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PACHEGO GONÇALVES | 9999999999 | alesantosf2020@gmail.com | CPF: 860.542.154-18
É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
 
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Direito Civil 
(Ponto 8) 
Do direito de família. Do casamento. Das 
relações de parentesco. Dos regimes de bens 
entre os cônjuges. 
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2 
CURSO MEGE 
 
Site para cadastro: www.mege.com.br 
Celular / Whatsapp: (99) 98262-2200 (Tim) 
Turma: Clube Delta 
Material: Direito Civil - Ponto 8 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Civil 
(Ponto 8) 
Do direito de família. Do casamento. Das relações 
de parentesco. Dos regimes de bens entre os 
cônjuges. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CPF: 860.542.154-18
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SUMÁRIO 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA ...................................................................... 4 
1. DOUTRINA (RESUMO) ................................................................................................... 5 
1.1. DO DIREITO DE FAMÍLIA ............................................................................................ 5 
1.2. DO CASAMENTO ........................................................................................................ 8 
1.3. DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO ............................................................................. 20 
1.4. DO REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES ............................................................ 30 
2. JURISPRUDÊNCIA ........................................................................................................ 36 
4. QUESTÕES ................................................................................................................... 44 
5. GABARITO COMENTADO ............................................................................................ 48 
 
 
 
 
 
 
CPF: 860.542.154-18
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4 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA RODADA 
(Conforme Edital Mege) 
 
 
 
DIREITO CIVIL 
Do direito de família. Do casamento. Das relações de parentesco. Dos regimes de bens 
entre os cônjuges. (Ponto 8) 
 
 
 
 
CPF: 860.542.154-18
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1. DOUTRINA (RESUMO) 
1.1. DO DIREITO DE FAMÍLIA 
 
O Direito de Família corresponde ao conjunto de regras e princípios 
encarregados da disciplina de relações decorrentes do casamento, da união estável, do 
parentesco e de outras relações afins (direito assistencial, tutela e curatela). Tais 
relações possuem relevância jurídica, pois constituem a base da família. 
O Direito de Família contemporâneo pode ser dividido em: Direito Existencial 
de Família, que está baseado na pessoa humana, sendo as normas correlatas de 
ordem pública ou cogentes; e Direito Patrimonial de Família, que tem o seu cerne 
principal no patrimônio, relacionado a normas de ordem privada ou dispositivas. 
É preciso destacar que o Direito de Família Brasileiro passou por profundas 
alterações estruturais e funcionais nos últimos anos. Essas transformações podem ser 
sentidas pelo estudo de seus princípios, muitos deles com previsão na CF/1988, tema 
que será abordado a partir deste momento. 
A Constituição Federal de 1988 possui um capítulo próprio que trata da 
família, da criança, do adolescente, do jovem e do idoso (Capítulo VII, do Título VIII – 
Da Ordem Social). Interpretando o art. 226 da CF/88, podemos destacar os princípios 
constitucionais norteadores do Direito de Família: 
Pluralidade das Entidades Familiares (art. 226, § 3º, da CF) - Não existe um só 
caminho para a formação da família (casamento, união estável etc.), buscando o 
direito proteger e desenvolver as várias formas de constituição familiar. 
Igualdade - Determina a igualdade entre os integrantes da família (inclusive 
igualdade material), decorrendo, assim, da desierarquização da família. Este princípio 
pode ser subdividir em outros dois: 
 
i) Igualdade entre filhos - art. 227, § 6º, da CF - Os filhos, 
havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão 
os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer 
designações discriminatórias relativas à filiação. O mesmo 
dispõe o art. 1.596 do CC. 
Em suma, juridicamente, todos os filhos são iguais perante a lei, 
havidos ou não durante o casamento. Essa igualdade abrange 
os filhos adotivos, os filhos socioafetivos e os havidos por 
inseminação artificial heteróloga (com material genético de 
terceiro). Diante disso, não se pode mais utilizar as odiosas 
expressões filho adulterino, filho incestuoso, filho ilegítimo, 
filho espúrio ou filho bastardo. Apenas para fins didáticos 
utiliza-se o termo filho havido fora do casamento, eis que, 
juridicamente, todos são iguais; 
ii) Igualdade entre cônjuges e companheiros - art. 227, § 5º, da 
CF e art. 1.511 do CC - Os direitos e deveres referentes à 
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sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e 
pela mulher. 
Em decorrência do princípio da igualdade entre cônjuges e 
companheiros, surge a igualdade na chefia familiar, que pode 
ser exercida tanto pelo homem quanto pela mulher em um 
regime democrático de colaboração, podendo inclusive os 
filhos opinar (conceito de família democrática). Substitui-se 
uma hierarquia por uma diarquia. Utiliza-se a expressão 
despatriarcalização do Direito de Família, eis que a figura 
paterna não exerce o poder de dominação do passado. Não se 
fala mais em pátrio poder, substituída por poder familiar. 
 
Princípio da Não Intervenção ou Liberdade - Este princípio determina a livre 
manifestação da vontade para a composição ou dissolução da família. Este também 
determina a liberdade dos integrantes da família. 
Dispõe o art. 1.513 do Código Civil que “é defeso a qualquer pessoa de direito 
público ou direito privado interferir na comunhão de vida instituída pela família”. Além 
deste dispositivo, reforça o princípio o art. 1.565, § 2º, pelo qual o planejamento 
familiar é de livre decisão do casal, sendo vedada qualquer forma de coerção por parte 
de instituições privadas ou públicas em relação a esse direito. 
Princípio da Solidariedade Familiar (art. 3º, I, da CF) - Determina a "atenção e 
compromisso com o outro". Se a sociedade deve ser solidária, a família, como base da 
sociedade, também deve ser solidária. Dessa forma, este princípio refere-se a atenção 
e responsabilidade entre os entes da família. Esta solidariedade deve ser tida em 
sentido amplo, tendo caráter afetivo, social, moral, patrimonial, espiritual e sexual. 
Princípio da Proteção Integral e do Maior Interesse da Criança e do 
Adolescente - A família é um dos elementos essenciais de proteção das crianças e 
adolescentes. Assim, a família está obrigada a garantir o desenvolvimento (físico, 
espiritual e moral) integral harmônico da personalidade da criança (art. 227 da CF e 
arts. 3º e 4º, do ECA). 
Na ótica civil, essa proteçãointegral pode ser percebida pelo princípio de 
melhor ou maior interesse da criança, ou best interest of the child, conforme 
reconhecido pela Convenção Internacional de Haia, que trata da proteção dos 
interesses das crianças. 
Princípio da Proteção ao Idoso - O idoso também é sujeito de proteção 
especial dentro da família. 
Princípio da Afetividade - Este decorre da valorização constante da dignidade 
humana e da solidariedade. Determina que o vínculo familiar constitui mais um vínculo 
de afeto do que um vínculo biológico. Com ele, surge uma nova forma de parentesco 
civil, a parentalidade socioafetiva. 
A afetividade constitui um princípio jurídico aplicado ao âmbito familiar e com 
repercussões sucessórias, tendo o afeto valor jurídico. Nesse sentido, o Superior 
Tribunal de Justiça entendeu que: 
 
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“A quebra de paradigmas do Direito de Família tem como 
traço forte a valorização do afeto e das relações surgidas da 
sua livre manifestação, colocando à margem do sistema a 
antiga postura meramente patrimonialista ou ainda aquela 
voltada apenas ao intuito de procriação da entidade familiar. 
Hoje, muito mais visibilidade alcançam as relações afetivas, 
sejam entre pessoas de mesmo sexo, sejam entre o homem e a 
mulher, pela comunhão de vida e de interesses, pela 
reciprocidade zelosa entre os seus integrantes. Deve o juiz, 
nessa evolução de mentalidade, permanecer atento às 
manifestações de intolerância ou de repulsa que possam 
porventura se revelar em face das minorias, cabendo-lhe 
exercitar raciocínios de ponderação e apaziguamento de 
possíveis espíritos em conflito. A defesa dos direitos em sua 
plenitude deve assentar em ideais de fraternidade e 
solidariedade, não podendo o Poder Judiciário esquivar-se de 
ver e de dizer o novo, assim como já o fez, em tempos idos, 
quando emprestou normatividade aos relacionamentos entre 
pessoas não casadas, fazendo surgir, por consequência, o 
instituto da união estável. A temática ora em julgamento 
igualmente assenta sua premissa em vínculos lastreados em 
comprometimento amoroso” (STJ, REsp 1.026.981/RJ, 3.ª 
Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 04.02.2010). 
 
A afetividade, portanto, é um dos princípios do direito de família brasileiro, 
implícito na Constituição, explícito e implícito no Código Civil e nas diversas outras 
regras do ordenamento. 
Princípio da Função Social da Família - O art. 226 da CF dispõe que a família é 
a base da sociedade, tendo especial proteção do Estado. Desse modo, as relações 
familiares devem ser analisadas dentro do contexto social e diante das diferenças 
regionais de cada localidade. 
De acordo com entendimento majoritário da doutrina, o art. 226 da CF/88 
apresenta rol meramente exemplificativo das possíveis entidades familiares, 
elencando o casamento, a união estável e a família monoparental, como exemplos de 
família, sem esgotar as inúmeras possibilidades fáticas de núcleo familiar que gozam 
de especial proteção do Estado, haja vista que a família, na atualidade, é reconhecida 
como um meio, um instrumento para se alcançar a felicidade. É o que se chama de 
família eudemonista. 
Nesse sentido, no julgamento da ADI 4.277, o STF reconheceu que a presença 
do caráter afetivo como mola propulsora de algumas relações, como aquelas entre 
pessoas do mesmo sexo, a caracteriza como uma entidade familiar 
(independentemente de expressa previsão constitucional). 
Princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/1988) - não há 
ramo do Direito Privado em que a dignidade da pessoa humana tem maior ingerência 
ou atuação do que o Direito de Família. 
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A família, objeto do deslocamento do eixo central de seu regramento 
normativo para o plano constitucional, reclama a reformulação do tratamento jurídico 
dos vínculos parentais à luz do sobreprincípio da dignidade humana (art. 1º, III, da 
CRFB). 
Um bom exemplo de aplicação da dignidade humana às relações familiares, é 
o direito à busca pela felicidade, citado como paradigma contemporâneo na 
impactante decisão do Supremo Tribunal Federal que reconheceu a igualdade entre a 
paternidade socioafetiva e a biológica, bem como possibilidade de multiparentalidade, 
com vínculo concomitante (STF, RE 898.060/SC). 
 
1.2. DO CASAMENTO 
 
É a união de duas pessoas, reconhecida e regulamentada pelo Estado, 
formada com o objetivo de constituição de uma família e baseado em um vínculo de 
afeto, produzindo diferentes efeitos no âmbito pessoal, social e patrimonial. 
Cuida-se de um dos institutos mais antigos da Humanidade, já tendo passado 
por inúmeras modificações em seus elementos. Em sua trajetória, verifica-se que, cada 
vez mais, ele se afasta de seu caráter patrimonial para se aproximar da ideia de 
dignidade da pessoa humana. 
Cumpre ressaltar, que na VII Jornada de Direito Civil, realizada pelo Conselho da 
Justiça Federal em 2015, aprovou-se enunciado segundo o qual é existente e válido o 
casamento entre pessoas do mesmo sexo (Enunciado nº 601). 
Sublinhe-se que não ocorreu ainda qualquer alteração legislativa no sentido de 
admissão da nova entidade familiar, o que não deve ser considerado como óbice para 
o seu amplo reconhecimento, até porque cabe à doutrina e à jurisprudência a tarefa 
de adequar a norma ao fato social, o que vem ocorrendo. Confirmada a premissa de 
inclusão, todas as regras pessoais e patrimoniais do casamento entre pessoas de sexos 
distintos incidem para o casamento entre pessoas do mesmo sexo. 
Neste particular, o Supremo Tribunal Federal, em 2011, reconheceu que a 
união homoafetiva deve ser equiparada à união estável para todos os efeitos, inclusive 
para a conversão em casamento, aplicando-se o art. 1.726 do CC. Sendo assim, após a 
esse histórico julgamento surgiram diversas decisões judiciais de conversão, 
admitindo-se o casamento homoafetivo. 
Ora, se é possível a conversão da união estável em casamento, também o é o 
casamento homoafetivo celebrado diretamente, sem que haja união estável prévia. O 
contrário representaria um retrocesso, uma volta ao Direito Civil burocratizado dos 
séculos passados, não mais condizente com os anseios constitucionais de hoje. 
 
1.2.1. NATUREZA JURÍDICA DO CASAMENTO 
 
A doutrina diverge quanto à natureza jurídica do casamento. Podem-se reunir 
as divergências doutrinárias em três correntes com as seguintes características: 
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i) o casamento tem natureza negocial, entendendo que, por se 
tratar de ato decorrente de vontade das partes, fundado, 
basicamente, no consentimento, o casamento seria um negócio 
jurídico – que não se confunde com o contrato; 
ii) o casamento tem natureza institucional, rejeitando a 
natureza negocial e enxergando no matrimônio uma situação 
jurídica que refletiria parâmetros preestabelecidos pelo 
legislador e constituindo um conjunto de regras impostas pelo 
Estado; 
iii) o casamento tem natureza mista ou eclética, promovendo 
uma conciliação entre as teorias antecedentes, passando a 
considerar o casamento um ato complexo, impregnado, a um 
só tempo, por características contratuais e institucionais. 
 
Entre os que defendem o casamento como um negócio jurídico, este seria um 
negócio jurídico especial (CHAVES E ROSENVALD), ou, ainda, uma especial modalidade 
de contrato, qualificada pelo Direito de Família(STOLZE E PAMPLONA FILHO). 
Sendo negócio jurídico, é possível e viável juridicamente aplicar ao casamento 
as regras referentes à teoria geral do negócio jurídico previstas na Parte Geral do 
CC/2002. Isso, desde que não exista regra específica no seu tratamento na Parte 
Especial. 
 
