Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES CURSO SERVIÇO SOCIAL IASMIM DIAS MARTINS OFICINA DE PRÁTICA PROFISSIONAL I Campos dos Goytacazes 2023 IASMIM DIAS MARTINS OFICINA DE PRÁTICA PROFISSIONAL I Trabalho apresentado para a disciplina de Oficina de Prática Profissional I, ministrada pela Professora Mestre Amanda dos Santos Lemos, no curso Serviço Social, 5º período. Campos dos Goytacazes 2023 SUMÁRIO 1. Introdução 2. Apresentação sobre a construção dos espaços sócio-ocupacionais dos assistentes sociais 3. Área/Espaço com o qual se identificou. 4. Referências INTRODUÇÃO Nesse trabalho falarei sobre o Centro Especializado de Atendimento á Mulher (CEAM), trata-se de um espaço sócio-ocupacional de atendimento especializado para mulheres vítimas de violência que oferece um atendimento multidisciplinar, envolvendo profissionais de psicologia, assistência social, e orientação jurídica, sendo esses profissionais de áreas especificas lotados na Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Itaguaí, onde atualmente é o meu campo de estágio obrigatório, na área da assistência social. O CEAM é um equipamento da política pública especializada de prevenção e enfrentamento a violência contra a mulher ligada ao organismo de políticas púbicas para as mulheres com o objetivo de fomentar o diálogo da rede e copilar dados estatísticos através de subsídios técnicos para criação de políticas específicas para as mulheres. Nesse sentido, o CEAM tem a missão de acolher, atender e fazer os encaminhamentos das mulheres em situação de violência para as instituições que compõem a rede identificando as necessidades, acompanhando e orientando sobre os possíveis riscos, construindo um plano que viabiliza sua segurança, e em caso de risco iminente de morte fazendo encaminhamentos para casa abrigos juntamente com seus filhos e monitorando as ações desenvolvidas. Escolhi este espaço porque acho importante para destacar a necessidade de políticas públicas que financiem e fortaleçam essas instituições que atendem mulheres vítimas de violência como o CEAM - Itaguaí. Isso contribui para a criação de uma rede de apoio eficaz no enfretamento da violência doméstica. Essa abordagem holística é crucial para lidar com as complexas necessidades das mulheres em situações de violência. A violência contra as mulheres se manifesta de diversas formas e está presente em todas as classes sociais, etnias e faixas etárias e vem crescendo a cada dia, mostrando que a violência contra a mulher permanece como a mais cruel e evidente manifestação da desigualdade de gênero no Brasil. I. O debate sobre a construção dos espaços sócio-ocupacionais dos assistentes sociais Os espaços sócio-ocupacionais dos assistentes sociais são áreas onde os profissionais desempenham suas funções e intervenções. Eles surgiram no contexto histórico de luta de classes e no desenvolvimento do modo de produção capitalista. A profissão de assistente social emergiu como resposta às desigualdades sociais geradas por esse sistema econômico. Ao longo da história, vimos a necessidade de abordar questões sociais complexas, como pobreza, discriminação e acesso limitado a serviços sociais. Os assistentes sociais encontraram seu espaço em diversos contextos, incluindo instituições de saúde, educação, justiça e organizações não governamentais. Segundo Faleiros (1979), as reflexões acerca de poder institucional e saber profissional remetem ao objeto profissional em uma ótica de luta de classes articulada às relações de poder, hegemonia e contra hegemonia. Por instituição, pode-se entender uma agência de prestação de serviços. Do ponto de vista sociológico mais amplo, as instituições são relações estruturantes do modo de ser de uma sociedade, como a família, a religião, a educação e o exército. O conceito de instituição vai, portanto, muito além do de organização. As instituições são locais de lutas de poder, em que se localiza o objeto da intervenção do assistente social. Esse objeto deve responder a um processo complexo de relações sociais que são entrecruzadas por demandas sociopolíticas. Nesse contexto, buscando-se trazer uma breve descrição sobre a trajetória dos espaços sócio-ocupacionais, é importante citar que os espaços sócio-cupacionais é delineada por uma evolução constante, refletindo a complexidade e a dinâmica das demandas sociais ao longo do tempo. Desde as suas origens, a profissão tem-se expandido para abranger