o perí-
odo pós-guerra. No dia 19 de janeiro de 
1919, teve início a Conferência de Paris. 
Compareceram representantes de 
diversos estados, contudo, as nego-
ciações eram controladas pelos cinco 
grandes poderes envolvidos na guerra: 
os EUA, a França, a Inglaterra, a Itália 
e o Japão.
As reuniões aconteceram em várias 
localidades ao redor de Paris e o princi-
pal tratado, assinado com a Alemanha, 
nasceu de uma reunião em Versalhes.
Os tratados subsequentes determi-
naram o � m dos outros dois poderes 
O PERÍODO ENTRE
GUERRAS
“Isto não é a paz. 
É apenas um armistício 
válido pelos próximos 
vinte anos.”
55219
55219
55219
55219
55219
55219
participantes da guerra: os impérios 
Austro-Húngaro e Turco-Otomano.
O Império Austro-Húngaro foi divi-
dido em Hungria, Polônia, Iugoslávia 
e Áustria, e o Império Turco foi dividi-
do em Protetorados Britânicos (Iraque, 
Jordânia e Palestina) e Protetorados 
Fran ceses (Síria e Líbano) .
As negociações de paz ampliam as 
tensões entre os estados envolvidos no 
con� ito, pois não resolvem as questões 
que levaram à guerra e aprofundam a 
competição entre eles.
A
pesar de ser considerada 
aliada dos estados vence-
dores da I Guerra, a Itália 
não foi favorecida pelas re-
parações garantidas pelo tratado de 
 Versalhes e, no início da década de 
1920, a nação vivia uma profunda cri-
se econômica.
A QUESTÃO DO FASCISMO 
NA EUROPA: A ITÁLIA 
Nesse contexto, são formados, em 
1919, os Fascio di Combatimento, sob 
o comando do carismático Benito 
Mussolini, um ex-militante comunista e 
líder do movimento. Por meio do jornal 
Il Popolo d’Itália, ele apresenta suas 
ideias sobre uma nova doutrina política 
para a Itália: o fascismo.
O Tratado de Versalhes determinava que:
• Alsácia e Lorena retornariam à França;
• o carvão do Sarre seria explorado pela França;
• a Alemanha deveria ceder colônias, navios e submarinos 
para a França, Inglaterra e Bélgica;
• a Alemanha deveria reduzir seu exército a 100 mil 
homens e desmantelar a força aérea;
• a Alemanha assumiu uma dívida de 33 bilhões de dólares;
• regiões da Alemanha deveriam retornar para Polônia e Bélgica.
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
Em 1921, os fascistas conseguem ele-
ger 35 deputados para o parlamento ita-
liano e o Partido Nacional Fascista é o� -
cialmente criado.
No mesmo momento, surgiu a Milí-
cia Voluntária de Segurança Nacional 
(Milizia Volontaria per la Sicurezza 
Nazionale), seus membros � caram co-
nhecidos como Camisas Negras. Os Ca-
misas Negras funcionavam como um 
grupo paramilitar e faziam uso de mé-
todos violentos para calar os opositores 
do fascismo.
No ano de 1922, Mussolini dirigiu 
o peso dos Camisas Negras contra o 
 governo italiano, iniciando o que � cou 
conhecido como Marcha sobre Roma. 
Os membros da milícia a� uíram para a 
cidade, com o objetivo de forçar o Rei 
Vittorio Emanuelle a indicar Mussolini 
como chefe de estado. 
O movimento foi um sucesso e, a 
partir de 1922, os rumos do estado ita-
liano foram ditados pelos fascistas.
Em 1924, novas eleições garantiram 
que os fascistas obtivessem 65% dos vo-
tos consolidando sua presença no go-
verno, contudo, ele ainda encontrava 
oposições, que � caram latentes durante 
o Caso Matteotti. 
Giacomo Matteotti era uma lideran-
ça socialista que havia sido eleita para o 
parlamento e, em 20 de maio de 1924, 
fez um discursoque acusava o fascismo 
e Mussolini de utilizarem métodos vio-
lentos para calar os opositores e frau-
dar a eleição. Em 10 de junho, Matteotti 
despareceu e seu corpo foi encontrado 
em uma cova rasa, em 18 de agosto do 
mesmo ano.
