Prévia do material em texto
Correção Trabalho 1 – ANRL7 1) Sejam a, b ϵ ℕ. Mostre que a∙b = b∙a. Solução: Vamos primeiro mostrar parte da propo- sição 5 da aula 1, que é 0∙a = 0, para todo a ϵ ℕ. Vamos fazer isso por indução em a. Se a = 0, então 0∙0 = 0, pela definição de multiplicação. Agora suponhamos, por hipótese de indução, que 0∙a = 0. Precisamos mostrar que 0∙(a+) = 0. De fato, 0∙(a+) = 0∙a + 0 = 0 + 0 = 0. Agora, nós vamos mostrar que vale a lei distributiva à esquerda, ou seja, vamos mostrar que (a+b)∙c = a∙c + b∙c, para todos a, b, c ϵ ℕ. Faremos isso por indução em c. Se c = 0, então (a+b)∙0 = 0, pela definição de multiplicação. E, além disso, a∙0 + b∙0 = 0 + 0 = 0. Portanto, podemos escrever (a+b)∙c = a∙c + b∙c para c = 0. Agora suponhamos, por hipótese de indução, que (a+b)∙c = a∙c + b∙c. Precisamos mostrar que (a+b)∙(c+) = a∙(c+) + b∙(c+). Com efeito, (a+b)∙(c+) = (a+b)∙c + (a+b) = a∙c + b∙c + (a+b) = a∙c + a + b∙c + b = a∙c+ + b∙c+. Agora vamos começar a resolver o exercício. Vamos mostrar que a∙b=b∙a por indução em b. Se b = 0, então temos a∙b = a∙0 = 0, pela definição de multiplicação. Além disso, b∙a = 0∙a = 0. Logo, para b = 0, temos a∙b = b∙a. Agora, suponhamos por hipótese de indução, que a∙b = b∙a. Precisamos mostrar que a∙(b+) = (b+)∙a. Com efeito, a∙(b+) = a∙b + a = b∙a + a = (b+1)∙a = (b+)∙a. 2) Mostre que a função do exemplo 11 da aula, isto é, f: (-1, 1) → ℝ, dada por f(x) = x 1-|x| é, de fato, uma bijeção. Solução: Precisamos mostrar que f é injetora e sobrejetora. Vamos mostrar que ela é injetora primeiro. Então suponha que f(x) = f(y). Temos 3 possibilidades: 1º) f(x) = f(y) > 0. Isso significa que x > 0, y > 0. Logo f(x) = x 1-x e f(y) = y 1-y . Logo x 1-x = y 1-y . Portanto x∙(1–y) = y∙(1–x). Logo x – xy = y – xy. Portanto x = y. 2º) f(x) = f(y) = 0. Então x = 0 e y = 0. Logo x=y. 3º) f(x) = f(y) < 0. Isso significa que x < 0, y < 0. Logo f(x) = x 1-(-x) = x 1+x e f(y) = y 1-(-y) = y 1+y . Portanto x 1+x = y 1+y . Logo x∙(1+y) = y∙(1+x). Logo x + x∙y = y + x∙y. Portanto x = y. Isso encerra a parte da injetividade. Vamos agora mostrar que f é sobrejetora. Para mostrarmos que f é sobrejetora, precisa- mos mostrar que dado k ϵ ℝ, então existe x ϵ ℝ tal que f(x) = k. Vamos quebrar esta demonstração em três casos. 1º) k > 0. Seja x = k k+1 . Então 0 < x < 1. Portanto x ϵ Dom(f) e f(x) = k k+1 1-| k k+1 | = k k+1 1- k k+1 = k. 2º) k = 0. Seja x = 0. Então x ϵ Dom(f) f(x) = f(0) = 0. 3º) k < 0. Seja x = k 1-k . Logo -1 < x < 0. Portanto x ϵ Dom(f) e f(x) = k 1-k 1-| k 1-k | = k 1-k 1-(- k 1-k ) = k 1-k 1+ k 1-k = k Logo f é sobrejetora. 3) Mostre que se A, B e C são conjuntos tais que A ⊆ B ⊆ C e A ∼ C, então A ∼ B. (Sugestão: Use o Teorema de Schröder-Bernstein). Antes de começar este exercício, vamos provar o seguinte resultado: a composição de duas funções injetoras é injetora. De fato, sejam f: X → Y e g: Y → Z duas funções injetoras. Preciso mostrar que g◦f: X → Z é injetora. Portanto, sejam x1, x2 ϵ X tais que (g◦f)(x1) = (g◦f)(x2). Então g(f(x1)) = g(f(x2)). Como g é uma função injetora, então f(x1) = f(x2). Agora, como f é uma função injetora, então x1 = x2. Logo g◦f é uma função injetora. Agora vamos resolver o exercício. Como A ⊆ B, então existe f: A → B injetora, a sa- ber, a inclusão, dada por f(a) = a, para todo a ϵ A. Como B ⊆ C, então existe g: B → C injetora (também a inclusão). Mas A ~ C, então C ~ A, logo existe h: C → A bijetora. Então h é injetora. Logo, pelo lema que fizemos antes de começarmos a responder este exercício, a função h◦g: B → A é injetora. Pelo teorema de Schröder-Bernstein, concluímos que A ~ B. 4) Seja X um conjunto e denote por P(X) o conjunto das partes de X, isto é, P(X) = {Y; Y ⊆ X}. Mostre que se A ~ B, então P(A) ~ P(B). Solução: Como A ~ B, então existe f: A → B bijetora. Defina agora g: P(A) → P(B) dada por g(X) = {f(x); x ϵ X} ⊆ B. Vamos mostrar que esta função, de fato, é uma bijeção. Injetora: Suponha que g(X) = g(Y). Preciso mostrar que X = Y. Para isto, seja x ϵ X. Como X ⊆ A, então x ϵ A. Então f(x) ϵ g(X). Mas g(X) = g(Y). Então f(x) ϵ g(Y). Então existe y ϵ Y tal que f(x) = f(y). Como f é bijetora, então x = y. Então x ϵ Y. Logo X ⊆ Y. Analogamente, Y ⊆ X. Logo X = Y. Portanto g é injetora. Sobrejetora: Seja Y ϵ P(B). Então Y ⊆ B. Preciso encontrar X ϵ P(A) tal que g(X) = Y, ou seja, preciso encontrar X ⊆ A tal que g(X) = Y. Para isso, tome X = {f-1(y); y ϵ Y}. Note que X ⊆ A, e como f é bijetora, então g(X) = {f(f-1(y)); y ϵ Y} = {y; y ϵ Y} = Y. Isto encerra este exercício. (Imagem de exemplo do que está acontecendo com um conjunto finito:)