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partir exclusivamente de aspectos formais por se mostrarem limitados quando se busca compreender o processo de interação na produção de um texto, seja ele escrito ou oral. Portanto, não podemos nos restringir aos elementos linguísticos apenas de uma ou de outra modalidade, mas às formas de funcionamento de cada uma delas, observando as situações de interação nas quais elas ocorrem, os domínios discursivos e os textos concretos produzidos em função desses dois aspectos. Concluímos, portanto, que o processo Continuum entre a fala e escrita está voltado para a função dos gêneros textuais e dos domínios discursivos, em que é possível perceber uma maior aproximação e semelhança entre as duas modalidades, a depender de que gêneros textuais estejam sendo analisados. O que distingue as características dos gêneros são exatamente suas regras de funcionamento na sociedade, sabendo que o que define o gênero é sua base de orientação. A tentativa de fazer semelhanças e diferenças entre a fala e escrita não se restringe apenas aos aspectos formais, mas, sobretudo, as condições de produção e circulação dos diversos textos orais e escritos. Não são, portanto, dois sistemas linguísticos distintos, mas como realizações de uma mesma língua, pois as duas modalidades utilizam os mesmos elementos como recurso, apesar de cada modalidade, em alguns gêneros, o faça de maneira distinta, por considerar os diferentes usos de fala e escrita na sociedade. O objeto de estudo (o gênero) é heterogêneo, para apenas duas modalidades de realização, fala e escrita, cada uma com suas especificidades, mas também seus pontos de contato. Nessas condições, é possível perceber a complexidade que gera desafios para o ensino de língua nas escolas. (...) CONSIDERAÇÕES FINAIS: As dificuldades serão enormes para que os conceitos sobre a produção oral mudem no âmbito escolar, visto que são novas perspectivas que poderão encontrar resistência por parte dos professores tradicionais e por parte dos alunos que ficarão confusos com novos conceitos. Sabendo que esta modalidade, era tida como "lugar de caos e do erro", portanto, não era possível de ser estudada cientificamente. Hoje, podemos afirmar que não há dicotomias entre modalidades de uso da língua. Há mais semelhanças que diferenças entre as modalidades da oralidade e da escrita. Entretanto, estas novas perspectivas terão caminhos longos a percorrer, até que, paulatinamente, possam ser trabalhadas e compreendidas nos meios escolares. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ESPÍNDOLA, Danielly Vieira Inô. O gênero entrevista oral/escrita nos livros didáticos de português: o que esperar?. UEPB, 2008. MARCUSCHI, Da fala para a escrita: atividades de retextualização. 6. Ed. São Paulo: Cortez, 2005. 66