diversos campos, marcando presença em variados espaços de intervenção. As relações institucionais podem ser entendidas sob diversos ângulos, valorizando os conflitos entre os atores institucionais ou tomando o projeto profissional como mediação harmonizadora de conflitos (FALEIROS, 2005, p. 33). Como exemplos de conflitos, temos os que podem ocorrer entre profissionais e auxiliares, entre profissionais, entre políticas sociais e o projeto institucional, entre profissionais e instituição, entre usuários e profissionais, entre outros, em um processo de contradições de interesses e projetos concretos. Há nesses conflitos uma relação dinâmica de forças, interesses projetados na dialética universal/particular/singular na ação profissional, que constituem situações de intervenção nos espaços institucionais e profissionais (FALEIROS, 1979). O assistente social atua em meio a esses e outros conflitos, em um processo de mediação que o capacita para dar respostas às necessidades dos usuários dos seus serviços e da política social em questão, sendo esse seu compromisso primordial. Por outro lado, precisa dar respostas também aos objetivos institucionais, não em uma perspectiva neutra, o que é impossível, mas de acordo com sua formação teórico-metodológica e ético-política. No âmbito tradicional, o assistente social está localizado principalmente nas instituições de assistência social, hospitais e escolas, desempenhando um papel crucial na identificação e mitigação das necessidades emergentes nas comunidades. Contudo, à medida que as questões sociais ganharam complexidade, novos espaços foram conquistados. A inserção do assistente social em políticas públicas tornou-se uma dimensão fundamental da prática profissional. Participar no desenvolvimento, implementação e avaliação de políticas sociais amplia o escopo de atuação do assistente social, permitindo uma abordagem preventiva e estratégica para enfrentar desafios sociais mais amplos. O advento de programas de proteção social, direitos humanos e inclusão de grupos historicamente marginalizados também moldou a trajetória do assistente social. A busca pela equidade de gênero, diversidade cultural e inclusão social impulsionou a presença de profissionais em projetos específicos, como prevenção de abuso infantil, apoio as mulheres vítimas de violência doméstica, integração de refugiados, entre outros. Assim, a trajetória dos espaços sócio-ocupacionais do assistente social é marcada pela adaptação contínua às transformações sociais, sempre a promoção do bem-estar, a justiça social e o respeito pelos direitos humanos. A profissão mantém seu papel crucial na construção de sociedades mais justas e igualitárias, expandindo seus limites para enfrentar os desafios emergentes da contemporaneidade. II. Área/Espaço com o qual se identificou. Como exemplo de espaços sócio-ocupacionais têm os Centros de Referência de Atendimento á Mulher, que são estruturas essenciais do programa de prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher, uma vez que visa promover a ruptura da situação de violência e a construçãoda cidadania por meio de ações globais e de atendimento interdisciplinar (psicológico, social, jurídico, de orientação e informação) à mulher em situação de violência. Devem exercer o papel de articuladores dos serviços organismos governamentais e não-governamentais que integram a rede de atendimento às mulheres em situação de vulnerabilidade social, em função da violência de gênero. Nessa perspectiva, os Centros de Referência devem prestar acolhimento permanente às mulheres que necessitem de atendimento, monitorando e acompanhando as ações desenvolvidas pelas instituições que compõem a Rede, instituindo procedimentos de referência. A política setorial do Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM) é baseada em diversos princípios: Promoção da Igualdade de Gênero Atendimento Multidisciplinar Acolhimento e Escuta Empática Proteção e Segurança Prevenção e Conscientização Defesa dos Direitos das Mulheres O público-alvo do CEAM são mulheres em situação de violência ou vulnerabilidade, independentemente de sua origem, raça, idade, ou orientação sexual. No Centro Especializado de Atendimento à Mulher, o assistente social desempenha um papel fundamental no apoio a mulheres que vivenciam situações de violência de gênero. Suas principais atividades incluem: acolhimento e escuta, oferecer apoio emocional e compreensão