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MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
1 
AULAS 01 A 04 
 
Pontos enfrentados neste Material: 1. 
Constituição. Conceito. Classificação. 
Aplicabilidade e interpretação das normas 
constitucionais. 2. Poder constituinte: conceito, 
finalidade, titularidade e espécies. Reforma da 
Constituição. Cláusulas pétreas. 3. Princípios 
constitucionais e fundamentais da CF/88. 
 
1. Constituição. Conceito. 
Classificação. Aplicabilidade e interpretação 
das normas constitucionais 
1.1. Constituição 
A Constituição é a lei fundamental e 
suprema de um Estado, que contém normas 
referentes à estruturação e à organização do 
Estado, formação dos poderes públicos, forma de 
governo e aquisição do poder de governar, 
distribuição de competências, direitos, garantias 
e deveres dos cidadãos. 
Se adotarmos um conceito amplo de 
Constituição, podemos dizer que todo Estado, 
mesmo as formas mais incipientes de 
organização estatal, possuem uma Constituição. 
Assim é que, em uma organização tribal, 
poderíamos reconhecer a Constituição como o 
conjunto de normas, escritas ou costumeiras, 
acerca dos integrantes dessa tribo (seu povo), 
sua delimitação geográfica (território), a forma de 
aquisição e de exercício do poder político, etc. 
A Constituição, como a concebemos hoje 
(um documento escrito e supremo que organiza o 
poder do Estado e limita a sua atuação por meio 
da separação de poderes e da declaração de 
direitos fundamentais), surge apenas no final 
do século XVIII com o movimento denominado 
constitucionalismo, tendo como origens formais 
as Constituições norte-americana de 1787 e 
francesa de 1791. 
Na antiguidade e na Idade Média, sob a 
influência dos Estados absolutistas, 
predominavam as constituições não escritas, 
excepcionalmente reduzidas em textos esparsos 
como os pactos, os forais, as cartas de franquia e 
os contratos de colonização. 
O eminente jurista lusitano J.J. Gomes 
Canotilho preleciona que o movimento 
constitucional do início do século XIX firmou o 
conceito ideal de Constituição, segundo o qual 
ela deve conter as seguintes características: 
a) consagrar um sistema de garantias da 
liberdade; 
b) adotar o princípio da divisão dos 
poderes (protegendo os cidadãos contra os 
abusos do poder estatal); 
c) assumir a forma escrita. 
Ocorre que, se com o surgimento dos 
Estados liberais as constituições voltavam-se 
apenas para a estruturação e organização do 
Estado (no máximo prevendo os direitos 
fundamentais de liberdade – de primeira 
geração), no contexto atual dos Estados Sociais 
e Democráticos de Direito (preocupados com a 
igualdade social e com a legitimidade do poder 
pautada na soberania popular), os princípios 
fundamentais da sociedade e as bases de sua 
estruturação tornaram-se conteúdos essenciais 
das constituições. 
Como consequência, os direitos 
fundamentais (normas mais importantes de uma 
Constituição), que antes limitavam apenas os 
poderes públicos, passaram a obrigar também as 
relações entre os indivíduos (é a chamada 
“eficácia horizontal dos direitos fundamentais”), 
demonstrando, na atualidade, a preocupação do 
Direito Constitucional com a proteção da 
sociedade e do indivíduo, não somente em face 
do Estado, mas, sobretudo, em face da opressão 
que resulta das próprias relações sociais – do 
abuso do poder econômico, das cláusulas 
abusivas nos contratos de adesão, da 
propriedade que não cumpre sua função social, 
etc. 
Assim, as constituições contemporâneas 
debruçam-se sobre as bases fundamentais não 
apenas do Estado, mas também da sociedade. 
De acordo com a lição da doutrina, a 
Constituição é formada pelos seguintes 
elementos: 
a) elementos orgânicos – dispõem sobre 
a estruturação e organização do Estado. Ex.: 
normas dos títulos III (“Da Organização do 
Estado”) e IV (“Da Organização dos Poderes”) da 
CF/88; 
b) elementos limitativos – contêm os 
limites da atuação do poder do Estado. Ex.: as 
normas do Título II da CF/88 (direitos e garantias 
fundamentais); 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
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c) elementos sócio-ideológicos – 
estabelecem as finalidades a serem alcançadas 
na ordem econômica e social. Ex.: as normas dos 
Títulos VII (“Da Ordem Econômica e Financeira”) 
e VIII (“Da Ordem Social”) da CF; 
d) elementos de estabilização 
constitucional – prescrevem os meios de 
proteção das normas constitucionais. Ex.: art. 
102, inciso I, “a” (ADI e ADC); art. 103, § 2.º (ADI 
por omissão); art. 102, § 1.º (ADPF); arts. 34 a 36 
(intervenção federal e estadual); art. 136 (estado 
de defesa); arts. 137 a 139 (estado de sítio) e art. 
60 (processo especial de emendas à CF – rigidez 
constitucional); 
e) elementos formais de aplicabilidade 
– voltados para a aplicação das próprias normas 
constitucionais. Ex.: as normas do ADCT (Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias) e o art. 
5.º, § 1.º. 
1.2. Conceitos de Constituição 
Existem várias definições para o termo 
Constituição, sendo certo que a única 
unanimidade nesse tema é a ausência de um 
conceito definitivo, tamanha a diversidade de 
experiências constitucionais já vivenciadas. 
Passemos, então, à análise das concepções 
mais tradicionais na doutrina. 
a) Sentido sociológico – Para 
Ferdinand Lassale, a Constituição real e efetiva 
de um Estado apenas reflete a realidade social 
determinada pelos fatores reais de poder - 
poder político, poder econômico, cultural, 
religioso, etc.- que dominam uma sociedade, não 
passando a Constituição escrita de mera “folha 
de papel”. 
Havendo um conflito entre a Constituição 
real e efetiva e a Constituição escrita, 
prevalecerá sempre a vontade da primeira, diante 
da predominância dos reais fatores de poder, que 
vem a ser o que realmente importa para essa 
corrente doutrinária. 
b) Sentido político – Segundo Carl 
Schmitt, a Constituição é a decisão política 
fundamental, consistindo em um conjunto de 
decisões sobre o modo e a forma de existência 
da unidade política. A Constituição encontraria, 
então, seu fundamento de validade em uma 
decisão política que a antecede, e não na norma 
jurídica (teoria decisionista). 
Para Carl Schmitt, existe uma diferença 
entre Constituição “propriamente dita”, que se 
refere às decisões políticas fundamentais: 
estrutura e órgãos do estado, direitos individuais, 
regime democrático, etc.; e “leis 
constitucionais”, que são os demais 
dispositivos inscritos no texto constitucional que 
não contêm matéria de decisão política 
fundamental (vide o art. 242, § 2.º, da CF como 
exemplo típico de mera lei constitucional). 
A concepção política da Constituição é 
que inspira a distinção doutrinária entre normas 
materialmente constitucionais em contraposição 
às formalmente constitucionais: enquanto as 
primeiras conteriam as decisões políticas mais 
importantes do país, as últimas seriam 
constitucionais pelo simples fato de estarem 
inseridas no texto da Lei Maior, independente do 
seu conteúdo – correspondendo às “leis 
constitucionais”. 
c) Sentido jurídico – Para Hans Kelsen, 
a Constituição é norma jurídica pura, puro 
dever-ser, dissociado de qualquer fundamento 
sociológico, político ou filosófico. Apesar de 
reconhecer que o direito é baseado em fatores 
sociais e políticos, o mestre austríaco entende 
que tais influências serão estudadas pela filosofia 
ou pela sociologia jurídicas, as quais não se 
confundem com a ciência do direito, que se 
debruça exclusivamente sobre a norma pura. 
Kelsen concebe a Constituição em dois 
sentidos: 
1.º) o lógico-jurídico – a Constituição 
significa a norma hipotética fundamental, 
servindo de fundamento lógico-transcendental 
de validade para a Constituição “jurídico-
positiva”; 
2.º) o jurídico-positivo – é a norma 
positiva suprema, lei nacional no seu mais alto 
grau, encontrando-se no vértice
do ordenamento 
jurídico e servindo como fundamento de validade 
para todas as outras leis. 
Segundo Kelsen, o ordenamento jurídico é 
formado por um escalonamento de normas, 
sendo que as inferiores encontram seu 
fundamento de validade nas superiores, numa 
relação de verticalidade hierárquica, até se 
chegar à Constituição (Lei de maior hierarquia 
jurídica), que, por sua vez, encontra fundamento 
de validade na norma hipotética fundamental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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d) Teoria da força normativa da 
Constituição (Konrad Hesse) – Para essa 
teoria, que surgiu como contraponto à concepção 
sociológica de Ferdinand Lassale, a Constituição 
não é uma mera “folha de papel” ou simples 
reflexo dos “fatores reais de poder”. Ao contrário, 
e como toda norma jurídica, a Constituição tem 
força ativa para mudar a realidade. 
É importante ressaltar que Hesse não 
nega a força dos fatores reais de poder social, 
mas defende que, no eventual conflito entre 
esses fatores de poder e a constituição escrita, 
nem sempre haverá predominância do primeiro, 
considerando que não se deve menosprezar o 
valor normativo de uma Constituição e a sua 
força para mudar a realidade social. 
Para Hesse, a força normativa de uma 
Constituição depende da chamada “vontade de 
constituição” (que vem a ser a disposição dos 
indivíduos de orientar a própria conduta segundo 
a ordem estabelecida na Lei Maior). Essa 
vontade será tão mais intensa, quanto a 
Constituição tiver espelhado os valores 
essenciais da comunidade política, captando o 
seu espírito. 
e) Teoria da sociedade aberta dos 
intérpretes da Constituição (Peter Häberle) – 
Para essa teoria, a interpretação da Constituição 
não deve se limitar aos seus intérpretes formais 
(ex.: Poder Judiciário) nem aos procedimentos 
formalizados (modelo de “sociedade fechada” 
dos intérpretes constitucionais). 
Ao contrário, propõe-se que a 
interpretação da Constituição esteja vinculada a 
um modelo de “sociedade aberta” dos intérpretes 
constitucionais, não limitado aos órgãos estatais, 
mas acessível a todas as forças da comunidade 
política (cidadãos, associações, partidos 
políticos, igrejas, sindicatos, grupos de pressão 
organizados, opinião pública, etc.), por se 
entender que todas essas potências públicas que 
vivem no contexto regulado pela Constituição são 
participantes ativos do seu processo 
hermenêutico. 
Nesse sentido, Peter Häberle propõe uma 
democratização da hermenêutica 
constitucional, compreendendo a Constituição 
como um documento aberto à interpretação dos 
órgãos estatais, da doutrina constitucional e dos 
mais diversos atores da vida social. 
1.3. Classificação das Constituições 
a) Quanto ao conteúdo - Constituição 
material ou substancial: conjunto de normas, 
inseridas ou não em um documento escrito, 
que regulam a estrutura do Estado, a 
organização dos seus órgãos e os direitos 
fundamentais. Ou seja, Constituição do ponto de 
vista material apenas se refere às normas 
“tipicamente”, “essencialmente” constitucionais1 x 
Constituição formal: conjunto de normas 
inseridas no texto constitucional, 
independente do seu conteúdo. 
Devemos ressaltar que a Constituição 
formal é necessariamente escrita e rígida. 
Assim, podemos conceituá-la como o conjunto de 
normas, reduzidas sob a forma escrita em um ou 
mais documentos, solenemente estabelecidas 
pelo poder soberano, por meio de um processo 
legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais 
solene do que o processo legislativo de formação 
das demais normas do ordenamento. 
b) Quanto à forma - Constituição escrita: 
conjunto de normas escritas, elaboradas por um 
órgão constituinte, encerrando todas as normas 
constitucionais. A doutrina ressalta o seu efeito 
racionalizador, estabilizante e de segurança 
para o ordenamento jurídico, denominando-a de 
“Constituição Instrumental”. Subdivide-se em: 
codificada (sistematizada em um único 
documento) ou legal (contida em mais de um 
documento legal) x Constituição não escrita, 
histórica, consuetudinária ou costumeira: é 
aquela cujas normas não constam de um 
documento único e solene, baseando-se nos 
costumes, jurisprudência e em textos esparsos 
(exemplo: Constituição inglesa)2. 
 
1
 Ressalte-se que Constituição material no sentido amplo é a 
própria organização de um Estado, o seu regime político. Sob esse 
aspecto, todo Estado tem uma Constituição, pois, se ele existe de 
certo modo, sob uma forma, qualquer que seja esse seu modo de 
existir é a sua Constituição. Já no sentido estrito, Constituição 
material é o conjunto de normas, escritas ou não, que tratam das 
matérias tipicamente constitucionais (organização do Estado, 
forma de governo e direitos fundamentais do homem). 
2 Notem que a característica principal da Constituição não escrita 
consiste no fato de ela não se basear exclusivamente em textos 
legais, o que não impede a existência de textos escritos esparsos. 
Assim, a Constituição não escrita (costumeira ou histórica) é 
aquela que se baseia na história e na tradição de um povo, nos 
costumes, nas convenções constitucionais, na jurisprudência e, 
eventualmente, em textos escritos (ex.: a Constituição da 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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c) Quanto à origem – Constituição 
democrática, promulgada, popular ou votada: 
caracterizada pela participação popular. Origina-
se dos trabalhos de uma Assembléia Nacional 
Constituinte, composta por representantes do 
povo, eleitos para essa finalidade. Exs.: 
constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946, 
1988 x Constituição outorgada: são as 
elaboradas sem a participação popular, impostas 
pelo ditador de plantão (exs.: Constituições 
brasileiras de 1824, 1937, 1967 e EC n. 1/69) x 
Constituição pactuada, mista ou dualista: 
oriunda de um pacto celebrado entre dois ou 
mais titulares do poder constituinte. Ex.: Magna 
Carta da Inglaterra de 1215, quando se entendeu 
que o poder constituinte encontrava-se dividido 
entre os barões do reino e o rei João Sem Terra x 
Constituição cesarista, bonapartista, 
plebiscitária ou referendária: são constituições 
outorgadas que se submetem a uma consulta 
popular posterior ou anterior para que sejam 
aprovadas. Nesses casos, não ocorre uma 
participação popular efetiva, pois o plebiscito ou 
referendo serve apenas para ratificar a vontade 
do detentor do poder. Exemplos: Constituições 
precedidas de plebiscitos napoleônicos e de 
plebiscitos no Chile de Pinochet. 
d) Quanto ao modo de elaboração - 
Constituição dogmática: constituição 
necessariamente escrita, elaborada em um 
momento solene por um órgão constituinte 
convocado para esse fim, respeitando os dogmas 
da teoria política e jurídica dominantes. Ex.: todas 
as Constituições brasileiras x Constituição 
histórica: constituição necessariamente não 
escrita, fruto da lenta e contínua síntese histórica, 
da tradição e dos fatos políticos. Exemplo: 
Constituição inglesa. 
e) Quanto à estabilidade, alterabilidade ou 
mutabilidade - Constituição imutável: não prevê 
nenhum processo de alteração x Constituição 
fixa: estabelece que somente pode ser alterada 
por obra do próprio poder constituinte originário 
(isso, em verdade, resultaria não em alteração, 
mas em elaboração de uma nova Constituição) x 
Constituição rígida: prevê, para a sua 
 
Inglaterra baseia-se na história do seu povo, nos costumes, na 
jurisprudência e também em textos esparsos – ex.: a Magna Carta 
de 1215). 
modificação, um procedimento solene, mais difícil 
do que o previsto para a alteração da legislação 
comum x Constituição flexível: prevê, para a 
sua modificação, o mesmo procedimento 
observado para as leis infraconstitucionais x 
Constituição semirrígida
ou semiflexível – 
parte rígida, parte flexível. Ex.: CF brasileira de 
18243. 
f) Quanto à extensão - Constituição 
breve, concisa ou sintética: Constituição de 
poucos artigos, que prevê somente os princípios 
e as normas gerais de estruturação e limitação 
do poder do Estado. Tende a ser mais duradoura 
(ex.: Constituição dos EUA, de 1787) x 
Constituição longa, prolixa ou analítica: 
Constituição extensa, que aborda e regula todos 
os assuntos que considera relevantes à formação 
e funcionamento do Estado (ex.: CF/88). 
g) Quanto à finalidade - Constituição-
garantia (também chamada de negativa): seu 
objetivo principal reside na limitação do poder do 
Estado por meio da previsão de um sistema de 
garantia das liberdades públicas (ex.: 
Constituição dos EUA). Essa Constituição 
também é chamada de negativa, considerando 
que ela limitava-se à previsão das liberdades 
negativas ou liberdades-impedimento, que são os 
típicos direitos de 1.ª geração x Constituição-
dirigente: pretende ser um plano normativo 
global, que determina tarefas, programas de 
atuação futura e fins para o Estado. Caracteriza-
se, também, por conter muitas “normas 
programáticas” em seu texto (ex.: CF/88) x 
Constituição-balanço: preocupa-se apenas em 
retratar uma situação existente, voltada, portanto, 
para o mundo do “ser” e não para o mundo do 
“dever-ser” (ao contrário da Constituição 
dirigente, que impõe finalidades para o Estado) 
(ex.: Constituições soviéticas de 1924, 1936 e 
1977, as quais pretenderam apenas refletir o 
grau de evolução do compromisso socialista da 
antiga URSS). 
h) Quanto à ideologia - Constituição 
ortodoxa ou simples: formada por uma 
ideologia única (ex.: Constituições soviéticas) x 
Constituição eclética, pluralista ou 
compromissória – abriga diversas ideologias, 
 
3
 À exceção da Constituição de 1824 (semirrígida), todas as outras 
Constituições brasileiras foram rígidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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que são conciliadas na Lei Maior, por obra do 
compromisso entre forças políticas diferentes 
(ex.: CF/88). 
i) Quanto ao objeto - Constituição liberal: 
limita-se à organização do Estado e à previsão 
de direitos civis e políticos, não contendo normas 
relativas à ordem econômica e social. É 
associada ao Estado Liberal de Direito e 
predominou nos séculos XVIII e XIX (a primeira 
Constituição liberal foi a norte-americana de 
1787) x Constituição social: contém normas 
relativas à ordem econômica e social, buscando 
o bem-estar da coletividade. Há previsão de 
mecanismos de intervenção do Estado na 
economia, a fim de combater o abuso do poder 
econômico e promover uma política de 
desenvolvimento social. É associada ao welfare 
state e aos Estados da social-democracia, 
predominando a partir do século XX (a primeira 
Constituição social foi a mexicana de 1917). 
 j) Quanto à concordância entre as normas 
constitucionais e a realidade política 
(classificação ontológica de Karl Loewenstein) - 
Constituição normativa – possui grande 
eficácia, uma vez que a dinâmica do poder 
efetivamente se submete às normas 
constitucionais (ex.: CF dos EUA) x Constituição 
semântica – as normas constitucionais não 
dominam o processo político nem há essa 
vontade. Em verdade, a Constituição semântica 
não passa de uma “fachada”, mera formalização 
do poder político dominante, servindo 
exclusivamente aos detentores do poder e típica 
de Estados autoritários (exs: CF brasileiras de 
1937 e 1967, com a Emenda de 1969) x 
Constituição nominal – as normas 
constitucionais também não dominam o processo 
político, existindo, porém, a pretensão de que no 
futuro haja concordância entre as normas 
constitucionais e a realidade política 
(conservando a Constituição um caráter 
educativo e prospectivo). Exs.: CF brasileiras de 
1891, 1934, 1946 e 1988. 
A Constituição brasileira de 1988 pode ser 
classificada como uma Constituição: formal, 
escrita, dogmática, promulgada, rígida, analítica, 
dirigente, eclética, social e nominalista. 
 Compõem a estrutura da CF/88: 
a) Preâmbulo - é a parte precedente da 
Constituição, considerado como um documento 
de intenções ou proclamação de princípios. Não 
possui valor normativo (não é norma 
constitucional), apesar de possuir valor 
interpretativo e integrativo, podendo condicionar 
a interpretação e a aplicação de toda a parte 
dogmática e das disposições transitórias. 
b) Parte dogmática – é o texto articulado 
da Constituição, do art. 1.º ao art. 250. 
c) Disposições transitórias (ADCT) – 
fazem a integração entre a nova ordem 
constitucional e a que foi substituída, 
estabelecendo as regras de transição entre as 
duas constituições. Possuem também normas 
constitucionais temporárias (ex.: CPMF – arts. 74 
e 75). O ADCT faz parte do texto constitucional, 
podendo trazer exceções às regras contidas na 
parte dogmática. 
d) Emendas constitucionais – apesar 
de, normalmente, as emendas alterarem o texto 
constitucional, na parte dogmática ou no ADCT, 
muitas emendas constitucionais apresentam 
artigos autônomos que não se encontram 
inseridos na sequência dos artigos da CF, mas 
que possuem igualmente força de norma 
constitucional (ex.: art. 2.º da EC n.º 32/01). 
e) Tratados internacionais de direitos 
humanos com força constitucional – de acordo 
com o art. 5.º, § 3.º, da CF/88, acrescentado pela 
EC n.º 45/04, os tratados internacionais de 
direitos humanos que forem aprovados, em cada 
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de 
discussão e votação, obtendo em cada um 
desses turnos a aprovação de três quintos dos 
respectivos parlamentares, serão equivalentes às 
emendas constitucionais e, portanto, fazem parte 
do texto formal da CF/88 (ex.: a Convenção 
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência e seu protocolo facultativo, aprovado 
no Congresso Nacional pelo Decreto Legislativo 
n.º 186/08 e promulgado pelo Decreto 
presidencial n.º 6.949/09). 
1.4. Normas constitucionais: 
aplicabilidade e interpretação 
As normas jurídicas possuem duas 
espécies de eficácia: a eficácia social ou 
efetividade, relacionada com a real observância 
da norma no meio social, e a eficácia jurídica, 
que diz respeito à aplicabilidade e exigibilidade 
da norma, i.e., sua capacidade para produzir os 
efeitos próprios das normas jurídicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Todas as normas constitucionais 
possuem eficácia jurídica, i.e., são aptas a 
produzir os efeitos próprios das normas jurídicas. 
Já em relação à eficácia social, José Afonso da 
Silva classifica as normas constitucionais em 
normas de eficácia plena, normas de eficácia 
contida e normas de eficácia limitada. Vejamos 
cada uma delas: 
a) Normas constitucionais de eficácia 
plena – são aquelas que, desde a entrada em 
vigor da Constituição, produzem ou têm 
possibilidade de produzir todos os efeitos 
essenciais, relativamente aos interesses que o 
legislador constituinte quis regular, porquanto já 
dotadas de normatividade suficiente. Possuem 
aplicabilidade imediata, direta e integral e 
eficácia social plena. São exemplos: art. 1.º, art. 
5.º, caput, e incisos XXXV e XXXVI, art. 60, §§ 
1.º e 4.º, e art. 69, todos da CF/88. 
b) Normas constitucionais de eficácia 
contida (redutível ou restringível) – são normas 
igualmente dotadas de força normativa suficiente 
para produzir todos os seus efeitos essenciais. 
Porém, diferentemente das normas de 
eficácia plena, o próprio texto da norma de 
eficácia contida deixa margem a que sua 
incidência venha a ser restringida posteriormente, 
nos termos em que o legislador 
infraconstitucional estabelecer ou diante de 
conceitos gerais nela enunciados. A restrição 
dessas normas ainda pode ocorrer por força de 
outras normas constitucionais. 
Portanto, na lição de J. Afonso da Silva,
a 
norma de eficácia contida pode ser restringida: 
a) por “conceitos gerais e abstratos” nela 
enunciados (denominados de conceitos ético-
jurídicos), tais como: ordem pública, segurança 
nacional, bons costumes, necessidade ou 
utilidade pública, etc., resultando em limitação da 
eficácia do seu conteúdo quando de sua 
aplicação no caso concreto (exs.: CF, art. 136 e 
art. 34, I); 
b) por obra do legislador 
infraconstitucional (exs.: CF, art. 5.º, VIII e XIII); 
c) por obra de outras normas 
constitucionais (ex.: o direito de reunião e o 
sigilo de correspondência podem ser restringidos 
em caso de decretação de estado de defesa – 
CF, art. 136, § 1.º, III). 
As normas constitucionais de eficácia 
contida possuem aplicabilidade imediata e 
direta, mas possivelmente não integral; e 
eficácia social contida ou redutível. 
c) Normas constitucionais de eficácia 
limitada – são aquelas que apresentam 
aplicabilidade mediata ou indireta (também 
chamada de reduzida ou diferida), porque 
somente incidem totalmente sobre os interesses 
que regulam após uma legislação ulterior que 
lhes desenvolva a aplicabilidade. Temos como 
exemplos o art. 7.º, incisos XX e XXVII, art. 192, 
art. 215, art. 218, todos da CF/88. 
Para José Afonso da Silva, as normas de 
eficácia limitada subdividem-se em normas 
constitucionais de princípio institutivo e normas 
constitucionais de princípio programático. 
Normas constitucionais de princípio 
institutivo são aquelas que traçam esquemas 
gerais de estruturação e atribuições de órgãos, 
entidades ou institutos, para que o legislador 
ordinário os estruture em definitivo, mediante lei. 
De acordo com José Afonso, as normas de 
princípio institutivo podem facultar a elaboração 
de uma legislação integrativa (ex.: CF, art. 125, § 
7.º) ou obrigar o legislador à emissão dessa 
legislação (ex.: CF, art. 125, § 6.º). 
Por sua vez, as normas constitucionais de 
princípio programático ou, simplesmente, normas 
programáticas explicitam verdadeiros 
“comandos-valores”, programas de atuação 
futura, fins a serem perseguidos pelo Estado. 
Exs.: arts. 215 e 218 da CF. Os direitos sociais, 
em regra, vêm previstos na forma de “normas 
programáticas”. 
Essas normas costumam ser muito 
cobradas em concursos públicos, em razão da 
nossa CF/88 ser uma “constituição-dirigente”, 
repleta de normas-programa. Essas normas 
caracterizam-se por prescrever finalidades, 
programas de governo para o Estado (ex: 
promover o desenvolvimento científico, dar 
saúde, educação, direitos culturais, etc.), sem 
especificar os meios de sua realização. Apesar 
de uma parcela da doutrina negar a força jurídica 
dessas normas, a doutrina majoritária (seguida 
pela jurisprudência do STF – RE 271286 
AgR/RS) já pacificou que as normas 
programáticas obrigam todos os poderes 
públicos, condicionando a atividade do Executivo, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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do Legislativo e do Judiciário às finalidades nelas 
contidas. 
Para dar efetividade às normas 
constitucionais limitadas, carentes de 
complementação legislativa, a CF/88 previu os 
institutos da ADI por omissão e do mandado de 
injunção, a serem estudados em momento 
oportuno. 
Embora menos cobrada em concursos, 
destacamos a classificação de normas 
constitucionais quanto à sua eficácia social da 
professora Maria Helena Diniz: 
1) normas supereficazes ou com eficácia 
absoluta (caracterizadas pela intangibilidade, não 
podendo o poder constituinte derivado restringi-
las indevidamente – são as cláusulas pétreas 
previstas no art. 60, § 4.º, da CF); 
2) normas com eficácia plena (equivalem 
às normas de eficácia plena da classificação 
proposta por José Afonso da Silva); 
3) normas com eficácia relativa 
restringível (correspondem às normas de eficácia 
contida); 
4) normas com eficácia relativa 
complementável ou dependente de 
complementação legislativa (correspondem às 
normas de eficácia limitada). 
1.4.1. Interpretação das normas 
constitucionais 
 São princípios de hermenêutica 
constitucional: 
 a) Princípio da unidade da Constituição 
– como princípio mais importante de 
interpretação constitucional, ele impõe que a 
Carta Magna seja entendida como uma unidade 
de sentido, sem a possibilidade de 
reconhecimento de hierarquia jurídica entre 
as normas constitucionais. Com isso, as 
normas constitucionais devem ser consideradas 
no seu conjunto, privilegiando-se uma 
interpretação sistemática. Ainda, diante desse 
princípio, o Brasil não aceita a teoria alemã das 
“normas constitucionais inconstitucionais”4. 
 
4
 No direito alemão, inspirado nos ideais jusnaturalistas, admite-
se que uma norma da Constituição originária seja declarada 
inconstitucional com base em outra norma da Constituição que se 
coloque mais próxima dos chamados “direitos naturais do 
homem” (teoria da norma constitucional inconstitucional – Otto 
Bachof). No Brasil, entendemos que todas as normas originárias 
da Constituição de 1988 consistem em decisões políticas 
 b) Princípio do efeito integrador – a 
interpretação constitucional deve favorecer a 
integração política e social, fim último de uma 
Constituição. 
 c) Princípio da justeza, correção ou 
conformidade funcional – a interpretação 
constitucional deve respeitar o “esquema 
organizatório-funcional” (princípio da separação 
de poderes) estabelecido na CF/88. 
 d) princípio da concordância prática ou 
da harmonização – os bens jurídicos protegidos 
pela Constituição devem ser harmonizados no 
caso concreto, evitando o sacrifício total de uns 
em relação aos outros. 
 e) princípio da força normativa da 
Constituição e da máxima efetividade ou da 
eficiência – esses princípios exigem que a 
interpretação conceda à norma constitucional o 
sentido que lhe dê a maior eficácia. 
 f) princípio da interpretação das leis em 
conformidade com a Constituição: as leis 
devem ser interpretadas conforme a Constituição 
e não o contrário, diante do princípio da 
supremacia constitucional. 
A Constituição não pode ser interpretada 
a partir da legislação ordinária, sob pena de ferir 
de morte o princípio da supremacia da 
Constituição. Além disso, a lei não pode 
pretender interpretar a Constituição (criada pelo 
Poder Constituinte), daí se dizer que é 
inadmissível a interpretação autêntica da 
Constituição (feita pelo legislador ordinário)5. 
 
fundamentais tomadas pelos representantes do povo, não 
cabendo falar em declaração de sua inconstitucionalidade. 
Portanto, não há, na Constituição brasileira de 1988, normas 
constitucionais superiores e inferiores ou hierarquia jurídica 
dentro da Carta Magna, devendo o intérprete considerar a 
Constituição como uma unidade de sentido. 
5
 Não devemos confundir essa afirmação (a de que não é 
admissível a interpretação autêntica da Constituição feita pelo 
legislador ordinário) com o cabimento das “leis interpretativas” 
que realizem uma interpretação autêntica da obra do próprio 
legislador ordinário. Nesse sentido, a jurisprudência do STF admite 
a validade de tais leis interpretativas, que fazem a interpretação 
autêntica de outras leis anteriores (interpretação autêntica, aqui 
referida, é aquela realizada pelo próprio órgão que edita o ato 
interpretado). O STF entende que essas leis interpretativas, 
elaboradas pelo Poder Legislativo, não usurpam as atribuições 
institucionais do Judiciário e, em consequência, não ofendem o 
postulado fundamental da divisão funcional do poder (ADI 
605/DF). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
8 
Em verdade, a “interpretação conforme a 
Constituição” é, ao mesmo tempo, princípio de 
hermenêutica constitucional e técnica de decisão 
de controle de constitucionalidade. 
Como técnica de
decisão, a “interpretação 
conforme” é utilizada quando uma norma admite 
mais de uma interpretação (normas 
“plurisignificativas”), sendo que algumas afrontam 
o texto constitucional, enquanto outras não. 
Nesse caso, o princípio da supremacia 
constitucional (ou da prevalência da 
Constituição) e a presunção de 
constitucionalidade das leis (também chamada 
de preservação das normas) exigem que seja 
dada preferência àquela(s) interpretação(ões) 
que se harmonize(m) com a Carta Política, 
evitando a retirada da norma inferior do 
ordenamento jurídico. 
 Ressalte-se que, na técnica da 
interpretação conforme a Constituição, o Poder 
Judiciário somente pode atuar como legislador 
negativo (restringindo os sentidos possíveis da 
norma, sem criar uma interpretação não prevista 
pelo legislador). Com isso, se a lei não tiver 
alguma interpretação compatível com a 
Constituição, ela deve ter sua 
inconstitucionalidade declarada, não sendo o 
caso de utilização desta técnica. 
 Por outro lado, são considerados métodos 
de interpretação constitucional: 
a) Método jurídico ou hermenêutico-
clássico: parte da premissa de que a 
Constituição é uma lei, devendo ser interpretada 
pelos métodos clássicos de hermenêutica 
utilizados para as leis em geral (gramatical, 
lógico, sistemático, teleológico, etc.). 
b) Método tópico-problemático: 
entendendo que a Constituição é um sistema 
normativo aberto, admitindo mais de um 
significado possível, deve o intérprete partir do 
problema (i.e., do caso concreto, e não da 
norma em abstrato), analisando os pontos de 
vista possíveis (os “topoi”, de acordo com o 
pensamento tópico), a fim de escolher a melhor 
solução para aquele caso específico. 
c) Método científico-espiritual: 
considerando que a Constituição é um 
instrumento de integração social e política, 
deve o intérprete guiar-se pelos valores que 
formam a essência, o “espírito da Constituição” 
(ex.: os direitos fundamentais, a forma de Estado, 
o regime de governo, etc.), a fim de realizar a 
unidade sociopolítica pretendida pela Lei das 
Leis. 
d) Método hermenêutico-concretizador: 
parte da premissa de que a leitura de qualquer 
texto normativo, inclusive o texto da Constituição, 
começa pela “pré-compreensão” do intérprete, 
o qual deve concretizar a norma, levando em 
consideração o contexto histórico em que se 
encontra inserido. 
e) Método normativo-estruturante: parte 
da premissa de que existe uma implicação 
necessária entre “programa normativo” (os 
preceitos jurídicos) e o “âmbito normativo” (a 
realidade que eles pretendem regular), e que a 
interpretação da Constituição não deve se 
limitar ao texto legal (considerado apenas como 
a ponta de um “iceberg”), devendo igualmente 
levar em conta os fatos da realidade social 
que a Constituição pretendeu regular. 
f) Método da comparação 
constitucional: consiste na confrontação entre 
pontos comuns e divergentes entre sistemas 
constitucionais de diferentes países ou entre as 
sucessivas constituições de um mesmo Estado, 
sendo considerado como um recurso a mais à 
disposição do hermeneuta. Esse método trabalha 
com o chamado “direito comparado 
constitucional”. 
 
1.5. Questões de concursos anteriores 
 
1. (ESAF.Oficial de Chancelaria.MRE.2004) O 
objeto da teoria geral do Estado é o estudo da 
construção jurídica do Estado, podendo 
abranger, ainda, o estudo do Estado em sua 
perspectiva de realidade jurídica e de 
realidade social. 
 
2. (ESAF.AFC.2005) Sobre teoria geral do 
Estado, processo evolutivo do ente estatal, 
poderes e funções do Estado e formas de 
governo e de Estado, assinale a única opção 
correta. 
 
a) O Estado moderno de tipo europeu, quando do 
seu surgimento, tinha como características 
próprias: ser um Estado nacional, correspondente 
a uma nação ou comunidade histórico-cultural, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
9 
possuir soberania e ter por uma de suas bases o 
poder religioso. 
b) O poder político ou poder estatal é o 
instrumento de que se vale o Estado moderno 
para coordenar e impor regras e limites à 
sociedade civil, sendo a delegabilidade uma das 
características fundamentais desse poder. 
c) A função executiva, uma das funções do poder 
político, pode ser dividida em função 
administrativa e função de governo, sendo que 
esta última comporta atribuições políticas, mas 
não comporta atribuições co-legislativas. 
d) Forma de governo diz respeito ao modo como 
se relacionam os poderes, especialmente os 
Poderes Legislativo e Executivo, sendo os 
Estados, segundo a classificação dualista de 
Maquiavel, divididos em repúblicas ou 
monarquias. 
e) A divisão fundamental de formas de Estados 
dá-se entre Estado simples ou unitário e Estado 
composto ou complexo, sendo que o primeiro 
tanto pode ser Estado unitário centralizado como 
Estado unitário descentralizado ou regional. 
 
3. (FCC.EPP.Secretaria de 
Administração/BA.2004) Com fundamento em 
conceitos básicos da Teoria Geral do Estado, 
é INCORRETO afirmar: 
 
a) Todas as pessoas presentes no território do 
Estado, num determinado momento, inclusive 
estrangeiros e apátridas, fazem parte da 
população. 
b) O conceito de Estado não se confunde com o 
de Nação. 
c) O território de um Estado é a base geográfica 
do poder soberano. 
d) São elementos constitutivos do Estado 
Moderno: povo, território e soberania. 
e) A soberania é una, divisível, alienável e 
imprescritível. 
 
4. (CESGRANRIO.Técnico.FUNASA.2009) Em 
um curso sobre Estado, sociedade e mercado, 
os participantes estudaram o conceito de 
Estado, e concluíram, corretamente, que se 
refere a: 
 
a) conjunto de pessoas que compartilham 
propósitos, gostos, preocupações e costumes e 
que interagem entre si, constituindo uma 
comunidade. 
b) local onde se encontram compradores e 
vendedores e que, por meio, de um processo de 
negociação, determinam o preço e a quantidade 
do bem a ser transacionado ou trocado entre 
ambos. 
c) instituição organizada política, social e 
juridicamente, ocupando um território definido, e 
dirigida por um governo que possui soberania 
reconhecida, em que a lei máxima é uma 
Constituição escrita. 
d) organização que é a autoridade governante de 
uma unidade política. 
e) órgãos, serviços e agentes públicos, 
associados às demais pessoas coletivas, que 
asseguram a satisfação das necessidades 
políticas. 
 
5. (CESPE.Promotor.MPE/AM.2007) “Sobre o 
Estado, relembraremos apenas o que dizem 
os manuais: Estado é uma nação 
politicamente organizada, conceito sintético 
que demandaria desdobramentos 
esclarecedores, pelo menos quanto aos 
chamados elementos constitutivos do Estado 
e, principalmente, sobre o modo como, em 
seu interior, se exerce a violência física 
legítima, cujo monopólio Max Weber 
considera necessário à própria existência do 
Estado Moderno” (Gilmar F. Mendes, 
Inocêncio M. Coelho e Paulo G. Branco. Curso 
de Direito Constitucional. São Paulo, Saraiva, 
2007). Sobre o tema, assinale a opção correta. 
 
a) A ideia de Estado de Direito, desde os 
primórdios da construção desse conceito, está 
associada à de contenção dos cidadãos pelo 
Estado. 
b) A soberania do Estado, no plano interno, 
traduz-se no monopólio da edição do direito 
positivo pelo Estado e no monopólio da coação 
física legítima, para impor a efetividade das suas 
regulações e dos seus comandos. 
c) Os tradicionais elementos apontados como 
constitutivos do Estado são: o povo, a 
uniformidade linguística e o governo. 
d) Os fenômenos globalização, 
internacionalização e integração interestatal 
puseram em franca ascendência o modelo de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
10 
Estado como unidade política soberana. 
e) O vocábulo nação é bastante adequado para 
expressar tanto o sentido de povo, quanto o de 
Estado. 
 
6. (CESPE.Analista em 
Advocacia.SERPRO.2008) O conceito de 
Estado possui basicamente quatro elementos:
nação, território, governo e soberania. Assim, 
não é possível que haja mais de uma nação 
em um determinado Estado, ou mais de um 
Estado para a mesma nação. 
 
7. (Delegado de Polícia.PC-MG.2008) Por 
forma de Estado podemos entender o 
seguinte. 
 
a) A quem é atribuído e como deve ser exercido 
o poder político do Estado. 
b) A relação de confiança entre o Poder 
Legislativo e o Poder Executivo, com vistas a 
manter a estabilidade política, jurídica e social. 
c) De que maneira ocorre a organização político-
administrativa do Estado, estabelecendo o grau 
de descentralização do poder central e a 
autonomia dos poderes locais. 
d) De que maneira é exercido o poder político do 
Estado em determinado momento histórico, 
demonstrando, assim, a relação entre 
governantes e governados. 
 
8. (CESPE.Defensor.DPU.2007) Entre os 
conceitos vigentes a partir do século XVI, à 
época do Renascimento, e que estão na 
origem da modernidade, encontra-se a noção 
do Estado como soberania. 
 
9. (CESPE.Defensor.DPU.2007) O 
amadurecimento da ideia de nação, alcançado 
no século XIX, influenciou na definição de 
teorias relativas ao Estado. 
 
10. (CESPE.Defensor.DPU.2007) A noção de 
Estado do bem-estar social tem sua origem na 
filosofia de Comte, para quem o poder deveria 
pertencer aos cientistas e garantir os meios 
de criação de felicidade e de virtude pela 
ordem e pelo progresso. 
 
11. (ESAF.APO.SEFAZ.SP.09) Assinale a 
opção correta relativa à classificação da 
Constituição Federal de 1988. 
 
a) É costumeira, rígida, analítica. 
b) É parcialmente inalterável, outorgada, 
sintética. 
c) É rígida, outorgada, analítica. 
d) É rígida, parcialmente inalterável, promulgada. 
e) É flexível, promulgada, analítica. 
 
12. (ESAF.AFC.CGU.05) Na concepção de 
constituição em seu sentido político, 
formulada por Carl Schmmitt, há uma 
identidade entre o conceito de constituição e 
o conceito de leis constitucionais, uma vez 
que é nas leis constitucionais que se 
materializa a decisão política fundamental do 
Estado. 
 
13. (ESAF.AFRF.2002) Assinale a opção 
correta. 
 
a) É típico de uma Constituição dirigente 
apresentar em seu corpo normas programáticas. 
b) Uma lei ordinária que destoa de uma norma 
programática da Constituição não pode ser 
considerada inconstitucional. 
c) Uma norma constitucional programática, por 
representar um programa de ação política, não 
possui eficácia jurídica. 
d) Uma Constituição rígida não pode abrigar 
normas programáticas em seu texto. 
e) Toda Constituição semirrígida, por decorrência 
da sua própria natureza, será uma Constituição 
histórica. 
 
14. (ESAF.AFRF.2003) Da Constituição em 
vigor pode ser dito que corresponde ao 
modelo de Constituição escrita, dogmática, 
promulgada e rígida. 
 
15. (ESAF.Analista Jurídico.SEFAZ.CE.2006) 
Sobre a classificação das Constituições e o 
Sistema Constitucional vigente, assinale a 
única opção correta. 
 
a) A Constituição Federal de 1988 é considerada, 
em relação à estabilidade, como semirrígida, na 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
11 
medida em que a sua alteração exige um 
processo legislativo especial. 
b) No que se refere à origem, a Constituição 
Federal de 1988 é considerada outorgada, haja 
vista ser proveniente de um órgão constituinte 
composto de representantes eleitos pelo povo. 
c) A constituição escrita apresenta-se como um 
conjunto de regras sistematizadas em um único 
documento. A existência de outras normas com 
status constitucional, per se, não é capaz de 
descaracterizar essa condição. 
d) As constituições dogmáticas, como é o caso 
da Constituição Federal de 1988, são sempre 
escritas, e apresentam, de forma sistematizada, 
os princípios e ideias fundamentais da teoria 
política e do direito dominante à época. 
e) Nas constituições materiais, como é o caso da 
Constituição Federal de 1988, as matérias 
inseridas no documento escrito, mesmo aquelas 
não consideradas “essencialmente 
constitucionais”, possuem status constitucional. 
 
16. (CESPE.MP.RN.09) A Carta outorgada em 
10 de novembro de 1937 é exemplo de texto 
constitucional colocado a serviço do detentor 
do poder, para seu uso pessoal. É a máscara 
do poder. É uma Constituição que perde 
normatividade, salvo nas passagens em que 
confere atribuições ao titular do poder. 
Numerosos preceitos da Carta de 1937 
permaneceram no domínio do puro 
nominalismo, sem qualquer aplicação e 
efetividade no mundo das normas jurídicas. 
Raul Machado Horta. Direito constitucional. 
2.a ed. Belo Horizonte: Del Rey, 1999, p. 54-5 
(com adaptações). Considerando a 
classificação ontológica das constituições, 
assinale a opção que apresenta a categoria 
que se aplica à Constituição de 1937, 
conforme a descrição acima. 
 
A constituição semântica 
B constituição dogmática 
C constituição formal 
D constituição outorgada 
E constituição ortodoxa. 
 
17. (CESPE.Auditor.ES.04) O preâmbulo da 
Constituição Federal, por não trazer 
disposições de ordem político-estruturais do 
Estado, não é considerado texto 
constitucional propriamente dito. 
 
18. (ESAF.Auditor Fiscal do Trabalho. 2003) 
Analise as assertivas a seguir, relativas à 
eficácia das normas constitucionais e às 
concepções de constituição, e marque com V 
as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, 
marque a opção correta. 
 
( ) Segundo a melhor doutrina, as normas de 
eficácia contida são de aplicabilidade direta e 
imediata, no entanto, podem ter seu âmbito de 
aplicação restringido por uma legislação futura, 
por outras normas constitucionais ou por 
conceitos ético-jurídicos. 
( ) Segundo a melhor doutrina, as normas 
constitucionais de eficácia limitada são do tipo 
normas declaratórias de princípios institutivos 
quando: determinam ao legislador, em termos 
peremptórios, a emissão de uma legislação 
integrativa; ou facultam ao legislador a 
possibilidade de elaborar uma lei, na forma, 
condições e para os fins previstos; ou possuem 
esquemas gerais, que dão a estrutura básica da 
instituição, órgão ou entidade a que se referem, 
deixando para o legislador ordinário a tarefa de 
estruturá-los, em definitivo, mediante lei. 
( ) A concepção de constituição, defendida por 
Konrad Hesse, não tem pontos em comum com a 
concepção de constituição defendida por 
Ferdinand Lassale, uma vez que, para Konrad 
Hesse, os fatores históricos, políticos e sociais 
presentes na sociedade não concorrem para a 
força normativa da constituição. 
( ) Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato 
imaterial instaurador do processo de criação das 
normas positivas, seria a constituição em seu 
sentido lógico-jurídico. 
( ) A constituição, na sua concepção formal, seria 
um conjunto de normas legislativas que se 
distinguem das não constitucionais em razão de 
serem produzidas por processo legislativo mais 
dificultoso, o qual pode se materializar sob a 
forma da necessidade de um órgão legislativo 
especial para elaborar a Constituição – 
Assembléia Constituinte – ou sob a forma de um 
quorum superior ao exigido para a aprovação, no 
Congresso Nacional das leis ordinárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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12 
a) V, F, V, F, V 
b) V, F, F, V, V 
c) F, V, V, V, F 
d) F, F, F, V, V 
e) V, V, F, V, V 
 
19. (CESPE.Juiz.TRF5.09) Acerca do conceito, 
dos elementos e da classificação da CF, do 
poder constituinte e da hermenêutica 
constitucional, assinale a opção correta. 
A De acordo com o princípio da força 
normativa da constituição, defendida por 
Konrad Hesse, as normas jurídicas e a 
realidade devem ser consideradas em seu 
condicionamento recíproco. 
 
A norma constitucional não tem existência 
autônoma em face da realidade. Para ser 
aplicável, a CF deve ser conexa à realidade 
jurídica, social e política, não sendo apenas 
determinada pela realidade social, mas 
determinante em relação a ela. 
B Segundo Kelsen, a CF não passa de uma folha 
de papel,
pois a CF real seria o somatório dos 
fatores reais do poder. Dessa forma, alterando-se 
essas forças, a CF não teria mais legitimidade. 
C A CF admite emenda constitucional por meio 
de iniciativa popular. 
D Segundo Pedro Lenza, os elementos limitativos 
da CF estão consubstanciados nas normas 
constitucionais destinadas a assegurar a solução 
de conflitos constitucionais, a defesa da 
Constituição, do Estado e das instituições 
democráticas. 
E Constituição rígida é aquela que não pode ser 
alterada. 
 
20. (ESAF.ARFR.2002.2) Um direito previsto 
numa norma constitucional de eficácia 
contida pode ser restringido por meio de lei 
ordinária. 
 
21. (ESAF.AFRF.2003) A norma constitucional 
programática, porque somente delineia 
programa de ação para os poderes públicos, 
não é considerada norma jurídica. 
 
22. (ESAF.AFC.CGU.05) Uma norma 
constitucional de eficácia limitada não produz 
seus efeitos essenciais com a sua simples 
entrada em vigor, porque o legislador 
constituinte não estabeleceu sobre a matéria, 
objeto de seu conteúdo, uma normatividade 
suficiente, deixando essa tarefa para o 
legislador ordinário ou para outro órgão do 
Estado. 
 
23. (VUNESP.Proc. Munic.São Carlos.SP.09) 
Sobre a eficácia das normas constitucionais, 
assinale a alternativa incorreta. 
 
(A) A entrada em vigor de uma norma 
constitucional programática implica a proibição de 
que sejam produzidas 
normas ulteriores que contrariem o programa por 
ela estabelecido. 
(B) As normas de eficácia contida são de 
aplicabilidade indireta e mediata, já que o direito 
nelas previsto é imediatamente exercitável, 
desde a promulgação da Constituição. 
(C) As normas definidoras de princípio institutivo 
são as que traçam esquemas gerais de 
estruturação e atribuições de 
órgãos, entidades ou institutos. 
(D) As normas constitucionais de princípio 
programático são as que traçam princípios a 
serem cumpridos pelos órgãos do Estado. 
(E) A entrada em vigor de uma norma 
constitucional programática implica a revogação 
de todas as disposições em 
sentido contrário aos seus comandos. 
 
24. (ESAF.ACE.TCU.05) Quando o intérprete, 
na resolução dos problemas jurídico-
constitucionais, dá primazia aos critérios que 
favoreçam a integração política e social e o 
reforço da unidade política, pode-se afirmar 
que, no trabalho hermenêutico, ele fez uso do 
princípio da conformidade funcional. 
 
