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0 DIREITO CONSTITUCIONAL 1 SUMÁRIO AULA 01 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS .......................................................................................................................... 2 AULA 02 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS .......................................................................................................................... 2 AULA 03 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .................................................................................................. 3 AULA 04 – DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO ................................................................................................................. 4 AULA 05 – DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO ................................................................................................................. 4 AULA 06 – DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO ................................................................................................................. 6 AULA 07 – DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO ................................................................................................................. 7 AULA 08 – DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO ................................................................................................................. 9 AULA 09 – DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO ............................................................................................................... 11 AULA 10 – REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ..................................................................................................................... 12 AULA 11 – REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ..................................................................................................................... 13 AULA 12 – REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ..................................................................................................................... 13 AULA 13 – REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ..................................................................................................................... 13 AULA 14 – REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS ..................................................................................................................... 13 AULA 15 – DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA .................................................................................................................... 15 AULA 16 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................................................... 16 AULA 17 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................................................... 17 AULA 18 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................................................... 18 AULA 19 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................................................................................................................... 20 AULA 20 – SEGURANÇA PÚBLICA ................................................................................................................................... 22 AULA 21 – SEGURANÇA PÚBLICA ................................................................................................................................... 22 2 AULA 01 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PRINCÍPIOS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 A CF/88 consiste em uma constituição formal, escrita, promulgada, dogmática, rígida e ana- lítica. A atual Carta Magna possui um preâmbulo introdutório, comum em praticamente todas as constituições, o qual demonstra a preocupação do legislador constituinte com os ideais de demo- cracia e proteção aos valores sociais. O preâmbulo consiste no conjunto de enunciados formulado pelo legislador constituinte ori- ginário, situado na parte preliminar do texto constitucional, que veicula a promulgação, a origem, as justificativas, os objetivos, os valores e os ideais de uma Constituição, servindo de vetor inter- pretativo para a compreensão do significado das suas prescrições normativas e solução dos pro- blemas de natureza constitucional. Temos que esclarecer que o preâmbulo não tem força constitucional, é apenas uma introdução, de modo que se houver qualquer conflito entre ele e o texto constitucional, prevalecerá o artigo discutido. Em relação aos princípios fundamentais, esclarecemos que são aqueles que visam essencialmente definir e caracterizar a coletividade política e o Estado e enumerar as principais opções político-constitucionais. Canotilho nos oferece a seguinte classificação de tais princípios: • Princípios relativos à essência, forma, estrutura e tipo de Estado: estão contidos no artigo 1º. • Princípios relativos à forma de governo e à organização dos poderes: estão contidos no artigo 1º e 2º da Constituição Federal. • Princípios relativos à organização da sociedade: estão contidos no artigo 3º, inciso I, da Constituição Federal. • Princípios relativos ao regime político: estão contidos no parágrafo único do artigo 1º da Constituição Federal. • Princípios relativos à prestação positiva do Estado: estão dispostos no artigo 3º da Consti- tuição Federal. • Princípios relativos à comunidade internacional: o artigo 4º da Constituição brasileira ex- pressa normas que regem as relações internacionais. Vejamos o texto constitucional: AULA 02 – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS TÍTULO I Dos Princípios Fundamentais Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. 3 Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. AULA 03 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS A origem dos direitos fundamentais está ligada à necessidade de se impor limites à atuação do Estado absoluto em favor da liberdade do indivíduo, isto é, de impor limites à ingerência do Estado na esfera de liberdade do indivíduo. Os direitos fundamentais surgiram tendo como destinatários (ou titulares) as pessoas naturais. Com o passar do tempo os ordenamentos constitucionais passaram a reconhecer direitos fundamentais também às pessoas jurídicas. Modernamente as constituições também asseguram tais direitos às pessoas estatais, isto é, o próprio Estado passou a ser considerado titular de direitos fundamentais.2.1 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS: Direitos e Deveres Individuais e Coletivos (art. 5º) 1) Conceito: São o conjunto de normas, princípios, prerrogativas, deveres e institutos, inerentes à soberania popular, que garantem a convivência pacífica, digna, livre e igualitária, independente de credo, raça, origem, cor, condição econômica ou status social. 