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e-Tec Brasil117
Aula 25 – Prevenção da Recaída – 
avaliação da motivação 
para a mudança
Motivação é o interesse, o querer, a vontade, o entusiasmo que o indivíduo 
tem para agir, acionar algo em sua vida. Neste caso, a direção da sua ação é 
diferente ou contrária, para que haja “mudança”. A motivação para a mu-
dança do comportamento aditivo é a “tacada inicial” para se sair vitorioso 
deste combate contra as drogas e mantendo a abstinência.
25.1 Avaliação da Motivação para a 
 Mudança
Na avaliação, você pedirá para que o paciente destaque um número que é 
para ele, a representação do seu grau de motivação para mudar seu compor-
tamento. Os números vão de 0 (zero) a 10 (dez), onde o 0 (zero) quer dizer 
nenhuma motivação e o 10 (dez) significa motivação máxima.
25.2 Estudo de caso
Vamos criar, a partir de agora, um paciente fictício, chamado João, que está 
em recuperação da dependência do álcool, fazendo tratamento e abstinente 
já há algum tempo.
Nesta aula, apresentaremos alguns procedimentos utilizados 
pela Prevenção da Recaída, que motivam o dependente químico 
a mudar seu comportamento aditivo, mantendo a abstinência.
Figura 25.1: Motivação
Fonte: ©Evil Erin/Wikimedia Commons.
Numa das sessões da Prevenção da Recaída, João percebeu que estava dei-
xando sua família de lado, quando saia com os amigos para irem ao bar 
beber e conversar. Em função disto, das reclamações da esposa e dos filhos, 
e a pedido do terapeuta, João marcou na escala de avaliação o número que 
representava para ele sua intenção de mudar:
Escala de avaliação feita por João
01 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Na sua intenção de mudar, João marcou 8 (oito), e é a partir daí que o 
terapeuta começa a trabalhar, visando a mudança de comportamento do 
paciente, utilizando as sessões para que o usuário se conscientize do quanto 
o álcool está atrapalhando a aproximação de sua família, e que é necessária 
a mudança de hábitos para atingir o objetivo.
O número escolhido pelo paciente pode não ser o real, dependendo de vá-
rios fatores, como: objetivo real pessoal ou objetivo real de terceiros, reco-
nhecimento da doença, avaliação dos prejuízos, etc. Uma escala alta pode 
representar, na realidade, uma motivação menor, e isto deverá ser compre-
endido e trabalhado pelo terapeuta.
É importante que o terapeuta esteja atento a observar e evidenciar com o 
usuário de drogas algo na sua vida que ele queira mudar (não necessaria-
mente a causa), direcionando o paciente para a mudança de comportamen-
to e abstinência.
Com o objetivo de tentar equilibrar as vantagens e desvantagens do uso de 
substâncias psicoativas, neste momento é possível observar o grau de com-
prometimento que o dependente químico se encontra. É nessa hora que 
você poderá pontuar o momento que ele está vivendo e o quanto isto está 
lhe trazendo “bem-estar”. Comparando as vantagens e as desvantagens de 
suas decisões em relação a usar drogas ou não, colocando-o de frente com 
seu objetivo de vida, e ajudando-o a tornar o mais consciente possível o ca-
minho pelo qual ele quer decidir.
O terapeuta deve pedir a seu paciente que ele enumere, de um lado, as van-
tagens que ele acha que existem com o uso de drogas, e de outro lado, as 
desvantagens ocorridas antes, durante e depois do uso. Cabe ao terapeuta 
ter habilidade para confrontar o que foi trazido pelo paciente e levá-lo a uma 
conclusão benéfica para a sua vida.
Modelos de Prevenção e Prevenção de Recaídase-Tec Brasil 118
25.3 Descrição de uma dia típico
O objetivo de se fazer a descrição do dia a dia do dependente químico é 
a identificação dos momentos do dia que ele está engajado em hábitos e 
comportamentos inadequados com o uso da droga, no sentido de perceber 
as situações que o levaram a dedicar seu tempo para a obtenção, manuseio 
e uso da substância. Identificando atitudes que o levam ao uso, deverá ser 
mais fácil controlá-las, com o objetivo final da abstinência.
Vamos ver a descrição de um dia típico de nosso personagem fictício João:
Descrição de um dia de semana típico:
 – Manhã – “Trabalho no escritório atendendo clientes e telefonemas. 
Ao meio-dia muitas vezes não consigo almoçar direito, faço um lan-
che no escritório, o que às vezes me deixa irritado”.
 – Tarde – “Continuo no trabalho e lá pelas 5 horas já sinto vontade de 
ir embora, mas tenho que cumprir o meu horário”.
 – Noite – “Às 6 horas, termino o expediente e vou para o bar, onde 
encontro os amigos. Bebo uma ou duas cervejas e já me sinto “alivia-
do”. Os amigos me dão razão que eu dou um duro danado e preciso 
descontrair. Às vezes me passo no papo e na cerveja, e quando vejo 
são 9 horas da noite. Em casa tem bronca na certa. Janto, tomo mais 
uma cerveja, assisto um pouco de TV e vou dormir”.
Descrição de um final de semana típico:
 – Manhã–”Acordo mais tarde e pelas 11 horas vou ao bar, onde bebo 
uma caipirinha e o almoço é regado à cerveja”.
 – Tarde – “Durmo um pouco, acordo, brinco com os filhos e lá pelas 5 
da tarde vou para o bar tomar umas cervejas e jogar baralho”.
 – Noite – “Normalmente convido amigos para irem lá em casa com 
suas esposas, onde ficamos conversando e bebendo mais um pouco”.
Veja as descrições dos dias de João e perceba que a relação com o álcool é 
profunda, fazendo parte da maioria dos momentos de seus dias, seja duran-
te a semana, seja fim de semana. O terapeuta deve criar uma discrepância 
entre estes dias (momentos), na intenção de fazer com que João perceba 
o que está fazendo, se está satisfeito com isto e de como ele gostaria que 
seus dias fossem vividos. Deve-se sempre confrontar as vantagens com as 
desvantagens.
e-Tec BrasilAula 25 – Prevenção da Recaída – avaliação da motivação para a mudança 119
Resumo
Nesta aula, você aprendeu a avaliar a motivação para a mudança, o quadro 
de vantagens e desvantagens para que o próprio dependente químico anali-
se o que ele está vivendo, e como é importante a descrição de um dia típico, 
no auxílio ao processo de recuperação e abstinência.
Atividades de aprendizagem
•	 Elabore a descrição de um dia típico de um usuário de drogas (escolha 
uma substância psicoativa) durante a semana e durante o fim de semana. 
Ajude-o a escolher alternativas e a planejar metas e objetivos, tentando 
mudar esta rotina.
Modelos de Prevenção e Prevenção de Recaídase-Tec Brasil 120

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