1.2.2. CARACTERÍSTICAS DO CASAMENTO 
 
As características do casamento podem ser extraídas do art. 226, §§ 1º e 2º, 
da CF/88, do Código Civil (art. 1.511 e ss.) e da jurisprudência dos tribunais superiores. 
Temos como principais características do casamento: 
 
a) Caráter personalíssimo e livre escolha dos nubentes, que 
possuem ampla liberdade de escolha, tendo em vista se tratar 
de um direito fundamental da pessoa humana. Somente 
quando se tratar de menor entre 16 e 18 anos será necessária a 
anuência dos pais; 
b) Solenidade da celebração, pois o casamento é ato solene, 
formal, que exige a autoridade celebrante, testemunhas, enfim, 
diversas solenidades que deverão ser observadas sob pena de 
se ter o ato por inexistente; 
c) Inexigência de diversidade de sexos (possibilidade do 
casamento homoafetivo), pois consoante entendimento do 
STF, o casamento pode ser celebrado entre pessoas de sexos 
diferentes ou entre pessoas do mesmo sexo. Cabe ressaltar 
que, a interpretação constitucional que permite a união entre 
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pessoas do mesmo sexo é aplicável ao casamento civil, não 
havendo determinação para que as igrejas sejam obrigadas à 
celebração do casamento religioso entre pessoas do mesmo 
sexo; 
d) Inadmissibilidade da submissão a termo ou condição, 
produzindo efeitos a partir da sua celebração; 
e) Estabelecimento de uma comunhão de vida; 
f) Natureza cogente das normas que o regulamentam, haja 
vista que são normas de ordem pública, que não podem ser 
afastadas de acordo com o interesse das partes. Dessa forma, 
diz-se que a liberdade de escolha para o casamento é mitigada, 
pois deve observância a determinados preceitos legais; 
g) Estrutura monogâmica, o que impede o casamento de 
pessoas já casadas; 
h) Dissolubilidade, de acordo com a vontade das partes, sendo 
possível pôr fim ao vínculo matrimonial, a qualquer tempo, de 
forma recíproca ou unilateral. 
 
1.2.3. DA CAPACIDADE, HABILITAÇÃO E CELEBRAÇÃO MATRIMONIAL 
 
Não se pode confundir a incapacidade para o casamento com os 
impedimentos matrimoniais. É que a incapacidade é geral, impedindo que a pessoa se 
case com qualquer um que seja. Já os impedimentos matrimoniais atingem 
determinadas pessoas, em situações específicas. Ou seja, os impedimentos envolvem a 
legitimação, que é a capacidade especial para celebrar determinado ato ou negócio 
jurídico. 
A habilitação para o casamento é o procedimento administrativo, de iniciativa 
dos nubentes, que tramita perante o Oficial do Cartório do Registro Civil de Pessoas 
Naturais do domicílio de qualquer deles, com o propósito de demonstrar a capacidade 
para casar e a inexistência de impedimentos matrimoniais e de causas suspensivas. 
A habilitação está estruturada em quatro fases: 
 
i) fase de requerimento e apresentação da documentação; 
ii) fase dos editais de proclamas; 
iii) registro; 
iv) expedição de certidão. 
 
Conforme estatui o art. 1.512, parágrafo único, do CC, a habilitação para o 
casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e 
custas para as pessoas cuja pobreza for declarada, sob as penas da lei, não se exigindo, 
para tanto, a extrema pobreza. 
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É através do procedimento de habilitação que se verifica se os nubentes 
possuem plena capacidade para o casamento, bem como a existência de 
impedimentos matrimoniais e de causas suspensivas. 
Os conceitos de capacidade, impedimento e causa suspensiva para o 
casamento não se confundem. A capacidade núbil não coincide com a capacidade civil 
plena. Isto porque, o art. 1.517 do CC estabelece que o homem e a mulher com 
dezesseis anos podem casar, desde que haja autorização dos pais ou de seus 
representantes legais, enquanto não atingida a maioridade civil, aos dezoito anos. A 
autorização deve ser de ambos os genitores ou, em caso de divergência, poderá ser 
suprida por autorização judicial. 
Com o casamento do menor, conforme art. 5º, II, do CC, haverá a 
emancipação legal, embora permaneça a incapacidade relativa até que se complete 18 
anos. Em outras palavras, o casamento emancipa o menor, mas não o torna maior de 
idade. 
Como cediço, casamento é uma união que produz efeitos jurídicos. Neste 
particular, o legislador entendeu por bem estipular uma idade mínima para que a 
pessoa possa casar: 16 anos (idade núbil). 
Nesse sentido, dispõe o CC/02: 
 
“Art. 1.517. O homem e a mulher com dezesseis anos podem 
casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus 
representantes legais, enquanto não atingida a maioridade 
civil. 
Parágrafo único. Se houver divergência entre os pais, aplica-se 
o disposto no parágrafo único do art. 1.631”. 
 
ATENÇÃO! Antes da Lei 13.811/2019, era permitido - excepcionalmente - o 
casamento da pessoa que ainda não havia alcançado a idade núbil em caso de 
gravidez. Ocorre que a referida Lei alterou o art. 1.520 do CC, não sendo mais 
possível, em nenhuma hipótese, o casamento de pessoa menor de 16 anos. 
 
A propósito: 
 
“Art. 1.520. Não será permitido, em qualquer caso, o 
casamento de quem não atingiu a idade núbil, observado o 
disposto no art. 1.517 deste Código. (Redação dada pela Lei nº 
13.811/2018)” 
 
Caso seja realizado um casamento de pessoa menor de 16 anos, após a edição 
Lei nº 13.811/2019, este casamento será anulável, nos termos do art. 1.550, I, do CC: 
 
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“Art. 1.550. É anulável o casamento: 
I - de quem não completou a idade mínima para casar; 
(...)” 
 
É certo, no entanto, que o CC prevê duas hipóteses em que caso ocorra o 
casamento do indivíduo menor de 16 anos, este não será anulado. É justamente o caso 
dos artigos 1.551 e 1.553: 
 
“Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento 
de que resultou gravidez. 
(...) 
Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, 
depois de completá-la, confirmar seu casamento, com a 
autorização de seus representantes legais, se necessária, ou 
com suprimento judicial.” 
 
Na prática é muito difícil que o menor de 16 anos consiga casar. Afinal, tal 
situação provavelmente seria detectada na fase de habilitação e o Oficial do Registro 
Civil faria a oposição na forma do art. 1.529 do CC. Contudo, caso isso ocorra, tal 
casamento seria anulável, salvo nas hipóteses dos artigos supramencionados - arts. 
1.551 e 1.553 – que continuam vigentes. 
A possibilidade de convalidação, dar-se-á muitas vezes após a idade núbil ou 
mesmo a maioridade ser atingida, preservando uma família que pode estar constituída 
e que merece proteção, conforme o art. 226 do Texto Maior. 
Os artigos 1.550, inciso I; 1.551 e 1.553 do CC/02 não foram revogados, 
expressa ou tacitamente, pela Lei n. 13.811/2019. 
Também não estão revogados, expressa ou tacitamente, os dispositivos que 
consagram regras específicas a respeito da ação anulatória, caso do art. 1.552 do 
Código Civil. 
Estando em ordem a documentação apresentada quando do pedido de 
habilitação, o oficial extrairá o edital de proclamas, que se afixará durante quinze diasnas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes e, obrigatoriamente, se 
publicará na imprensa oficial. Não havendo imprensa oficial, a fixação será feita no 
mural do próprio Fórum e, excepcionalmente, poderá ser dispensada em havendo 
urgência na realização do casamento (Ex.: risco de morte de um dos nubentes 
acometido por grave enfermidade). 
O edital de proclamas é ato administrativo expedido pelo Oficial do Cartório 
de Registro Civil em que tramita a habilitação, por meio do qual os nubentes são 
qualificados, e é anunciado o casamento para a sociedade. 
O art. 1.522 do CC estabelece que os impedimentos podem ser opostos até o 
momento da celebração do casamento por qualquer pessoa capaz, mas a doutrina 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
 
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indica a habilitação como o momento mais indicado para apresentação de oposição ao 
casamento. 
As causas de impedimento estão previstas no art. 1.521 do CC e são todas de 
ordem pública, proibindo a celebração do casamento sob pena de nulidade do ato, e 
podem ser organizadas em três grandes grupos: 
 
i) impedimentos decorrentes de parentesco (incisos I a V); 
ii) impedimentos decorrentes da proibição da existência de 
casamento anterior (inciso VI); 
iii) impedimentos decorrentes da prática de crime (inciso VII). 
 
Já as causas suspensivas, previstas no art. 1.523 do CC, servem como 
recomendação para que os interessados não casem diante de determinadas 
circunstâncias, mas não se tratam de regras proibitivas, razão pela qual o casamento 
celebrado diante de condição suspensiva é plenamente válido e eficaz entre as partes, 
tendo como única consequência a imposição de regime de separação obrigatória de 
bens, limitando a autonomia privada. 
As causas de impedimento são aplicáveis à união estável, conforme art. 
1.723, § 1º, do CC, pois somente pode ser reconhecida a união estável nos casos em 
que esta puder ser convertida em casamento. Ao contrário, as causas suspensivas não 
se aplicam à união estável (art. 1.723, § 2º, do CC), motivo pelo qual não haverá 
imposição de regime de separação legal para essa modalidade de núcleo familiar. 
Cumpridas as formalidades legais e não havendo fato obstativo ao casamento, 
o oficial do registro extrairá o certificado de habilitação, que indica que os noivos estão 
aptos a casar e autoriza a celebração do casamento. A certidão terá validade de 90 
dias a contar da data de sua extração. 
O casamento será celebrado no dia e lugar previamente designados pela 
autoridade que houver de presidir o ato, mediante petição dos contraentes, que se 
mostrem habilitados com a certidão anteriormente emitida. A celebração é ato solene 
que deverá ser presidido pelo juiz de direito, pelo juiz de paz ou, no matrimônio 
religioso com efeitos civis, pela autoridade religiosa, sob pena de inexistência. 
O ato deve ser realizado na presença de duas testemunhas, quando ambos os 
nubentes forem alfabetizados, aumentando-se o número mínimo para quatro 
testemunhas se forem analfabetos ou impossibilitados de firmar o termo de 
casamento. Além disso, a lei estabelece que a cerimônia seja realizada a portas 
abertas, em virtude da publicidade que se deve conferir à celebração, facultando-se a 
quem souber de causa de impedimento a se pronunciar até esse momento. 
Presentes os nubentes, testemunhas e o presidente do ato, este deverá ouvir 
os nubentes quanto à livre e espontânea vontade de casar, e se assim o for, declarará 
efetuado o casamento nos termos do art. 1.535 do CC. Ressalte-se que a manifestação 
de vontade dos nubentes ou de quem os represente é necessária ao ato, uma vez que 
o matrimônio exige declaração expressa de vontade, de tal sorte que o silêncio não 
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importa em anuência, sendo anulável o casamento que possuir vício na manifestação 
de vontade (art. 1.550, III, do CC). 
 
1.2.4. FORMAS ESPECIAIS DE CASAMENTO 
 
A regra é que o casamento ocorra com a presença dos nubentes, diante de 
duas ou mais testemunhas e que seja celebrado pela autoridade competente depois 
de regular processo de habilitação. Entretanto, o CC prevê algumas hipóteses em que a 
regra geral é excepcionada. São elas: 
 
- Casamento por procuração: o casamento pode ser celebrado 
por procuração, por instrumento público, com poderes 
especiais. 
- Casamento nuncupativo: é aquele contraído, de viva voz, por 
nubente que se encontre moribundo, na presença de, pelo 
menos, seis testemunhas, independentemente da presença da 
autoridade competente ou de seu substituto. 
- Casamento em caso de moléstia grave: não se confunde com 
o casamento nuncupativo, pois, aqui, a moléstia impede o 
deslocamento do nubente, fazendo com que a autoridade 
competente se desloque até o local onde o nubente se 
encontre para ali realizar a celebração, na presença de duas 
testemunhas. 
- Casamento celebrado fora do país, perante autoridade 
diplomática brasileira: estando a pessoa brasileira fora do país 
e desejando contrair núpcias, terá a possibilidade de fazê-lo 
diante de autoridade diplomática brasileira. Para tanto, além 
dos requisitos de validade previstos na lei brasileira, deverá 
providenciar o registro em até 180 dias, a contar do retorno de 
um ou de ambos os cônjuges ao Brasil. 
- Casamento celebrado fora do país, perante autoridade 
diplomática estrangeira: de acordo com a LINDB (art. 7º), o 
domicílio do casal determinará as regras de existência e 
validade do casamento, inclusive quanto ao regime de bens. 
Neste caso, em se tratando de nacional, o casamento deverá 
ser levado a registro nos termos da Lei de Registros Públicos 
(art. 32). 
 
1.2.5. NULIDADE E ANULABILIDADE DO CASAMENTO 
 
Em relação ao casamento, a lei enuncia hipóteses do casamento nulo (art. 
1.548 do CC) e do casamento anulável (art. 1.550 do CC). 
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Será nulo o casamento celebrado com a inobservância de causa impeditiva; 
enquanto anulável o casamento: 
 
i) de quem não completou a idade mínima para casar; 
ii) do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu 
representante legal; 
iii) por vício de vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558 do 
CC; 
iv) do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, 
o consentimento; 
v) realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro 
contraente soubesse da revogação do mandato, e não 
sobrevindo coabitação entre os cônjuges; 
vi) por incompetência da autoridade celebrante. 
 
A ação de anulação terá prazo decadencial distinto, a depender da causa que 
enseja a anulabilidade, sendo de: 
 
i) 180 dias para os casos de defeito de idade, falta de 
consentimento, incapacidade relativa por causa psíquica ou 
revogação de mandato; 
ii) 2 anos quando se tratar de incompetência da autoridade 
celebrante; 
iii) 3 anos quando a hipótese for de erro essencial; 
iv) 4 anos quando a causa for coação. 
 
1.2.6. EXISTÊNCIA, VALIDADE E EFICÁCIA DO CASAMENTO 
 
Embora o CC não trate expressamente do plano da existência, considera-se 
inexistente o casamento realizado: 
 
i) com ausência de vontade; ou 
ii) celebrado por autoridade totalmente incompetente. 
 
