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CRISTINA ABRANTES E JULIA LEME Autoria PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE © Universidade Positivo 2019 Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido Curitiba-PR – CEP 81280-330 *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © Shutterstock Presidente da Divisão de Ensino Reitor Pró-Reitor Coordenação Geral de EAD Coordenação de Metodologia e Tecnologia Autoria Parecerista Supervisão Editorial Projeto Gráfico e Capa Prof. Paulo Arns da Cunha Prof. José Pio Martins Prof. Carlos Longo Prof. Everton Renaud Profa. Roberta Galon Silva Profa. Cristina Gonçalves de Abrantes Profa. Julia Severi Leme Fonseca Profa. Fabiana Sekiguchi Felipe Guedes Antunes DP Content Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR DADOS DO FORNECEDOR Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 2 Caro aluno, A metodologia da Universidade Positivo tem por objetivo a aprendizagem e a comu- nicação bidirecional entre os atores educacionais. Para que os objetivos propostos se- jam alcançados, você conta com um percurso de aprendizagem que busca direcionar a construção de seu conhecimento por meio da leitura, da contextualização prática e das atividades individuais e colaborativas. A proposta pedagógica da Universidade Positivo é baseada em uma metodologia dia- lógica de trabalho que objetiva: valorizar suas experiências; incentivar a construção e a reconstrução do conhecimento; estimular a pesquisa; oportunizar a refl exão teórica e aplicação consciente dos temas abordados. Compreenda seu livro Metodologia PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 3 Compreenda seu livro Metodologia Com base nessa metodologia, o livro apresenta a seguinte estrutura: PERGUNTA NORTEADORA Ao fi nal do Contextualizando o cená- rio, consta uma pergunta que esti- mulará sua refl exão sobre o cenário apresentado, com foco no desenvol- vimento da sua capacidade de análi- se crítica. TÓPICOS QUE SERÃO ESTUDADOS Descrição dos conteúdos que serão estudados no capítulo. BOXES São caixas em destaque que podem apresentar uma citação, indicações de leitura, de fi lme, apresentação de um contexto, dicas, curiosidades etc. RECAPITULANDO É o fechamento do capítulo. Visa sintetizar o que foi abordado, reto- mando os objetivos do capítulo, a pergunta norteadora e fornecendo um direcionamento sobre os ques- tionamentos feitos no decorrer do conteúdo. PAUSA PARA REFLETIR São perguntas que o instigam a refl etir sobre algum ponto estudado no capítulo. CONTEXTUALIZANDO O CENÁRIO Contextualização do tema que será estudado no capítulo, como um cenário que o oriente a respeito do assunto, relacionando teoria e prática. OBJETIVOS DO CAPÍTULO Indicam o que se espera que você aprenda ao fi nal do estudo do ca- pítulo, baseados nas necessidades de aprendizagem do seu curso. PROPOSTA DE ATIVIDADE Sugestão de atividade para que você desenvolva sua autonomia e siste- matize o que aprendeu no capítulo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS São todas as fontes utilizadas no capítulo, incluindo as fontes mencio- nadas nos boxes, adequadas ao Projeto Pedagógico do curso. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 4 Boxes AFIRMAÇÃO Citações e afi rmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo. ASSISTA Indicação de fi lmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. BIOGRAFIA Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. CONTEXTO Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se a situação histórica do assunto. CURIOSIDADE Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. DICA Um detalhe específi co da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. ESCLARECIMENTO Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específi ca da área de conhecimento trabalhada. EXEMPLO Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 5 Sumário Capítulo 1 - A Psicologia aplicada à saúde Objetivos do capítulo ....................................................................................................15 Contextualizando o cenário ..........................................................................................16 1.1 A Psicologia aplicada à saúde ................................................................................... 17 1.1.1 Introdução à Psicologia ..............................................................................................................................17 1.1.2 Fundamentos da Psicologia ........................................................................................................................23 1.1.3 Relação da Psicologia com outras ciências .............................................................................................25 1.1.2 Psicologia da Saúde e Psicologia hospitalar ...........................................................................................26 1.2 Psicologia Clínica ................................................................................................... 28 1.2.1 Objeto e métodos ........................................................................................................................................28 1.2.2 Abordagens psicológicas ............................................................................................................................29 1.3 Amplitude e aplicação da Psicologia da Saúde ........................................................ 33 1.3.1 Promoção, prevenção e reabilitação em saúde ......................................................................................35 1.2.2 O cuidado em saúde ....................................................................................................................................37 Proposta de Atividade .................................................................................................. 38 Recapitulando ............................................................................................................. 38 Referências bibliográfi cas ...........................................................................................40 PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 7 Sumário Capítulo 2 - A Psicologia e as relações de trabalho em saúde Objetivos do capítulo ....................................................................................................41 Contextualizando o cenário ......................................................................................... 42 2.1 A comunicação em saúde ........................................................................................ 43 2.1.1 Comunicação entre pacientes, familiares e profi ssionais da saúde ...................................................45 2.1.2 Comunicação de notícias difíceis ..............................................................................................................49 2.1.3 Comunicação terapêutica .........................................................................................................................52 2.2 O trabalho em equipe ............................................................................................. 53 2.2.1 A multidisciplinaridade ..............................................................................................................................542.2.2 A interdisciplinaridade ...............................................................................................................................54 2.2.3 A transdisciplinaridade ..............................................................................................................................55 2.3 Relacionamento interpessoal .................................................................................57 2.3.1 Empatia .........................................................................................................................................................57 2.3.2 Assertividade ...............................................................................................................................................58 2.3.3 Ética ...............................................................................................................................................................61 Proposta de Atividade .................................................................................................. 63 Recapitulando ............................................................................................................. 63 Referências bibliográfi cas ........................................................................................... 65 PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 8 Sumário Capítulo 3 - A Psicologia e o desenvolvimento humano Objetivos do capítulo ....................................................................................................67 Contextualizando o cenário ......................................................................................... 