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AULA 1 - CONCEITO DE NORMALIDADE E PRINCIPAIS CAMPOS DA PSICOPATOLOGIA

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DISCIPLINA: PSICOPATOLOGIA GERAL.
1ª Aula: 
Tema de discussão: Conceito de normalidade e diferentes campos de psicopatologia.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artes Médicas, 2008. Cap. 3, pg. 31-34. Cap. 4, pg. 35-38.
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O conceito de normalidade em psicopatologia. Capítulo 3 - Dalgalarrondo.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), em 1946, definiu a saúde como a integração do bem-estar físico, mental e social, considerando o conceito de normalidade associado ao bem-estar (Dalgalarrondo, 2008).
Determinar o que é considerado normal ou anormal em psicopatologia apresenta desafios significativos, uma vez que essas noções historicamente carregam carga valorativa, associando-se a padrões de "desejável" ou "indesejável", "bom" ou "ruim". Mesmo ao tentar desvincular esses valores, eles frequentemente retornam, de maneira explícita ou velada, ao caracterizar alguém como "anormal" psicopatologicamente (Duyckaerts, 1966).
Almeida (2001) destaca a controvérsia em torno do conceito de normalidade em psicopatologia, especialmente ao lidar com indivíduos submersos em sofrimento psíquico agudo ou crônico. A delimitação entre as formas normais e patológicas de sentir torna-se evidente nos casos extremos, enquanto situações limítrofes apresentam desafios significativos na mensuração dessa demarcação.
A avaliação do normal e patológico não é exclusiva da saúde mental, sendo também uma problemática presente na saúde clínica, exemplificada pelos casos limítrofes ao considerar parâmetros como pressão arterial ou níveis glicêmicos para definir hipertensão e diabetes.
Segundo Dalgalarrondo (2008), o conceito de normalidade em psicopatologia envolve a própria definição de saúde mental e doença, com termos como "alienação" no século XIX, substituídos por "doença mental" no século XX e, mais recentemente, pelos sistemas diagnósticos CID/DSM, pelo termo "transtorno". A crítica ao uso do termo "doença" na psiquiatria e psicologia clínica reside no fato de que ele implica, muitas vezes, em alterações patológicas no corpo, especialmente no cérebro. Como muitas condições psicopatológicas não apresentam evidências claras de alterações anatômicas, fisiológicas ou histológicas no cérebro, a convenção adotada passou a ser o uso do termo "transtorno".
Os temas relacionados ao debate sobre normalidade apresentam desdobramentos nas várias áreas da saúde mental, por exemplo:
Psiquiatria legal ou forense - a definição de anormalidade pode discorrer implicações legais, criminais e éticos, podendo acarretar como consequência o destino social, institucional e legal de uma pessoa.
Epidemiologia psiquiátrica – ramo da saúde mental que estuda os diferentes fatores que provocam, como tratar, sua frequência, seu modo de distribuição, sua evolução e a colocação dos meios necessários à sua prevenção. O estudo epidemiológico contribui significativamente com o aprofundamento do conceito de normalidade em saúde.
Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria – Neste contexto a definição de normal e patológico está atrelada ao contexto cultural, tal definição exige do pesquisador conhecimento da cultura e seus signos, da qual se debruça.
Planejamento em saúde mental e políticas de saúde – Nesta área é necessário estabelecer os critérios de normalidade, principalmente através do levantamento epidemiológico, prevalência e necessidades e serviços destinados a população desse grupo.
Orientação e capacitação profissional – Importância na definição das capacidades psíquicas/perceptivas e motora do indivíduo para a habilitação de determinada área (condução de máquinas, veículos, armas entre outros).
Prática Clínica – Neste contexto é imprescindível a capacidade do profissional de discriminar no processo de avaliação e intervenção clínica, se o fenômeno que se debruça é patológico ou normal, ou se faz parte de crise pontual existencial ou algo francamente patológico.
Os Critérios de Normalidade
Há vários e distintos critérios de normalidade em medicina e psicopatologia. A adoção de um ou outro depende, entre outras coisas, de opções filosóficas, ideológicas, pragmáticas do profissional ou instituição em que ocorre a atenção à saúde. 
Normalidade como ausência de doença: O primeiro critério de saúde foi estabelecido como ausência de sintomas, de sinais ou de doença. Na formulação do teórico da época Rene Leriche (1936) “saúde é a vida no silêncio dos órgãos”.
Normalidade ideal: Normalidade utópica, onde é estabelecida arbitrariamente, norma ideal, sadio, esperado ou evoluído. Está Comumente atrelado a critérios socioculturais e ideológicos, dogmáticos, doutrinários. Exemplo intelectuais presos como doentes mentais em regimes ditatoriais.