No plano da validade são verificadas as hipóteses de nulidade (art. 1.548 do 
CC) e anulabilidade (art. 1.550 do CC) do casamento, sendo ambas espécies do gênero 
invalidade do negócio jurídico, que poderá ser invalidade absoluta(nulidade) ou 
invalidade relativa (anulabilidade), tratadas anteriormente. 
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Convém destacar que, mesmo nas hipóteses de nulidade ou anulabilidade, 
estando um dos nubentes ou ambos de boa-fé e tendo incorrido em erro desculpável, 
será admitido o reconhecimento do casamento, a que se denomina casamento 
putativo. 
Segundo Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald, “casamento putativo é o 
casamento inválido (nulo ou anulável), contraído de boa-fé (subjetiva), por um ou 
ambos os consortes, incorrendo em erro (de fato ou de direito), permitindo, por isso, o 
aproveitamento dos efeitos jurídicos decorrentes do matrimônio, que serão 
emprestados pelo juiz”. 
O art. 1.565 e ss. do CC tratam da eficácia do casamento, dispondo que “pelo 
casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, 
companheiros, responsáveis pelos encargos da família”. Assim, a comunhão de vidas é 
um dos principais efeitos do casamento. 
Não obstante, o casamento gera efeitos pessoais e patrimoniais. No âmbito 
pessoal, o casamento gera deveres aos consortes, quais sejam: 
 
i) fidelidade recíproca; 
ii) vida em comum, no domicílio conjugal; 
iii) mútua assistência; 
iv) sustento, guarda e educação dos filhos; 
v) respeito e consideração mútuos. 
 
No que tange aos efeitos patrimoniais, estes vão depender do regime de bens 
adotado no casamento, conforme se verá mais adiante. 
 
1.2.7. DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL 
 
A dissociabilidade é uma das características do casamento. 
A sociedade conjugal termina: 
 
i) pela morte; 
ii) pela nulidade ou anulação do casamento; 
iii) pela separação judicial; 
iv) pelo divórcio. 
 
A morte não requer maiores explicações, visto que extingue por definitivo o 
vínculo conjugal, passando o cônjuge supérstite à condição de viúvo(a). Com relação às 
hipóteses de nulidade e anulabilidade, remetemos à leitura de item específico, tratado 
anteriormente. Passemos, então, à análise das hipóteses de separação e divórcio. 
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1.2.7.1. Separação 
 
A separação é a forma de terminação da sociedade conjugal, por iniciativa de 
um ou de ambos os cônjuges, sem que finde o vínculo matrimonial. 
A pessoa separada não pode casar novamente, nem mesmo com o cônjuge de 
quem se separou; se os separados quiserem refazer a sociedade conjugal, haverá mera 
reconciliação, e não novo casamento. 
A reconciliação do casal é operada por ato judicial ou por escritura pública, 
perante o notário e na presença de advogado. É possível que na reconciliação seja feita 
a alteração do regime de bens, mas neste caso, o procedimento deverá ser realizado 
pela via judicial. 
Os deveres de coabitação e fidelidade cessam com a separação judicial, assim 
como o regime de bens. A efetiva separação de fato, cabal e inequívoca, também é 
apta a produzir a cessação de tais deveres. 
A separação pode operar-se de forma consensual, quando ambos estão de 
acordo, ou litigiosa, quando apenas um dos cônjuges concorda com a dissolução. Se os 
cônjuges não tiverem filhos menores ou incapazes, a separação pode se operar pela 
via extrajudicial; caso contrário, impõe-se o processo judicial, ainda que consensual, 
salvo se as questões atinentes à prole já tiverem sido resolvidas judicialmente. 
A EC-66/2010, conhecida como Emenda do Divórcio ou PEC do Divórcio, 
alterou o art. 226, § 6º, da Constituição para excluir a necessidade de separação, bem 
como o lapso temporal antes do divórcio. Com isso, a doutrina majoritária passou a 
entender que a separação já não mais existiria no nosso ordenamento jurídico. Esse, 
porém, não foi o entendimento esposado pelo STJ, segundo o qual a separação 
permanece incólume no ordenamento jurídico brasileiro. Não obstante, não há mais 
lapso temporal necessário à decretação da separação ou do divórcio. 
Assim, permanecem no sistema brasileiro três tipos de separação: 
 
i) separação-sanção, destinada à discussão da culpa; 
ii) separação-falência, cujo objetivo é o reconhecimento da 
cessação da vida conjugal há pelo menos um ano; e 
iii) separação-remédio, destinada à declaração de que um dos 
consortes está acometido de doença mental de cura 
improvável ou impossível, há pelo menos dois anos. 
 
O instituto da separação enfrenta fortes críticas por parte da doutrina, 
especialmente no que tange à discussão da culpa, com reflexos, inclusive, na 
jurisprudência. Isto porque, atualmente, o afeto é reconhecido como base às relações 
conjugais, de tal forma que a sua ausência é a maior justificativa para o término das 
relações e, de certo, ninguém pode ser considerado culpado por deixar de ter afeto 
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por outrem. De toda forma, o art. 1.573 traz um rol exemplificativo de possíveis causas 
aptas a justificar a separação-sanção. 
A sentença que decreta a separação judicial importará em separação de 
corpos e partilha de bens. Entretanto, a partilha poderá ser feita em momento 
posterior à separação, mantendo-se os bens em mancomunhão. Importante destacar 
que, a discussão da culpa não tem qualquer reflexo na partilha de bens. Ou seja, o 
cônjuge tido como “culpado” não sofrerá nenhum tipo de sanção patrimonial na 
partilha dos bens do casal em razão de eventual culpa. A partilha obedecerá às regras 
do regime de bens, sob pena de enriquecimento ilícito, em nada importando se há 
culpados ou não. 
 
1.2.7.2. Divórcio 
 
O divórcio é medida dissolutória do vínculo matrimonial válido, importando, 
por consequência, a extinção dos deveres conjugais. Com a alteração promovida pela 
EC-66/2010 (Emenda do Divórcio ou PEC do Divórcio), o divórcio deixou de exigir 
lapso temporal para sua decretação, podendo ser consensual, quando for da vontade 
de ambos os cônjuges, ou litigioso, quando requerido por apenas um dos cônjuges. 
Pode resultar, ainda, da conversão da separação em divórcio. 
Com a Emenda do Divórcio subsistiu apenas o divórcio direto, sem prazo 
mínimo, que pode ser simplesmente denominado como divórcio, outro ponto fulcral 
da inovação constitucional. Interessante verificar que o CPC/2015 também parece não 
considerar as duas modalidades anteriores, por utilizar apenas o termo divórcio, 
especialmente nos seus arts. 731 e 733. 
De toda sorte, o divórcio continua podendo ser efetivado pela via judicial ou 
extrajudicial, entendendo este autor anteriormente pela manutenção da Lei 
11.441/2007 e do art. 1.124-A do CPC/1973 nesse aspecto. 
Assim como na separação consensual, se os cônjuges não tiverem filhos 
menores ou incapazes, o divórcio pode se operar pela via extrajudicial; caso contrário, 
impõe-se o processo judicial, ainda que consensual, salvo se as questões atinentes à 
prole já tiverem sido resolvidas judicialmente. 
De igual forma, a partilha poderá ser feita em momento posterior à 
decretação do divórcio, mantendo-se os bens em mancomunhão, conforme teor da 
Súmula 197 do STJ (“O divórcio direto pode ser concedido sem que haja prévia partilha 
de bens”), ressalvando-se que, embora o divórcio permita que os ex-cônjuges 
contraiam novas núpcias, o casamento estará sujeito à causa suspensiva (art. 1.523, III, 
do CC), impondo-se o regime de bens da separação obrigatória. 
Hipótese interessante é a da morte de um dos cônjuges no curso do processo 
de divórcio. Sendo a morte causa de extinção do vínculoconjugal, prevalece o 
entendimento de que, nesse caso, haverá perda do objeto. Entretanto, há reflexos 
patrimoniais que devem ser considerados e que são distintos em caso de morte e em 
caso de divórcio. Nesse sentido, recentemente, ao julgar a hipótese, o TJMG 
reconheceu o divórcio como causa extintiva do vínculo conjugal, e não a morte. 
 
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1.2.8. DA PROTEÇÃO DA PESSOA DOS FILHOS 
 
O poder familiar não é afetado pela dissolução do casamento ou da união 
estável. Por isso, em regra, mesmo na guarda unilateral os pais continuam 
respondendo civilmente pelos danos causados por seus filhos (art. 932, I, do CC), como 
continuam no exercício do poder familiar. 
O CC regulamenta a guarda entre os pais, concretizando uma situação fática. 
A guarda pode ser autônoma ou decorrer do poder familiar, como um de seus efeitos. 
Assim, os pais possuem direito de guarda sobre seus filhos. 
Para a fixação da guarda, deverá ser considerado o melhor interesse da 
criança, sob o ponto de vista da formação especial. 
A guarda poderá assumir uma das seguintes formas: 
 
a) Guarda Unilateral: É a guarda atribuída a um só dos 
genitores ou a alguém que o substitua, garantindo-se ao outro 
o direito de visitação. O genitor que não detenha a guarda terá 
o dever de supervisionar os interesses dos filhos, podendo 
solicitar informações e/ou prestações de contas, objetivas ou 
subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou 
indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação 
dos filhos. 
b) Guarda Compartilhada: Configura-se com a 
responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres 
do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, 
concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. Nessa 
modalidade, o tempo de convivência com os filhos será dividido 
de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em 
vista as condições fáticas e os interesses dos filhos. Deve ser 
adotada preferencialmente, ainda que haja litígio entre os 
genitores e não exclui o dever de prestar alimentos. 
c) Guarda Alternada: Ocorreria a partir da fragmentação da 
vida do menor em períodos, ficando, por exemplo, 15 dias com 
o pai e 15 dias com a mãe, seguindo-se a alternância daí. 
Embora seja questionada em razão dos riscos de dano ao 
menor, que poderia ter prejuízo aos seus vínculos sociais, pode 
ser adotada se for no melhor interesse do menor. 
 
Por fim, registre-se que se qualquer dos genitores contrair novas núpcias, o 
poder familiar permanecerá inalterado, salvo se houver comprometimento da sadia 
formação e do integral desenvolvimento da personalidade da prole decorrente de 
relacionamento anterior. 
 
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1.3. DAS RELAÇÕES DE PARENTESCO 
 
Parentesco é a relação que une determinado grupo de pessoas a ancestrais 
comuns. É o modelo pelo qual a organização familiar se espelha. Assim, é a estrutura 
que molda um grupo familiar. 
Do ponto de vista jurídico as relações de parentesco geram prerrogativas e 
deveres dentre os integrantes de uma mesma comunidade familiar (princípio da 
solidariedade familiar). 
O parentesco pode ter as seguintes origens: 
 
- Origem Genética (sangue) - É o parentesco das relações 
biológicas, dos ancestrais em comum. Este decorre do direito à 
identidade (art. 5º, X, da CF). 
- Origem Civil (lei) - Tem como base formal as prescrições da 
lei, nas hipóteses especificadas por essas fontes (ex.: adoção; 
inseminação heteróloga). 
- Outras Origens - Possibilita a evolução de outras formas de 
origem de parentesco. Ex.: Relação socioafetiva. 
 
São modalidades de parentesco: 
 
- Parentesco Natural (consanguíneo) - É aquele existente entre 
pessoas que mantêm entre si um vínculo biológico ou de 
sangue, por terem origem no mesmo tronco comum. 
- Parentesco por Afinidade - É aquele existente entre um 
cônjuge ou companheiro e os parentes do outro cônjuge ou 
companheiro. Deve-se atentar para o fato de que a mulher e o 
marido não são parentes. 
- Parentesco Civil - É aquele decorrente de outra origem, que 
não seja a consanguinidade ou a afinidade, conforme disposto 
no art. 1.593 do CC. Tradicionalmente decorre da adoção, mas 
pode decorrer de outras causas como a reprodução 
heteróloga e a parentalidade socioafetiva. 
 
As formas de parentesco podem ser: 
 
- Parentesco em Linha Reta - art. 1.591 do CC - São as pessoas 
que estão umas para com as outras na relação de ascendentes 
e descendentes. Ex.: Pais e Filhos; 
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21 
- Parentesco em Linha Colateral - art. 1.592 do CC - São as 
pessoas, até quarto grau, provenientes de um só tronco, sem 
descenderem uma da outra. Ex.: Irmãos. 
 
As relações de parentesco em linha colateral estão limitadas até o quarto 
grau. 
Na linha reta não existe qualquer limite de parentesco. Nesse caso, as 
relações de parentesco se estendem ao infinito. 
A contagem de graus de parentesco deve observar os seguintes critérios: 
 
- Contagem na Linha Reta - O parentesco na linha reta é 
contado na medida em que se sobe (linha reta ascendente) ou 
se desce (linha reta descendente) na escada parental, tem-se 
um grau de parentesco. Assim, contam-se, na linha reta, os 
graus de parentesco pelo número de gerações (art. 1.594 do 
CC). 
- Contagem na Linha Colateral - No parentesco na linha 
colateral conta-se o número de graus de acordo com o número 
de gerações, subindo de um dos parentes até o ascendente 
comum, e descendo até encontrar o outro parente. Atente-se 
que a premissa fundamental é a seguinte: deve-se subir ao 
máximo, até o parente comum, para depois descer e 
encontrar o parente procurado. 
 
Em complemento, o parentesco colateral pode ser desigual ou igual. Será 
igual se a medida da subida for igual à da descida; será desigual em caso contrário. 
O mínimo de parentesco colateral é de segundo (2º) grau, diante da regra de 
subir o máximo até o tronco comum, para depois descer e encontrar o outro parente. 
Assim, não há parentesco colateral de primeiro grau. 
 
1.3.1. DA FILIAÇÃO 
 
Filiação é a relação de parentesco existente entre alguém e sua prole. É um 
vínculo jurídico constituído entre uma pessoa e seu descendente. Refere-se à família 
no seu âmbito mais estrito (pai, mãe e filhos - família nuclear). 
A relação de filiação é regida pelo Princípio da Igualdade (art. 227, § 6º, da CF 
e 1.596 do CC), que indica a necessidade de tratamento jurídico e sem qualquer 
discriminação a todos os filhos, independentemente da origem do vínculo. 
O art. 1.597 do CC/2002 consagra as antigas presunções de paternidade 
decorrentes do casamento (pater is est quem nuptiae demonstrant), ao lado de novas 
presunções relacionadas a técnicas de reprodução assistida. A filiação pode ser 
matrimonial ou extramatrimonial. 
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22 
A filiação matrimonial é aquela decorrente de relações entre pais casados 
entre si, implica em paternidade e maternidade e está regulada no art. 1.597 do CC; ao 
passo que a filiação extramatrimonial é aquela decorrente da relação entre pais não 
casados entre si. 
A maternidade é determinada pela gravidez e pelo parto. Esta é semprecerta. 
Em princípio, mãe é quem deu à luz o filho até que se prove o contrário. Isso nem 
sempre é correto pela possibilidade de outras gestarem filhos alheios. Além disso, os 
avanços da medicina têm permitido procedimentos antes nunca vistos para a geração 
da prole. A legislação especial e as normas médicas regulam essas hipóteses. 
Quanto à paternidade há a presunção "pater ist est quem justae nuptia 
demonstrant", que determina que é pai presumido o marido da mãe quando a criança 
vier a nascer em razão do casamento. São fundamentos para esta presunção: 
 
i) o dever de fidelidade no casamento; e 
ii) debitum conjugale. 
 