2) Divisão: civil (direitos da pessoa humana); política (direitos de participação na ordem democrá- tica) e econômico-social (direitos econômicos e sociais). 3) Natureza jurídica dos Direitos e Garantias Fundamentais: Têm a mesma natureza de nor- mas constitucionais positivas, pois derivaram da linguagem prescritiva do constituinte. Na medida do possível, têm aplicação direta e integral, independendo de providência legislativa ulterior para serem imediatamente aplicadas. 4) Abrangência dos Direitos e Garantias Fundamentais - os direitos individuais e coletivos (art. 5º) - os direitos sociais (arts. 6º e 193 e seguintes) - os direitos à nacionalidade (art. 12) 4 - os direitos políticos (arts. 14 a 16) - os direitos dos partidos políticos (art. 17) 5) Características dos Direitos e Garantias Fundamentais - Históricos - Universais - Cumuláveis (ou concorrentes) - Irrenunciáveis - Inalienáveis - Imprescritíveis - Relativos (ou limitados) 6) Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais O legislador constituinte conferiu uma amplitude bastante significativa aos direitos fundamentais, de modo que todos podem usufruir, seja brasileiro ou estrangeiro, pessoa física ou jurídica. AULA 04 – DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) A principal disposição do caput deste artigo 5º é o Princípio da Igualdade Formal, ou Princípio da Isonomia, segundo o qual “todos são iguais perante a lei”. Não significa que todas as pessoas terão tratamento absolutamente igual, mas que terão tratamento diferenciado na medida das suas diferenças. I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Este inciso impõe uma igualação entre homens e mulheres, mas trata-se de uma igualdade relativa, não absoluta porque será nos termos da Constituição, o que implica dizer que a Consti- tuição, e somente ela, poderá impor tratamento diferenciado entre os dois sexos. E, efetivamente faz isso, por exemplo, quando se refere ao período de licença maternidade e paternidade. II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Trata-se do Princípio da Legalidade, segundo o qual apenas uma lei regularmente votada pelo Poder Legislativo e sancionada pelo Poder Executivo, é capaz de criar a alguma pessoa obrigação de fazer ou não fazer alguma coisa. Decretos, portarias, instruções, resoluções, nada disso pode criar uma obrigação a alguém se não estiver fundamentada numa lei onde tal obrigação seja prevista. Há grandes diferenças entre o princípio da legalidade e o princípio a reserva legal. III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; Este inciso protege a dignidade da pessoa contra atos que poderiam atentar contra ela. Tratamento desumano é aquele que se tem por contrário à condição de pessoa humana. Trata- mento degradante é aquele que, aplicado, diminui a condição de pessoa humana e sua dignidade. AULA 05 – DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 5 A liberdade de manifestação do pensamento é o direito que a pessoa tem de exprimir, por qualquer forma e meio, o que pensa a respeito de qualquer coisa. Em outras palavras, é o direito de uma pessoa dizer o que quer, de quem quiser, da maneira como quiser, no local em que quiser. V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; No inciso IV falava-se no direito daquela pessoa que quer manifestar seu pensamento sobre qualquer coisa. Neste inciso cuida-se de proteger a pessoa eventualmente atingida por aquela manifestação, a qual saberá contra quem agir graças à proteção de anonimato. VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias; Este inciso trata de três direitos: o de ter liberdade de consciência e de crença (que não são a mesma coisa), o de ter livre o exercício do culto religioso pelo qual tenha optado, e o de ter os locais onde esses cultos são realizados protegidos contra agressões de quem quer que seja. A liberdade de consciência é mais ampla do que a liberdade de crença. VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de intervenção coletiva; Pessoas que estiverem nessas entidades de internação coletiva civis (hospitais, presídios e asilos) e militares (quartéis) podem querer praticar seus cultos ou crenças para engrandecimento espiritual. VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; A regra geral é a de que não poderá ocorrer a privação de direitos por motivo de crença alguma. Todavia, há possibilidade de ocorrer a privação de direitos se a pessoa, baseada em uma das liberdades citadas, recusar-se a cumprir obrigação legal a todos imposta e, também, recusar- se a cumprir uma obrigação fixada como alternativa ao não querer cumprir aquela. Exemplo: todo jovem maior de 18 anos é obrigado a cumprir serviço militar; todavia poderá recu- sar-se a alistar-se alegando que o Exército usa armas e que sua religião não permite. Assim, não será obrigado a alistar-se, e também não pode ser punido por isso, mas será obrigado a prestar uma outra obrigação alternativa, fixada em lei. Se se recusar a essa prestação alternativa, será então punido com privação de direitos. IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, indepen- dentemente de censura ou licença; O Poder Público não pode controlar a produção de filmes, peças de teatro, livros, músicas, artes plásticas, textos em jornais, etc. O máximo que a Constituição permite é a classificação para efeito indicativo (art. 21, XVI). X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Exemplo: todo jovem maior de 18 anos é obrigado a cumprir serviço militar; todavia poderá recu- sar-se a alistar-se alegando que o Exército usa armas e que sua religião não permite. Assim, não será obrigado a alistar-se, e também não pode ser punido por isso, mas será obrigado a prestar uma outra obrigação alternativa, fixada em lei. Se se recusar a essa prestação alternativa, será então punido com privação de direitos. IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, indepen- dentemente de censura ou licença; O Poder Público não pode controlar a produção de filmes, peças de teatro, livros, músicas, artes plásticas, textos em jornais, etc. O máximo que a Constituição permite é a classificação para efeito indicativo (art. 21, XVI). 