As investigações sobre a morte do 
socialista não provaram o envolvimento 
de Mussolini no planejamento do crime. 
Contudo, a opinião popular duvidava da 
inocência do líder fascista, mas isso não 
desestabilizou o governo de Mussolini, 
ao contrário, ao � nal da crise, seu con-
trole sobre o estado era ainda maior. 
“A Itália deseja paz 
e tranquilidade, 
trabalho e calma. Eu 
possibilitarei isso com 
amor, se possível, ou com 
força, se necessário .” 
Benito Mussolini, 1925.
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
No � nal de 1926, o movimento tinha 
expurgado a maioria dos opositores e, 
em 1929, Mussolini conseguiu organi-
zar o Tratado de Latrão, que garantiu o 
silêncio da igreja perante o avanço da 
ditadura fascista. 
No ano de 1927, surgiu a polícia se-
creta do regime, a OVRA, che� ada por 
Arturo Bocchini. Este grupo procurava 
garantir a lealdade ao partido e cuida-
va das prisões estabelecidas em Ponza 
e Lipari.
Calcula-se que a OVRA tenha pren-
dido e exilado, aproximadamente, 4 mil 
pessoas, um número muito menor que 
o da Gestapo alemã.
Os inimigos políticos do fascismo 
eram tratados com violência, contudo, 
os fascistas tinham um plano para con-
ter a propagação dos seus inimigos po-
líticos: a educação.
Mussolini, queria criar uma nação de 
soldados que iriam restaurar a glória do 
império, enquanto as moças deveriam 
ser as mães e esposas desses soldados.
As atividades realizadas na escola 
eram controladas e o currículo foi al-
terado para atender aos interesses do 
Estado, garantindo que as crianças fos-
sem educadas para obedecer aos líde-
res fascistas, especialmente, Mussolini.
Além disso, existiam as organizações 
que procuravam completar a educação 
dos jovens, como a Opera Balilla.
Os meninos eram agrupados de 
acordo com a idade e realizavam ativi-
dades físicas e culturais, sempre volta-
das a criar um soldado fascista.
Opera Balilla
Lobinhos Meninos entre 4 e 8 anos
Balilla Meninos entre 8 e 14 anos
Vanguarda Meninos entre 14 e 18 anos
As meninas também eram reunidas 
em grupos de acordo com a idade e 
recebiam uma formação voltada para 
a maternidade. 
Ser mãe era a maior obrigação das 
mulheres, e o governo estimulava as fa-
“A guerra é para 
os homens o que a 
gravidez representa 
para as mulheres.”
Slogan Fascista. 
Menino Balilla .
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
mílias númerosas por meio da redução 
de impostos para quem tivesse mais de 
5 � llhos. Era a Batalha pelos nascimen-
tos, que objetivava o aumento signi� -
cativo da população italiana e que foi 
implementada pelo Estado entre 1925 
e 1938.
Em 1933, foi organizada a “La 
 giornata della madre e del fanciullo”, 
que reuniu as mulheres italianas com a 
maior quantidade de � lhos para conhe-
cer Mussolini e serem homenageadas 
por sua “contribuição ao fascismo”.
O termo Batalha também foi usado 
pelos fascistas para descrever suas ações 
para recuperar a economia italiana.
A chamada Batalha pela Terra, ini-
ciada em 1928, procurava recuperar 
áreas pantanosas para aumentar a pro-
dução agrícola e a saúde pública. As 
ações desse programa tiveram pou-
co impacto na produção, mas aumen-
tou o número de postos de trabalho e 
isso era visto positivamente. Essa ação 
foi parte de um programa iniciado em 
1925, a Batalha pelos Grãos.
Essa ação objetivava ampliar a pro-
dução e garantir o preço de produtos, 
como o pão. 
Por � m, o governo italiano imple-
mentou a Batalha pela Lira. Esse pro-
grama pretendeu recuperar o poder de 
compra da lira.
“Eu acredito em Roma, eterna, a mãe do meu país. Eu 
acredito no Mussolini e na ressurreição do Império.”