Ressalta-se que esta presunção é relativa (admite prova em contrário), pois a 
fonte principal na determinação da filiação é a consanguinidade. Assim, a 
desconstituição dessa presunção pode ser feita através de: 
 
i) ação negatória de paternidade; e 
ii) ação de investigação de paternidade. 
 
Ação Negatória de Paternidade - art. 1.601 do CC - É uma ação 
personalíssima (só o marido pode ingressar) e imprescritível. Somente por sucessão de 
terceiros poderão figurar no polo ativo da ação, que é de estado (contempla o estado 
da pessoa). 
Existem críticas a essa imprescritibilidade, para que ela não se torne um 
instrumento do exercício abusivo de um direito. Assim, a doutrina afirma que esta 
imprescritibilidade é limitada pela boa-fé objetiva. Essa limitação se baseia no "venire 
contra factum proprium", ou seja, na proibição do comportamento contraditório. 
Dessa forma, uma vez que se passa a atuar como pai ou mãe de determinada criança, 
mesmo sabendo que esta não é sua prole, perde-se o direito de propor a ação 
negatória. 
Ação de Investigação de Paternidade – Para a propositura desta ação deve 
haver indícios suficientes. Nesta, o pai registral estará no polo passivo da ação. É 
possível que terceiro questione a presunção de paternidade quando entender que é 
pai da criança, visando confirmar a parentalidade genética (doutrina majoritária). 
Existe quem afirme que não é possível a propositura dessa demanda dada a existência 
da estabilidade familiar e da parentalidade socioafetiva já formada. 
Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: 
 
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I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de 
estabelecida a convivência conjugal. 
 
O prazo é dado com base no tempo mínimo necessário para a gestação de 
uma criança. No caso de a criança nascer antes dos 180 dias não há presunção de 
paternidade, devendo haver a manifestação do marido para fixar a paternidade. 
Ressalta-se que a data do início da convivência nem sempre coincide com a data da 
celebração do casamento. Tratando-se de presunção relativa esta poderá ser ilidida 
pela prova em contrário, como o exame de DNA. 
 
II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da 
sociedade conjugal, por morte, separação judicial, nulidade e 
anulação do casamento. 
 
O prazo é dado com base no tempo máximo necessário para a gestação de 
uma criança. Ressalta-se que a separação pode ser judicial ou extrajudicial. Da mesma 
forma, se aplica este prazo ao divórcio, que agora pode ser concedido sem 
necessidade de separação. A doutrina tem deliberado conjuntamente que, se houver 
uma precedente separação de fato, esta regra não se aplica. Salvo prova em contrário, 
se, antes de decorrido o prazo de trezentos dias, a mulher contrair novas núpcias e lhe 
nascer algum filho, este se presume do primeiro marido; e, do segundo, se o 
nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o prazo de cento e oitenta dias a 
que se refere o inciso I do art. 1.597. Dessa forma: 
 
i) haverá presunção de que o filho é do primeiro marido, se 
nascer dentro dos 300 dias a contar do falecimento do primeiro 
marido, separação, divórcio etc.; 
ii) haverá presunção de que o filho é do segundo marido se o 
nascimento ocorrer após os 300 dias da dissolução da primeira 
união e já decorrido o prazo de 180 dias do início do segundo 
casamento. 
III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que 
falecido o marido. 
 
Trata-se de fecundação que se realiza com o material seminal do próprio 
marido. O problema se dá na inseminação com o sêmen do marido falecido, pois não 
há garantia da vontade da paternidade deste. Assim, a doutrina (majoritária) só tem 
admitido a inseminação post mortem se o marido demonstrar esta vontade antes de 
morrer. 
 
IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões 
excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga. 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
 
24 
 
Embriões excedentários são aqueles que sobram no processo de inseminação 
artificial. Se aplicam as mesmas regras do inciso anterior. 
 
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que 
tenha prévia autorização do marido. 
 
A inseminação heteróloga é aquela que o sêmen não é do marido. Este 
provém de um banco de sêmen. O legislador não determina a forma da autorização. 
Assim, alguns autores (minoritariamente) afirmam que se deve aceitar os vários tipos 
de manifestação da vontade (tácita, presumida, expressa etc.). Entretanto, a doutrina 
majoritária afirma que esta autorização deve ser expressa, dada a importância do ato. 
Não será possível a revogação da autorização do marido após a realização do 
procedimento, em razão do melhor interesse da criança e da boa-fé objetiva. 
Prevalece o entendimento na doutrina de que neste caso não será possível a quebra 
do sigilo do doador do material genético, mesmo nos casos de desamparo, embora 
haja posicionamento minoritário em sentido contrário. 
Denomina-se gestação de substituição aquela relativa à barriga de aluguel. 
Pela Resolução 2.168/2017 do Conselho Federal de Medicina admite-se no Brasil a 
gestação de substituição (popularmente conhecida barriga de aluguel) somente a 
título gratuito (tecnicamente, portanto, não se trata de uma barriga de aluguel, e sim 
uma barriga de comodato). 
A doação temporária de útero apenas é admitida no âmbito familiar, em um 
parentesco até o quarto grau. Os demais casos de gestação por substituição, fora do 
âmbito familiar, estão sujeitos à autorização do Conselho Regional de Medicina. Nesse 
caso, o entendimento da doutrina majoritária é de que a presunção de maternidade é 
daquela que forneceu o material genético. 
A respeito da reprodução assistida heteróloga na união homoafetiva, a 
doutrina majoritária entende que isso não só é viável como vem efetivamente 
ocorrendo na prática. O último entendimento segue a linha de pensamento de que a 
união homoafetiva constitui uma entidade familiar. Esta posição está fortemente 
consolidada após o reconhecimento pelo STF da união estável homoafetiva. 
A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no 
Registro Civil. 
Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de 
nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro. O CC (art. 1.604) permite 
a ação vindicatória por terceiro, havendo erro ou falsidade registral. Ressalve-se que a 
alegação de erro ou falsidade registral não poderá ser alegada no caso da 
parentalidade socioafetiva. 
Na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se a filiação por 
qualquer modo admissível em direito: (i) quando houver começo de prova por escrito, 
proveniente dos pais, conjunta ou separadamente; (ii) quando existirem veementes 
presunções resultantes de fatos já certos. 
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25 
A ação de prova de filiação compete ao filho (personalíssima), enquanto viver, 
passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz, salvo se julgado extinto o 
processo. 
 
1.3.2. DO RECONHECIMENTO DOS FILHOS 
 
O tema reconhecimento de filhos já era tratado pela Lei 8.560/1992 (Lei da 
Investigação da Paternidade), norma que continua parcialmente em vigor naqueles 
pontos que tratam da matéria processual. O reconhecimento de filhos no atual Código 
Civil consta dos seus arts. 1.607 a 1.617. 
O reconhecimento de filhos pode se dar por duas formas básicas: 
 
– Reconhecimento voluntário ou perfilhação (art. 1.609 do CC). 
– Reconhecimento judicial (nas hipóteses em que não há o 
reconhecimento voluntário, este devendo ocorrer de forma 
coativa, por meio da ação investigatória). 
 
Denomina-se filiação extramatrimonial aquela decorrente da relação entre 
pais não casados entre si, podendo ser: 
 
i) natural, quando os pais não são casados entre si, mas não 
tem impedimentos ao casamento. Esta filiação pode se dar em 
razão de uma união estável ou eventual; 
ii) adulterina, quando a filiação se dá fora do casamento, sendo 
um dos pais, ou ambos, adúlteros; ou 
iii) incestuosa, quando decorre de uma relação entre parentes. 
 
Na filiação extramatrimonial o legislador implementou o mecanismo do 
reconhecimento para a determinação da paternidade ou da maternidade, que consiste 
em declaração pessoal ou judicial confirmatória da relação parental entre alguém e 
sua prole. 
Ressalta-se que é possível o reconhecimento de paternidade do filho 
decorrente de uma relação adulterina, podendo se dar de forma voluntária ou coativa 
(judicial). 
Reconhecimento Voluntário (Perfiliação) - é constituído por uma declaração 
personalíssima, irrevogável, incondicional, prestada voluntariamente pelo pai ou pela 
mãe, por meio de quaisquer dos instrumentos previstos em lei, com a finalidade de 
confirmar a existência do elo parental com sua respectiva prole. 
Trata-se de um ato jurídico stricto sensu, personalíssimo, incondicional e 
irrevogável. O reconhecimento voluntário não constitui o vínculo por si só, pois este 
decorre do próprio elo genético, sendo a declaração apenas uma confirmação. 
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26 
Ressalta-se que no caso do testamento, mesmo que este seja revogável, o 
reconhecimento de paternidade não será. Assim, o testamento continua sendo 
revogável, mas isso não atinge a perfeição do ato de reconhecimento. 
Chama-se atenção para o fato de que parte da jurisprudência vem 
entendendo que a questão da irrevogabilidade do reconhecimento pode ser aplicada a 
hipótese envolvendo a paternidade socioafetiva. 
O reconhecimento de pessoa maior dependerá do seu consentimento. Já à 
pessoa menor se dará o direito de impugnar a paternidade no período de 4 anos após 
atingir a maioridade ou emancipação. 
Alguns doutrinadores afirmam que não há bilateralidade. Para estes, na 
realidade, o consentimento funciona apenas para dar eficácia ao reconhecimento, ou 
seja, no momento do reconhecimento este já está consumado. Dessa forma, para 
estes, o reconhecimento é unilateral. 
O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento poderá ser feito da 
seguinte forma: 
 
i) por declaração no registro de nascimento; 
ii) por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado 
em cartório de registro de pessoas naturais; 
iii) por testamento, legado ou codicilo ainda que 
incidentalmente manifestado; ou 
iv) por manifestação direta e expressa perante juiz, ainda que o 
reconhecimento não haja sido objeto único e principal do ato 
que o contém. 
 
Denomina-se averiguação oficiosa o procedimento de averiguação informal 
da paternidade previsto no art. 2º da Lei 8.560/92. Trata-se de procedimento 
administrativo instaurado perante o juízo corregedor dos cartórios de registro, com o 
objetivo de viabilizar, quando possível, o reconhecimento espontâneo da paternidade 
por parte do suposto pai. 
O art. 1.611 do CC estabelece que o filho havido fora do casamento, 
reconhecido por um dos cônjuges, não poderá residir no lar conjugal sem o 
consentimento do outro. A doutrina majoritária afirma que este artigo é 
inconstitucional, pois fere o princípio da igualdade entre os filhos em direitos e 
deveres (art. 227, § 6º, da CF). 
Reconhecimento coativo (judicial) - é aquele obtido por meio de declaração 
constante em sentença judicial, em ação própria de investigação da maternidade ou 
paternidade. 
A ação de investigação de paternidade ou maternidade é uma ação de estado 
que segue o procedimento comum. Por sua natureza declaratória e por envolver 
estado de pessoa e a dignidade da pessoa humana, não está sujeita a qualquer prazo, 
sendo imprescritível (art. 27 do ECA). 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
 
27 
Têm legitimidade para a propositura da ação o alegado filho (investigante) ou 
o Ministério Público que atua como legitimado extraordinário. Há divergência quanto à 
legitimidade do MP, entendendo parte da doutrina que não poderia o Parquet intervir 
em seara íntima e atinente a um interesse eminentemente particular. De toda sorte, a 
legitimidade conferida ao MP não prejudica que a ação seja proposta por quem tenha 
legítimo interesse, visando obter a declaração de paternidade. 
A legitimidade passiva para a causa recairá, em regra, sobre o suposto pai ou, 
sendo falecido, sobre os seus herdeiros (legítimos ou testamentários). Ressalte-se que, 
neste caso, o espólio é parte ilegítima para figurar no polo passivo da demanda. 
Poderão ser produzidos todos os meios de prova permitidos em direito. 
Atualmente, a prova mais contundente é o exame de DNA, cuja recusa do réu em se 
submeter ao exame gerará a presunção de paternidade, a ser apreciada em conjunto 
com o contexto probatório (art. 2º-A, parágrafo único, da Lei 8.560/92). 
Qualquer pessoa que tenha justo interesse pode contestar a ação de 
investigação de paternidade ou de maternidade (art. 1.615 do CC). 
A sentença terá natureza declaratória e produzirá efeitos erga omnes, pois se 
refere a um estado da pessoa. Além disso, esta sentença tem também eficácia ex tunc, 
ou seja, seus efeitos retroagem até a data da concepção. 
Diante do efeito ex tunc não é preciso que se façam pedidos cumulados, pois 
o juiz determinará as medidas de direito como consequência natural da sentença. 
Nesse tipo de ação é possível a relativização da coisa julgada em razão da 
forma pela qual a lide foi resolvida. Entretanto, esta relativização só poderá ocorrer 
nas demandas em que não houve a oportunidade de realização da prova por DNA, em 
circunstâncias nas quais ela seria possível. Assim, esta revisão só será possível em 
favor do autor, não se admitindo a aplicação dessa tese de modo oposto, para 
desconstituir a paternidade. 
Não se confunde a ação investigatória de paternidade com a ação declaratória 
de identidade genética. Esta apenas determina a existência de parentalidade genética 
(ex.: Filho adotado que não deseja romper laços com a família, mas deseja que haja a 
declaração de identidade com os pais genéticos) e decorre do direito à identidade, ou 
seja, direito ao conhecimento sobre a ascendência genética. 
Por fim, cabe registrar que é possível cumular, na ação investigatória, 
diferentes pedidos, ainda que entre eles não haja conexão, desde que atendidos os 
requisitos genéricos exigidos pelo CPC. Assim, torna-se possível formular pedido 
investigatóriocumulado com alimentos, petição de herança, anulação de testamento e 
partilha, dentre outros. 
 