25. (CESPE.Analista.ANAC.09) Entre os 
diversos princípios que regem a interpretação 
das normas constitucionais, a doutrina 
relaciona o da máxima efetividade ou 
eficiência, o qual preceitua que a uma norma 
constitucional deve ser atribuído o sentido 
que maior eficácia lhe conceda. 
 
26. (CESPE.Técnico.TRE.GO.09) Esse método 
parte da premissa de que existe uma relação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
13 
necessária entre o texto e a realidade, entre 
preceitos jurídicos e os fatos que eles 
intentam regular. Para Müller, na tarefa de 
interpretar-concretizar a norma constitucional, 
o intérprete/aplicador deve considerar tanto 
os elementos resultantes da interpretação do 
texto (programa normativo), como os 
decorrentes da investigação da realidade 
(domínio normativo). 
Isso porque, partindo do pressuposto de que 
a norma não se confunde com o texto 
normativo, afirma Müller que o texto é apenas 
a „ponta do iceberg‟; mas a norma não 
compreende apenas o texto, pois abrange 
também “um pedaço de realidade social”, 
sendo esta talvez a parte mais significativa 
que o intérprete/aplicador deve levar em conta 
para realizar o direito. Dirley da Cunha Júnior. 
Curso de Direito Constitucional. 2.ª ed. 
Salvador: Editora Juspodivum, 2008, p. 214. 
(com adaptações). O trecho acima descreve o 
método de interpretação constitucional 
denominado: 
 
A método normativo-estruturante. 
B método tópico-problemático. 
C método hermenêutico-clássico. 
D método científico-espiritual. 
 
27. (ESAF.AFRF.09) Marque a opção incorreta. 
 
a) A constituição escrita, também denominada de 
constituição instrumental, aponta efeito 
racionalizador, estabilizante, de segurança 
jurídica e de calculabilidade e publicidade. 
b) A constituição dogmática se apresenta como 
produto escrito e sistematizado por um órgão 
constituinte, a partir de princípios e ideias 
fundamentais da teoria política e do direito 
dominante. 
c) O conceito ideal de constituição, o qual surgiu 
no movimento constitucional do século XIX, 
considera como um de seus elementos materiais 
caracterizadores que a constituição não deve ser 
escrita. 
d) A técnica denominada interpretação conforme 
não é utilizável quando a norma impugnada 
admite sentido unívoco. 
e) A constituição sintética, que é constituição 
negativa, caracteriza-se por ser construtora 
apenas de liberdade-negativa ou liberdade-
impedimento, oposta à autoridade. 
 
28. (CESPE.Analista.INCA.2010) Para Carl 
Schmitt, a constituição de um Estado deveria 
ser a soma dos fatores reais de poder que 
regem a sociedade. Caso isso não ocorra, ele 
a considera como ilegítima, uma simples folha 
de papel. 
 
29. (CESPE.Analista. Adm. TRE/BA.2010) Toda 
constituição é necessariamente escrita e 
representada por um texto solene e 
codificado. 
 
30. (CESPE Analista.Jud.TRE.MT.2010) 
Quanto à sua mutabilidade, a CF pode ser 
classificada como semirrígida, uma vez que 
não pode ser alterada com a mesma 
simplicidade com que se modifica uma lei. 
 
31. (CESPE Analista Jud TRE MT 2010) A CF é 
um exemplo de constituição outorgada, visto 
que foi elaborada por representantes 
legítimos do povo. 
 
32. (CESPE Analista Jud TRE MT 2010) 
Segundo a classificação ontológica de Karl 
Loewenstein, as constituições podem ser 
divididas em normativas, nominais ou 
semânticas, conforme o grau de 
correspondência entre a pretensão normativa 
dos seus preceitos e a realidade do processo 
de poder. 
 
33. (CESPE Analista Jud TRE MT 2010) 
Quanto à ideologia, a CF é classificada pela 
doutrina como ortodoxa. 
 
34. (CESPE Analista Jud TRE MT 2010) A CF 
foi elaborada sob influxo dos costumes e 
transformações sociais. Sua confecção é fruto 
da evolução histórica das tradições do provo 
brasileiro, sendo, por isso, classificada como 
uma constituição histórica. 
 
35. (CESPE Analista Téc-Adm MS 2010) Em 
um país que possua uma constituição flexível, 
caso seja editada uma lei com conteúdo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
14 
contrário ao texto constitucional, essa lei será 
válida e acarretará alteração da Constituição. 
 
36. (CESPE.Técnico.MPU.2010) As normas de 
eficácia plena não exigem a elaboração de 
novas normas legislativas que lhes 
completem o alcance e o sentido ou lhes 
fixem o conteúdo; por isso, sua aplicabilidade 
é direta, ainda que não integral. 
 
37. (CESPE.Analista Processual.MPU.2010) As 
normas de eficácia contida permanecem 
inaplicáveis enquanto não advier 
normatividade para viabilizar o exercício do 
direito ou benefício que consagram; por isso, 
são normas de aplicação indireta, mediata ou 
diferida. 
 
38. (CESPE.Analista Processual.MPU.2010) As 
normas constitucionais de eficácia limitada 
são desprovidas de normatividade, razão pela 
qual não surtem efeitos nem podem servir de 
parâmetro para a declaração de 
inconstitucionalidade. 
 
39. (CESPE.Analista.MPU.2010) O livre 
exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, desde que atendidas as 
qualificações profissionais que a lei 
estabelecer, é norma constitucional de 
eficácia contida; portanto, o legislador 
ordinário atua para tornar exercitável o direito 
nela previsto. 
 
40. (CESPE.Analista de 
Infraestrutura.MPOG.2010) O dispositivo 
constitucional que estabelece ser livre o 
exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações 
profissionais instituídas em lei, constitui 
exemplo de norma de eficácia limitada. 
 
41. (CESPE.Analista de 
Infraestrutura.MPOG.2010)
Constitui exemplo 
de norma de eficácia plena o preceito 
constitucional que garante aos maiores de 65 
anos de idade a gratuidade dos transportes 
coletivos urbanos. 
 
42. (CESPE.Procurador.AGU.2010) De acordo 
com entendimento do STF, configura exemplo 
de norma constitucional programática o 
preceito constitucional segundo o qual a 
política agrícola deve ser planejada e 
executada na forma da lei, com a participação 
efetiva do setor de produção, envolvendo 
tanto produtores e trabalhadores rurais, como 
setores de comercialização, de 
armazenamento e de transportes. 
 
43. (CESPE.Analista.INCA.2010) O Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias não 
possui a mesma natureza jurídica das normas 
constitucionais inseridas na Constituição 
Federal de 1988 (CF), razão pela qual é de 
hierarquia inferior a estas. 
 
44. (CESPE.Analista Jud.TRE/BA.2010) No 
tocante à aplicabilidade, de acordo com a 
tradicional classificação das normas 
constitucionais, são de eficácia limitada 
aquelas em que o legislador constituinte 
regula suficientemente os interesses 
concernentes a determinada matéria, mas 
deixa margem à atuação restritiva por parte da 
competência discricionária do poder público, 
nos termos em que a lei estabelecer ou na 
forma dos conceitos gerais nela previstos. 
 
45. (CESPE Analista Téc-Adm MS 2010) Os 
artigos que tratam da estrutura e organização 
do Estado são normas constitucionais 
formais. 
 
46. (CESPE Analista Téc-Adm MS 2010) Para 
que se possa identificar uma norma 
constitucional de eficácia limitada, é 
suficiente observar a expressão “nos termos 
da lei”, prevista no texto constitucional. 
 
47. (CESPE Analista Téc-Adm MS 2010) A 
distinção hierárquica entre normas 
constitucionais é inadmissível perante a 
Constituição. 
 
48. (CESPE.Defensor Público.DPU.2010) Os 
direitos sociais previstos na Constituição, por 
estarem submetidos ao princípio da reserva 
do possível, não podem ser caracterizados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
15 
como verdadeiros direitos subjetivos, mas, 
sim, como normas programáticas. Dessa 
forma, esses direitos devem ser tutelados 
pelo poder público, quando este, em sua 
análise discricionária, julgar favoráveis as 
condições econômicas e administrativas. 
 
49. (CESPE.Analista.INCA.2010) Normas 
constitucionais de aplicabilidade reduzida ou 
de eficácia limitada são aquelas normas que 
necessitam da promulgação de uma lei 
infraconstitucional para produzir os seus 
efeitos, podendo ser classificadas em normas 
constitucionais de princípio institutivo e 
normas constitucionais de princípio 
programático. 
 
50. (CESPE.Analista Processual.MPU.2010) Na 
interpretação extensiva da lei, são aplicados 
os princípios de adequação e 
proporcionalidade entre os termos 
empregados e o espírito da norma. 
 
51. (CESPE.Oficial Técnico em 
Direito.ABIN.2010) Entre os métodos 
compreendidos na hermenêutica 
constitucional inclui-se o tópico problemático, 
que consiste na busca da solução partindo-se 
do problema para a norma. 
 
52. (CESPE.Analista - Especialização: 
Advocacia.SERPRO.2010) A técnico de 
decisão denominada interpretação conforme a 
constituição deve ser utilizada quando uma 
norma admite mais de uma interpretação, uma 
com violação ao texto constitucional, outra 
não, devendo prevalecer a hermenêutica que 
esteja harmonizada com o texto 
constitucional, de forma a evitar a declaração 
de inconstitucionalidade da norma. 
 
53. (CESPE.Procurador.AGU.2010) Pelo 
princípio da concordância prática ou 
harmonização, na hipótese de eventual 
conflito ou concorrência entre bens jurídicos 
constitucionalizados, deve-se buscar a 
coexistência entre eles, evitando-se o 
sacrifício total de um princípio em relação ao 
outro. 
 
54. (CESPE.Procurador.AGU.2010) O método 
hermenêutico-concretizador caracteriza-se 
pela praticidade na busca da solução dos 
problemas, já que parte de um problema 
concreto para a norma. 
 
55. (CESPE.Analista Judiciário.Área 
Jud.TRE/BA.2010) A técnica da interpretação 
conforme a constituição permite a 
manutenção, no ordenamento jurídico, de leis 
e atos normativos que possuam valor 
interpretativo compatível com o texto 
constitucional. 
 
56. (ESAF AFT 2010) Praticamente toda a 
doutrina constitucionalista cita os princípios e 
regras de interpretações enumeradas por 
Canotilho. Entre os princípios e as regras de 
interpretação abaixo, assinale aquele(a) que 
não foi elencado por Canotilho. 
 
a) Unidade da constituição. 
b) Da máxima efetividade ou da eficiência. 
c) Da supremacia eficaz. 
d) Do efeito integrador. 
e) Da concordância prática ou da harmonização. 
 
57. (CESPE.Analista Judiciário.Execução de 
Mandatos.STM.2011) Consideram-se normas 
de eficácia absoluta os preceitos 
constitucionais intangíveis, que são 
inalteráveis mesmo por meio de propostas de 
emendas constitucionais. 
 
58. (VUNESP.Advogado.CRM/SP.2011) Analise 
as seguintes disposições da Constituição 
Federal: 
 
I. São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e 
o Judiciário. 
 
II. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício 
ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer. 
 
III. O Estado promoverá e incentivará o 
desenvolvimento científico, a pesquisa e a 
capacitação tecnológicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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16 
IV. Conceder-se-á habeas-corpus sempre que 
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer 
violência ou coação em sua liberdade de 
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 
Considerando a doutrina clássica brasileira sobre 
a eficácia e aplicabilidade das normas 
constitucionais, pode-se afirmar que as 
disposições acima reproduzidas são 
classificadas, respectivamente, como normas de 
eficácia 
 
(A) contida, plena, programática e plena. 
(B) plena, limitada, plena e contida. 
(C) limitada, plena, plena e contida. 
(D) plena, plena, contida e programática. 
(E) plena, contida, limitada e plena. 
 
59. (VUNESP.Advogado.CRM/SP.2011) Dentro 
da hermenêutica constitucional, o princípio de 
interpretação constitucional que exige a 
coordenação e combinação dos bens 
jurídicos em conflito de forma a evitar o 
sacrifício total de uns em relação aos outros 
denomina-se princípio 
 
(A) da unidade da Constituição. 
(B) do efeito integrador. 
(C) da máxima efetividade. 
(D) da concordância prática. 
(E) da conformidade funcional. 
 
60. (CESPE.Analista Judiciário.Execução de 
Mandatos.STM.2011) Consideram-se normas 
de eficácia absoluta os preceitos 
constitucionais intangíveis, que são 
inalteráveis mesmo por meio de propostas de 
emendas constitucionais. 
 
61. (VUNESP.Advogado.CRM/SP.2011) Analise 
as seguintes disposições da Constituição 
Federal: 
 
I. São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e 
o Judiciário. 
II. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício 
ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer. 
III. O Estado promoverá e incentivará o 
desenvolvimento científico, a pesquisa e a 
capacitação tecnológicas. 
IV. Conceder-se-á habeas-corpus sempre que 
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer 
violência ou coação em sua liberdade de 
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 
Considerando a doutrina clássica brasileira sobre 
a eficácia e aplicabilidade das normas 
constitucionais, pode-se afirmar que as 
disposições acima reproduzidas são 
classificadas, respectivamente, como normas de 
eficácia 
 
(A) contida, plena, programática e plena. 
(B) plena, limitada, plena e contida. 
(C) limitada, plena, plena e contida. 
(D) plena, plena, contida e programática. 
(E) plena, contida, limitada e plena. 
 
62. (VUNESP.Advogado.CRM/SP.2011) Dentro 
da hermenêutica constitucional, o princípio de 
interpretação constitucional que exige a 
coordenação e combinação dos bens 
jurídicos em conflito
de forma a evitar o 
sacrifício total de uns em relação aos outros 
denomina-se princípio 
 
(A) da unidade da Constituição. 
(B) do efeito integrador. 
(C) da máxima efetividade. 
(D) da concordância prática. 
(E) da conformidade funcional. 
 
63. (CESPE - 2011 - EBC - Analista – 
Advocacia) As normas previstas no Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias 
possuem natureza de norma constitucional. 
 
64. (CESPE - 2011 - EBC - Analista – 
Advocacia) O preâmbulo da Constituição 
Federal não faz parte do texto constitucional 
propriamente dito e não possui valor 
normativo. 
 
65. (CESPE - 2011 - Correios - Analista de 
Correios – Advogado) O preâmbulo 
constitucional estabelece as diretrizes 
políticas, filosóficas e ideológicas 
da CF, razão pela qual pode servir de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
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17 
elemento de interpretação e de paradigma 
comparativo em eventual ação de declaração 
de inconstitucionalidade. 
 
66. (CESPE - 2011 - IFB - Professor – Direito) 
Entre as normas constitucionais de eficácia 
exaurida, incluem- se dispositivos constantes 
das disposições constitucionais transitórias. 
 
67. (CESPE - 2011 - IFB - Professor – Direito) 
As normas constitucionais de eficácia plena 
podem, em regra geral, ser revistas pelo 
poder reformador. 
 
68. (CESPE - 2011 - IFB - Professor – Direito) 
Enquanto, nas normas de eficácia contida, as 
leis podem restringir-lhes o alcance, nas 
normas de eficácia limitada, o seu alcance 
poderá ser ampliado. 
 
69. (CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - 
Execução de Mandados) Consideram-se 
normas de eficácia absoluta os preceitos 
constitucionais intangíveis, que são 
inalteráveis mesmo por meio de propostas de 
emendas constitucionais. 
 
70. (CESPE - 2011 - TJ-PB – Juiz) Com relação 
ao objeto, aos elementos e aos tipos de 
constituição, assinale a opção correta. 
 
a) Quanto ao modo de elaboração, a 
vigente CF pode ser classificada como uma 
constituição histórica, em oposição à dita 
dogmática. 
b) O objeto da CF é a estrutura fundamental do 
Estado e da sociedade, razão por que somente 
as normas relativas aos limites e às atribuições 
dos poderes estatais, aos direitos políticos e 
individuais dos cidadãos compõem a Constituição 
em sentido formal. 
c) Por limitarem a atuação dos poderes estatais, 
as normas que regulam a ação direta de 
inconstitucionalidade e o processo de intervenção 
nos estados e municípios integram os elementos 
ditos limitativos. 
d) Os elementos formais de aplicabilidade são 
exteriorizados nas normas constitucionais que 
prescrevem as técnicas de aplicação delas 
próprias, como, por exemplo, as normas inseridas 
no Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias. 
e) Distintamente da constituição analítica, a 
constituição dirigente tem caráter sintético e 
negativo, pois impõe a omissão ou negativa de 
ação ao Estado e preserva, assim, as liberdades 
públicas. 
 
71. (CESPE - 2011 - Correios - Analista de 
Correios – Advogado) Quanto a sua extensão 
e finalidade, a constituição sintética examina 
e regulamenta todos os assuntos que reputa 
relevantes à formação, à destinação e ao 
funcionamento do Estado. 
 
72. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário 
– Direito) A concepção sociológica, elaborada 
por Ferdinand Lassale, considera a 
Constituição como sendo a somatória dos 
fatores reais de poder, isto é, o conjunto de 
forças de índole política, econômica e 
religiosa que condicionam o ordenamento 
jurídico de determinada sociedade. 
 
73. (CESPE - 2011 - TRE-ES - Técnico 
Judiciário - Área Administrativa) Denomina-se 
constituição outorgada a elaborada e 
estabelecida com a participação do povo, 
normalmente por meio de Assembleia 
Nacional Constituinte. 
 
74. (ESAF.Procurador.PGFN.2007) Assinale a 
opção correta no contexto do conceito e da 
classificação das constituições. 
 
a) As constituições outorgadas não são 
precedidas de atos de manifestação livre da 
representatividade popular e assim podem ser 
consideradas as Constituições brasileiras de 
1824, 1937 e a de 1967, com a Emenda 
Constitucional n. 01 de 1969. 
b) A distinção entre constituição em sentido 
material e constituição em sentido formal perdeu 
relevância considerando-se as modificações 
introduzidas pela Emenda Constitucional n. 
45/2004, denominada de “Reforma do Poder 
Judiciário”. 
c) Considera-se constituição não-escrita a que se 
sustenta, sobretudo, em costumes, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
18 
jurisprudências, convenções e em textos 
esparsos, formalmente constitucionais. 
d) Carl Schmitt, principal protagonista da corrente 
doutrinária conhecida como decisionista, advertia 
que não há Estado sem Constituição, isso porque 
toda sociedade politicamente organizada contém 
uma estrutura mínima, por rudimentar que seja; 
por isso, o legado da Modernidade não é a 
Constituição real e efetiva, mas as Constituições 
escritas. 
e) Para Ferdinand Lassalle, a constituição é 
dimensionada como decisão global e 
fundamental proveniente da unidade política, a 
qual, por isso mesmo, pode constantemente 
interferir no texto formal, pelo que se torna 
inconcebível, nesta perspectiva materializante, a 
idéia de rigidez de todas as regras. 
 
75. (ESAF.EPPG.MPOG.2009) Assinale a 
opção correta, acerca das normas 
constitucionais e da teoria geral da 
Constituição. 
 
a) São constitucionais as normas que dizem 
respeito aos limites e atribuições respectivas dos 
poderes políticos, e aos direitos fundamentais. As 
demais disposições que estejam na Constituição 
podem ser alteradas pelo quórum exigido para a 
aprovação das leis ordinárias. 
b) A Constituição contém normas fundamentais 
da ordenação estatal que servem para regular os 
princípios básicos relativos ao território, à 
população, ao governo, à finalidade do Estado e 
suas relações recíprocas. 
c) A constituição material é o peculiar modo de 
existir do Estado, reduzido, sob a forma escrita, a 
um documento solenemente estabelecido pelo 
poder constituinte e somente modificável por 
processos e formalidades especiais nela própria 
estabelecidos. 
d) A constituição formal designa as normas 
escritas ou costumeiras, inseridas ou não num 
documento escrito, que regulam a estrutura do 
Estado, a organização dos seus órgãos e os 
direitos fundamentais. 
e) São classificadas como dogmáticas, escritas e 
outorgadas as constituições que se originam de 
um órgão constituinte composto por 
representantes do povo eleitos para o fim de as 
elaborar e estabelecer, das quais são exemplos 
as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 
e 1988. 
 
76. (FCC.ANALISTA.MPE.SE.09) A 
Constituição brasileira de 1824 previa, em 
seus artigos 174 e 178: 
“Art. 174. Se passados quatro anos, depois de 
jurada a Constituição do Brasil, se conhecer, 
que algum dos seus artigos merece reforma, 
se fará a proposição por escrito, a qual deve 
ter origem na Câmara dos Deputados, e ser 
apoiada pela terça parte deles.” 
“Art. 178. É só Constitucional o que diz 
respeito aos limites e atribuições respectivas 
dos Poderes Políticos e aos Direitos Políticos 
e individuais dos Cidadãos. Tudo o que não é 
Constitucional pode ser alterado sem as 
formalidades referidas, pelas Legislaturas 
ordinárias.” 
Depreende-se dos dispositivos acima 
transcritos que a Constituição brasileira do 
Império 
 
(A) impunha limites temporais, materiais e 
circunstanciais ao exercício regular do poder de 
reforma constitucional, a exemplo do que se tem 
na Constituição vigente. 
(B) exigia quorum de maioria qualificada para 
propositura de emendas à Constituição por 
membros do 
Legislativo, diferentemente da Constituição 
vigente, que admite iniciativa isolada de 
parlamentares para proposta de emenda. 
(C) poderia ser classificada como sintética e 
histórica, em oposição à Constituição vigente, 
que é analítica e dogmática. 
(D) era do tipo semirrígida, quanto
à 
alterabilidade de suas normas, diferentemente da 
Constituição vigente, que, sob esse aspecto, é 
rígida. 
(E) previa hipótese especial de revisão 
constitucional, semelhante àquela contemplada 
no Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias da Constituição vigente, quanto a 
prazo e quorum para exercício do poder de 
revisão. 
 
77. (ESAF.AFC.CGU.2006) Sobre 
hermenêutica constitucional, interpretação e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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19 
aplicabilidade das normas constitucionais, 
assinale a única opção correta. 
a) O princípio de interpretação conforme a 
constituição comporta o princípio da prevalência 
da constituição, o princípio da conservação de 
normas e o princípio da exclusão da 
interpretação conforme a constituição mas contra 
legem. 
b) No método de interpretação constitucional 
tópico-problemático, há prevalência da norma 
sobre o problema concreto a ser resolvido. 
c) O método de interpretação hermenêutico-
concretizador prescinde de uma pré-
compreensão da norma a ser interpretada. 
d) A eficácia do método de interpretação jurídico 
clássico não é afetada pela estrutura normativo-
material da norma constitucional a ser 
interpretada. 
e) Uma norma constitucional de eficácia contida 
não possui eficácia plena, no momento da 
promulgação do texto constitucional, só 
adquirindo essa eficácia após a edição da norma 
que nela é referida. 
 
78. (ESAF.Procurador.PGFN.2007) Assinale a 
opção correta. 
 
a) As normas programáticas não são auto-
aplicáveis porque retratam apenas diretrizes 
políticas que devem ser alcançadas pelo Estado 
Brasileiro, não possuindo caráter vinculante 
imediato. 
b) As normas definidoras de direitos e garantias 
fundamentais são consideradas normas de 
aplicação mediata, embora direta e 
potencialmente não integral. 
c) É auto-aplicável a norma constitucional que 
prevê que a atividade jurisdicional será 
ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas nos 
juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, 
nos dias em que não houver expediente forense 
normal, juízes em plantão permanente. 
d) A norma constitucional que prevê que a lei só 
poderá restringir a publicidade dos atos 
processuais quando a defesa da intimidade ou o 
interesse social o exigirem é de eficácia limitada. 
e) No caso das normas constitucionais de 
eficácia contida, a atividade integradora do 
legislador infraconstitucional é vinculada e não 
discricionária, ante a necessidade, para fins de 
auto-execução, de delimitar o ambiente da sua 
atuação restritiva. 
 
79. (ESAF.Analista.ANA.2009) Assinale a 
opção correta relativa ao tratamento dado 
pela jurisprudência que atualmente prevalece 
no Supremo Tribunal Federal, ao interpretar a 
Constituição Federal, relativa aos tratados e 
convenções internacionais sobre direitos 
humanos ratificados pelo Brasil. 
 
a) Incorporam-se à Constituição Federal, porque 
os direitos e garantias expressos na Constituição 
não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do 
Brasil seja parte. 
b) Incorporam-se ao ordenamento jurídico como 
lei ordinária federal porque a Constituição confere 
ao Supremo Tribunal Federal, competência para 
julgar, mediante recurso extraordinário, as 
causas decididas em única ou última instância, 
quando a decisão recorrida declarar a 
inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. 
c) Os que tiveram ato de ratificação antes da 
vigência da Emenda Constitucional nº 45, de 
2004, são equivalentes às emendas 
constitucionais em razão dos princípios da 
recepção e da continuidade do ordenamento 
jurídico. 
d) A legislação infraconstitucional anterior ou 
posterior ao ato de ratificação que com eles seja 
conflitante é inaplicável, tendo em vista o status 
normativo supralegal dos tratados internacionais 
sobre direitos humanos subscritos pelo Brasil. 
e) Os que tiveram ato de ratificação depois da 
vigência da Emenda Constitucional nº 45, de 
2004, independentemente do quorum, são 
equivalentes às emendas constitucionais em 
razão do princípio da prevalência dos direitos 
humanos. 
 
80. (ESAF.Procurador.PGFN.2006) 
Assinale a opção correta. 
 
a) A interpretação conforme a Constituição 
consiste em procurar extrair o significado de 
uma norma da Lei Maior a partir do que dispõem 
as leis ordinárias que preexistiam a ela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
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20 
b) A liberdade de expressão está entre os 
direitos fundamentais absolutos da Constituição 
em vigor. 
c) Normas constitucionais de eficácia restringida 
não apresentam eficácia jurídica alguma senão 
depois de desenvolvidas pelo legislador 
ordinário. 
d) O Advogado-Geral da União deve 
necessariamente participar dos processos de 
ação direta de inconstitucionalidade e de ação 
direta de inconstitucionalidade por omissão, na 
qualidade de curador da presunção de 
constitucionalidade das leis. 
e) Uma norma constitucional programática pode 
servir de paradigma para o exercício do controle 
abstrato de constitucionalidade. 
 
81. (ESAF.AFT.2009) A doutrina 
constitucionalista tem comentado muito sobre 
os direitos dos trabalhadores garantidos 
constitucionalmente. Sobre tais direitos, 
considerando a doutrina de José Afonso da 
Silva, é correto afirmar que: 
 
a) a distinção entre trabalhadores urbanos e 
rurais ainda tem sua importância, pois ainda não 
gozam dos mesmos direitos. 
b) a garantia do emprego previsto pela 
Constituição não é, por si só, suficiente bastante 
para gerar o direito nela previsto, necessitando, 
por isso, de regulamentação. 
c) a Constituição Federal garantiu o direito ao 
gozo de férias anuais remuneradas 
estabelecendo o período de 30 dias. 
d) a Constituição conferiu direito à participação 
nos lucros ou resultados da empresa. Tal direito 
já pode ser exercido de imediato, em razão de a 
norma constitucional ser auto-aplicável. 
e) a proteção do mercado de trabalho da mulher 
não é auto-aplicável. 
 
Gabarito: 1-C; 2-E; 3-E; 4-C; 5-B; 6-E; 7-C; 8-C; 
9-C; 10-E; 11 – D; 12 – E; 13 – A; 14 – C; 15 – D; 
16 – A; 17 – C; 18 – E; 19 – A; 20 – C; 21 – E; 22 
– C; 23 – B; 24 – E; 25 – C; 26 – A; 27 – C; 28 – 
E; 29 – E; 30 – E; 31 – E; 32 – C; 33 – E; 34 – E; 
35 – C; 36 – E; 37 – E; 38 – E; 39 – E; 40 – E; 41 
– C; 42 – C; 43 – E; 44 – E; 45 – E; 46 – E; 47 – 
C; 48 – E; 49 – C; 50 – E; 51 – C; 52 – C; 53 – C; 
54 – E; 55 – C; 56 – C; 57 – C; 58 – E; 59 – D; 60 
– C; 61 –E; 62 – D; 63 – C; 64 – C; 65 – E; 66 – 
C; 67 – C; 68 – C; 69 – C; 70 – D; 71 – E; 72 – C; 
73 – E; 74-A; 75-B; 76-D; 77-A; 78-C; 79-D; 80-E; 
81 - E. 
 
2. Poder Constituinte. Conceito, 
finalidade, titularidade e espécies. Reforma da 
Constituição. Cláusulas Pétreas 
2.1. Conceito e finalidade 
Poder constituinte é o poder capaz de 
estabelecer as normas constitucionais: sejam as 
de uma nova Constituição – poder constituinte 
originário – sejam as que modificam uma Carta já 
existente – poder constituinte derivado –, com o 
objetivo principal de conferir legitimidade ao 
ordenamento jurídico de um Estado. 
Considerando um conceito moderno de 
Constituição – documento jurídico escrito, dotado 
de supremacia e limitador do poder do Estado, 
por meio da adoção da separação dos poderes e 
pela previsão de direitos fundamentais –, a ideia 
de poder constituinte é contemporânea das 
Constituições escritas e formais do século XVIII 
(notadamente a norte-americana de 1787 e a 
francesa de 1791). 
Nesse sentido estrito, a teoria do poder 
constituinte é atribuída ao Abade de Sieyès, que 
em sua obra Quést-ce lê Tiers Etát? (“O que é o 
Terceiro Estado?”), publicada em janeiro de 1789 
(no calor da revolução francesa!), diferenciava o 
poder constituinte, que constitui o Estado e é 
fonte de todos os poderes públicos, dos poderes 
constituídos – Legislativo, Executivo e Judiciário 
–, os quais derivam do primeiro,
sendo essa 
diferenciação decisiva para a afirmação da 
supremacia da Constituição. 
2.2. Titularidade 
 Se nos Estados absolutistas prevalecia o 
entendimento de que todo o poder (inclusive o 
poder constituinte) vem de Deus (teoria da 
soberania divina), sob a influência das teorias 
democráticas, afirma-se que todo o poder emana 
do povo ou da nação (dividindo-se, portanto, em 
teoria da soberania popular e nacional). 
Apesar de o Abade de Sieyès ter 
defendido que todo o poder emanava da Nação 
francesa (entendida como entidade abstrata, 
desvinculada das pessoas que a compõem), a 
doutrina moderna entende que a titularidade do 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
21 
poder constituinte reside no povo, conforme 
preceitua o art. 1.º, parágrafo único, da CF/886. 
2.3. Exercício 
A doutrina estabelece uma distinção entre 
quem titulariza e quem exercita o poder de 
elaborar as normas constitucionais. Isso é 
porque, apesar de o povo ser o titular do poder 
constituinte, seu exercício cabe a 
representantes do povo (chamados de agentes 
do poder constituinte) que, em nome dele, criam 
o Estado, editando a nova Constituição. 
Tal exercício pode ocorrer de forma 
democrática, quando os representantes do povo 
são eleitos para compor uma Convenção ou 
Assembléia Nacional Constituinte; ou de forma 
outorgada, quando determinado grupo 
revolucionário se investe na qualidade de 
representante do povo, oportunidade em que 
ocorre verdadeira usurpação da titularidade e do 
exercício do poder constituinte. 
2.4. Espécies: poder constituinte 
originário e derivado 
Como classificação mais importante para 
concursos, destacamos que o poder constituinte 
divide-se em: 
a) originário, que é o poder de elaborar 
uma nova Constituição de um Estado; e 
b) derivado, que se debruça sobre uma 
Constituição já existente, quer alterando-a 
(poder constituinte derivado reformador), quer 
complementando-a (poder constituinte derivado 
decorrente). 
2.5. Poder constituinte originário 
O poder constituinte originário (também 
chamado de genuíno, inicial, inaugural ou de 1.º 
grau) é o poder político que elabora uma nova 
Constituição de um Estado, organizando-o e 
estabelecendo os poderes que passarão a reger 
a comunidade. 
2.5.1. Características 
O poder constituinte originário (PCO) 
possui as seguintes características: 
a) Inicial – porque não se funda em 
nenhum outro poder e é dele que derivam os 
demais poderes. Ao criar uma nova Constituição, 
o poder constituinte originário inaugura uma 
 
6
 Na lição de Michel Temer, povo é o conjunto de brasileiros natos 
e naturalizados catalogados no art. 12 da CF/88 (povo = brasileiros 
natos + naturalizados). 
ordem jurídica completamente renovada (o PCO 
é a base da ordem jurídica). 
b) Ilimitado juridicamente (ou 
autônomo) – ao fundar um novo ordenamento 
jurídico, o PCO não sofre limitações do Direito 
positivo anterior, podendo ignorar por completo 
a Constituição até então vigente (inclusive 
cláusulas pétreas, acaso existentes). 
Não obstante o poder constituinte 
originário desconhecer limites jurídicos, parte da 
doutrina reconhece determinados limites 
extrajurídicos ou metajurídicos a esse poder7. 
c) Incondicionado – ao elaborar uma 
nova Constituição, o poder constituinte originário 
não tem de seguir formas ou procedimentos 
pré-determinados, podendo agir livremente. 
d) Permanente – o PCO não se esgota 
com a realização da Constituição. Seu titular (o 
povo) pode, a qualquer momento, decidir pela 
criação de uma nova Carta. 
e) Extraordinário – a manifestação do 
PCO, que dá origem a um novo ordenamento 
jurídico, é fato incomum, excepcional. 
2.5.2. Formas de expressão 
Apesar de o PCO ser incondicionado, não 
existindo formas pré-fixadas para a sua 
realização, existem historicamente dois modelos: 
a) Assembléia Nacional Constituinte 
(ANC) – também chamada de Convenção, 
composta de representantes do povo, 
devidamente eleitos para essa finalidade8, 
resultando numa Constituição democrática – PC 
democrático. 
b) Outorga – quando um movimento 
revolucionário usurpa o poder constituinte 
pertencente ao povo e impõe unilateralmente 
uma Constituição – PC outorgado. 
2.6. Poder constituinte derivado 
 
7 Nesse sentido, ao elaborar uma nova Constituição, o poder 
constituinte inaugural deveria respeitar a configuração histórica do 
Estado – Federação, República, etc., – os direitos humanos, os 
compromissos internacionais assumidos, as instituições arraigadas 
(família, propriedade, etc.), a ideologia e os valores dominantes na 
sociedade, sob pena de a Constituição não passar de “letra morta”, 
não obtendo adesão da comunidade política que pretende regular. 
8 Os representantes da ANC são eleitos exclusivamente para 
elaborar o novo pacto social, razão pela qual a ANC deve ser 
dissolvida logo após a finalização dos seus trabalhos. Daí que a 
titularidade popular do poder constituinte é permanente, 
enquanto o seu exercício pelos representantes do povo é 
temporário e se dissolve com a elaboração da Constituição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
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22 
O poder constituinte derivado (também 
denominado de secundário, de segundo grau, 
constituído ou instituído) é o poder de reformar 
ou de complementar uma Constituição já 
existente. 
O poder de reformar a Constituição resulta 
da necessidade de reajustar periodicamente o 
texto constitucional, diante da evolução das 
relações sociais e da dinâmica da vida humana. 
Já o poder de complementar a Lei Maior decorre 
do princípio federativo e permite que estados-
membros e o Distrito Federal complementem a 
Carta Federal por meio da elaboração de 
constituições estaduais e da Lei Orgânica do DF. 
2.6.1. Localização 
O poder constituinte derivado (PCD) está 
inserido na própria Constituição, vez que é 
instituído por normas constitucionais originárias 
(é o próprio PCO quem estabelece as formas 
pelas quais a Constituição pode ser alterada ou 
complementada). Portanto, conhece limitações 
constitucionais expressas e implícitas e é 
passível de controle de constitucionalidade. 
2.6.2. Características do PCD 
O poder constituinte derivado possui as 
seguintes características: 
a) Derivado – é um poder de direito, 
juridicamente estabelecido pelo poder 
constituinte originário e, portanto, dele derivado. 
b) Subordinado (limitado juridicamente) 
– o PCD está subordinado, limitado às regras do 
texto constitucional, as quais não pode contrariar, 
sob pena de inconstitucionalidade9. 
c) Condicionado – o PCD é limitado e 
somente pode agir nas condições e formas 
fixadas pelo PCO. 
2.6.3. Espécies: PCD reformador e 
decorrente 
2.6.3.1. PCD reformador 
O poder constituinte derivado reformador 
(ou poder de reforma constitucional) consiste na 
possibilidade de se alterar o texto da 
 
9 Relembremos que, diante do princípio da unidade da 
Constituição, não existe relação de hierarquia jurídica entre as 
normas constitucionais. Apenas, a diferença entre o poder 
constituinte originário e o derivado possibilita que as normas 
constitucionais derivadas submetam-se ao controle de 
constitucionalidade, a fim de se analisar se o legislador constituinte 
derivado efetivamente observou os limites jurídicos que lhe são 
impostos (a serem estudados em breve). 
Constituição. Essas alterações podem ser 
pontuais (emenda constitucional – art. 60 da 
CF/88) ou globais (revisão constitucional – art. 
3.º do ADCT). O poder constituinte derivado 
reformador foi atribuído, no Brasil, ao Congresso 
Nacional (vide os referidos arts. 60 da CF e 3.º do 
ADCT). 
A doutrina ressalta que as mudanças
em 
uma Constituição podem ocorrer por um 
processo formal ou por um processo informal. Daí 
a necessidade de diferenciarmos os conceitos 
de: reforma constitucional e mutação 
constitucional. 
Reforma constitucional é o processo 
formal de mudança das Constituições rígidas em 
que se altera o texto formal da Lei Maior, 
mediante o respeito a determinadas 
formalidades. Como vimos, tais alterações podem 
ser pontuais ou globais (emenda ou revisão), 
mas sempre resultam na modificação do texto 
formal da Constituição. 
Mutação constitucional é o processo 
informal de alteração das Constituições rígidas, 
em que a mudança ocorre no sentido e no 
alcance de suas normas, e não em seu texto 
formal. A mutação resulta dos usos e costumes 
constitucionais, bem como da evolução da 
interpretação das normas da Constituição feita 
pela jurisprudência, pela doutrina e por todas as 
forças sociais que, ao interpretarem a Lei Maior, 
provocam alterações na significação de suas 
normas. 
2.6.3.1.1. Limites ao poder de reformar 
a Constituição 
Como visto, o PCD reformador é um 
poder jurídico, estabelecido pelo PCO, e 
submete-se a limites jurídicos por ele impostos, 
sob pena de inconstitucionalidade. A doutrina 
classifica os limites ao poder de reformar a 
Constituição em limites materiais (explícitos e 
implícitos), circunstanciais e procedimentais (ou 
formais). 
2.6.3.1.1.1. Limites materiais 
Os limites materiais (denominados de 
cláusulas pétreas) dizem respeito a 
determinados assuntos que formam a identidade 
e o espírito da CF/88 e que, por isso, não podem 
ser restringidos indevidamente pelo poder de 
reforma constitucional. Dividem-se em expressos 
ou implícitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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23 
2.6.3.1.1.1.1. Limites materiais 
expressos 
As limitações materiais expressas 
(cláusulas pétreas expressas) estão contidas 
no art. 60, § 4.º, da CF/88. Essas matérias 
representam a identidade, o núcleo inegociável 
da CF (também denominadas de cláusulas de 
eternidade), e traduzem aqueles conteúdos que o 
legislador constituinte originário, por entender 
serem as decisões políticas mais importantes do 
Estado brasileiro, colocou a salvo do poder 
constituinte reformador. 
 Sobre as cláusulas pétreas expressas, 
fazemos as seguintes observações: 
1.a) As matérias contidas no art. 60, § 4.º, 
apesar de chamadas de cláusulas pétreas, 
podem ser modificadas por emendas 
constitucionais (ex.: as ECs 05/95, 15/96 e 46/04 
alteraram dispositivos da Federação brasileira). O 
que o PCD reformador não pode fazer é tender a 
abolir, i.e., restringir indevidamente, violar a 
essência de qualquer dessas matérias, para que 
não haja alteração substancial da identidade da 
CF/88. 
2.a) A proposta tendente a abolir (ainda 
que indiretamente) qualquer das cláusulas 
pétreas não pode ser objeto nem de deliberação 
(discussão e votação) no Congresso Nacional 
(releia o art. 60, § 4.º, da CF!). 
3.a) A jurisprudência do STF (muito 
cobrada em concursos públicos) entende que os 
direitos individuais protegidos pelo art. 60, § 4.º, 
inciso IV, da CF não são apenas os contidos no 
rol do art. 5.º da Constituição, mas também 
outros direitos fundamentais de índole individual 
previstos ao longo do texto constitucional, 
inclusive nos capítulos dos direitos sociais, 
nacionais e políticos, bem como os direitos 
decorrentes do regime e dos princípios adotados 
pela Carta Política (CF, art. 5.º, § 2.º)10. 
2.6.3.1.1.1.2. Limites materiais 
implícitos 
Além dos limites materiais expressamente 
previstos pelo PCO, a doutrina aponta a 
existência de limites materiais implícitos ou 
 
10 Exemplificando, na ADI 939/DF, o STF considerou que o 
princípio da anterioridade tributária (CF, art. 150, III, “b”) é uma 
cláusula pétrea, por configurar um direito individual do 
contribuinte, reconhecendo, portanto, um direito fundamental 
pétreo fora do rol do art. 5.º da CF. 
inerentes, que não estão escritos expressamente 
no texto constitucional (e que são conhecidos 
como cláusulas pétreas implícitas). 
Nesse sentido, entende-se implicitamente 
que o PC reformador não pode modificar a 
titularidade do poder constituinte, originário e 
derivado. O PC reformador, de forma implícita, 
também não pode modificar as normas que 
prevêem as limitações expressas (todo o art. 60 
da CF/88 – incluindo o art. 60, § 4.º, e o art. 3.º 
do ADCT). Isso é porque o PC reformador não 
pode alterar as limitações impostas a ele mesmo, 
sob pena de atuar irregularmente como PCO. 
2.6.3.1.1.2. Limites circunstanciais 
Determina o art. 60, § 1.º, da CF/88 que 
não pode haver alteração constitucional na 
vigência de estado de sítio, estado de defesa e 
intervenção federal. É que, nessas 
circunstâncias excepcionais, o estado de 
comoção nacional ou de calamidade pública 
poderia levar à introdução de normas descabidas 
na Carta da República. 
2.6.3.1.1.3. Limites procedimentais ou 
formais 
Os limites procedimentais ou formais ao 
PC reformador consistem nas regras de processo 
legislativo – iniciativa, discussão, votação, 
promulgação e publicação – previstas para as 
emendas constitucionais (CF, art. 60, caput e §§ 
2.º, 3.º e 5.º) e para a revisão constitucional (art. 
3.º do ADCT). 
2.6.3.2. Poder constituinte derivado 
decorrente (poder constituinte estadual) 
O poder constituinte derivado decorrente 
consiste na possibilidade que os estados-
membros e o DF têm de se auto-organizarem 
(i.e., de estabelecerem a sua organização 
fundamental), por meio de constituições 
estaduais e da Lei Orgânica do Distrito Federal 
(LODF). Ele encontra-se previsto no art. 11 do 
ADCT e no art. 25 da parte permanente da 
CF/88. 
Tal poder não se destina propriamente a 
alterar o texto da Constituição Federal, mas a 
complementar o seu conteúdo, permitindo a 
elaboração das constituições das entidades 
componentes do Estado Federativo (o PC 
decorrente possui, portanto, uma relação direta 
com a forma federativa de Estado). 
2.6.3.2.1. Limites ao PC decorrente 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
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24 
Sendo o PC decorrente um poder jurídico, 
derivado do originário, deve respeitar os limites 
impostos pela Constituição Federal. O art. 11 do 
ADCT exige das cartas estaduais a obediência 
aos “princípios” da CF/88. A doutrina classifica os 
princípios da CF/88 limitadores do poder 
constituinte decorrente em: 
a) princípios constitucionais sensíveis - 
assim chamados porque se relacionam com 
aspectos fundamentais da organização da 
Federação e porque a sua violação possibilita a 
decretação da intervenção da União na 
entidade federativa que os desrespeitar, a fim de 
restabelecer o equilíbrio federativo. Estão 
previstos no art. 34, VII, alíneas “a” a “e”, da 
CF/88. 
b) Os princípios constitucionais 
estabelecidos (ou organizatórios) - trazem 
limitações expressas e implícitas à capacidade 
de auto-organização das entidades federativas. 
Ex.: art. 37, que obriga as unidades federativas à 
observância dos princípios da Administração 
Pública. 
c) Os princípios constitucionais 
extensíveis - são aqueles voltados textualmente 
para a União, mas que devem ser também 
respeitados pelas demais entidades federativas. 
Exs.: as normas sobre o processo legislativo (art. 
59 e ss.) e sobre orçamento (art. 165 e ss.). 
2.7. Fenômenos de Direito 
Constitucional intertemporal 
Com o advento de uma nova Constituição, 
surge o problema de compatibilizar o seu texto 
com as normas infraconstitucionais produzidas 
sob a égide da Constituição anterior. Vejamos 
alguns fenômenos citados pela doutrina que 
procuram equacionar os problemas surgidos 
quando duas constituições se sucedem no 
tempo. 
2.7.1. Recepção 
O fenômeno da recepção consiste em um 
processo automático de verificação da 
compatibilidade entre
as leis anteriores e uma 
nova Constituição, a fim de atestar quais atos 
normativos continuam em vigor, sob a égide do 
ordenamento jurídico inaugurado pela nova Carta 
Magna. 
Nesse sentido e nos termos da 
jurisprudência consolidada do STF, as normas 
infraconstitucionais anteriores a uma nova 
Constituição, cujo conteúdo revele-se 
incompatível com o texto da nova Carta, são 
consideradas revogadas tacitamente, ocorrendo 
o fenômeno da não recepção dessas normas. 
A contrario sensu, todas as normas 
inferiores produzidas antes de uma nova 
Constituição, cujo conteúdo não a ofender, serão 
automaticamente consideradas recepcionadas 
pela nova Carta. 
É importante ter em mente que o 
fenômeno da recepção apenas se refere aos 
aspectos materiais – ao conteúdo – da norma, e 
não aos seus aspectos formais. Ex.: a Lei n.º 
5.172/66 (o Código Tributário Nacional), quanto 
aos seus dispositivos que tratam das matérias 
previstas no art. 146, I a III, da CF/88, foram 
recepcionados com força de lei complementar. 
Ressalte-se, por fim, que o fenômeno da 
recepção também ocorre com as leis produzidas 
antes de uma emenda constitucional. Assim, 
publicada uma emenda à CF/88, as leis 
anteriores a ela que se mostrarem compatíveis 
com o seu conteúdo serão consideradas 
recepcionadas pela alteração constitucional. Já 
as materialmente incompatíveis serão tidas por 
revogadas. 
2.7.2. Repristinação 
O fenômeno da repristinação ocorre 
quando uma norma infraconstitucional que não 
foi recepcionada por uma nova Carta Política 
volta a viger pelo surgimento de uma 
Constituição posterior. Seria o caso de uma 
norma produzida sob a égide da Constituição de 
1946 que não é recepcionada pela CF/67, mas 
que não se incompatibiliza com a CF/88. 
A repristinação constitucional não é um 
fenômeno automático, dependendo de previsão 
expressa no texto supremo. A CF/88 não o 
adotou. 
2.7.3. Desconstitucionalização 
Ocorre o fenômeno da 
desconstitucionalização quando uma nova 
Constituição recepciona certos dispositivos da 
Carta anterior, não como normas constitucionais, 
mas como leis ordinárias. Tal fenômeno também 
não é automático, devendo ser previsto 
expressamente na nova Carta. A CF/88 não o 
adotou. 
2.8. Questões de concursos anteriores 
01. (ESAF.AFRF.09) Marque a opção correta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
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a) O Poder Constituinte Originário é ilimitado e 
autônomo, pois é a base da ordem jurídica. 
b) O Poder Constituinte Derivado decorrente 
consiste na possibilidade de alterar-se o texto 
constitucional, respeitando-se a regulamentação 
especial prevista na própria Constituição Federal 
e será exercitado por determinados órgãos com 
caráter representativo. 
c) A outorga, forma de expressão do Poder 
Constituinte Originário, nasce da deliberação da 
representação popular, devidamente convocada 
pelo agente revolucionário. 
d) O Poder Constituinte Derivado decorre de uma 
regra jurídica de autenticidade constitucional. 
e) A doutrina aponta a contemporaneidade da 
ideia de Poder Constituinte com a do surgimento 
de Constituições históricas, visando, também, à 
limitação do poder estatal. 
 
02. (ESAF.Analista Jurídico.SEFAZ.CE.2006) 
Sobre o poder constituinte originário e o poder 
constituinte derivado, assinale a única alternativa 
correta. 
a) A revisão constitucional prevista por uma 
Assembléia Nacional Constituinte, possibilita ao 
poder constituinte derivado a alteração do texto 
constitucional, com menor rigor formal e sem as 
limitações expressas e implícitas originalmente 
definidas no texto constitucional. 
b) Entre as características do poder constituinte 
originário destaca-se a possibilidade 
incondicional de atuação, ou seja, a Assembléia 
Nacional Constituinte não está sujeita a forma ou 
procedimento pré-determinado. 
c) O poder constituinte derivado decorrente é 
aquele atribuído aos parlamentares no processo 
legiferante, em que são discutidas e aprovadas 
leis, observadas as limitações formais e materiais 
impostas pela Constituição. 
d) O poder emanado do constituinte derivado 
reformador, que é fundado na possibilidade de 
alteração do texto constitucional, não é passível 
de controle de constitucionalidade pelo Supremo 
Tribunal Federal. 
e) O titular do poder constituinte é aquele que, 
em nome do povo, promove a instituição de um 
novo regime constitucional ou promove a sua 
alteração. 
 