68 3.1 O estudo do desenvolvimento humano ....................................................................69 3.1.1 Conceito de desenvolvimento humano.....................................................................................................69 3.1.2 Fatores determinantes no processo de desenvolvimento humano .......................................................70 3.1.3 Comportamento ..........................................................................................................................................74 3.2 Ciclo do desenvolvimento humano ..........................................................................76 3.2.1 Infância ......................................................................................................................................................... 77 3.2.2 Adolescência ................................................................................................................................................84 3.2.3 Vida adulta ...................................................................................................................................................87 3.2.4 Velhice ..........................................................................................................................................................91 3.3 O processo de adoecimento ...................................................................................95 3.3.1 Conceito de saúde .......................................................................................................................................95 3.3.2 Aspectos psicossociais do processo saúde/doença ...............................................................................97 Proposta de Atividade .................................................................................................100 Recapitulando ............................................................................................................100 Referências bibliográfi cas .......................................................................................... 101 PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 9 Sumário Capítulo 4 - A Psicologia e a Tanatologia Objetivo do capítulo....................................................................................................102 Contextualizando o cenário ........................................................................................103 4.1 Tanatologia ...........................................................................................................104 4.1.1 Conceito de Tanatologia .......................................................................................................................... 104 4.1.2 Área de conhecimento e aplicação ........................................................................................................ 104 4.1.3 Temas em Tanatologia.............................................................................................................................. 105 4.2 Dor e sofrimento ................................................................................................... 107 4.2.1 Conceito de dor .........................................................................................................................................107 4.2.2 Sofrimento humano ................................................................................................................................. 109 4.2.3 Espiritualidade no contexto da saúde ................................................................................................... 110 4.2.4 Cuidados paliativos e cuidados no fi m da vida .................................................................................... 111 4.3 A morte e o morrer .................................................................................................113 4.3.1 Conceito de morte .................................................................................................................................... 113 4.3.2 Perspectivas da morte na infância, adolescência, fase adulta e velhice .......................................... 114 4.3.3 Educação para a morte ............................................................................................................................117 4.4 Perdas e luto ..........................................................................................................118 4.4.1 Estudos sobre o luto ................................................................................................................................ 119 4.4.2 Cuidados com as pessoas enlutadas ..................................................................................................... 121 4.4.3 Comportamentos autodestrutivos ......................................................................................................... 122 4.4.4 Suicídio ...................................................................................................................................................... 124 Proposta de Atividade ................................................................................................. 127 Recapitulando ............................................................................................................128 Referências bibliográfi cas ..........................................................................................129 PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 10 PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 11 APRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃO Bem-vindos à disciplina de Psicologia Aplicada à Saúde. Aqui, mostraremos que exis- tem diferentes jeitos de se debruçar e pensar sobre essa vasta ciência. Quando ela “conversa” com a saúde, surgem uma série de especifi cidades no que diz respeito ao cuidado e à promoção da saúde mental. Há muita coisa para pensarmos, como: quais são os cuidados necessários com os pacientes? E com os familiares? E com a equipe? Como usar de ética, assertividade e em- patia nesses ambientes? E o ser humano, como ele se desenvolve? O que engloba os processos de saúde e doença? Se me refi ro à enfermidade, necessariamente estou falando em dor e sofrimen- to? Uma vida saudável está isenta de sofrimentos? Se sofremos em relacionamentos, por que isso não ocorreria na nossa relação com a alimentação? Para além dador, como compreender a morte? Como cada um de nós pode lidar com uma temática que ainda é vista como um tabu? Neste material, você vai se deparar com essas e outras questões, que suscitarão refl e- xões sobre a beleza da complexidade humana, reunida em emaranhados de conteúdos psíquicos e socioambientais. Esperamos que vocês embarquem conosco nesse mundo e permitam ser provocados por dúvidas sobre aspectos que, até agora, pareciam intocáveis. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 12 A autora “Dedico este trabalho à minha família e ao Daniel, que sempre me apoiaram em minhas estradas pessoais e profi ssionais; à Julia e nossa equipe pela incrível parceria desde o início.” A Professora Cristina Gonçalves de Abran- tes é especialista em Orientação Profi s- sional e de Carreira pela USP e graduada em Psicologia pelo Mackenzie. Atua como psicóloga clínica, já ministrou aulas de de- senvolvimento cognitivo e socioemocional e trabalhou em ambulatório de hospital público. Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatex- tual/visualizacv.do?id=K8728819J6 PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 13 A autora “Dedico este trabalho aos alunos em formação; ao meu marido, que sempre me apoia e estimula no enfrentamento de novos desafi os; à Cristina e nossa equipe de trabalho pela parceria e sintonia incomparáveis.” A Professora Julia Severi Leme Fonseca é especialista em Psicologia Clínica pelo CE- FAS (Campinas) e em Orientação Profi s- sional e de Carreira pela USP. É graduada em Psicologia pela Unesp de Bauru. Atua como psicóloga clínica. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5982760818787158 PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 14 Objetivo do capítulo Compreender a Psicologia como ciência, conhecer seu objeto, seus métodos e sua aplicação na saúde. A PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE • Introdução à Psicologia • Fundamentos da Psicologia • Relação da Psicologia com outras ciências • Psicologia da Saúde e Psicologia hospitalar PSICOLOGIA CLÍNICA • Objeto e métodos • Abordagens psicológicas AMPLITUDE E APLICAÇÃO DA PSICOLOGIA NA SAÚDE • Campo de atuação • Promoção, prevenção e reabilitação em saúde • O cuidado em saúde TÓPICOS DE ESTUDO PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 15 A Psicologia surgiu pela primeira vez na Filosofi a grega, na tentativa de ser estudar a in- terioridade humana. A razão, as ideias e o ambiente chamavam atenção dos primeiros pensadores. Muitos aspectos avançaram e se transformaram até os tempos de hoje. Áreas de espe- cialização foram criadas para nos aprofundarmos nessas temáticas. Os processos de saúde e doença não poderiam ser deixados de fora. Afi nal, eles reque- rem atenção especial em pesquisa e intervenção. Pensando nisso, pergunta-se: como a Psicologia pode contribuir para a sociedade no que diz respeito aos processos de saúde e doença? Contextualizando o cenário PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 16 A Psicologia aplicada à saúde1.1 A Psicologia Aplicada à Saúde é uma especialidade da área da Psicologia que busca com- preender as questões relativas à saúde física e psíquica humana. Tem por objetivo instru- mentalizar o desenvolvimento e preservação da saúde, tanto na prevenção quanto na cura das enfermidades, bem como na investigação de causas e diagnósticos das doenças e na melhoria da qualidade das políticas públicas de saúde do sistema nacional. Para isso, a visão de ser humano é integral, não havendo dissociação entre a mente e o or- ganismo. Há nessa área uma integração total dos aspectos psíquicos, físicos e sociais para se pensar no processo de cura da enfermidade. Os profi ssionais dessa área têm a responsabilidade de criar mecanismos que promovam o bem-estar da saúde da sociedade, prevenindo patologias e as atenuando. Também preparam o grupo social para que ele esteja disposto a aceitar, respeitar e compreender aquelas doen- ças que não podem ser evitadas. Desse modo, esta disciplina se interliga à Psicologia social, à comunitária, à organizacional, à hospitalar, entre outras. Introdução à Psicologia 1.1.1 A Psicologia é a ciência que estuda a mente e o comportamento humano. Ela busca compreender as interações das pessoas com o seu ambiente e os seres humanos em seus processos psíquicos e mentais (percepção, linguagem, inteligência, criatividade, motivações, memória, emoções, etc.). Figura 1. Símbolo da Psicologia. Fonte: GRATISPNG. Acesso em: 22/03/2019. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 17 Essas questões constituem a subjetividade. Esta seria a construção que cada pessoa vai formando conforme se desenvolve e vivencia experiências socioculturais. Seria, então, a ma- neira de sentir, pensar, sonhar, amar e fazer de cada um; o que constitui o jeito de ser de cada indivíduo. É importante ressaltar que as pessoas não nascem com sua subjetividade formada e com- pleta, mas que ela é construída e transformada aos poucos a partir de suas vivências. Afi nal, quando se cria e se transforma o mundo externo, constrói-se e transforma a si próprio. Vale lembrar que a subjetividade se pauta por uma individualidade, ou seja, a unicidade, os comportamentos únicos em cada pessoa. Já a personalidade se pauta em um repertório de comportamentos que uma pessoa tem e outras também. Nesse caso, existem semelhanças de comportamentos médios emitidos por um grupo de indivíduos. Esse conjunto de compor- tamentos que podem se repetir em várias pessoas. CURIOSIDADE: O termo Psicologia vem do grego psyché, que signifi ca alma, e de lógos, que signifi ca razão. Portanto, Psicologia signifi ca estudo da alma. A alma era concebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos, o desejo, a sensação e a percepção. . A alma era concebida como a , que signifi ca . A alma era concebida como a . A alma era concebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos, o desejo, , que signifi ca . A alma era concebida como a , que signifi ca . A alma era concebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos, o desejo, , que signifi ca . A alma era concebida como a Objetivo básico do psicólogo Promover a saúde mental do ser humano por meio do respeito à dignidade e integridade, proporcionando condições satisfatórias de vida na sociedade. Atribuições do psicólogo • Analisar e estudar os processos intra e interpessoais, possibilitando a compreensão do comportamento humano tanto individual quanto em grupo; • Aplicar conhecimentos teóricos e técnicos da Psicologia, com o objetivo de identifi car e in- tervir em questões determinantes das pessoas e da sociedade, visando à promoção de saúde mental. Utiliza-se de caminhos relacionais, pessoais, familiares e sociais, vinculando-as tam- bém a condições políticas, históricas e culturais; • Analisar como os fatores hereditários, ambientais e psicossociais infl uenciam os sujeitos em seu funcionamento intrapsíquico e nas suas relações sociais; • Prevenir e tratar distúrbios psíquicos, atuando para favorecer um amplo desenvolvimento psicossocial; • Elaborar e aplicar técnicas de avaliação psicológica, com práticas metodológicas específi - PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 18 cas, para conhecimento dos processos intrapsíquicos e das relações interpessoais. Deve enca- minhar a atendimentos apropriados, conforme a necessidade; • Formular hipóteses e sua comprovação experimental, observando a realidade e efetivan- do experiências para obter elementos relevantes ao estudo dos processos mentais e compor- tamentais. Áreas de atuação do psicólogo • Clínica - atua na área específica da saúde, colaborando para a compreensão dos proces- sos intra e interpessoais, utilizando enfoque preventivo ou de tratamento. Realiza pesquisa, diagnóstico, acompanhamento psicológico e intervenção psicoterápica individual ou em grupo; • Trabalho - atua onde quer que se deem as relações de trabalho nas organizações sociais formaisou informais, visando a aplicação do conhecimento da Psicologia para a compreensão, intervenção e desenvolvimento das relações e dos processos intra e interpessoais; • Trânsito - atuar com os processos psicossociais, psicológicos e psicofísicos das pessoas in- seridas em um contexto de trânsito. Investiga participantes, contextos e lugares, construindo conhecimento que serve para aplicação prática e teórica e avalia características e personalida- de sob esse contexto; • Educacional - colabora para a compreensão e para a mudança do comportamento de educadores e educandos, no processo de ensino-aprendizagem, nas relações interpessoais e nos processos intrapessoais, referindo-se sempre às dimensões política, econômica, social e cultural. Também realiza pesquisa, diagnóstico e intervenção psicopedagógica individual ou em grupo, e participa da elaboração de planos e políticas para promover a qualidade, a valori- zação e a democratização do ensino; • Jurídico - atua no âmbito da Justiça, colaborando no planejamento e na execução de po- líticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência. Contribui para formulação, revisões e interpretação das leis; • Esporte - atua sobre os fatores psicológicos que influenciam o desempenho físico e com- preende como a participação nessas atividades afeta o desenvolvimento emocional, a saúde e o bem-estar dos profissionais nesse ambiente; • Social - analisa o sujeito por uma perspectiva histórica, considerando a permanente inte- gração entre o indivíduo e o social. Nesse sentido, operar como psicólogo social significa de- senvolver um trabalho a partir dessa perspectiva de homem e sociedade, possibilitando atuar em qualquer área da Psicologia; • Saúde - atua na promoção e manutenção da saúde, bem como na prevenção e tratamento da patologia, na identificação da etiologia, do diagnóstico, e do aperfeiçoamento do sistema de política da saúde. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 19 Ciência x senso comum Senso comum: o tipo de conhecimento que se acumula no nosso cotidiano é chamado de senso comum. A sabedoria cotidiana produz certas teorias – como uma professora que sabe que deve recompensar a boa disciplina de seu pequeno aluno, pois isso tende a aumentar a frequência de comportamento obediente. Por esse motivo, pode-se entender que esse tipo de conhecimento é intuitivo e espontâneo. Ele costuma ser construído por tentativas e erros. O senso comum percorre um caminho que vai do hábito à tradição, que passa de geração para geração. Quando ouvimos expressões como “cara paranoico”, “moça louca”, ou “criança hiperativa”, isso expressa a comunicação do senso comum acerca do comportamento humano. Isso não querer dizer que corresponda à forma científica de se construir o conhecimento. Esses termos podem até ser da Psicologia científica, mas são usados sem a preocupação de definir as palavras. Ciência: mas, afinal, o que é essa tal de ciência? Ela é um conjunto de conhecimentos sobre partes da realidade e fatos que são, necessariamente, obtidos por meio de metodologia científica. Para se produzir Psicologia como ciência, requer utilizar de forma sistematizada o conheci- mento metodológico, de forma que seja experimentado, testado e comprovado por meio de uma linguagem precisa e rigorosa. Portanto, o conhecimento não deve estar embasado em achismos ou observações superficiais. A ciência permite que o saber seja transmitido, verifica- do, utilizado e desenvolvido. Dessa forma, a Psicologia deve contribuir para a produção do conhecimento científico atra- vés de observação, descrição e análise dos processos comportamentais. Com métodos e técnicas específicas, utiliza entrevistas estruturadas, avaliações psicoló- gicas, técnicas de terapia, dentre outras, obtidas de maneiras programadas, sistemáticas e controladas, para que se permita a verificação da validade da ciência e a reprodução da expe- riência. Como um saber científico, sabe-se que um novo conhecimento é produzido a partir de outro anteriormente desenvolvido. Negam-se, reafirmam-se e descobrem-se novos aspectos. Umas das particularidades da Psicologia é que a concepção de ser humano que