1.3.3. DA ADOÇÃO 
 
A adoção é o tema inserido no contexto da filiação. Esta é um instrumento 
que permite a conversão de alguém em filho, pelo vínculo próprio constituído por essa 
via. Assim, é uma forma artificial de instituição de laços parentais no campo da filiação 
(parentesco civil). 
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28 
É ato jurídico em sentido estrito, cujos efeitos são delimitados pela lei. Assim, 
se trata de ato jurídico em sentido estrito, de natureza complexa, pois depende de 
decisão judicial para produzir seus efeitos. Dessa forma, não se trata de negócio 
jurídico bilateral. 
A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do 
poder público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais 
da Lei 8.069/90 (ECA). 
Atualmente, a matéria ficou consolidada no Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA, Lei 8.069/1990), que do mesmo modo teve vários dos seus 
comandos alterados. Em 2017 surgiu a Lei 13.509/2017, que trouxe alterações 
substanciais a respeito do instituto, visando buscar uma maior efetividade prática. 
É dizer, não há mais dispositivos no CC/2002 regulamentando o instituto da 
adoção. O seu art. 1.618 do CC determina que a adoção de crianças e adolescentes 
será deferida na forma prevista pelo ECA. Ademais, o seu art. 1.619 modificado é claro 
ao enunciar que a adoção de maiores de 18 anos dependerá da assistência efetiva do 
Poder Público e de sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais 
da mesma Lei 8.069/1990. Em suma, o que se percebe é que a matéria de adoção, 
relativa a menores e a maiores, passou a ser consolidada no Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 
Não sem razão, o tema adoção será aprofundado no estudo do ECA. 
 
1.3.4. DO PODER FAMILIAR 
 
Durante o casamento (e a união estável), conforme dispõe o art. 1.631 do CC, 
o poder familiar compete aos pais; na falta ou impedimento de um deles, o outro o 
exercerá com exclusividade. Em caso de divergência entre os pais quanto ao exercício 
do poder familiar, qualquer deles poderá recorrer ao Judiciário a fim de ver dirimida a 
controvérsia. 
Trata-se de decorrência do vínculo jurídico de filiação, constituindo o poder 
exercido pelos pais em relação aos filhos, dentro da ideia de família democrática, do 
regime de colaboração familiar e de relações baseadas, sobretudo, no afeto. 
Em consonância com o preceito constitucional da isonomia, não há 
prevalência de qualquer dos cônjuges no exercício do poder familiar, não importando, 
também, o estado civil de quem exerce a autoridade parental. 
É dizer, o poder familiar será exercido pelo pai e pela mãe, não sendo mais o 
caso de se utilizar - em hipótese alguma - a expressão pátrio poder, totalmente 
superada pela despatriarcalização do Direito de Família, ou seja, pela perda do 
domínio exercido pela figura paterna no passado. Eventualmente, em casos de família 
homoafetiva, o poder familiar pode ser exercido por dois homens ou por duas 
mulheres, sem qualquer ressalva no tratamento da matéria. 
Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais e 
na falta ou impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade (art. 
1.631). Divergindo os pais no tocante ao exercício do poder familiar, é assegurado a 
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29 
qualquer deles recorrer ao juiz para a solução do desacordo (art. 1.631, parágrafo 
único, do CC). Mais uma vez, o Código Civil atribui a solução ao Poder Judiciário, 
criando mais uma ação: a de solução de divergência quanto ao poder familiar. 
Encerrando as regras gerais quanto ao poder familiar, enuncia o art. 1.633 do 
CC que o filho, não reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar exclusivo da mãe. 
Mas, se a mãe não for conhecida ou capaz de exercê-lo, o poder familiar será exercido 
por um tutor. 
Enquanto menores, os filhos estarão sujeitos ao poder familiar, que segundo 
disposto no art. 1.634 do CC, consiste em: 
 
I - dirigir-lhes a criação e a educação; 
II - exercer a guarda unilateral ou compartilhada nos termos do 
art. 1.584 do CC; 
III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem; 
IV - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para viajarem 
ao exterior; 
V - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para mudarem 
sua residência permanente para outro Município; 
VI - nomear-lhes tutor por testamento ou documento 
autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o 
sobrevivo não puder exercer o poder familiar; 
VII - representá-los judicial e extrajudicialmente até os 16 
(dezesseis) anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa 
idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o 
consentimento; 
VIII - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha; 
IX - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços 
próprios de sua idade e condição. 
 
Trata-se de rol exemplificativo, que não esgota as possibilidades do exercício 
do poder familiar, limitado, basicamente, por dois vetores: o melhor interesse da 
criança e o respeito a sua individualidade. 
Não pode o ascendente, sob o argumento do exercício do poder familiar, 
praticar atos ilícitos, como agressões físicas, torturas etc. Contudo, admite-se a invasão 
da privacidade do menor de acordo com critérios de razoabilidade, a fim de protegê-
lo, por exemplo, de assédio por parte de pedófilos via Internet. 
Por fim, o art. 1.635 determina que o poder familiar será extinto: 
 
I - pela morte dos pais ou do filho; 
II - pela emancipação, nos termos do art. 5º, parágrafo único, 
do CC; 
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30 
III - pela maioridade; 
IV - pela adoção; 
V - por decisão judicial, na forma do art. 1.638 do CC. 
 
Embora o artigo faça referência à extinção, a doutrina entende que as 
hipóteses de adoção e decisão judicial configuram destituição do poder familiar, sendo 
as demais hipóteses de extinção propriamente dita. É possível, ainda, a suspensão do 
poder familiar nas hipóteses previstas no art. 1.637 do CC. 
Reitera-se que o fato de contrair novas núpcias ou união estável não afeta o 
exercício do poder familiar em relação aos filhos de relacionamento anterior, o mesmo 
se aplicando ao pai ou à mãe solteiros que contraírem novo relacionamento. 
Instituto correlato ao poder familiar é a alienação parental ou implantação 
das falsas memórias. Cuida-se de uma verdadeira “lavagem cerebral” feita pelo genitor 
alienador no filho, de modo a denegrir a imagem do outro genitor, narrando 
maliciosamente fatos que não ocorreram e não aconteceram conforme a descrição 
dada pelo alienador. 
Nos termos do art. 2.º da Lei 12.318, de 26 de agosto de 2010, conhecida 
como Lei da Alienação Parental, “considera-se alienação parental a interferência na 
formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos 
genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua 
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao 
estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este”. 
Demonstrado indício de ato de alienação parental, a requerimento ou de 
ofício, em qualquer momento processual, em ação autônoma ou incidentalmente, o 
processo terá tramitação prioritária, e o juiz determinará, com urgência,ouvido o 
Ministério Público, as medidas provisórias necessárias para preservação da integridade 
psicológica da criança ou do adolescente (art. 4.º da Lei 12.318/2010). 
Aliás, ocorrendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação 
autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou 
biopsicossocial (art. 5.º, caput, da Lei 12.318/2010). 
Com efeito, não há dúvida que, além das consequências para o poder familiar, 
a alienação parental pode gerar a responsabilidade civil do alienador, por abuso de 
direito (art. 187 do CC). 
 
1.4. DO REGIME DE BENS ENTRE OS CÔNJUGES 
 
Regime de bens é o conjunto de normas que disciplina o aspecto patrimonial 
do casamento e da união estável. Não havendo convenção, ou sendo ela nula ou 
ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. 
O CC/2002 traz, entre os seus arts. 1.639 a 1.688, regras relacionadas ao 
casamento, mas que também podem ser aplicadas a outras entidades familiares, caso 
da união estável. 
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Poderão os nubentes, no processo de habilitação, optar por qualquer dos 
regimes regulados pelo CC. Quanto à forma, será reduzido a termo a opção pela 
comunhão parcial, que é a regra, fazendo-se o pacto antenupcial por escritura 
pública, nas demais escolhas. 
O pacto antenupcial é o negócio jurídico pelo qual se regula o regime 
econômico do matrimônio, definindo seu regime de bens, apartando-se do regime 
legal supletivo. Trata-se de negócio jurídico de conteúdo patrimonial, através do qual 
se estipulam, além de acordo de gestão patrimonial, outras cláusulas de cunho 
econômico, regulamentando a circulação de riquezas entre o casal e deles em face de 
terceiros. 
O regime de bens é regido pelos seguintes princípios: 
 
a) Princípio da Liberdade de Escolha: Em regra, os nubentes 
têm a faculdade de escolher o regime de bens que melhor lhes 
aprouver, salvo nas hipóteses de determinação legal. 
b) Princípio da Variabilidade: O regime de bens comporta 
múltiplas possibilidades, que podem ser escolhidas, em regra, 
de acordo com a vontade dos nubentes. 
c) Princípio da Mutabilidade: Permite aos cônjuges a mudança 
do regime de bens, a qualquer tempo, observadas as limitações 
legais. 
 
Ciclo Existencial do Regime de Bens: 
 
- Surgimento - Surge no momento da escolha (art. 1.639 do 
CC), sendo este anterior à celebração do casamento. 
- Meio - A escolha é feita pelo pacto antenupcial (art. 1.653 e 
ss. do CC), que tem natureza de negócio solene (escritura 
pública), condicionado (só é eficaz se houver o casamento), 
bilateral e que tem como objeto disposições de cunho 
patrimonial. 
- Eficácia - O regime de bens só começa a produzir efeitos após 
o casamento (art. 1.639, § 1º, do CC), ou seja, na data da 
celebração. 
- Extinção - Ocorre com o fim do vínculo matrimonial (morte, 
declaração de nulidade, suspensão, divórcio, separação etc.). 
 
O ordenamento jurídico brasileiro faculta aos interessados quatro diferentes 
modelos de regime de bens para a livre escolha. São eles: a comunhão parcial (regime 
legal supletivo), a comunhão universal, a separação convencional e a participação 
final nos aquestos. Além desses, em determinadas hipóteses, a lei impõe o regime de 
separação obrigatória, previsto no art. 1.641 do CC. Vejamos cada um deles: 
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1.4.1. REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL 
 
Trata-se do regime legal ou supletório, que valerá para o casamento se não 
houver pacto entre os cônjuges ou sendo este nulo ou ineficaz (art. 1.640, caput, do 
CC). 
Por esse regime comunicam-se os bens adquiridos na constância do 
casamento, com as exceções que a lei indica (art. 1.658 do CC). Como essa é a regra, as 
exceções devem ser interpretadas restritivamente. Haverá, portanto, bens comuns, 
pertencentes ao casal em comunhão, e bens que não entram na comunhão, e tocam a 
apenas um dos cônjuges, a título particular. 
Comunicam-se os bens adquiridos a título oneroso na constância do 
casamento, por um ou por ambos os cônjuges, preservando-se, assim, como 
patrimônio pessoal e exclusivo de cada um, os bens adquiridos por causa anterior ou 
recebidos a título gratuito a qualquer tempo. 
Conforme preceitua o Código Civil (art. 1.659), excluem-se da comunhão: 
 
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe 
sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou 
sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; 
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente 
pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens 
particulares; 
III - as obrigações anteriores ao casamento; 
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão 
em proveito do casal; 
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de 
profissão; 
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; 
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas 
semelhantes. 
 
Também não se comunicam os bens cuja aquisição tiver por título uma causa 
anterior ao casamento (art. 1.661 do CC). 
Além de regular os bens excluídos da comunhão, o legislador tratou de 
especificar quais os bens que integram a comunhão (art. 1.660 do CC). São eles: 
 
I - os bens adquiridos na constância do casamento por título 
oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
 
33 
II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o 
concurso de trabalho ou despesa anterior; 
III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em 
favor de ambos os cônjuges; 
IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge; 
V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada 
cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou 
pendentes ao tempo de cessar a comunhão. 
 
Em razão do princípio da isonomia, que norteia as relações conjugais, a 
administração do patrimônio comum estará a cargo de qualquer dos cônjuges. Já a 
administração dos bens particulares compete ao cônjuge proprietário. 
 
1.4.2. REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL 
 
Aqui o princípio é a total comunicação, que abrange os bens anteriores, 
presentes e posteriores à celebração do casamento, ou seja, há uma comunicação 
total ou plena nos aquestos, o que inclui as dívidas passivas de ambos (art. 1.667 do 
CC). Há uma fusão do patrimônio anterior dos cônjuges para compor o patrimônio 
comum. 
Não obstante, a comunicabilidade não é absoluta, pois há bens que mesmo na 
comunhão universal não se comunicam, conforme previsão do art. 1.668 do CC. São 
eles: 
 
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de 
incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; 
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro 
fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; 
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de 
despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito 
comum; 
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao 
outro com a cláusula de incomunicabilidade; 
V - os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659. 
 
A administração dos bens se dará da mesma forma que no regime de 
comunhão parcial de bens, ou seja, de igual forma, cabendo a qualquer dos cônjuges. 
 
1.4.3. REGIME DE SEPARAÇÃO CONVENCIONAL 
 
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Por esse regime, os bens adquiridos pelos cônjuges não se comunicam, sejam 
eles adquiridos antes ou durante a constância do casamento, permanecendo a 
administração exclusiva a cargo de cada cônjuge proprietário, que poderá livremente 
alienar ou gravar de ônus real os bens de sua propriedade. 
Não se deve confundir o regime de separação convencional com o de 
separação obrigatória, visto que neste a separação se dá por imposição legal, ao passo 
que naquele, a separação decorre da livre manifestação de vontade, não sendo 
aplicável a Súmula 377 do STF, que determina a comunhão dos aquestos (bens 
adquiridos a título oneroso na constância do casamento). 
Cabe destacar que há precedentes no sentido de que, em situações 
excepcionais, é possível a partilha de bens que estejam em nome de apenas um dos 
cônjuges, uma vez demonstrada a colaboração econômica direta do outro na aquisição 
do patrimônio. Neste caso, o fundamento autorizador não seria o regime de 
casamento, mas sim a proibição de enriquecimento ilícito. 
 
1.4.4. REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS 
 
Trata-se de inovação trazida pelo CC/02 cuja ideia central é a de que o 
patrimônio de cada cônjuge é particular e independente do seu consorte, mas cabe a 
cada um, na época da dissolução da sociedade conjugal, metade dos bens adquiridos, 
a título oneroso, na constância do casamento. 
Não se confunde a participação final nos aquestos com o regime de 
comunhão parcial, pois, neste, os bens que sobrevierem ao casamento, adquiridos por 
um ou por ambos, a título oneroso, serão partilhados; ao passo que, naquele, a 
comunicabilidade se refere apenas ao patrimônio adquirido onerosamente pelo 
próprio casal, ou seja, com a participação de ambos. É dizer, trata-se o regime de 
participação final nos aquestos de regime híbrido, com características da separação 
convencional e da comunhão parcial. 
 