03. (ESAF.ACE.TCU.2006) Sobre poder 
constituinte, interpretação constitucional e 
emendas constitucionais, assinale a assertiva 
correta. 
a) Para o positivismo jurídico, o poder constituinte 
originário tem natureza jurídica, sendo um poder 
de direito, uma vez que traz em si o gérmen da 
ordem jurídica. 
b) Segundo a doutrina majoritária, no caso 
brasileiro, não há vedação à alteração do 
processo legislativo das emendas constitucionais, 
pelo poder constituinte derivado, uma vez que a 
matéria não se enquadra entre as hipóteses que 
constituem as cláusulas pétreas estabelecidas 
pelo constituinte originário. 
c) Na aplicação do princípio da interpretação das 
leis em conformidade com a Constituição, o 
intérprete deve considerar, no ato de 
interpretação, o princípio da prevalência da 
constituição e o princípio da conservação das 
normas. 
d) Quando o intérprete, na resolução dos 
problemas jurídico-constitucionais, dá primazia 
aos critérios que favoreçam a integração política 
e social e o reforço da unidade política, pode-se 
afirmar que, no trabalho hermenêutico, ele fez 
uso do princípio da conformidade funcional. 
e) A matéria constante de proposta de emenda à 
Constituição rejeitada só poderá ser objeto de 
uma nova proposta, na mesma legislatura, se 
tiver o apoiamento de três quintos dos membros 
de qualquer das Casas. 
 
04. (CESPE.Auditor.MG.09) Acerca do poder 
constituinte, da origem e dos tipos de 
Constituição, julgue os itens a seguir. 
I O poder constituinte originário é um poder inicial 
e incondicionado, que pode desconsiderar de 
maneira absoluta o ordenamento constitucional 
preexistente, inclusive as cláusulas pétreas. 
II O poder constituinte derivado reformador é 
exercido pelo Congresso Nacional, sujeito aos 
limites explicitados pelo constituinte originário. 
III Em sentido material, a Constituição 
compreende as normas constitucionais, escritas 
ou costumeiras, inseridas ou não em um 
documento escrito, que regulam a estrutura do 
Estado, a organização de seus órgãos e os 
direitos fundamentais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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26 
IV Quanto à sua origem, a CF é outorgada, tendo 
sido elaborada por representantes eleitos pelo 
povo de forma livre e soberana. 
V Considera-se Constituição analítica aquela que 
exige formalidades e exigências mais rígidas 
para sua alteração. 
Estão certos apenas os itens 
A I, II e III. 
B I, II e IV. 
C I, III e V. 
D II, III e IV. 
E III, IV e V. 
 
05. (CESPE.Advogado.IPAJM/ES.2010) A teoria 
do poder constituinte foi esboçada por Emmanuel 
Sieyès e aperfeiçoada por constitucionalistas 
franceses. O ponto fundamental dessa teoria é o 
de que ela só pode ser aplicada nos Estados em 
que se adotam constituições não escritas e 
semirrígidas. 
 
06. (CESPE.Advogado.IPAJM/ES.2010) Segundo 
a doutrina, apesar de o poder constituinte ser 
originário, a história revela experiências no 
sentido da indispensabilidade de observância de 
certos princípios, como, por exemplo o princípio 
da dignidade da pessoa humana, o da justiça, o 
da liberdade e o da igualdade , quando da 
criação de uma nova constituição. 
 
07. (CESPE.Promotor de Justiça.MP/SE.2010) 
Tratando-se de mutação constitucional, o texto 
da constituição permanece inalterado, e alteram-
se apenas o significado e o sentido interpretativo 
de determinada norma constitucional. 
 
08. (CESPE.Analista.INCA.2010) O processo de 
mutação constitucional consiste em proceder a 
um novo modo
de interpretar determinada norma 
constitucional, sem que haja alteração do próprio 
texto constitucional. 
 
09. (ESAF AFT 2010) Sabe-se que a 
Constituição Federal, apesar de ser classificada 
como rígida, pode sofrer reformas. A respeito das 
alterações na Constituição, podemos afirmar que 
I. a emenda à Constituição Federal, enquanto 
proposta, é considerada um ato 
infraconstitucional. 
II. de acordo com a doutrina constitucionalista, a 
Constituição Federal traz duas grandes espécies 
de limitações ao Poder de reformá-la, as 
limitações expressas e as implícitas. 
III. as limitações expressas circunstanciais 
formam um núcleo intangível da Constituição 
Federal, denominado tradicionalmente por 
“cláusulas pétreas”. 
IV. vários doutrinadores publicistas salientam ser 
implicitamente irreformável a norma 
constitucional que prevê as limitações expressas. 
Assinale a opção verdadeira. 
a) II, III e IV estão corretas. 
b) I, II e III estão incorretas. 
c) I, III e IV estão corretas. 
d) I, II e IV estão corretas. 
e) II e III estão incorretas. 
 
10. (FCC.Defensor Público de Classe 
Inicial.DEFENSORIA PÚBLICA/RS.2011) No que 
se refere ao Poder Constituinte, é INCORRETO 
afirmar: 
(A) O Poder Constituinte genuíno estabelece a 
Constituição de um novo Estado, organizando-o 
e criando os poderes que o regerão. 
(B) Existe Poder Constituinte na elaboração de 
qualquer Constituição, seja ela a primeira 
Constituição de um país, seja na elaboração de 
qualquer Constituição posterior. 
(C) O Poder Constituinte derivado decorre de 
uma regra jurídica constitucional, é ilimitado, 
subordinado e condicionado. 
(D) Quando os Estados-Federados, em razão de 
sua autonomia político-administrativa e 
respeitando as regras estabelecidas na 
Constituição Federal, autoorganizam-se por meio 
de suas constituições estaduais estão 
exercitando o chamado Poder Constituinte 
derivado decorrente. 
(E) Para parte da doutrina, a titularidade do 
Poder Constituinte pertence ao povo, que, 
entretanto, não detém a titularidade do exercício 
do poder. 
 
11. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário – 
Direito) A Constituição Federal de 1988, em sua 
redação original, estabelecia limitações de 
natureza temporal que não permitiram a reforma 
do texto constitucional durante certo intervalo de 
tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
27 
12. (CESPE - 2011 - EBC - Analista – Advocacia) 
Matéria constante de proposta de emenda 
constitucional rejeitada não pode ser objeto de 
nova proposta na mesma sessão legislativa. 
 
13. (CESPE - 2011 - Correios - Analista de 
Correios – Advogado) O poder constituinte 
originário, por ser aquele que instaura uma nova 
ordem jurídica, exige deliberação da 
representação popular, razão pela qual não se 
admite a outorga como forma de sua expressão. 
 
14. (CESPE - 2011 - Correios - Analista de 
Correios – Advogado) Quando, no exercício de 
sua capacidade de auto-organização, o estado-
membro edita sua constituição, ele age com 
fundamento no denominado poder constituinte 
derivado decorrente. 
 
15. (CESPE - 2010 - AGU - Agente 
Administrativo) As emendas constitucionais de 
revisão, aprovadas durante o processo de 
revisão constitucional, foram promulgadas pelas 
duas casas do Congresso Nacional, em sessão 
bicameral, de acordo com o mesmo processo 
dificultoso exigido para qualquer tipo de emenda 
constitucional. 
 
16. (CESPE - 2010 - MPS - Agente 
Administrativo) Pode ser objeto de emenda 
constitucional a proposta tendente a abolir o 
direito de petição aos poderes públicos ou a 
obtenção de certidões em repartições públicas. 
 
17. (CESPE - 2010 - MPS - Agente 
Administrativo) O poder constituinte derivado, ou 
de revisão ou reforma, caracteriza-se por ser 
inicial, autônomo e incondicionado, 
corporificando-se por meio de instrumento 
denominado emenda constitucional. 
 
18. (CESPE - 2010 - MPE-SE – Promotor) 
Assinale a opção correta a respeito dos conceitos 
de mutação constitucional, revisão constitucional 
e poder constituinte. 
a) Tratando-se de mutação constitucional, o texto 
da constituição permanece inalterado, e alteram-
se apenas o significado e o sentido interpretativo 
de determinada norma constitucional. 
b) A revisão constitucional prevista no ADCT da 
CF, que foi realizada pelo voto da maioria 
simples dos membros do Congresso Nacional, 
gerou seis emendas constitucionais de revisão 
que detêm o status de normas constitucionais 
originárias. 
c) Previsto pelo constituinte originário, o poder 
constituinte derivado decorrente encontra 
limitações apenas nas cláusulas pétreas. 
d) Sendo poder de índole democrática, autônomo 
e juridicamente ilimitado, o poder constituinte 
originário tem como forma única de expressão a 
assembleia nacional constituinte. 
e) É expressamente previsto na CF que os 
Poderes Legislativos dos estados, do DF e dos 
municípios devem elaborar suas constituições e 
leis orgânicas mediante manifestação do poder 
constituinte derivado decorrente. 
 
19. (CESPE - 2010 - MPS - Técnico em 
Comunicação Social) A forma federativa de 
estado, caracterizada pela divisão territorial do 
poder, foi gravada na CF como cláusula pétrea. 
 
20. (CESPE - 2010 - MPS - Técnico em 
Comunicação Social) A substituição da União, 
dos estados, do Distrito Federal (DF) e dos 
municípios por um único ente central somente 
seria possível por um poder constituinte 
originário. 
 
21. (CESPE - 2010 - MPS - Técnico em 
Comunicação Social) Cabe emenda à 
Constituição Federal de 1988 (CF) mediante 
proposta de mais da metade das assembleias 
legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria 
absoluta de seus membros. 
 
22. (ESAF.AFC.CGU.2006) Sobre conceito e 
classificação da Constituição e poder constituinte, 
assinale a única opção correta. 
a) O conceito formal de constituição e o conceito 
material de constituição, atualmente, se 
confundem, uma vez que a moderna teoria 
constitucional não mais distingue as normas que 
as compõem. 
b) Quanto ao sistema da Constituição, as 
constituições se classificam em constituição 
principiológica – na qual predominam os 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
28 
princípios – e constituição preceitual – na qual 
prevalecem as regras. 
c) Segundo a doutrina majoritária e o 
SupremoTribunal Federal, no caso brasileiro, 
como efeito do exercício do poder constituinte 
derivado sobre a legislação infraconstitucional 
existente, no caso da incompatibilidade material 
da norma com o novo texto constitucional, temos 
uma inconstitucionalidade superveniente. 
d) A titularidade do poder constituinte originário, 
segundo a teoria da soberania estatal, é da 
nação, entendida como entidade abstrata que se 
confunde com as pessoas que a integram. 
e) A existência de um poder constituinte derivado 
decorrente não pressupõe a existência de um 
Estado federal. 
 
23. (ESAF.Analista de Finanças e 
Controle.STN.2008) Assinale a opção correta 
sobre os direitos e garantias fundamentais e o 
tratamento conferido pela Constituição Federal 
aos institutos da emenda, da reforma e da 
revisão constitucional. 
a) Não existe tratamento jurídico diferenciado 
entre emenda, reforma e revisão constitucional. 
b) Depreende-se claramente da Constituição que 
menor de dezoito anos de idade pode ser 
responsabilizado pela prática de conduta descrita 
como crime. 
c) Do regime e dos princípios adotados pela 
Constituição Federal ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do 
Brasil seja parte não podem decorrer quaisquer 
direitos e garantias que não estejam 
expressamente previstos na própria Constituição. 
d) Os tratados e convenções internacionais sobre 
direitos humanos que forem aprovados, em cada 
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por 
três quintos dos votos dos respectivos membros, 
serão equivalentes às leis complementares. 
e) Não
será objeto de deliberação a proposta de 
emenda tendente a ampliar a aplicação das 
normas definidoras dos direitos e garantias 
fundamentais. 
 
24. (FCC.MP.CE.09) O poder constituinte 
decorrente é próprio das federações. Nesta 
matéria, no Direito Constitucional brasileiro, e 
segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, 
(A) as normas constantes dos §§ 3o e 4o do art. 
86 da Constituição da República (imunidade à 
prisão cautelar e imunidade temporária à 
persecução penal, ambas em favor do Presidente 
da República) são suscetíveis de extensão aos 
Governadores de Estado. 
(B) as regras básicas do processo legislativo 
federal são de absorção compulsória pelos 
Estados-membros em tudo aquilo que diga 
respeito ao princípio fundamental de 
independência e harmonia dos poderes, como 
delineado na Constituição da República. 
(C) não se mostra harmônico com a Constituição 
da República preceito de Constituição estadual 
que prevê a escolha do Procurador-Geral do 
Estado apenas entre os integrantes da carreira. 
(D) Governador de Estado, ainda que respaldado 
pela Constituição estadual, não pode editar 
medidas provisórias em face da excepcionalidade 
desta espécie normativa deferida exclusivamente 
ao Presidente da República em casos de 
relevância e urgência. 
(E) a norma do § 4o do art. 57 da Constituição da 
República que, cuidando da eleição das Mesas 
das Casas Legislativas federais, veda a 
recondução para o mesmo cargo na eleição 
imediatamente subsequente, é de reprodução 
obrigatória nas Constituições dos Estados-
membros. 
 
25. (FCC.Defensor.SP.09) Em relação às 
cláusulas pétreas, considere as seguintes 
afirmações: 
I. Tem como significado último prevenir a erosão 
da Constituição Federal, inibindo a tentativa de 
abolir o projeto constitucional deixado pelo 
constituinte. 
II. A Emenda Constitucional 45, na parte que 
criou o Conselho Nacional de Justiça, violou, 
segundo julgamento proferido pelo Supremo 
Tribunal Federal, a cláusula pétrea da separação 
dos poderes. 
III. Ao petrificar o voto cristalizou-se a 
impossibilidade do poder constituinte derivado 
excluir o voto do analfabeto ou do menor entre 16 
e 18 anos. 
IV. É possível que uma reforma constitucional 
crie novas cláusulas pétreas segundo 
entendimento pacífico da doutrina constitucional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
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29 
V. A mera alteração redacional de uma norma 
originária componente do rol de claúsulas pétreas 
não importa em inconstitucionalidade. 
Estão corretas SOMENTE 
(A) I, III e IV. 
(B) I, III e V. 
(C) I, IV e V. 
(D) II, III e IV. 
(E) III, IV e V. 
 
Gabarito: 1 – D; 2 – B; 3 – C; 4 – A; 5 – E; 6 – C; 
7 – C; 8 – C; 9 – D; 10 – C; 11 – E; 12 – C; 13 – 
E; 14 – C; 15 – E; 16 – E; 17 – E; 18 – A; 19 – C; 
20 – C; 21 – E; 22-B; 23-B; 24-B; 25-B. 
 
 3. Princípios fundamentais da 
Constituição Federal de 1988 
 3.1. Princípios jurídicos e 
constitucionais 
 Os princípios constituem a base do 
ordenamento jurídico de um Estado e influenciam 
a formação, a interpretação e a integração das 
demais normas jurídicas. Para além dessas 
funções normogenética, interpretativa e 
integradora, os princípios desempenham um 
papel sistemático, por meio do qual dão 
coerência interna a todo o sistema normativo. 
 São características dos princípios 
jurídicos: 
 a) o alto grau de generalidade, abstração 
e indeterminação; 
 b) a força normativa (as normas jurídicas 
dividem-se em regras e princípios, sendo que 
ambos impõem obrigações legais); 
 Na aplicação aos casos concretos, os 
princípios não se submetem à lógica do tudo ou 
nada, característica das regras, pela qual, 
presentes os seus pressupostos fáticos, ou a 
regra é integralmente aplicada ao caso que lhe é 
submetido, caso válida, ou não é aplicada por ser 
considerada inválida, à luz dos critérios 
cronológico, hierárquico e da especialidade. 
 O princípio possui uma dimensão de 
peso e pode não ser aplicado num caso 
concreto, apesar de válido e pertinente, em razão 
da incidência de outros princípios igualmente 
aplicáveis. Daí que os princípios são 
considerados como mandados de otimização e 
devem ser aplicados na medida do possível e a 
depender das circunstâncias do caso concreto. 
 No caso de colisão de princípios, deverá 
ser feita uma ponderação de interesses, com a 
utilização do princípio da proporcionalidade, 
que resulte na solução mais justa ao caso 
concreto11. 
 Os princípios constitucionais, por 
estarem no topo do ordenamento jurídico, dão 
coerência e unidade de sentido a todo o sistema 
normativo. 
 A doutrina reconhece a existência de 
princípios constitucionais positivados e não 
positivados. O principal exemplo de princípio 
não positivado na CF88 é o princípio da 
proporcionalidade, deduzido do seu art. 5.º, LIV. 
 3.2. Princípios fundamentais (arts. 1.º 
ao 4.º da CF88) 
 Em matéria de princípios constitucionais, 
o assunto mais cobrado nas provas dos 
concursos públicos costuma ser os princípios 
fundamentais do Estado brasileiro, previstos nos 
arts. 1.º ao 4.º da Carta Magna. Passemos ao 
estudo de cada um deles. 
 3.3. Fundamentos da República 
Federativa do Brasil 
 Nos termos do art. 1.º da Lei Maior, são 
fundamentos do Estado brasileiro: 
a) a soberania; 
b) a cidadania; 
c) a dignidade da pessoa humana; 
d) os valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa; e 
e) o pluralismo político. 
3.4. Objetivos do Estado brasileiro 
 O art. 3.º da CF/88 estabelece os 
objetivos fundamentais do Brasil, a saber: 
a) construir uma sociedade livre, justa e 
solidária; 
b) garantir o desenvolvimento nacional; 
c) erradicar a pobreza e a marginalização e 
reduzir as desigualdades sociais e 
regionais; 
d) promover o bem de todos, sem 
preconceito de origem, raça, sexo, cor, 
idade e quaisquer outras formas de 
discriminação. 
 
11
 Entendida como aquela que melhor realize o princípio da 
dignidade da pessoa humana e onde a restrição a cada princípio 
em jogo seja a mínima indispensável à sobrevivência do outro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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30 
3.5. Princípios do Brasil em suas 
relações internacionais 
 O art. 4.º da CF/88 contempla os 
princípios que o Brasil deve obedecer em suas 
relações internacionais. São eles: 
a) a independência nacional; 
b) a igualdade entre os Estados; 
c) a defesa da paz, a solução pacífica dos 
conflitos, a autodeterminação dos 
povos e a não intervenção; 
d) a prevalência dos direitos humanos e o 
repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
e) a cooperação entre os povos para o 
progresso da humanidade e a 
concessão de asilo político; 
f) a integração econômica, política, social e 
cultural dos povos da América Latina, 
visando à formação de uma comunidade 
latino-americana de nações. 
3.6. Princípio do Estado Democrático 
de Direito 
O princípio do Estado Democrático de 
Direito (CF, art. 1.º) representa uma evolução da 
concepção inicial do Estado Liberal de Direito. É 
importante que tenhamos uma noção da 
evolução desses paradigmas. 
1.º) Estado Liberal de Direito – surgiu 
com as revoluções liberais burguesas do final do 
século XVIII e exigia: a submissão ao império da 
lei (inclusive que o Estado fosse limitado pelas 
normas jurídicas escritas e elaboradas pelos 
representantes do povo); a adoção do princípio 
da separação de poderes; e a previsão de 
direitos fundamentais, principalmente do direito 
de liberdade individual (direito de 1.ª geração). 
 2.º) Estado Social de Direito (também 
chamado de Estado do bem-estar social, Welfare 
State ou Estado-providência) – originou-se dos 
movimentos operários e sociais do final do século 
XIX que criticavam a inércia do Estado Liberal de 
Direito. 
O qualificativo social teve a intenção de 
corrigir o individualismo e o abstencionismo do 
Estado
Liberal, além de exigir uma atuação mais 
forte do Estado e a garantia dos chamados 
direitos sociais (exs.: saúde, educação, moradia, 
trabalho, previdência social, etc. – direitos de 2.ª 
geração), a fim de realizar a justiça social. 
 Ocorre que os ideais de um Estado 
intervencionista, sob a pretensa justificativa de 
promover a justiça social, desvirtuaram-se na 
forma de Estados totalitários, evidenciando que o 
qualificativo social não garantiu o surgimento de 
um efetivo Estado promotor do bem-estar geral! 
Surge, enfim, a concepção do Estado 
Democrático de Direito (após a 2.ª guerra 
mundial), o qual, sem abandonar os ideais de 
justiça social (daí também ser chamado de 
Estado da social-democracia), incorpora os 
princípios democráticos da soberania popular, da 
participação do povo na gestão da coisa pública 
e do pluralismo político, como garantias de que 
os direitos fundamentais sejam respeitados e a 
justiça social, implementada. 
Na lição da doutrina, o Estado 
Democrático de Direito representa mais do que a 
simples reunião do Estado de Direito com o 
Estado Democrático. Nesse sentido, ele 
estabelece um conceito novo que incorpora um 
(terceiro) componente revolucionário de 
transformação do status quo. 
 Ressalte-se que o Brasil adotou o modelo 
semidireto de democracia, pelo qual o povo 
exerce o poder por meios de representantes 
eleitos (democracia indireta ou representativa), 
ou diretamente pela participação em plebiscitos, 
referendos, iniciativa popular de lei, além do 
ajuizamento de ação popular (mecanismos de 
democracia direta). 
 3.7. Formas de governo 
 A forma de governo diz respeito a como 
o poder político é adquirido e exercido na 
comunidade. Dito de outra forma, a forma de 
governo refere-se a como se dá a relação entre 
governantes e governados. 
 De acordo com a classificação de Nicolau 
Maquiavel, existem duas formas de governo: a 
república e a monarquia. 
 São características da república: 
a) o poder político é adquirido por meio de 
eleições e exercido de maneira 
temporária (poder eletivo e temporário); 
b) os governantes são representantes do 
povo e exercem o poder em seu nome; 
c) é prevista a responsabilização dos 
governantes que gerenciem mal a coisa 
pública (res publica, coisa do povo) e há o 
dever de prestação de contas (princípio 
da publicidade). 
 Já a monarquia é caracterizada pelo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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31 
a) poder político adquirido pela 
hereditariedade e exercido de forma 
vitalícia (poder hereditário e vitalício); 
b) os governantes não são representantes 
eleitos do povo; 
c) não há previsão de responsabilização do 
monarca ou de prestação de contas. 
3.8. Formas de Estado 
 A forma de estado revela como o poder 
político se encontra distribuído em função do 
território. Se tivermos um poder político 
concentrado no espaço territorial, teremos o 
Estado simples ou unitário. 
 Se tivermos um poder político repartido 
em função do território, o que resulta em uma 
pluralidade de entidades governamentais (ex.: 
União, estados-membros, DF e municípios), 
teremos o Estado composto ou complexo. 
 As duas principais formas de estado 
composto ou complexo são: 
a) A confederação: união de Estados 
soberanos que, por meio de um tratado (vínculo 
contratual), associam-se para determinados fins 
(ex.: defesa e paz externas). Na confederação, 
os Estados mantêm as suas soberanias, sendo 
possível qualquer deles desligar-se da 
Confederação (direito de secessão). Ex.: 
Confederação dos Estados Unidos, de 1781 a 
1787. 
b) A federação: união de dois ou mais 
Estados que, por meio de uma Constituição 
(vínculo constitucional), formam uma nova 
organização estatal. Na Federação, o Estado 
Federal é o único dotado de soberania, 
enquanto os estados-membros possuem 
autonomia administrativa e política. Aqui, não 
há o direito de secessão. Exs.: Brasil, 
Argentina, EUA e México. 
3.8.1. Considerações gerais sobre o 
federalismo e sobre a versão brasileira 
A forma federativa de Estado é adotada 
no Brasil desde o Decreto n.º 1, de 15/11/1889 (o 
qual instituiu também a forma republicana de 
governo) e consolidada na Constituição de 1891. 
A Federação foi mantida nas 
Constituições brasileiras posteriores, com a 
ressalva das CFs de 1937, 1967 e de sua EC n.º 
1/69, as quais mantiveram apenas um 
federalismo de fachada ou nominal. A CF/88 
gravou a federação como cláusula pétrea no 
seu art. 60, § 4.º, I. 
O Estado Federal consiste em espécie de 
Estado composto, o qual é caracterizado pela 
divisão espacial do poder, i.e., o poder político 
encontra-se dividido em relação ao território. 
Assim, no Estado Federal existe uma pluralidade 
de entidades governamentais (no Brasil: a União, 
os estados-membros, o DF e os municípios) e de 
ordenamentos jurídicos, a saber: 
a) o ordenamento jurídico nacional ou 
total, que obriga todas as entidades da 
Federação (daí a expressão leis nacionais, como 
é o caso da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional – Lei n.º 9.394/96); e 
b) os ordenamentos jurídicos parciais, 
que são: o federal, os estaduais, o distrital e os 
municipais, os quais vinculam respectivamente a 
União (ex.: Lei n.º 8.112/90), os estados, o DF e 
os municípios. 
No Estado Federal, portanto, sobre um 
mesmo território e população, convivem uma 
pluralidade de entidades governamentais e de 
ordenamentos jurídicos, no intuito de conciliar a 
unidade necessária às atividades de interesse 
nacional e comum (ex.: defesa externa) com o 
respeito às diferenças regionais. 
A Federação caracteriza-se por ser a 
reunião de entidades federativas dotadas de 
autonomia (e não soberania, a qual é privativa 
do Estado Federal), unidas em torno de uma 
Constituição rígida, que organiza a Federação e 
distribui as tarefas estatais entre as entidades 
(trazendo o chamado pacto federativo), numa 
concepção maior de descentralização político-
administrativa do poder do Estado. 
Podemos resumir da seguinte forma as 
características comuns a um Estado Federal: 
a) Existe uma Constituição Federal 
rígida, que organiza o Estado Federativo. 
b) A Federação caracteriza-se por uma 
descentralização político-administrativa e por 
uma divisão espacial do poder, que geram uma 
pluralidade de entidades governamentais e de 
ordenamentos jurídicos dentro de um mesmo 
território estatal. 
c) O Estado Federal (a República 
Federativa do Brasil) é o único dotado de 
soberania, entendida esta como o poder de 
autodeterminação plena, não condicionado a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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32 
nenhum outro poder, externo ou interno. 
d) As entidades federativas (União, 
estados, DF e municípios) são dotadas apenas 
de autonomia, concebida como a capacidade de 
autodeterminação (financeira, administrativa, 
legislativa, orçamentária e política – FALOP), 
dentro dos limites previstos na CF/88. 
e) É inadmissível o direito de secessão 
(os entes federativos não possuem o direito de se 
separar do Estado Federal – princípio da 
indissolubilidade federativa). No Brasil, 
qualquer movimento separatista resultará na 
decretação de intervenção federal (CF, art. 34, I). 
f) Não existe hierarquia entre os entes 
da Federação (a União não é hierarquicamente 
superior aos estados nem estes aos municípios). 
g) Há repartição de competências entre 
os entes (no pacto federativo, serão repartidas as 
tarefas estatais entre as entidades e se 
assegurará exatamente a autonomia necessária 
para o cumprimento das atribuições de cada um). 
h) As entidades federativas participam na 
formação da vontade nacional (por meio do 
Senado Federal, constituído de representantes 
dos estados-membros e do DF). 
i) É previsto um controle de 
constitucionalidade para evitar a invasão de 
competências entre os entes da Federação.
 
j) Existe um guardião
da Constituição 
(no Brasil, o STF). 
 
Importante para concursos! 
- O Estado brasileiro (a República Federativa do 
Brasil) é o único dotado de soberania (ampla 
liberdade externa e interna). A União, os estados-
membros, o DF e os municípios são dotados 
apenas de autonomia (liberdade político-
administrativa nos limites da CF). 
- Na Federação, não existe o direito de 
secessão, valendo o princípio da 
indissolubilidade federativa. 
Já as características da federação 
brasileira são as seguintes: 
a) Trata-se de uma federação de 
formação centrífuga (movimento do centro para 
as extremidades), uma vez que foi o Estado 
unitário brasileiro (o “Império do Brazil”) que 
decidiu se dividir em 1889; diferentemente da 
federação norte-americana, a qual surgiu quando 
os Estados Americanos confederados, dotados 
de soberania, resolveram se unir sob a forma 
federativa (federação de formação centrípeta). 
b) Pela mesma razão, o federalismo 
brasileiro é classificado como um federalismo 
por desagregação ou por segregação (o 
Estado unitário soberano decidiu dividir-se em 
Estados-membros autônomos ainda não 
existentes), enquanto o federalismo dos EUA é 
tido como um federalismo por agregação 
(vários Estados soberanos decidiram unir-se, 
formando um único Estado Federativo). Essa, 
inclusive, é a razão pela qual os Estados-
membros norte-americanos possuem uma 
autonomia muito superior à concedida aos 
estados-membros brasileiros. 
c) A CF/88 tenta implementar um 
federalismo de equilíbrio (entre o poder central 
e os poderes regionais e locais), mas, na prática, 
ainda constata-se no Brasil um federalismo 
centrípeto (com a concentração maior de poder 
no ente central). 
 d) O federalismo brasileiro é 
tridimensional, tricotômico, trino, tríplice ou 
tripartido, por reconhecer 3 esferas 
governamentais: a central da União, a regional 
dos estados e a local dos municípios (o DF 
acumula as esferas: regional e local, tendo a 
principal função de abrigar a Capital da 
República, Brasília, e os Poderes da União). 
 Nesse ponto, o Brasil não seguiu o 
federalismo norte-americano, denominado de 
clássico ou dual, que conhece duas esferas de 
poder: o central da União e o regional dos 
estados-membros. 
 e) Apesar de manter o federalismo 
homogêneo ou simétrico, em que cada ente 
federativo é dotado da mesma parcela de poder, 
a CF/88 faz concessões ao federalismo 
assimétrico ou heterogêneo, pelo qual se 
reconhece uma situação de desigualdade entre 
os entes e propõe-se o tratamento diferenciado, a 
fim de promover o equilíbrio federativo (ex.:CF, 
arts. 45, § 1.º, e 43, § 2.º). 
f) A CF/88 contempla mecanismos do 
federalismo cooperativo, pelo qual as entidades 
da Federação auxiliam-se mutuamente, por meio 
de subsídios, transferência de receitas, etc., a fim 
de garantir que as competências federativas 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
33 
sejam cumpridas por cada ente da maneira mais 
eficiente possível (ex.: CF, arts. 157 a 162 e 23, § 
único). 
g) O federalismo dual ou clássico (norte-
americano) adota a repartição horizontal de 
competências, em que há uma atuação separada 
e independente entre as entidades federadas 
(sem competências comuns ou concorrentes). A 
CF/88 abraça a repartição horizontal de 
competências em seus arts. 21, 22, 25, § 1.º, e 
30. 
 Já nos seus arts. 23 e 24, a CF/88 adota 
a repartição vertical de competências, típica 
do federalismo cooperativo, em que há uma 
atuação conjunta e coordenada entre os entes 
federativos (em níveis distintos, como na 
competência concorrente do art. 24, ou em pé de 
igualdade, como na competência comum do art. 
23). 
 3.9. Sistemas de governo 
 O sistema de governo dispõe sobre a 
relação entre o Poder Executivo e o Legislativo 
no exercício de suas funções. Uma maior 
independência entre esses Poderes revela o 
sistema presidencialista. Uma maior 
interdependência e colaboração entre o 
Legislativo e o Executivo geram o sistema 
parlamentarista. 
 São características do sistema de governo 
presidencialista: 
a) o presidente da República acumula as 
funções de chefe de Estado e de chefe 
de Governo (o Poder Executivo é, 
portanto, monocrático, concentrado na 
figura do presidente da República); 
b) Os ministros de Estado são meros 
auxiliares do presidente da República, de 
livre nomeação e exoneração; 
c) O presidente da República é eleito para 
um mandato fixo e autônomo e não 
necessita da confiança do Legislativo 
para permanecer no poder; 
d) O Legislativo não está sujeito à 
dissolução, pois os seus membros são 
eleitos para um mandato fixo e pré-
determinado. 
e) Relação entre Executivo e Legislativo é 
mais rígida, vigorando o princípio da 
separação dos poderes, independentes e 
harmônicos entre si; 
f) É típico das repúblicas. 
Por outro lado, são características do 
sistema de governo parlamentarista: 
a) O Poder Executivo encontra-se dividido 
em duas figuras (Executivo dual): o 
primeiro-ministro (chefe de Governo) e 
o monarca ou presidente da República 
(chefe de Estado); 
b) O Legislativo (chamado aqui de 
Parlamento) assume funções políticas e 
governamentais, pois o gabinete de 
ministros (cujo chefe é o primeiro-
ministro) é formado por membros do 
Parlamento; 
c) Há uma interdependência entre o 
Legislativo e o Executivo, que gera, não 
uma independência, mas uma 
colaboração entre esses poderes. Como 
consequencia, o governo pode ser 
responsabilizado perante o Parlamento, 
por meio do voto ou da moção de 
desconfiança, que resulta na destituição 
do gabinete e do primeiro-ministro (o 
qual, portanto, não possui mandato fixo e 
pré-estabelecido); e o Parlamento pode 
ser dissolvido pelo chefe de Estado, o 
que resulta na convocação de novas 
eleições parlamentares; 
d) O parlamentarismo é típico das 
monarquias, mas é adotado também 
pelas repúblicas européias (exs.: França, 
Alemanha, Portugal e Itália). 
 Ressalte-se que o Brasil adotou, na 
CF88, a forma de governo republicana, a forma 
de Estado federativa e o sistema de governo 
presidencialista. 
 A Constituição, no seu art. 60, § 4.º, 
gravou a forma federativa de Estado como 
cláusula pétrea. Já a forma de governo 
republicana não é cláusula pétrea da CF88, mas 
um princípio constitucional sensível da Carta 
Republicana (art. 34, VII), que enseja a 
intervenção federal no estado-membro que a 
desrespeitar. 
 3.10. Princípio da separação dos 
poderes 
 Consagrado na obra do Barão de 
Montesquieu “O espírito das leis”, o princípio da 
separação dos poderes propõe que as funções 
do Estado (legislativa, executiva e judiciária) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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34 
sejam exercidas por órgãos distintos e 
autônomos, sem qualquer ingerência de um 
órgão sobre o outro. 
 Esse princípio busca a limitação do poder 
do Estado por meio de uma fiscalização 
recíproca entre os órgãos (denominados 
impropriamente de Poderes), a fim de evitar o 
arbítrio e o abuso do poder estatal. 
 Ocorre que o princípio da separação entre 
os Poderes não é mais concebido em sua 
concepção rígida, que imperou nas revoluções 
francesa e americana. Atualmente, prevalece 
uma concepção flexível, com as seguintes 
características: 
 a) Separação não absoluta entre os 
poderes – a distribuição das funções estatais 
entre os poderes não ocorre com exclusividade 
absoluta. Exemplos: o Poder Executivo edita 
medidas provisórias (CF, art. 62), enquanto o 
Poder Legislativo possui a função de julgar o 
impeachment do presidente da República (CF, 
art. 52, I). 
 b) Sistema de freios e contrapesos 
(checks and balances) – os poderes devem 
interferir uns nos outros para que haja a limitação 
e a fiscalização do exercício das funções 
estatais. Exemplos: o presidente da República 
veta os projetos de lei do Legislativo (CF, art. 66); 
o Poder Judiciário declara a inconstitucionalidade
das leis elaboradas pelo Legislativo (CF, art. 102, 
I, a). 
3.11. Questões de concursos anteriores 
01. (ESAF.Auditor-Fiscal do Trabalho.2006) 
Sobre princípios fundamentais da Constituição 
Brasileira, marque a única opção correta. 
a) Na República Federativa do Brasil, a União 
exerce a soberania do Estado brasileiro e se 
constitui em pessoa jurídica de Direito Público 
Internacional, a fim de que possa exercer o 
direito de celebrar tratados, no plano 
internacional. 
b) A forma republicana não implica a 
necessidade de legitimidade popular do 
presidente da República, razão pela qual a 
periodicidade das eleições não é elemento 
essencial desse princípio. 
c) Segundo a doutrina, “distinção de funções do 
poder” e “divisão de poderes” são expressões 
sinônimas e, no caso brasileiro, é um dos 
princípios fundamentais da República Federativa 
do Brasil. 
d) A concretização do Estado Democrático de 
Direito como um Estado de Justiça material 
contempla a efetiva implementação de um 
processo de incorporação de todo o povo 
brasileiro nos mecanismos de controle das 
decisões. 
e) Na condição de fundamento da República 
Federativa do Brasil, a dignidade da pessoa 
humana tem seu sentido restrito à defesa e à 
garantia dos direitos pessoais ou individuais de 
primeira geração ou dimensão. 
 
02. (ESAF.Técnico da Receita Federal.2005) 
Sobre princípios fundamentais na Constituição de 
1988, marque a única opção correta. 
a) Em função da forma de governo adotada na 
Constituição de 1988, existe a obrigação de 
prestação de contas por parte da administração 
pública. 
b) Por ser o Brasil uma federação, é reconhecida, 
na Constituição brasileira, a autonomia de 
Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios. 
c) Em razão da independência funcional, um dos 
elementos essenciais do princípio de separação 
dos poderes, o exercício das funções que 
integram o poder político da União é exclusivo. 
d) Segundo a doutrina, não se constitui em um 
princípio do Estado Democrático de Direito o 
princípio da constitucionalidade, o qual estaria 
ligado apenas à noção de rigidez constitucional. 
e) A concessão de asilo diplomático é um dos 
princípios que rege o Brasil nas suas relações 
internacionais, conforme expressa previsão no 
texto da Constituição Federal de 1988. 
 
03. (ESAF.Analista.MPU.2004) Sobre conceito e 
tipos de constituição e sobre princípios 
fundamentais, na Constituição de 1988, marque a 
única opção correta. 
a) Constituições semirrígidas são as constituições 
que possuem um conjunto de normas que não 
podem ser alteradas pelo constituinte derivado. 
b) Constituições populares são aquelas 
promulgadas apenas após a ratificação, pelos 
titulares do poder constituinte originário, do texto 
aprovado pelos integrantes da Assembléia 
Nacional Constituinte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
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35 
c) Em decorrência do princípio federativo, a 
União, os Estados, o Distrito Federal, os 
Municípios e os Territórios são entes da 
organização políticoadministrativa do Brasil. 
d) Nos termos da Constituição de 1988, o Brasil 
adota a república como sistema de governo, 
elegendo, portanto, o princípio republicano como 
um dos princípios fundamentais do Estado 
brasileiro. 
e) O comparecimento de Ministro de Estado ao 
Senado Federal, por iniciativa própria, para expor 
assunto de relevância de seu Ministério é uma 
exceção ao princípio de separação dos poderes. 
 
04. (ESAF.APO.SEFAZ.SP.09) As opções desta 
questão contêm fundamentos e objetivos 
fundamentais da República Federativa do Brasil, 
nos termos da Constituição Federal de 1988. 
Assinale a opção que contempla apenas 
fundamentos. 
a) Soberania, solidariedade, valor social do 
trabalho. 
b) Cidadania, justiça, dignidade da pessoa 
humana. 
c) Cidadania, soberania, valor social da livre 
iniciativa. 
d) Liberdade, justiça, pluralismo político. 
e) Garantia do desenvolvimento nacional, 
solidariedade, dignidade da pessoa humana. 
 
05. (FCC.Advogado.INFRAERO.09) Sobre os 
princípios fundamentais na Constituição Federal 
brasileira de 1988, é INCORRETO afirmar: 
(A) Dentre os fundamentos da República não se 
incluem os valores sociais do trabalho e da livre 
iniciativa. 
(B) Erradicar a pobreza constitui um dos objetivos 
fundamentais da República Federativa do Brasil. 
(C) Os princípios da cidadania e da dignidade 
das pessoas são princípios relativos à vida 
política. 
(D) Construir uma sociedade livre, justa e 
solidária, e garantir o desenvolvimento nacional, 
constituem, dentre outros, objetivos fundamentais 
da República Federativa do Brasil. 
(E) A República Federativa do Brasil rege-se nas 
suas relações internacionais, dentre outros, pelos 
princípios da prevalência dos direitos humanos e 
da defesa da paz. 
 
06. (CESPE.Ténico.MPU.2010) A Constituição 
Federal de 1988 apresenta os chamados 
princípios fundamentais da República Federativa 
do Brasil, que incluem referências a sua forma de 
Estado, forma de governo e regime político. 
Deduz-se do texto constitucional que a República 
Federativa do Brasil é um Estado de Direito, o 
que limita o próprio poder do Estado e garante os 
direitos fundamentais dos particulares. 
 
07. (CESPE.Analista Processual.MPU.2010) 
Como decorrência do princípio da simetria e do 
princípio da separação dos poderes, as hipóteses 
de iniciativa reservada ao presidente da 
República, previstas na Constituição Federal, não 
podem ser estendidas aos governadores. 
 
08. (CESPE.Analista.MPU.2010) A dignidade da 
pessoa humana, um dos fundamentos da 
República Federativa do Brasil, apresenta-se 
como direito de proteção individual em relação ao 
Estado e aos demais indivíduos e como dever 
fundamental de tratamento igualitário dos 
próprios semelhantes. 
 
09. (CESPE.Analista de 
Infraestrutura.MPOG.2010) A dignidade da 
pessoa humana, os valores sociais do trabalho e 
da livre iniciativa, bem como a construção de 
sociedade livre, justa e solidária, figuram entre os 
fundamentos da República Federativa do Brasil. 
 
10. (CESPE.Analista de 
Infraestrutura.MPOG.2010) Em suas relações 
internacionais, a República federativa do Brasil 
rege-se, entre outros princípios, pelo da 
igualdade entre os estados, da não intervenção e 
da vedação à concessão de asilo político. 
 
11. (CESPE.Analista.SERPRO.2010) De acordo 
com a CF, a forma de governo republicana no 
Brasil é considerada cláusula pétrea e não pode 
ser modificada por emenda constitucional. 
 
12. (CESPE.Analista.INCA.2010) A livre iniciativa 
está entre os fundamentos da República 
Federativa do Brasil inseridos na CF, o que 
denota a opção do constituinte originário por uma 
economia de mercado capitalista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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36 
13. (CESPE.Técnico.ANEEL.2010) Os valores 
sociais do trabalho e da livre iniciativa, a 
construção de uma sociedade livre justa e 
solidária e a garantias do desenvolvimento 
nacional constituem fundamentos da República 
Federativa do Brasil. 
 
14. (ESAF Agente Fazenda RJ.2010) Dentro dos 
princípios fundamentais da Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988 e 
particularmente sobre aqueles que regem as 
relações internacionais da República, é incorreto 
afirmar que é um desses princípios a(o): 
a) independência nacional. 
b) prevalência dos direitos humanos. 
c) repúdio à concessão de asilo político. 
d) solução pacífica dos conflitos. 
e) igualdade entre os Estados. 
 
15. (ESAF Agente SUSEP 2010) Muito se tem 
falado acerca dos princípios constitucionais. 
Sobre tais princípios, é correto afirmar que: 
a) não há distinção entre os princípios 
constitucionais fundamentais e os princípios 
gerais do direito constitucional. 
b) os princípios regionais são os que regem e 
modelam o sistema normativo das instituições 
constitucionais, como os princípios regedores da 
Administração Pública. 
c) as normas-sínteses ou normas-matrizes
não 
têm eficácia plena e aplicabilidade imediata. 
d) os princípios jurídico-constitucionais não são 
princípios constitucionais gerais, todavia não se 
constituem em meros desdobramentos dos 
princípios fundamentais. 
e) quando a Constituição prevê que a ordem 
econômica e social tem por fim realizar a justiça 
social, não estamos diante de uma norma-fim, 
por não abranger todos os direitos econômicos e 
sociais, nem a toda a ordenação constitucional. 
 
16. (CESPE.Analista Judiciário.Área 
Administrativa.TRE/ES.2011) Constituem 
fundamentos da República Federativa do Brasil a 
dignidade da pessoa humana, a independência 
nacional e a igualdade entre as nações. 
 
17. (CESPE.Analista Judiciário.Área 
Judiciária.STM.2011) No exercício de sua 
autonomia política, os estados podem adotar o 
regime parlamentar de governo. 
 
18. (FCC.Defensor Público de Classe 
Inicial.DEFENSORIA PÚBLICA/RS.2011) O ideal 
preconizado na Constituição Federal de 1988 é o 
de instituir um Estado Democrático de Direito, 
cujo ponto de equilíbrio são os direitos 
fundamentais, que também limitam o poder 
estatal. Vários de seus dispositivos indicam o 
cidadão como um dos maiores protagonistas na 
tomada de decisões relevantes para o País, por 
isso ela também é denominada de Constituição 
Cidadã. Na prática, porém, a participação popular 
ainda é incipiente, tanto que poucas são as leis 
de iniciativa popular. 
De acordo com tais aspectos, é correto afirmar 
que 
(A) a Constituição Federal contempla um modelo 
de democracia participativa, também denominada 
semidireta. 
(B) a participação popular é exercida através do 
sufrágio universal, garantido a todos, sem 
exceção, bem como por meio do referendo. 
(C) todo o poder emana do povo, que o exerce 
sempre por meio de representantes eleitos pelo 
voto secreto. 
(D) a iniciativa popular propriamente dita 
consiste, no âmbito federal, na apresentação de 
projeto de lei ao Congresso Nacional, subscrito 
por 1% do eleitorado nacional, distribuído por 
pelo menos dez Estados-Federados, com não 
menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles. 
(E) a competência para autorizar referendo e 
convocar plebiscito é privativa do Congresso 
Nacional e é materializada por meio de 
resolução. 
 
19. (CESPE.Assistente em 
Administração.MINISTÉRIO DA 
EDUCAÇÃO/FUB.2011) Os objetivos 
fundamentais da República brasileira incluem a 
garantia do desenvolvimento nacional, a 
erradicação da pobreza e da marginalização, a 
redução das desigualdades sociais e regionais e 
a promoção do bem de todos, sem quaisquer 
preconceitos ou outras formas de discriminação. 
 
20. (CESPE.Assistente em 
Administração.MINISTÉRIO DA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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37 
EDUCAÇÃO/FUB.2011) O Brasil, como 
signatário de tratados e convenções 
internacionais, repudia a igualdade entre os 
Estados, já que os países menos desenvolvidos 
recebem ajuda financeira e humanitária dos 
países mais ricos como forma de cooperação 
entre os povos para o progresso da humanidade. 
 
21. (CESPE.Auxiliar de Pericia Médico-
Legal.PC/ES.2011) Os objetivos da República 
Federativa do Brasil incluem a erradicação da 
pobreza, a independência nacional e os valores 
sociais do trabalho. 
 
22. (CESPE.Auxiliar de Pericia Médico-
Legal.PC/ES.2011) A República Federativa do 
Brasil, formada pela união indissolúvel dos 
estados, dos municípios e do Distrito Federal, 
constitui Estado democrático de direito e tem por 
fundamentos, entre outros, a soberania, o 
pluralismo político, a prevalência dos direitos 
humanos e a construção de uma sociedade livre, 
justa e solidária. 
 
23. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário - 
Área Administrativa) O princípio da dignidade da 
pessoa humana possui um caráter absoluto, 
sendo um princípio primordial presente na 
Constituição Federal de 1988. 
 
24. (CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - 
Análise de Sistemas) No âmbito das relações 
internacionais, a República Federativa do Brasil 
adotou expressamente como princípio o repúdio 
ao terrorismo e ao racismo. 
 
25. (CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - 
Análise de Sistemas) Os fundamentos da 
República Federativa do Brasil incluem o 
pluralismo político e a cidadania. 
 
26. (CESPE - 2011 - IFB - Professor – Direito) A 
execução de determinação judicial, proferida nos 
autos de ação de investigação de paternidade, 
com o objetivo de conduzir coercitivamente o réu 
ao laboratório para coleta do material 
indispensável à feitura do exame DNA não viola o 
princípio da dignidade humana. 
 
27. (CESPE - 2011 - IFB - Professor – Direito) A 
utilização de idioma estrangeiro em atos 
processuais no país não ofende a soberania 
como fundamento da República Federativa do 
Brasil. 
 
28. (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito 
Papiloscópico) O dever que possuem os 
governantes de prestar contas de suas gestões 
decorre do princípio federativo. 
 
29. (CESPE - 2011 - PC-ES - Perito Criminal) 
Não viola o princípio constitucional da separação 
dos poderes a apreciação, pelo Poder Judiciário, 
do ato administrativo discricionário tido por ilegal 
e abusivo. 
 