Slogan Ballila. 
Mães reunidas para 
conhecer Mussolini .
55219
55219
55219
55219
55219
55219
No plano externo, a política fascista 
foi marcada pela aproximação com a 
Alemanha e com o Japão para a for-
mação do EIXO.
A relação entre os três países era 
marcada pela descon� ança e sua uni-
dade de ação era garantida por interes-
ses comuns.
A questão da “pureza da raça”, que 
aparecia como central na política na-
zista, provocava mal-estar entre os fas-
cistas, já que os nazistas consideravam 
os italianos um grupo inferior por não 
atenderem às características considera-
das arianas.
Em vários discursos, Mussolini mani-
festou sua discordância com essas teorias 
e não tomou nenhuma medida o� cial 
“Treze séculos de 
história nos permitem 
olhar com muita pena, 
certas doutrinas 
pregadas além dos Alpes, 
pelos descendentes 
daqueles que eram 
analfabetos quando Roma 
tinha Cesar, Virgílio 
e Augusto .”
Benito Mussolini – Bari, 1934. 
contra os judeus italianos, mesmo com 
todos os protestos da Alemanha.
Em 1938, contudo, o governo italia-
no publica o Manifesto da Raça, que 
apresentava elementos das doutrinas 
antissemitas e foi seguido por um con-
juntos de leis contra os judeus. 
Diversos analistas do fascismo consi-
deram que o manifesto foi uma tentativa 
de os fascistas acomodarem doutrinas 
nazistas e reforçam a aliança estabeleci-
da entre as duas ditaduras. 
Depois da invasão da Polônia, a Itália 
permanece calada e somente declara 
guerra à França e à Inglaterra, quando 
a vitória alemã parece inevitável, em 
 junho de 1940.
Mussolini – fotografia de 
propaganda da Batalha pelos grãos.
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
“Enquanto o Duce viver, 
fiquem descansados, pois a 
Itália agarrará qualquer 
oportunidade de atingir 
suas metas imperialistas.”
Adolf Hitler, novembro de 1939. 
Cronologia do Fascismo 1919-1939
1 9 1 9
Surgem os Fascios
di Combattimento.
1 9 2 1
Surge o Partido Nacional Fascista .
Os fascistas ganham 35 
cadeiras na Eleição Geral.
1 9 2 2
Em outubro, Mussolini 
organiza a Marcha sobre 
Roma e exige ser indicado 
para Primeiro Ministro.
1 9 2 3
Em novembro, os fascistas apro-
vam a Lei de Acervo, que garante 
que o partido mais votado na elei-
ção receberia a maioria dos lugares 
no parlamento.
1 9 2 4
Em abril, os fascistas vencem a 
eleição geral por meio do uso de 
violência e de intimidação.
55219
55219
1 9 2 9
Assinatura do Tratado de Latrão.
1 9 3 7
Itália, Alemanha e Japão 
formalizam o Pacto contra 
os comunistas. 
1 9 4 0
A Itália entra na guerra 
junto à Alemanha.
1 9 2 6
Em novembro, todos os partidos, 
com exceção do fascistas, 
são banidos.
1 9 3 6
Em novembro, 
surge o Eixo Roma/Berlin.
Mussolini invade a Abyssínia.
1 9 3 5
1 9 3 9
Em abril, a Itália 
invade a Albânia .
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
O � nal da Primeira Guerra e os termos do Armistício foram recebidos por toda 
a Europa de formas diferentes: do alívio ao desencanto.
Em suas memórias, o então cabo Adolf Hitler descreve seu desespero:
Ao � nal da Primeira Guerra, o kaiser 
deixou o país e foi criado um governo 
democrático na cidade de Weimar:
A República de Weimar propunha:
• uma constituição que garantia li-
berdade religiosa e de expressão, 
além de igualdade perante a lei;
• garantia de voto para homens e 
mulheres a partir dos 20 anos;
• eleições para presidência da repúbli-
ca e para o congresso, o Reichstag;
• o Reichstag criava e aprovava as 
leis, além de indicar os membros 
do governo.