1.4.5. REGIME DE SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA 
 
Também chamado de regime de bens compulsório, trata-se de regime em 
que a própria lei impõe a separação de bens. Assim, o art. 1.641, estabelece que é 
obrigatório o regime de separação de bens no casamento: 
 
i) das pessoas que o contraírem com inobservância das causas 
suspensivas da celebração do casamento; 
ii) da pessoa maior de 70 (setenta) anos; 
iii) de todos os que dependerem, para casar, de suprimento 
judicial. 
 
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Parcela considerável da doutrina sustenta ser inconstitucional o inciso II do 
mencionado artigo, por entender que não se justifica a limitação da autonomia privada 
tão somente por se tratar de casamento de pessoa idosa, além de violar frontalmente 
a dignidade da pessoa humana. 
Embora se trate de regime de separação obrigatória, o STF editou a Súmula 
377, aplicável à hipótese, que assim estabelece: “No regime de separação legal, 
comunicam-se os adquiridos na constância do casamento”. Assim, os aquestos se 
comunicam pelo simples fato de que o esforço comum do casal é presumido, sob pena 
de violação à proibição do enriquecimento sem causa. 
Parte da doutrina entende que, por via oblíqua, a Súmula 377 do STF acabou 
por transformar o regime de separação obrigatória em regime de comunhão parcial de 
bens, já que os efeitos práticos decorrentes da aplicação da Súmula são os mesmos. 
Por essa razão, alguns estados (Ex.: SP e PE) têm regulamentado a possibilidade de que 
os cônjuges estabeleçam, através de pacto antenupcial, o regime de separação 
convencional, o que faz com que a Súmula 377 seja afastada. 
O STJ deu nova interpretação à referida Súmula, entendendo que no regime 
de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento, 
desde que comprovado o esforço comum para sua aquisição (EREsp. 1.623.858-MG). 
Recentemente foi editada a Súmula 655: Aplica-se à união estável contraída 
por septuagenário o regime da separação obrigatória de bens, comunicando-se os 
adquiridos na constância, quando comprovado o esforço comum. 
 
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2. JURISPRUDÊNCIA 
 
SÚMULAS DO STJ 
 
Súmula nº 134 – Embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do 
executado pode opor embargos de terceiro em defesa de sua meação. 
Súmula nº 149 – É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a 
de petição de herança. 
Súmula nº 197 - O divórcio direto pode ser concedido sem que haja prévia partilha dos 
bens. 
Súmula nº 251 – A meação só responde pelo ato ilícito quando o credor, na execução 
fiscal, provar que o enriquecimento dele resultante aproveitou ao casal. 
Súmula nº 301 – Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao 
exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade. 
Súmula nº 332 – A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a 
ineficácia total da garantia. 
Súmula nº 594 – O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de 
alimentos em proveito de criança ou adolescente independentemente do exercício do 
poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se encontrar nas situações de risco 
descritas no artigo 98 do Estatuto da Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros 
questionamentos acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca. 
Súmula nº 621 – Os efeitos da sentença que reduz, majora ou exonera o alimentante 
do pagamento retroagem à data da citação, vedadas a compensação e a 
repetibilidade. 
Súmula nº 655 – Aplica-se à união estável contraída por septuagenário o regime da 
separação obrigatória de bens, comunicando-se os adquiridos na constância, quando 
comprovado o esforço comum. 
 
SÚMULAS DO STF 
 
Súmula nº 149 – É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a 
de petição de herança. 
Súmula nº 305 – Acordo de desquite ratificado por ambos os cônjuges não é retratável 
unilateralmente. (Comentários: Onde se lê “desquite”, leia-se “separação, divórcio ou 
dissolução de união estável) 
Súmula nº 377 – No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos 
na constância do casamento. (Vide JULGADO STJ sobre o tema!) 
Súmula nº 382 – A vida em comum sob o mesmo teto “more uxório”, não é 
indispensável à caracterização do concubinato. (Comentários: A Súmula ainda é válida, 
mas onde se lê “concubinato”, leia-se “união estável”). 
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ENUNCIADOS DAS JORNADAS DE DIREITO CIVIL 
 
Enunciado 254: Formulado o pedido de separação judicial com fundamento na culpa 
(art. 1.572 e/ou art. 1.573 e incisos), o juiz poderá decretar a separação do casal diante 
da constatação da insubsistência da comunhão plena de vida (art. 1.511) - que 
caracteriza hipótese de "outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da vida 
em comum" - sem atribuir culpa a nenhum dos cônjuges. 
Enunciado 255: Não é obrigatória a partilha de bens na separação judicial. 
Enunciado 256: A posse do estado de filho (parentalidade socioafetiva) constitui 
modalidade de parentesco civil. 
Enunciado 257: As expressões "fecundação artificial", "concepção artificial" e 
"inseminação artificial", constantes, respectivamente, dos incs. III, IV e V do art. 1.597 
do Código Civil, devem ser interpretadas restritivamente, não abrangendo a utilização 
de óvulos doados e a gestaçãode substituição. 
Enunciado 258: Não cabe a ação prevista no art. 1.601 do Código Civil se a filiação tiver 
origem em procriação assistida heteróloga, autorizada pelo marido nos termos do inc. 
V do art. 1.597, cuja paternidade configura presunção absoluta. 
Enunciado 259: A revogação do consentimento não impede, por si só, a adoção, 
observado o melhor interesse do adotando. 
Enunciado 260: A alteração do regime de bens prevista no § 2º do art. 1.639 do Código 
Civil também é permitida nos casamentos realizados na vigência da legislação anterior. 
Enunciado 261: A obrigatoriedade do regime da separação de bens não se aplica a 
pessoa maior de sessenta anos, quando o casamento for precedido de união estável 
iniciada antes dessa idade. 
Enunciado 262: A obrigatoriedade da separação de bens nas hipóteses previstas nos 
incs. I e III do art. 1.641 do Código Civil não impede a alteração do regime, desde que 
superada a causa que o impôs. 
Enunciado 329: A permissão para casamento fora da idade núbil merece interpretação 
orientada pela dimensão substancial do princípio da igualdade jurídica, ética e moral 
entre o homem e a mulher, evitando-se, sem prejuízo do respeito à diferença, 
tratamento discriminatório. 
Enunciado 330: As causas suspensivas da celebração do casamento poderão ser 
argüidas inclusive pelos parentes em linha reta de um dos nubentes e pelos colaterais 
em segundo grau, por vínculo decorrente de parentesco civil. 
Enunciado 331: O estatuto patrimonial do casal pode ser definido por escolha de 
regime de bens distinto daqueles tipificados no Código Civil (art. 1.639 e parágrafo 
único do art. 1.640), e, para efeito de fiel observância do disposto no art. 1.528 do 
Código Civil, cumpre certificação a respeito, nos autos do processo de habilitação 
matrimonial. 
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Enunciado 332: A hipótese de nulidade prevista no inc. I do art. 1.548 do Código Civil 
se restringe ao casamento realizado por enfermo mental absolutamente incapaz, nos 
termos do inc. II do art. 3º do Código Civil. 
Enunciado 333: O direito de visita pode ser estendido aos avós e a pessoas com as 
quais a criança ou o adolescente mantenha vínculo afetivo, atendendo ao seu melhor 
interesse. 
Enunciado 334: A guarda de fato pode ser reputada como consolidada diante da 
estabilidade da convivência familiar entre a criança ou o adolescente e o terceiro 
guardião, desde que seja atendido o princípio do melhor interesse. 
Enunciado 335: A guarda compartilhada deve ser estimulada, utilizando-se, sempre 
que possível, da mediação e da orientação de equipe interdisciplinar. 
Enunciado 336: O parágrafo único do art. 1.584 aplica-se também aos filhos advindos 
de qualquer forma de família. 
Enunciado 337: O fato de o pai ou a mãe constituírem nova união não repercute no 
direito de terem os filhos do leito anterior em sua companhia, salvo quando houver 
comprometimento da sadia formação e do integral desenvolvimento da personalidade 
destes. 
Enunciado 338: A cláusula de não-tratamento conveniente para a perda da guarda 
dirige-se a todos os que integram, de modo direto ou reflexo, as novas relações 
familiares. 
Enunciado 339: A paternidade socioafetiva, calcada na vontade livre, não pode ser 
rompida em detrimento do melhor interesse do filho. 
Enunciado 340: No regime da comunhão parcial de bens é sempre indispensável a 
autorização do cônjuge, ou seu suprimento judicial, para atos de disposição sobre bens 
imóveis. 
Enunciado 512: O art. 1.517 do Código Civil, que exige autorização dos pais ou 
responsáveis para casamento, enquanto não atingida a maioridade civil, não se aplica 
ao emancipado. 
Enunciado 513: O juiz não pode dispensar, mesmo fundamentadamente, a publicação 
do edital de proclamas do casamento, mas sim o decurso do prazo. 
Enunciado 514: A Emenda Constitucional n. 66/2010 não extinguiu o instituto da 
separação judicial e extrajudicial. 
Enunciado 515: Pela interpretação teleológica da Emenda Constitucional n. 66/2010, 
não há prazo mínimo de casamento para a separação consensual. 
Enunciado 516: Na separação judicial por mútuo consentimento, o juiz só poderá 
intervir no limite da preservação do interesse dos incapazes ou de um dos cônjuges, 
permitida a cindibilidade dos pedidos com a concordância das partes, aplicando-se 
esse entendimento também ao divórcio. 
Enunciado 517: A Emenda Constitucional n. 66/2010 extinguiu os prazos previstos no 
art. 1.580 do Código Civil, mantido o divórcio por conversão. 
Enunciado 518: A Lei n. 11.698/2008, que deu nova redação aos arts. 1.583 e 1.584 do 
Código Civil, não se restringe à guarda unilateral e à guarda compartilhada, podendo 
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ser adotada aquela mais adequada à situação do filho, em atendimento ao princípio do 
melhor interesse da criança e do adolescente. A regra aplica-se a qualquer modelo de 
família. 
Enunciado 519: O reconhecimento judicial do vínculo de parentesco em virtude de 
socioafetividade deve ocorrer a partir da relação entre pai(s) e filho(s), com base na 
posse do estado de filho, para que produza efeitos pessoais e patrimoniais. 
Enunciado 520: O conhecimento da ausência de vínculo biológico e a posse de estado 
de filho obstam a contestação da paternidade presumida. 
Enunciado 521: Qualquer descendente possui legitimidade, por direito próprio, para 
propor o reconhecimento do vínculo de parentesco em face dos avós ou de qualquer 
ascendente de grau superior, ainda que o pai não tenha iniciado a ação de prova da 
filiação em vida. 
Enunciado 570: O reconhecimento de filho havido em união estável fruto de técnica 
de reprodução assistida heteróloga "a patre" consentida expressamente pelo 
companheiro representa a formalização do vínculo jurídico de paternidade-filiação, 
cuja constituição se deu no momento do início da gravidez da companheira. 
Enunciado 571: Se comprovada a resolução prévia e judicial de todas as questões 
referentes aos filhos menores ou incapazes, o tabelião de notas poderá lavrar 
escrituras públicas de dissolução conjugal. 
Enunciado 599: Deve o magistrado, em sede de execução de alimentos avoengos, 
analisar as condições do(s) devedor(es), podendo aplicar medida coercitiva diversa da 
prisão civil ou determinar seu cumprimento em modalidade diversa do regime fechado 
(prisão em regime aberto ou prisão domiciliar), se o executado comprovar situações 
que contraindiquem o rigor na aplicação desse meio executivo e o torne atentatório à 
sua dignidade, como corolário do princípio de proteção aos idosos e garantia à vida. 
Enunciado 600: Após registrado judicialmente o testamento e sendo todos os 
interessados capazes e concordes com os seus termos, não havendo conflito de 
interesses, é possível que se faça o inventário extrajudicial. 
Enunciado 601: É existente e válido o casamento entre pessoas do mesmo sexo. 
Enunciado 602: Transitada em julgado a decisão concessiva do divórcio, a expedição 
do mandado de averbação independe do julgamento da ação originária em que 
persista a discussão dos aspectos decorrentes da dissolução do casamento. 
Enunciado 603: A distribuição do tempo de convívio na guarda compartilhada deve 
atender precipuamente ao melhor interesse dos filhos, não devendo a divisão de 
forma equilibrada, a que alude o § 2 do art. 1.583 do Código Civil, representar 
convivência livre ou, ao contrário, repartição de tempo matematicamente igualitária 
entre os pais. 
Enunciado 604: A divisão, de forma equilibrada, do tempo de convívio dos filhos com a 
mãe e com o pai, imposta na guarda compartilhadapelo § 2° do art. 1.583 do Código 
Civil, não deve ser confundida com a imposição do tempo previsto pelo instituto da 
guarda alternada, pois esta não implica apenas a divisão do tempo de permanência 
dos filhos com os pais, mas também o exercício exclusivo da guarda pelo genitor que 
se encontra na companhia do filho. 
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Enunciado 605: A guarda compartilhada não exclui a fixação do regime de convivência. 
Enunciado 606: O tempo de convívio com os filhos "de forma equilibrada com a mãe e 
com o pai" deve ser entendido como divisão proporcional de tempo, da forma que 
cada genitor possa se ocupar dos cuidados pertinentes ao filho, em razão das 
peculiaridades da vida privada de cada um. 
Enunciado 607: A guarda compartilhada não implica ausência de pagamento de 
pensão alimentícia. 
Enunciado 608: É possível o registro de nascimento dos filhos de pessoas do mesmo 
sexo originários de reprodução assistida, diretamente no Cartório do Registro Civil, 
sendo dispensável a propositura de ação judicial, nos termos da regulamentação da 
Corregedoria local. 
Enunciado 609: O regime de bens no casamento somente interfere na concorrência 
sucessória do cônjuge com descendentes do falecido. 
Enunciado 632: Nos casos de reconhecimento de multiparentalidade paterna ou 
materna, o filho terá direito à participação na herança de todos os ascendentes 
reconhecidos. 
Enunciado 633: É possível ao viúvo ou ao companheiro sobrevivente, o acesso à 
técnica de reprodução assistida póstuma - por meio da maternidade de substituição, 
desde que haja expresso consentimento manifestado em vida pela sua esposa ou 
companheira. 
Enunciado 634: É lícito aos que se enquadrem no rol de pessoas sujeitas ao regime da 
separação obrigatória de bens (art. 1.641 do Código Civil) estipular, por pacto 
antenupcial ou contrato de convivência, o regime da separação de bens, a fim de 
assegurar os efeitos de tal regime e afastar a incidência da Súmula 377 do STF. 
Enunciado 635: O pacto antenupcial e o contrato de convivência podem conter 
cláusulas existenciais, desde que estas não violem os princípios da dignidade da pessoa 
humana, da igualdade entre os cônjuges e da solidariedade familiar. 
Enunciado 641: A decisão do Supremo Tribunal Federal que declarou a 
inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil não importa equiparação absoluta 
entre o casamento e a união estável. Estendem-se à união estável apenas as regras 
aplicáveis ao casamento que tenham por fundamento a solidariedade familiar. Por 
outro lado, é constitucional a distinção entre os regimes, quando baseada na 
solenidade do ato jurídico que funda o casamento, ausente na união estável. 
 