6 X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Pessoas com imagem pública, como políticos, ou em locais públicos, como estádios de futebol ou ruas, se filmadas ou fotografadas,não individualmente, mas como parte de um todo, não podem pedir indenização, porque, por estarem em local público, estão renunciando à preser- vação de sua imagem. XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Uma casa pode ser penetrada a qualquer momento, durante o dia ou à noite, para prestação de socorro, em caso de desastre e em flagrante delito. Vale lembrar que qualquer pessoa pode prender quem se encontre numa situação de flagrante delito. A Constituição comporta uma hipó- tese de quebra da inviolabilidade: possibilidade de busca e apreensão em domicílio no caso de estado de sítio. XII – é inviolável o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; AULA 06 – DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO A única forma de sigilo que poderá ser quebrado é o da comunicação telefônica, mas em hipó- teses muito específicas: ordem judicial com fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Todos os quatro sigilos podem ser quebrados em estado de defesa e estado de sítio. XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações pro- fissionais que a lei estabelecer; Se não houver lei dispondo sobre a profissão, qualquer um poderá exerce-la (artesão, mar- ceneiro, detetive). Ao contrário, se houver lei estabelecendo a profissão, somente aquele que aten- der o que a lei exige poderá exercer o trabalho (advogado, médico, engenheiro). XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando ne- cessário ao exercício profissional; A liberdade de informação abrange o direito de informar, de se informar e de ser informado. A Constituição Federal não protege as informações levianas, pois as liberdades públicas não po- dem prestar-se a tutela de condutas ilícitas. XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; O direito de locomoção só será restrito nos casos de guerra ou estado de sítio. Não poderá haver obstáculos à locomoção de brasileiros ou estrangeiros, apenas regula-se passaporte, regis- tro, tributo e coisas do gênero. XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, indepen- dentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; Trata-se aqui do direito de reunião (cuja principal característica é ser eventual e temporária) e que se define como um direito de ação coletiva que envolve a adesão consciente de duas ou mais pessoas com a finalidade de realização de um objetivo comum. Desde que pacífica e sem armas, depende apenas de aviso prévio à autoridade competente (não é um requerimento ou pe- dido, mas uma simples comunicação). Haverá direito ao direito de reunião na hipótese de decretação do estado de defesa e sus- pensão no caso de decretação do estado de sítio. XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; Associação é diferente de reunião por ter um caráter de permanência e objetivos definidos, 7 em torno dos quais se associam pessoas que os buscam. Essa associação pode ter inúmeras características (empresarial, cultural, filantrópica, política, sindical). O caráter paramilitar é verificado quando a associação destina-se ao treinamento do uso de material bélico. XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; Decorrem da plena liberdade de associação do inciso XVII. As associações aqui referidas devem ser entendidas em sentido amplo, incluindo os partidos políticos e as associações sindicais, as quais devem ser criadas na forma da lei, sem necessidade de autorização do poder público, nem possibilidade de interferência deste em seu funcionamento, considerando que a interferência arbitrária do poder público no exercício desse direito pode acarretar responsabilidade penal, polí- tico-administrativa e civil. XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades sus- pensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; Trata-se da dissolução compulsória, isto é, quando tiver que ser dissolvida contra a vontade de seus sócios. Será necessária uma decisão judicial, o que importa dizer que ordens administra- tivas ou policiais sobre o assunto são inconstitucionais. XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; Esse dispositivo se aplica, além das associações, às entidades sindicais. AULA 07 – DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial e extrajudicialmente; Não há necessidade de autorização específica para a associação atuar em nome de seus associados, bastando a estatutária. O mesmo não ocorre, por exemplo, em relação às organiza- ções sindicais também habilitadas a defender interesses dos seus sindicalizados judicial e extra- judicialmente. XXII – é assegurado o direito de propriedade; Este dispositivo assegura toda e qualquer propriedade, desde a imobiliária até a intelectual e de marcas. O direito de propriedade é garantia individual e relativa, haja vista que poderá a pessoa ser privada de sua propriedade se houver necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social. XXIII – a propriedade atenderá a sua função social; Função social da propriedade é um conceito que dá a esta um atributo coletivo, não apenas individual. A propriedade consiste tanto na rural quanto na urbana. XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; Desapropriação é uma forma de aquisição de bens pelo Poder Público. Em outras palavras, é um instrumento de que se vale o Estado para retirar a propriedade de um particular e incorporar ao patrimônio público, indenizando o ex-proprietário. A indenização deve ser justa e prévia, salvo duas exceções: indenizações feitas em títulos; desapropriação para efeitos de confisco. • Função social: • Da propriedade urbana (art. 182, §2º) quem estabelece os requisitos relativos ao cumprimento da função social é o Plano Diretor do Município. O plano diretor é obrigatório para os Municípios com mais de 20.000 habitantes (art. 182, §1º). 8 • Da propriedade rural (art. 186): apesar de a CRFB estabelecer quais são os requisitos, é necessária uma lei regulamentadora. • Desapropriação; • Requisição. XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano; Trata-se da requisição administrativa, pelo qual o proprietário particular do bem não perde a propriedade, mas terá que tolerar a ocupação ou o uso dela durante um certo período de tempo, para que o Poder Público enfrente uma situação de iminente perigo público, como uma enchente ou guerra. Finda a ocupação, o Estado desocupará o bem do particular e ficará obrigado a indeni- zar, se a ocupação ocasionou algum dano. XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis- pondo a lei sobre os meiosde financiar o desenvolvimento; É exceção à regra da penhorabilidade dos bens dados em garantia de financeiros. Para isso, o constituinte fixou que a pequena propriedade rural não é penhorável, desde que pre- encha os requisitos para tanto. XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; O direito autoral é uma das formas de propriedade garantida pela Constituição. O resultado material da exploração da obra do autor é auferido por ele vitaliciamente. XXVIII – são assegurados, nos termos da lei: a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas; Obras coletivas quer dizer uma peça de teatro, um filme, uma novela, uma atividade desportiva coletiva etc. XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País; Como o progresso tecnológico depende de se conhecer determinados inventos e, partindo deles, obter-se inventos melhores, o constituinte resolveu impor uma proteção apenas temporária, para que o inventor, através do recebimento de royalties, seja remunerado pelo seu talento e ati- vidade intelectual empregados na invenção. Depois desse prazo o invento cai no domínio comum, para acesso de qualquer pessoa. O mesmo não acontece com as criações industriais, as marcas, os nomes de empresas e seus símbolos, que são propriedades perenes de seus detentores. XXX – é garantido o direito de herança; Herança é o patrimônio do falecido, o conjunto de seus direitos e deveres. Com a morte do titular, este conjunto se transfere, no momento exato do falecimento, aos herdeiros legítimos (su- cessão legítima) e testamentários (sucessão testamentária). XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pes- soal do de cujus; Um imóvel de brasileiros, situado no Brasil, terá sempre a sua sucessão regulada pela lei brasileira. Um bem de estrangeiro, contudo, situado no Brasil, abre aos cônjuges e filhos, o direito de escolher entre a lei brasileira e a lei do País de origem do falecido. 