o profissional traz consigo mesmo “contamina” inevitavelmente a sua pesquisa em Psicologia. Isso quer dizer que, em certa medida, há uma mistura entre o cientista e objeto a ser pesquisado. Visões de homem Defende-se que o mais adequado para essa ciência é o termo “psicologias”. Isso acontece pelo fato de estudarmos esses fenômenos das mais diversas formas. Conforme a definição de ser humano adotada, teremos uma concepção de objeto da Psicologia que combine com ela. Veja, na Tabela 1, algumas dessas visões pelas quais as psicologias compreendem o ser hu- mano: PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 20 Tabela 1. Diferentes visões de indivíduo VISÃO DETERMINISTA Abstrato, com características definidas e que não mudam, a despeito das condições sociais a que esteja submetido. VISÃO ROUSSEAUNIANA Puro e que foi corrompido pela sociedade. VISÃO SOCIO-HISTÓRICA Datado, determinado pelas condições históricas e sociais que o cercam. VISÃO ANALÍTICO-COMPORTAMENTAL Influencia e é influenciado pelo seu meio. Psicologia e Psiquiatria Psiquiatria: a Psiquiatria é uma especialidade médica que se destina ao estudo e ao trata- mento de patologias mentais. O profissional psiquiatra cursou a faculdade de Medicina e se especializou em Psiquiatria. Dentre suas funções, estão previstas o diagnóstico, o tratamento medicamentoso (de forma exclusiva), a prevenção e a reabilitação das mais variadas doenças mentais. Exemplos desse tipo de quadro são: a depressão, a esquizofrenia e a bipolaridade. O modelo biomédico, no qual os psiquiatras se baseiam, detém uma visão cartesiana do mundo. A visão cartesiana consiste na ideia de que o mundo podia ser comparado a uma máquina, e que o conhecimento do universo passaria assim pelo conhecimento detalhado do funcionamento de tal máquina. Por essa perspectiva, o que importa são os fenômenos obser- váveis – ou seja, o corpo –, ficando, assim, o homem centrado em seus aspectos biológicos e processos biológicos e físico-químicos. Sob essa perspectiva, a doença seria um defeito mecânico localizado em uma máquina físi- ca e bioquímica. Esse defeito pode ser reparado por meios físicos (como é o caso da cirurgia) ou químicos (com o uso de medicações, por exemplo). Logo, a parte doente pode ser tratada isoladamente de todo o resto do corpo. Psicologia: o psicólogo cursou a faculdade de Psicologia, que não adota o modelo biomé- dico para a compreensão do ser humano, e sim por seu aspecto biopsicossocial. Todas as pessoas sofrem influências biológicas, psicológicas e sociais, de forma que todos se interligam, mas não se sobrepõem uns aos outros. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 21 Figura 2. Infl uências que o indivíduo sofre. O ser humano é determinado por aspectos orgânicos, como genéticos e fi siológicos, por sua própria percepção e por experiências próprias (ações, pensamentos e sentimentos) conso- lidadas no mundo (interação com grupos familiares, institucionais sociais e culturais). CURIOSIDADE: Muitas áreas são importantes para a análise do comportamento humano. Por exemplo: afetiva, biológica (doenças), familiar, conjugal, sexual, ambiente cultural, interpessoal, amizades, trabalho, lazer, social, questões morais, escolar, religiosa, regras sociais e hábitos. exemplo: afetiva, biológica (doenças), familiar, conjugal, sexual, ambiente cultural, Muitas áreas são importantes para a análise do comportamento humano. Por exemplo: afetiva, biológica (doenças), familiar, conjugal, sexual, ambiente cultural, interpessoal, amizades, trabalho, lazer, social, questões morais, escolar, religiosa, Muitas áreas são importantes para a análise do comportamento humano. Por exemplo: afetiva, biológica (doenças), familiar, conjugal, sexual, ambiente cultural, Muitas áreas são importantes para a análisedo comportamento humano. Por exemplo: afetiva, biológica (doenças), familiar, conjugal, sexual, ambiente cultural, interpessoal, amizades, trabalho, lazer, social, questões morais, escolar, religiosa, Muitas áreas são importantes para a análise do comportamento humano. Por exemplo: afetiva, biológica (doenças), familiar, conjugal, sexual, ambiente cultural, Na Tabela 2, existem algumas diferenciações de quando se deve procurar um psiquiatra ou um psicólogo, a depender da forma como os sintomas aparecem (físicos ou emocionais). Em muitos casos, os sintomas surgem de forma mesclada. Por isso, é muito importante o acompa- nhamento com ambos os profi ssionais. Tabela 2. Psiquiatria e Psicologia PSIQUIATRIA E PSICOLOGIA QUANDO BUSCAR O PSICÓLOGO (SINTOMAS EMOCIONAIS): QUANDO BUSCAR O PSIQUIATRA (SINTOMAS FÍSICOS): • Perdas (sejam elas de um relacionamento, um ente querido ou emprego); • Traumas recentes ou do passado (assalto, sequestro, acidente, desastres naturais, violência); • Sensação de paralisia para tomada de decisões (mu- dança de emprego, término de relacionamento, escolha profi ssional); • Confl itos (familiares, relacionados à orientação sexual); • Difi culdades nos relacionamentos interpessoais (timi- dez, baixa autoestima). • Taquicardia, sudorese, preocupação excessiva (relacio- nados à ansiedade); • Perturbações no sono; • Choro recorrente, baixa autoestima, fadiga, desmotiva- ção (relacionados à depressão); • Sentimento de vazio, pensamentos suicidas (diminui- ção ou aumento de apetite); • Alucinações (visuais, auditivas ou olfativas); • Delírios ou oscilação emocional. Fatores Psicológicos Fatores Biológicos Fatores Sociais PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 22 Fundamentos da Psicologia1.1.2 Foi entre os fi lósofos gregos que surgiram as primeiras tentativas de sistematizar uma Psi- cologia. Eles já haviam formulado duas “teorias”: a) Platônica: postulava a imortalidade da alma e a concebia separada do corpo; b) Aristotélica: afi rmava a mortalidade da alma e seu pertencimento ao corpo. Figura 3. Platão e Aristóteles, respectivamente. Fonte: MÚSICA E SOCIEDADE. Acesso em: 22/03/2019. Figura 4. Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, respectivamen- te. Fonte: FILOVIDA. Acesso em: 22/03/2019. Império Romano A Psicologia no Império Romano e na Idade Média estava atrelada ao conhecimento religio- so, já que a Igreja Católica monopolizava o saber, inclusive o estudo do psiquismo. Nesse período, também havia duas teorias: a) Santo Agostinho: inspirou-se em Platão, pois também fazia uma cisão entre alma e cor- po, e a alma também era imortal por ser o elemento que liga o ser humano a Deus. A diferença é que a alma não era somente a sede da razão, mas a prova de uma manifestação divina no homem; b) São Tomás de Aquino: inspirou-se em Aristóteles e na distinção entre essência e existência. Entendia que a essência humana busca a perfeição por meio de sua existên- cia. A diferença se pautava no entendimento de que somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência. Portanto, a busca de perfeição pelo ser humano seria a busca de Deus. AristótelesPlatão PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 23 Renascimento A principal teoria dessa época era de René Descartes, que postula a separação entre mente (alma, espírito) e corpo. Afi rma- va que o ser humano possuía uma substân- cia material e uma substância pensante, e que o corpo, desprovido do espírito, é ape- nas uma máquina. Figura 5. Filósofo René Descartes. Fonte: Domínio público. Acesso em: 22/03/2019. Figura 6. Primeiro laboratório de Psicologia do mundo. Fonte: EX-ISTO. Acesso em: 22/03/2019. Psicologia científi ca O primeiro laboratório psicológico foi fundado pelo fi siólogo alemão Wilhelm Wundt em 1879. Portanto, a Psicologia é considerada uma ciência jovem, se comparada a outras áreas. Ele publicou o livro Princípios da Psicologia Fisiológica, na Alemanha. Seu status de ciência foi obtido na medida em que se liberta da Filosofi a, defi nindo seus objetos de estudo, que são o comportamento, a vida psíquica, a consciência. Com isso, passa a ser necessário formular métodos de estudo para esses objetos e teorias enquanto corpo consistente de conhecimentos na área. Essas teorias devem obedecer aos critérios básicos da metodologia científi ca, isto é, deve-se buscar a neutralidade, os dados devem ser passíveis de comprovação e o conhecimento deve ser cumulativo, servindo como ponto de partida para outros experimentos e pesquisas na área. No entanto, foi nos Estados Unidos que ela encontrou campo para um rápido crescimento, resultado do grande avanço econômico do país. É ali que surgem as primeiras abordagens ou escolas em Psicologia, as quais deram origem às inúmeras teorias que existem atualmente. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 24 São elas: a) Estruturalismo: essa escola foi inaugurada por Wundt, mas foi Titchner que a nomeou dessa forma. Preocuparam-se com a consciência e a estudaram por seus aspectos estruturais, como estruturas do sistema nervoso central. Os conhecimentos psicológicos produzidos são eminentemente experimentais, isto é, produzidos a partir do laboratório; b) Funcionalismo: W. James buscou responder “o que fazem os homens” e “por que o fazem”. Para isso, também elege a consciência como o centro de suas preocupações e busca a com- preensão de seu funcionamento, na medida em que ser humano a usa para se adaptar ao meio; c) Associacionismo: Thorndike formulou a primeira teoria de aprendizagem na Psicologia. Enten- de que a aprendizagem se dá por um processo de associação das ideias que vão das mais simples às mais complexas. Também formulou a Lei do Efeito, que prevê que todo comportamento de um or- ganismo vivo tende a se repetir, se nós o recompensarmos assim que emitir o comportamento. Por outro lado, o comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for castigado após sua ocor- rência. Ainda por essa perspectiva, o organismo irá associar tais situações com outras semelhantes. Relação da Psicologia com outras ciências1.1.3 A Psicologia estuda o ser humano, ainda que para compreendê-lo em seu comportamento seja necessário estudar outras espécies. As interações que ocorrem dentro do organismo são estudadas pela Biologia. Já as que ocorrem entre grupos de indivíduos são estudados pelas Ciências Sociais. Ora, se a Psicologia entende o ser humano como um ser biopsicossocial, a Biologia e as Ciências Sociais auxiliam diretamente estudos na área da Psicologia. Por esse motivo, surgiram áreas denominadas de Psicofi siologia, Neurociência do Comportamento, Psicologia Social, dentre outras. Vale lembrar que, difi cilmente, o psicólogo trabalha sozinho. Seja qual for sua área de atua- ção, o trabalho com outros profi ssionais costuma ser necessário, pois ao lidar com pessoas, precisará recorrer a outros conhecimentos que constituem a complexidade humana. Exemplos disso são: • O psicólogo clínico tende a fazer parcerias com psiquiatras para que haja tratamento mú- tuo com o paciente; • O psicólogo da saúde trabalha com outros profi ssionais da área, gerando o cuidado total ao usuário do serviço; • Psicólogos e assistentes sociais tendem a trabalhar em conjunto em núcleos especializa- dos ao suporte psicossocial para a sociedade; • O psicólogo escolar trabalha com professores e pais para o bom andamento da instituição. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 25 Psicologia da Saúde e Psicologia hospitalar1.1.4 A Organização Mundial de Saúde (OMS) não entende saúde como mera ausência de enfer- midade, mas sim “um estado de completo bem-estar físico, mental e social”. ESCLARECIMENTO: Ambientes nos quais se aplica Psicologia da Saúde: hospitais, centros de saúde co- munitários, organizações não governamentais e nas próprias casas dos indivíduos. Conhecimentos utilizados: pauta-se nas ciências biomédicas, Psicologia Clínica e Psicologia Social Comunitária. munitários, organizações não governamentaise nas próprias casas dos indivíduos. Ambientes nos quais se aplica Psicologia da Saúde: hospitais, centros de saúde co- munitários, organizações não governamentais e nas próprias casas dos indivíduos.munitários, organizações não governamentais e nas próprias casas dos indivíduos. Conhecimentos utilizados: pauta-se nas ciências biomédicas, Psicologia Clínica e Ambientes nos quais se aplica Psicologia da Saúde: hospitais, centros de saúde co-Ambientes nos quais se aplica Psicologia da Saúde: hospitais, centros de saúde co- munitários, organizações não governamentais e nas próprias casas dos indivíduos. Conhecimentos utilizados: pauta-se nas ciências biomédicas, Psicologia Clínica e munitários, organizações não governamentais e nas próprias casas dos indivíduos.munitários, organizações não governamentais e nas próprias casas dos indivíduos.munitários, organizações não governamentais e nas próprias casas dos indivíduos.munitários, organizações não governamentais e nas próprias casas dos indivíduos. Conhecimentos utilizados: pauta-se nas ciências biomédicas, Psicologia Clínica e Conhecimentos utilizados: pauta-se nas ciências biomédicas, Psicologia Clínica e Conhecimentos utilizados: pauta-se nas ciências biomédicas, Psicologia Clínica e Conhecimentos utilizados: pauta-se nas ciências biomédicas, Psicologia Clínica e PAUSA PARA REFLETIR Tendo em vista o conceito de saúde da OMS, quem está efetivamente saudável? Você se consi- deraria saudável agora? Nesse sentido, a Psicologia da Saúde tem como objetivo compreender como os fatores biológicos, comportamentais e sociais infl uenciam a saúde e a doença. Ela é um campo de especialização da Psicologia que aplica seus princípios, técnicas e ciência para avaliar, diagnosticar, tratar, modifi car e prevenir patologias físicas, mentais ou qualquer outro ponto relevante para os processos de saúde e doença. A saúde é classifi cada nos setores primário, secundário e terciário. Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o paciente se dirige nesta ordem de atendimento: a) Nível primário: neste nível de atenção, há o atendimento inicial ou de casos mais sim- ples. Nesse momento, não se dispõe de tratamentos mais complexos e são marcados exames e consultas, além da realização de procedimentos básicos como troca de curativos. É também neste nível em que são organizadas as ações para a promoção da saúde pública em espaços comunitários. O atendimento na atenção primária pode encaminhar para um médico especia- lista da atenção secundária, por exemplo. São nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) onde se confi gura a porta de entrada do sistema único de saúde; b) Nível secundário: aqui, são realizados procedimentos de intervenção, atendimento emergencial, bem como tratamentos de casos crônicos e agudos de doenças. Nesse setor, estão os primeiros especialistas, como oftalmologista, cardiologista, etc. Portanto, são encon- PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 26 trados também equipamentos para exames mais avançados. Aqui estão as clínicas e Unidades de Pronto Atendimento (UPA), os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), ambulatórios e hos- pitais-escolas; c) Nível terciário: aqui, são realizadas manobras mais invasivas e de maior risco à vida. Também são realizadas cirurgias, condutas de manutenção dos sinais vitais, como suporte básico à vida. São os hospitais de grande e maior complexidade porte, tanto os mantidos pelo Estado quanto os mantidos pela rede privada. Figura 7. Pirâmide de atenção primária, secundária e terciária. O psicólogo da saúde pode atuar em qualquer setor. Já a Psicologia Hospitalar tem sua função centrada nos âmbitos secundário e terciário de atenção à saúde, realizando atividades como atendimento psicoterapêutico, grupos psicoterapêuticos, enfermarias em geral, grupos de psicoprofilaxia, atendimentos em ambulatório e unidade de terapia intensiva, pronto aten- dimento, avaliação diagnóstica, psicodiagnóstico, consultoria e interconsultoria. Rodriguez-Marín (2003) sintetiza as tarefas básicas do psicólogo que trabalha em hospital: 1) Coordenação: relativa às atividades com os funcionários do hospital; 2) Auxílio à adaptação: intervenção na qualidade do processo de adaptação e recuperação do paciente internado; 3) Interconsulta: atuação como consultor, ajudando outros profissionais a lidarem com o paciente; 4) Enlace: intervenção, através do delineamento e execução de programas junto com outros profissionais, para modificar ou instalar comportamentos adequados dos pacientes; 5) Assistencial: atuação direta com o paciente. ATENÇÃO TERCIÁRIA SERVIÇOS HOSPITALARES DE MAIOR COMPLEXIDADE Hospitais terciários e quaternários de caráter regional, estadual, ou nacional. SERVIÇOS AMBULATORIAIS Serviços ambulatórios com especialidades clínica e cirúrgicas. Serviços de apoio diagnóstico e terapêutico. Serviços de atendimento de urgência e emergência. HOSPITAIS GERAIS UNIDADES DE SAÚDE Atenção primária à grupos populacionais situados em uma área de abrangência delimitada. PORTA DE ENTRADA do sistema para níveis superior de maior complexidade. SERVIÇOS HOSPITALARES DE MAIOR COMPLEXIDADE ATENÇÃO SECUNDÁRIA ATENÇÃO PRIMÁRIA PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 27 Psicologia Clínica1.2 A Psicologia Clínica, enquanto uma das grandes subáreas de atuação do psicólogo, muitas vezes é erroneamente compreendida e associada exclusivamente ao espaço da clínica particu- lar. Entretanto, com desenvolvimento da psicologia enquanto ciência, a atuação da Psicologia Clínica, com seu objeto e métodos específi cos, pôde se expandir para diferentes contextos. Conforme o próprio Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP/SP) aponta, o psi- cólogo especialista em Psicologia Clínica atua na área da saúde, em diferentes contextos e por meio de intervenções que visam a redução do sofrimento humano, as quais podem ocorrer em nível individual, grupal, social ou institucional, executando-as de maneira autônoma ou inserindo-as em equipes multidisciplinares. Objeto e métodos1.2.1 A Psicologia é uma ciência ampla que contempla várias subáreas de estudos e atuações, tendo como objeto de estudo o ser humano. Cada área e abordagem psicológica apresenta características e enfoques diferentes a respeito desse objeto – por exemplo, teorias compor- tamentais centralizam as pesquisas e atuações em comportamentos passíveis de observação e nos processos de aprendizagem; já as teorias que focam os processos mentais investigam o inconsciente e consideram a introspecção. O método clínico se caracteriza como uma das práticas mais antigas dentro do campo de atuação da Psicologia. Na década de 30, ainda muito infl uenciada pelo modelo médico, a prá- tica clínica focava na investigação e compreensão dos transtornos mentais, bem como no tra- tamento da doença, preocupando-se com o ajustamento do indivíduo. Sendo assim, é comum a associação do método clínico à apenas a prática de psicoterapia, inclusive restringindo tam- bém o local onde é exercida (consultório particular). Entretanto, na atualidade, considerando a complexidade do ser humano e de sua subjetivi- dade, somados aos avanços das pesquisas científi cas, da construção e validação de diferentes metodologias, a concepção de Psicologia Clínica se expandiu, visando a promoção do bem-es- tar individual e social a partir da atuação no diagnóstico e prognóstico das questões de saúde mental, como também nas ações preventivas. Muito mais do que um local de trabalho, a Psicologia Clínica se caracteriza como o olhar do profi ssional sobre o fenômeno humano, ou seja, tendo como ênfase o vínculo paciente-psi- cólogo, confi gura-se como uma atuação de investigação e ação refl exivas sobre o ser humano, em sofrimento ou em desenvolvimento, sua subjetividade e suas relações com o meio social. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 28 A Psicologia Clínica utiliza diferentes instrumentos, tais como: entrevistas, testes e avalia- ções psicológicas, orientações e processoeducativos, atendimentos terapêuticos (na modali- dade individual ou grupal) e pesquisas, que se diferenciam de acordo com a abordagem psico- lógica utilizada. É importante ressaltar que esses instrumentos não são específi cos do método clínico, po- dendo ser utilizados sob a perspectiva de outras metodologias e contextos de atuação, por exemplo: ambientes escolares, sendo desenvolvido o acompanhamento psicopedagógico e testes de inteligência; há o tão conhecido teste psicotécnico para habilitação da carteira de motorista; e atuações em espaços organizacionais por meio de pesquisas de clima, avaliações de desempenho, entrevistas para seleção de pessoal. Abordagens psicológicas1.2.2 Existem diferentes abordagens psicológicas para a prática clínica, cada qual com uma compreensão de indivíduo e métodos específi cos. O profi ssional psicólogo atua de acordo com a teoria com a qual mais se identifi cada, usando-a como base para estudos e condu- ção de sua prática. Foram quatro as principais perspectivas que contribuíram para a construção da ciência psi- cológica: behaviorista, cognitiva, humanista e psicanalítica. CURIOSIDADE: A Psicologia enquanto ciência ainda se mantém em construção. Assim, novas abor- dagens têm sido elaboradas e utilizadas na prática clínica, tais como: Psicologia Ana- lítica Junguiana, Psicoterapia Corporal (Reich), Gestalt-terapia, Psicologia Positiva, entre outras. dagens têm sido elaboradas e utilizadas na prática clínica, tais como: Psicologia Ana- A Psicologia enquanto ciência ainda se mantém em construção. Assim, novas abor- dagens têm sido elaboradas e utilizadas na prática clínica, tais como: Psicologia Ana-dagens têm sido elaboradas e utilizadas na prática clínica, tais como: Psicologia Ana- lítica Junguiana, Psicoterapia Corporal (Reich), Gestalt-terapia, Psicologia Positiva, A Psicologia enquanto ciência ainda se mantém em construção. Assim, novas abor- dagens têm sido elaboradas e utilizadas na prática clínica, tais como: Psicologia Ana- A Psicologia enquanto ciência ainda se mantém em construção. Assim, novas abor- dagens têm sido elaboradas e utilizadas na prática clínica, tais como: Psicologia Ana- lítica Junguiana, Psicoterapia Corporal (Reich), Gestalt-terapia, Psicologia Positiva, A Psicologia enquanto ciência ainda se mantém em construção. Assim, novas abor- dagens têm sido elaboradas e utilizadas na prática clínica, tais como: Psicologia Ana- Visão behaviorista O fundador do behaviorismo foi John Watson. Segundo ele, para transformar a Psicologia em uma ciência “respeitável”, era necessário que os psicólogos usassem métodos objetivos (experimentação e observação) e estudassem comportamentos observáveis. Os princípios behavioristas se baseiam nos estudos dos eventos ambientais (chamados de estímulos) e os comportamentos observáveis (denominados de respostas). Um tópico central de investigação é a aprendizagem pela experiência a, qual tem infl uência sobre o comportamento. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 29 Esta linha teórica orienta os psicólogos a atuarem com objetivos científicos, tais como a des- crição, a explicação, a predição e o controle – além de desempenharem ações práticas como o aconselhamento de familiares, de educandos e homens de negócios. A visão behaviorista acredita que os comportamentos de animais não humanos deve ser objeto de investigação em paralelo com o comportamento humano, uma vez que os organis- mos simples são mais fáceis de serem estudados do que os complexos. O movimento behaviorismo dominou a Psicologia entre as décadas de 1930 e 1960, estando hoje ainda presente, mas com uma perspectiva mais flexível. Mantém seu foco em estímulos, respostas e processos de aprendizagem, mas também buscam estudar e compreender cada vez mais fenômenos complexos que não podem ser observados diretamente – como o amor, o estresse, a empatia e a sexualidade. Figura 8. John Watson. Fonte: Domínio público. Acesso em: 22/03/2019. Visão cognitiva Um grande número de psicólogos, na década de 70, contestaram o modelo estímulo-respos- ta do behaviorismo, enfatizando ser necessário que os psicólogos buscassem compreender os processos mentais. As ideias behavioristas não foram rejeitadas completamente, uma vez que nas sessões terapêuticas foi incorporado o princípio de fazer perguntas precisas e conduzir pesquisas e métodos objetivos, mas abriu espaço para a auto-observação e a introspecção. Segundo essa teoria, é a mente que caracteriza o comportamento especificamente huma- no. Sendo assim, o objeto de estudo passa a ser o funcionamento da mente, buscando com- preender a estrutura, as funções e os processos mentais. Além disso, foca-se em estudos e pesquisas sobre o conhecimento (processos cognitivos) e atuação prática. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 30 Visão humanista Uma grande parte dos psicólogos humanistas se identificam com a filosofia europeia deno- minada Fenomenologia, na qual tem-se a compreensão de que as pessoas veem o mundo a partir de sua perspectiva única e própria. Por essa abordagem, o ponto central de toda atividade humana é a interpretação subjetiva, e esta não deve ser ignorada. Ou seja, para se obter um conhecimento válido sobre qualquer experiência ou processo humano, é preciso focalizá-lo a partir de diferentes quadros de refe- rência e das diversas formas que cada indivíduo vivencia. De modo geral, os psicólogos humanistas enfatizam que separar o indivíduo em funções – como percepção e aprendizagem – não oferece informações substanciais. Logo, é impor- tante estudar o ser humano como um todo, sendo objeto de investigação problemas tais como: responsabilidade, objetivos de vida, compromisso, satisfação, criatividade, solidão e espontaneidade. Os psicólogos humanistas compreendem que as pessoas são basicamente boas, sendo que o psicólogo deve auxiliar o ser humano a compreender a si próprio e a se desenvolver ao máximo. Visão psicanalítica Sigmund Freud é comumente conhecido como o pai da Psicanálise por ter sido o criador desta teoria. Freud era médico e se especializou no tratamento de problemas do sistema ner- voso, mas observou que sua prática médica – focada nos sintomas físicos do paciente – eram pouco eficientes no tratamento de transtornos mentais. Figura 9. Sigmund Freud. Fonte: UNIVERSO RACIONALISTA. Acesso em: 22/03/2019. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 31 Gradativamente, Freud desenvolveu um novo método de atuação, a associação livre: o paciente, relaxado e deitado em um divã, é estimulado a dizer qualquer coisa que lhe passar pela mente, abrindo espaço também para relatos de sonhos. Todo esse material era analisado, sendo identifi cados aspectos além da consciência do paciente – por exemplo, desejos, medos, confl itos, memórias e impulsos. Dessa forma, a teoria psicanalítica enfatiza o estudo do inconsciente, da personalidade, do comportamento anormal e do desenvolvimento infantil, áreas anteriormente negligenciadas nas pesquisas psicológicas. As concepções, portanto, da perspectiva psicanalítica, baseiam-se no aspecto essencial do inconsciente e que este deve ser trazido para a consciência, como forma de tratamento dos distúrbios mentais. ESCLARECIMENTO: O psicólogo de abordagem psicanalítica é o profi ssional que cursou a graduação de Psicologia, especializou-se e atua segundo os conceitos da Psicanálise. Os psi- canalistas são profi ssionais de diferentes áreas de atuação que passam por uma formação específi ca em instituição reconhecida na área. de Psicologia, especializou-se e atua segundo os conceitos da Psicanálise. Os psi- O psicólogo de abordagem psicanalítica é o profi ssional que cursou a graduação de Psicologia, especializou-se e atua segundo os conceitos