ATENÇÃO! A IX Jornada de Direito Civil – Comemoração dos 20 anos da Lei 
10.406/2002 e da instituição da Jornada de Direito Civil, ocorreu nos dias 19 e 20 de 
maio do corrente ano, tendo sido aprovados 49 enunciados durante reunião plenária. 
O evento foi promovido pelo Conselho da Justiça Federal (CJF), por intermédio do 
Centro de Estudos Judiciários (CEJ), com apoio do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e 
da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe). Neste particular, segue o teor dos 
seguintes enunciados: 
ENUNCIADO 671 – Art. 1.583, § 2º: A tenra idade da criança não impede a fixação de 
convivência equilibrada com ambos os pais. Art. 1.589, parágrafo único: O direito de 
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convivência familiar pode ser estendido aos avós e pessoas com as quais a criança ou 
adolescente mantenha vínculo afetivo, atendendo ao seu melhor interesse. (O 
enunciado cancela o enunciado 333, da IV JDC). 
ENUNCIADO 673 – Art. 1.635: Na ação de destituição do poder familiar de criança ou 
adolescente que se encontre institucionalizada, promovida pelo Ministério Público, é 
recomendável que o juiz, a título de tutela antecipada, conceda a guarda provisória a 
quem esteja habilitado a adotá-lo, segundo o perfil eleito pelo candidato à adoção. 
ENUNCIADO 674– Art. 1.659, inc. IV: Comprovada a prática de violência doméstica e 
familiar contra a mulher, o ressarcimento a ser pago à vítima deverá sair 
exclusivamente da meação do cônjuge ou companheiro agressor. 
ENUNCIADO 675 – Art. 1.694: As despesas com doula e consultora de amamentação 
podem ser objeto de alimentos gravídicos, observado o trinômio da necessidade, 
possibilidade e proporcionalidade para a sua fixação. 
ENUNCIADO 676 – Art. 1.836, § 2º: A expressão diversidade em linha, constante do §2º 
do art. 1.836 do Código Civil, não deve mais ser restrita à linha paterna e à linha 
materna, devendo ser compreendidas como linhas ascendentes. (Obs: tema afeto a 
sucessões, que por questões didáticas foi aqui inserido). 
 
JULGADOS DO STJ 
 
Inexiste qualquer vedação legal ao reconhecimento da fraternidade/irmandade 
socioafetiva, ainda que post mortem, pois a declaração da existência de relação de 
parentesco de segundo grau na linha colateral é admissível no ordenamento jurídico 
pátrio, merecendo a apreciação do Poder Judiciário. Processo sob segredo de justiça, 
Rel. Min. Marco Buzzi, Quarta Turma, por maioria, julgado em 04/10/2022. 
 
O inadimplemento de alimentos compensatórios, destinados à manutenção do 
padrão de vida de ex-cônjuge em razão da ruptura da sociedade conjugal, não 
justifica a execução pelo rito da prisão, dada a natureza indenizatória e não 
propriamente alimentar. Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Raul Araújo, Quarta 
Turma, por unanimidade, julgado em 13/09/2022, DJe 20/09/2022. 
 
Independentemente do desfecho da ação anulatória de registro civil, não há que se 
falar em impossibilidade jurídica de pedido investigatório de paternidade. Processo 
sob segredo judicial, Rel. Min. Moura Ribeiro, Terceira Turma, por unanimidade, 
julgado em 21/06/2022, DJe 23/06/2022. 
 
Dissolvida a sociedade conjugal, o bem imóvel comum do casal rege-se pelas regras 
relativas ao condomínio, ainda que não realizada a partilha de bens, possuindo 
legitimidade para usucapir em nome próprio o condômino que exerça a posse por si 
mesmo, sem nenhuma oposição dos demais coproprietários. REsp. 1.840.561-SP, Rel. 
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Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 
03/05/2022, DJe 17/05/2022. 
 
Para formalização do casamento nuncupativo, é admissível a flexibilização do prazo 
de 10 dias para as testemunhas comparecerem perante a autoridade judicial. (...) 
Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por 
unanimidade, julgado em 22/03/2022. 
 
No casamento ou na união estável regidos pelo regime da separação obrigatória de 
bens, é possível que os nubentes/companheiros, em exercício da autonomia privada, 
estipulando o que melhor lhes aprouver em relação aos bens futuros, pactuem 
cláusula mais protetiva ao regime legal, com o afastamento da Súmula n. 377 do STF, 
impedindo a comunhão dos aquestos. REsp. 1.922.347-PR, Rel. Min. Luis Felipe 
Salomão, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 07/12/2021, Dje 01/02/2022. 
 
O alimentante não possui interesse processual em exigir contas da detentora da 
guarda do alimentando. (...) REsp. 1.767.456-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, 
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 25/11/2021. 
 
Não se comunicam, na partilha decorrente de divórcio, os bens adquiridos por uma 
daspartes antes do casamento, no período de namoro. (...) REsp. 1.841.128-MG, Rel. 
Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 
23/11/2021. 
 
Na multiparentalidade deve ser reconhecida a equivalência de tratamento e de 
efeitos jurídicos entre as paternidades biológica e socioafetiva. (...) REsp. 1.487.596-
MG, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 
28/09/2021, DJe 01/10/2021. 
 
A cessação da incapacidade civil de um dos cônjuges, que impunha a adoção do 
regime da separação obrigatória de bens sob a égide do Código Civil de 1916, 
autoriza a modificação do regime de bens do casamento. (...) REsp. 1.947.749-SP, Rel. 
Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 14/09/2021, DJe 
16/09/2021. 
 
É possível a penhora de bens do devedor de alimentos, sem que haja a conversão do 
rito da prisão para o da constrição patrimonial, enquanto durar a impossibilidade da 
prisão civil em razão da pandemia do coronavírus. REsp. 1.914.052-DF, Rel. Min. 
Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 22/06/2021. 
 
A divergência entre a paternidade biológica e a declarada no registro de nascimento 
não é apta, por si só, para anular o ato registral, dada a proteção conferida a 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
 
43 
paternidade socioafetiva. REsp. 1.829.093-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira 
Turma, por unanimidade, julgado em 01/06/2021. 
 
Irmãos unilaterais possuem legitimidade ativa e interesse processual para propor 
ação declaratória de reconhecimento de parentesco natural com irmã pré-morta, 
ainda que a relação paterno-filial com o pai comum, também pré-morto, não tenha 
sido reconhecida em vida. REsp. 1.892.941-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira 
Turma, por unanimidade, julgado em 01/06/2021. 
 
O genitor pode propor ação de prestação de contas em face do outro genitor 
relativamente aos valores decorrentes de pensão alimentícia. REsp. 1.911.030-PR, 
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, por unanimidade, julgado em 
01/06/2021. 
 
O valor recebido a título de horas extras integra a base de cálculo da pensão 
alimentícia fixada em percentual sobre os rendimentos líquidos do alimentante. 
REsp. 1.741.716-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, Terceira Turma, por maioria, 
julgado em 25/05/2021. 
 
O fato de os genitores possuírem domicílio em cidades distintas não representa 
óbice à fixação da guarda compartilhada. REsp. 1.878.041-SP, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 25/05/2021, DJe 31/05/2021. 
 
É nula a doação entre cônjuges casados sob o regime da comunhão universal de 
bens. REsp. 1.787.027-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por maioria, 
julgado em 04/02/2020, DJe 24/04/2020. 
 
É cabível o ajuizamento de ação de alimentos, ainda que exista acordo extrajudicial 
válido com o mesmo objeto, quando o valor da pensão alimentícia não atende aos 
interesses da criança. REsp. 1.609.701-MG, Rel. Min. Moura Ribeiro, Terceira Turma, 
por unanimidade, julgado em 18/05/2021, DJe 20/05/2021. 
 
A apresentação da relação pormenorizada do acervo patrimonial do casal não é 
requisito essencial para deferimento do pedido de alteração do regime de bens. 
REsp. 1.904.498-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, 
julgado em 04/05/2021, DJe 06/05/2021. 
 
 
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4. QUESTÕES 
 
1. Considerando o Código Civil vigente e o entendimento jurisprudencial majoritário, 
assinale a afirmativa correta a respeito da união estável. 
a) É impossível, sob qualquer hipótese, o reconhecimento da união estável quando 
ainda vigente o casamento. 
b) A parte poderá requerer a separação de corpos, comprovando sua necessidade, 
antes de mover a ação de dissolução de união estável. 
c) É possível o reconhecimento de uniões estáveis simultâneas ou concomitantes. 
d) A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos 
companheiros ao juiz e assento no Tabelionato de Notas. 
e) Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações 
patrimoniais, no que couber, o regime da separação de bens. 
 
2. Assinale a alternativa correta sobre regimes de bens do casamento e da união 
estável, conforme entendimento dominante e atual do Superior Tribunal de Justiça. 
a) No regime da comunhão parcial de bens, é incomunicável imóvel prometido à venda 
e com preço solvido pelo cônjuge antes do casamento, mas cujos escritura e 
respectivo registro imobiliário são posteriores às núpcias. 
b) No regime da comunhão parcial, são incomunicáveis os bens móveis e imóveis 
adquiridos com os proventos do trabalho pessoal e pensões de cada um dos cônjuges. 
c) A alteração do regime de bens não coloca fim ao casamento, razão pela qual é 
vedada a partilha, que deve aguardar a dissolução da sociedade ou do vínculo 
conjugal. 
d) O contrato de convivência que altera o regime de bens da união estável pode ter 
efeitos retroativos, desde que pactuados mediante cláusula expressa pelos 
conviventes. 
 
3. João e Amália chegaram a um consenso de que o nome de sua filha seria Cláudia. 
Entretanto, após o nascimento, aproveitando-se de que sua esposa estava se 
recuperando da cesárea, João foi ao Registro Civil de Pessoas Naturais e registrou a 
filha do casal como Maria Cláudia, em homenagem à sua mãe, que se chamava 
Maria. Meses depois, Amália veio a descobrir o prenome duplo da filha registrado ao 
precisar utilizar sua certidão de nascimento. À luz dos ensinamentos doutrinários e 
jurisprudenciais atuais, é correto afirmar que Amália: 
a) não poderá pleitear que o prenome “Maria” seja excluído do registro da filha, em 
virtude do princípio da imutabilidade do nome, pois tanto o pai quanto a mãe podem 
proceder ao registro do filho perante o Registro Civil de Pessoas Naturais; 
b) poderá pleitear que o prenome “Maria” seja excluído do registro da filha, se provar 
que o genitor agiu, por ocasião do registro civil da criança, de má-fé, com propósito de 
vingança ou com o escopo de, pela prole, atingir a genitora; 
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45 
c) poderá pleitear que o prenome “Maria” seja excluído do registro da filha, porque o 
exercício do poder familiar pressupõe bilateralidade e consensualidade, ocorrendo, no 
caso, violação da boa-fé e da lealdade; 
d) não poderá pleitear que o prenome “Maria” seja excluído do registro da filha, 
porque somente esta, no primeiro ano após atingir a maioridade, poderá fazê-lo 
pessoalmente ou por procurador bastante; 
e) poderá pleitear que o prenome “Maria” seja excluído do registro da filha somente 
se comprovar que na declaração de nascido vivo emitida pela maternidade figurava 
“Cláudia” em lugar de “Maria Cláudia”. 
 
4. Em relação ao direito patrimonial entre os cônjuges: 
a) é obrigatório o regime da separação de bens no casamento da pessoa maior de 
sessenta anos. 
b) é admissível a livre alteração do regime de bens, independentemente de 
autorização judicial, ressalvados porém os direitos de terceiros. 
c) podem os cônjuges, independentemente de autorização um do outro, comprar, 
mesmo que a crédito, as coisas necessárias à economia doméstica, bem como obter, 
por empréstimo, as quantias que a aquisição dessas coisas exigir, situações que os 
obrigarão solidariamente. 
d) emnenhuma hipótese pode o cônjuge, sem autorização do outro, alienar ou gravar 
de ônus real os bens imóveis. 
e) é anulável o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e nulo se não 
lhe seguir o casamento. 
 
5. De acordo com o Código Civil, o casamento: 
a) dispensa habilitação se ambos os cônjuges forem maiores e capazes. 
b) é civil e sua celebração gratuita. 
c) religioso não produz efeitos civis, em nenhuma hipótese. 
d) pode ser contraído entre colaterais, a partir do terceiro grau. 
e) pode ser celebrado mediante procuração, por instrumento público ou particular. 
 
6. Sobre o regime de bens entre os cônjuges, assinale a alternativa correta. 
a) É obrigatório o regime da comunhão parcial de bens para as pessoas que contraírem 
casamento com inobservância das causas suspensivas de sua celebração. 
b) No regime da comunhão parcial de bens, comunicam-se os bens que sobrevierem 
ao casal, na constância do casamento, incluindo os recebidos por um dos cônjuges via 
doação. 
c) No regime da separação convencional de bens, é válida e eficaz a fiança prestada 
por um dos cônjuges sem a autorização do outro. 
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46 
d) O pacto antenupcial poderá ser celebrado por escritura pública ou instrumento 
particular, desde que registrado em cartório. 
 
7. Fábio e Eliana foram casados e tiveram um filho chamado Enzo. Após terem se 
divorciado, foi determinado judicialmente que ambos teriam a guarda do menino. 
Alguns meses após a separação, durante uma discussão por questões financeiras, 
Fábio chamou Eliana de prostituta, por ela estar em um novo relacionamento, e a 
agrediu, causando-lhe lesão corporal de natureza grave. 
À luz do Código Civil, é correto afirmar que Fábio: 
a) poderá perder o poder familiar de Enzo por decisão judicial. 
b) poderá perder o poder familiar de Enzo somente se comprovado que ele agrediu 
também o menino. 
c) não poderá perder o poder familiar de Enzo, somente a sua guarda. 
d) não poderá perder nem o poder familiar de Enzo, nem a sua guarda. 
 