Esta organização trazia alguns proble-
mas: a questão da representação e a pos-
sibilidade da utilização de decretos-leis.
No momento da eleição, os cidadãos 
votavam em um partido e cada partido 
tinha um número de assentos propor-
cional ao votos. Isto propiciou o surgi-
mento de uma dúzia de pequenos parti-
dos e di� cultava a tomada de decisões. 
A lei também dizia que, em caso de 
necessidade, o presidente podia apro-
var as medidas emergências, contudo 
não determinava o que se podia consi-
derar uma emergência e isso foi utiliza-
do para aprovarvárias leis sem aprova-
ção do congresso.
Desde o início de sua existência, a Re-
pública enfrentou oposição de grupos 
descontentes com a situação: assassina-
tos de políticos e levantes contra o gover-
no tanto de direita quanto de esquerda.
A QUESTÃO DO FASCISMO 
NA EUROPA: A ALEMANHA
“Nós deveríamos aceitar os termos do armistício 
e confiar na magnanimidade dos nossos 
ex-inimigos. Foi impossível para mim permanecer 
e continuar ouvindo. A escuridão me cercou e eu 
cambaleei de volta para a minha ala e enterrei 
minha cabeça entre o travesseiro.”
Adolf Hitler – Mein Kampf
55219
55219
55219
55219
A situação econômica era desespe-
radora...
As greves e hiperin� ação levaram à 
desvalorização da moeda alemã, e a mi-
serabilidade tomou o país. Esta situação 
favoreceu o surgimento de grupos radi-
cais, entre eles destacam-se os nazistas 
liderados por Hitler. 
Em 1921, Hitler havia formado um 
grupo paramilitar, semelhante aos 
“ camici neri”, que � cou conhecido como 
SA ( Sturm Abteilung), conhecidos pela 
violência contra os opositores do par-
tido; sua principal liderança era Ernest 
Roehm, um capitão do exército da 
 Bavaria que muito contribuiu para o re-
crutamento de membros.
Este grupo, desfeito em 1934, teve 
uma ação central no Putsch de Munique.
O movimento reuniu aproximada-
mente 600 pessoas e tentou tomar o 
governo de Munique, contudo foi rapi-
damente controlado. As forças do go-
verno mataram 16 membros do parti-
do, e os líderes foram presos.
Adolf Hitler, um dos principais im-
plicados na organização do levante, foi 
condenado a 5 anos de prisão, contudo, 
foi solto e anistiado um ano depois de 
seu julgamento, em dezembro de 1924.
A crise alemã se aprofundou com a 
quebra da economia norte-americana, 
em 1929. Desde o � nal da Primeira 
Guerra, os EUA injetaram dinheiro no 
continente europeu, por meio de uma 
série de empréstimos que foram sus-
pensos diante da crise.
O desalento trazido pela situação le-
vou a radicalização às posições políti-
cas, muitos trabalhadores se voltaram 
para o movimento comunista. Os gru-
pos médios e a elite consideravam a 
democracia um fracasso e procuraram 
voz nos movimentos de extrema direi-
ta, como o nazismo.
Essa mudança pode ser observada 
nos resultados das eleições. Em 1928, 
os nazistas conseguiram eleger 12 re-
presentantes, e, em 1932, eles elege-
ram 230 representantes e tornaram-se 
o partido majoritário.
Diante da caótica situação do gover-
no, o presidente Paul Von Hindenburg 
traçou uma estratégia para tentar man-
ter as rédeas do governo: indicar Hitler 
para o cargo de vice-chanceler e contar 
com a maioria nazista.
Ele não aceita, exige ser indicado 
para chanceler e Hindenburg concor-
da com a proposta, por considerar que 
poderia controlar os nazistas.
Em janeiro de 1933, Hitler foi em-
possado como chanceler e em pouco 
tempo passou a controlar a política por 
meio do uso de decretos-leis. 
Imagem produzida pela 
Revista Life, quando Hitler 
foi capa da publicação por ser 
considerado “Homem do ano em 1938”.