9 AULA 08 – DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; A lei consiste no Código de Defesa do Consumidor. É um exemplo do princípio da isonomia, pois para atingir o tratamento igualitário entre fornecedores de produtos ou prestadores de serviços e consumidores, o legislador infraconstitucional deu mais proteção aos hipossuficientes, no caso, os consumidores. XXXIII – todos têm direito de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili- dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; O que a Constituição quer garantir é a publicidade dos atos de governo, impedindo uma administração sigilosa ou secreta. As ações adequadas para exigir referidas informações são ha- beas data (informação pessoal) e mandado de segurança (informações de interesse coletivo ou geral). XXXIV – são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimentos de situações de interesse pessoal; Toda e qualquer pessoa, inclusive estrangeiro, pode requerer informações para defender seus direitos, ou obter certidões em repartições públicas. Este pedido caracteriza-se pela informa- lidade. Quando o direito de petição for lesado, será cabível o mandado de segurança para a sua obtenção judicial. XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; Trata do Princípio do acesso ao Judiciário a todos. É inconstitucional qualquer obstáculo entre a pessoa cujo direito esteja lesado e o Poder Judiciário, único competente para resolver definitivamente qualquer assunto que envolva direito. XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção; Juízo ou tribunal de exceção são os não previstos na Constituição. O Poder Judiciário não admite novidade na sua estrutura. Complementa o princípio do juiz natural (inciso LIII). XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; Trata-se do Princípio da Anterioridade da Lei Penal, também chamado de princípio da lega- lidade. Exige-se a existência de lei anterior e a pena deve vir especificada, determinada e delimi- tada em quantidade e qualidade. XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; Consiste no Princípio da Retroatividade da lei mais benigna, segundo o qual a lei penal retroagirá para beneficiar o réu. Enquanto isso, a lei mais gravosa não retroage. É conveniente frisar que esse princípio vale apenas para a lei penal. XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais; O que se pretende neste inciso é que a lei venha a estabelecer punições para toda e qual- quer conduta com fundamento discriminatório, quer cometida por particular, quer pelo Estado. O dispositivo é, na verdade, um reforço da garantia da igualdade perante a lei. XLII – a prática de racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de 10 reclusão, nos termos da lei; XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis, insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; Constituem os crimes inafiançáveis. Graça e anistia são dois benefícios que podem ser dados à pessoa presa ou condenada a prisão. A graça considera as condições pessoais do preso, como bom comportamento, e a anistia parte de um pressuposto objetivo, como um determinado limite de pena. Graça: forma de clemência do poder executivo favorecendo um condenado por crime comum ou por contravenção extinguindo ou diminuindo-lhe a pena imposta. Anistia: Perdão concedido mediante lei, aplicáveis a crimes coletivos, em geral políticos. Indulto: abrange sempre um grupo de sentenciados e normalmente inclui os beneficiários, tendo em vista a duração das penas que lhe foram aplicadas, embora se exijam certos requisitos subje- tivos (primariedade, etc.) e objetivos(cumprimento de parte da pena, exclusão dos autores da prá- tica de algumas espécies de crimes, etc.) (Mirabete, p. 367) XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático; Consiste no golpe de Estado. Por ser imprescritível, os golpistas poderão ser punidos no futuro, mesmo que tenham êxito e derrubem o governo. XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser,nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; Trata-se do princípio da personalização da pena, que só poderá ser cumprida pelo próprio criminoso. XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição de liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição de direitos. Trata-se de um rol exemplificativo pois podem haver outras penas, desde que não sejam as do inciso seguinte. XLVII – não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis. XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; É uma espécie de desdobramento do princípio da individualização da pena, pelo qual o preso deverá ter regime carcerário diferente em razão do sexo e idade, e também do tipo de crime cometido. XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral; O preso conversa todos os seus direitos não atingidos pela perda da liberdade. Assim, o fato de estar preso não autoriza um tratamento violento, depravado ou desumano. Jurisprudência: Súmula Vinculante 11: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, 11 justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”. AULA 09 – DIREITO INDIVIDUAL E COLETIVO L – às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação; O direito assegurado é o de permanência do lactante no presídio dia e noite junto da mãe, morando com ela. O período de amamentação é incerto, depende da provisão de lei da mãe e da dispositivo da criança. LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- gas afins, na forma da lei; Extradição é a transferência de uma pessoa de um país para outro, a pedido deste, para que nele seja processada e punida por algum crime. É um ato de soberania do Estado, que a defere se quiser, e depende da existência de tratados de extradição ou compromissos de recipro- cidade. LII – não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião; Nestes casos, o estrangeiro será protegido pelo asilo político. LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; Eis o princípio do Juiz Natural: as autoridades judiciárias que funcionam num processo pre- cisam ser aquelas com competência para isso. LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Trata-se do Princípio do Devido Processo Legal: determina que as características e peculi- aridades de cada tipo de processo judicial sejam religiosamente respeitadas. LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegu- rados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; Contraditório é o poder que tem cada parte de