30. (ESAF.ANALISTA.ADM.ANA.2009) Assinale 
a opção correta relativa aos poderes do Estado 
e respectivas funções e aos princípios 
fundamentais da Constituição Federal de 1988. 
a) Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, 
ou a ela se submeter, por isso que é dever de 
cidadania opor-se à ordem ilegal, ainda que 
emanada de autoridade judicial; caso contrário, 
nega-se o Estado de Direito. 
b) O pacto federativo sustenta-se na harmonia 
que deve presidir as relações institucionais entre 
as comunidades políticas que compõem o 
Estado Federal, e não legitima restrições de 
ordem constitucional que afetem o exercício da 
competência normativa em tema de exoneração 
tributária pertinente ao ICMS pelos Estados-
membros e Distrito Federal. 
c) O uso de algemas só é lícito em casos de 
resistência e de fundado receio de fuga ou de 
perigo à integridade física própria ou alheia, por 
parte do preso ou de terceiros, justificada 
previamente a excepcionalidade por escrito. 
d) A mera instauração de inquérito, ainda 
quando evidente a atipicidade da conduta, não 
constitui meio hábil a impor violação aos direitos 
fundamentais, em especial ao princípio da 
dignidade humana. 
e) A prova ilícita pode prevalecer em nome do 
princípio da proporcionalidade, do interesse 
público na eficácia da repressão penal em geral 
ou, em particular, na de determinados crimes; a 
dignidade humana não serve de salvaguarda à 
proscrição da prova ilícita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
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38 
31. (ESAF.AFC.CGU.2008) A República 
Federativa do Brasil possui fundamentos e as 
relações internacionais do País devem ser 
regidas por princípios. Assinale a única opção 
que contempla um fundamento da República e 
um princípio que deve reger as relações 
internacionais do Brasil. 
a) Soberania e dignidade da pessoa humana. 
b) Prevalência dos direitos humanos e 
independência nacional. 
c) Cidadania e valores sociais do trabalho e da 
livre iniciativa. 
d) Pluralismo político e repúdio ao terrorismo e 
ao racismo. 
e) Defesa da paz e solução pacífica dos 
conflitos. 
 
32. (ESAF.AFRF.2005) Sobre os princípios 
fundamentais da Constituição de 1988, marque 
a única opção correta. 
a) No caso do Federalismo brasileiro, a 
soberania é um atributo da União, o qual 
distingue esse ente da federação dos estados e 
municípios, ambos autônomos. 
b) A adoção da dignidade humana como 
fundamento da República Federativa do Brasil 
tem reflexos, no texto constitucional brasileiro, 
tanto na ordem econômica como na ordem 
social. 
c) A forma republicana de governo, como 
princípio fundamental do Estado brasileiro, tem 
expressa proteção no texto constitucional contra 
alterações por parte do poder constituinte 
derivado. 
d) A especialização funcional, elemento 
essencial do princípio
de divisão de poderes, 
implica o exercício exclusivo das funções do 
poder político – legislativa, executiva e judiciária 
– pelo órgão ao qual elas foram cometidas no 
texto constitucional. 
e) Segundo a doutrina, o princípio do Estado 
Democrático de Direito resulta da reunião formal 
dos elementos que integram o princípio do 
Estado Democrático e o princípio do Estado de 
Direito. 
 
33. (ESAF.Auditor.RN.2005) Sobre Poderes do 
Estado e respectivas funções, formas de Estado 
e formas e sistemas de governo, marque a única 
opção correta. 
a) A adoção do princípio de separação de 
poderes, inspirado nas lições de Montesquieu e 
materializado na atribuição das diferentes 
funções do poder estatal a órgãos diferentes, 
afastou a concepção clássica de que a unidade 
seria uma das características fundamentais do 
poder político. 
b) O Estado unitário distingue-se do Estado 
federal em razão da inexistência de repartição 
regional de poderes autônomos, o que não 
impede a existência, no Estado unitário, de uma 
descentralização administrativa do tipo 
autárquico. 
c) Em um Estado federal temos sempre presente 
uma entidade denominada União, que possui 
personalidade jurídica de direito público 
internacional, cabendo a ela a representação do 
Estado federal no plano internacional. 
d) O presidencialismo é a forma de governo que 
tem por característica reunir, em uma única 
autoridade, o Presidente da República, a Chefia 
do Estado e a Chefia do Governo. 
e) Sistema de governo pode ser definido como a 
maneira pela qual se dá a instituição do poder 
na sociedade e como se dá a relação entre 
governantes e governados. 
 
34. (ESAF.Auditor Fiscal do Trabalho. 2003) 
Analise as assertivas a seguir, relativas aos 
princípios fundamentais da Constituição 
Brasileira, e marque com V as verdadeiras e 
com F as falsas; em seguida, marque a opção 
correta. 
( ) Um dos elementos essenciais do princípio 
republicano é a obrigatoriedade de prestação de 
contas, pela administração pública, sob as 
penas da lei, no caso de descumprimento desta 
obrigação. 
( ) É elemento essencial do princípio federativo a 
concentração da soberania estatal na União, a 
quem compete a representação do Estado 
Federal no plano internacional. 
( ) A repartição de competências é o ponto 
nuclear da noção de Estado Federal, tendo a 
CF/88 adotado como princípio geral de 
repartição de competência a predominância do 
interesse. 
( ) São elementos essenciais do Estado de 
Direito: a submissão do Estado, seus agentes e 
dos particulares ao império da lei de cuja 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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39 
elaboração o povo participa direta ou 
indiretamente; a separação dos poderes e a 
enunciação dos direitos fundamentais. 
( ) Segundo o entendimento majoritário do STF, 
é possível a aplicação por analogia de um 
dispositivo constitucional integrante do 
denominado “sistema de freios e contrapesos”, 
quando o objetivo pretendido visa à defesa da 
ordem institucional. 
a) V, V, V, V, F 
b) V, F, V, V, F 
c) V, F, V, F, F 
d) F, V, V, F, V 
e) V, F, F, V, F 
 
35. (ESAF.Analista.MPOG.2005) Quanto aos 
princípios fundamentais da Constituição Federal 
de 1988, assinale a assertiva correta. 
a) A adoção do princípio federativo como um dos 
princípios fundamentais da República Federativa 
do Brasil implica a obrigação de que a União e 
os Estados possuam sistema de controle 
externo, sempre exercido pelo Poder Legislativo, 
e sistema de controle interno nos Poderes 
Legislativo, Executivo e Judiciário que atuarão 
de forma integrada. 
b) Decorre do princípio republicano a previsão 
constitucional da competência do presidente da 
República de manter relações com Estados 
estrangeiros. 
c) A possibilidade de um Parlamentar ser 
nomeado, em nível federal, Ministro de Estado 
sem a perda de seu mandato é, segundo a 
doutrina, uma exceção ao princípio de 
separação de poderes. 
d) O conteúdo do princípio do estado 
democrático de direito, no caso brasileiro, não 
guarda relação com o sistema de direitos 
fundamentais, uma vez que esse sistema possui 
disciplina própria no texto constitucional. 
e) O Estado brasileiro adota a soberania como 
um de seus fundamentos, assegurando ao titular 
da soberania o seu exercício direto, que se dá 
pela eleição de seus representantes. 
 
36. (ESAF.Analista Jurídico.SEFAZ.CE.2006) 
Acerca dos Princípios Fundamentais da 
Constituição Brasileira e da Organização dos 
Poderes do Estado, assinale a única opção 
correta. 
a) A República é a forma de organização do 
Estado adotada pela Constituição Federal de 
1988. Caracteriza-se pela temporariedade do 
mandato dos governantes e pelo processo 
eleitoral periódico. 
b) Constitui-se como objetivo fundamental da 
República Federativa do Brasil a promoção do 
bem de todos, sem qualquer tipo de preconceito 
ou formas de discriminação. A reserva de vagas 
nas Universidades Federais, a serem ocupadas 
exclusivamente por alunos egressos de escolas 
públicas, contraria a orientação constitucional. 
c) A Constituição Federal de 1988 prevê 
independência e harmonia entre os Poderes 
Legislativo, Executivo e Judiciário. Logo, ao 
declarar a inconstitucionalidade por omissão, 
determinando a órgão administrativo que edite 
norma no prazo de trinta dias, estaria o Poder 
Judiciário ferindo o princípio da independência 
dos poderes. 
d) A forma federativa, adotada pelo Sistema 
Constitucional Brasileiro, confere aos Estados 
federados autonomia para governar, administrar 
e legislar, sendo que uma de suas principais 
características é a indissolubilidade. 
e) A cidadania, um dos fundamentos da 
República Federativa do Brasil, constitui-se 
como a capacidade do indivíduo de exercício 
dos direitos políticos e condição para exercitar 
direitos e prerrogativas constitucionais, entre 
elas a propositura de ação civil pública. 
 
37. (FCC.Defensor.SP.09) Assinale a afirmativa 
correta. 
(A) Nosso federalismo prevê a atuação do poder 
constituinte derivado decorrente, por meio de 
instituições que correspondam à idéia 
centralizadora de afirmação do estado que atua 
em bloco único. 
(B) A teoria da „tripartição de poderes‟ confirma o 
princípio da indelegabilidade de atribuições, por 
isso qualquer exceção, mesmo advinda do poder 
constitucional originário, deve ser considerada 
inconstitucional. 
(C) O princípio do pluralismo político refere-se à 
ideologia unitária da preferência político-
partidária, já que nesse terreno é imperativa a 
aplicação da reserva da constituição. 
(D) Nas relações internacionais aplica-se o 
princípio constitucional da intervenção, com 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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40 
repúdio ao terrorismo e defesa da paz, além da 
solução pacífica dos conflitos. 
(E) O princípio republicano, que traduz a 
maneira como se dá a instituição do poder na 
sociedade e a relação entre governantes e 
governados, mantém-se na ordem 
constitucional, mas hoje não mais protegido 
formalmente contra emenda constitucional. 
 
Gabarito: 1 – D; 2 – A; 3 – E; 4 – C; 5 – A; 6 – C; 
7 – E; 8 – C; 9 – E; 10 – E; 11 – E; 12 – C; 13 – 
E; 14 – C; 15 – B; 16 – E; 17 – E; 18 – A; 19 – C; 
20 – E; 21 – E; 22 – E; 23 – E; 24 – C; 25 – C; 26 
– E; 27 – E; 28 – E; 29 – C; 30-A; 31-D; 32-B; 33-
B; 34-B; 35-C; 36-D;37-E. 
 
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MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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1 
Constituição: lei fundamental e suprema de um 
Estado. 
 
No conceito amplo de Const., todo Estado a 
possui. 
 
No conceito restrito, a Const. surge no final do 
séc. XVIII, com o movimento do 
constitucionalismo. 
 
Constitucionalismo primitivo, antigo, medieval, 
moderno, contemporâneo, neoconstitucionalismo. 
 
Neoconstitucionalismo: 2.ª metade do séc. XX 
(no Brasil, CF/88), pós-positivismo, reforço do 
controle de const. e nova hermenêutica const. 
 
Constitucionalismo
moderno: doc. escrito e 
supremo que organiza o Estado e limita o seu 
poder por DF e SP. 
 
Conceito ideal de Const. (séc. XIX): doc. escrito, 
separação de poderes e garantias da liberdade. 
 
- Elementos constitucionais: 
• orgânicos (PLeg, PExec, PJud); 
• limitativos (DFs); 
• sócio-ideológicos (ordem econ. e soc.); 
• estabilização const. (ADI, ADC,interv. fed., est. 
sítio, est. def., emendas const.); 
• formais de aplicabilidade (ADCT e art. 5.º, § 
1.º). 
 
Conceitos de Const.: 
 
 Sociológico: p/ Ferdinand Lassale, a const. 
real e efetiva é a soma dos reais fatores de poder 
e a const. escrita é a folha de papel. No conflito 
entre as duas, a 2.ª sempre sucumbe. 
 
 Político: p/ Carl Schmitt, a const. é decisão 
pol. fundamental e as meras leis const. não 
contêm essa matéria (ex.: art. 242, §2.º, da 
CF/88). 
 
 Jurídico: p/ Hans Kelsen, a const. jurídico-
positiva é a lei suprema e a const. lógico-jurídica 
é a norma hipotética fundamental. 
 
 Teoria da força normativa da Const. 
(Konrad Hesse): no embate entre os fatores reais 
de poder e a const. escrita, esta tem força p/ 
mudar a realidade soc., a depender da “vontade 
de const.”. 
 
 Concepção culturalista da Constituição 
(Herman Heller e, no Brasil, Meirelles Teixeira): a 
CF é expressão da cultura total de um povo. 
 Teoria da sociedade aberta dos 
intérpretes constitucionais (Peter Häberle). 
 Teoria da constitucionalização simbolica 
(Marcelo Neves) 
 
Classificação das Constituições 
 
 1) Qto. ao conteúdo - Const. material/ 
substancial (normas, inseridas ou não em doc. 
escrito q regulam a estrutura do est. e os DFs) e 
Const. formal (normas inseridas no 
texto escrito e rígido). 
 
 2) Qto. à forma - Const. escrita ou 
instrumental (escrita em um ou mais textos 
escritos, efeito racionalizador e de seg. jur.) e 
Const. ñ escrita, histórica, consuetudinária, 
costumeira (baseia-se em costumes, 
jurisprudência e textos esparsos). 
 
 3) Qto. à sistematização - Const. orgânica, 
unitextual, reduzida, codificada (um único doc.) e 
Const. inorgânica, variada, legal (mais de um 
doc. escrito). 
 
 4) Qto. à origem - Const. promulgada, 
democrática, votada, popular (particip. popular, 
assembl. nac. constituinte); Const. outorgada (s/ 
particip. popular); Const. pactuada, mista, 
dualista (pacto entre os titulares do poder 
constituinte) e Const. cesarista, bonapartista, 
plebiscitária, referendaria (outorgada c/ consulta 
popular). 
 
 5) Qto. ao modo de elaboração - Const. 
dogmática (escrita, elaborada c/ respeito aos 
dogmas das teorias pol. e jur. dominantes) e 
Const. histórica, costumeira, consuetud. (ñ 
escrita, fruto da lenta síntese histórica). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
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2 
 6) Qto. à estabilid., alterabilid., mutabilid. – 
Const. imutável, granítica, permanente (ñ admite 
proc. de alteração); Const. fixa (admite alteração 
pelo poder constituinte originário); Const. rígida 
(prevê alteração por proc. mais dificultoso do q o 
das leis comuns); Const. flexível (alterada pelo 
mesmo proc. da lei comum); e Const. semirrígida 
(parte rígida, parte flexível, Const. de 1824). 
 
 7) Qto. à extensão - Const. breve, 
concisa, sintética (poucos artigos, mais 
duradoura) e Const. longa, prolixa, analítica 
(extensa, regula todos os assuntos consid. 
relevantes). 
 
 8) Qto. à finalidade - Const.-garantia, 
negativa (limita o poder do Est. por lib. negativas 
/ impedimento) e Const.-dirigente (determina 
tarefas p/ o Est., normas programáticas) e Const.-
balanço (retrata a sit. existente, const. soviéticas). 
 
 9) Qto. à ideologia - Const. ortodoxa, 
simples (uma única ideologia) e Const. eclética, 
pluralista, compromissória (abriga diversas 
ideologias). 
 
 10) Qto. ao objeto - Const liberal (limita-se 
a organizar o Est., séc. XVIII e XIX) e Const. 
social (normas sobre ordem econ. e soc., welfare 
state, séc. XX). 
 
 11) Qto à concordância entre as normas 
const. e o proc. pol. - Const. normativa (mto. 
eficaz, o poder pol. submete-se à Const.); Const. 
nominal (o poder pol. não respeita a const., mas 
há essa pretensão no futuro); e Const. semântica 
(a const. não domina o proc. pol. nem há essa 
pretensão, ditaduras). 
 
 12) CF/88 – formal, escrita (instrumental), 
codificada (reduzida, orgânica), promulgada 
(democrática), dogmática, rígida, analítica (longa, 
prolixa), dirigente, eclética (pluralista, 
compromiss.), social e nominal (ou normativa, p/ 
alguns). 
 
11. (ESAF.APO.SEFAZ.SP.09) Assinale a 
opção correta relativa à classificação da 
Constituição Federal de 1988. 
 
a) É costumeira, rígida, analítica. 
b) É parcialmente inalterável, outorgada, 
sintética. 
c) É rígida, outorgada, analítica. 
d) É rígida, parcialmente inalterável, promulgada. 
e) É flexível, promulgada, analítica. 
 
15. (ESAF.Analista Jurídico.SEFAZ.CE.2006) 
Sobre a classificação das Constituições e o 
Sistema Constitucional vigente, assinale a 
única opção correta. 
 
a) A Constituição Federal de 1988 é considerada, 
em relação à estabilidade, como semirrígida, na 
medida em que a sua alteração exige um 
processo legislativo especial. 
b) No que se refere à origem, a Constituição 
Federal de 1988 é considerada outorgada, haja 
vista ser proveniente de um órgão constituinte 
composto de representantes eleitos pelo povo. 
c) A constituição escrita apresenta-se como um 
conjunto de regras sistematizadas em um único 
documento. A existência de outras normas com 
status constitucional, per se, não é capaz de 
descaracterizar essa condição. 
d) As constituições dogmáticas, como é o caso 
da Constituição Federal de 1988, são sempre 
escritas, e apresentam, de forma sistematizada, 
os princípios e ideias fundamentais da teoria 
política e do direito dominante à época. 
e) Nas constituições materiais, como é o caso da 
Constituição Federal de 1988, as matérias 
inseridas no documento escrito, mesmo aquelas 
não consideradas “essencialmente 
constitucionais”, possuem status constitucional. 
 
18. (ESAF.Auditor Fiscal do Trabalho. 2003) 
analise as assertivas a seguir, relativas à 
eficácia das normas constitucionais e às 
concepções de constituição, e marque com V 
as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, 
marque a opção correta. 
 
( ) A concepção de constituição, defendida por 
Konrad Hesse, não tem pontos em comum com a 
concepção de constituição defendida por 
Ferdinand Lassale, uma vez que, para Konrad 
Hesse, os fatores históricos, políticos e sociais 
presentes na sociedade não concorrem para a 
força normativa da constituição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Constitucional 
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3 
( ) Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato 
imaterial instaurador do processo de criação das 
normas positivas, seria a constituição em seu 
sentido lógico-jurídico. 
 
( ) A constituição, na sua concepção formal, seria 
um conjunto de normas legislativas que se 
distinguem das não constitucionais em razão de 
serem produzidas por processo legislativo mais 
dificultoso, o qual pode se materializar sob a 
forma da necessidade de um órgão legislativo 
especial para elaborar a Constituição – 
Assembléia Constituinte – ou sob a forma de um 
quorum superior ao exigido para a aprovação, no 
Congresso Nacional das leis ordinárias. 
 
27. (ESAF.AFRF.09) Marque a opção incorreta. 
 
a) A constituição escrita, também denominada de 
constituição instrumental, aponta efeito 
racionalizador, estabilizante, de segurança 
jurídica e de calculabilidade e publicidade. 
b) A constituição dogmática se apresenta como 
produto escrito e sistematizado por um órgão 
constituinte, a partir de princípios e ideias 
fundamentais da teoria política e do direito 
dominante. 
c) O conceito ideal de constituição, o qual surgiu 
no movimento constitucional do século XIX, 
considera como um de seus elementos materiais 
caracterizadores que a constituição não deve ser 
escrita.
e) A constituição sintética, que é constituição 
negativa, caracteriza-se por ser construtora 
apenas de liberdade-negativa ou liberdade-
impedimento, oposta à autoridade. 
 
Estrutura da CF/88: 
 
Preâmbulo - proclamação de princípios. Ñ é 
norma const., mas possui valor interpretativo. 
 
Parte dogmática - texto permanente (art. 1.º ao 
250) 
 
ADCT - normas de eficácia temporária ou que 
promovem a transição entre as const. 
Emendas const. – possuem artigos autônomos 
que também integram a const. formal. 
 TIDH – aqueles aprovados pelo rito do art. 
5.º, § 3.º, da CF têm força const. 
 
Normas constitucionais (NCs) 
 
Características: 
 
• superioridade hierárquica; 
• linguagem mais aberta e menor densidade 
normativa (mais princípios do q regras); 
• conteúdo específico (organização do Est., 
DFs, etc.); 
• caráter político (a Const. legitima o poder 
transferido pela soc. ao Est.). 
 
Aplicabilid. das NCs 
 
Todas as NCs possuem ef. jurídica, ainda que 
negativa (força impeditiva e paralisante). Qto. à 
ef. social/efetividade, as NCs são classificadas 
em: 
 
a) NCs de ef. plena - produzem todos os ef. 
essenciais, dotadas de normativid. suficiente, 
aplicab. imediata/ direta/ integral (arts. 1.º, 4.º, 
5.º,caput, IV, XXXV e XXXVI, 15, 17, §4.º, 21, 30, 
44, 76, 145, 153 e 230, §2.º). 
 
b) NCs de ef. contida ou restringível - tb. dotadas 
de normativ. suficiente, aplicab. imediata/direta, 
mas possivelmente não integral. Elas são 
restringíveis no futuro: pelo legislador, por 
conceitos ético-jurídicos ou por outras NCs. (arts. 
5.º, XIII, 37, I, 136, 34, I, 144, 5.º, XVI e 5.º, 
XXII). 
 
c) NCs de ef. limitada – ef. social depende de lei 
regulamentadora, aplicab. 
mediata/indireta/reduzida/ diferida. 
Elas dividem-se em: 
 c.1) norma de princ. programático (traça 
programas soc. de gov. e finalid. p/ o Est. – arts. 
3.º, 7.º, XI, XX, XXVII, 173,.§ 4.º, 216, §3.º, 184, 
193, 215, 217, 218). 
 c.2) norma de princ. institutivo ou organizativo 
(traça esquema geral de estruturação de órgãos 
ou institutos jur.), subdivididas em impositivas ou 
peremptórias (arts. 20, §2.º, 33, 88, art. 109, VI, e 
121) e facultativas ou permissivas (arts. 22, § 
único, 125, §3.º, 125,§6.º). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 
Todas as NCs, mesmo as programáticas, 
possuem ef. jur. e obrigam todos os poderes 
públ. 
 
18. (ESAF.Auditor Fiscal do Trabalho. 2003) 
Analise as assertivas a seguir, relativas à 
eficácia das normas constitucionais e às 
concepções de constituição, e marque com V 
as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, 
marque a opção correta. 
 
( ) Segundo a melhor doutrina, as normas de 
eficácia contida são de aplicabilidade direta e 
imediata, no entanto, podem ter seu âmbito de 
aplicação restringido por uma legislação futura, 
por outras normas constitucionais ou por 
conceitos ético-jurídicos. 
 
( ) Segundo a melhor doutrina, as normas 
constitucionais de eficácia limitada são do tipo 
normas declaratórias de princípios institutivos 
quando: determinam ao legislador, em termos 
peremptórios, a emissão de uma legislação 
integrativa; ou facultam ao legislador a 
possibilidade de elaborar uma lei, na forma, 
condições e para os fins previstos; ou possuem 
esquemas gerais, que dão a estrutura básica da 
instituição, órgão ou entidade a que se referem, 
deixando para o legislador ordinário a tarefa de 
estruturá-los, em definitivo, mediante lei. 
 
78. (ESAF.Procurador.PGFN.2007) Assinale a 
opção correta. 
 
a) As normas programáticas não são auto-
aplicáveis porque retratam apenas diretrizes 
políticas que devem ser alcançadas pelo Estado 
Brasileiro, não possuindo caráter vinculante 
imediato. 
b) As normas definidoras de direitos e garantias 
fundamentais são consideradas normas de 
aplicação mediata, embora direta e 
potencialmente não integral. 
c) É auto-aplicável a norma constitucional que 
prevê que a atividade jurisdicional será 
ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas nos 
juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, 
nos dias em que não houver expediente forense 
normal, juízes em plantão permanente. 
d) A norma constitucional que prevê que a lei só 
poderá restringir a publicidade dos atos 
processuais quando a defesa da intimidade ou o 
interesse social o exigirem é de eficácia limitada. 
e) No caso das normas constitucionais de 
eficácia contida, a atividade integradora do 
legislador infraconstitucional é vinculada e não 
discricionária, ante a necessidade, para fins de 
auto-execução, de delimitar o ambiente da sua 
atuação restritiva. 
 
81. (ESAF.AFT.2009) A doutrina 
constitucionalista tem comentado muito sobre 
os direitos dos trabalhadores garantidos 
constitucionalmente. Sobre tais direitos, 
considerando a doutrina de José Afonso da 
Silva, é correto afirmar que: 
 
a) a distinção entre trabalhadores urbanos e 
rurais ainda tem sua importância, pois ainda não 
gozam dos mesmos direitos. 
b) a garantia do emprego previsto pela 
Constituição não é, por si só, suficiente bastante 
para gerar o direito nela previsto, necessitando, 
por isso, de regulamentação. 
c) a Constituição Federal garantiu o direito ao 
gozo de férias anuais remuneradas 
estabelecendo o período de 30 dias. 
d) a Constituição conferiu direito à participação 
nos lucros ou resultados da empresa. Tal direito 
já pode ser exercido de imediato, em razão de a 
norma constitucional ser auto-aplicável. 
e) a proteção do mercado de trabalho da mulher 
não é auto-aplicável. 
 
75. (ESAF.EPPG.MPOG.2009) Assinale a 
opção correta, acerca das normas 
constitucionais e da teoria geral da 
Constituição. 
 
a) São constitucionais as normas que dizem 
respeito aos limites e atribuições respectivas dos 
poderes políticos, e aos direitos fundamentais. As 
demais disposições que estejam na Constituição 
podem ser alteradas pelo quórum exigido para a 
aprovação das leis ordinárias. 
b) A Constituição contém normas fundamentais 
da ordenação estatal que servem para regular os 
princípios básicos relativos ao território, à 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
5 
população, ao governo, à finalidade do Estado e 
suas relações recíprocas. 
c) A constituição material é o peculiar modo de 
existir do Estado, reduzido, sob a forma escrita, a 
um documento solenemente estabelecido pelo 
poder constituinte e somente modificável por 
processos e formalidades especiais nela própria 
estabelecidos. 
d) A constituição formal designa as normas 
escritas ou costumeiras, inseridas ou não num 
documento escrito, que regulam a estrutura do 
Estado, a organização dos seus órgãos e os 
direitos fundamentais. 
e) São classificadas como dogmáticas, escritas e 
outorgadas as constituições que se originam de 
um órgão constituinte composto por 
representantes do povo eleitos para o fim de as 
elaborar e estabelecer, das quais são exemplos 
as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 
e 1988. 
 
 
 
 
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MÓDULO TEÓRICO AFT 
Direito Constitucional 
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1 
 Os princípios são a base do ordenamento 
jurídico e possuem funções: normogenética, 
interpretativa, integradora e sistemática. 
 
 São características dos princípios 
jurídicos: 
a) alta generalidade, indeterminação e abstração; 
b) força normativa (as normas jurídicas são 
regras e princípios); 
c) aplicam-se na dimensão de peso e são 
mandados de otimização. As regras aplicam-se 
na lógica do tudo ou nada pelos critérios: 
cronológico, hierárquico e da especialidade. 
 
 Na colisão de princípios, faz-se a 
ponderação de interesses com o princípio da 
proporcionalidade. 
 
 Tipologia dos princípios constitucionais: 
a) positivados e não positivados ou implícitos 
(ex.: princípio da proporcionalidade, deduzido do 
art. 5.º, LIV, da CF); 
b) político-constitucionais (ex.: federação e 
república) e jurídico-constitucionais
(ex.: ampla 
defesa e juiz natural); 
c) gerais (ex.: legalidade, isonomia, devido 
processo legal) e setoriais ou regionais (referem-
se a determinado tema ou ramo do Direito: 
princípios da Administração Pública, legalidade 
tributária e penal, etc.). 
d) Princípios gerais do Direito Constitu-cional 
(ex.: supremacia da constituição, princípio da 
rigidez constitucional) e princípios constitucionais 
fundamentais (exs.: arts. 1º ao 4º). Alguns destes 
são normas-síntese ou normas-matriz (ex: 
“República Federativa do Brasil” e “Estado 
Democrático de Direito”), as quais possuem 
aplicabilidade direta e imediata. 
 
 Princípios fundamentais (CF, arts. 1.º ao 
4.º): 
 
a) Fundamentos da R.F.B.: SO – DI – CI – VA – 
PLU. 
b) Objetivos fundamentais do Brasil: CO – RE – 
ER – PROMO – GA. 
c) Princípios do Brasil em suas relações 
internacionais (art. 4º). 
 
15. (ESAF Agente SUSEP 2010) Muito se tem 
falado acerca dos princípios constitucionais. 
Sobre tais princípios, é correto afirmar que: 
 
a) não há distinção entre os princípios 
constitucionais fundamentais e os princípios 
gerais do direito constitucional. 
b) os princípios regionais são os que regem e 
modelam o sistema normativo das instituições 
constitucionais, como os princípios regedores da 
Administração Pública. 
c) as normas-sínteses ou normas-matrizes não 
têm eficácia plena e aplicabilidade imediata. 
d) os princípios jurídico-constitucionais não são 
princípios constitucionais gerais, todavia não se 
constituem em meros desdobramentos dos 
princípios fundamentais. 
e) quando a Constituição prevê que a ordem 
econômica e social tem por fim realizar a justiça 
social, não estamos diante de uma norma-fim, 
por não abranger todos os direitos econômicos e 
sociais, nem a toda a ordenação constitucional. 
 
 Princípio do Estado Democrático de Direito 
(EDD): resultado da soma dos princípios do: 
 
a) Estado Liberal de Direito = legalidade + 
separação de poderes + dir. de 1ª geração; 
b) Estado Social de Direito = intervenção estatal 
+ justiça social + dir. de 2ª geração; 
A eles, soma-se um 3.º componente 
revolucionário ou de transformação social. A lei 
no EDD não basta ser geral e abstrata, mas deve 
promover a justiça social. 
O Brasil adotou a democracia semidireta ou 
participativa (CF, art. 14). 
 
 Forma de governo diz como o poder 
político é adquirido e exercido ou da relação 
entre governantes e governados. 
 
São características da forma de governo 
republicana: 
a) o poder político é adquirido por meio de 
eleições e exercido de maneira temporária (poder 
eletivo e temporário); 
b) os governantes são representantes do povo e 
exercem o poder em seu nome; 
c) é prevista a responsabilização dos 
governantes que gerenciem mal a coisa pública 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO AFT 
Direito Constitucional 
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2 
(res publica, coisa do povo), daí a necessidade 
de prestação de contas e o dever de publicidade 
e transparência. 
d) afirma-se o princípio da isonomia, pelo qual 
todos são iguais perante a lei, e condena-se os 
privilégios. 
 
Já a monarquia é caracterizada pelo: 
a) poder político adquirido pela hereditariedade e 
exercido de forma vitalícia (poder hereditário e 
vitalício); 
b) os governantes não são representantes eleitos 
do povo; 
c) não há previsão de responsabilização do 
monarca ou de prestação de contas. 
 
 Forma de Estado: revela como o poder 
político se encontra distribuído no território. 
 
 No Estado unitário, há, no máximo, 
descentralização administrativa do tipo 
autárquica e existe uma esfera única de poder 
político no território. 
 No Estado composto/complexo, há 
pluralidade de entidades governamentais e 
descentralização político-administrativa. 
 
O Estado composto divide-se em: 
 
a) confederação: união de Estados soberanos 
por tratado internacional. Há o direito de 
secessão; 
b) federação: união de Estados autônomos por 
vínculo constitucional. Não há direito de 
secessão. 
 
A R.F.B. é soberana, a União, estados, DF e 
municípios possuem autonomia (auto-
organização, autogoverno e autoadminis-tração – 
F.A.L.T.O.P.). 
 
 Sistema de governo dispõe sobre a relação 
entre os Poderes Legislativo e Executivo. 
 
São características do sistema presidencialista: 
 
a) Poder Executivo monocrático (P.R. acumula a 
chefia de Estado e de governo); 
b) Ministro de Estado são auxiliares do P.R., de 
livre nomeação e exoneração; 
c) O Legislativo não pode ser dissolvido ao 
mesmo tempo em que o P.R. é eleito para 
mandato fixo e não depende da confiança do 
Legislativo; 
d) relação entre Legislativo e Executivo rígida 
(independência e harmonia). 
e) típico das repúblicas. 
São características do sistema parlamentarista: 
 
a) Executivo dual (1.º Ministro e Rei ou PR); 
b) o Parlamento possui função política e 
governamental; 
c) interdependência e colaboração entre 
Legislativo e Executivo (1.º Ministro não tem 
mandato fixo e cai pelo voto de desconfiança; o 
Rei pode dissolver o parlamento). 
d) típico das monarquias, mas também de 
repúblicas (ex.: França e Portugal). 
 
 CF/88: forma de Estado federativa, forma 
de governo republicana, sistema de governo 
presidencialista. 
 
 A Federação é cláusula pétrea da CF/88 
(art. 60, § 4.º). 
 
 A República é princípio constitucional 
sensível (art. 34, VII). 
 
 Princípio da separação de poderes (SP): 
melhor falar em separação das funções estatais 
(poder político é uno, indivisível e indelegável). 
 
 Concepção flexível da SP: separação não 
absoluta (ex.: Executivo legisla por MPs e leis 
delegadas, o Legislativo julga o P.R. no 
impeachment); e sistema de freios e contrapesos, 
cujos exemplos são: 
 
a) veto do PR (art. 66); 
b) iniciativa legislativa privativa do P.R. (art. 
61,§1.º); 
c) declaração de inconstitucionalidade das leis 
pelo Judiciário; 
d) nomeação de membros do Judiciário pelo P.R. 
com sabatina do Senado Federal (arts. 101, 104, 
52, III...); 
e) deputados e senadores exercerem cargos de 
ministro de Estado sem perder o mandato (art. 
56, I). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO AFT 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
3 
2. (ESAF.AFC.2005) [...] 
 
d) Forma de governo diz respeito ao modo como 
se relacionam os poderes, especialmente os 
Poderes Legislativo e Executivo, sendo os 
Estados, segundo a classificação dualista de 
Maquiavel, divididos em repúblicas ou 
monarquias. 
e) A divisão fundamental de formas de Estados 
dá-se entre Estado simples ou unitário e Estado 
composto ou complexo, sendo que o primeiro 
tanto pode ser Estado unitário centralizado como 
Estado unitário descentralizado ou regional. 
 
01. (ESAF.Auditor-Fiscal do Trabalho.2006) 
Sobre princípios fundamentais da 
Constituição Brasileira, marque a única opção 
correta. 
 
a) Na República Federativa do Brasil, a União 
exerce a soberania do Estado brasileiro e se 
constitui em pessoa jurídica de Direito Público 
Internacional, a fim de que possa exercer o 
direito de celebrar tratados, no plano 
internacional. 
b) A forma republicana não implica a 
necessidade de legitimidade popular do 
presidente da República, razão pela qual a 
periodicidade das eleições não é elemento 
essencial desse princípio. 
c) Segundo a doutrina, “distinção de funções do 
poder” e “divisão de poderes” são expressões 
sinônimas e, no caso brasileiro, é um dos 
princípios fundamentais da República Federativa 
do Brasil. 
d) A concretização do Estado Democrático de 
Direito como um Estado de Justiça material 
contempla a efetiva implementação de um 
processo de incorporação de todo o povo 
brasileiro nos mecanismos de controle das 
decisões. 
e) Na condição de fundamento da República 
Federativa do Brasil, a dignidade da pessoa 
humana tem seu sentido restrito à defesa e à 
garantia dos direitos pessoais ou individuais de 
primeira geração ou dimensão. 
 
30. (ESAF.ANALISTA.ADM.ANA.2009) 
Assinale a opção correta relativa aos poderes 
do Estado e respectivas funções
e aos 
princípios fundamentais da Constituição 
Federal de 1988. 
 
a) Ninguém é obrigado a cumprir ordem ilegal, ou 
a ela se submeter, por isso que é dever de 
cidadania opor-se à ordem ilegal, ainda que 
emanada de autoridade judicial; caso contrário, 
nega-se o Estado de Direito. 
b) O pacto federativo sustenta-se na harmonia 
que deve presidir as relações institucionais entre 
as comunidades políticas que compõem o Estado 
Federal, e não legitima restrições de ordem 
constitucional que afetem o exercício da 
competência normativa em tema de exoneração 
tributária pertinente ao ICMS pelos Estados-
membros e Distrito Federal. 
c) O uso de algemas só é lícito em casos de 
resistência e de fundado receio de fuga ou de 
perigo à integridade física própria ou alheia, por 
parte do preso ou de terceiros, justificada 
previamente a excepcionalidade por escrito. 
d) A mera instauração de inquérito, ainda quando 
evidente a atipicidade da conduta, não constitui 
meio hábil a impor violação aos direitos 
fundamentais, em especial ao princípio da 
dignidade humana. 
e) A prova ilícita pode prevalecer em nome do 
princípio da proporcionalidade, do interesse 
público na eficácia da repressão penal em geral 
ou, em particular, na de determinados crimes; a 
dignidade humana não serve de salvaguarda à 
proscrição da prova ilícita. 
 
33. (ESAF.Auditor.RN.2005) Sobre Poderes do 
Estado e respectivas funções, formas de 
Estado e formas e sistemas de governo, 
marque a única opção correta. 
 
a) A adoção do princípio de separação de 
poderes, inspirado nas lições de Montesquieu e 
materializado na atribuição das diferentes 
funções do poder estatal a órgãos diferentes, 
afastou a concepção clássica de que a unidade 
seria uma das características fundamentais do 
poder político. 
b) O Estado unitário distingue-se do Estado 
federal em razão da inexistência de repartição 
regional de poderes autônomos, o que não 
impede a existência, no Estado unitário, de uma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO AFT 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
4 
descentralização administrativa do tipo 
autárquico. 
c) Em um Estado federal temos sempre presente 
uma entidade denominada União, que possui 
personalidade jurídica de direito público 
internacional, cabendo a ela a representação do 
Estado federal no plano internacional. 
d) O presidencialismo é a forma de governo que 
tem por característica reunir, em uma única 
autoridade, o Presidente da República, a Chefia 
do Estado e a Chefia do Governo. 
e) Sistema de governo pode ser definido como a 
maneira pela qual se dá a instituição do poder na 
sociedade e como se dá a relação entre 
governantes e governados. 
 
34. (ESAF.Auditor Fiscal do Trabalho. 2003) 
Analise as assertivas a seguir, relativas aos 
princípios fundamentais da Constituição 
Brasileira, e marque com V as verdadeiras e 
com F as falsas; em seguida, marque a opção 
correta. 
( ) Um dos elementos essenciais do princípio 
republicano é a obrigatoriedade de prestação de 
contas, pela administração pública, sob as penas 
da lei, no caso de descumprimento desta 
obrigação. 
( ) É elemento essencial do princípio federativo a 
concentração da soberania estatal na União, a 
quem compete a representação do Estado 
Federal no plano internacional. 
( ) A repartição de competências é o ponto 
nuclear da noção de Estado Federal, tendo a 
CF/88 adotado como princípio geral de repartição 
de competência a predominância do interesse. 
( ) São elementos essenciais do Estado de 
Direito: a submissão do Estado, seus agentes e 
dos particulares ao império da lei de cuja 
elaboração o povo participa direta ou 
indiretamente; a separação dos poderes e a 
enunciação dos direitos fundamentais. 
( ) Segundo o entendimento majoritário do STF, é 
possível a aplicação por analogia de um 
dispositivo constitucional integrante do 
denominado “sistema de freios e contrapesos”, 
quando o objetivo pretendido visa à defesa da 
ordem institucional. 
 
a) V, V, V, V, F 
b) V, F, V, V, F 
c) V, F, V, F, F 
d) F, V, V, F, V 
e) V, F, F, V, F 
 
 
 
 
APOSTILA Aula 05.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Civil 
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1 
Teoria do Fato, Ato e Negócio Jurídico 
Tema V 
 
1. Classificação 
 
a) Fatos Materiais 
 
b) Fatos Jurídicos 
 
b.1) Naturais (fatos jurídicos stricto senso) 
b.1.1 ) Ordinários 
b.1.2) Extraordinários 
b.2) Humanos (Atos Jurídicos ou fato jurídico lato 
sensu) 
 
b.2.1) Lícitos 
b.2.1.1) Atos Jurídicos Stricto Senso 
b.2.1.1) Negócios Jurídicos 
 
 b.2.2) Ilícitos 
 
2. Conceito 
 
3. Planos 
 
3.1 Existência 
 
a) Agente 
b) Objeto 
c) Forma 
d) Vontade Exteriorizada 
3.2 Validade 
 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou 
determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
# Vontade não pode ser viciada. 
 
- CAPACIDADE DO AGENTE – AULA DE 
PESSOA FÍSICA. 
 
- OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO 
OU DETERMINÁVEL. 
 
- FORMA PRESCRITA OU NÃO DEFESA EM 
LEI: 
 
Art. 107. A validade da declaração de vontade 
não dependerá de forma especial, senão quando 
a lei expressamente a exigir. 
 
Hipótese em que a vontade é vinculada: 
 
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a 
escritura pública é essencial à validade dos 
negócios jurídicos que visem à constituição, 
transferência, modificação ou renúncia de direitos 
reais sobre imóveis de valor superior a trinta 
vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
 
- CONSENTIMENTO: é admitido, em algumas 
hipóteses, pelo silêncio. Art. 111 do CC: 
 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as 
circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não 
for necessária a declaração de vontade expressa. 
 
3.2.1 Teoria das Invalidades 
 
Duas observações iniciais: 
 
I. As nulidades nunca são implícitas (exigem 
sempre texto de lei). Não há nulidade, seja 
absoluta ou anulabilidade (relativa), sem 
disposição legal. 
 
II. Não há nulidade sem prejuízo (brocardo 
francês), na ótica do art. 249, parágrafo único do 
CPC. Sobre o tema vide informativos 387 e 394 
do STJ. 
 
a) Nulidade Absoluta 
 
Hipóteses: 
 
Art.166. É nulo o negócio jurídico quando: 
 
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; 
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu 
objeto; 
III - o motivo determinante, comum a ambas as 
partes, for ilícito; 
IV - não revestir a forma prescrita em lei; 
 
V - for preterida alguma solenidade que a lei 
considere essencial para a sua validade; 
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Civil 
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2 
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou 
proibir-lhe a prática, sem cominar sanção. 
 
Características: 
 
1. O ato nulo atinge interesse público superior; 
2. Opera-se de pleno Direito (ope legis); 
3. Não admite confirmação (ratificação), mas 
pode ser convertido; 
4. Pode ser argüida pelas partes, por terceiro 
interessado, pelo Ministério Público, quando lhe 
couber intervir, ou, até mesmo, pronunciada de 
ofício pelo Juiz ex ofício; 
5. A ação declaratória de nulidade é decidida por 
sentença de natureza declaratória de efeitos “ex 
tunc”; 
6. A nulidade, segundo o novo Código Civil, pode 
ser reconhecida a qualquer tempo, não se 
sujeitando a prazo prescricional (imprescritível) 
ou decadencial. 
 
# Atenção: apesar de o juiz poder reconhecer ex 
ofício a nulidade, ele não tem permissão para 
supri-la, ainda que a requerimento da parte (art. 
168 p.u, CC/02). 
 
Parágrafo único. As nulidades devem ser 
pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do 
negócio jurídico ou dos seus efeitos e as 
encontrar provadas, não lhe sendo permitido 
supri-las, ainda que a requerimento das partes. 
 
b) Nulidade Relativa (Anulabilidade) 
 
Hipóteses: 
 
Art. 171. Além dos casos expressamente 
declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: 
I - por incapacidade relativa do agente; 
II - por vício resultante de
erro, dolo, coação, 
estado de perigo, lesão ou fraude contra 
credores. 
 
Características: 
 
1. O ato anulável atinge interesses particulares, 
legalmente tutelados (por isso a gravidade não é 
tão relevante quanto na hipótese de nulidade); 
2. Não se opera de pleno Direito (ope iudicis); 
3. Admite confirmação expressa ou tácita 
(ratificação); 
4. Somente pode ser argüida pelos legítimos 
interessados; 
5. A anulabilidade somente pode ser argüida, 
pela via judicial, em prazos decadenciais de 4 
(regra geral) ou 2 (regra supletiva) anos, salvo 
norma específica sem sentido contrário (art. 178 
e 179). 
 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência 
para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, 
contado: 
 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, 
estado de perigo ou lesão, do dia em que se 
realizou o negócio jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia em que 
cessar a incapacidade. 
 
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado 
ato é anulável, sem estabelecer prazo para 
pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a 
contar da data da conclusão do ato. 
 
c) Princípio da Conservação dos Atos 
 
I) Conversão Substancial 
 
É uma medida sanatória por meio da qual 
aproveitam-se os elementos materiais de um 
negócio jurídico inválido, convertendo-o em 
negócio válido de fins lícitos. Está prevista no art. 
170 e consiste na recategorização de 
determinado negócio para outro de diferente 
espécie, respeitadas determinadas 
circunstâncias. 
 
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo 
contiver os requisitos de outro, subsistirá este 
quando o fim a que visavam as partes permitir 
supor que o teriam querido, se houvessem 
previsto a nulidade. 
 
# Exemplos: 
 
a) Compra e venda por escritura particular de 
imóvel acima de 30 salários: juiz pode considerar 
convertendo em promessa de compra e venda, e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 
depois possibilitando a adjudicação compulsória 
do bem 
 
b) Nota cambial nula por vício de forma e assina 
pode ser convertida pelo magistrado em 
confissão de dívida através de ação monitória. 
 
II) Ratificação (Saneamento, Convalidação Ou 
Confirmação): 
 
Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetível 
de confirmação, nem convalesce pelo decurso do 
tempo. 
 
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirmado 
pelas partes, salvo direito de terceiro. 
 
III) Redução do Negócio Jurídico 
 
Permite uma invalidada parcial. 
 
Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a 
invalidade parcial de um negócio jurídico não o 
prejudicará na parte válida, se esta for separável; 
a invalidade da obrigação principal implica a das 
obrigações acessórias, mas a destas não induz a 
da obrigação principal. 
 
Como é na hora da prova? 
 
7. (AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL - 
2009 – ESAF) 
A nulidade absoluta do negócio jurídico: 
 
a) somente poderá ser alegada pelos 
prejudicados, não podendo ser decretada de 
ofício pelo juiz. 
b) só aproveitará à parte que a alegou, com 
exceção de indivisibilidade ou solidariedade. 
c) poderá ser argüida por qualquer interessado, 
pelo Ministério Público, quando lhe couber 
intervir. 
d) poderá ser suprida pelo juiz e suscetível de 
confirmação e de convalidação pelo decurso do 
tempo. 
e) será decretada se ele for praticado por pessoa 
relativamente incapaz sem a devida assistência 
de seus legítimos representantes legais. 
 
3.3 Eficácia 
 
Tem como elementos acidentais ou acessórios: 
 
a) Condição 
 
Conceito: 
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, 
derivando exclusivamente da vontade das partes, 
subordina o efeito do negócio jurídico a evento 
futuro e incerto. 
Classificação: 
 
I) Suspensiva x Resolutiva 
II) Lícita x Ilícita 
III) Puramente Potestativa x Simplesmente 
Potestativa ou Meramente Potestativa 
 
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as 
condições não contrárias à lei, à ordem pública 
ou aos bons costumes; entre as condições 
defesas se incluem as que privarem de todo 
efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro 
arbítrio de uma das partes. 
 
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes 
são subordinados: 
 
I - as condições física ou juridicamente 
impossíveis, quando suspensivas; 
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; 
III - as condições incompreensíveis ou 
contraditórias. 
 
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições 
impossíveis, quando resolutivas, e as de não 
fazer coisa impossível. 
 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio 
jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se 
não verificar, não se terá adquirido o direito, a 
que ele visa. 
 
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos 
de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido 
praticar os atos destinados a conservá-lo. 
 
Como é na hora da prova? 
 
1. (AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL - 
2009 – ESAF) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 
A doação de um apartamento a João, jogador 
de golfe, se ele tiver bom desempenho no 
PGA Tour, circuito anual, com cerca de 
quarenta e cinco torneios masculinos de 
golfe, é negócio jurídico, que contém 
condição: 
 
a) simplesmente potestativa. 
b) puramente potestativa. 
c) ilícita. 
d) perplexa. 
e) resolutiva. 
 
23. (AUDITOR FISCAL DO TRABALHO MTE – 
2006 – ESAF) 
“A” cede uma casa a “B” para que nela resida, 
enquanto for solteiro. É negócio jurídico que 
contém: 
 
a) condição suspensiva 
b) modo ou encargo 
c) condição simplesmente potestativa 
d) condição promíscua 
e) condição resolutiva 
 
b) Termo 
 
I) Certo x Incerto 
II) Inicial (dies a quo) x Final (Dies ad quem) 
 
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, 
mas não a aquisição do direito. 
 
III) Forma de Contagem: 
 
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional 
em contrário, computam-se os prazos, excluído o 
dia do começo, e incluído o do vencimento. 
 
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado, 
considerar-se-á prorrogado o prazo até o 
seguinte dia útil. 
§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o 
seu décimo quinto dia. 
§ 3º Os prazos de meses e anos expiram no dia 
de igual número do de início, ou no imediato, se 
faltar exata correspondência. 
§ 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de 
minuto a minuto. 
 
IV) Regras Importantes: 
 
Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo 
em favor do herdeiro, e, nos contratos, em 
proveito do devedor, salvo, quanto a esses, se do 
teor do instrumento, ou das circunstâncias, 
resultar que se estabeleceu a benefício do 
credor, ou de ambos os contratantes. 
 
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem 
prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a 
execução tiver de ser feita em lugar diverso ou 
depender de tempo. 
 
c) Modo ou Encargo 
 
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição 
nem o exercício do direito, salvo quando 
expressamente imposto no negócio jurídico, pelo 
disponente, como condição suspensiva. 
 
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo 
ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo 
determinante da liberalidade, caso em que se 
invalida o negócio jurídico. 
 
# Questão de prova: É possível o autocontrato? 
 
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o 
representado, é anulável o negócio jurídico que o 
representante, no seu interesse ou por conta de 
outrem, celebrar consigo mesmo. 
 
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se como 
celebrado pelo representante o negócio realizado 
por aquele em quem os poderes houverem sido 
subestabelecidos. 
 
Súmula 60l STJ - É nula a obrigação cambial 
assumida por procurador do mutuário vinculado 
ao mutuante, no exclusivo interesse deste. 
 