da Psicanálise. Os psi-de Psicologia, especializou-se e atua segundo os conceitos da Psicanálise. Os psi- canalistas são profi ssionais de diferentes áreas de atuação que passam por uma O psicólogo de abordagem psicanalíticaé o profi ssional que cursou a graduação O psicólogo de abordagem psicanalítica é o profi ssional que cursou a graduação de Psicologia, especializou-se e atua segundo os conceitos da Psicanálise. Os psi- canalistas são profi ssionais de diferentes áreas de atuação que passam por uma de Psicologia, especializou-se e atua segundo os conceitos da Psicanálise. Os psi-de Psicologia, especializou-se e atua segundo os conceitos da Psicanálise. Os psi-de Psicologia, especializou-se e atua segundo os conceitos da Psicanálise. Os psi-de Psicologia, especializou-se e atua segundo os conceitos da Psicanálise. Os psi- canalistas são profi ssionais de diferentes áreas de atuação que passam por uma canalistas são profi ssionais de diferentes áreas de atuação que passam por uma canalistas são profi ssionais de diferentes áreas de atuação que passam por uma canalistas são profi ssionais de diferentes áreas de atuação que passam por uma Tabela 3. Comparação entre as principais abordagens teóricas BEHAVIORISTA COGNITIVA HUMANISTA PSICANALÍTICA OBJETO Qualquer pergunta bem defi nida sobre o funcionamento de qualquer animal. O funcionamento da mente. Perguntas sobre a pessoa como um todo, experiência subjetiva, problemas signifi cativos; o extraordinário e individual como também o usual e universal. Personalidade normal e anormal (leis, determinantes, aspectos inconscientes); tratamento de anormalidade. OBJETIVOS PRINCIPAIS Conhecimento, aplicação. Conhecimento, aplicação. Em primeiro lugar, ajuda e enriquecimento; em segundo, conhecimento Ajuda e conhecimento. METÓDOS DE PESQUISA ENFATIZADOS Métodos objetivos. Métodos objetivos e introspectivos. Respeitado o conhecimento intuitivo do observador; aceitáveis todos os procedimentos, mesmos osnão científi cos, como o de análise literária. Paciente: introspecção informal; analista: observação e análise. POPULAÇÃO ESTUDADA Todos os animais. Principalmente pessoas. Pessoas. Pessoas (geralmente adultos em terapia). Fonte: DAVIDOFF, 2001. (Adaptado). PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 32 Amplitude e aplicação da Psicologia da saúde1.3 Os conteúdos expostos até o momento evidenciaram o quanto a psicologia é uma ciên- cia complexa e com possibilidades de atuação em diversos contextos e, dentre eles, está o campo da saúde. A Psicologia da saúde com base no modelo biopsicossocial, aborda vastos conhecimen- tos das Ciências Biomédicas, da Psicologia clínica e da Psicologia Social Comunitária, tendo como fundamentos de atuação a promoção e educação para a saúde. Sendo assim, a aplicação da Psicologia da saúde envolve tanto contribuições e desenvol- vimento científi co, quanto ações educativas e profi ssionais, propondo um trabalho amplo, atendendo as necessidades do ser humano de modo integral, em diferentes níveis de atua- ções: primário, secundário e terciário. Campo de atuação1.3.1 O profi ssional psicólogo da área da saúde pode exercer atividades atuando como professor e pesquisador científi co e/ou clínico. No campo de trabalho como professor, são responsáveis pelo processo de ensino e apren- dizagem de estudantes de diversas áreas relacionadas à saúde, como a Fisioterapia, Nutrição, Enfermagem e Medicina. Como pesquisadores, investigam os processos psicológicos e questões relacionadas ao bem-estar do ser humano pela perspectiva biopsicossocial. A maioria das pesquisas focavam a identifi cação e classifi cação de doenças e comportamentos que comprometessem a saúde, bem como a avaliação da efetividade de determinadas intervenções. Entretanto, com o desen- volvimento da perspectiva biopsicossocial e da Psicologia positiva, tem-se dado maior atenção ao funcionamento humano saudável, com temas de pesquisas diversos, por exemplo, a felici- dade e a as características das pessoas que vivem até uma idade avançada. É importante ressaltar que existem diver- sas formas de se executar uma pesquisa, a qual apresenta especifi cidades de acordo com o problema a ser pesquisado, a metodo- logia utilizada e os objetivos de cada pesqui- sa. Confi ra a Tabela 4 com a comparação dos principais métodos de pesquisa em Psicologia da saúde. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 33 Tabela 4. Comparando métodos de pesquisa MÉTODOS DE PESQUISA CENÁRIO DE PESQUISA MÉTODO DE COLETA DE DADOS VANTAGENS DESVANTAGENS Estudo descritivo. Campo ou laboratório. Estudos de caso, inquéritos e entrevistas, observações naturalísticas. Informações aprofundadas sobre uma pessoa; frequentemente leva a novas hipóteses; detecta relações de ocorrência natural entre variáveis. Não há controle direto sobre as variáveis; sujeito a tendências do observador; casos únicos podem ser enganosos; não determina causalidade; correlação pode mascarar variáveis estranhas. Estudos experimentais. Normalmente laboratório. Comparação estatística de grupos experimentais e controles. Alto grau de controle sobre variáveis dependentes e independentes; atribuição aleatória elimina diferenças preexistentes entre grupos. A artificialidade do laboratório limita a generalização dos resultados; certas variáveis não podem ser investigadas por razão práticas e éticas. Estudos epidemiológicos. Normalmente conduzidos no campo. Comparações estatísticas entre grupos expostos a diferentes fatores e risco. Úteis para determinar a etiologia da doença; fácil replicação, boa generalização. Certas variáveis devem ser controladas por seleção em vez de manipulação direta; demorado, caro. Metanálise. Não são coletados dados novos. Combinação estatística dos resultados de vários estudos. Ajuda a compreender relatos conflitantes, replicáveis. Tendências potenciais decorrentes da seleção dos estudos incluídos. Fonte: STRAUB, 2003. (Adaptado). Na posição de professores e pesquisadores, há o trabalho de ensino e pesquisa em diferen- tes universidades e faculdades. A Psicologia da saúde não é uma especialidade existente no Brasil, como nos países estran- geiros. Aqui, entende-se que os psicólogos que trabalham com questões relacionadas à saúde e doença são os chamados psicólogos clínicos e hospitalares. De forma geral, os psicólogos da saúde com o olhar clínico têm como foco de atuação a promoção de saúde, uma vez que as intervenções não se limitam àquelas pessoas que já estão doentes ou em sofrimento, mas entende-se que é possível que os indivíduos saudáveis pos- sam aprender comportamentos preventivos. Para isso, o profissional tem como metodologia de intervenção as diversas técnicas terapêuticas, educacionais e de avaliação diagnóstica que o campo da Psicologia da saúde proporciona. Esses profissionais são comumente encontrados em hospitais, equipes multidisciplinares, organizações de saúde, clínicas de reabilitação, consultórios diversos e programas de insti- tuições governamentais, por exemplo, os Programa de Saúde da Família (PSF) do Ministério da Saúde. Além desses, o psicólogo da saúde também tem atuado no mundo corporativo, orientando colaboradores e intervindo no local de trabalho, abordando diversas questões de saúde, tendo como exemplo, ações preventivas e adaptativas de lidar com o estresse, atenção aos acidentes de trabalho, campanhas de exames preventivos, entre outros. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 34 Promoção, prevenção e reabilitação em saúde1.3.2 O campo de atuação dos psicólogos da saúde é vasto e está em constante transfor- mação e crescimento por infl uências da perspectiva biopsicossocial e também da teoria sistêmica, a qual compreende a natureza como um sistema complexo, composto por uma hierarquia de sistemas, sendo cada qual composto simultaneamente por subsistemas me- nores e sistemas maiores, estando todos inter-relacionados. Figura 10. Teoria sistêmica e de saúde. Fonte: STRAUB, 2003. (Adaptado). Compreendendo o ser humano de forma integral, como um ser único que infl uencia e é infl uenciado pordiversos contextos e subsistemas, a Psicologia da saúde apresenta basi- camente três principais atuações: a promoção, a prevenção e a reabilitação. Promoção A promoção de saúde engloba ações que possibilitam melhorar a saúde das pessoas. É um processo que inclui não somente ações direcionadas ao desenvolvimento de habilida- des e potencialidades do indivíduo, mas também ações amplas que visam a modifi cações das condições econômicas, sociais e ambientais de forma a minimizar o impacto desses fatores na saúde individual e pública. Ou seja, não tem como foco apenas o tratamento de doenças específi cas, mas se preocupa em também desenvolver ações transversais, articuladas com demais estratégias e políticas do Sistema Único de Saúde (SUS), buscando impulsionar e gerar saúde e bem-estar. Associa-se à prática de promoção de saúde, valores tais como: vida, saúde (física e mental), solidariedade, equidade, democracia, cidadania, desenvolvimento, participação e parceria. Células Sistem a cardiovascular Genes Sistema imune Fibras nervosas Si st em a ne rv os o Família Músculos Cultura Comunidade Sistema endócino