resistir ao que pretende a outra parte. Ampla defesa é a garantia constitucional que a parte tem de usar de todos os meios legais de fazer prova para tentar provar a sua inocência ou para defender as suas alegações. LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos; São provas ilegais as ilícitas, as que infringem as normas do direito material e as ilegítimas que desrespeitam o direito processual. LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenató- ria; Consiste no Princípio da Presunção de Inocência. Trânsito em julgado é a expressão jurí- dica que indica uma decisão judicial irreformável, não mais passível de recursos, consolidada. Desse princípio advém o princípio do “in dúbio pro reo”, segundo o qual, havendo dúvida na interceptação da lei ou na indicação do fato, será adotada aquela que for mais favorável ao réu. LVIII – o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo as hipóteses previstas em lei; As exceções, isto é, os casos em que poderá ser exigida a dupla identificação, civil e crimi- nal, deverão ser criados por lei. Desse modo, a Lei nº 12.037/2009 trata da identificação criminal do civilmente identificado. O objetivo é evitar o constrangimento do investigado. LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; Trata-se da Ação Penal Privada subsidiária da Pública. A ação penal pública é exclusiva do Ministério Público, porém, na falta de interposição por este, no prazo de 6 meses, e para que o crime não fique impune, o ofendido ou seu representante legal poderá ofertar a ação privada. 12 LX – a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem; Em regra, todo ato é público, proibindo-se as sessões secretas, salvo quando justificável, com o chamado segredo de justiça, sendo interesse apenas das partes e de seus advogados. LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei; Não sendo militar, não estando em flagrante ou não tendo a fundamenta-la uma ordem de autoridade e judicial escrita e fundamentada, a prisão estará inconstitucional e ilegal. LXII – a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; São obrigatórias duas comunicações a partir da prisão: Uma, ao juiz competente, o qual vai justamente avaliar a legalidade da prisão, considerando o que consta no inciso anterior. Outra, ou à pessoa que o preso indicar, e que poderá ser o seu advogado, ou a alguém da família, se for possível identificá-la. LXIII – o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; Qualquer preso, em qualquer situação, pode reservar-se o direito de somente falar em juízo, negando-se a responder a todas as perguntas da autoridade policial. Não prevalece mais a antiga ideia de que “quem cala consente”. LXIV – o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; O dispositivo tem finalidade nitidamente constitucional. Sabendo que o preso tem direito de identificá-lo, o policial que realizar a prisão ou o interrogatório do preso saberá usar apenas a força necessária para um e outro ato, não podendo cometer excessos, pelos quais poderá vir a ser processado por abuso de autoridade. LXV – a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária; Prisão ilegal é aquela que não obedece aos parâmetros legais. Tal prisão, por mais que se tenha certeza de que o preso é o culpado, deverá ser relaxada (liberação do preso) por ordem de autoridade judiciária. LXVI – ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; Há crimes afiançáveis, pelos quais se possibilita ao preso pagar uma quantia arbitrada por autoridade policial ou judicial, e a partir desse pagamento, obter liberdade provisória. E há crimes levíssimos, cujos autores, mesmo presos em flagrante, deverão ser libertados provisoriamente sem precisar pagar fiança, chamados crimes cuja prisão opreso livra-se solto. LXVII – não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e do depositário infiel; A natureza da prisão civil é coercitiva, ou seja, a pessoa é presa para ser forçada a fazer alguma coisa. A regra é a de não haver prisão civil por dívida, salvo as exceções acima. Deposi- tário infiel é quem recebe um bem para guardar em depósito e na hora de devolver esse bem, não mais o tem, sem justificativa. AULA 10 – REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS Súmula Vinculante 25: “É ilícita a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a mo- dalidade do depósito”. LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; 13 O habeas corpus pode ser usado contra ato de qualquer pessoa, tanto autoridade pública como pessoa privada. Pode ser impetrado também por qualquer pessoa. Essa ação pode ser pre- ventiva ou repressiva. AULA 11 – REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS LXIX – conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder público; Direito líquido e certo é todo aquele cuja titularidade possa ser inequivocadamente demons- trada por quem o pretende (certo), que esteja delimitado em sua extensão, ou seja, que se tenha exatamente dimensionado o alcance do direito preterido (líquido). AULA 12 – REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS LXX – o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funciona- mento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; No mandado de segurança coletivo o impetrante não é o dono do direito líquido e certo. Detentor de tal direito pode ser qualquer grupo de pessoas. LXXI – conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacio- nalidade, à soberania e à cidadania; O mandado de injunção é, talvez, a ação mandamental que menos utilidade tem tido para os seus autores. AULA 13 – REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS LXXII – conceder-se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público; b) para retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou admi- nistrativo; O habeas data é ação adequada para que o impetrante tenha acesso a informações a seu respeito, constantes de bancos de dados oficiais ou públicos, e se quiser, através da mesma ação, fazer a retificação de dados encontrados de modo a ajusta-los à realidade e à verdade. AULA 14 – REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS LXXIII – qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; O objetivo da ação popular não é outro senão o de anular um ato lesivo a bem constitucio- nalmente protegido, sendo estes apenas o patrimônio histórico e cultural, o patrimônio público, o meio ambiente e a moralidade pública, esta última um conceito muito amplo que dá extraordinário alcance à ação popular. 