# Qual a legislação aplicável em um contrato 
celebrado na época do CC/16 e cujos efeitos 
adentram o CC/02? 
 
Art. 2.035. A validade dos negócios e demais 
atos jurídicos, constituídos antes da entrada em 
vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis 
anteriores, referidas no art. 2.045,
mas os seus 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5 
efeitos, produzidos após a vigência deste Código, 
aos preceitos dele se subordinam, salvo se 
houver sido prevista pelas partes determinada 
forma de execução. 
 
4. Classificação 
 
4.1 Quanto à declaração de vontade 
 
a) Unilateral: Ex: promessa de recompensa e 
testamento. 
b) Bilateral: Ex: como ocorre com os contratos em 
geral. 
c) Multilateral ou Plurilateral: Ex: contrato social 
para constituição de uma sociedade empresária. 
 
4.2 Quanto ao benefício alcançado 
 
a) Gratuitos: Ex.: doação pura. 
b) Onerosos: Ex.: compra e venda, seguro. 
 
i. Aleatórios: ex.: seguro. 
ii. Comutativo: ex.: compra e venda. 
iii. Bifronte 
iv. Neutro 
 
4.3 Quanto à duração do Negócio 
 
a) Instantâneos ou Momentâneos. 
b) Trato Sucessivo ou De Duração. 
 
4.4 Quanto à Forma 
 
a) Formais ou Solenes. 
b) Informais Não-Solenes. 
c) Reais: Ex.: contrato de depósito. 
d) Consensuais: Ex.: Compra e Venda. 
 
4.5 Quanto à causa 
 
a) Causais: 
b) Não-Causais: 
 
4.6 Quanto ao alcance dos efeitos do negócio 
 
a) Inter-Partes. 
b) Coletivos 
c) Transindividuais: 
 
5. Defeitos do Negócio Jurídico 
5.1 Vícios de Consentimento (de vontade) 
 
a) Erro ou Ignorância 
 
Erro principal ou essencial ou determinante: 
 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, 
quando as declarações de vontade emanarem de 
erro substancial que poderia ser percebido por 
pessoa de diligência normal, em face das 
circunstâncias do negócio. 
 
E. 12 – “Na sistemática do art 138 é irrelevante 
ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo 
adota o princípio da confiança” 
 
O erro acidental ou acessório: 
 
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da 
coisa, a que se referir a declaração de vontade, 
não viciará o negócio quando, por seu contexto e 
pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa 
ou pessoa cogitada. 
 
Hipóteses de erro 
 
a) Errror in negotio (sobre o negócio) 
b) Error in corpore (sobre o objeto) 
c) Error in Persona (sobre a pessoa) 
d) Erro in juris (de direito) 
 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto 
principal da declaração, ou a alguma das 
qualidades a ele essenciais; 
II - concerne à identidade ou à qualidade 
essencial da pessoa a quem se refira a 
declaração de vontade, desde que tenha influído 
nesta de modo relevante; 
III - sendo de direito e não implicando recusa à 
aplicação da lei, for o motivo único ou principal do 
negócio jurídico. 
 
Falso motivo: 
 
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de 
vontade quando expresso como razão 
determinante. 
 
Erro de transmissão de vontade: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6 
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por 
meios interpostos é anulável nos mesmos casos 
em que o é a declaração direta. 
 
Erro de cálculo: 
 
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a 
retificação da declaração de vontade. 
 
Como é na hora da prova? 
 
3. (AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL - 
2009 – ESAF) 
 “A” adquire de “B” o lote “X” do Recanto 
Azul, ignorando que lei municipal proibia 
loteamento naquela localidade. Tal compra e 
venda poderá ser anulada, por ter havido erro: 
 
a) sobre a natureza do ato negocial. 
b) substancial sobre a qualidade essencial do 
objeto. 
c) de direito. 
d) por falso motivo. 
e) sobre o objeto principal da declaração. 
 
b) Dolo 
 
Dolo principal: 
 
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por 
dolo, quando este for a sua causa. 
 
Dolo acessório: 
 
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação 
das perdas e danos, e é acidental quando, a seu 
despeito, o negócio seria realizado, embora por 
outro modo. 
 
Dolo negativo: 
 
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o 
silêncio intencional de uma das partes a respeito 
de fato ou qualidade que a outra parte haja 
ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se 
que sem ela o negócio não se teria celebrado. 
 
Dolo de terceiro: 
 
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio 
jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem 
aproveite dele tivesse ou devesse ter 
conhecimento; em caso contrário, ainda que 
subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá 
por todas as perdas e danos da parte a quem 
ludibriou. 
 
Dolo recíproco: 
 
Art. 150. Se ambas as partes procederem com 
dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o 
negócio, ou reclamar indenização. 
 
Como é na hora da prova? 
 
5. (ANALISTA JUDICIÁRIO – 
ADMINISTRATIVA - TRT 7ª – 2003 – ESAF) 
Se "A" fizer contrato de seguro de vida, 
omitindo moléstia grave, de que é portador, 
configurado está o vício designado: 
 
a) simulação absoluta 
b) dolo positivo 
c) reserva mental 
d) simulação relativa 
e) dolo negativo 
 
11. (MTE/ Auditor 2006) A fixação do preço de 
venda baseada na quantia unitária, 
computando-se de forma inexata o preço 
global, autoriza a ertificação da declaração 
volitiva, não anulando o ato, visto que se 
configurou: 
 
a) erro quanto ao fim colimado 
b) dolo acidental 
c)erro de cálculo 
d) erro acidental “in qualitate” 
e) “dolus bonus” 
 
14. (ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 
CORREIÇÃO - CGU – 2006 –ESAF) 
Se A adquire de B uma obra de arte, por 
influência de C que o convence de sua 
raridade, sem que B, ouvindo tal disparate, 
alerte o comprador, o negócio é suscetível de 
anulação por: 
 
a) dolo negativo. 
b) lesão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7 
c) simulação relativa objetiva. 
d) reserva mental. 
e) dolo de terceiro. 
 
c) Coação: 
 
Coação absoluta x relativa 
 
Requisitos para que a coação possa viciar o 
negócio: 
 
i. A coação deve ser a causa do ato; 
ii. Gravidade: A coação deve imputar ao coagido 
um verdadeiro temor de dano sério; 
iii. Injusta (ilícita, contrária ao direito, abusiva); 
ameaça do exercício normal do direito não é 
coação, idem temor reverencial. 
iv. Iminência ou Atualidade: A coação deve ser 
atual ou iminente (é para afastar a coação 
impossível); 
v. A coação deve constituir ameaça de prejuízo à 
pessoa ou bens da vítima, ou à pessoas da sua 
família. 
 
Na análise dos requisitos acima se leva em 
consideração as circunstâncias subjetivas da 
vítima. Art. 152 do CC: 
 
Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em 
conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o 
temperamento do paciente e todas as demais 
circunstâncias que possam influir na gravidade 
dela. 
 
Se a coação for dirigida a pessoa que não é da 
família, caberá ao magistrado analisar. Art. 151 
do CC: 
 
Art. 151. A coação, para viciar a declaração da 
vontade, há de ser tal que incuta ao paciente 
fundado temor de dano iminente e considerável à 
sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. 
 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não 
pertencente à família do paciente, o juiz, com 
base nas circunstâncias, decidirá se houve 
coação. 
 
Art. 153 do CC: 
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do 
exercício normal de um direito, nem o simples 
temor reverencial. 
 
Coação exercida por terceiros: 
 
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação 
exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse 
ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta 
responderá solidariamente com aquele por 
perdas e danos. 
 
Art. 155, CC – Subsistirá o negócio jurídico, se a 
coação decorrer de terceiro, sem que a parte a 
que aproveite dela tivesse ou devesse ter 
conhecimento; mas o autor da coação 
responderá por todas as perdas e danos que 
houver causado ao coacto. 
 
d) Lesão 
 
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob 
premente necessidade, ou por inexperiência, se 
obriga a prestação manifestamente 
desproporcional ao valor da prestação oposta. 
 
 
§ 1º Aprecia-se a desproporção das prestações 
segundo os valores vigentes ao tempo em que foi 
celebrado o negócio jurídico. 
 
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio, se 
for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte
favorecida concordar com a redução do proveito. 
 
e) Estado de Perigo 
 
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando 
alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou 
a pessoa de sua família, de grave dano 
conhecido pela outra parte, assume obrigação 
excessivamente onerosa. 
 
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não 
pertencente à família do declarante, o juiz 
decidirá segundo as circunstâncias. 
 
E. 148 – Art. 156: Ao “estado de perigo” (art. 156) 
aplica-se, por analogia, o disposto no § 2º do art. 
157. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8 
E. 150 – Art. 157: A lesão de que trata o art. 157 
do Código Civil não exige dolo de 
aproveitamento. 
 
4.2 Vícios Sociais 
 
a) Fraude Contra Credores: 
 
Requisitos: 
 
a) Eventus Damni 
b) Consilium Fraudis 
 
Hipóteses nas quais o CC presume a má-fé: 
 
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de 
bens ou remissão de dívida, se os praticar o 
devedor já insolvente, ou por eles reduzido à 
insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser 
anulados pelos credores quirografários, como 
lesivos dos seus direitos. 
 
§ 1º Igual direito assiste aos credores cuja 
garantia se tornar insuficiente. 
 
§ 2º Só os credores que já o eram ao tempo 
daqueles atos podem pleitear a anulação deles. 
 
Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos 
onerosos do devedor insolvente, quando a 
insolvência for notória, ou houver motivo para ser 
conhecida do outro contratante. 
 
Art. 162. O credor quirografário, que receber do 
devedor insolvente o pagamento da dívida ainda 
não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito 
do acervo sobre que se tenha de efetuar o 
concurso de credores, aquilo que recebeu. 
 
Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos 
dos outros credores as garantias de dívidas que 
o devedor insolvente tiver dado a algum credor. 
 
Presunção de boa-fé: 
 
Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e 
valem os negócios ordinários indispensáveis à 
manutenção de estabelecimento mercantil, rural, 
ou industrial, ou à subsistência do devedor e de 
sua família. 
 
# Fraude contra credores x Fraude à execução. 
 
b) Simulação 
 
Classificação: 
 
- Absoluta 
 - Relativa (ou dissimulação) 
 
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas 
subsistirá o que se dissimulou, se válido for na 
substância e na forma. 
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos 
quando: 
I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a 
pessoas diversas daquelas às quais realmente se 
conferem, ou transmitem; 
II - contiverem declaração, confissão, condição 
ou cláusula não verdadeira; 
III - os instrumentos particulares forem 
antedatados, ou pós-datados. 
 
# Reserva Mental 
 
Art. 110, CC – A manifestação de vontade 
subsiste ainda que o seu autor haja feito a 
reserva mental de não querer o que manifestou, 
salvo se dela o destinatário tinha conhecimento. 
 
Na hora da prova? 
 
07. (MTE/Auditor/2010) A propósito do 
negócio jurídico, todas as assertivas abaixo 
são verdadeiras, exceto: 
 
a) segundo a doutrina alemã dos pandectistas, a 
expressão negócio jurídico é aplicável ao ato 
jurídico criador de direitos e obrigações, 
enquanto ato jurídico se aplica aos demais atos. 
b) no silêncio de uma das partes entende-se que 
ocorreu anuência, quando as circunstancias ou 
os usos autorizarem, e for necessária declaração 
expressa de vontade 
c) o código civil de 2002 introduziu a distinção 
entre negócio jurídico e ato jurídico no direito 
pátrio, dividindo os fatos jurídicos em negócios 
jurídicos, atos jurídicos lícitos e atos jurídicos 
ilícitos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9 
d) no direito brasileiro, a distinção entre negócio 
jurídico e ato jurídico não tinha maior significado 
durante a vigência do Código Civil de 1916. 
e) na interpretação dos negócios jurídicos, 
importa mais a intenção das partes do que o 
sentido literal da linguagem, porém, quando os 
negócios jurídicos forem benéficos ou consistirem 
em renúncia, deverão ser interpretados 
restritivamente. 
 
08. (IRB/Advogado/2006/ESAF. ADAPTADA) 
Assinale a opção verdadeira: 
 
a) A forma única é aquela que, por lei, não pode 
ser preterida por outra. 
b) O estado de perigo e a lesão são atos 
prejudiciais praticados em estado de 
necessidade, visto que na base do estado de 
perigo há risco patrimonial e na lesão tem-se 
risco pessoal 
c) O erro acidental induz anulação do negócio por 
incidir sobre a declaração de vontade, mesmo se 
for possível identificar a pessoa ou a coisa a que 
se refere. 
d) O novel Código Civil não admite a conversão 
do ato nulo em outro de natureza diferente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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10 
GABARITO 
 
07. C 
01. A 
23. E 
03. C 
05. E 
11. C 
14. E 
07. B 
08. A 
 
 
 
APOSTILA Aula 06.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1 
Prescrição e Decadência 
Tema VI 
 
1. Noções Introdutórias 
 
O tempo, como fato jurídico natural: 
 
a) Gerando direitos na usucapião; 
 
b) Os modificando em relação à capacidade 
civil; 
 
c) Fulminando pretensões de direitos 
subjetivos patrimoniais com a prescrição, 
e de direitos potestativos com a 
decadência. 
 
2. Prescrição 
 
A prescrição consiste na perda da pretensão, 
relativa a um direito subjetivo patrimonial e 
disponível, no prazo previsto em lei, em virtude 
da inércia do seu titular, atingindo ações 
condenatórias. 
 
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular a 
pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, 
nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. 
 
Atingindo direitos subjetivos patrimoniais 
disponíveis, não há de falar-se em prescrição de 
direitos sem conteúdo patrimonial 
(extrapatrimoniais), a exemplo daqueles 
referentes aos direitos da personalidade, que são 
imprescritíveis, indisponíveis e irrenunciáveis, 
manejados por ações declaratórias. 
 
2.1 Prazos 
 
Os prazos prescricionais estão todos 
mencionados nos artigos 205 (Prazo Geral) e 206 
(Prazo Especial) do CC. 
 
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, 
quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. 
 
Art. 206. Prescreve: 
§ 1º Em um ano: 
 
I - a pretensão dos hospedeiros ou 
fornecedores de víveres destinados a 
consumo no próprio estabelecimento, para 
o pagamento da hospedagem ou dos 
alimentos; 
II - a pretensão do segurado contra o 
segurador, ou a deste contra aquele, 
contado o prazo: 
 
a) para o segurado, no caso de seguro de 
responsabilidade civil, da data em que é 
citado para responder à ação de 
indenização proposta pelo terceiro 
prejudicado, ou da data que a este 
indeniza, com a anuência do segurador; 
b) quanto aos demais seguros, da ciência 
do fato gerador da pretensão; 
 
III - a pretensão dos tabeliães, auxiliares da 
justiça, serventuários judiciais, árbitros e 
peritos, pela percepção de emolumentos, 
custas e honorários; 
IV - a pretensão contra os peritos, pela 
avaliação dos bens que entraram para a 
formação do capital de sociedade anônima, 
contado da publicação da ata da 
assembléia que aprovar o laudo; 
V - a pretensão dos credores não pagos 
contra os sócios ou acionistas e os 
liquidantes, contado o prazo da publicação 
da ata de encerramento da liquidação da 
sociedade. 
§ 2º Em dois anos, a pretensão para haver 
prestações alimentares, a partir da data em 
que se vencerem. 
 
§ 3º Em três anos: 
 
 I - a pretensão relativa a aluguéis de 
prédios urbanos ou rústicos; 
II - a pretensão para receber prestações 
vencidas de rendas temporárias ou 
vitalícias; 
III - a pretensão para haver juros, 
dividendos ou quaisquer prestações 
acessórias, pagáveis, em períodos não 
maiores de um ano, com capitalização ou 
sem ela; 
IV - a pretensão de ressarcimento de 
enriquecimento sem causa; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 
V - a pretensão de reparação civil; 
VI - a pretensão
de restituição dos lucros 
ou dividendos recebidos de má-fé, 
correndo o prazo da data em que foi 
deliberada a distribuição; 
VII - a pretensão contra as pessoas em 
seguida indicadas por violação da lei ou do 
estatuto, contado o prazo: 
 
a) para os fundadores, da publicação dos 
atos constitutivos da sociedade anônima; 
b) para os administradores, ou fiscais, da 
apresentação, aos sócios, do balanço 
referente ao exercício em que a violação 
tenha sido praticada, ou da reunião ou 
assembléia geral que dela deva tomar 
conhecimento; 
c) para os liquidantes, da primeira 
assembléia semestral posterior à violação; 
 
VIII - a pretensão para haver o pagamento 
de título de crédito, a contar do 
vencimento, ressalvadas as disposições de 
lei especial; 
IX - a pretensão do beneficiário contra o 
segurador, e a do terceiro prejudicado, no 
caso de seguro de responsabilidade civil 
obrigatório. 
 
§ 4º Em quatro anos, a pretensão relativa à 
tutela, a contar da data da aprovação das 
contas. 
 
§ 5º Em cinco anos: 
 
 I - a pretensão de cobrança de dívidas 
líquidas constantes de instrumento público 
ou particular; 
II - a pretensão dos profissionais liberais 
em geral, procuradores judiciais, curadores 
e professores pelos seus honorários, 
contado o prazo da conclusão dos 
serviços, da cessação dos respectivos 
contratos ou mandato; 
III - a pretensão do vencedor para haver do 
vencido o que despendeu em juízo. 
 
2.2 Causas impeditivas, suspensivas e 
interruptivas da prescrição 
 
a) Causas Impeditivas ou Suspensivas (art. 
197, 198, 199, 200 e 201 CC) 
 
Consistem em causas que impedem o início da 
contagem do prazo prescricional, ou então vem a 
suspender a fluência desses esses prazos. 
 
A suspensão pode acontecer em diversas 
oportunidades e, em todas elas, o prazo reinicia 
de onde parou. 
 
Art. 197. Não corre a prescrição: 
I - entre os cônjuges, na constância da 
sociedade conjugal; 
 
II - entre ascendentes e descendentes, 
durante o poder familiar; 
III - entre tutelados ou curatelados e seus 
tutores ou curadores, durante a tutela ou 
curatela. 
 
Art. 198. Também não corre a prescrição: 
 
I - contra os incapazes de que trata o art. 
3º; 
II - contra os ausentes do País em serviço 
público da União, dos Estados ou dos 
Municípios; 
III - contra os que se acharem servindo nas 
Forças Armadas, em tempo de guerra. 
 
Art. 199. Não corre igualmente a 
prescrição: 
 
 I - pendendo condição suspensiva; 
II - não estando vencido o prazo; 
III - pendendo ação de evicção. 
 
Art. 200. Quando a ação se originar de fato que 
deva ser apurado no juízo criminal, não correrá a 
prescrição antes da respectiva sentença 
definitiva. 
 
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um 
dos credores solidários, só aproveitam os outros 
se a obrigação for indivisível. 
 
b) Causas Interruptivas (art. 202, 203 e 204 do 
CC): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 
Essas zeram o prazo, o interrompendo e fazendo 
necessidade de nova contagem do início. A 
interrupção só poderá ocorrer uma única vez, 
como determina o caput do art. 202. 
 
Art. 202. A interrupção da prescrição, que 
somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á: 
 
I - por despacho do juiz, mesmo 
incompetente, que ordenar a citação, se o 
interessado a promover no prazo e na 
forma da lei processual; 
II - por protesto, nas condições do inciso 
antecedente; 
III - por protesto cambial; 
IV - pela apresentação do título de crédito 
em juízo de inventário ou em concurso de 
credores; 
V - por qualquer ato judicial que constitua 
em mora o devedor; 
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que 
extrajudicial, que importe reconhecimento 
do direito pelo devedor. 
 
Parágrafo único. A prescrição interrompida 
recomeça a correr da data do ato que a 
interrompeu, ou do último ato do processo 
para a interromper. 
 
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por 
qualquer interessado. 
 
Art. 204. A interrupção da prescrição por um 
credor não aproveita aos outros; 
semelhantemente, a interrupção operada contra 
o co-devedor, ou seu herdeiro, não prejudica aos 
demais coobrigados. 
 
§ 1º A interrupção por um dos credores solidários 
aproveita aos outros; assim como a interrupção 
efetuada contra o devedor solidário envolve os 
demais e seus herdeiros. 
§ 2º A interrupção operada contra um dos 
herdeiros do devedor solidário não prejudica os 
outros herdeiros ou devedores, senão quando se 
trate de obrigações e direitos indivisíveis. 
§ 3º A interrupção produzida contra o principal 
devedor prejudica o fiador. 
 
Na hora da prova? 
 
05. (ANALISTA JURÍDICO SEFAZ/CE – 2006 – 
ESAF) 
 
Constitui causa interruptiva de prescrição a 
 
a) ausência do Brasil por motivo de estar o 
devedor em serviço público da União, dos 
Estados e Municípios. 
b) incapacidade absoluta. 
c) apresentação do título de crédito em juízo de 
inventário ou em concurso de credores, o mesmo 
sucedendo com o processo de falência e de 
liquidação extrajudicial de bancos, bem como de 
companhias de seguro, a favor ou contra a 
massa. 
d) pendência de condição suspensiva, pois 
enquanto não realizada, o titular não adquire 
direito, logo não tem ação. 
e) pendência de ação de evicção. 
GABARITO: LETRA C 
 
 
2.3 Prescrição intercorrente 
 
É aquela que ocorre dentro do processo, como 
se a ação tivesse um “prazo prescricional” a 
respeitar. 
 
Pela Lei 11.051/04 a prescrição intercorrente na 
execução fiscal é aplicável já tendo o STJ 
sumulado o tema: 
 
Súmula 314 do STJ: “Em execução fiscal, não 
localizados bens penhoráveis, suspende-se o 
processo por um ano, findo o qual se inicia o 
prazo da prescrição qüinqüenal intercorrente”. 
 
No processo civil, a posição majoritária é de que 
não é possível se a mora é imputada ao Estado. 
Isso porque não pode apenar o autor pela 
demora do processo. 
 
Súmula 106, STJ: Proposta a ação no prazo 
fixado para o seu exercício, a demora na citação, 
por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, 
não justifica o acolhimento da argüição de 
prescrição ou decadência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 
Há posicionamento Sumulado do STF (súmula 
264), segundo o qual se verifica a prescrição 
intercorrente pela paralisação da ação rescisória 
por mais de 5 anos. Tal súmula é de duvidosa 
aplicação se a mora é imputável a máquina 
estatal, como base na súmula 106 do STJ. 
 
S. 264, STF - Verifica-se a prescrição 
intercorrente pela paralisação da ação rescisória 
por mais de cinco anos. 
 
2.4 Observações Finais: 
 
A exceção prescreve no mesmo prazo que a 
pretensão, a exemplo do direito de 
compensação. Sobre o tema art. 190 do CC: 
 
Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo 
em que a pretensão. 
 
A prescrição pode ser alegada em qualquer grau 
de jurisdição pela parte a quem aproveita – art. 
193 do CC: 
 
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em 
qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem 
aproveita. 
A prescrição iniciada contra uma pessoa continua 
a correr, normalmente, contra seus sucessores – 
art. 196 do CC: 
 
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa 
continua a correr contra o seu sucessor. 
 
Os relativamente incapazes e as pessoas 
jurídicas possuem ação em face de seus 
assistentes ou representantes legais que derem 
causa à prescrição – art. 195 do CC: 
Art. 195. Os relativamente incapazes e as 
pessoas jurídicas têm ação contra os seus 
assistentes ou representantes legais, que derem 
causa à prescrição, ou não a alegarem 
oportunamente. 
O prazo prescricional da pretensão executiva é o 
mesmo da ação. Súmula 150 do STF: 
 
S. 150, STF - Prescreve a execução no mesmo 
prazo de prescrição da ação. 
 
A Súmula 383 do STF versa sobre prescrição na 
fazenda pública, afirmando que: 
 
“A prescrição em favor da Fazenda Pública 
recomeça a correr, por dois anos e meio, a partir 
do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém 
de cinco anos, embora
o titular do direito a 
interrompa durante a primeira metade do prazo.” 
 
A Súmula 85 do STJ trata da prescrição relativa 
às ações de trato sucessivo relativas à Fazenda 
Pública: 
 
“Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que 
a Fazenda Pública figure como devedora, quando 
não tiver sido negado o próprio direito ao 
reclamado, a prescrição atinge apenas as 
prestações vencidas antes do qüinqüênio anterior 
à propositura da ação”. 
 
Sobre as relações relacionadas a pagamento de 
seguro afirma a Súmula 229 do STJ: 
 
“O pedido do pagamento de indenização à 
seguradora suspende o prazo de prescrição até 
que o segurado tenha ciência da decisão.” 
 
3. Decadência (ou caducidade) 
 
A decadência diz respeito a perda de direitos 
potestativos por conta do decurso do tempo. 
 
A decadencial pode ser legal ou convencional. A 
convencional é novidade do Código, decorrente 
da vontade das partes. Ex: direito de 
arrependimento em um contrato preliminar; prazo 
de garantia contratual. 
 
4. Observações Correlatas: Prescrição e 
Decadência 
 
I. Os prazos prescricionais, por serem sempre 
legais, não podem ser alterados pela vontade das 
partes (ar. 192). E os decadenciais? 
 
Art. 192. Os prazos de prescrição não 
podem ser alterados por acordo das partes. 
 
II. A prescrição, por ser uma defesa do devedor, 
pode ser renunciada, nos termos do art. 191 CC. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5 
Na mesma linha a decadência convencional 
também pode ser renunciada, não se admitindo, 
porém, a renúncia ao prazo decadencial legal 
(art. 209). 
 
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser 
expressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, 
sem prejuízo de terceiro, depois que a 
prescrição se consumar; tácita é a renúncia 
quando se presume de fatos do 
interessado, incompatíveis com a 
prescrição. 
 
Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada 
em lei. 
 
III. A decadência legal pode ser reconhecida de 
ofício pelo juiz (a convencional não). O mesmo 
não acontece com a convencional – Inteligência 
dos arts 210 e 211 do CC: 
 
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da 
decadência, quando estabelecida por lei. 
 
Art. 211. Se a decadência for convencional, 
a parte a quem aproveita pode alegá-la em 
qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não 
pode suprir a alegação. 
 
Inovando, a Lei n. 11.280/2006, a qual inseriu o 
art. 219, parágrafo 5 no CPC, passou a admitir o 
reconhecimento de ofício da prescrição, em 
qualquer hipótese, revogando, por conseqüência, 
o art. 194 do Código Civil. 
 
Texto anterior 
 
Art. 194. O juiz não pode suprir, de ofício, a 
alegação de prescrição, salvo se favorecer 
a absolutamente incapaz. 
 
Art. 219 - A citação válida torna prevento o juízo, 
induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, 
ainda quando ordenada por juiz incompetente, 
constitui em mora o devedor e interrompe a 
prescrição. (Alterado pela L-005.925-1973) 
 
§ 1º - A interrupção da prescrição retroagirá à 
data da propositura da ação. (Alterado pela L-
008.952-1994) 
§ 2º - Incumbe à parte promover a citação do réu 
nos 10 (dez) dias subseqüentes ao despacho que 
a ordenar, não ficando prejudicada pela demora 
imputável exclusivamente ao serviço judiciário. 
(Alterado pela L-008.952-1994) 
§ 3º - Não sendo citado o réu, o juiz prorrogará o 
prazo até o máximo de 90 (noventa) dias. 
(Alterado pela L-008.952-1994) 
§ 4º - Não se efetuando a citação nos prazos 
mencionados nos parágrafos antecedentes, 
haver-se-á por não interrompida a prescrição. 
(Alterado pela L-005.925-1973) 
§ 5º - O juiz pronunciará, de ofício, a prescrição. 
(Alterado pela L-011.280-2006) (Alterado pela L-
005.925-1973) 
§ 6º - Passada em julgado a sentença, a que se 
refere o parágrafo anterior, o escrivão 
comunicará ao réu o resultado do julgamento. 
(Alterado pela L-005.925-1973) 
 
IV. A decadência em regra não se impede, não 
se suspende e não se interrompe, salvo 
disposição legal em contrário. O Código Civil é 
expresso em afirmar que não decadência em 
face dos absolutamente incapazes – arts2107 e 
208 do CC: 
Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não 
se aplicam à decadência as normas que 
impedem, suspendem ou interrompem a 
prescrição. 
Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos 
arts. 195 e 198, inciso I. 
 
5. Direito Intertemporal e Prescrição 
 
Regulado no art. 2028 do CC/2002: 
 
Art. 2.028. Serão os da lei anterior os prazos, 
quando reduzidos por este Código, e se, na data 
de sua entrada em vigor, já houver transcorrido 
mais da metade do tempo estabelecido na lei 
revogada. 
 
Como é na hora da prova? 
 
03. (AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL 
- 2009 – ESAF) 
Assinale a opção correta. 
 
http://www.dji.com.br/leis_ordinarias/2006-011280/2006-011280.htm
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Civil 
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6 
a) A pendência de ação de evicção não é causa 
suspensiva da prescrição. 
b) As causas impeditivas da prescrição são as 
circunstâncias que impedem que seu curso inicie, 
por estarem fundadas no status da pessoa 
individual ou familiar, atendendo razões de 
confiança, parentesco, amizade e motivos de 
ordem moral. 
c) A prescrição iniciada contra uma pessoa não 
continua a correr contra o seu sucessor a título 
universal ou singular. 
d) As partes podem aumentar ou reduzir prazo 
prescricional. 
e) A incapacidade absoluta não impede a 
prescrição. 
 
Resp.: b 
 
01. (MTE/Auditor/2010) Entre as principais 
diferenças entre prescrição e decadência 
aponte, nas opções a seguir, aquela que não é 
verdadeira. 
 
a) Na prescrição, o direito material extingue-se 
por via reflexa: perde-se o direito à ação para 
pleiteá-lo e portanto, não se consegue exercer o 
direito material; na decadência, perde-se o 
próprio direito material, por não se ter utilizado 
tempestivamente da via judicial adequada para 
pleiteá-lo. 
b) A prescrição tem origem na lei, a decadência, 
na lei e no negócio jurídico 
c) A prescrição é renunciável, a decadência é 
irrenunciável, quando fixada em lei. 
d) A prescrição abrange, via de regra, direitos 
patrimoniais, a decadência abrange direitos 
patrimoniais e não patrimoniais. 
e) A prescrição não pode ser impedida suspensa, 
nem interrompida, exceto por disposição legal em 
contrário, a decadência é passível de suspensão 
e interrupção. 
 
GABARITO: LETRA E 
 
02. (ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 
CORREIÇÃO - CGU – 2008 – ESAF) 
 
Assinale a opção correta. 
 
a) É nulo o negócio jurídico celebrado em estado 
de perigo. 
b) As pretensões de exercício potestativo não 
prescrevem. 
c) A ação de evicção pendente não obsta a 
prescrição. 
d) Os negócios jurídicos anuláveis não podem 
ser convalidados. 
e) O juiz deve pronunciar de ofício a 
anulabilidade dos negócios jurídicos em prol da 
segurança jurídica. 
GABARITO: LETRA B 
 
03. (ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE – 
CORREIÇÃO - CGU – 2006 –ESAF) 
Assinale a opção correta. 
 
a) A apresentação do título de crédito em juízo de 
inventário ou em concurso de credores é causa 
interruptiva da prescrição. 
b) As causas impeditivas da prescrição paralisam 
temporariamente seu curso, logo superado o fato 
que lhe deu origem, o lapso prescricional 
continua a correr computado o tempo antes dele. 
c) Se após o vencimento do débito falecer o 
credor deixando herdeiros haverá suspensão do 
prazo prescricional. 
d) As partes podem restringir o prazo 
prescricional fixado por lei, mesmo que se trate 
de direito patrimonial. 
e) O prazo decadencial relaciona-se a pretensão 
de direito subjetivo patrimonial. 
 
GABARITO: LETRA A 
 
 
APOSTILA Aula 07.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO AFT 
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1 
LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO 
DIREITO BRASILEIRO 
(LINDB) 
Tema VII 
 
1. Noções Introdutórias 
 
Corresponde ao Decreto-Lei 4.657/42, o qual 
consta de 19 artigos. 
 
Estrutura da LINDB é simples: 
 
 
> Art. 1º e 2º - Vigência das normas 
> Art. 3º - Obrigatoriedade
das normas 
> Art. 4º - Integração normativa 
> Art. 5º Interpretação das normas 
> Art. 6º - Direito Intertemporal 
> Art. 7º e ss – Direito Espacial 
 
É um CÓDIGOS DE NORMAS ou CÓDIGO 
SOBRE AS NORMAS. 
 
2. Vigência da Norma (art. 1º e 2º) 
 
Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa a 
vigorar em todo o país quarenta e cinco dias 
depois de oficialmente publicada. 
 
§ 1o Nos Estados, estrangeiros, a 
obrigatoriedade da lei brasileira, quando 
admitida, se inicia três meses depois de 
oficialmente publicada 
§ 3o Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer 
nova publicação de seu texto, destinada a 
correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos 
anteriores começará a correr da nova publicação. 
§ 4o As correções a texto de lei já em vigor 
consideram-se lei nova. 
 
Art. 2º - Não se destinando à vigência temporária, 
a lei terá vigor até que outra a modifique ou 
revogue. 
 
Promulgação  gera a existência e validade da 
norma 
 
Publicação  Pode gerar a sua obrigatoriedade 
(vigência), caso não haja vacatio. A vacatio legis 
em regra: 
a) No Brasil  45 dias 
b) Nos Estados Estrangeiros  3 meses 
 
Art. 8o A vigência da lei será indicada de forma 
expressa e de modo a contemplar prazo razoável 
para que dela se tenha amplo conhecimento, 
reservada a cláusula "entra em vigor na data de 
sua publicação" para as leis de pequena 
repercussão. 
 
Contagem do prazo da vacatio (§1º do art. 8º da 
LC 95/93): inclusão do primeiro dia de publicação 
e do último dia, passando a lei a ter efeitos na 
data posterior. 
 
§ 1o A contagem do prazo para entrada em vigor 
das leis que estabeleçam período de vacância 
far-se-á com a inclusão da data da publicação e 
do último dia do prazo, entrando em vigor no dia 
subseqüente à sua consumação integral. 
(Parágrafo incluído pela Lei Complementar nº 
107, de 26.4.2001) 
 
Tal modelo de contagem difere dos prazos de 
direito material civil - art. 132 do CC: 
 
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional 
em contrário, computam-se os prazos, excluído o 
dia do começo, e incluído o do vencimento. 
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado, 
considerar-se-á prorrogado o prazo até o 
seguinte dia útil. 
§ 2º Meado considera-se, em qualquer mês, o 
seu décimo quinto dia. 
§ 3º Os prazos de meses e anos expiram no dia 
de igual número do de início, ou no imediato, se 
faltar exata correspondência. 
§ 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de 
minuto a minuto. 
 
Art. 184 - Salvo disposição em contrário, 
computar-se-ão os prazos, excluindo o dia do 
começo e incluindo o do vencimento. (Alterado 
pela L-005.925-1973) 
§ 1º - Considera-se prorrogado o prazo até o 
primeiro dia útil se o vencimento cair em feriado 
ou em dia em que: (Alterado pela L-005.925-
1973) 
I - for determinado o fechamento do fórum; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2 
II - o expediente forense for encerrado antes da 
hora normal. 
§ 2º - Os prazos somente começam a correr do 
primeiro dia útil após a intimação (Art. 240 e 
Parágrafo único). (Alterado pela L-008.079-1990) 
 
Obs.: 
 
# Modificação durante o prazo da vacatio? 
# Modificação posterior à vigência? 
# Regulamentos e decretos administrativos? 
 
2.1 Princípio da Continuidade 
 
Ultrapassada a vacatio a regra é que a lei 
permanece em vigor até que outra venha revogá-
la. 
 
# Exceções: norma temporária e circunstancial. 
 
Na hora da prova? 
 
(TRT/Juiz/2005/ESAF) 
2. O princípio da continuidade assim se 
enuncia: 
 
a) a norma revogada continua vinculante para os 
casos anteriores à sua revogação. 
b) a norma atinge os efeitos de atos jurídicos 
praticados sob a o império da lei revogada. 
c) não se destinando à vigência temporária, a 
norma estará em vigor enquanto não surgir outra 
que a altere ou revogue. 
d) há incompatibilidade entre a lei nova e a 
antiga, se a nova regular inteiramente matéria 
tratada pela anterior. 
e) a norma só obriga no espaço nacional, ou 
seja, no seu território, mas suas águas e na sua 
atmosfera. 
 
2.1.1 Revogação 
 
É a retirada da norma do ordenamento jurídico 
através de outra norma. 
 
2.1.2 Espécies de revogação 
 
- Quanto à extensão: 
a) Ab-Rogação - revogação total. Ex.: CC/02 ab-
rogou o CC/16. 
b) Derrogação - revogação parcial. Ex.: CC/02 
derrogou o Código Comercial. 
 
- Quanto à modalidade: 
 
a) Expressa 
b) Tácita 
 
# Observação (Art. 2, § 2o) 
 
§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições 
gerais ou especiais a par das já existentes, não 
revoga nem modifica a lei anterior. 
 
Modalidades de revogação tácita: 
 
 - Lei Nova 
 - Lei Superior 
 - Lei Especial 
 
# Ultratividade ou Pós-atividade normativa – Lei 
produz seus efeitos mesmo após revogada. Ex.: 
Art. 1787 do CC/02 e a lei aplicável à sucessão. 
 
Art. 1787: Regula a sucessão e a legitimação 
para suceder a lei vigente ao tempo da abertura 
daquela. 
 
Sobre o tema, verificar a Sumula 112 do STF: 
 
Súmula 112, STF: O imposto de transmissão 
"causa mortis" é devido pela alíquota vigente ao 
tempo da abertura da sucessão. 
 
2.2 Repristinação (§ 3º do art. 2º) 
 
§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei 
revogada não se restaura por ter a lei revogadora 
perdido a vigência. 
 
Regra: Sistema brasileiro não admite a 
repristinação 
 
Ex: Lei A em vigor; essa lei A foi revogada pelo 
advento da lei B; depois a lei C revoga a Lei B – 
ao revogar a lei B, a lei C estaria restabelecendo 
os efeitos da lei A? Não 
 
Exceção: Há repristinação caso haja menção 
expressa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO AFT 
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3 
Atenção: 
 
# O controle direto ou concentrado de 
constitucionalidade (não aplica-se ao difuso), 
com a declaração de inconstitucionalidade da 
norma com efeitos retroativos (não aplica se 
houver modulação de efeitos) pode levar a uma 
repristinação oblíqua. 
 
Cuidado, porém, com o art. 27 da Lei 9868/99: 
 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei 
ou ato normativo, e tendo em vista razões de 
segurança jurídica ou de excepcional interesse 
social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por 
maioria de dois terços de seus membros, 
restringir os efeitos daquela declaração ou decidir 
que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito 
em julgado ou de outro momento que venha a ser 
fixado. 
 
Na hora da prova? 
 
(Auditor Federal do Trabalho 2010 - ESAF) 
3. Sobre o efeito repristinatório, podemos 
afirmar que: 
 
a) a regra geral do vacatio legis, com os critérios 
progressivo e único, decorre do efeito 
repristinatório. 
b) a lei nova, que estabeleça disposições gerais 
ou especiais a par das já existentes, revogará a 
lei anterior quando regular inteiramente a matéria 
tratada na anterior. 
c) o legislador, derrogando ou ab-rogando lei que 
revogou 
2009DE CONTROLE EXTERNO – GO – O l do 
Municipio a anterior, restabelece a lei abolida 
anteriormente, independentemente de declaração 
expressa. 
d) a vigência temporária da lei decorre do efeito 
repristinatório que fixa o tempo de sua duração. 
e) a lei revogadora de outra lei revogadora 
somente restabelece a velha lei, anteriormente 
abolida, quando expressamente declarado. 
 
3. OBRIGATORIEDADE DAS NORMAS (art. 3º) 
 
Art. 3º - Ninguém se escusa de cumprir a lei, 
alegando que não a conhece. 
 
# Sistema Atual: Obrigatoriedade Simultânea ou 
Vigência Sincrônica. 
 
# A presunção de conhecimento da norma é 
absoluta? 
 
Relativa, em virtude do erro de direito: 
 
a) Exemplos no direito Penal 
 
I) ART. 8º DA LEI DE CONTRAVENÇÕES 
PENAIS 
 
Art. 8º No caso de ignorância ou de errada 
compreensão da lei, quando escusáveis, a pena 
pode deixar de ser aplicada. 
 
II) ART. 65, II, CP 
 
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam 
a pena: 
II - o desconhecimento da lei; 
 
b) No direito civil 
 
I) DEFEITO DO NEGÓCIO JURÍDICO – Art 139 
do CC: 
 
Art. 139. O erro é substancial quando: 
III - sendo de direito e não implicando recusa à 
aplicação da lei, for o motivo único
ou principal do 
negócio jurídico. 
 
4. INTEGRAÇÃO DA NORMA (art. 4º) 
 
Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o 
caso de acordo com a analogia, os costumes e 
os princípios gerais de direito. 
 
# Subsunção x Lacuna Normativa 
 
# Equidade? 
 
Exemplos de uso de equidade: 
 
- Art. 944, parágrafo único do CC 
 
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão 
do dano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 
Parágrafo único. Se houver excessiva 
desproporção entre a gravidade da culpa e o 
dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a 
indenização. 
 
4.1 Analogia 
 
# Legis x Iuris 
 
# Analogia no Direito Penal e no Direito Tributário 
– só é possível in bonam partem (em favor da 
parte). 
 
4.2 Costumes ou Consuetudo 
 
# Inadmissão dos costumes contra legem e 
possibilidade dos costumes pareter legem e 
secundum legem. 
 
# Impossibilidade do consuetudo abrogatoria ou 
desuetudo ­– Vedação de revogação da lei pelos 
costumes. 
 
4.3 Princípios Gerais do Direito 
 
# Princípios Gerais do Direito x Princípios 
Fundamentais 
 
I) Não lesar a ninguém; 
 
II) Dar a cada um o que é seu; 
 
III) Viver honestamente. 
 
5. INTERPRETAÇÃO DA NORMA (art. 5º) 
 
Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos 
fins sociais a que ela se dirige e às exigências do 
bem comum. 
 
Espécies de Interpretação: 
 
I) Gramatical ou Literal 
b) Lógica 
c) Sistemática 
d) Histórica 
e) Teleológica 
 
# Função social da norma. 
O que é interpretação autêntica? 
Resultados interpretativos: 
 
I) Ampliativa ou Extensiva 
II) Declaratória 
III) Restritiva 
 
Lembrar que: 
 
I) INTERPRETAÇAO DE DIREITOS E 
GARANTIAS FUNDAMENTAIS - Ampliativa. 
 
II) INTERPRETAÇAO DE NORMA EM DIRIETO 
ADM - Declarativa 
 
III) HIPÓTESES DE INTERPRETAÇÃO 
RESTRITIVA - normas que estabelecem 
privilégio, sanção, renúncia, fiança e aval e 
contratos benéficos. 
 
Art. 819. A fiança dar-se-á por escrito, e não 
admite interpretação extensiva. 
 
Súmula 214, STJ: O fiador na locação não 
responde por obrigações resultantes de 
aditamento ao qual não anuiu. 
 
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a 
renúncia interpretam-se estritamente 
 
6. Direito Intertemporal ou Aplicação da lei no 
Tempo (art. 6º LINDB e 5, XXXVI, CF) 
 
Art. 6º - A lei em vigor terá efeito imediato e geral, 
respeitados o ato jurídico perfeito, direito 
adquirido e a coisa julgada. 
 
§ 1º - Reputa-se ato jurídico perfeito o já 
consumado segundo a lei vigente ao tempo em 
que se efetuou. 
§ 2º - Consideram-se adquiridos assim os direitos 
que o seu titular, ou alguém por ele, possa 
exercer, como aqueles cujo começo do exercício 
tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida 
inalterável, a arbítrio de outrem. 
§ 3º - Chama-se coisa julgada ou caso julgado a 
decisão judicial de que já não caiba recurso. 
 
Art. 5 
[...] 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5 
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, 
o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; 
 
6.1 Direito Adquirido 
 
1. Lembrar que não há direito adquirido em face 
da norma constitucional (STF) 
 
6.2 Coisa Julgada: 
 
6.3 Ato Jurídico Perfeito 
 
7. Direito Espacial ou Eficácia da Lei no Espaço 
(direito internacional privado) 
 
Regra no Brasil: Territorialidade Mitigada 
 
# Estatuto Pessoal (Art 7) – Mitigação da 
Territorialidade 
 
Art. 7º - A lei do país em que for domiciliada a 
pessoa determina as regras sobre o começo e o 
fim da personalidade, o nome, a capacidade e os 
direitos de família. 
 
a) começo e fim da personalidade 
b) nome 
c) capacidade 
d) direitos de família 
 
No que tange ao direito das famílias, os 
parágrafos do art. 7, e o art. 18, detalham ainda 
mais o tema casamento de estrangeiros ou no 
estrangeiro: 
 
§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será 
aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos 
dirimentes e às formalidades da celebração. 
§ 2o O casamento de estrangeiros poderá 
celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou 
consulares do país de ambos os nubentes. 
§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá 
os casos de invalidade do matrimônio a lei do 
primeiro domicílio conjugal. 
§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, 
obedece à lei do país em que tiverem os 
nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do 
primeiro domicílio conjugal. 
§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar 
brasileiro, pode, mediante expressa anuência de 
seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega 
do decreto de naturalização, se apostile ao 
mesmo a adoção do regime de comunhão parcial 
de bens, respeitados os direitos de terceiros e 
dada esta adoção ao competente registro. 
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um 
ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será 
reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da 
data da sentença, salvo se houver sido 
antecedida de separação judicial por igual prazo, 
caso em que a homologação produzirá efeito 
imediato, obedecidas as condições estabelecidas 
para a eficácia das sentenças estrangeiras no 
país. 
O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu 
regimento interno, poderá reexaminar, a 
requerimento do interessado, decisões já 
proferidas em pedidos de homologação de 
sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, 
a fim de que passem a produzir todos os efeitos 
legais. 
§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do 
chefe da família estende-se ao outro cônjuge e 
aos filhos não emancipados, e o do tutor ou 
curador aos incapazes sob sua guarda. 
§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, 
considerar-se-á domiciliada no lugar de sua 
residência ou naquele em que se encontre. 
 
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são 
competentes as autoridades consulares 
brasileiras para lhes celebrar o casamento e os 
mais atos de Registro Civil e de tabelionato, 
inclusive o registro de nascimento e de óbito dos 
filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país 
da sede do Consulado 
 
Como fica a sucessão do estrangeiro? 
 
Regra geral de foro competente e lei aplicável 
para sucessão no Brasil: 
 
Foro competente – Art. 1785 do CC e 96 do CPC: 
 
Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último 
domicílio do falecido. 
 
Art. 96 - O foro do domicílio do autor da herança, 
no Brasil, é o competente para o inventário, a 
partilha, a arrecadação, o cumprimento de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO AFT 
Direito Civil 
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6 
disposições de última vontade e todas as ações 
em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha 
ocorrido no estrangeiro. 
 
Parágrafo único - É, porém, competente o foro: 
 
I - da situação dos bens, se o autor da herança 
não possuía domicílio certo; 
II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da 
herança não tinha domicílio certo e possuía bens 
em lugares diferentes. 
 
Lei aplicável para brasileiro – art. 1787 do CC: 
 
Art. 1787: Regula a sucessão e a legitimação 
para suceder a lei vigente ao tempo da abertura 
daquela. 
 
E do estrangeiro? 
 
Foro competente - Art. 89 do CPC e 12, 
parágrafo único do CPC: 
 
Art. 89 - Compete à autoridade judiciária 
brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados 
no Brasil; 
II - proceder a inventário e partilha de bens, 
situados no Brasil, ainda que o autor da herança 
seja estrangeiro e tenha residido fora do território 
nacional. 
 
Art. 12. É competente a autoridade judiciária 
brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil 
ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. 
§ 1o Só à autoridade judiciária brasileira compete 
conhecer das ações, relativas a imóveis situados 
no Brasil. 
 
Lei Aplicável - Art. 10 da LICC e 5, XXXI da CF: 
 
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência 
obedece à lei do país em que domiciliado o 
defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a 
natureza e a situação dos bens. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, 
situados no País, será regulada pela lei
brasileira 
em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, 
ou de quem os represente, sempre que não lhes 
seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. 
(Redação dada pela Lei nº 9.047, de 18.5.1995) 
§ 2o A lei do domicílio do herdeiro ou legatário 
regula a capacidade para suceder. 
 
Qual a norma que rege os bens dos 
estrangeiros? 
 
Art. 8o Para qualificar os bens e regular as 
relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei 
do país em que estiverem situados. 
§ 1o Aplicar-se-á a lei do país em que for 
domiciliado o proprietário, quanto aos bens 
moveis que ele trouxer ou se destinarem a 
transporte para outros lugares. 
§ 2o O penhor regula-se pela lei do domicílio que 
tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a 
coisa apenhada. 
 
Quais normas regem as obrigações e contratos 
internacionais? 
 
Art. 9o Para qualificar e reger as obrigações, 
aplicar-se-á a lei do país em que se constituirem. 
§ 1o Destinando-se a obrigação a ser executada 
no Brasil e dependendo de forma essencial, será 
esta observada, admitidas as peculiaridades da 
lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos 
do ato. 
§ 2o A obrigação resultante do contrato reputa-se 
constituida no lugar em que residir o proponente. 
Quais normas são aplicáveis as pessoas jurídicas 
de direito privado? 
 