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
A chegada dos nazistas ao poder 
pode ser explicada por múltiplos fato-
res, contudo, merecem destaque:
• o carisma de Hitler seduziu e mo-
bililzou uma grande parcela da 
população;
• os partidos moderados não foram 
capazes de se organizar contra 
os nazistas;
• a crise econômica de 1929;
• a ação violenta das S.A., que ataca-
vam todos os inimigos do partido;
• a eficiente propaganda, que tor-
nou os ideais nazistas conhecidos;
• a ação de Hindenburg, que con-
cedeu poder real a Hitler, com a 
intenção de controlá-lo;
• a insatisfação com o Tratado de 
Versalhes, que era repudiado pe-
los nazistas;
• o apoio da elite, que financiou 
o partido, com medo do avanço 
comunista.
Instalados no poder, a partir de 1933, 
os nazistas iniciaram uma série de ações 
para implementar os principais pontos 
da ideologia nazista, as quais tinham 
sido de� nidas no programa do partido, 
ainda na década de 1920.
Os 25 pontos do programa de ação 
nazista podem ser resumidos em:
• o conceito de espaço Vital, que 
pode ser entendido como o territó-
rio que deveria ser incorporado à 
Alemanha para o desenvolvimento 
da nação;
• liderança do Füher;
• a crença no Arianismo, no Darwi-
nismo Social e no Antissemitismo; 
ideologias que pregavam a questão 
da “raça pura”;
• autonomia para a Alemanha, que 
seria atingida pela autossuficiên-
cia produtiva;
• a necessidade de defender a 
 Alemanha dos inimigos internos 
e externos, especialmente dos ju-
deus e comunistas;
• distribuição de terras aos cidadãos 
alemães, a ampliação das pensões 
e o controle pelo estado de servi-
ços como água e luz;
• nacionalismo exacerbado, que pro-
curava garantir direitos aos alemães 
que eram considerados cidadãos. 
Essa postura se completa com a 
criação de leis diferentes para ju-
deus e estrangeiros;
• controle dos órgãos de imprensa;
• estado centralizado, que não tolera 
oposições.
Na economia, essa política se traduziu 
em uma série de ações que melhoraram 
a vida para os alemães; o estado garan-
tia emprego, salário, lazer, acesso ao au-
tomóvel, segurança e con� ança no futuro. 
Isso seria atingido pela valorização do tra-
balho, pela autossu� ciência na produção.
Propaganda para 
aquisição do fusca .
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
Os ganhos, para parte da popula-
ção, foram reais, contudo, eram resul-
tado da suspensão do Tratado de Versa-
lhes, da retirada do mercado de trabalho 
dos judeus e das mulheres, na retoma-
da da produção de armas e de extensas 
obras públicas.
Com o objetivo de organizar essas 
ações, foram criadas várias frentes que 
agiam para controlar e organizar o tra-
balho e tempo livre dos trabalhadores:
• RAD : Serviço Nacional de Traba-
lho, organizava os jovens para tra-
balhos em obras públicas;
• DAF : Frentes de trabalhadores ale-
mães, que controlavam as condi-
ções de trabalho; e 
• KDF : Força pela Alegria, que con-
trolava o tempo livre e o lazer.
Junto ao controle do trabalho, o es-
tado nazista exercia um forte controle 
sobre a educação e sobre a preparação 
dos jovens. 
O material didático foi reorganizado 
para glori� car a história da Alemanha, e 
o currículo foi reformulado para valorizar 
o condicionamento físico e a disciplina.
O cotidiano dos jovens também era 
controlado fora da escola, por meio de 
organizações como a BNF – Organi-
zação das Meninas Nazistas e a Ju-
ventude Nazista, que procura preparar 
os meninos para o esforço de guerra.
Cartões de participação na Juventude nazista.
Cartaz mostrando 
o papel feminino.
55219
55219
55219
55219
55219
55219
Outra questão central para o pro-
grama nazista era o investimento no 
papel das mulheres na sociedade.
Na ética nazista, as mulheres deviam 
ter sua vida guiada pelos 3Ks: Kinder, 
Künder e Kirche, que podem ser tra-
duzidos por Criança, Cozinha e Igreja.
Considerando esse slogan, as mulhe-
res deveriam � car em casa, sendo res-
ponsáveis diretas pelo lar e pelo desen-
volvimento das crianças. 