às mulheres que buscam ajuda. Os maiores desafios nesses espaços está na efetivação da proteção na sua totalidade, uma vez que necessita da rede de apoio pra que seja possível. E quando falamos em mulher em situação de violência, muitas das vezes o setor que deveria priorizar essa proteção, está cheio de homens, autoridades da lei e machistas, que muitos deles também são agressores, e acabam oprimindo e culpabilizando a mulher pela violência sofrida, fazendo com que todo o atendimento seja dificultando e deixando a mulher cada vez mais vulnerável. O atendimento deve pautar-se no questionamento das relações de gênero baseadas na dominação e opressão dos homens sobre as mulheres, que têm legitimado e perpetuado, as desigualdades e a violência de gênero. O objetivo primário da intervenção é cessar a situação de violência vivenciada pela mulher atendida sem ferir o seu direito à autodeterminação, mas promovendo meios para que ela fortaleça sua auto-estima e tome decisões relativas à situação de violência por ela vivenciada. Ressalta-se que o foco da intervenção do Centro de Referência deve ser o de prevenir futuros atos de agressão e de promover a interrupção do ciclo de violência. Os serviços prestados pelos Centros de Referência devem seguir princípios de intervenção, como: Atender as necessidades da mulher em situação de violência, defesa dos Direitos das Mulheres e responsabilização do agressor e dos serviços, reconhecimento da Diversidade de Mulheres, diagnosticar o contexto onde o episódio de violência se insere, evitar ações de intervenção que possam causar maior risco à mulher em situação de violência, e manter a articulação com demais profissionais dos serviços da Rede. Nesse espaço de atuação, o assistente social aplica seus valores de justiça social, respeito pelos direitos humanos, empatia e ética profissional para promover o bem-estar e a igualdade nas vidas das mulheres que são atendidas. III. Considerações finais: O campo de atuação do assistente social é vasto e abrange diversas áreas, sendo o Centro Especializado de Atendimento à Mulher um espaço crucial no enfrentamento das questões de gênero e violência. Atuando nesse cenário, tenho a oportunidade de contribuir para a promoção da igualdade e do combate à violência contra as mulheres. O Centro Especializado de Atendimento à Mulher desempenha um papel fundamental ao oferecer acolhimento, orientação e suporte a mulheres que enfrentam situações de violência. Nesse contexto, a atuação do(a) assistente social não é apenas assistir, mas também empoderar as mulheres, fornecendo ferramentas para que elas possam reconstruir suas vidas de forma autônoma e livre de violência. A disciplina Oficina de Trabalho Profissional tem sido essencial para minha formação, pois fornece uma abordagem prática e reflexiva sobre as situações vividas no cotidiano profissional. Através dessa disciplina, desenvolvo habilidades específicas para lidar com as complexidades do atendimento, aprimorando meu pensamento crítico e capacidade de intervenção. No âmbito do Centro Especializado de Atendimento á Mulher, a Oficina de Trabalho Profissional se torna ainda mais relevante, pois as situações enfrentadas fechadas não são apenas conhecimento teórico, mas também uma compreensão profunda das dinâmicas sociais e culturais que permeiam as questões de gênero. Desta forma, podemos aplicar de maneira eficaz os princípios e valores do serviço social, promovendo a justiça social e o respeito pelos direitos humanos. Em resumo, o campo de atuação, o Centro Especializado de Atendimento à Mulher e a disciplina Oficina de Trabalho Profissional convergem para uma prática profissional enriquecedora. Ao integrar teoria e prática, posso contribuir de forma significativa para a transformação social, especialmente no que tange à promoção da igualdade de gênero e ao enfrentamento da violência contra as mulheres. REFERÊNCIAS Itaguaí. Diretrizes Específicas do Centro Especializado de Atendimento à Mulher. Secretaria Municipal de Assistência Social. Itaguaí, 2022. BRASIL. Norma Técnica de Uniformização. Centros de Referência de Atendimento à Mulher em Situação de Violência. Disponível em: https://www.gov.br/mdh>. Acesso em: 23 de out. de 2023. IAMAMOTO, M. V. Os espaços sócio-ocupacionais do assistente social. In: CFESS, ABEPSS. Serviço Social: Direitos Sociais e Competência Profissionais. Brasilia: CFESS- ABEPSS-CEAD, 2009. https://www.gov.br/mdh