Art. 11. As organizações destinadas a fins de 
interesse coletivo, como as sociedades e as 
fundações, obedecem à lei do Estado em que se 
constituirem. 
§ 1o Não poderão, entretanto. ter no Brasil filiais, 
agências ou estabelecimentos antes de serem os 
atos constitutivos aprovados pelo Governo 
brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. 
§ 2o Os Governos estrangeiros, bem como as 
organizações de qualquer natureza, que eles 
tenham constituido, dirijam ou hajam investido de 
funções públicas, não poderão adquirir no Brasil 
bens imóveis ou susceptiveis de desapropriação. 
§ 3o Os Governos estrangeiros podem adquirir a 
propriedade dos prédios necessários à sede dos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Civil 
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representantes diplomáticos ou dos agentes 
consulares. 
 
Sentenças estrangeiras, cartas rogatórias e 
laudos periciais estrangeiros podem ser 
cumpridos no Brasil? 
 
Sim, desde que: 
 
Art. 15. Será executada no Brasil a sentença 
proferida no estrangeiro, que reuna os seguintes 
requisitos: 
a) haver sido proferida por juiz competente; 
b) terem sido os partes citadas ou haver-se 
legalmente verificado à revelia; 
c) ter passado em julgado e estar revestida das 
formalidades necessárias para a execução no 
lugar em que ,foi proferida; 
d) estar traduzida por intérprete autorizado; 
e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal 
Federal. 
Parágrafo único. Não dependem de 
homologação as sentenças meramente 
declaratórias do estado das pessoas. 
 
Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, 
bem como quaisquer declarações de vontade, 
não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a 
soberania nacional, a ordem pública e os bons 
costumes. 
 
I) TRADUÇÃO POR INTERPRETE AUTO-
RIZADO 
 
II) HOMOLOGAÇÃO PELO STJ – chamada de 
exequatur 
 
III) PROVA DO TRANSITO EM JULGADO DA 
SENTENÇA ESTRANGEIRA SEGUNDO O 
DEVIDO PROCESSO LEGAL – Ex.: Juízo 
competente - Súmula 420 do STF: 
 
Súmula 420, STF: Não se homologa sentença 
proferida no estrangeiro sem prova do trânsito 
em julgado. 
 
IV) FILTRAGEM CONSTITUCIONAL – não violar 
soberania nacional, ordem pública e bons 
costumes. 
 
Após tal ínterim, as autoridades brasileiras que 
cumpriram com a decisão, na forma da 
territorialidade mitigada – art 12, parágrafo 
segundo: 
 
§ 2o A autoridade judiciária brasileira cumprirá, 
concedido o exequatur e segundo a forma 
estabelecida pele lei brasileira, as diligências 
deprecadas por autoridade estrangeira 
competente, observando a lei desta, quanto ao 
objeto das diligências. 
 
Como fica a prova de fatos ocorridos no 
estrangeiro e a aplicação da lei estrangeira? 
 
Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país 
estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, 
quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não 
admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei 
brasileira desconheça. 
Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, 
poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do 
texto e da vigência. 
 
Na hora da prova? 
 
1. (AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL - 
2009 – ESAF) 
Assinale a opção falsa. 
 
a) Se, durante a vacatio legis, vier a norma a ser 
corrigida em seu texto, que contém erros 
substanciais, suscetíveis de modificar parcial ou 
totalmente o seu sentido, ensejando nova 
publicação, o prazo nela mencionado para sua 
entrada em vigor ou, não o havendo, os prazos 
de 45 dias e 3 meses começam a correr da nova 
publicação. 
b) O estatuto pessoal, no Brasil, baseia-se na lei 
do domicílio, que é o elemento de conexão 
indicativo da lei competente para reger conflitos 
de lei no espaço concernentes aos direitos de 
família. 
c) O costume praeter legem, previsto no art. 4o 
da Lei de Introdução ao Código Civil, por revestir-
se de caráter supletivo, supre a lei nos casos 
omissos. 
d) Revogar é tornar sem efeito uma norma, 
retirando sua obrigatoriedade no todo, caso em 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO AFT 
Direito Civil 
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que se tem a derrogação, ou em parte, hipótese 
em que se configura a ab-rogação. 
e) Para a integração jurídica, em caso de lacuna, 
o juiz poderá fazer uso da analogia, do costume e 
dos princípios gerais de direito. 
D 
 
(Auditor-Fiscal do Trabalho - MTE- 2003) 
4. Assinale a opção correta. 
 
a) A analogia "juris" é a aplicação de uma norma, 
que rege caso semelhante ao não previsto. 
b) O princípio da territorialidade pode e deve ser 
sempre aplicado de modo absoluto. 
c) Os princípios gerais de direito são normas de 
valor genérico que orientam a compreensão do 
ordenamento jurídico, em sua aplicação e 
integração, estejam ou não positivadas. 
d) É irretroativa a norma que se aplica a qualquer 
situação jurídica constituída anteriormente. 
e) A derrogação é a supressão total da norma 
anterior. 
 
 
 
 
 
APOSTILA Aula 08.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO AFT 
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1 
Teoria Geral do Direito Obrigacional 
Tema VIII 
 
 
1. Conceito: A Obrigação com um Processo. 
 
Consiste em uma relação jurídica de crédito 
transitória entre o credor (sujeito ativo) e o 
devedor (sujeito passivo), tendo por objeto uma 
prestação (dar, fazer ou não fazer), devida pelo 
segundo ao primeiro e a qual é garantida pelo 
patrimônio. 
 
A obrigação é um dever? 
 
2. Elementos do Direito Obrigacional 
 
2.1 Elementos Subjetivos: Determinados? 
Determináveis? 
 
2.2 Elementos Objetivo ou Material: Objeto 
Mediato x Imediato 
 
2.3. Elemento Ideal: Débito x Responsabilidade 
 
Responsabilidade patrimonial ou pessoal? 
 
Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações 
respondem todos os bens do devedor. 
 
Prisão Civil? 
 
3. Relações Patrimoniais 
 
Teoria monista ou dualista no Brasil? 
 
Direitos Reais 
 
Absoluto (erga omnes) 
Apenas individualizado na ameaça 
ou lesão do direito 
X 
Direito Obrigacionais 
 
Relativo (inter-partes) 
Determinados ou Determináveis 
 
 Atributivo (um só sujeito) 
 
Imediatividade 
Permanente ou Inerente ou Aderente 
Direito de Sequela 
 
Cooperativo (Conjunto de Sujeitos) 
 
Mediatividade 
Transitório 
Patrimônio do Devedor Garante 
Eventualmente com Preferências 
 
 
Números Clausus ou Taxativos 
 
ou Típicos ou Legais 
 
Jus in re (Direito à Coisa) 
Objeto: A coisa 
 
Numerus Apertus ou 
Exemplificativos 
 
Jus ad rem (Direito à uma coisa) 
 
Objeto: A Prestação. E de recebê-la, e não sobre 
a prestação considerada como coisa 
Há uma zona intermediária? 
 
1. Obrigações propter rem (in rem, ob rem, 
ambulatoriais): é a obrigação real.. Ex: IPTU, ITR, 
IPVA, obrigação de pagar as taxas condominiais, 
direitos de vizinhança... 
 
2. Obrigação de Ônus real: É a obrigação
que 
limita o uso e o gozo da propriedade. Ex.: Art. 
803 e ss do CC). 
 
3. Obrigação de Eficácia Real: são aquelas que 
sem perder o ser caráter de direito pessoal, ou 
direito a uma prestação, são oponíveis a 
terceiros, que adquiram direitos sobre 
determinado bem, tendo em vista o registro 
(oponibilidade erga-omnes). 
 
4. Classificação Básica das Obrigações 
 
O objeto das obrigações é a prestação, a qual 
pode ser: 
 
a) Positiva 
a. Dar 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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i. Coisa Certa 
ii. Coisa Incerta 
b. Fazer 
 
b) Negativa 
a. Não-Fazer 
 
4.1 Obrigação de Dar Coisa Certa 
 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange 
os acessórios dela embora não mencionados, 
salvo se o contrário resultar do Título ou das 
circunstâncias do caso. 
 
O que acontece se há perda da coisa na 
obrigação de dar coisa certa? 
 
- Perecimento (Perda Total) – Art. 234 
 
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a 
coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da 
tradição, ou pendente a condição suspensiva, 
fica resolvida a obrigação para ambas as partes; 
se a perda resultar de culpa do devedor, 
responderá este pelo equivalente e mais perdas 
e danos. 
 
- Deterioração (Perda parcial) – Arts. 235 e 236 
 
Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o 
devedor culpado, poderá o credor resolver a 
obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu 
preço o valor que perdeu. 
 
Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o 
credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no 
estado em que se acha, com direito a reclamar, 
em um ou em outro caso, indenização das 
perdas e danos. 
 
4.2 Obrigação de Dar Coisa Incerta 
 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, 
pelo gênero e pela quantidade. 
 
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e 
pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, 
se o contrário não resultar do título da obrigação; 
mas não poderá dar a coisa pior, nem será 
obrigado a prestar a melhor. 
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, 
vigorará o disposto na secção antecedente. 
 
O que acontece na hipótese de perda do objeto? 
 
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor 
alegar perda ou deterioração da coisa, ainda que 
por força maior ou caso fortuito. 
 
4.3 Obrigação de Fazer 
 
- Fungível: não personalíssima, substituíveis. 
 
Art. 249. Se o fato puder ser executado por 
terceiro, será livre ao credor mandá-lo executar à 
custa do devedor, havendo recusa ou mora 
deste, sem prejuízo da indenização cabível. 
 
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o 
credor, independentemente de autorização 
judicial, executar ou mandar executar o fato, 
sendo depois ressarcido. 
 
- Infungível: personalíssima (intuito persona). 
Apenas pode ser adimplida pelo devedor. 
 
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar 
perdas e danos o devedor que recusar a 
prestação a ele só imposta, ou só por ele 
exeqüível. 
 
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se 
impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á a 
obrigação; se por culpa dele, responderá por 
perdas e danos. 
 
4.4 Obrigação de Não-Fazer (Negativa) 
 
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, 
desde que, sem culpa do devedor, se lhe torne 
impossível abster-se do ato, que se obrigou a 
não praticar. 
 
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja 
abstenção se obrigara, o credor pode exigir dele 
que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua 
custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. 
 
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o 
credor desfazer ou mandar desfazer, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 
independentemente de autorização judicial, sem 
prejuízo do ressarcimento devido. 
 
5. Classificação Especial 
 
As principais são: 
 
5.1 Obrigações Alternativas. 
 
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha 
cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. 
 
§ 3º No caso de pluralidade de optantes, não 
havendo acordo unânime entre eles, decidirá o 
juiz, findo o prazo por este assinado para a 
deliberação. 
 
E se houver impossibilidade do objeto? 
 
- Perecimento (Perda Total) 
 
Caso seja sem culpa do devedor, extingue a 
obrigação (art 256 do CC). 
 
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem 
impossíveis sem culpa do devedor, extinguir-se-á 
a obrigação. 
 
Caso seja com culpa do devedor, haverá de se 
verificar se a escolha caberia a ele (devedor) ou 
ao credor, sendo que: 
 
a) Se escolha cabia ao devedor, há de ser pago o 
valor da última prestação que se impossibilitou, 
mais as perdas e danos (art. 254 do CC) 
 
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder 
cumprir nenhuma das prestações, não 
competindo ao credor a escolha, ficará aquele 
obrigado a pagar o valor da que por último se 
impossibilitou, mais as perdas e danos que o 
caso determinar. 
 
b) Se a escolha cabia ao credor, este pode exigir 
o equivalente de quaisquer das prestações mais 
as perdas e danos (art. 255 do CC) 
 
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e 
uma das prestações tornar-se impossível por 
culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a 
prestação subsistente ou o valor da outra, com 
perdas e danos; se, por culpa do devedor, ambas 
as prestações se tornarem inexeqüíveis, poderá 
o credor reclamar o valor de qualquer das duas, 
além da indenização por perdas e danos. 
 
- Deterioração (Perda Parcial) 
 
Caso seja sem culpa do devedor, haverá de 
recair a escolha (concentração do débito ou da 
prestação) na prestação subsistente (art. 253 do 
CC) 
 
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder 
ser objeto de obrigação ou se tornada 
inexeqüível, subsistirá o débito quanto à outra. 
 
Caso haja culpa do devedor, vai depender de a 
quem cabe a escolha: 
 
a) Se a escolha cabe ao devedor, concentra o 
débito na prestação remanescente (art. 253 do 
CC) 
 
b) Se a escolha cabe ao credor, ele pode exigir o 
valor da prestação remanescente, ou o 
equivalente da que se impossibilitou, mais as 
perdas e danos (art. 255 do CC). 
 
5.2 Obrigações Divisíveis e Indivisíveis: 
 
Art. 257. Havendo mais de um devedor ou mais 
de um credor em obrigação divisível, esta 
presume-se dividida em tantas obrigações, iguais 
e distintas, quantos os credores ou devedores. 
 
Art. 258. A obrigação é indivisível quando a 
prestação tem por objeto uma coisa ou um fato 
não suscetíveis de divisão, por sua natureza, por 
motivo de ordem econômica, ou dada a razão 
determinante do negócio jurídico. 
 
Problema: Indivisibilidade quando da existência 
de mais de um credor (art. 260). 
 
Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, 
poderá cada um destes exigir a dívida inteira; 
mas o devedor ou devedores se desobrigarão, 
pagando: 
I - a todos conjuntamente; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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II - a um, dando este caução de ratificação dos 
outros credores. 
 
Na hora da prova? 
 
01. (PFN 2007.2 ESAF) 66- “A” deve entregar 
uma jóia de valor correspondente a R$ 
90.000,00 a “B”, “C” e “D”, tendo “B” remitido 
o débito, “C” e “D” exigirão a jóia, mas 
deverão indenizar “A”, em dinheiro (R$ 
30.000,00) da parte que “B” o perdoou. Tal 
ocorre porque a obrigação em tela, produz 
esse efeito por ser: 
 
a) solidária ativa. 
b) indivisível. 
c) divisível. 
d) solidária mista. 
e) solidária passiva. 
 
5.3 Meio, Resultado e Garantia 
 
5.4 Obrigações solidárias: (art. 264, CC) 
 
Art. 264. Há solidariedade, quando na mesma 
obrigação concorre mais de um credor, ou mais 
de um devedor, cada um com direito, ou 
obrigado, à dívida toda. 
 
Art. 265. A solidariedade não se presume; resulta 
da lei ou da vontade das partes. 
 
Art. 267. Cada um dos credores solidários tem 
direito a exigir do devedor o cumprimento da 
prestação por inteiro. 
 
Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber 
de um ou de alguns dos devedores, parcial ou 
totalmente, a dívida comum; se o pagamento 
tiver sido parcial, todos
os demais devedores 
continuam obrigados solidariamente pelo resto. 
Parágrafo único. Não importará renúncia da 
solidariedade a propositura de ação pelo credor 
contra um ou alguns dos devedores. 
 
Art. 281. O devedor demandado pode opor ao 
credor as exceções que lhe forem pessoais e as 
comuns a todos; não lhe aproveitando as 
exceções pessoais a outro co-devedor. 
 
Art. 279. Impossibilitando-se a prestação por 
culpa de um dos devedores solidários, subsiste 
para todos o encargo de pagar o equivalente; 
mas pelas perdas e danos só responde o 
culpado. 
 
Art. 388. A remissão concedida a um dos co-
devedores extingue a dívida na parte a ele 
correspondente; de modo que, ainda reservando 
o credor a solidariedade contra os outros, já lhes 
não pode cobrar o débito sem dedução da parte 
remitida. 
 
Na hora da prova? 
 
02. (PFN 2007.1 ESAF) 65- Tanto na 
solidariedade como na indivisibilidade, ante a 
pluralidade subjetiva, cada credor pode exigir 
a dívida inteira e cada devedor está obrigado 
pelo débito todo. O credor que receber 
responderá pela parte dos demais e o devedor 
que pagar terá direito de regresso contra os 
outros. Apesar desses pontos de contato, há 
nítidas diferenças entre ambas as obrigações. 
Indique, entre as opções, o elemento 
diferencial falso: 
 
a) a fonte da solidariedade é o próprio título em 
razão do qual as partes estão obrigadas e a da 
indivisibilidade é, em regra, a natureza da 
prestação, que não comporta execução 
fracionada. 
b) a solidariedade se extingue com o óbito de um 
dos co-credores e de um dos co-devedores, 
exceto se a obrigação for divisível; já na 
indivisibilidade, o falecimento de um co-credor ou 
co-devedor tornará divisível a obrigação. 
c) a solidariedade perdura mesmo se a obrigação 
se converter em perdas e danos; tal, porém, não 
ocorrerá com a indivisibilidade, que cessará se 
houver essa transformação, pois, passando a ter 
natureza pecuniária, tornar-se-á divisível. 
d) Na obrigação solidária, havendo 
inadimplemento, todos os co-devedores 
responderão pelos juros moratórios, mesmo que 
a ação tenha sido proposta apenas contra um 
deles, embora o culpado tenha de responder aos 
outros pela obrigação acrescida; na obrigação 
indivisível, sendo a culpa de um só dos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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devedores, os outros ficarão exonerados, 
respondendo só aquele pelas perdas e danos. 
e) Na solidariedade, a interrupção da prescrição 
aberta por um dos credores aproveitará aos 
demais, assim como a interrupção efetuada 
contra o devedor solidário envolverá os demais e 
seus herdeiros; na indivisibilidade, a interrupção 
da prescrição por um credor não aproveitará aos 
demais e a interrupção operada contra o co-
devedor ou seu herdeiro não prejudicará os 
demais coobrigados. 
 
6. Teoria Geral do Pagamento 
 
O que é pagamento? 
 
6.1. Requisitos ou Condições Do Pagamento 
 
a) Subjetivos: 
 
> Quem deve pagar? 
 
Art. 304. Qualquer interessado na extinção da 
dívida pode pagá-la, usando, se o credor se 
opuser, dos meios conducentes à exoneração do 
devedor. 
 
Art. 305. O terceiro não interessado, que paga a 
dívida em seu próprio nome, tem direito a 
reembolsar-se do que pagar; mas não se sub-
roga nos direitos do credor. 
 
O devedor pode se opor ao pagamento feito pelo 
terceiro? 
 
Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com 
desconhecimento ou oposição do devedor, não 
obriga a reembolsar aquele que pagou, se o 
devedor tinha meios para ilidir a ação. 
 
> A quem se deve pagar? 
 
Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor 
ou a quem de direito o represente, sob pena de 
só valer depois de por ele ratificado, ou tanto 
quanto reverter em seu proveito. 
 
E o credor putativo? 
 
Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor 
putativo é válido, ainda provado depois que não 
era credor. 
 
b) Objetivos: 
 
I. Princípio da Identidade 
 
Art. 313. O credor não é obrigado a receber 
prestação diversa da que lhe é devida, ainda que 
mais valiosa. 
 
II. Princípio da Indivisibilidade 
 
Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto 
prestação divisível, não pode o credor ser 
obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por 
partes, se assim não se ajustou. 
 
III. Princípio do Nominalismo 
 
Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser 
pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo 
valor nominal, salvo o disposto nos artigos 
subseqüentes. 
 
IV. Princípio do Aumento Progressivo 
 
Art. 316. É lícito convencionar o aumento 
progressivo de prestações sucessivas. 
 
c) Prova do pagamento: 
 
Art. 320. A quitação, que sempre poderá ser 
dada por instrumento particular, designará o valor 
e a espécie da dívida quitada, o nome do 
devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o 
lugar do pagamento, com a assinatura do credor, 
ou do seu representante. 
Parágrafo único. Ainda sem os requisitos 
estabelecidos neste artigo valerá a quitação, se 
de seus termos ou das circunstâncias resultar 
haver sido paga a dívida. 
 
Presunções relativas de pagamento: 
 
Art. 322. Quando o pagamento for em quotas 
periódicas, a quitação da última estabelece, até 
prova em contrário, a presunção de estarem 
solvidas as anteriores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6 
Art. 323. Sendo a quitação do capital sem 
reserva dos juros, estes presumem-se pagos. 
 
Art. 324. A entrega do título ao devedor firma a 
presunção do pagamento. 
Parágrafo único. Ficará sem efeito a quitação 
assim operada se o credor provar, em sessenta 
dias, a falta do pagamento. 
 
d) Lugar do pagamento: 
 
Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio 
do devedor, salvo se as partes convencionarem 
diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da 
natureza da obrigação ou das circunstâncias. 
Parágrafo único. Designados dois ou mais 
lugares, cabe ao credor escolher entre eles. 
 
Art. 328. Se o pagamento consistir na tradição de 
um imóvel, ou em prestações relativas a imóvel, 
far-se-á no lugar onde situado o bem. 
 
Art. 329. Ocorrendo motivo grave para que se 
não efetue o pagamento no lugar determinado, 
poderá o devedor fazê-lo em outro, sem prejuízo 
para o credor. 
 
Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em 
outro local faz presumir renúncia do credor 
relativamente ao previsto no contrato. 
 
7. Formas Especiais de Pagamento 
 
a) Pagamento com Sub-Rogação 
b) Consignação em Pagamento 
c) Confusão 
d) Compensação 
e) Dação em Pagamento 
f) Novação 
g) Remissão 
h) Imputação ao pagamento 
 
7.1 Pagamento com sub-rogação. 
 
O pagamento com sub-rogação poder ser: 
 
I. Legal (art. 346) 
 
Art. 346. A sub-rogação opera-se, de pleno 
direito, em favor: 
I - do credor que paga a dívida do devedor 
comum; 
II - do adquirente do imóvel hipotecado, que paga 
a credor hipotecário, bem como do terceiro que 
efetiva o pagamento para não ser privado de 
direito sobre imóvel; 
III - do terceiro interessado, que paga a dívida 
pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou 
em parte. 
 
II. Convencional (art. 347) 
 
Art. 347. A sub-rogação é convencional: 
I - quando o credor recebe o pagamento de 
terceiro e expressamente lhe transfere todos os 
seus direitos; 
II - quando terceira pessoa empresta ao devedor 
a quantia precisa para solver a dívida, sob a 
condição expressa de ficar o mutuante sub-
rogado nos direitos do credor satisfeito. 
 
Efeitos do pagamento com sub-rogação: 
 
Art. 349. A sub-rogação transfere ao novo credor 
todos os direitos, ações, privilégios e garantias do 
primitivo, em relação à dívida, contra o devedor 
principal e os fiadores. 
 
Art. 350. Na sub-rogação legal o sub-rogado não 
poderá exercer os direitos e as ações do credor, 
senão até à soma que tiver desembolsado para 
desobrigar o devedor. 
 
7.2 Dação em Pagamento (Datio in Soluntum) 
 
Art. 356: O credor pode consentir a receber 
prestação diversa da que lhe é devida. 
 
São seus requisitos: 
 
I) Existência
de uma dívida vencida; 
II) Consentimento do Credor 
III) Entrega de uma prestação diversa da que era 
devida. 
IV) Animus Solvendi (animus/intenção de pagar) 
– pois caso contrário configurará uma 
liberalidade. 
 
7.3 Novação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Civil 
Luciano Figueiredo 
7 
Requisitos gerais da novação: 
 
I. Existência de uma obrigação anterior. 
 
Art. 367. Salvo as obrigações simplesmente 
anuláveis, não podem ser objeto de novação 
obrigações nulas ou extintas. 
II. Intenção de novar (animus novandi): propósito 
de criar uma obrigação nova (art. 361). 
Art. 361. Não havendo ânimo de novar, expresso 
ou tácito, mas inequívoco, a segunda obrigação 
confirma simplesmente a primeira. 
III. Criação de uma obrigação nova, 
substancialmente diversa da primeira. 
 
Espécies: 
 
I. OBJETIVA (art. 360, I) 
I - quando o devedor contrai com o credor nova 
dívida para extinguir e substituir a anterior; 
II. SUBJETIVA (art. 360, II e III) 
 
a) Ativa (inc. III) 
 
III - quando, em virtude de obrigação nova, outro 
credor é substituído ao antigo, ficando o devedor 
quite com este. 
 
b) Passiva (inc. II) 
 
II - quando novo devedor sucede ao antigo, 
ficando este quite com o credor; 
 
A passiva pode ser: 
 
- Delegação 
- Expromissão 
 
Art. 362. A novação por substituição do devedor 
pode ser efetuada independentemente de 
consentimento deste. 
 
Art. 363. Se o novo devedor for insolvente, não 
tem o credor, que o aceitou, ação regressiva 
contra o primeiro, salvo se este obteve por má-fé 
a substituição. 
 
III. MISTA 
 
Art. 364. A novação extingue os acessórios e 
garantias da dívida, sempre que não houver 
estipulação em contrário. Não aproveitará, 
contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca 
ou a anticrese, se os bens dados em garantia 
pertencerem a terceiro que não foi parte na 
novação. 
 
7.4 Compensação. 
 
Art. 368. Se duas pessoas forem ao mesmo 
tempo credor e devedor uma da outra, as duas 
obrigações extinguem-se, até onde se 
compensarem. 
Espécies: 
 
I. LEGAL 
 
Requisitos: 
 
a) RECIPROCIDADE DAS DÍVIDAS 
 
b) LIQUIDEZ DA DÍVIDA. 
 
c) VENCIMENTO (EXIGIBILIDADE) DA DÍVIDA. 
 
d) HOMOGENEIDADE (FUNGIBILIDADE) DAS 
DÍVIDAS 
 
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas 
líquidas, vencidas e de coisas fungíveis. 
 
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as 
coisas fungíveis, objeto das duas prestações, não 
se compensarão, verificando-se que diferem na 
qualidade, quando especificada no contrato. 
 
Art. 371. O devedor somente pode compensar 
com o credor o que este lhe dever; mas o fiador 
pode compensar sua dívida com a de seu credor 
ao afiançado. 
 
II. CONVENCIONAL 
 
III. JUDICIAL 
 
7.5 Confusão 
 
Art. 381. Extingue-se a obrigação, desde que na 
mesma pessoa se confundam as qualidades de 
credor e devedor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8 
Art. 382. A confusão pode verificar-se a respeito 
de toda a dívida, ou só de parte dela. 
 
Art. 383. A confusão operada na pessoa do 
credor ou devedor solidário só extingue a 
obrigação até a concorrência da respectiva parte 
no crédito, ou na dívida, subsistindo quanto ao 
mais a solidariedade. 
 
Art. 384. Cessando a confusão, para logo se 
restabelece, com todos os seus acessórios, a 
obrigação anterior. 
 
7.6 Consignação em Pagamento 
 
Pagamento é apenas um dever? 
 
Hipóteses de Ocorrência 
 
Art. 335. A consignação tem lugar: 
 
I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, 
recusar receber o pagamento, ou dar quitação na 
devida forma; 
II - se o credor não for, nem mandar receber a 
coisa no lugar, tempo e condição devidos; 
III - se o credor for incapaz de receber, for 
desconhecido, declarado ausente, ou residir em 
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil; 
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva 
legitimamente receber o objeto do pagamento; 
V - se pender litígio sobre o objeto do 
pagamento. 
 
Credor terá legitimidade? 
Art. 345. Se a dívida se vencer, pendendo litígio 
entre credores que se pretendem mutuamente 
excluir, poderá qualquer deles requerer a 
consignação. 
 
Condições de Validade para o Pagamento 
Art. 336. Para que a consignação tenha força de 
pagamento, será mister concorram, em relação 
às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os 
requisitos sem os quais não é válido o 
pagamento. 
 
Obrigações de Dar Coisa Certa e Incerta? 
 
Art. 341. Se a coisa devida for imóvel ou corpo 
certo que deva ser entregue no mesmo lugar 
onde está, poderá o devedor citar o credor para 
vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser 
depositada. 
 
Art. 342. Se a escolha da coisa indeterminada 
competir ao credor, será ele citado para esse fim, 
sob cominação de perder o direito e de ser 
depositada a coisa que o devedor escolher; feita 
a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no 
artigo antecedente. 
 
Prestações Periódicas? 
 
8. Transmissão das Obrigações. 
 
8.1 Cessão de Débito ou assunção de dívida. 
 
Art. 299. É facultado a terceiro assumir a 
obrigação do devedor, com o consentimento 
expresso do credor, ficando exonerado o devedor 
primitivo, salvo se aquele, ao tempo da 
assunção, era insolvente e o credor o ignorava. 
 
Parágrafo único. Qualquer das partes pode 
assinar prazo ao credor para que consinta na 
assunção da dívida, interpretando-se o seu 
silêncio como recusa. 
 
Requisitos da cessão de débito ou assunção de 
dívida: 
 
I. Existência de uma obrigação válida 
II. Anuência expressa do credor (pois muda a 
garantia patrimonial da dívida) 
III. A substituição do devedor, mantendo-se a 
mesma a obrigação. 
 
Confunde-se com novação subjetiva passiva? 
 
Observações: 
 
a) As garantias dadas pelo devedor primitivo só 
permanecem se ele consentir (art. 300). 
 
Art. 300. Salvo assentimento expresso do 
devedor primitivo, consideram-se extintas, a partir 
da assunção da dívida, as garantias especiais 
por ele originariamente dadas ao credor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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9 
b) O novo devedor pode opor as antigas defesas 
pessoais do devedor primitivo? Não! Pode 
apenas opor as exceções comuns (Art. 302 CC). 
 
Art. 302. O novo devedor não pode opor ao 
credor as exceções pessoais que competiam ao 
devedor primitivo. 
 
8.2 Cessão de crédito. 
 
Art. 286. O credor pode ceder o seu crédito, se a 
isso não se opuser a natureza da obrigação, a lei, 
ou a convenção com o devedor; a cláusula 
proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao 
cessionário de boa-fé, se não constar do 
instrumento da obrigação. 
 
Onerosa ou Gratuita? 
 
A regra geral é que o crédito pode ser cedido. 
Porém, há exceções: 
 
I. Natureza do crédito não permite – Ex: direito 
aos alimentos 
II. A lei proíbe – Ex: Art. 1749, III (aqui a lei 
proíbe a cessão do crédito). 
 
Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, não 
pode o tutor, sob pena de nulidade: 
III - constituir-se cessionário de crédito ou de 
direito, contra o menor. 
 
III. Se o contrato vedar por cláusula expressa 
(pacto non cedendo). 
 
Confunde-se com a novação subjetiva ativa? 
 
O devedor tem que consentir? 
 
Art. 290. A cessão do crédito não tem eficácia em 
relação ao devedor, senão quando a este 
notificada; mas por notificado se tem o devedor 
que, em escrito público ou particular, se declarou 
ciente da cessão feita. 
 
Notificado o devedor, poderá ele opor ao novo 
credor, defesas que tinha contra o credor 
original? 
 
 
Art. 294. O devedor pode opor ao cessionário as 
exceções que lhe competirem, bem como as que, 
no momento em que veio a ter conhecimento da 
cessão, tinha contra o cedente. 
 
É possível a prática de atos conservatórios? 
 
Art. 293. Independentemente do conhecimento 
da cessão pelo devedor, pode o cessionário 
exercer os atos conservatórios do direito cedido. 
 
Como fica a responsabilidade civil do credor 
originário? 
 
Art. 295. Na cessão por título oneroso, o cedente, 
ainda que não se responsabilize,
fica responsável 
ao cessionário pela existência do crédito ao 
tempo em que lhe cedeu; a mesma 
responsabilidade lhe cabe na cessão por título 
gratuito, se tiver procedido de má-fé. 
 
Art. 296. Salvo estipulação em contrário, o 
cedente não responde pela solvência do devedor. 
 
Art. 297. O cedente, responsável ao cessionário 
pela solvência do devedor, não responde por 
mais do que daquele respondeu, com os 
respectivos juros; mas tem de ressarci-lhe as 
despesas da cessão e as que o cessionário 
houver feito com cobrança. 
 
Crédito penhorado pode ser cedido? 
 
Art. 298. O crédito, uma vez penhorado, não 
pode mais ser transferido pelo credor que tiver 
conhecimento da penhora; mas o devedor que 
pagar, não tendo notificação daquela, fica 
exonerado, subsistindo somente em face do 
credor os direitos de terceiros 
 
8.3 Cessão de Contrato ou Cessão de Posição 
Contratual. 
 
Existe no Brasil? Necessária? 
 
Há divergência sobre a relevância de seu 
regramento: 
 
a) Doutrina Unitária 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO AFT 
Direito Civil 
Luciano Figueiredo 
10 
b) Doutrina atomista 
 
Requisitos da cessão e contrato: 
 
I. Anuência da parte contrária. 
II. A celebração de um negócio jurídico entre 
cedente e cessionário. 
III. Integralidade da cessão (deve ser global). 
 
Na hora da prova? 
05. (PG/DF 2007, Esaf) 42-Assinale a opção 
falsa. 
 
a) A “cessão de crédito” e a “assunção de dívida” 
constituem modalidades de transmissão das 
obrigações. 
b) Podem os contratantes estabelecer cláusula 
proibitiva da cessão de crédito. Tal cláusula 
proibitiva não poderá ser oposta ao cessionário 
de boa-fé, se não constar do instrumento da 
obrigação. 
c) A partir da assunção de dívida, salvo 
assentimento expresso do devedor primitivo, 
consideram-se extintas as garantias especiais 
por ele originariamente dadas ao credor. 
d) Como na assunção de dívida, o que se 
transmite é a “obrigação originária”, o novo 
devedor pode opor ao credor as exceções 
pessoais que competiam ao devedor primitivo. 
e) Qualquer das partes pode assinar prazo ao 
credor para que consinta na assunção de dívida, 
interpretando-se o seu silêncio como recusa. 
 
9. Arras. 
 
Trata-se de uma disposição contratual pela qual 
uma das partes entrega a outra dinheiro ou bem 
móvel para assegurar o cumprimento da 
obrigação pactuada 
 
Espécies: 
 
a) ARRAS CONFIRMATÓRIAS (chamada 
popularmente de “entrada ou sinal”) 
 
Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do 
contrato, uma parte der à outra, a título de arras, 
dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, 
em caso de execução, ser restituídas ou 
computadas na prestação devida, se do mesmo 
gênero da principal. 
 
Art. 418. Se a parte que deu as arras não 
executar o contrato, poderá a outra tê-lo por 
desfeito, retendo-as; se a inexecução for de 
quem recebeu as arras, poderá quem as deu 
haver o contrato por desfeito, e exigir sua 
devolução mais o equivalente, com atualização 
monetária segundo índices oficiais regularmente 
estabelecidos, juros e honorários de advogado. 
 
Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização 
suplementar, se provar maior prejuízo, valendo 
as arras como taxa mínima. Pode, também, a 
parte inocente exigir a execução do contrato, com 
as perdas e danos, valendo as arras como o 
mínimo da indenização. 
 
b) ARRAS PENITENCIAIS: 
 
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de 
arrependimento para qualquer das partes, as 
arras ou sinal terão função unicamente 
indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-
las-á em benefício da outra parte; e quem as 
recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em 
ambos os casos não haverá direito a indenização 
suplementar. 
 
Súmula 412: No compromisso de compra e 
venda com cláusula de arrependimento, a 
devolução do sinal, por quem o deu, ou a sua 
restituição em dobro, por quem o recebeu, exclui 
indenização maior, a título de perdas e danos, 
salvo os juros moratórios e os encargos do 
processo. 
 
10. Inadimplemento 
 
Espécies do relativo (art. 394): 
 
Art. 394. Considera-se em mora o devedor que 
não efetuar o pagamento e o credor que não 
quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei 
ou a convenção estabelecer. 
 
a) Mora do Devedor (mora Debendi/Solvendi) 
 
Requisitos da mora do devedor: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO AFT 
Direito Civil 
Luciano Figueiredo 
11 
I. existência de uma dívida líquida e certa. 
II. o vencimento da dívida 
III. culpa do devedor (esta não é objetiva, por ser 
uma to voluntário dele – se o devedor for isento 
de culpa não haverá mora) – art. 396 
 
Art. 396. Não havendo fato ou omissão imputável 
ao devedor, não incorre este em mora. 
 
IV. Servir a Obrigação ao Credor 
 
Parágrafo único. Se a prestação, devido à mora, 
se tornar inútil ao credor, este poderá enjeitá-la, e 
exigir a satisfação das perdas e danos. 
 
Classificação da mora: 
 
I. Ex Re – dies interpelat pro homine. 
II. Ex Persona 
 
Efeitos da mora do devedor: 
 
I. Responsabilidade Civil pela mora (art. 395, 
caput) 
 
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a 
que sua mora der causa, mais juros, atualização 
dos valores monetários segundo índices oficiais 
regularmente estabelecidos, e honorários de 
advogado. 
 
II. Responsabilidade Civil pelo risco (também 
chamada de perpetuatio obligationes) – (art. 399) 
 
Art. 399. O devedor em mora responde pela 
impossibilidade da prestação, embora essa 
impossibilidade resulte de caso fortuito ou de 
força maior, se estes ocorrerem durante o atraso; 
salvo se provar isenção de culpa, ou que o dano 
sobreviria ainda quando a obrigação fosse 
oportunamente desempenhada. 
 
b) Mora do Credor (mora Credendi/Accipiendi) 
 
Efeitos: (art. 400 CC): 
 
Art. 400. A mora do credor subtrai o devedor 
isento de dolo à responsabilidade pela 
conservação da coisa, obriga o credor a ressarcir 
as despesas empregadas em conservá-la, e 
sujeita-o a recebê-la pela estimação mais 
favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre 
o dia estabelecido para o pagamento e o da sua 
efetivação. 
 
I. Subtrai o devedor isento de dolo à 
responsabilidade pela conservação da coisa. 
II. Obriga a ressarci as despesas nele 
empregadas. 
III. Sujeita o credor a receber a estimação mais 
favorável ao devedor, se o seu valor oscilar entre 
acordado para o pagamento e o da sua 
efetivação. 
 
11. Cláusula Penal ou Pena Convencional 
 
Art. 408. Incorre de pleno direito o devedor na 
cláusula penal, desde que, culposamente, deixe 
de cumprir a obrigação ou se constitua em mora. 
 
Modalidades 
 
a) Compensatória 
b) Moratória 
 
Pode ultrapassar o valor da obrigação principal? 
 
Art. 412. O valor da cominação imposta na 
cláusula penal não pode exceder o da obrigação 
principal. 
 
Pode cumular o pedido da compensatória com o 
cumprimento? E a moratória? 
 
Art. 410. Quando se estipular a cláusula penal 
para o caso de total inadimplemento da 
obrigação, esta converter-se-á em alternativa a 
benefício do credor. 
 
Art. 411. Quando se estipular a cláusula penal 
para o caso de mora, ou em segurança especial 
de outra cláusula determinada, terá o credor o 
arbítrio de exigir a satisfação da pena cominada, 
juntamente com o desempenho da obrigação 
principal. 
 
É possível indenização suplementar? 
 
Parágrafo único. Ainda que o prejuízo exceda ao 
previsto na cláusula penal, não pode o credor 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO AFT 
Direito Civil 
Luciano Figueiredo 
12 
exigir indenização suplementar se assim não foi 
convencionado. Se o tiver sido, a pena vale como 
mínimo da indenização, competindo ao credor 
provar o prejuízo excedente. 
 
E se for abusiva? 
 
Art. 413. A penalidade deve ser reduzida 
eqüitativamente pelo juiz se a obrigação principal 
tiver sido cumprida em parte, ou se o montante 
da penalidade for manifestamente excessivo, 
tendo-se em vista a natureza e a finalidade do 
negócio. 
 
 
 
 
APOSTILA Aulas 02 e 03.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Módulo
Jurídico AFT 
Direito Constitucional 
Léo Van Hotle 
1 
Poder constituinte (PC) é o poder capaz 
de estabelecer as normas 
constitucionais (de uma nova Const. ou 
de Const. já existente). 
 
Conceito amplo: sempre houve PC. 
 
Conceito restrito/formal: a teoria formal 
do PC é atribuída ao Abade Sieyès (“O 
que é o Terceiro Estado?”) e propõe a 
distinção entre o poder constituinte e os 
poderes constituídos (Legislativo, 
Executivo e Judiciário). 
 
Titularidade do PC: permanente do povo 
(soberania popular). 
 
Exercício do PC: efêmero pelos 
representantes do povo ou agentes do 
PC (Assembleia Nac. Constituinte ou 
outorga). 
 
Natureza do PC: três correntes: social, 
política e jurídica. 
 
Veículo do PC: a revolução jurídica. 
 
Espécies de PC: 
material (contexto q determina o 
conteúdo da Const.) e formal 
(formalização do texto); 
 
fundacional/histórico (1.ª Const.) e pós-
fundacional/revolucionário (as demais 
Const.). 
 
originário – PCO (elabora uma nova CF) 
e derivado – PCD (reforma ou 
complementa CF já existente). 
 
Características do PCO: 
inicial (o PCO é a base da ordem 
jurídica); 
ilimitado juridicamente ou autônomo 
(mas há limites metajurídicos); 
incondicionado (forma); 
permanente (titularidade); 
extraordinário (exercício). 
 
Formas de expressão: Assembleia Nac. 
Constituinte (PC democrático) ou 
Outorga (PC outorgado). 
 
 
Conceito de PCD: é o poder de reformar 
(PC reformador) ou de complementar 
(PC decorrente) uma Constituição já 
existente. 
 
Localização do PCD: inserido na CF/88, 
instituído pelas normas originárias e 
passível de controle de 
constitucionalidade. 
 
Características do PCD: 
 
a)derivado; 
b)subordinado (limitado juridicamente); 
c)condicionado (a formalidades pré-
estabelecidas). 
 
Espécies de PCD: reformador e 
decorrente. 
 
 
Subespécies do PCD reformador: 
emenda constitucional (CF, art. 60) e 
revisão constitucional (art. 3.º do ADCT). 
 
Reforma constitucional (processo formal 
de alteração do texto da CF) não se 
confunde com mutação constitucional 
(processo informal de mudança da 
Constituição; altera-se o sentido, e não o 
texto, por obra da doutrina, da 
jurisprudência e das forças sociais). 
 
 
(ESAF.AFRF.09) Marque a opção correta. 
 
O Poder Constituinte Originário é 
ilimitado e autônomo, pois é a base da 
ordem jurídica. 
O Poder Constituinte Derivado 
decorrente consiste na possibilidade de 
alterar-se o texto constitucional, 
respeitando-se a regulamentação 
especial prevista na própria Constituição 
Federal e será exercitado por 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Módulo Jurídico AFT 
Direito Constitucional 
Léo Van Hotle 
2 
determinados órgãos com caráter 
representativo. 
 
A outorga, forma de expressão do Poder 
Constituinte Originário, nasce da 
deliberação da representação popular, 
devidamente convocada pelo agente 
revolucionário. 
O Poder Constituinte Derivado decorre 
de uma regra jurídica de autenticidade 
constitucional. 
A doutrina aponta a contemporaneidade 
da ideia de Poder Constituinte com a do 
surgimento de Constituições históricas, 
visando, também, à limitação do poder 
estatal. 
 
Limites ao PCD reformador: 
limites materiais (cláusulas pétreas): 
expressos (CF, art. 60, § 4.º) ou 
implícitos (titularidade do PC originário e 
derivado e os limites expressos – arts. 
60 da CF e 3.º do ADCT). 
- Cláusulas pétreas (CP) expressas: não 
são normas imodificáveis, mas 
postulados que não podem ser 
restringidos indevidamente, violados 
em sua essência. São elas: 
 
a) separação de Poderes; 
b) forma federativa de Estado; 
 
c) voto direto, secreto, universal e 
periódico; 
d) direitos e garantias individuais (a 
CF/88 não gravou todos os DFs 
como CP, mas elas não se limitam ao 
art. 5.º da CF/88 (exs.: art. 7.º, XVIII, 
art. 16, art. 150, III, b, art. 195, § 6.º). 
 
limites circunstanciais: não se altera a 
CF em estado de sítio, estado de defesa 
e intervenção federal (art. 60, § 1.º). 
 
 
limites procedimentais ou formais: é o 
procedimento legislativo (arts. 3.º do 
ADCT e 60, caput e §§ 2.º, 3.º e 5.º). 
 
 - Existem limites temporais ao PCD 
reformador da CF/88? 
 
Conceito de PCD decorrente (PCD 
estadual): poder que os estados e o DF têm 
de se auto-organizarem, por meio de 
constituições estaduais e da LODF (art. 11 
do ADCT e art. 25 da CF), a fim de 
complementar a CF/88. 
 
Limites ao PC decorrente: 
 
a) Princípios sensíveis (CF, art. 34, VII). 
b) Princípios estabelecidos ou 
organizatórios (ex.: arts. 5.º, 25 e 37 
da CF);. 
c) Princípios extensíveis (ex.: arts. 59 e 
ss. e 165 e ss. da CF). 
 
Fenômenos de Direito Constitucional 
intertemporal 
 
 Recepção: leis anteriores compatíveis 
materialmente com a nova CF ou emenda 
constitucional permanecem em vigor. É um 
processo automático que, em regra, apenas 
se preocupa com aspectos materiais das 
normas infraconstitucionais. Para o STF, a 
não recepção das leis pela nova CF ou 
pelas emendas constitucionais equivale à 
sua revogação. 
 
b) Repristinação: a lei não recepcionada por 
CF posterior volta a vigorar por força de 
nova CF. Não é automático e depende de 
previsão constitucional expressa. A CF/88 
não o adotou. 
 
c)Desconstitucionalização: a nova CF 
recepciona normas da CF passada como lei 
ordinária. Não é automático e depende de 
previsão constitucional expressa. A CF/88 
não o adotou. 
 
 
09. (ESAF AFT 2010) Sabe-se que a 
Constituição Federal, apesar de ser 
classificada como rígida, pode sofrer 
reformas. A respeito das alterações na 
Constituição, podemos afirmar que a 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Módulo Jurídico AFT 
Direito Constitucional 
Léo Van Hotle 
3 
emenda à Constituição Federal, enquanto 
proposta, é considerada um ato 
infraconstitucional. de acordo com a 
doutrina constitucionalista, a Constituição 
Federal traz duas grandes espécies de 
limitações ao Poder de reformá-la, as 
limitações expressas e as implícitas. as 
limitações expressas circunstanciais 
formam um núcleo intangível da 
Constituição Federal, denominado 
tradicionalmente por “cláusulas pétreas”. 
vários doutrinadores publicistas salientam 
ser implicitamente irreformável a norma 
constitucional que prevê as limitações 
expressas. 
 
Assinale a opção verdadeira. 
 
a) II, III e IV estão corretas. 
b) I, II e III estão incorretas. 
c) I, III e IV estão corretas. 
d) I, II e IV estão corretas. 
e) II e III estão incorretas. 
 
2.(ESAF.Analista Jurídico.SEFAZ. CE.2006) 
Sobre o poder constituinte originário e o 
poder constituinte derivado, assinale a 
única alternativa correta. 
 
A revisão constitucional prevista por uma 
Assembleia Nacional Constituinte, possibilita 
ao poder constituinte derivado a alteração do 
texto constitucional, com menor rigor formal e 
sem as limitações expressas e implícitas 
originalmente definidas no texto constitucional. 
 
Entre as características do poder constituinte 
originário destaca-se a possibilidade 
incondicional de atuação, ou seja, a 
Assembléia Nacional Constituinte não está 
sujeita a forma ou procedimento pré-
determinado. 
O poder constituinte derivado decorrente é 
aquele atribuído aos parlamentares no 
processo legiferante, em que são discutidas e 
aprovadas leis, observadas as limitações 
formais e materiais impostas pela Constituição. 
 
O poder emanado do constituinte derivado 
reformador, que é fundado na possibilidade de 
alteração do texto constitucional, não é 
passível de controle de constitucionalidade 
pelo Supremo Tribunal Federal. 
O titular do poder constituinte é aquele que, em 
nome do povo, promove a instituição de um 
novo regime constitucional ou promove a sua 
alteração. 
 
3(ESAF.ACE.TCU.2006) Sobre poder 
constituinte, interpretação constitucional e 
emendas constitucionais, assinale a 
assertiva correta. 
 
a) Para o positivismo jurídico, o poder 
constituinte originário tem natureza 
jurídica, sendo um poder de direito, uma 
vez que traz em si o gérmen
da ordem 
jurídica. 
 
 
b) Segundo a doutrina majoritária, no caso 
brasileiro, não há vedação à alteração 
do processo legislativo das emendas 
constitucionais, pelo poder constituinte 
derivado, uma vez que a matéria não se 
enquadra entre as hipóteses que 
constituem as cláusulas pétreas 
estabelecidas pelo constituinte 
originário. 
 
c) Na aplicação do princípio da 
interpretação das leis em conformidade 
com a Constituição, o intérprete deve 
considerar, no ato de interpretação, o 
princípio da prevalência da constituição 
e o princípio da conservação das 
normas. 
 
d) Quando o intérprete, na resolução dos 
problemas jurídico-constitucionais, dá 
primazia aos critérios que favoreçam a 
integração política e social e o reforço 
da unidade política, pode-se afirmar 
que, no trabalho hermenêutico, ele fez 
uso do princípio da conformidade 
funcional. 
e) A matéria constante de proposta de 
emenda à Constituição rejeitada só 
poderá ser objeto de uma nova 
proposta, na mesma legislatura, se tiver 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Módulo Jurídico AFT 
Direito Constitucional 
Léo Van Hotle 
4 
o apoiamento de três quintos dos 
membros de qualquer das Casas. 
 
 
 
 
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MÓDULO TEÓRICO – AFT 
Direito Constitucional 
Léo Van Hotle 
1 
Supremacia da Constituição: 
 
a) Formal ou jurídica (superioridade hierárquica): 
só existe nas constituições rígidas. 
b) Material (sociológico): existe tanto nas 
constituições flexíveis, quanto nas constitui-ções 
rígidas. 
 