Para os nazistas, as mulheres eram 
fundamentais para a manutenção dos 
valores arianos e das tradições alemães, 
observadas pelos trajes típicos. 
Aliás, as políticas de natalidade esta-
vam em consonância com essas posi-
ções; por exemplo, a partir de 1933, os 
casais sem � lhos ou homens solteiros ti-
veram sua carga tributária ampliada.
Gertrud Scholtz Klink foi indicada, 
ainda em 1933, para o comando da 
Liga das Mulheres Nazistas. 
A sua principal função era reforçar a 
importância da maternidade e rea� rmar 
a superioridade masculina, que era pro-
fessada na doutrina nazista. Em 1934, 
Scholtz Klink foi indicada também para 
o comando da seção feminina da KDF e 
deveria persuadir a mulher alemã a tra-
balhar pelo bem do país.
Em 1935, no mesmo ano das Leis 
de Nuremberg, foi criado o Projeto 
“Lebensborn”, que apoiava a gravidez 
de mulheres solteiras, que deveriam 
inscrever-seno programa, mantido em 
razoável sigilo, e, se aprovadas, eram 
apresentadas a o� ciais da SS que se-
riam pais de seus � lhos. A grávida era 
responsabilidade do Estado, e a crian-
ça, depois do nascimento, era educada 
e mantida pelo sistema.
O projeto nunca foi popular entre os 
alemães, que o consideravam um estí-
mulo à imoralidade, mas as ações nunca 
foram descontinuadas e a ilegitimidade 
era aceita pelas autoridades nazistas.
Outro elemento marcante na traje-
tória nazista foi o aprofundamento da 
intolerância com grupos minoritários. 
O estado desenvolveu políticas de con-
trole e, posteriormente, de segregação 
contra ciganos, homossexuais, de� cien-
tes, testemunhas de jeová e todos os 
seus opositores políticos.
“A mulher alemã deve 
trabalhar e trabalhar; 
física e mentalmente 
ela deve renunciar ao 
luxo e ao prazer.”
Gertrud Scholtz Klink.
55219
55219
55219
55219
55219
55219
Contudo, as medidas foram especial-
mente duras contra os judeus. O antis-
semitismo era parte do projeto político 
dos nazistas desde o início e, para Hitler, 
os judeus haviam levado a Alemanha à 
derrota na I Guerra, além de serem res-
ponsáveis pela “degeneração” das artes 
e dos costumes.
Ao chegarem ao poder, os nazistas 
progressivamente di� cultaram a vida 
dos judeus alemães e muitos optaram 
por emigrar, como Albert Einstein.
Em 1935, foram aprovadas as Leis de 
Nuremberg, que retiravam o estatuto de 
cidadão de todos os judeus e impediam 
casamentos entre judeus e não judeus.
O processo de concentração e exter-
mínio dos judeus europeus aconteceu 
durante todo o processo de ocupação 
pelos nazistas, e, em 1942, foi discuti-
da, em Wannsee, a Solução Final que 
decidiu pelo extermínio imediato de to-
dos os judeus que estavam em territó-
rios sob o domínio dos nazistas.
Entre 1942 e 1945, calcula-se que 
mais de 6 milhões de judeus foram 
executados.
1 9 1 9
1 9 2 3
1 9 2 0
Em setembro, Hitler 
se junta ao Partido dos 
Trabalhadores Alemães.
Em novembro, acontece o 
Putsch de Munique, um golpe 
político frustrado que levou os 
líderes nazistas para a prisão.
Em fevereiro, o Partido 
Nacional Socialista dos Trabalhadores 
Alemães lança seu programa o� cial.
Em outubro, surgem as Sturm 
Abteilung (SA), as sessões de assalto. 
Era um grupo paramilitar, che� ado 
por Ernest Roehm, responsável por 
inúmeros atos de violência contra 
inimigos políticos do movimento 
nazista e contra as minorias.