14 Pode propor essa ação somente o “cidadão”, o que implica dizer que não é qualquer brasi- leiro que pode fazê-lo, mas apenas aquele detentor de direitos políticos, de capacidade eleitoral ativa, ou, ainda, de poder de voto. LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên- cia de recursos; A assistência jurídica integral e gratuita é prestada pela Defensoria Pública, prevista no art. 134, cuja finalidade é propor e tocar as ações judiciais de interesse de pessoas que tenham insu- ficiência de recursos. Jurisprudência: Rcl. 1.905, 20/09/09; “Ao contrário do que ocorre relativamente às pessoas naturais, não basta a pessoa jurídica asseverar a insuficiência de recursos, devendo comprovar, isto sim, o fato de se encontrar em situação inviabilizadora das assunção do ônus decorrentes do ingresso em juízo”. LXXV – o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; Ocorrendo qualquer dos dois casos o prejudicado entrará com uma ação cível de reparação de danos morais, materiais e à imagem contra o Poder Público. LXXVI – são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito; Reconhecidamente pobre é aquele que não tem renda suficiente sequer para prover a pró- pria subsistência. LXXVII – são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. São, portanto, ações gratuitas, sem ônus de custas judiciais. Por atos necessários ao exer- cício da cidadania entenda-se a confecção de título de eleitor, carteira de trabalho e carteira de identidade e o ato de votar. LXXVIII – a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 115, de 2022) § 1° As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. § 2° Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do re- gime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Fede- rativa do Brasil seja parte. § 3° Os tratados e Convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. § 4° O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha mani- festado adesão. Os direitos fundamentais devem ser imediatamente aplicáveis aos seus beneficiários, não se podendo alegar que dependem de lei que venha a regulamentá-los. Existem direitos expressos na própria constituição que dependem de regulamentação infra- constitucional ulterior, ou seja, consta no texto da norma constitucional normas de eficácia limitada, entretanto, mesmo essas normas possuem o mínimo de aplicabilidade quando limitam o legislador e o aplicador do direito, impedindo- os de negar o direito, além de conceder legitimidade às pes- soas de exigir o direito previsto, inclusive através do mandado de injunção. A Emenda Constitucional n° 45/2004 equipara os tratados e convenções internacionais so- bre direitos humanos a emendas constitucionais. Para terem este status, esses tratados e conven- ções, assim como as emendas, deverão ser aprovados em dois turnos, por três quintos dos votos de deputados e senadores. 15 Entendimento do STF: AULA 15 – DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: Arts. 37 ao 41, CF 1) Conceito Administração pública é, do ponto de vista objetivo, a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve para a consecução dos interesses coletivos, e, do ponto de vista subjetivo, o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função administrativa do Estado. 2) Princípios constitucionais da AdministraçãoPública (art. 37) A) princípio da legalidade Previsto no art. 5°, II, da CF, o princípio da legalidade se aplica de forma especial e mais rigorosa em relação à Administração Pública, já que o administrador público somente poderá fazer aquilo que for expressamente permitido por lei (lato sensu), enquanto que na esfera de atuação do par- ticular, em regra é permitido fazer tudo que a lei não proíba expressamente. B) princípio da impessoalidade O administrador público, exatamente por administrar o que não é seu, mas de todos, deve fazê-lo de forma impessoal, sem atingir, com seus atos, ninguém especialmente, em detrimento de outro, mas sim agir de forma genérica, em prol do “bem comum”, isto porque os atos do administrador são praticados em nome do Estado. C) princípio da moralidade O princípio da moralidade administrativa está ligado à idéia de probidade, ética, honestidade e retidão do administrador público, de respeito às normas e princípios jurídicos que condenam a 16 atuação imoral ou amoral, que contrariam não só o senso comum de justiça e legalidade, presente da sociedade, mas também o decorrente da lei. A conduta do administrador público em desrespeito ao princípio da moralidade administrativa en- quadra-se nos denominados atos de improbidade, previstos no art. 37, § 4° da CF. D) princípio da publicidade Os atos praticados pela administração pública devem ser postos ao conhecimento de todos, atra- vés do ato de publicação, seja no Diário Oficial, ou mesmo na afixação em locais próprios para conhecimento de todos, para que adquiram validade, sendo passíveis de nulidade os atos pratica- dos de forma sigilosa, salvo nos casos excepcionais previstos em lei, quando o interesse público assim o exigir. E) princípio da eficiência Incorporado ao ordenamento jurídico constitucional brasileiro, por meio da Emenda Constitucional n° 19/98, o princípio da eficiência diz respeito à necessidade de a administração pública orientar- se para alcançar os melhores resultados possíveis ao interesse público. Assim, o princípio da efi- ciência impõe ao agente público um modo de atuar que produza resultados favoráveis à consecu- ção dos fins que cabe ao Estado alcançar. Na visão de Alexandre de Moraes, o princípio da eficiência compõe-se das seguintes caracterís- ticas básicas: a) direcionamento da atividade e dos serviços públicos è efetividade do bem comum, b) imparcialidade, c) neutralidade, d) transparência, e) participação e aproximação dos serviços públicos da população, f) eficácia, g) desburocratização e h) busca da qualidade. AULA 16 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 3) Preceitos de observância obrigatória a Administração Pública da União, Estados, Distrito Federal e Municípios A administração pública, direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além da observância dos princípios constitucionais acima estudados, obedecerá aos preceitos constantes do art. 37 da CF, estudados em seguida. 4) Concurso público Conforme inovação da EC n° 19/98, os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis não só aos brasileiros natos e naturalizados (portugueses equiparados) mas também aos estrangeiros, na forma da lei. A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. Por fim, ressalte-se os seguintes preceitos aplicados aos servidores públicos: a) a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão, através de concurso público; b) a lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- tração direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas; 17 c) a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competên- cia e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei; 5) Direitos sociais dos servidores públicos civis (livre associação sindical e greve) Em relação ao direito de greve dos servidores públicos, a jurisprudência firmou-se no sentido de não ser auto-aplicável, principalmente nos chamados serviços essenciais, dependendo de regula- mentação disciplinada em lei. Dessa forma é legítimo o desconto dos dias parados do servidor grevista. Os direitos sociais aplicados aos servidores públicos, são os previstos no art. 7°, IV, VII a IX, XII, XIII, XV a XX, XXII e XXX, tendo a EC n° 19/98 suprimido os direitos previstos nos incisos VI e XXIII do art. 7° (o primeiro está, contudo, assegurado no inciso XV do art. 37) AULA 17 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 6) Cumulação de vencimentos no setor público A regra constitucional (art. 37, XVI) é a vedação de qualquer hipótese de acumulação remunerada de cargos públicos, exceto quando houver compatibilidade de horários: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro, técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamen- tadas; (cf. EC n° 34/98) A proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em- presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, di- reta ou indiretamente, pelo poder público. (é de observância obrigatória por Estados, DF e Muni- cípios). 7) Publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos Órgãos Públicos A regra do § 1° do art. 37, veda que o dinheiro público seja usado em campanhas de promoção da imagem pessoal dos governantes, seja por meio da menção de nomes, seja por meio de sím- bolos ou imagens que possam estabelecer alguma conexão com a figura pessoal dos administra- dores. 8) Improbidade administrativa O Art. 37, § 4°, da CF determina as sanções decorrentes da prática de atos de improbidade admi- nistrativa, que são: a) a suspensão dos direitos políticos; b) a perda da função pública; c) a indis- ponibilidade dos bens; e d) o ressarcimento ao erário sem prejuízo da ação penal cabível. A Cons- tituição prevê que a forma e a gradação das sanções decorrentes de ato de improbidade serão previstas em Lei. Nesse sentido foi editada a Lei n° 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa). 9) Responsabilidade civil objetiva do Poder Público A CF prevê, no art. 37, § 6°, que as pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviço públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. É a consagração da teoria do risco administrativo ou da responsabilidade objetiva do Estado, pela Carta Magna de 1988, que exige os seguintes requisitos para se configurar: 18 a) ocorrência do dano; b) ação ou omissão administrativa; c) existência de nexo causal entre o dano e a ação ou omissão administrativa; e d) ausência de causa excludente da responsabilidade estatal (caso fortuito, força maior e culpa exclusiva da vítima). AULA 18 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 10) Servidor público e mandato eletivo A Constituição prevê, em seu art. 38, regras especiais de tratamento ao servidor público da administração direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo: • tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; • investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, podendo optar por sua remuneração anterior; • investido no mandato de vereador: a) se houver compatibilidade de horário: acumula as duas remunerações;b) não havendo compatibilidade de horário, deve escolher uma das duas remunerações; • em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por mereci- mento; • para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão determi- nados como se no exercício estivesse. 11) Sistema remuneratório do servidor público A EC n° 19/98 alterou a redação do art. 39 da CF, extinguindo a obrigatoriedade de adoção de um regime jurídico único para os servidores públicos, por parte dos entes federativos, substi- tuindo-o pela obrigatoriedade da União, Estados, DF e municípios instituírem um conselho de po- lítica de administração e remuneração de pessoal, integrado por servidores designados pelos res- pectivos poderes, que deverá observar, além do princípio da isonomia: a) a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira; b) os requisitos para investidura; e c) as peculiaridades do cargo. A EC n° 19/98 criou ainda a figura do subsídio, que é a nova forma de remuneração con- sistente em uma parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, sendo tal preceito obrigatório para os membros de Poder, detentores de mandato eletivo, Ministros de Estado e Secretários Estaduais e Municipais, e facultativo, para os servidores públicos organizados em carreira Em matéria de subsídio, a CF prevê duas regras de observância obrigatória, previstas nos incisos X e XI do art. 37: • a remuneração dos servidores públicos e o subsídio somente poderão ser fixados ou alte- rados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; • a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal; (teto salarial) (Esta regra aplica-se às empresas públicas e às sociedades 19 de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de cus- teio em geral.) Quanto ao sistema constitucional de remuneração do servidor público, são aplicáveis, ainda, os seguintes preceitos: • os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Executivo; (isonomia de vencimentos) • é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público; • os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público não serão computados nem acu- mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; • o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; 12) Estabilidade do servidor público civil Os novos requisitos para a aquisição da estabilidade pelo servidor público, após a EC n° 19/98 são os seguintes: • nomeação para o cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público; • efetivo exercício por três anos (estágio probatório); • avaliação especial e obrigatória de desempenho por comissão instituída para essa finali- dade. Em regra, os servidores estáveis somente poderão perder o cargo: A) em virtude de sentença judicial transitada em julgado; B) mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa; C) mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei complementar, em que lhe seja assegurada ampla defesa. Além dessas hipóteses, a EC n° 19/98 acrescentou a excepcional hipótese de perda do cargo do servidor estável na forma do art. 169, como forma de equilíbrio das contas públicas, após as tentativas de redução dos gastos públicos, de que trata a Lei Complementar n° 101/00 (Lei de Responsabilidade Fiscal). Ressaltamos que a estabilidade é exclusiva do servidor estatutário, de modo que os empre- gados públicos das sociedades de economia mista e empresas públicas, mesmo enquadrados na Administração Indireta brasileira, não possuem estabilidade, mas tão somente a efetividade no emprego, oriundo da aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos. Esclarecemos, portanto, que mesmo que aprovados em concurso, tais empregados não terão qualquer direito de estabilidade. Porém, em contrapartida, terão todos os direitos constantes na CLT, inclusive o FGTS. 13) Aposentadoria Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio finan- ceiro e atuarial. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) 20 I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em que estiver investido, quando insus- cetível de readaptação, hipótese em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para verificação da continuidade das condições que ensejaram a concessão da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015) III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Constituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados para concessão de benefícios em regime próprio de previdência social, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Reda- ção dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência, previa- mente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multiprofissional e interdisci- plinar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempode contribuição diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente peni- tenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação. (In- cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima reduzida em 5 (cinco) anos em rela- ção às idades decorrentes da aplicação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) AULA 19 – ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 13. CARGO, EMPREGO OU FUNÇÃO PÚBLICA Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura organizacio- nal que devem ser cometidas a um servidor (funções específicas). Ele existentes no Brasil. O cargo público terá de ser criado, extinto ou modificado por lei. 21 No dizer de Celso Antônio, cargo é “a denominação dada a mais simples unidade de poderes e deveres estatais a serem expressos por um agente.” Outro fator fundamental são as várias classificações que possui o cargo público, podendo ser: 1) Vitalício 2) Efetivos e 3) Em comissão Emprego público: diz respeito à possibilidade do exercício da função pública por contrato de trabalho regido pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), ou seja, ocupa emprego público quem por meio de contratação, sob regência da CLT, exerce a função pública. Difere-se o empego público, portanto, do cargo público pelo fato de ter o primeiro vínculo contratual regulamentado pela CLT e o segundo ter um vínculo estatutário regido pelo Estatuto dos Funcio- nários Públicos. Função Pública: É a competência, atribuição ou encargo para o exercício de determinada função. Importante saber que essa função não é livre, devendo, portanto, estar o seu exercício sujeito ao interesse público da coletividade ou da Administração. Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, função “é o conjunto de atribuições às quais não corres- ponde um cargo ou emprego”. Cargo efetivo: são cargos definitivos que depende de prévia aprovação em concurso público de provas ou provas e títulos. Cargo em comissão: são cargos temporários que não necessitam de concurso público, podem ser providos por qualquer pessoa, independente de prévio vínculo do sujeito com a administração. São cargos de livre nomeação e exoneração, também conhecidos por “ad nutum”. Cargo de carreira: são cargos efetivos (permanente) que possuem estrutura vertical, dando aos seus ocupantes possibilidades de promoção. Cargo isolado: são cargos únicos que não permitem aos seus ocupantes nenhum tipo de promo- ção ou progressão funcional. O seu ocupante permanece sempre na mesma situação inicial. Qual a diferença de cargo em comissão para função de confiança? Em verdade, esses cargos possuem vários semelhanças e poucas diferenças. Semelhanças: 1º Possuem previsão constitucional (art 37, inc V, da CF/88); 2º São “ad nutum”, ou seja, de livre nomeação e livre exoneração; 3º São para desemprenho de funções de chefia, direção e assessoramento; 4º Submetem-se a regime integral de dedicação exclusiva ao serviço Diferenças: 1º O cargo em comissão poderá ser ocupado por qualquer pessoa, mesmo que esta pessoa não possua vínculo com a Administração Pública, no que diz respeito à função de confiança, esta somente poderá ser ocupada por servidor com cargo efetivo. 22 2º Normalmente, as funções de confiança são relacionadas com afazeres comuns do dia-a-dia de atribuições relevantes, mas não tão importantes, já os cargos em comissão são destinados a car- gos de alta relevância e importância. AULA 20 – SEGURANÇA PÚBLICA SEGURANÇA PÚBLICA (Art. 144, CF) A Segurança Pública está prevista em capítulo próprio na CF/88, determinando os órgãos respon- sáveis e suas competências, tanto em âmbito federal quanto estadual. 1) Órgãos da Segurança Pública Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I - polícia federal; II - polícia rodoviária federal; III - polícia ferroviária federal; IV - polícias civis; V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. 2) Competências da Polícia Federal § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se a:" (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descami- nho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de com- petência; III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 3) Competências da Polícia Rodoviária Federal § 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. (Re- dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 4) Competências da Polícia Ferroviária Federal § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. (Re- dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) AULA 21 – SEGURANÇA PÚBLICA 5) Competências da Polícia Civil http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm 23 § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a com- petência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares. 6) Competências da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Fe- deral e dos Territórios. 7) GuardaMunicipal § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. 8) Disposições Finais § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do art. 39. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 9) Segurança Viária O conceito segurança viária é utilizado para referir ao conjunto de medidas, disposições e normas existentes em relação à circulação de pessoas e automóveis pelas ruas e rodovias, com o objetivo de prevenir acidentes de trânsito aos sujeitos envolvidos. Todas as pessoas, especialmente, as que vivem nas grandes cidades, convivem com o trânsito principalmente nos horários de pico, com a enorme circulação de pessoas e automóveis que se deslocam de suas casas para o trabalho, escola, entre outros lugares. O trânsito é intenso e além do mais muito perigoso porque todos querem circular, chegar rápido ao destino, assim, esse ím- peto causa tremendos acidentes que custam a vida de pedestres e motoristas. A segurança viária, implantada e regulamentada pelo estado, propõe o combate deste problema através da implementação de leis que tem a função de organizar o trânsito e sua circulação pro- movendo leis que punam aqueles que a descumpram. § 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades pre- vistas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 82, de 2014) 10) Polícia Penal - um órgão de segurança pública, - federal, estadual ou distrital, - vinculado ao órgão que administra o sistema penal da União ou do Estado/DF - sendo responsável pela segurança dos estabelecimentos penais. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc82.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc82.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc82.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc82.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc82.htm