Normalidade estatística: Obedece a critérios de observatórios, indicadores de frequência. Através de fenômenos quantitativos se estabelece normalidade como exemplo: peso, altura, tensão arterial, horas de sono, quantidade de sintomas ansiosos de determinada região, pais, comunidade etc. E, o patológico ou anormal se contrapor ao oposto.
Normalidade como bem-estar: A Organização Mundial de Saúde estabeleceu em 1946 a saúde como complemento entre o bem-estar físico, mental e social. Termo amplamente criticável devido sua característica utópica.
Normalidade Funcional: termo empregado em conceitos funcionais que avaliam o fenômeno patológico a partir do disfuncional, que produz transtornos ao próprio individuo ou grupo do qual pertence.
Normalidade como processo: Mais que quantitativo, esta área considera os aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial do sujeito e das restruturações no decurso da vida, de crises, de mudanças próprias relativos a faixa-etárias. Por exemplo: psiquiatria infantil, de adolescentes, de idosos/ geriatria, entre outros.
 Normalidade subjetiva: Neste contexto é dada ênfase a percepção do sujeito sobre o próprio estado de saúde. O ponto criticável neste conceito por exemplo a euforia/ felicidade no episódio maníaco.
Normalidade como Liberdade: Alguns autores existências de orientação fenomenológica propõem a doença mental como perda da liberdade existencial. 
Normalidade Operacional: trata-se de critério assumidamente arbitrário, com finalidades pragmáticas explicitas. Defina-se, a priori, o que é normal e patológico, e, busca-se trabalhar operacionalmente com esses conceitos, aceitando “contrato” consequências no não enquadramento com a definição previa de normal.
Podemos concluir que os critérios de normalidade variam de acordo com a demanda, concepção ideológica do profissional, bem como, contexto empregado.
Os principais campos e tipos de psicopatologia.
Uma das principais características da disciplina como estudo do conhecimento é sua multiplicidade de abordagens e referenciais teóricos incorporadas em seu campo de conhecimento nos últimos 200 anos.
Psiquiatria descritiva- debruça-se fundamentalmente à forma das alterações psíquicas, a estrutura dos sintomas, caracterizando a vivência patológica como mais ou menos típica para prognóstico.
Psiquiatria Dinâmica – Neste contexto é dada importância aos conteúdos das formas, esta modalidade da importância as vivências afetivas, aspirações e temores do indivíduo em sua experiencia singular, não necessariamente taxado em sintomas. A boa prática na saúde mental cabe ao profissional a ponderação/ combinação equilibrada da abordagem descritiva, diagnostica e objetiva considerando a abordagem dinâmica pessoal do doente.
Para Dalgalarrondo, uma boa prática em saúde mental implica a combinação hábil e equilibrada de uma abordagem descritiva, diagnostica e objetiva e de uma abordagem dinâmica, pessoal e subjetiva do paciente e de sua doença.
Psicopatologia Médica: pré-estabelece a visão organicista, considerando o adoecimento mental como mau funcionamento do cérebro, disfunção do aparelho biológico.
Psicopatologia existencial: O indivíduo é compreendido em sua subjetividade, onde o ser não é apenas organismo, natural e biológico, mas é fundamentalmentehistórico e humano. A doença mental nesta perspectiva, não é vista tanto como disfunções biológicas ou psicológicas, mas sobretudo, como modo particular de existência, de ser no mundo.
Psicopatologia Comportamental e Cognitivista: no paradigma comportamental o homem é entendido como um conjunto de comportamentos observáveis e verificáveis, que são regulados por estímulos específicos e gerais, e por certas leis e determinantes de aprendizado. Já nas teorias cognitivas, centra a atenção nas representações conscientes vistas como essenciais ao funcionamento mental, normal ou patológico. Os sintomas resultam de comportamento e representações cognitivas disfuncionais, aprendidas e reforçadas pela experiência socio-familiar.
Psicopatologia Dinâmica/Dimensional: Entende o diagnóstico ligado a noção de espectro, de continuum, que incluem diferentes níveis de comprometimento, alteração da estrutura psíquica. 
Psicopatologia Biológica: enfatiza aspectos cerebrais, neuroquímicos, neurofisiológicos de doenças e sintomas (doenças mentais são doenças do cérebro).
Psicopatologia Sociocultural: Compreende a doença e sintomas como comportamentos desviantes, que surgem a partir de fatores sócio-culturais, simbólicos e históricos.
Psicopatologia operacional pragmática: fundamentada nos protocolos universais, definições básicas formuladas e generalistas tanto na orientação clínica como em pesquisa, trata-se do modelo das classificações dos transtornos mentais (CID-10 DSM-IV).
Psicopatologia Fundamental: visa centrar a psicopatologia sobre o fundamental de cada conceito psicológico, o conceito páthos ligado aos excessos, paixão, passividade que narradas pelo interlocutor, em certas ocasiões, pode ser elaborado em experiências e enriquecimento.
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