Cronologia da Ascensão 
do Nazismo 1919-1939
55219
55219
55219
55219
55219
1 9 2 5
1 9 3 2
1 9 3 0
1 9 3 3
1 9 2 4
Em junho surge a Schutzstaffel
(SS), criada como guarda pessoal 
de Hitler. O grupo foi organizado 
por Heinrich Himmler, que o 
tornou uma divisão de elite, 
formada somente por homens que 
atendessem aos requisitos para 
serem considerados “arianos”. Em 
1932, Himmler instituiu o uniforme 
preto que caracterizou o grupo.
Em julho, foi publicado o 
primeiro volume Mein Kampf.
Em março, Hindenburg 
vence Adolf Hitler na 
eleição presidencial.
Em junho, os nazistas 
conquistam 230 assentos 
no Parlamento alemão.
Em setembro, os nazistas 
conquistam 107 assentos 
no Parlamento alemão.
Em janeiro, Hitler chega ao 
cargo de Primeiro Ministro .
Em feveireiro, o parlamento 
pega fogo .
Em março o primeiro campo 
de concentração alemão é 
criado em Dachau.
Hitler consegue a aprovação da 
emenda que lhe dá poderes ditatoriais .
Em abril, Herman Goering forma a 
Gestapo. Trata-se da polícia política 
do estado nazista, responsável por 
muitas prisões e mortes.
Em dezembro, os nazistas 
conquistam 24 assentos 
no Parlamento alemão.
55219
1 9 3 4
1 9 37
1 9 3 9
1 9 3 6
1 9 3 8
Em março, Hitler anuncia que 
ampliará o exército alemão .
Em junho, acontece a Noite das 
Facas Longas, que leva à morte 
de vários líderes da SA e a 
sua desorganização .
Em agosto, Hindenburg morre 
e Hitler assume o cargo de 
presidente, além de manter o 
cargo de chanceler.
Em novembro a Itália assina o 
pacto contra o comunismo, 
com o Japão e a Alemanha.
Em setembro, os nazistas 
invadem a Polônia.
Em novembro Hitler e Mussolini 
formam uma aliança militar .
Alemanha e Japão assinam um 
pacto contra o comunismo .
Em abril, o alemães destroem 
a cidade espanhola de Guernica, 
durante a Guerra Civil Espanhola.
Em novembro Josef Goebbles 
organiza a Noite dos Cristais. 
Aproximadamente, 7,5 mil lojas 
de judeus e 400 sinagogas 
são destruídas.
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
55219
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVROS
LEITURA
GAY, P. A Cultura de Weimar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
HOBSBAWM, E. J. Era dos Extremos: o breve século XX: 1914-1991. 2. ed. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2004.
LENHARO, A. Nazismo: “o Triunfo da Vontade”. 6. ed. São Paulo: Atica, 2001.
RIBEIRO JUNIOR, J. O que é Nazismo. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.
STEIGMANN-GALL, R. O Santo Reich: concepções Nazistas do Cristianismo 1919-1945. São Paulo: 
Imago Editora, 2004.
ARIES, P. História da Vida Privada: Da Revolução Francesa à Primeira Guerra. 7. ed. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1991.
FELICE, R.; GENTILE, E. A Itália de Mussolini e a origem do Fascismo. São Paulo: Ícone, 1988.
PALLA, M. A Itália Fascista: século XX. São Paulo: Editora Ática, 1996.
A Grande Guerra: 100 anos do fim e os paralelos errados
https://bit.ly/3v0Tsao
Centenário da I Guerra Mundial
https://bit.ly/36ef1Ki
Site First War – A multimídia History of World War One
https://bit.ly/3Ll5MYU
SITE
Para o caso de você desejar se aprofundar em algumas questões trabalhadas 
no conteúdo, disponibilizamos, aqui, uma relação de materiais complementares 
para você.
REFERÊNCIAS
FELICE, R.; GENTILE, E. A Itália de Mussolini e a origem do Fascismo. São Paulo: Ícone, 1988.
LENHARO, A. Nazismo: “o Triunfo da Vontade”. 6. ed. São Paulo: Ática, 2001.
PALLA, M. A Itália Fascista: século XX. São Paulo: Ática, 1996.
RIBEIRO JUNIOR, J. O que é nazismo. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1991.

Mais conteúdos dessa disciplina