Conceito de Controle de Constitucionalidade 
Fiscalização da compatibilidade de uma lei ou de 
um ato do Poder Público com as normas da 
Constituição. 
 
Pressupostos do controle 
a) rigidez constitucional (princípio da 
imutabilidade relativa ou da estabilidade 
constitucional); 
b) supremacia formal ou jurídica da Constituição. 
 
Fatores do controle 
1.º) Parâmetro constitucional: conjunto de normas 
constitucionais que se toma como referência para 
a declaração de inconstitucionalidade do ato 
normativo. No Brasil, a constituição formal. 
Há diferença do parâmetro no controle difuso-
incidental e no controle abstrato-principal? E o 
que é bloco de constitucionalidade? 
 
2.º) Objeto do controle: lei ou ato do Poder 
Público que sofre o controle de 
constitucionalidade. Pode ser um ato federal, 
estadual, distrital ou municipal, desde que: 
a) ofenda diretamente a CF/88; 
b) seja editado posteriormente a 1988 (ou após o 
parâmetro constitucional). 
 
Espécies de inconstitucionalidade 
a) Inconstitucionalidade material: o conteúdo da 
lei é incompatível com o conteúdo da CF versus 
Inconstitucionalidade formal: as regras de 
processo legislativo constitucionais não foram 
observadas. Esta é subdividida em 
inconstitucionalidade orgânica, subjetiva e formal 
propriamente dita. 
b) Inconstitucionalidade por ação: elaboração de 
uma lei incompatível com a CF/88 versus 
Inconstitucionalidade por omissão: a CF exige a 
edição de ato normativo e o órgão competente 
mantém-se inerte. Esta subdivide-se em total ou 
formal e parcial ou material. 
c) Inconstitucionalidade direta ou imediata: a lei 
ou ato normativo viola diretamente a Constituição 
versus Inconstitucionalidade indireta ou mediata: 
o decreto viola primeiro a lei e, por via oblíqua, a 
CF/88. 
d) Inconstitucionalidade originária: o ato é 
inconstitucional desde a sua origem versus 
Inconstitucionalidade superveniente: a norma 
nasce constitucional, mas torna-se incompatível 
com a Constituição supervenientemente, seja 
pela edição de uma nova CF, seja pela 
elaboração de uma emenda constitucional. 
 
Sistemas de controle de constitucionalidade 
a) Controle político: controle exercido por órgãos 
de natureza política (Legislativo ou Executivo). 
Ex.: França. 
b) Controle jurisdicional: o controle é feito pelo 
Judiciário. Ex.: EUA e Brasil. 
c) Controle misto: certas leis são submetidas ao 
controle político e outras ao controle jurisdicional. 
Ex.: Suíça. 
 
Tipos de controle 
a) Quanto ao momento: 
- Controle preventivo, prévio, a priori: controle 
realizado antes de a norma ser definitivamente 
elaborada. 
- Controle sucessivo, repressivo, a posteriori: é o 
controle feito após a norma ser definitivamente 
elaborada. 
 
b) quanto aos órgãos competentes: 
- Controle difuso ou aberto: controle exercido por 
vários órgãos, no Brasil, por qualquer juiz ou 
tribunal. 
- Controle concentrado ou fechado: controle feito 
por um único órgão, no Brasil, o STF para a 
CF/88 e os tribunais de Justiça para as 
constituições estaduais. 
 
c) quanto à via utilizada: 
- Controle por via de exceção ou de defesa, 
incidental, incidenter tantum - controle concreto: a 
inconstitucionalidade da lei é arguida 
incidentalmente, no curso de um processo judicial 
onde estão sendo discutidos direitos subjetivos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO – AFT 
Direito Constitucional 
Léo Van Hotle 
2 
- Controle por via de ação direta, via principal - 
controle abstrato, em tese: determinadas 
autoridades públicas (ex.: presidente da 
República, governador e PGR) ajuízam uma ação 
autônoma (ex.: ADI) cujo objetivo principal é a 
declaração da inconstitucionalidade da lei, sem 
levar em conta qualquer caso concreto. 
 
Controle de constitucionalidade no Brasil 
No Brasil, o controle preventivo é eminentemente 
político, realizado pelo Legislativo (CCJ) e 
Executivo (veto jurídico – art. 66 da CF/88). 
Excepcionalmente, o controle preventivo é 
jurisdicional, pelo MS do parlamentar durante o 
processo legislativo de uma lei ou emenda 
constitucional, quando violado o devido processo 
legislativo. 
 
Excepcionalmente, o controle repressivo 
brasileiro é político, a saber: 
a) medida provisória (CF, art. 62); 
b) veto legislativo (CF, art. 49, V); 
c) tribunais de contas (Súmula 347 do STF); 
d) chefes do Poder Executivo (STF, ADI 221/DF). 
 
Controle jurisdicional difuso, concreto e 
incidental 
 
 Registro histórico: caso Marbury x 
Madison (1803). No Brasil: CF de 1891. 
 Controle exercido por qualquer juiz ou 
tribunal. 
 No âmbito de um caso concreto, em que 
se discute direitos subjetivos. 
 A inconstitucionalidade é arguida 
incidentalmente, por via de exceção. 
 A questão da inconstitucionalidade pode 
ser alegada por qualquer das partes, pelo MP, 
por terceiros intervenientes ou de ofício pelo juiz 
(matéria de ordem pública). 
 
 O controle difuso pode ser realizado em 
qualquer espécie de ação (inclusive ação civil 
pública). 
 
 Os efeitos da decisão do controle difuso-
incidental, em regra, são: 
 a) ex tunc: retroagem à data da 
publicação da lei; 
b) inter partes: somente entre as partes, pois a lei 
deixa de ser aplicada apenas no processo em 
que foi julgada. 
 
Exceções: 
 a) ampliação dos efeitos da decisão 
definitiva do STF pelo Senado Federal (art. 52, X) 
(o que era inter partes passa a ser erga omnes); 
 b) utilização do art. 27 da Lei n. 9.868/99 
para ações de controle difuso-incidental (STF, RE 
197.917/SP) (o que era ex tunc passa a ser ex 
nunc ou pro futuro). 
 
 Art. 52, X: o Senado Federal concede à 
decisão do STF eficácia erga omnes e ex nunc 
(ex tunc p/ a Adm. Públ. federal – Decreto n.º 
2.346/97). 
 Esse é um poder discricionário do SF, que 
só se aplica no controle difuso-incidental. 
 
 Cláusula de reserva de plenário (CF, art. 
97): os tribunais somente poderão declarar a 
inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo 
pelo voto da maioria absoluta de seus membros 
ou dos membros do respectivo órgão especial 
(CF, art. 93, XI). 
 
 Exceção: o art. 481, parágrafo único, do 
CPC trouxe duas exceções, pois os órgãos 
fracionários dos tribunais não precisam submeter 
a arguição de inconst. ao plenário ou ao órgão 
especial, quando já houver: 
a) pronunciamento anterior do plenário ou do 
órgão especial do mesmo tribunal sobre a 
matéria; ou 
b) pronunciamento anterior do plenário do STF 
sobre a questão. 
 
83. (ESAF.EPPG.MPOG.2009)
Assinale a opção 
correta acerca da supremacia da Constituição, do 
controle de constitucionalidade e da análise do 
princípio hierárquico das normas. 
b) Sob o ponto de vista jurídico, a supremacia da 
Constituição sob os aspectos formal e material se 
apoia na regra da rigidez decorrente da maior 
dificuldade para modificação da Constituição do 
que para a alteração das demais normas 
jurídicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO – AFT 
Direito Constitucional 
Léo Van Hotle 
3 
13. (ESAF.AFRF.09) Marque a opção correta. 
 
 I. O disposto no artigo 5o, inciso XIII da 
Constituição Federal – “é livre o exercício de 
qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas 
as qualificações profissionais que a lei 
estabelecer”, cuida-se de uma norma de eficácia 
limitada. 
 II. A ideia de escalonamento normativo é 
pressuposto necessário para a supremacia 
constitucional e, além disso, nas constituições 
materiais se verifica a superioridade da norma 
magna em relação àquelas produzidas pelo 
Poder Legislativo. 
 III. O sistema de controle Judiciário de 
Constitucionalidade repressiva denominado 
reservado ou concentrado é exercido por via de 
ação. 
 IV. Na via de exceção, a pronúncia do 
Judiciário sobre a inconstitucionalidade não é 
feita enquanto manifestação sobre o objeto 
principal da lide, mas sim sobre questão prévia, 
indispensável ao julgamento do mérito. 
 V. A cláusula de reserva de plenário não 
veda a possibilidade de o juiz monocrático 
declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato 
normativo do Poder Público. 
 
a) As afirmativas I e III estão corretas. 
b) As afirmativas II e V estão incorretas. 
c) As afirmativas III e IV estão incorretas. 
d) As afirmativas I e V estão incorretas. 
e) As afirmativas IV e V estão corretas. 
 
3. (ESAF.Auditor Fiscal do Trabalho. 2003) No 
âmbito da Administração Pública Federal, a 
suspensão, pelo Senado Federal, da execução 
de lei declarada inconstitucional por decisão 
definitiva do Supremo Tribunal Federal tem 
efeitos ex tunc. 
 
108. (ESAF.Analista.MDIC.2012) Sobre o 
controle de constitucionalidade, é correto 
afirmar que: 
 
a) o Supremo Tribunal Federal afirmou ser 
“legítima a utilização da ação civil pública como 
instrumento de fiscalização incidental de 
constitucionalidade, pela via difusa, de quaisquer 
leis ou atos do Poder Público, desde que a 
controvérsia constitucional não se identifique 
como objeto único da demanda, mas simples 
questão prejudicial, indispensável à resolução do 
litígio principal”. 
b) somente pelo voto de dois terços de seus 
membros ou dos membros do respectivo órgão 
especial poderão os tribunais declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do 
Poder Público. 
c) no Brasil o sistema de controle de 
constitucionalidade repressivo judiciário foi 
somente o concentrado, vez que compete ao 
Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a 
guarda da Constituição. 
d) os parlamentares são legitimados, mas não os 
únicos, à propositura de mandado de segurança 
para a defesa do direito líquido e certo a um 
processo legislativo conforme as normas 
constitucionais e legais. Quando a autoria for de 
parlamentares, o prosseguimento do processo, 
até decisão final do Supremo Tribunal Federal, 
dependerá da manutenção do autor de sua 
condição de membro do Congresso Nacional. 
 
109. (ESAF.Analista.Ministério da Integração 
Nacional.2012) Sobre o sistema brasileiro de 
controle judicial de constitucionalidade, é 
incorreto afirmar que: 
 
a) o mandado de injunção é cabível quando a 
falta de norma regulamentadora torne inviável o 
exercício de direitos e liberdades constitucionais 
e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à 
soberania e à cidadania. 
b) o sistema brasileiro de controle judicial de 
constitucionalidade não compreende mecanismo 
destinado ao controle preventivo da 
constitucionalidade formal ou material das leis, 
salvo na excepcional situação do denominado 
“devido processo legislativo”. 
c) o recurso extraordinário é cabível contra 
decisão de única ou última instância que, dentre 
outras hipóteses, contraria dispositivo da 
Constituição Federal. 
d) o processamento e julgamento da ação direta 
de inconstitucionalidade, quando articulada 
contra lei ou ato normativo federal, compete 
exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal. 
e) no sistema brasileiro de controle judicial de 
constitucionalidade, apenas os tribunais, órgãos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO – AFT 
Direito Constitucional 
Léo Van Hotle 
4 
colegiados do Poder Judiciário, podem declarar a 
inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, 
devendo fazê-lo pelo voto da maioria absoluta 
dos seus membros. 
 
Controle jurisdicional concentrado e abstrato 
 
Registro histórico: Constituição da Áustria de 
1920. No Brasil: EC n.º 16/65 (ADI). 
 
Controle realizado pelo órgão de cúpula do 
Judiciário (STF p/ a CF/88 e TJs p/ as const. est. 
e LODF) em ações específicas (ADI genérica, 
ADC, ADI por omissão, ADI interventiva e ADPF). 
 
Discussão abstrata, em tese da (in)const. da lei. 
O controle concentrado-principal instaura um 
processo objetivo, sem partes ou lide/litígio. 
Os efeitos são, em regra, erga omnes, 
vinculantes e ex tunc. 
 
Adi genérica 
 
Competência: STF p/ proteger a CF/88. 
 
Objeto: lei ou ato normativo federal ou estadual 
(ou do DF no uso de competência estadual – 
Súmula 642 do STF). 
 
O STF pode declarar a inconstitucionali-dade de 
lei municipal? 
 
A lei ou ato normativo federal/ estadual/DF deve: 
 
1) ser oriundo do Poder Público; 
2) ser geral e abstrato (lei de efeito concreto pode 
ser objeto de ADI – STF, ADI 4.040/DF-MC); 
3) ser posterior à CF/88 (ou posterior ao 
parâmetro constitucional); 
4) estar em pleno vigor (leis revogadas ou 
normas const. revogadas inviabilizam a ADI); 
5) ofender diretamente a CF/88. 
 
O STF entende que cabe ADI para impugnar: 
 
 a) emendas const.; 
 b) const. estaduais; 
 c) tratado internacional (inclusive TIDH); 
 d) decreto autônomos; 
 e) medidas provisórias; 
 f) regimentos dos tribunais; 
 g) atos adm. gerais, abstratos e 
autônomos (ex.: parecer normativo da AGU). 
 
Segundo o STF, não pode ser objeto de ADI: 
 a) norma const. originária; 
 b) leis anteriores à CF/88 (não recepção = 
revogação); 
 c) decretos regulamentares; 
 d) atos normativos individuais e concretos 
(exceto leis de efeito concreto); 
 e) súmulas dos tribunais; 
 f) sentenças coletivas ou convenções 
coletivas de trabalho. 
 
Legitimidade: PR, Mesa3, PGR, gov., PPCN, 
CFOAB, conf. sind., ECAN. 
Legitimados interessados/especiais: precisam 
provar a pertinência temática (estaduais e 
classistas: Gov., mesa da A.L., ECAN, conf. 
sind.). 
Legitimados universais/neutros: os demais. 
 
Pedido de desistência: não cabe. 
Prescrição/decadência: não há prazo para ajuizar 
ADI. 
Caráter dúplice: a improcedência da ADI equivale 
à procedência da ADC. Isso não vale na decisão 
liminar (STF, Rcl 2.810 Agr/MG). 
Julgamento: Plenário do STF, voto de maioria 
absoluta (6 ministros), presentes 2/3 (8 
ministros). 
 
Efeitos da decisão liminar: 
 a) erga omnes; 
 b) vinculantes (p/ os demais órgãos do PJ 
e p/ a adm. públ. fed, est. e munic.), com a 
possibilidade de qualquer interessado ajuizar 
uma reclamação no STF; 
 c) ex nunc, salvo se expressamente 
quiserem conceder efeito ex tunc. 
 d) repristinatórios, salvo se os min. não 
quiserem concedê-lo. 
 
Efeitos da decisão definitiva de mérito 
 a) erga omnes, salvo por razões de 
segurança jurídica ou excepcional interesse 
social, pelo voto de 2/3 dos ministros do STF (art. 
27 da Lei 9.868/99); 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5 
 b) ex tunc, salvo art. 27 da Lei 9.868/99 
(ex nunc ou pro futuro); 
 c) vinculantes (para os demais órgãos do 
Judiciário e para a adm. públ. fed, est. e munic.), 
com a possibilidade de qualquer interessado 
ajuizar uma reclamação no STF;
d) repristinatórios. 
 
AGU (CF, art. 103, § 3º): atua na defesa da lei 
federal ou estadual. Em regra: atuação vinculada, 
salvo quando houver decisão anterior do STF 
pela inconstitucionalidade da lei (ADI 1.616/PE) 
ou quando a lei afrontar os interesses da União 
(ADI 3.916/DF). 
 
PGR (CF, art. 103, § 1º): atua de maneira 
independente em todos os processos do STF. 
 
Intervenção de terceiros: não cabe na ADI, salvo 
amigo da corte (amicus curiae – arts. 7º, § 2.º e 
9.º, § 1.º, da Lei 9.868/99). 
 
Recorribilidade: A decisão da ADI é irrecorrível, 
salvo embargos declaratórios, e não cabe ação 
rescisória. 
 
14. (ESAF.AFRF.09) Marque a opção correta. 
 
a) Declarada incidenter tantum a 
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo pelo 
Supremo Tribunal Federal, referidos efeitos serão 
ex nunc, sendo desnecessário qualquer atuação 
do Senado Federal. 
b) O Supremo Tribunal Federal não admite 
controle concentrado pelo Tribunal de Justiça 
local de lei ou ato normativo municipal contrário, 
diretamente, à Constituição Federal. 
c) Proclamada a inconstitucionalidade do 
dispositivo, pelo Supremo Tribunal Federal, 
julgar-se-á improcedente a ação direta de 
inconstitucionalidade. 
d) Atos estatais de efeitos concretos se 
submetem, em sede de controle concentrado, à 
jurisdição abstrata. 
e) As Súmulas, por apresentarem densidade 
normativa, são submetidas à jurisdição 
constitucional concentrada. 
 
4. (ESAF.Fiscal de Tributos.PA.2002) O STF 
não pode declarar a inconstitucionalidade de lei 
municipal em sede de controle de 
constitucionalidade em concreto. 
 
5. (ESAF.Auditor Fiscal do Trabalho. 2003) É 
admissível a propositura, perante o STF, de uma 
Ação Direita de Inconstitucionalidade contra uma 
lei distrital que disciplinou a cobrança do Imposto 
Predial e Territorial Urbano em desconformidade 
com o texto da Constituição Federal. 
 
6. (ESAF.Analista Jurídico.SEFAZ.CE. 2006) O 
Supremo Tribunal Federal admite o controle 
concentrado de constitucionalidade em face de 
decreto, quando este, a pretexto de regulamentar 
lei, desvirtuar o sentido da norma. 
 7. (ESAF.Fiscal de Tributos.PA.2002) Não 
somente leis estaduais, mas também certos atos 
do Executivo e do Judiciário estaduais podem ser 
objeto de ação direta de inconstitucionalidade 
perante o Supremo Tribunal Federal. 
 
ADC ou ADECON 
Competência: STF. 
Finalidade: “blindar” a lei e transformar a sua 
presunção relativa de constitucionalidade em 
absoluta. 
Objeto: lei ou ato normativo federal (geral e 
abstrato, posterior à CF/88, em vigor e 
autônomo). 
Requisito: demonstração de controvérsia judicial 
relevante sobre a constitucionalidade da lei. 
 
Legitimidade: mesma da ADI genérica. 
Pedido de desistência: não cabe. 
Prescrição/decadência: não há prazo p/ ajuizar 
ADC. 
Caráter dúplice: a improcedência da ADC 
equivale à procedência da ADI. 
Julgamento: Plenário do STF, voto de maioria 
absoluta (6 ministros), presentes 2/3 (8 min.). 
 
Efeitos da decisão liminar: 
a) erga omnes; 
b) vinculantes (para os demais órgãos do 
Judiciário e para a adm. públ. fed, est. e munic.), 
com a possibilidade de qualquer interessado 
ajuizar uma reclamação no STF; 
c) ex nunc. 
A liminar da ADC consistirá na suspensão dos 
processos que discutem a constitucio-nalidade da 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO – AFT 
Direito Constitucional 
Léo Van Hotle 
6 
lei até o julgamento final da ADC ou pelo prazo 
máximo de 180 dias. 
 
Efeitos da decisão definitiva de mérito: 
a) erga omnes; 
b) vinculantes (para os demais órgãos do 
Judiciário e para a adm. públ. fed, est. e munic.), 
com a possibilidade de qualquer interessado 
ajuizar uma reclamação no STF; 
c) ex tunc. 
 
AGU: não atua na ADC. 
 
PGR: atua de maneira independente em todos os 
processos do STF. 
 
Recorribilidade: A decisão da ADC é irrecorrível, 
salvo embargos declaratórios, e não cabe ação 
rescisória. 
 
ADI Interventiva (representação interventiva) 
Competência: STF 
Legitimidade: PGR. 
Hipótese de cabimento: quando ato omissivo ou 
comissivo, normativo ou concreto, estadual ou do 
DF viola o art. 34, VII, da CF (princípios 
constitucionais sensíveis). 
 
Concessão de liminar: cabe liminar (Lei 
12.562/11). 
Efeitos da decisão definitiva de mérito: julgar 
procedente uma intervenção federal e determinar 
ao PR que a decrete. 
A ADI interventiva é controle concentrado para 
fins concretos e ela não declara a nulidade do ato 
estadual, pois quem o faz é o decreto do PR (CF, 
art. 36, § 3.º). 
 
ADI por omissão (ADO) 
Competência: STF. 
Legitimidade: a mesma da ADI genérica. 
Hipótese de cabimento: quando há o dever 
constitucional de ação em relação a norma 
constitucional de eficácia limitada e o legislador 
ou o administrador se omite total ou parcialmente 
em prazo razoável. 
 
Decisão liminar/medida cautelar: adotada no 
caso de omissão parcial, em caso de excepcional 
urgência e relevância, pelo voto da maioria 
absoluta, presentes 2/3, que pode consistir na 
suspensão da aplicação da lei ou na suspensão 
de processos judiciais ou adm. 
Efeitos da decisão definitiva: declaratório da 
omissão e mandamental (manda-se fazer), mas o 
STF não legisla. 
 
Se a omissão for do poder competente 
(Legislativo), será dada ciência da omissão, sem 
prazo ou responsabilidade administrativa. Há 
possibilidade de ação indenizatória contra a 
União. 
Se a omissão for de órgão adm., a ação deve 
ocorrer em 30 dias ou em prazo razoável fixado 
pelo STF, sob pena de responsabilidade adm. 
 
ADI por omissão é ação de controle concentrado 
no STF, abstrato e principal, que exige a 
regulamentação da norma constitucional. 
O mandado de injunção é ação de controle 
difuso, concreto e incidental, que dá o direito não 
regulamentado no caso concreto. 
 
Arguição de descumprimento de preceito 
fundamental (ADPF) 
Competência: STF. 
Legitimidade: mesma da ADI genérica. 
Preceito fundamental: cabe ao STF defini-lo (ex.: 
cláusulas pétreas, arts. 1.º ao 4.º da CF, direitos 
fundamentais, etc.). 
 
Caráter subsidiário: não se admite ADPF quando 
houver qualquer outro meio eficaz de sanar a 
lesividade, o que é analisado em relação às 
ações de controle abstrato (ADI e ADC). 
 
Recorribilidade: a decisão da ADPF é irrecorrível 
e não pode ser objeto de ação rescisória. 
 
Hipóteses de ADPF: 
a) ADPF direta ou autônoma: evita ou repara 
lesão a preceito fundamental resultante de ato do 
poder público (fed., est., DF, munic., inclusive 
anteriores a 1988); 
b) ADPF incidental ou por equiparação: cabível 
quando for relevante o fundamento de 
controvérsia constitucional sobre ato do poder 
público (fed., est., DF, ou munic., inclusive 
anteriores a 1988), evidenciada em processo 
judicial concreto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7 
Liminar: tomada pelo voto da maioria absoluta, 
presentes 2/3, pode consistir na suspensão de 
processos judiciais ou de efeitos de decisões 
judiciais (salvo se transitadas em julgado). 
Efeitos da ADPF: mesmos da ADI ou da ADC, 
inclusive cabendo a qualquer interessado ajuizar 
reclamação constitucional (efeito vinculante). 
 
 86. (ESAF.AFC.CGU.2006) Sobre controle de 
constitucionalidade, assinale a única opção 
correta. 
 
e) A medida cautelar em sede de ação por 
descumprimento de preceito fundamental só 
pode ser concedida por decisão da maioria 
absoluta de seus membros, sendo 
expressamente vedado ao relator do processo a 
concessão monocrática de medida liminar. 
 
88. (ESAF.ACE.TCU.2005) Sobre ação direta 
de inconstitucionalidade e ação declaratória 
de constitucionalidade e intervenção federal, 
assinale a assertiva correta. 
 
c) A possibilidade de partido político apresentar 
ação declaratória de constitucionalidade está 
condicionada a que este partido político tenha 
representação no Congresso Nacional e que 
essa representação se mantenha ao longo de 
todo o processo da ação, no âmbito do Supremo 
Tribunal Federal. 
 
89. (ESAF.AFC.2005)
Sobre controle de 
constitucionalidade, assinale a única opção 
correta. 
 
a) Caberá recurso extraordinário da decisão de 
Tribunal que declarar a inconstitucionalidade de 
lei federal ou que julgar válida lei estadual ou 
municipal contestada em face de lei federal. 
b) Da decisão, em representação de 
inconstitucionalidade, proposta perante Tribunal 
de Justiça, que considerar inconstitucional uma 
lei municipal, contestada em face de dispositivo 
da constituição estadual que é mera reprodução 
de dispositivo da constituição federal, caberá, 
segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, recurso extraordinário. 
 
92. (ESAF.Auditor.MG.2005) Sobre o controle 
de constitucionalidade no Brasil, é correto 
afirmar: 
 
c) Um juiz estadual, confrontado com uma 
questão de inconstitucionalidade de lei estadual, 
deve suspender o processo e submeter a 
questão ao Plenário ou ao órgão especial do 
Tribunal de Justiça a que se vincula. 
d) Somente juízes federais têm autorização 
constitucional para declarar, incidentalmente, a 
inconstitucionalidade de leis federais. 
e) O Congresso Nacional está expressamente 
autorizado pela Constituição a declarar a 
inconstitucionalidade de leis que ele próprio 
editou. 
 
23. (ESAF.Analista Administrativo-comum a 
todos os cargos.ANA.2009) A lei que 
posteriormente é declarada inconstitucional 
perece mesmo antes de nascer, por isso, os 
efeitos eventualmente por ela produzidos não 
podem incorporar-se ao patrimônio dos 
administrados, ainda que se considere o princípio 
da boa-fé. 
 
24. (ESAF.Auditor-Fiscal do Trabalho. MTE. 
2010) Sabe-se que a Constituição Federal 
sofre controle de diversas formas. Acerca do 
controle constitucional, é correto afirmar que: 
 
a) é admitida a concessão de liminar em Ação 
Direta de Inconstitucionalidade, por omissão. 
b) o ajuizamento da Ação Direta de 
Inconstitucionalidade não se sujeita a prazos 
prescricional ou decadencial, vez que atos 
inconstitucionais não são suscetíveis de 
convalidação pelo decurso do tempo. 
c) o procedimento a ser seguido pela Ação Direta 
de Inconstitucionalidade por omissão não é o 
mesmo da ação de inconstitucionalidade 
genérica. 
d) a Ação Direta de Inconstitucionalidade, em 
face de sua natureza e finalidade especial, é 
suscetível de desistência a qualquer tempo. 
e) na Ação Direta de Inconstitucionalidade por 
omissão é obrigatória a oitiva do Advogado-Geral 
da União, tendo em vista que qualquer ato 
impugnado deve ser defendido. 
 
APOSTILA Aulas 05, 06 e 07.pdf
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO – AFT 
Direito Constitucional 
Léo Van Hotle 
1 
CURSO PREPARATÓRIO PARA O CONCURSO PÚBLICO DE AUDITOR FISCAL DO TRABALHO 
(AFT/MTE) 
Complexo de Ensino Renato Saraiva - CERS 
Prof. Leo van Holthe 
Aulas 05 a 07 
 
 
Pontos do edital enfrentados neste material: Supremacia da Constituição. Controle de 
Constitucionalidade. Sistemas de Controle de Constitucionalidade. Ação Direta de Inconstitucionalidade. 
Ação Declaratória de Constitucionalidade. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental. 
Controle estadual. 
 
 1. Controle de constitucionalidade 
 1.1. Supremacia da Constituição e Controle de constitucionalidade 
O controle de constitucionalidade consiste na fiscalização da compatibilidade de uma lei ou ato 
normativo do Poder Público com as normas da Constituição. 
A existência de um mecanismo de controle de constitucionalidade das leis e atos do Poder Público 
pressupõe a rigidez e a supremacia constitucionais, considerando que a supremacia da Constituição é 
uma consequência direta da rigidez constitucional1. 
Nesse ponto, ressaltamos que a doutrina reconhece dois tipos de supremacia constitucional: a 
material e a formal. Enquanto a supremacia material relaciona-se, de um ponto de vista sociológico, 
apenas a uma maior importância da Constituição por tratar das ―normas fundamentais do Estado‖, a 
supremacia formal refere-se, de um ponto de vista jurídico, à hierarquia das normas constitucionais 
perante o resto do ordenamento jurídico. 
A supremacia formal ou jurídica depende do conceito de rigidez constitucional (só existe nas 
constituições rígidas), enquanto que a supremacia material existe até nas constituições flexíveis e 
históricas. 
 Daí que o controle de constitucionalidade pressupõe a rigidez e a supremacia jurídica da 
Constituição, sendo próprio das constituições rígidas, e não das flexíveis. 
Quando falamos em controle de constitucionalidade, devemos ter em mente os dois fatores 
principais que despontam nesse processo: o parâmetro e o objeto do controle. 
Parâmetro, cânon ou paradigma constitucional consiste na norma ou conjunto de normas da 
Constituição que se toma como referência para a declaração de inconstitucionalidade de uma lei ou ato 
normativo do Poder Público. 
Nesse ponto, é de suma importância saber que todos os dispositivos constitucionais – do art.1.º 
ao art. 250 e as normas do ADCT – servem como parâmetro para a aferição da constitucionalidade dos 
atos normativos. Também as emendas constitucionais e os tratados internacionais de direitos humanos 
aprovados pelo rito descrito no art. 5.º, § 3.º, da CF/88 podem servir como paradigma do controle de 
constitucionalidade. 
Já o preâmbulo, segundo a melhor doutrina, não poder ser parâmetro para a declaração de 
inconstitucionalidade das leis, por ser desprovido de valor normativo. Para a doutrina majoritária, o 
preâmbulo não é norma da CF/88, possuindo apenas um valor interpretativo e integrativo. 
 
1 Isso é porque a rigidez, ao conceber um procedimento mais solene e dificultoso para a modificação da Constituição, acaba protegendo o texto 
constitucional da legislação ordinária, tornando-o hierarquicamente superior e conferindo-lhe a supremacia no sentido formal ou jurídico. O 
princípio da rigidez constitucional é também conhecido como princípio da “imutabilidade relativa” ou da estabilidade constitucional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO – AFT 
Direito Constitucional 
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2 
O objeto do controle será a lei ou ato do Poder Público que sofre o controle de constitucionalidade, 
podendo ser um ato federal, estadual, distrital ou municipal, desde que ofenda diretamente a Constituição 
Federal e seja editado posteriormente a 19882. 
1.2. Espécies de inconstitucionalidade 
- Inconstitucionalidade material (o conteúdo da lei ou ato normativo é incompatível com o 
conteúdo da Constituição) versus Inconstitucionalidade formal (as regras de processo legislativo 
previstas na Constituição Federal não foram observadas na elaboração da lei ou do ato normativo 
impugnado). Existe uma subespécie de inconstitucionalidade formal, denominada de inconstitucionalidade 
orgânica, cujo exemplo é o da lei estadual que invade a competência legislativa da União (nesse caso, o 
órgão que elaborou a norma é incompetente – daí o nome: inconstitucionalidade orgânica). 
- Inconstitucionalidade por ação (decorre de um ato positivo do Estado: a elaboração de uma lei 
incompatível com a Constituição) versus Inconstitucionalidade por omissão (a Constituição exige a 
edição de ato normativo para o exercício de um direito constitucional e o órgão competente mantém-se 
inerte)3. 
A inconstitucionalidade por omissão pode ser total (ou formal), quando nenhuma providência é 
adotada pelo administrador ou pelo legislador; ou parcial (ou material), quando a medida efetivada pelo 
Poder Público é insuficiente. 
Não devemos confundir essa classificação com a outra que divide as omissões inconstitucionais 
em absolutas e relativas. 
Na omissão absoluta, entende-se que o poder público tinha o dever de agir e se omitiu (não 
tomando nenhuma providência — omissão absoluta e total — ou agindo de forma insuficiente — omissão 
absoluta e parcial). 
Na omissão relativa, o poder público não tinha o dever de legislar, mas resolveu atuar, 
surgindo a omissão quando
ele concede um benefício a apenas algumas categorias de pessoas em 
detrimento de outras, com transgressão ao princípio da isonomia. A omissão relativa, portanto, relaciona-
se com o que a doutrina denomina de benefício incompatível com o princípio da isonomia. 
Nesses casos de omissão relativa (benefício incompatível com o princípio da isonomia), a doutrina 
afirma que declarar a nulidade da norma apenas traria um prejuízo para as categorias beneficiadas, não 
resolvendo o problema das que foram prejudicadas. 
O melhor, então, seria utilizar a técnica judicial da declaração de inconstitucionalidade sem 
pronúncia de nulidade, a fim de não retirar o benefício já concedido, apenas apelando ao legislador para 
que estenda o benefício às demais categorias, em respeito ao princípio da igualdade. 
- Inconstitucionalidade direta ou imediata (a lei ou ato normativo viola diretamente a 
Constituição) versus Inconstitucionalidade indireta ou mediata (a norma infralegal - decreto, resolução, 
instrução normativa, etc. - viola primeiro a lei a que ela se reporta e, por via oblíqua, reflexa, mediata, a 
CF/88). Este último tipo de inconstitucionalidade é, em verdade, uma crise de ilegalidade, daí se falar em 
controle de legalidade, e não em controle de constitucionalidade. 
- Inconstitucionalidade originária (o Poder Público produz uma norma incompatível com a 
Constituição já em vigor, fazendo com que o ato seja inconstitucional desde a sua origem) versus 
Inconstitucionalidade superveniente (a norma nasce constitucional, mas torna-se incompatível com a 
 
2 A jurisprudência consolidada do STF (vide ADI n.º 2, Rel. Min. Paulo Brossard) considera que os atos do Poder Público anteriores a 1988 não 
podem sofrer controle de constitucionalidade, pois se submetem ao fenômeno da recepção constitucional. Com isso, os atos anteriores à CF 88, 
se com ela materialmente compatíveis, serão recepcionados pela Carta Magna, permanecendo válidos; os que forem materialmente 
incompatíveis serão considerados não recepcionados, o que equivale à simples revogação desses atos. 
3
 A CF/88 trouxe dois mecanismos para combater a inconstitucionalidade por omissão: o mandado de injunção (art.5.º, LXXI) e a ação direta de 
inconstitucionalidade por omissão – a ADI por omissão (art.103, §2.º). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Constitucional 
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3 
Carta Magna supervenientemente, seja pelo surgimento de uma nova Constituição, seja em virtude de 
reforma no texto constitucional). 
1.3. Sistemas de controle de constitucionalidade 
a) Controle Político - o controle é exercido por órgãos de natureza política, distintos do Poder 
Judiciário - podendo ser um órgão do Legislativo, do Executivo ou, ainda, um órgão especial. É o sistema 
adotado na França; 
b) Controle Jurisdicional - o controle é feito por órgãos do Poder Judiciário. É o sistema adotado 
nos EUA e, como regra, o adotado no Brasil. 
c) Controle Misto - certas categorias de lei são submetidas ao controle político e outras ao 
controle jurisdicional. É o sistema adotado na Suíça. 
1.4. Tipos de controle 
a) Quanto ao momento: 
 - Controle Preventivo ou a priori - controle realizado antes de a norma ser definitivamente 
elaborada. 
- Controle Sucessivo, Repressivo ou a posteriori - é o controle feito após a norma ser 
definitivamente elaborada. 
b) quanto aos órgãos competentes: 
- Controle Difuso ou Aberto - o controle é exercido por vários órgãos, no Brasil, exercido por 
qualquer juiz ou tribunal; 
- Controle Concentrado ou Fechado - o controle é feito por um único órgão ou por poucos órgãos 
competentes. No Brasil, o controle concentrado é realizado pelo STF quanto à Constituição Federal e 
pelos Tribunais de Justiça quanto às Constituições Estaduais. 
c) quanto à via utilizada: 
- Controle por via de exceção ou de defesa, incidental, incidenter tantum - controle concreto 
- no controle por via de exceção, a inconstitucionalidade da lei é arguida incidentalmente, no curso de um 
processo judicial onde estão sendo discutidos direitos subjetivos. 
O controle incidental é realizado diante de uma lide, de uma situação concreta, sendo a questão da 
inconstitucionalidade prejudicial4 ao julgamento do mérito da causa e produzindo efeito somente entre as 
partes5. 
- Controle por via de ação direta, via principal - controle abstrato, em tese - no controle por via 
de ação, determinadas autoridades públicas ou entidades (ex.: Presidente da República e Conselho 
Federal da OAB) podem ajuizar uma ação autônoma (ADI, ADC, ADI por omissão, ADPF) cujo objetivo 
principal é a declaração da inconstitucionalidade da lei, sem levar em conta qualquer caso concreto, com o 
efeito de declarar a nulidade da norma, retirando-a definitivamente do ordenamento jurídico. 
Nesse tipo de controle, a fiscalização da constitucionalidade dos atos normativos é feita “em tese”, 
sem haver uma lide ou discussão de quaisquer situações individuais subjetivas. 
1.5. Controle de constitucionalidade no Brasil 
 No Brasil, o controle preventivo é eminentemente político, realizado por órgãos políticos, seja pelo 
Poder Legislativo, seja pelo Executivo. 
 
4 Decisão de mérito de que depende o julgamento da causa. 
5 No controle concreto de constitucionalidade, o pedido principal da causa é um bem da vida (liberdade, propriedade, etc), enquanto a declaração 
da inconstitucionalidade da lei apresenta-se como prejudicial ao julgamento da causa, tendo como único efeito a invalidação da lei para aquele 
caso concreto, sem retirá-la do ordenamento jurídico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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4 
 Exemplos: exame da constitucionalidade de um projeto de lei pelas Comissões de Constituição e 
Justiça (CCJs) da Câmara e do Senado e o veto do Presidente da República, quando se baseia na 
inconstitucionalidade da norma (veto jurídico)6. 
 Excepcionalmente, o controle preventivo poderá ser realizado pelo Poder Judiciário. Nesse sentido, 
o STF admite a impetração de mandado de segurança por parlamentar durante a elaboração de uma lei 
ou emenda constitucional, quando o processo de elaboração da norma violar o ―devido processo 
legislativo‖ - arts. 59 a 69 da CF/88. 
O controle repressivo brasileiro, por sua vez, é predominantemente jurisdicional, combinando-se 
o modelo norte-americano ou difuso-incidental com o modelo europeu ou concentrado-principal (a 
serem posteriormente estudados). Por esse motivo, a doutrina afirma que o Brasil adotou, como regra, o 
controle repressivo jurisdicional eclético, sincrético ou “misto‖7. 
Ocorre que, excepcionalmente, o controle repressivo pode ser realizado por órgãos políticos, a 
saber: 
a) medida provisória (CF, art. 62); 
b) “veto legislativo” (CF, art. 49, V: o Congresso Nacional pode sustar os atos normativos do 
Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa); 
c) tribunais de contas (Súmula 347 do STF: O tribunal de contas, no exercício de suas 
atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público); 
d) chefes do Poder Executivo (STF, ADI 221/DF: os chefes do Poder Executivo podem 
determinar aos seus subordinados que deixem de aplicar uma lei considerada inconstitucional). 
1.6. Histórico 
O controle de constitucionalidade surge no Brasil a partir da Constituição de 1891 com um 
controle difuso ou aberto (realizado por qualquer juiz ou tribunal) e incidental (arguido como questão 
prejudicial em um caso concreto), inspirado no modelo norte-americano. 
A Constituição de 1934, mantendo o modelo difuso e incidental, introduziu a cláusula de reserva 
de plenário, a competência do Senado Federal para suspender a execução, no todo ou em parte, de lei ou 
ato declarado inconstitucional pelo
Poder Judiciário e a representação interventiva (ADI Interventiva). 
A Constituição outorgada de 1937 manteve basicamente o modelo de controle de 
constitucionalidade instaurado no Brasil desde 1891. Como grande inovação, estabeleceu um odioso 
mecanismo de limitação da autoridade das decisões do Poder Judiciário ao prever, no seu art.96, 
parágrafo único, que: 
no caso de ser declarada a inconstitucionalidade de uma lei que, a juízo do Presidente da República, seja 
necessária ao bem-estar do povo, à promoção ou à defesa de interesse nacional de alta monta, poderá o 
Presidente submete-la novamente ao exame do Parlamento; se este a confirmar por dois terços de votos 
de cada uma das Câmaras, ficará sem efeito a decisão do Tribunal. 
A Constituição de 1946, mais precisamente a Emenda Constitucional nº16/65, introduz no Brasil 
o controle abstrato de constitucionalidade das leis ao criar a ―representação de inconstitucionalidade 
genérica‖ (equivalente à atual ADI genérica), cuja legitimidade ativa foi conferida com exclusividade ao 
Procurador-Geral da República e sujeita à competência originária do STF. 
 
6 O Presidente da República, nos termos do art.66, §1.º da CF, pode vetar um projeto de lei por considerá-lo contrário ao interesse público (veto 
político) ou por considerá-lo inconstitucional (veto jurídico), quando, então, estará realizando controle preventivo de constitucionalidade. 
7 O sistema de controle de constitucionalidade adotado como regra pelo Brasil foi o jurisdicional e não o misto (combinação do jurisdicional 
com o político). O que a doutrina afirma é que, pelo fato de o Brasil adotar o controle jurisdicional, combinando os modelos norte-americano 
(difuso-concreto-incidental) e europeu (concentrado-abstrato-direto), o nosso sistema seria o jurisdicional misto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5 
A partir da Constituição de 1988, o modelo abstrato/concentrado de controle de 
constitucionalidade passa a ser predominante no Brasil, principalmente com o reforço da ADI genérica e a 
criação da ADC - ação declaratória de constitucionalidade - pela emenda constitucional nº03/93. São 
inovações trazidas pela CF/88: 
a) Ampliação da legitimidade ativa para a propositura da ADI genérica, nos termos do art103, I a IX. 
b) Criação da ADI por omissão e do mandado de injunção. 
c) Previsão de citação do Advogado-Geral da União para defender a lei ou o ato normativo impugnado e 
da manifestação do PGR para atuar como defensor da Constituição nas ADIs genéricas, assim como em 
todos os processos de competência do STF. 
d) Criação da ação declaratória de constitucionalidade (ADC) pela EC n.º03/93. 
e) Criação da arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF), outro instrumento de controle 
abstrato das normas, regulamentado pela Lei n.º 9.882/99. 
1.7. Controle jurisdicional difuso ou aberto (e concreto) 
O controle difuso ou aberto (também conhecido como: controle incidental, incidenter tantm, por via 
de exceção, por via de defesa, indireto, ou, ainda, controle concreto) surge, e com ele a teoria do 
controle de constitucionalidade, em 1803 na Suprema Corte norte-americana, no célebre caso Marbury 
x Madison. 
Como visto, este controle caracteriza-se por ser exercido por qualquer juiz ou tribunal no caso 
concreto, quando uma das partes, em um determinado processo individual, argúi a 
inconstitucionalidade de uma lei incidentalmente, por via de exceção. 
No controle difuso, a declaração de inconstitucionalidade não é o objeto principal da ação. A 
questão da inconstitucionalidade surge quando uma das partes alega como ―causa de pedir‖ ou como 
argumento de defesa a incompatibilidade de uma lei ou ato normativo com o texto da Lei Maior. 
A questão da inconstitucionalidade nesse tipo de controle pode ser alegada por qualquer das 
partes, pelo Ministério Público, ou ainda, pode ser conhecida pelo juiz ou tribunal de ofício, uma vez 
que o Judiciário tem a obrigação de zelar pelo cumprimento da Constituição, sendo essa verdadeira 
matéria de ordem pública (que são exatamente as questões que podem ser conhecidas pelo juiz 
independentemente de alegação das partes). 
O controle difuso pode ser realizado em qualquer espécie de ação (ação ordinária, ação de 
alimentos, reclamação trabalhista, habeas corpus, mandado de segurança etc.)8. 
Os efeitos do controle de constitucionalidade difuso ou aberto são, via de regra: 
a) EX-TUNC: retroagem à data da publicação da lei; e 
b) INTER PARTES: produz efeitos somente entre as partes, fazendo com que a lei deixe de ser 
aplicada apenas no processo em que foi julgada. 
Ocorre que nos termos do art.52, inciso X, o Senado Federal pode: ―suspender a execução, no 
todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do STF‖. 
Isso significa que o Senado Federal pode ampliar os efeitos da declaração incidental de 
inconstitucionalidade, desde que a decisão tenha sido proferida pelo STF, tornando-os ―ERGA OMNES‖ e 
―EX NUNC‖. 
 
8
 O STF já pacificou o entendimento pelo qual a ação civil pública pode ser utilizada como mecanismo de controle difuso de 
constitucionalidade, apesar dos seus efeitos “erga omnes”, bastando que a declaração de inconstitucionalidade da lei seja arguida 
incidentalmente, como fundamento do direito difuso, coletivo ou individual homogêneo que se quer proteger. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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6 
Assim, o Senado Federal, ao ―suspender a execução‖ da lei impugnada, estará concedendo 
eficácia geral - erga omnes - a uma decisão até então restrita às partes do processo, fazendo com que a 
lei perca sua eficácia em relação a todos os cidadãos, não podendo mais ser aplicada. 
Sobre a ampliação dos efeitos do controle difuso pelo Senado Federal, algumas observações: 
1) A doutrina majoritária entende ser um poder discricionário do Senado Federal ampliar ou não 
os efeitos da declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF em sede de controle incidental. 
2) O art.52, inciso X, somente se aplica para as declarações de inconstitucionalidade proferidas 
pelo STF no controle difuso, posto que, no controle concentrado (exemplo: ADI genérica), as 
declarações de inconstitucionalidade já produzem efeitos contra todos. 
3) Considera-se que a decisão do Senado Federal é irreversível. 
4) Para a doutrina majoritária (José Afonso da Silva e Alexandre de Moraes), a resolução do 
Senado Federal produz efeitos “ex nunc” (isto é, a partir da publicação dessa resolução, a lei declarada 
inconstitucional pelo STF num caso concreto fica com a sua eficácia suspensa). 
Ocorre que, no âmbito da Administração Pública federal direta e indireta e por força do Decreto 
presidencial n.o 2.346/97 (art. 1.º), a resolução do Senado Federal produzirá efeitos ―EX TUNC‖, 
retroagindo até a data de entrada em vigor da norma declarada inconstitucional. 
1.7.1. Cláusula de reserva de plenário 
O art. 97 da CF/88 dispõe que os tribunais somente poderão declarar a inconstitucionalidade de 
uma lei ou ato normativo pelo voto da MAIORIA ABSOLUTA de seus membros ou dos membros do 
respectivo órgão especial. 
Assim, quando a inconstitucionalidade de uma lei for arguida em sede de tribunais por uma das 
partes do processo, os juízes do órgão fracionário (câmara ou turma recursal) a que competir o julgamento 
da causa, terão duas opções: 
1ª) se rejeitarem a alegação de inconstitucionalidade, prosseguirão com o julgamento do processo 
(notem que a cláusula de reserva de plenário só se aplica à declaração de inconstitucionalidade da lei, 
podendo o órgão fracionário do Tribunal declarar a sua constitucionalidade); 
2ª) se acolherem a alegação de inconstitucionalidade, será lavrado acórdão a fim de que o 
incidente
de inconstitucionalidade seja submetido ao tribunal pleno ou órgão especial que lhe faça as 
vezes, nos termos do art. 93, inciso XI (art.481, caput, do Código de Processo Civil). 
Ocorre que o art. 481, parágrafo único, do CPC trouxe duas importantes exceções para a cláusula 
de reserva de plenário. Prescreve o referido dispositivo legal que os órgãos fracionários dos tribunais não 
precisam submeter a arguição de inconstitucionalidade ao plenário, ou ao órgão especial, quando já 
houver: 
a) pronunciamento anterior do plenário ou do órgão especial do mesmo tribunal sobre a matéria; 
ou 
b) pronunciamento anterior do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão. 
Concluindo, podemos afirmar que a cláusula de reserva de plenário somente se aplica quando os 
juízes do Tribunal decidem pela inconstitucionalidade da lei impugnada e, mesmo assim, desde que não 
haja um pronunciamento anterior do plenário ou do órgão especial do próprio tribunal ou do STF, 
hipóteses em que o órgão fracionário pode valer-se desta decisão anterior para, ele próprio, declarar a 
inconstitucionalidade da norma sem necessidade de remessa para o órgão máximo do seu Tribunal. 
1.8. Controle jurisdicional concentrado e abstrato 
O controle concentrado é aquele realizado exclusivamente pelo órgão de cúpula do Judiciário: o 
STF quanto à Constituição Federal e os Tribunais de Justiça quanto às Constituições Estaduais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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7 
Por meio do ajuizamento de ações específicas, o controle concentrado busca a discussão ―em 
tese‖ (controle abstrato) da compatibilidade de um ato normativo com a Lei Maior, sem levar em conta 
qualquer situação subjetiva individual. 
Nesse sentido, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal entende que o controle abstrato faz 
instaurar um processo objetivo, sem partes, no qual inexiste um litígio, uma lide, referente a situações 
concretas ou individuais, apensa busca-se a harmonia do ordenamento constitucional e a defesa da ordem 
jurídica. 
No controle concentrado, a declaração de inconstitucionalidade da lei, em regra, tem efeitos ―ERGA 
OMNES” (contra todos), VINCULANTES (para os demais órgãos do Poder Judiciário e para a 
Administração Pública Direta e Indireta federal, estadual e municipal), além de retirar a norma do 
ordenamento jurídico com efeitos ―EX TUNC” (retroativos). 
O controle de constitucionalidade concentrado no STF é realizado mediante as seguintes ações: 
a) ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) Genérica (CF, art.102, I, ―a‖ e Lei 9.868/99); 
b) ADI Interventiva (CF, arts. 34, VII e 36, III); 
c) ADI por Omissão (CF, art.103, §2.°); 
d) ADC ou ADECon - Ação Declaratória de Constitucionalidade (CF, art.102, I, ―a‖ e Lei 9.868/99); 
e) ADPF - Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (CF, art.102, §1.° e Lei 9.882/99). 
1.8.1. ADI Genérica 
 A ADI genérica é a ação típica do controle de constitucionalidade abstrato no Brasil. Sendo um 
controle abstrato, a ADI aprecia a constitucionalidade de uma lei ou ato normativo ―em tese‖, sem discutir 
casos concretos ou direitos subjetivos, com a exclusiva finalidade de garantir a harmonia do ordenamento 
jurídico e proteger o sistema constitucional. 
Competência – a ADI em face da Constituição Federal só pode ser proposta perante o STF. 
Objeto – pode ser objeto da ADI genérica uma lei ou ato normativo do poder público federal ou 
estadual (ou distrital no uso de competência estadual). 
Caso uma lei municipal viole a Constituição Federal, tal inconstitucionalidade poderá ser declarada 
no âmbito do controle difuso, que pode chegar até o STF por Recurso Extraordinário; ou, ainda, no 
âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), a ser posteriormente estudada. 
Além de ser oriundo do poder público federal ou estadual (ou distrital), a jurisprudência do STF 
estabeleceu alguns requisitos que devem ser atendidos cumulativamente a fim de que a lei ou o ato 
normativo possa ser objeto de ADI. São eles: 
1) a lei ou ato normativo deve ter emanado do Poder Público; 
2) a lei ou ato normativo deve ser posterior à Constituição de 1988; 
3) a lei ou ato normativo deve ser geral, abstrato e impessoal9. 
4) a lei ou ato normativo deve ofender diretamente a Constituição; 
5) a lei ou ato normativo deve estar em pleno vigor. 
 