8. Quanto ao direito de família, analise as afirmativas a seguir. 
I. A guarda compartilhada não exclui a fixação do regime de convivência e não implica 
ausência do pagamento de pensão alimentícia. 
II. Qualquer descendente possui legitimidade, por direito próprio, para propor o 
reconhecimento do vínculo de parentesco em face dos avós ou de qualquer 
ascendente de grau superior, ainda que o pai não tenha iniciado a ação de prova da 
filiação em vida. 
III. A obrigação alimentar dos avós tem natureza subsidiária, somente se configurando 
no caso de impossibilidade total de seu cumprimento pelos pais. 
IV. O cancelamento do pagamento de pensão alimentícia a filho que atingiu a 
maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos 
próprios autos. 
Estão corretas as afirmativas: 
a) I, II, III e IV. 
b) I, II e III, apenas. 
c) I, II e IV, apenas. 
d) II, III e IV, apenas. 
 
9. É nulo o casamento: 
a) de pessoa que não completou idade mínima para casar. 
b) de pessoa com deficiência mental ou intelectual, em idade núbil, mesmo 
expressando sua vontade diretamente. 
c) apenas se contraído com infringência de impedimento. 
d) de incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento. 
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47 
e) por infringência de impedimento ou de causa suspensiva. 
 
10. A violação de causas suspensivas da celebração do casamento acarreta a: 
a) nulidade relativa do casamento. 
b) obrigatoriedade do regime de separação de bens, não sendo permitido ao juiz 
relevá-las em nenhuma hipótese. 
c) obrigatoriedade do regime da separação de bens, exceto no caso de o juiz a relevar, 
conforme lhe permite a lei, quando se tratar de viúva grávida antes de dez meses do 
início da viuvez. 
d) obrigatoriedade do regime da separação de bens, exceto se relevadas pelo juiz, 
quando a lei o permitir. 
e) nulidade absoluta do casamento, exceto se relevada pelo juiz, quando a lei o 
permitir. 
 
 
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48 
5. GABARITO COMENTADO 
 
1. B 
(A) INCORRETA. 
Ora, será possível a união estável, caso exista separação de corpos. 
(B) CORRETA. 
CC: Art. 1.562. Antes de mover a ação de nulidade do casamento, a de anulação, a de 
separação judicial, a de divórcio direto ou a de dissolução de união estável, poderá 
requerer a parte, comprovando sua necessidade, a separação de corpos, que será 
concedida pelo juiz com a possível brevidade. 
(C) INCORRETA. 
"A preexistência de casamento ou de união estável de um dos conviventes, ressalvada 
a exceção do artigo 1.723, parágrafo 1º, do Código Civil, impede o reconhecimento de 
novo vínculo referente ao mesmo período, inclusive para fins previdenciários, em 
virtude da consagração do dever de fidelidade e da monogamia pelo ordenamento 
jurídico-constitucional brasileiro". ARE 1045273. 
(D) INCORRETA. 
CC: Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido 
dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil. 
(E) INCORRETA. 
CC: Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-
se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. 
 
2. A. 
(A) CORRETA. “Bens imóveis adquiridos pelo cônjuge supérstite em data bem anterior 
ao casamento, ainda que levados a registro na constância deste, escapam à cobrança 
do imposto sobre transmissão causa mortis por não terem adentrado no patrimônio 
da esposa falecida (REsp. 1.304.116/PR). 
(B) INCORRETA. O entendimento do Superior Tribunal de Justiça, reconhece que não se 
deve excluir da comunhão os proventos do trabalho recebidos ou pleiteados na 
constância do casamento, sob pena de se desvirtuar a própria natureza do regime. A 
comunhão parcial de bens, como é cediço, funda-se na noção de construção de 
patrimônio comum durante a vigência do casamento, com separação, grosso modo, 
apenas dos bens adquiridos ou originados anteriormente. Assim, os bens móveis e 
imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união e a 
título oneroso, são considerados fruto do trabalho e da colaboração comum. Por 
todos: REsp. 848.660/RS. 
(C) INCORRETA. Diante de manifestação expressa dos cônjuges, não há óbice legal que 
os impeça de partilhar os bens adquiridos no regime anterior, de comunhão parcial, na 
hipótese de mudança para separação total, desde que não acarrete prejuízo para eles 
próprios e resguardado o direito de terceiros. Reconhecimento da eficácia ex nunc da 
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49 
alteração do regime de bens que não se mostra incompatível com essa solução (REsp. 
1.533.179/RS). 
(D) INCORRETA. “(...) Às uniões estáveis não contratualizadas ou contratualizadas sem 
dispor sobre o regime de bens, aplica-se o regime legal da comunhão parcial de bens 
do art. 1.725 do CC/2002, não se admitindo que uma escritura pública de 
reconhecimento de união estável e declaração de incomunicabilidade de patrimônio 
seja considerada mera declaração de fato pré-existente, a saber, que a 
incomunicabilidade era algo existente desde o princípio da uniãoestável, porque se 
trata, em verdade, de inadmissível alteração de regime de bens com eficácia ex tunc 
(REsp. 1.845.416/MS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Rel. p/ Acórdão 
Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/08/2021, DJe 
24/08/2021)”. 
 
3. C. 
(A). INCORRETA. Vide comentários da alternativa “C”. 
(B) INCORRETA. Vide comentários da alternativa “C”. 
(C) CORRETA. Segundo recente decisão do STJ, é admissível a exclusão de prenome da 
criança na hipótese em que o pai informou, perante o cartório de registro civil, nome 
diferente daquele que havia sido consensualmente escolhido pelos genitores. O direito 
ao nome é um dos elementos estruturantes dos direitos da personalidade e da 
dignidade da pessoa humana, pois diz respeito à própria identidade pessoal do 
indivíduo, não apenas em relação a si, como também em ambiente familiar e perante 
a sociedade. 10 Conquanto a modificação do nome civil seja qualificada como 
excepcional e as hipóteses em que se admite a alteração sejam restritivas, esta Corte 
tem reiteradamente flexibilizado essas regras, permitindo-se a modificação se não 
houver risco à segurança jurídica e a terceiros. Nomear o filho é típico ato de exercício 
do poder familiar, que pressupõe bilateralidade, salvo na falta ou impedimento de um 
dos pais, e consensualidade, ressalvada a possibilidade de o juiz solucionar eventual 
desacordo entre eles, inadmitindo-se, na hipótese, a autotutela. O ato do pai que, 
conscientemente, desrespeita o consenso prévio entre os genitores sobre o nome a 
ser de dado ao filho, acrescendo prenome de forma unilateral por ocasião do registro 
civil, além de violar os deveres de lealdade e de boa-fé, configura ato ilícito e exercício 
abusivo do poder familiar, sendo motivação bastante para autorizar a exclusão do 
prenome indevidamente atribuído à criança. É irrelevante apurar se o acréscimo 
unilateralmente promovido pelo genitor por ocasião do registro civil da criança 
ocorreu por má-fé, com intuito de vingança ou com o propósito de, pela prole, atingir 
à genitora, circunstâncias que, se porventura verificadas, apenas servirão para 
qualificar negativamente a referida conduta. REsp. 1.905.614-SP, Rel. Min. Nancy 
Andrighi, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 04/05/2021, DJe 06/05/2021. 
(D) INCORRETA. Vide comentários da alternativa “C”. 
(E) INCORRETA. Vide comentários da alternativa “C”. 
 
4. C. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA 
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50 
“É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: da pessoa maior de 70 
(SETENTA) anos" (art. 1.641, II, do CC). 
ALTERNATIVA B: INCORRETA 
É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido 
motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e 
ressalvados os direitos de terceiros" (art. 1.639, § 2º, do CC). Cuida-se do Princípio da 
mutabilidade justificada e deverá seguir a jurisdição voluntária, correndo perante a 
Vara de Família. 
ALTERNATIVA C: CORRETA 
Coaduna com o teor do art. 1.643, I e II, do CC. Há, pois, a presunção da autorização do 
outro, incluindo-se, aqui, despesas e empréstimos obtidos para a alimentação, 
vestuário, lazer etc. Ficam de fora despesas supérfluas. 
ALTERNATIVA D: INCORRETA 
Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do 
outro, exceto no regime da separação absoluta: I - alienar ou gravar de ônus real os 
bens imóveis" (art. 1.647, I, do CC). 
ALTERNATIVA E: INCORRETA 
Cc: Art. 1.653. É nulo o pacto antenupcial se não for feito por escritura pública, e 
ineficaz se não lhe seguir o casamento. 
 
5. B. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA 
A fase da habilitação do casamento redunda na emissão da certidão de habilitação, a 
qual tem prazo de eficácia de 90 dias (arts. 1.525 a 1.532). Ela somente é dispensada 
de maneira prévia no caso do casamento nuncupativo, ou seja, casamento em 
iminente risco de vida (arts. 1.540 e 1.541). 
Assim, excepcionalmente, no casamento nuncupativo a habilitação pode ocorrer após 
a celebração. 
ALTERNATIVA B: CORRETA 
"Art. 1.512. O casamento é civil e gratuita a sua celebração. 
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão 
isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declarada, 
sob as penas da lei". 
ALTERNATIVA C: INCORRETA 
"Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do 
casamento civil, equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, 
produzindo efeitos a partir da data de sua celebração". 
ALTERNATIVA D: INCORRETA 
“Art. 1.521. Não podem casar: 
(...) 
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51 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau 
inclusive;” 
ALTERNATIVA E: INCORRETA 
"Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento 
público, com poderes especiais". 
 
6. C. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA 
Em verdade, é obrigatório o regime da separação de bens para as pessoas que 
contraírem casamento com inobservância das causas suspensivas de sua celebração 
(inciso I do art. 1.641 do CC). O objetivo é evitar a confusão patrimonial nas hipóteses 
arroladas no art. 1.523 do CC, que trata das causas de suspensivas do casamento. 
ALTERNATIVA B: INCORRETA 
No regime da comunhão parcial de bens se comunicam os bens adquiridos na 
constância do casamento. Contudo, o art. 1.659 do CC traz exceções a essa regra. 
Entre elas, temos a do inciso I, ficando excluídos da comunhão “os bens que cada 
cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por 
doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar". 
ALTERNATIVA C: CORRETA 
Coaduna com o teor do art. 1.647, inciso III, do CC: “Art. 1.647. Ressalvado o disposto 
no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime 
da separação absoluta: (...) III - prestar fiança ou aval; (...)” 
ALTERNATIVA D: INCORRETA 
De acordo com o art. 1.653 do CC, que “é nulo o pacto antenupcial se não for feito por 
escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento". Portanto, o pacto 
antinupcial só pode ser celebrado por escritura pública e a lei exige essa formalidade 
como requisito de validade. 
 
7. A. 
ALTERNATIVA A: CORRETA 
Conforme art. 1.638 do CC: 
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: 
(...) 
Parágrafo único. Perderá também por ato judicial o poder familiar aquele que: 
(Incluído pela Lei nº 13.715, de 2018) 
I – praticar contra outrem igualmente titular do mesmo poder familiar: (Incluído pela 
Lei nº 13.715, de 2018) 
a) homicídio, feminicídio ou lesão corporal de natureza grave ou seguida de morte, 
quando se tratar de crime doloso envolvendo violência doméstica e familiar ou 
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É proibida a reprodução deste material sem a devida autorização, sob pena da adoção das medidas cabíveis na esfera cível e penal.
 
 
52 
menosprezo ou discriminação à condição de mulher; (Incluído pela Lei nº 13.715, de 
2018) 
ALTERNATIVA B: INCORRETA 
Remetemos o aluno a explicação da alternativa A. 
ALTERNATIVA C: INCORRETA 
Remetemos o aluno a explicação da alternativa A. 
ALTERNATIVA D: INCORRETA 
Remetemos o aluno a explicação da alternativa A. 
 
8. C. 
I. CORRETA. Conforme Enunciados das Jornadas de Direito Civil: Enunciado 605 - A 
guarda compartilhada não exclui a fixação do regime de convivência; Enunciado 607 - 
Aguarda compartilhada não implica ausência de pagamento de pensão alimentícia. 
II. CORRETA. Conforme Enunciado 521 da Jornada de Direito Civil: “Qualquer 
descendente possui legitimidade, por direito próprio, para propor o reconhecimento 
do vínculo de parentesco em face dos avós ou de qualquer ascendente de grau 
superior, ainda que o pai não tenha iniciado a ação de prova da filiação em vida”. 
III. INCORRETA. Conforme Súmula 596 do STJ: “A obrigação alimentar dos avós tem 
natureza complementar e subsidiária, somente se configurando no caso de 
impossibilidade total ou parcial de seu cumprimento pelos pais”. 
IV. CORRETA. Conforme Súmula 358 do STJ: “O cancelamento de pensão alimentícia de 
filho que atingiu a maioridade está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, 
ainda que nos próprios autos”. 
 
9. C. 
ALTERNATIVA A: INCORRETA 
Trata-se de hipótese de anulabilidade, conforme art. 1.550, I, do CC. 
ALTERNATIVA B: INCORRETA 
Conforme art. 1.550, § 2º, do CC, não há óbice ao casamento de pessoa com 
deficiência mental ou intelectual em idade núbia, expressando-se sua vontade 
diretamente ou por meio de seu responsável ou curador. 
ALTERNATIVA C: CORRETA 
O art. 1.548 do CC apresenta a única hipótese vigente para decretação de nulidade do 
casamento, que diz respeito à inobservância das causas de impedimento, que estão 
elencadas no art. 1.521 do CC. 
ALTERNATIVA D: INCORRETA 
A hipótese é de anulabilidade, conforme art. 1.550, IV, do CC. 
ALTERNATIVA E: INCORRETA 
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A infringência às causas de impedimento torna o casamento nulo, não se podendo 
dizer o mesmo das causas suspensivas, que apenas impõem aos nubentes o regime de 
separação obrigatória de bens. 
 
10. D. 
A resposta se extrai da combinação dos arts. 1.641 e 1.523 do CC, conforme segue: 
Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento: 
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da 
celebração do casamento; 
Art. 1.523. Não devem casar: 
(...) 
Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam 
aplicadas as causas suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-
se a inexistência de prejuízo, respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e 
para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do inciso II, a nubente deverá provar 
nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

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