VizinhosSociedade PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 35 DICA: Para saber mais, acesse a Política Nacional de Promoção à Saúde, pela portaria de número 687, aprovada em 30 de março de 2006, validando o compromisso de ampliação das ações de promoção nos serviços e na gestão do Sistema Único de Saúde. Para saber mais, acesse a Política Nacional de Promoção à Saúde, pela portaria de número 687, aprovada em 30 de março de 2006, validando o compromisso de ampliação das ações de promoção nos serviços e na gestão do Sistema Único de número 687, aprovada em 30 de março de 2006, validando o compromisso Para saber mais, acesse a Política Nacional de Promoção à Saúde, pela portaria de número 687, aprovada em 30 de março de 2006, validando o compromisso de número 687, aprovada em 30 de março de 2006, validando o compromisso de ampliação das ações de promoção nos serviços e na gestão do Sistema Único Prevenção Segundo o Sistema Único de Saúde (SUS) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010), existe a concepção de três níveis de prevenção: a primária, a secundária e a terciária. Esses três níveis organizam, principalmente, as formas de acesso ao serviço. Independentemente da classifi cação do SUS, há uma compreensão diferente desses ní- veis, tendo como parâmetro o momento de atuação (antes, durante ou depois da doença ter surgido). Ambos, pesquisadores e profi ssionais, desempenham ações e processos educativos orientados para evitar o surgimento de doenças específi cas, reduzindo sua incidência e preva- lência na população. • Primária: esforços para detectar e enfraquecer os fatores de risco de enfermidades, pre- venindo a ocorrência de doenças e lesões. O exemplo de não fumar corresponde a uma ação de prevenção ao tabagismo que é fator de risco ao câncer de pulmão, entre outras doenças. Já o exemplo de usar cinto de segurança é entendido como fator de proteção e prevenção de lesões em casos de acidente; • Secundária: busca identifi car e tratar a doença logo no início de seu aparecimento. No caso de uma pessoa diagnosticada com diabetes, será feito o acompanhamento diário de sua glicemia, bem como serão realizadas orientações para uma boa nutrição; • Terciária: atuações com foco em conter ou retardar danos de uma doença já em estado avançado. Em muitos casos, essa atenção também busca reabilitar o paciente. Um exemplo de ação nesse nível são as radioterapias e quimioterapias como forma de tratamento de tumores. Reabilitação Esse processo trabalha com a restauração de movimentos e funções comprometidas, seja em decorrência de uma doença ou de um acidente, com o objetivo de a pessoa recuperar seu bem-estar biopsicossocial, ou seja, reabilitar e manter sua funcionalidade ideal em diversos âmbitos (físico, sensorial, intelectual, psicológico e social), na relação sujeito-ambiente, favore- cendo o alcance de sua independência. A reabilitação contempla diferentes ações: diagnóstico, intervenção precoce, diversidade de modalidades de atendimento e avaliação. Essa diversidade no atendimento é a característica PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 36 principal da reabilitação, sendo então uma proposta de atuação multiprofi ssional e interdisci- plinar. Entre as áreas comumente presentes no processo de reabilitação estão: a Psicologia, a terapia ocupacional, o serviço social, a Fisioterapia e a Medicina. Diagrama 1. O processo de reabilitação O cuidado em saúde1.3.2 O cuidado tem emergido como ponto central nas práticas de qualquer profi ssional da saú- de, sendo essencial a compreensão dos elementos que constituem este fazer tão importante. Cuidar é mais do que um simples ato; cuidar é uma atitude, a qual integra diversas ações, tais como: dar atenção, zelo, preocupar-se com o outro, dedicação, vínculo e afeição. Logo, o cuidado não se restringe ao corpo biológico e aos atos de intervenção. A atitude de cuidar incorpora os elementos subjetivos da interação profi ssional-paciente, requisitando do profi ssional alguns atributos necessários, como a ética nas relações humanas, a solidariedade e a confi ança. O cuidado em saúde traz consigo a concepção de humanização do atendimento, a qual não se constitui como uma abordagem teórica, mas diz respeito a uma diretriz de trabalho. É um modelo de atuação que valoriza o cuidado do ponto de vista técnico em conjunto com o reconhecimento dos direitos dos usuários – há um sujeito por detrás daquela dor ou doença –, consi- derando a subjetividade e os referenciais culturais de cada profi ssional e de sua equipe de trabalho. Identifi car problemas e necessidades Avaliar efeitos Planejar, implementar e coordenar intervenções Relacionar os problemas aos fatores modifi cáveis e limitantes Defi nir problemas e mediadores alvo; selecionar as medidas adequadas PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 37 Portanto, o cuidado integral e as práticas de humanização buscam valorizar os aspectos subjetivos, históricos e culturais da relação profissional-paciente e de cada um em sua singula- ridade, objetivando a melhora nas condições de trabalho e a qualidade de atendimento. PAUSA PARA REFLETIR É bem provável que você já tenha uma ideia de como gostaria que fosse atendido em um ser- viço de saúde, certo? Mas você já chegou a pensar de que forma é possível se preparar e se capacitar para oferecer essa mesma atitude de cuidado que acredita ser ideal? Este tema também elucida a importância do cuidado com o cuidador, pois todos os cuidadores e profissionais da saúde se desgastam física e emocionalmente ao acompanharem as mais diversas doenças, lidando muitas vezes com a realidade da morte. Portanto, é de extrema importância que haja espaço para que o profissional de saúde cuide de si, uma vez que ele é um ser humano dotado de capacidades, mas também de limites e dores que devem ser respeitados e cuidados com o mesmo olhar atento do cuidado integral e humanização do atendimento. Proposta de Atividade Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore uma sín- tese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese, considere as leituras básicas e complementares realizadas. Dica: uma boa síntese é um texto curto, mas que aborda as ideias centrais do capítulo a partir da sua perspectiva. Para ficar mais fácil, você pode fazer “pequenas sínteses” para cada subtítulo do capítulo. Recapitulando Neste capítulo, buscamos compreender a Psicologia como uma ciência. Conhecemos seus objetos, métodos e aplicação na saúde. Verificamos o que compõe a Psicologia, e como ela é diferente daquela que conhecemos em nosso cotidiano. Para isso, foi fundamental compreen- der sua história e fundamentos epistemológicos. Vimos que existem várias psicologias. E isso quer dizer que existem várias formas de estu- dar a psique, adentrandoem diversos objetos e áreas. Compreendemos que a Psicologia da saúde é uma área dessa ciência, sendo a Psicologia hospitalar uma subárea, pois existem di- PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 38 versos campos de atuação. É nessa vasta área que haverá preocupação com as pessoas antes de seus processos puros de saúde-doença. Nos perguntamos, em uma de nossas Pausas para Refletir, sobre o conceito de saúde dado pela Organização Mundial da Saúde e refletimos sobre quem está efetivamente saudável, de acordo com ele. Ora, se a saúde se basear nesse conceito tão amplo, percebe-se que dificil- mente será alcançada em todos os âmbitos, uma vez que estamos submetidos a diversos tipos de sofreres. Também verificamos que a saúde em si é um conceito tão amplo que procura delinear o mais completo bem-estar, e que isso dificilmente é alcançado em todos os âmbitos, uma vez que estamos submetidos a diversos tipos de sofrimentos. Pensamos sobre o desafio de estruturar direcionamentos em políticas públicas e preparar profissionais da saúde, sendo que esse é um trabalho importante de ocorrer em conjunto, de forma micro e macrossocial. Não podemos esquecer que o cuidado em saúde é primordial para a humanização dos serviços, luta que a Psicologia precisa protagonizar através de promoção, prevenção e reabi- litação. Esperamos que você tenha aprendido conosco, e que saia motivado a refletir e a se trans- formar a partir da aproximação consigo próprio e com os outros. PSICOLOGIA APLICADA À SAÚDE 39 Referências bibliográficas AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR. Manual técnico de promoção da saúde e pre- venção de riscos e doenças na saúde suplementar. 3. ed. Rio de Janeiro: ANS, 2009. ANGERAMI-CAMON, V. A. (Org.). Atualidades em Psicologia da Saúde. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias uma introdução ao estudo de psi- cologia. São Paulo: Saraiva, 2001. BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela terra. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1999 CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Atribuições profissionais do psicólogo no Brasil. Disponível em: <https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2008/08/atr_prof_psicologo.pdf>. Acesso em: 22 mar. 2019. CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO. 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