9 Relativizando essa jurisprudência, o STF atualmente entende que os atos editados sob a forma de lei (ou de medida provisória) devem 
submeter-se ao controle abstrato de normas, independente de serem leis gerais ou de efeito concreto (isso diante da importância das leis 
formais aprovadas pelos Parlamentos). Ressalte-se que, em relação aos demais atos normativos do Poder Público (decretos, resoluções, portarias, 
etc.), persiste a necessidade de eles serem gerais e abstratos para que se submetam ao controle abstrato de normas. Apenas as leis formais e MPs 
de efeito concreto é que agora podem ser objeto de controle de constitucionalidade por meio de ADI (ADI 4.048 MC/DF, Trib. Pleno, rel. Min. 
Gilmar Mendes, j. 17.04.08, v. Informativo n. 502 do STF). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Constitucional 
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8 
A partir do cumprimento desses requisitos, a jurisprudência do STF entende que cabe ADI para 
impugnar, dentre outros: 
a) emendas constitucionais; 
b) normas das Constituições Estaduais; 
c) tratados internacionais (inclusive os de direitos humanos); 
d) decretos e regulamentos autônomos; 
e) medidas provisórias; 
f) regimentos dos tribunais; 
g) atos administrativos dotados de abstração, generalidade e impessoalidade (pareceres 
normativos do Poder Executivo, resoluções administrativas dos tribunais, etc.). 
Em sentido contrário, a jurisprudência do STF entende que não pode ser objeto de ADI, dentre 
outros: 
a) normas constitucionais originárias (pelo princípio da unidade da Constituição, não existem 
―normas constitucionais inconstitucionais‖ na Constituição originária, devendo as ―aparentes contradições‖ 
serem harmonizadas e interpretadas sistematicamente); 
b) leis ou atos normativos anteriores à CF/88 – não são inconstitucionais, mas sim revogados pela 
CF/88; 
c) atos normativos de efeitos individuais e concretos (com a exceção das leis de efeito concreto, as 
quais podem ser objeto de controle abstrato – STF, ADI 4.048/DF-MC); 
d) decretos regulamentares e regulamentos executivos (ofendem a Constituição apenas de 
maneira indireta); 
e) súmulas dos tribunais, por não apresentarem características de ato normativo; 
f) sentenças coletivas ou convenções coletivas de trabalho. 
Legitimidade - possuem legitimidade para propor a ADI: Presidente da República, Mesa do 
Senado Federal, Mesa da Câmara dos Deputados, Mesa da Assembléia Legislativa (ou da Câmara 
Legislativa do DF), Governador de Estado (ou do DF), o Procurador-Geral da República, Partido Político 
com representação no Congresso Nacional, Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito 
nacional, Conselho Federal da OAB. 
Apesar de a Constituição não ter feito qualquer distinção entre os legitimados ativos, a 
jurisprudência do STF passou a exigir de alguns legitimados a demonstração de um vínculo entre a 
matéria impugnada na lei e as suas finalidades institucionais específicas, a que se deu o nome de 
―pertinência temática‖. A partir disso, o STF passou a reconhecer dois tipos de legitimados: 
a) os legitimados neutros ou universais – que não precisam provar a sua pertinência temática, 
podendo ajuizar ADI sobre quaisquer leis ou atos normativos, independentemente do seu conteúdo. São 
eles: o Presidente da República, Mesas do senado Federal e da Câmara dos Deputados, Procurador-
Geral da República, Conselho Federal da OAB e partido político com representação no Congresso 
Nacional. 
 b) os legitimados interessados
ou especiais – que devem demonstrar a existência de um vínculo 
entre a matéria impugnada na lei e as suas finalidades institucionais específicas. São eles: o Governador 
de Estado (e do DF), mesa da Assembléia Legislativa (e da Câmara Legislativa do DF), Confederação 
Sindical e Entidade de Classe de âmbito nacional. 
Pedido de desistência - não há possibilidade de pedido de desistência de ADI, quem quer que 
seja o autor da ação, em respeito ao princípio da indisponibilidade da instância. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Constitucional 
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9 
Caráter dúplice - a ADI possui caráter dúplice ou ambivalente, ou seja, se julgada improcedente, 
se transforma numa ADC (ação declaratória de constitucionalidade), com todos os seus efeitos, nos 
termos do art.24 da Lei n.º 9.868/99. 
Prescrição e decadência - a propositura de ADI não se sujeita à prescrição ou decadência, pois 
as inconstitucionalidades nunca se convalidam. 
Julgamento da ADI - o julgamento da ADI será realizado pelo plenário do STF e necessita do voto 
da maioria absoluta de seus membros - art. 97 da CF/88. Para ser instaurada a sessão, é necessário um 
quorum de 2/3 dos Ministros do STF (8 ministros). 
Efeitos - a decisão definitiva de mérito da ADI possui, via de regra, efeitos: 
1) “ERGA OMNES” - as decisões em sede de ADI não se restringem às partes do processo, 
possuindo eficácia geral, contra todos. A declaração de inconstitucionalidade na ADI resulta na retirada da 
norma impugnada do ordenamento jurídico, tendo essa decisão eficácia geral; 
2) ―EX TUNC” - diante do princípio da nulidade das normas inconstitucionais10, as decisões em 
ADI declaram a inconstitucionalidade das leis com efeitos retroativos, a fim de retirá-la do ordenamento 
jurídico desde o seu início. 
Em regra, as decisões definitivas de mérito das ADIs são proferidas com efeitos retroativos. Ocorre 
que, como veremos adiante, o art.27 da Lei n.o 9.868/99 possibilita a manipulação dos efeitos da ADI pelo 
Supremo Tribunal Federal, que poderá declarar a inconstitucionalidade da lei com efeitos ex nunc ou até 
pro futuro; 
3) VINCULANTES - as decisões definitivas de mérito das ADIs vinculam os demais órgãos do 
Poder Judiciário (não o próprio STF) e o Poder Executivo (Administração Pública Direta e Indireta das 
esferas federal, estadual, distrital e municipal), que devem absoluto respeito ao quanto decidido nesta 
ação. 
A principal consequência do efeito vinculante consiste na possibilidade de qualquer interessado 
ajuizar uma reclamação no STF (CF, art.102, inciso I, alínea ―l‖), para exigir o respeito à decisão da 
Suprema Corte em sede de ADI e, se for o caso, desconstituir o ato do Poder Judiciário ou do Executivo 
que a desrespeitou. 
4) REPRISTINATÓRIOS - com a declaração de inconstitucionalidade de uma lei, ocorre a plena 
restauração da eficácia da legislação anterior que havia sido revogada pela lei inconstitucional. Como a 
declaração de inconstitucionalidade resulta na nulidade da lei, são considerados inválidos todos os efeitos 
que a lei impugnada já produziu no passado, inclusive o efeito de ter revogado a legislação anterior que 
com ela mostrou-se incompatível. 
Manipulação dos efeitos da ADI por parte do STF - Art. 27 da Lei 9.868/99: 
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões 
de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria de 2/3 
dos seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia 
a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. 
Com essa possibilidade de manipulação do STF, podemos afirmar que os efeitos da declaração de 
inconstitucionalidade de uma ADI são, em regra, erga omnes e ex tunc, pois o STF, mediante o voto de 
2/3 dos seus membros e por razões de segurança jurídica, pode restringir a abrangência dessa decisão 
ou, ainda, conferir-lhe efeitos ex nunc ou pro futuro. 
Concessão de liminar - a medida cautelar na ADI, salvo nos período de recesso e de férias, 
quando poderá ser excepcionalmente concedida pelo Ministro-Presidente do STF ad referendum do 
 
10 A declaração de inconstitucionalidade de uma lei representa a declaração de sua nulidade (não de sua inexistência, anulabilidade ou simples 
irregularidade). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tribunal, será concedida por decisão da maioria absoluta dos seus membros (6 ministros). Para ser 
instaurada a sessão, é necessário um quorum de 2/3 dos Ministros do STF (8 ministros). 
A decisão da medida cautelar da ADI possui, em regra, efeitos ex nunc, erga omnes, vinculantes 
(para os demais órgãos do Poderes Judiciário e para o Executivo) e repristinatórios. 
Nos termos do art.11, §1.º, da Lei n.º 9.868/99, a medida cautelar da ADI, dotada de eficácia 
contra todos, será concedida com efeitos ex nunc (regra geral), salvo se o Tribunal entender que deva 
conceder-lhe eficácia retroativa (ex tunc). 
Já o art.11, § 2.º, da referida Lei prevê que a concessão da medida cautelar torna aplicável a 
legislação anterior acaso existente (efeitos repristinatórios), salvo expressa manifestação do STF em 
sentido contrário. 
Quadro-resumo: 
EFEITOS DAS DECISÕES EM SEDE DE ADI 
LIMINAR DEFINITIVA DE MÉRITO 
– EX NUNC, salvo se o STF expressamente 
conceder eficácia retroativa (ex tunc). 
– EX TUNC, salvo o art.27 da Lei nº 
9.868 99 (eficácia ex nunc ou até pro 
futuro). 
– VINCULANTES para o resto do Poder 
Judiciário e para o Executivo (Federal, 
Estadual e Municipal), mas não para o 
Legislativo. 
– VINCULANTES para o resto do Poder 
Judiciário e para o Executivo (Federal, 
Estadual e Municipal), mas não para o 
Legislativo. 
– ERGA OMNES. – ERGA OMNES, salvo o art. 27 da Lei n.º 
9.868 99. 
– REPRISTINATÓRIO, salvo expressa 
manifestação do STF em contrário. 
– REPRISTINATÓRIO. 
 
Advogado-Geral da União - dispõe o art.103, §3.º, da CF 88: ―Quando o Supremo Tribunal 
Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o 
Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.‖ 
Entende a doutrina majoritária, com base nesse dispositivo constitucional, que a atuação do AGU é 
vinculada, devendo o mesmo obrigatoriamente opinar pela constitucionalidade da norma, ainda que seja 
gritante a violação da Constituição. O AGU atuará tanto na defesa da legislação federal, quanto na defesa 
da legislação estadual. 
Procurador-Geral da República - já o PGR atua na defesa da Constituição, e não da norma 
impugnada, tendo uma atuação independente que pode resultar em parecer tanto pela 
constitucionalidade, quanto pela inconstitucionalidade da norma. 
Ressalte-se que o PGR deverá ser previamente ouvido não só nas ADIs, como em todos os 
processos de competência do STF (CF, art.103, §1.º). 
Intervenção de terceiros - não se admitirá intervenção de terceiros no processo da ADI (art.7.º da 
Lei 9.868/99). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO – AFT 
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11 
Recorribilidade - a decisão que julga a ADI genérica é irrecorrível, salvo embargos declaratórios, 
não cabendo também ação rescisória (art. 26 da Lei n.º 9.868/99). 
1.8.2. Ação declaratória de constitucionalidade (ADC) 
Competência - só pode ser proposta perante o STF. 
Finalidade - esta ação tem a finalidade de declarar a adequação de uma lei infraconstitucional com 
a Carta Política, transformando a presunção relativa de constitucionalidade que toda lei possui em 
presunção absoluta, devido aos seus efeitos vinculantes. 
Objeto - somente poderá ser objeto de uma ADC uma lei ou ato normativo do poder público 
federal, nunca uma lei estadual ou municipal. 
Requisito - há necessidade de demonstração de ―comprovada controvérsia
judicial‖. Ou seja, 
deve estar acontecendo no Brasil um estado de incerteza sobre a constitucionalidade da lei, exigindo-se a 
comprovação de inúmeras ações em andamento em juízos ou tribunais em que a constitucionalidade da 
lei esteja sendo impugnada. 
Legitimidade - com a EC n.º 45/04 (―Reforma do Judiciário‖), a legitimidade da ADC passou a ser 
a mesma da ADI genérica, ou seja: Presidente da República, Mesa do Senado Federal, Mesa da Câmara 
dos Deputados, Mesa da Assembléia Legislativa (ou da Câmara Legislativa do DF), Governador de Estado 
(ou do DF), o Procurador-Geral da República, Partido Político com representação no Congresso Nacional, 
Confederação Sindical ou Entidade de Classe de âmbito nacional e o Conselho Federal da OAB. 
Pedido de desistência - não há possibilidade de pedido de desistência, não importando quem seja 
o autor da ação, em respeito ao princípio da indisponibilidade da instância. 
Caráter dúplice - a ADC possui caráter dúplice ou ambivalente, nos mesmos termos da ADI 
genérica, ou seja, se julgada improcedente, se transforma numa ADI, com todos os seus efeitos. 
Julgamento da ADC - o julgamento da ADC, igualmente ao da ADI (Lei nº 9.868/99) será realizado 
pelo plenário do STF e necessita do voto da maioria absoluta de seus membros (6 ministros). Para ser 
instaurada a sessão, é necessário um quorum de 2/3 dos Ministros do STF (8 ministros). 
Efeitos - a decisão definitiva de mérito da ADC possui efeitos: ex tunc, erga omnes e vinculantes 
(para os demais órgãos do Poder Judiciário e para a Administração Pública Direta e Indireta federal, 
estadual e municipal). 
Liminar e suspensão de processos - o art. 21 da Lei 9.868/99 traz a possibilidade de concessão 
de liminar por parte do STF que consistirá na suspensão de todos os processos no Brasil que tratem da 
matéria cuja constitucionalidade se discute, até o seu julgamento final ou pelo prazo máximo de 180 
dias, quando os processos voltarão a ter o seu curso normal. 
 Entende-se que a decisão da medida cautelar da ADC tem efeitos ex nunc, erga omnes e 
vinculantes. 
Advocacia-Geral da União - a Advocacia-Geral da União não atua na ADC, pois, em verdade, 
ninguém atuará como defensor da ―inconstitucionalidade‖ da lei ou ato normativo federal. 
Procurador-Geral da República - como afirmado anteriormente, o PGR atua em todos os 
processos de competência do STF, inclusive em ADC. Atuará, como sempre, de maneira independente, 
podendo se manifestar tanto pela constitucionalidade, quanto pela inconstitucionalidade da lei ou do ato 
normativo federal. 
 Recorribilidade - a decisão que julga a ADC é irrecorrível, salvo embargos declaratórios, não 
cabendo também ação rescisória. 
1.8.3. ADI Interventiva 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A ADI interventiva, também denominada de ―representação interventiva‖, está prevista no art. 36, 
inciso III, da CF/88, sendo modalidade de controle de constitucionalidade direto e concentrado no 
STF. 
Por meio da ADI interventiva, o PGR ajuíza uma ação (representação interventiva) no STF, 
impugnando um ato estatal ou distrital que venha a violar um dos ―princípios constitucionais sensíveis‖11 
da CF/88 (art.34, inciso VII), a fim de que a nossa mais Alta Corte julgue procedente o pedido de 
intervenção federal e, nos termos do art.36, inciso III, requisite ao Presidente da República a sua 
decretação, sendo esta uma hipótese de intervenção federal obrigatória e vinculada para o Chefe do 
Executivo. 
Nos termos do art. 11 da Lei 12.562/11 (a qual regulamenta a ADI interventiva e a outra hipótese 
de representação interventiva baseada na recusa à execução de lei federal – art. 34, VI – 1ª parte, da 
CF): 
Art. 11. Julgada a ação, far-se-á a comunicação às autoridades ou aos órgãos responsáveis pela 
prática dos atos questionados, e, se a decisão final for pela procedência do pedido formulado na 
representação interventiva, o Presidente do Supremo Tribunal Federal, publicado o acórdão, levá-lo-á ao 
conhecimento do Presidente da República para, no prazo improrrogável de até 15 (quinze) dias, dar 
cumprimento aos §§ 1o e 3o do art. 36 da Constituição Federal. 
Legitimidade - A propositura da ADI interventiva é exclusiva do Procurador-Geral da República 
(PGR). 
Hipótese de cabimento - quando um ato omissivo ou comissivo, normativo ou concreto, estadual 
ou distrital ferir um ―princípio constitucional sensível‖ da CF/88 (art. 34, inciso VII). 
Concessão de liminar – até a edição da Lei n. 12.562/11, entendia-se que, devido à sua natureza, 
não havia possibilidade de concessão de liminar na ADI interventiva. 
Contudo, a partir da vigência da referida legislação, devemos entender como cabível a concessão 
de medida liminar na ADI interventiva, por força do art. 5º da Lei 12.562/11, nos seguintes termos: 
Art. 5o O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, 
poderá deferir pedido de medida liminar na representação interventiva. 
§ 1o O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato questionado, bem como 
o Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no prazo comum de 5 (cinco) dias. 
§ 2o A liminar poderá consistir na determinação de que se suspenda o andamento de processo ou os 
efeitos de decisões judiciais ou administrativas ou de qualquer outra medida que apresente relação com a 
matéria objeto da representação interventiva. 
Recorribilidade - A decisão da ADI interventiva é irrecorrível, não podendo ser objeto igualmente 
de ação rescisória (art. 12 da Lei 12.562/11). 
1.8.4. ADI por omissão 
A ADI por omissão foi introduzida no Direito brasileiro pela CF/88 (juntamente com o mandado de 
injunção) com o objetivo de dar efetividade às normas constitucionais que dependem de complementação 
legislativa, combatendo a denominada ―síndrome de inefetividade das normas constitucionais‖. 
Competência - só pode ser proposta perante o STF. 
 
11 Assim chamados porque se relacionam com a organização fundamental da Federação brasileira e sua violação, além da 
inconstitucionalidade, pode resultar na decretação de uma intervenção federal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Direito Constitucional 
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13 
Hipótese de cabimento - a ADI por omissão é cabível quando uma norma constitucional, para ter 
plena eficácia, precisa ser complementada total ou parcialmente pelo legislador ou pelo administrador e 
este não cumpre o seu dever constitucional. 
Requisito - é requisito da ADI por omissão o ―dever constitucional de ação‖. Ou seja, a 
Constituição deve ter condicionado a eficácia de uma norma do seu texto à edição de uma lei ou ato 
administrativo. 
Legitimidade – A mesma da ADI genérica e da ADC (CF, art. 103). 
Procedimento – A Lei n.º 12.063/09 introduziu alguns dispositivos na Lei 9.868/99, a fim de regular 
o procedimento da ADI por omissão, cujos aspectos mais relevantes para concursos, passamos a 
destacar: 
a) Em caso de excepcional urgência e relevância da matéria e por decisão da maioria absoluta de 
seus membros, desde que presentes na sessão pelo menos 8 ministros, o STF poderá conceder medida 
cautelar, que poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo questionado, no caso 
de omissão parcial, bem como na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos 
administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada pelo Tribunal (art. 12-F da Lei n.º 9.868/99). 
b) Em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências deverão ser adotadas no 
prazo de 30 (trinta) dias, ou em prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, 
tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido (Art. 12-H, § 1º, da 
Lei n.º 9.868/99). 
Efeitos da decisão – conforme decisão do STF, a ADI por omissão terá dois efeitos
básicos: 
declarar a mora do legislador ou do administrador em cumprir o seu dever constitucional de legislar (efeito 
declaratório); exortando-o a editar a norma regulamentadora (efeito mandamental). 
O art.103, § 2.º, estabelece um tratamento diferenciado: 
a) se a omissão for do poder competente (Poder Legislativo) - será dada ciência ao poder 
respectivo, sem estipulação de prazo para a elaboração da lei, nem possibilidade de responsabilização 
administrativa; 
b) se a omissão for de órgão administrativo - será dada ciência ao órgão, sendo fixado o prazo de 
30 dias para suprir a omissão (ou algum outro prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo 
Tribunal, conforme visto acima), sob pena de responsabilidade da autoridade omissa. 
ADI por omissão versus mandado de injunção 
ADI por omissão Mandado de injunção 
- Hipótese de controle abstrato e 
concentrado de constitucionalidade (CF, 
art.103, § 2.º) 
- Hipótese de controle concreto e difuso de 
constitucionalidade (CF, art. 5.º, LXXI) 
- Declara a mora do órgão competente e 
exige a elaboração da norma 
regulamentadora da Constituição 
- Dá o direito constitucional, ainda não 
regulamentado, no caso concreto12 
 
12 A posição dominante no STF “era” a posição não-concretista, pela qual a decisão em mandado de injunção apenas declarava a inércia do 
Poder Público na regulamentação de uma norma constitucional (eficácia declaratória) e exortava o legislador a elaborar a regulamentação do 
preceito constitucional (eficácia mandamental), não cabendo ao Poder Judiciário produzir a norma faltante e aplicá-la ao caso concreto. 
Posteriormente, o STF modificou o seu entendimento, passando a admitir a possibilidade de o próprio Poder Judiciário emitir uma 
regulação provisória, enquanto não suprida a lacuna legislativa. Esta decisão foi tomada nos Mandados de Injunção de n.os 708/DF, 712/PA 
e 670/ES, julgados em 25.10.2007, quando se discutiu o direito de greve do servidor público (vide Informativo do STF n.o 485). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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- Competência: STF (CF, art.103, § 2.º) - Competência: STF (CF, art.102, I, ―q‖ e II, 
―a‖), STJ (CF, art.105, I, ―h‖), TRE (CF, 121, 
§ 4º, V) e TJ ( art.125, § 1º) 
 
1.8.5. Arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) 
A ADPF é prevista pelo art. 102, § 1.º, da CF/88 e tem seu processo e julgamento regulado pela Lei 
n.º 9.882/99. 
Competência - só pode ser proposta perante o STF. 
Legitimidade ativa - a mesma da ADI genérica, nos termos do art. 2.o da Lei 9.882/99. 
Hipóteses de cabimento – de acordo com o art. 1.o da Lei n.º 9.882/99, caberá o ajuizamento de 
uma ADPF para: 
a) evitar ou reparar lesão a preceito fundamental resultante de ato do Poder Público (art.1.o, 
caput); 
b) quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo 
federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição (art.1.o, parágrafo único). 
Na primeira hipótese, temos a ADPF direta ou autônoma que visa a evitar (caráter preventivo) ou 
reparar (caráter repressivo) lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público (federal, 
estadual, distrital ou municipal). 
Na segunda hipótese, temos a ADPF incidental ou por equiparação, cabível quando for 
relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou 
municipal, incluídos os anteriores à Constituição. 
A ADPF incidental permite que qualquer dos legitimados do art.103 da CF/88 provoquem o 
Supremo Tribunal Federal para que o mesmo resolva com eficácia geral (―erga omnes‖) uma controvérsia 
constitucional relevante instalada em um processo judicial concreto. 
Pelo seu objeto (ato do Poder Público federal, estadual, distrital ou municipal), percebe-se que a 
ADPF veio para completar o sistema de controle de constitucionalidade concentrado no STF, fazendo com 
que atos do Poder Público até então insuscetíveis de ADI ou ADC, conforme a jurisprudência do STF 
(exemplo: leis municipais e o direito pré-constitucional), passem a ser objeto de controle concentrado de 
constitucionalidade no Supremo via ADPF. 
Preceito fundamental – o parâmetro do controle de constitucionalidade via ADPF são os 
―preceitos fundamentais‖ da Lei Maior. Cabe ao STF a tarefa de definir quais normas constitucionais 
podem ser caracterizadas como ―preceitos fundamentais‖. 
Concessão de liminar – de acordo com o art. 5.o da Lei n.º 9.882/99, é cabível a concessão de 
liminar na ADPF por decisão da maioria absoluta dos membros do STF (6 ministros). Em caso de 
extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a 
liminar, ad referendum do Tribunal Pleno. 
Nos termos do art. 5.º, § 3.º, da Lei 9.882/99, a liminar da ADPF poderá consistir na determinação 
de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais 
que apresentem relação com a matéria objeto da ADPF (salvo se decorrentes da coisa julgada) até seu 
julgamento final. 
Julgamento da ADPF - o julgamento da ADPF será realizado pelo plenário do Supremo e 
necessita do voto da maioria absoluta de seus membros (art. 97 da CF/88), presentes 2/3 deles (quorum 
de instauração da sessão), ou seja, 8 ministros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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15 
Efeitos - a decisão definitiva de mérito, em regra, possui efeitos: ex tunc, erga omnes e 
vinculantes. 
O art.11 da Lei n.º 9.882/99 permite ao STF manipular os efeitos da decisão da ADPF, desde que 
por razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social e pelo voto de 2/3 dos seus 
membros. Nesses casos, a decisão da ADPF poderá ter seus efeitos reduzidos ou apenas ser eficaz a 
partir do seu trânsito em julgado (ex nunc) ou até de outro momento que venha a ser fixado em data futura 
pelo STF (inconstitucionalidade pro futuro). 
Caráter subsidiário - determina o art. 4, § 1.º, da Lei n.º 9.882/99 que não será admitida ADPF 
quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade. 
 O STF já assentou que, considerando o caráter acentuadamente objetivo da ADPF, o juízo da 
subsidiariedade dever levar em consideração apenas os demais processos objetivos já consolidados no 
sistema constitucional — a ADI e a ADC. 
Recorribilidade - A decisão da ADPF é irrecorrível, não podendo ser objeto igualmente de ação 
rescisória. 
 Reclamação no STF - Caberá o ajuizamento de reclamação por qualquer interessado contra ato 
judicial que desrespeite a autoridade da decisão proferida pelo STF em sede de ADPF. 
1.9. Técnicas de decisão utilizadas no controle de constitucionalidade 
a) Interpretação conforme a Constituição – o princípio da interpretação conforme a Constituição 
é utilizado quando uma lei admite mais de uma interpretação (normas plurissignificativas), sendo que 
algumas afrontam o texto constitucional, enquanto outras não. 
Nesses casos, o princípio da supremacia da Constituição e a presunção de constitucionalidade das 
leis exigem que se adote as interpretações compatíveis com a Carta Política, declarando-se 
inconstitucionais todas as demais que se incompatibilizem com a Lei Maior. 
Ocorre que a regra da ―interpretação conforme‖ só pode ser utilizada quando a norma inferior 
impugnada efetivamente apresente algum significado que se harmonize com a Constituição. Assim, o 
Poder Judiciário não pode funcionar como ―legislador positivo‖, dando à norma um sentido que 
nitidamente não foi o pretendido pelo legislador. 
Por isso, se a única interpretação possível para compatibilizar a norma com a Constituição 
contrariar o sentido inequívoco que o Poder Legislativo lhe pretendeu dar, não se aplica o princípio da 
interpretação conforme a Constituição, devendo-se declarar a inconstitucionalidade
da lei. 
b) Declaração parcial de nulidade sem redução de texto – ocorre esta técnica quando o Tribunal 
declara a nulidade parcial da lei, mantendo intacto o seu texto original, reduzindo apenas a sua 
interpretação ou a sua aplicação. 
Assim, não há supressão de qualquer parte do texto da lei. Em verdade, o que é restringido é a 
aplicação, em relação a determinadas pessoas ou a certos períodos de tempo; ou a interpretação – o 
sentido – da norma. 
No primeiro caso, temos como exemplo uma lei que institua um tributo sujeito ao princípio da 
anterioridade tributária, pelo qual é vedado cobrar tributo no mesmo exercício financeiro em que haja sido 
publicada a lei que os instituiu ou aumentou (CF, art. 150, inciso III, ―b‖). Se esta lei determinar que ela 
entra em vigor na data de sua publicação, podemos reduzir a sua aplicação, sem reduzir o texto, para 
afirmar que ela só produzirá efeitos a partir do exercício financeiro seguinte ao de sua publicação. Nesta 
hipótese, foi utilizada a técnica da ―declaração parcial de nulidade sem redução de texto‖. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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No segundo caso (redução da interpretação da norma), temos a hipótese da ―interpretação 
conforme a Constituição‖. Nessa linha de raciocínio, podemos afirmar que a ―declaração parcial de 
nulidade sem redução de texto‖ é o gênero, sendo a ―interpretação conforme a Constituição‖ umas de suas 
espécies. 
Essa é a posição dominante do Supremo Tribunal Federal, exposta no parecer da 
Procuradoria-Geral da República na ADI n.º 3.324/DF, cujo trecho transcrevemos: 
Apesar de alguns doutrinadores alertarem para a necessidade de se separar conceitualmente os dois 
institutos (interpretação conforme e declaração de nulidade sem redução do texto) – vide MENDES, Gilmar 
Ferreira. Jurisdição Constitucional. São Paulo: Saraiva; 1999; p. 235 –, a jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal tem conjugado as duas expressões, tanto em sede de medida cautelar (ADIMC n.º 
1668/DF, ―suspensão cautelar sem redução de texto para dar interpretação conforme‖; ADIMC n.º 
1.344/ES, ―suspensão da efi cácia parcial do texto sem redução de sua expressão literal por interpretação 
conforme‖; ADIMC n.º 2.325/DF, ―emprestar interpretação conforme e sem redução de texto no sentido 
de‖) quanto em decisões de mérito (ADI n.º 1.098/SP, ―procedência em parte para, sem redução de texto, 
excluir interpretações que‖; ADI n.º 234/RJ, ―por inconstitucionalidade parcial quanto a todas as 
interpretações que não sejam‖). Cf. SAMPAIO, José Adércio Leite. A Constituição reinventada pela 
Jurisdição Constitucional. Belo Horizonte: Ed. Del Rey; 2002, p. 213 […] A jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal está repleta de exemplos de decisões que, mesmo em sede de medida cautelar, deram a 
determinado dispositivo normativo interpretação conforme à Constituição para se declarar a nulidade de 
uma norma dele derivada sem a redução de seu texto (in http://www.pgr. 
mpf.gov.br/pgr/fonteles/manifestacoes/adi/ documentos/adi3324.pdf). 
Devemos alertar, conforme dito no julgado acima, que parte da doutrina entende haver uma clara 
distinção entre os dois institutos: enquanto a ―declaração parcial de nulidade‖ consiste em uma 
proclamação de inconstitucionalidade (afirma-se, na decisão, que a norma é inconstitucional se 
interpretada nesse ou naquele sentido); a ―interpretação conforme‖ resulta em uma declaração de 
constitucionalidade (a parte dispositiva da decisão atesta que a lei é constitucional desde que 
interpretada de determinada forma). 
Nesse sentido, Gilmar Ferreira Mendes: 
―Ainda que se não possa negar a semelhança dessas categorias e a proximidade do resultado prático de 
sua utilização, é certo que, enquanto, na interpretação conforme à Constituição, se tem, dogmaticamente, 
a declaração de que uma lei é constitucional com a interpretação que lhe é conferida pelo órgão judicial, 
constata-se, na declaração de nulidade sem redução de texto, a expressa exclusão, por 
inconstitucionalidade, de determinadas hipóteses de aplicação (Anwendungsfälle) do programa normativo 
sem que se produza alteração expressa do texto legal‖. 
Ressalte-se que caberá ao candidato, em sua prova, diferenciar a jurisprudência dominante do STF 
do entendimento da melhor doutrina acima exposto. 
c) Declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade (também denominada de 
declaração de inconstitucionalidade de caráter restritivo) – algumas decisões, apesar de 
reconhecerem uma inconstitucionalidade, não implicam em declaração de nulidade. São elas: a ADI por 
omissão, onde não há ato a ser declarado nulo, uma vez que a inconstitucionalidade está exatamente na 
omissão; e a ADI interventiva, em que a decisão do STF não anula o ato – o que deve ser feito pelo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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decreto interventivo do Presidente da República – mas apenas julga procedente a Intervenção Federal 
proposta pelo PGR. 
Outra hipótese de declaração de inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade é a 
inconstitucionalidade pro futuro, quando a Alta Corte brasileira declara a inconstitucionalidade de 
determinada lei, deixando para decretar a sua nulidade em momento posterior, conforme demonstrado na 
jurisprudência abaixo: 
O STF julgou procedente ADI para declarar a inconstitucionalidade de lei estadual que criou um 
Município, mas sem declarar a nulidade da lei impugnada pelo prazo de 24 meses (mantendo a lei a 
sua validade e vigência nesse período), até que o legislador estadual estabeleça novo regramento. 
No caso concreto, considerou-se que, não obstante a inexistência da lei complementar federal a que se 
refere o § 4º do art. 18 da CF, o Município em questão fora efetivamente criado a partir de uma decisão 
política, assumindo existência de fato como ente federativo dotado de autonomia há mais de 6 anos, o que 
produzira uma série de efeitos jurídicos, não sendo possível ignorar essa realidade fática, em respeito ao 
princípio da segurança jurídica. Ressaltou-se, entretanto, que a solução do problema não poderia advir da 
simples decisão da improcedência do pedido formulado, haja vista o princípio da nulidade das leis 
inconstitucionais, mas que seria possível primar pela otimização de ambos os princípios por meio de 
técnica de ponderação. Diante dessa realidade, o STF, aplicando o art. 27 da Lei 9.868/99, afastou a 
declaração ortodoxa da nulidade da lei, mantendo a sua validade pelo prazo de 24 meses, como forma de 
resguardar a segurança jurídica e o interesse social (ADI 2.240/BA, Trib. Pleno, rel. Min. Eros Grau, j. 
09.05.2007, v. Informativo STF n.º 466). 
d) Declaração de Constitucionalidade de lei ainda constitucional – essa técnica permite ao 
Tribunal declarar a constitucionalidade de uma norma, mas, ao mesmo tempo, ressalvar que essa 
condição pode variar no tempo pela modificação de circunstâncias fáticas. Nesses casos, pode 
ocorrer uma ―progressiva inconstitucionalidade‖ da norma que ainda é constitucional, mas que pode se 
tornar incompatível com a Lei Maior com o decorrer do tempo e com a modificação de circunstâncias 
fáticas (também denominada de ―situação constitucional imperfeita‖, ―situação ainda constitucional‖ ou 
―situação em trânsito para a inconstitucionalidade‖). 
Nesse sentido, o seguinte julgado do STF: 
―EMENTA: Ministério Público: legitimação para promoção, no juízo cível, do ressarcimento do dano 
resultante de crime, pobre o titular do direito à reparação: C. Pr. Pen., art. 68, ainda constitucional (cf. RE 
135328): processo de inconstitucionalização das leis. 1. A alternativa radical da jurisdição constitucional 
ortodoxa entre a constitucionalidade plena e a declaração de inconstitucionalidade ou revogação por 
inconstitucionalidade
da lei com fulminante efi cácia ex tunc faz abstração da evidência de que a 
implementação de uma nova ordem constitucional não é um fato instantâneo, mas um processo, no qual a 
possibilidade de realização da norma da Constituição – ainda quando teoricamente não se cuide de 
preceito de eficácia limitada – subordina-se muitas vezes a alterações da realidade fáctica que a 
viabilizem. 2. No contexto da Constituição de 1988, a atribuição anteriormente dada ao Ministério Público 
pelo art. 68 C. Pr. Penal – constituindo modalidade de assistência judiciária – deve reputar-se transferida 
para a Defensoria Pública: essa, porém, para esse fim, só se pode considerar existente, onde e quando 
organizada, de direito e de fato, nos moldes do art. 134 da própria Constituição e da lei complementar por 
ela ordenada: até que – na União ou em cada Estado considerado –, se implemente essa condição de 
viabilização da cogitada transferência constitucional de atribuições, o art. 68 C. Pr. Pen. será considerado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ainda vigente: é o caso do Estado de São Paulo, como decidiu o plenário no RE 135328.‖ (RE 147776/SP, 
1ª Turma, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 19.05.1998, DJ 19.06.1998, p.9). 
 Ressalte-se que a declaração de constitucionalidade de lei ainda constitucional pode vir associada 
a outra técnica denominada “apelo ao legislador”, pela qual o órgão julgador rejeita a 
inconstitucionalidade da norma, mas, diante do possível trânsito para a inconstitucionalidade, conclama o 
legislador a corrigir essa situação constitucional imperfeita. 
 A doutrina (Gilmar Mendes) ressalta que o ―apelo‖ dirigido ao legislador a fim de que este corrija 
uma situação ainda constitucional, com vistas a evitar que ela se converta numa situação inconstitucional, 
não obriga, juridicamente, o órgão legislador a legiferar. 
e) Princípio da Proporcionalidade – o princípio da proporcionalidade ou da razoabilidade 
(entendido como princípio constitucional implícito, deduzido do devido processo legal em seu aspecto 
material, CF, art. 5.º, inciso LIV) é constantemente utilizado pelo STF para aferição da 
inconstitucionalidade de leis. Como exemplo, temos a ADI 1.158-8/AM onde se declarou, com base nesse 
princípio, a inconstitucionalidade de lei estadual que concedia vantagem pecuniária de 1/3 sobre a 
remuneração, a título de férias, para servidores públicos inativos. 
1.10. Controle de constitucionalidade pelos tribunais de justiça dos estados e do DF 
Dispõe o art. 125, § 2.º, CF/88: ―cabe aos Estados a instituição de representação de 
inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais e municipais em face da Constituição 
Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão‖. 
Esta é a ADI genérica de lei municipal ou estadual em face da Constituição Estadual de 
competência do Tribunal de Justiça (ou das leis distritais em face da LODF). A CF/88 não estabeleceu sua 
legitimidade ativa, restringindo-se a proibir que as Constituições Estaduais (ou a LODF) atribuam a sua 
legitimação a um único órgão. Nessa tarefa, o Supremo admite que a Carta Estadual/LODF traga outros 
legitimados para a ADI local, sem a necessidade de observância rígida do modelo federal previsto no art. 
103 da CF (ADI MC 558/RJ). 
A jurisprudência do STF não admite a possibilidade das Constituições Estaduais instituírem, no 
âmbito dos Tribunais de Justiça, ação direta de inconstitucionalidade de lei municipal em face da 
Constituição Federal, por entender que a proteção da Carta Federal no controle concentrado é de 
competência exclusiva do STF. 
Nesse sentido, julgado do STF onde se assentou que o processo objetivo de fiscalização normativa 
abstrata, instaurável perante os Tribunais de Justiça locais, somente pode ter por objeto leis ou atos 
normativos municipais, estaduais ou distritais, desde que contestados em face da própria Constituição do 
Estado-membro (ou, quando for o caso, da Lei Orgânica do Distrito Federal), que representa, nesse 
contexto, o único parâmetro de controle admitido pela CF, nos termos do art. 125, § 2.º. 
Assim, a ―ADI estadual/distrital‖ somente pode adotar como parâmetro ou paradigma do controle de 
constitucionalidade a Constituição estadual (ou a Lei Orgânica do DF), não a Constituição da República, 
sob pena de usurpação da competência do STF (como guardião exclusivo da CF no controle abstrato de 
constitucionalidade) e conseqüente ajuizamento de reclamação no STF para a preservação de sua 
competência (CF, art. 102, I, ―l‖). 
No mesmo julgado, o STF registrou que é admissível a instauração de ―ADI estadual‖ nos Tribunais 
de Justiça respectivos (CF, art. 125, § 2.º) para impugnar leis ou atos normativos estaduais e/ou 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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municipais em face da Constituição estadual (ou, se for o caso, da Lei Orgânica do Distrito Federal), ainda 
que a norma de parâmetro – necessária e formalmente incorporada ao texto da Constituição local – 
seja reprodução de dispositivos constitucionais federais de observância compulsória pelas 
unidades federadas, admitindo-se, em tal hipótese, a possibilidade de controle recursal extraordinário da 
decisão local, por parte do Supremo Tribunal Federal (Reclamação n.º3.436 MC/DF, Rel. Min. Celso de 
Mello in Informativo do STF n.º 394). 
Outro aspecto refere-se à simultaneidade de ajuizamento de ADI estadual/distrital no TJ e ADI 
federal no STF para impugnação de uma lei estadual que viole ao mesmo tempo a Carta Federal e a 
Estadual (LODF). 
Não seria necessário mencionar que, no caso de leis municipais (ou de leis distritais no uso de 
competência municipal – v. Súmula 642 do STF), não há possibilidade de ajuizamento de ADI federal no 
STF, por força do art. 102, I, ―a‖, da Carta Magna de 1988. 
Voltando à questão posta, entende o Pretório Excelso que, no caso de simultaneidade de ADI 
federal ajuizada no STF e de ADI estadual no âmbito do TJ, as quais impugnem a mesma lei estadual ou 
distrital, imperiosa é a suspensão da tramitação da ADI estadual, diante das repercussões diretas do 
julgamento da ADI pelo STF sobre o julgamento da ADI estadual no TJ (ADI MC 1.423 e AgR Rcl 425). 
Assim, independentemente de a ADI estadual/distrital possuir como parâmetro uma norma da 
Constituição Estadual/LODF de repetição obrigatória ou facultativa da Constituição Federal, a decisão do 
Supremo Tribunal Federal produzirá efeitos diretos e vinculantes sobre a futura decisão do TJ, indicando a 
necessidade de suspensão do processo da ADI estadual. 
 O art. 35, inciso IV da CF ainda prevê a possibilidade de ADI interventiva estadual ao dispor que 
caberá intervenção dos Estados em seus Municípios quando o Tribunal de Justiça der provimento a 
representação para assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Estadual (que serão 
os ―princípios sensíveis‖ da Constituição Estadual). 
A legitimidade ativa da ADI interventiva estadual será do Procurador-Geral de Justiça, chefe do 
Ministério Público estadual, por força do art. 129, inciso IV da Carta Magna. 
Apesar de não haver previsão expressa na CF/88, a doutrina brasileira admite que as Cartas 
Estaduais, com base no princípio da simetria, estabeleçam também: ADI por Omissão ou ADC em face 
das Constituições Estaduais, devendo tais ações ser da competência originária do Tribunal de Justiça. 
Em relação ao controle difuso ou aberto de leis ou atos normativos estaduais em face da 
Constituição do Estado, é ele amplo, sem maiores peculiaridades em relação ao controle realizado em 
face da Constituição Federal. 
Uma última questão diz respeito à possibilidade de interposição de recurso extraordinário ao STF 
da decisão proferida na ADI estadual. 
Ordinariamente,
quando o Tribunal de Justiça julga a ADI de lei municipal ou estadual em face da 
Constituição do Estado (ou da LODF), a sua decisão será definitiva, não cabendo recurso para qualquer 
outro Tribunal. 
Ocorre que, a jurisprudência do STF excepcionou esta regra, admitindo hipótese de recurso 
extraordinário à Alta Corte brasileira quando a ADI perante o Tribunal de Justiça impugnar uma lei ou ato 
normativo municipal, estadual ou distrital em face de norma da Constituição Estadual/LODF que 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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reproduza dispositivo da Constituição Federal de observância obrigatória pelos Estados-
membros/DF. 
Assim, desta decisão proferida pelo Tribunal de Justiça em ―ADI estadual/distrital‖, o Pretório 
Excelso admite a interposição de recurso extraordinário por haver violação simultânea da Constituição 
Estadual (ou Lei Orgânica do DF) e da Constituição da República (Rcl 383/SP, Trib. Pleno, rel. Min. 
Moreira Alves, j. 11.06.1992, DJ 21.05.1993, p.9765). 
 Ressalte-se que, neste caso, a decisão do STF no recurso extraordinário terá efeitos erga omnes, 
produzindo eficácia contra todos, considerando-se que a interposição do recurso extraordinário não 
modifica a natureza de controle abstrato da ADI estadual, razão pela qual, nesta hipótese, o recurso 
extraordinário, apesar de configurar instrumento típico do controle difuso-incidental, produzirá os efeitos 
próprios do controle abstrato de constitucionalidade. 
 
1.11. Legislação sobre controle de constitucionalidade (Leis Federais números 9.868/99, 
9.882/99 e 12.562/11) 
 
LEI No 9.868, DE 10 DE NOVEMBRO DE 1999. 
 
Dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta 
de inconstitucionalidade e da ação declaratória de 
constitucionalidade perante o Supremo Tribunal 
Federal. 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a 
seguinte Lei: 
CAPÍTULO I 
DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE E DA 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE 
Art. 1o Esta Lei dispõe sobre o processo e julgamento da ação direta de inconstitucionalidade e da 
ação declaratória de constitucionalidade perante o Supremo Tribunal Federal. 
CAPÍTULO II 
DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
Seção I 
Da Admissibilidade e do Procedimento da 
Ação Direta de Inconstitucionalidade 
Art. 2o Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade: 
I - o Presidente da República; 
II - a Mesa do Senado Federal; 
III - a Mesa da Câmara dos Deputados; 
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal; 
V - o Governador de Estado ou o Governador do Distrito Federal; 
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.868-1999?OpenDocument
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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VI - o Procurador-Geral da República; 
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; 
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; 
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. 
[...] 
Art. 4o A petição inicial inepta, não fundamentada e a manifestamente improcedente serão 
liminarmente indeferidas pelo relator. 
Parágrafo único. Cabe agravo da decisão que indeferir a petição inicial. 
Art. 5o Proposta a ação direta, não se admitirá desistência. 
Art. 6o O relator pedirá informações aos órgãos ou às autoridades das quais emanou a lei ou o ato 
normativo impugnado. 
[...] 
Art. 7o Não se admitirá intervenção de terceiros no processo de ação direta de 
inconstitucionalidade. 
§ 1o (VETADO) 
§ 2o O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade dos postulantes, poderá, 
por despacho irrecorrível, admitir, observado o prazo fixado no parágrafo anterior, a manifestação de 
outros órgãos ou entidades (É A FIGURA DO AMIGO DA CORTE!). 
Art. 8o Decorrido o prazo das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da 
União e o Procurador-Geral da República, que deverão manifestar-se, cada qual, no prazo de quinze dias. 
Art. 9o Vencidos os prazos do artigo anterior, o relator lançará o relatório, com cópia a todos os 
Ministros, e pedirá dia para julgamento. 
§ 1o Em caso de necessidade de esclarecimento de matéria ou circunstância de fato ou de notória 
insuficiência das informações existentes nos autos, poderá o relator requisitar informações adicionais, 
designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão, ou fixar data para, em 
audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria (TAMBÉM O 
AMIGO DA CORTE). 
§ 2o O relator poderá, ainda, solicitar informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais federais e 
aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no âmbito de sua jurisdição. 
Seção II 
Da Medida Cautelar em Ação Direta de Inconstitucionalidade 
Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será concedida por decisão 
da maioria absoluta dos membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22, após a audiência dos 
órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no 
prazo de cinco dias. 
[...] 
§ 3o Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir a medida cautelar sem a audiência 
dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/Mensagem_Veto/1999/Mv1674-99.htm
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Art. 11. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial 
do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez 
dias, devendo solicitar as informações à autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-se, no que 
couber, o procedimento estabelecido na Seção I deste Capítulo. 
§ 1o A medida cautelar, dotada de eficácia contra todos, será concedida com efeito ex nunc, 
salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe eficácia retroativa. 
§ 2o A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, 
salvo expressa manifestação em sentido contrário. 
Art. 12. Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e de seu 
especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das 
informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral 
da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que 
terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. 
Capítulo II-A 
(Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009). 
Da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 
Seção I 
Da Admissibilidade e do Procedimento da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão 
Art. 12-A. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade por omissão os legitimados à 
propositura da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade. 
Art. 12-B. A petição indicará: 
I - a omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever constitucional de 
legislar ou quanto à adoção de providência de índole administrativa; 
II - o pedido, com suas especificações. 
[...] 
Art. 12-D. Proposta a ação direta de inconstitucionalidade por omissão, não se admitirá 
desistência. 
Art. 12-E. Aplicam-se ao procedimento da ação direta de inconstitucionalidade por omissão, no que 
couber, as disposições constantes da Seção I do Capítulo II desta Lei. 
§ 1o Os demais titulares referidos no art. 2o desta Lei poderão manifestar-se, por escrito, sobre o 
objeto da ação

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