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Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 1
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Infecções do Casco e Pele em 
Animais de Produção
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👣 Introdução
Infecções podais de ovinos e caprinos 
As doenças de casco são extremamente relevantes para as outras espécies, 
porém em bovinos e equinos geralmente são decorrentes de fatores de 
nutrição, não de problemas infecciosos
Além de, pela falta do casqueamento em si e o cuidado com animal, pode 
surgir uma infecção de casco futura
A infecção nesses casos vem posteriormente à falta de manejo adequado, se 
instalando secundariamente, ao corrigir o fator primário (manejo ou nutrição) 
temos a resolução da enfermidade
Porém, em casos de ovinos e caprinos, há um processo infeccioso primário 
bem presente que deve ser tratado e controlado
Ou seja, se não tratarmos o problema primário, não há resolução da 
doença
Denominação:
Pododermatite
Podridão dos cascos
Foot rot, Foot scald
Perda do tecido podal, em alguns casos comprometendo a parte óssea
April 29, 2024 928 AM
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 2
Animais com problemas de casco não fazem monta, a produção cai, ficam 
apáticos…
👣 Foot-Rot
Afeta ovinos e caprinos
Doença crônica necrozante do epitélio interdigital e matriz do casco
Tanto epitélio mole quanto epitélio queratinizado
Etiologia
Dichelobacter nodosus - agente causal, a infecção é feita por ele
Fusobacterium necrophorum - agente facilitador, interage de forma 
sinérgica com o D. nodosus
Quando ele infecta junto com o D. nodosus, há aumento do fator de 
virulência de ambos
Quando temos os 2 agentes etiológicos juntos envolvidos temos a 
apresentação clássica da doença, a mais grave
Fatores facilitadores ou predisponentes
Ambiente favorável, a bactéria gosta da umidade, tecido úmido por conta 
de que ele não mantém toda a sua resistência presente
A pele úmida é uma pele que muitas vezes tem uma solução de 
continuidade, é mais fácil para o organismo entrar
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 3
Solos argilosos, alagados
Terrenos pedregosos
Fezes, acúmulo de matéria orgânica
Urina
Importância econômica
Alto custo com tratamento
Apesar do tratamento em si (pedilúvio) não ser caro, ele deve ser feito 
durante 1 mês no mínimo
Redução na produção
Redução na fertilidade
Maior suscetibilidade a outras infecções
Mannheimia e Pasteurella = no momento que o animal tem uma queda 
na imunidade (estresse), as bactérias se multiplicam e provocam o 
problema respiratório
Fonte de infecção
A fonte sempre será o animal portador, é quem abriga o microrganismo 
Brucelose  Vaca infectada que vai parir ou abortar), já a via de 
infecção é por onde o microrganismo entra (digestória, respiratória)
Animais portadores
Um animal crônico pode estar portador e não manifestar a doença por conta da 
época do ano inadequada à proliferação da bactéria
No momento de chuva e calor, o animal portador vai ser a fonte de infecção 
pois a bactéria vai se multiplicar e o animal vai começar a transmitir a doença 
para o rebanho
Transmite ou do próprio tecido ou das fezes dele
Podemos criar ovinos e caprinos juntos?
Do ponto de vista de parasitos é um problema e do ponto de vista do Foot-
Rot também é um problema
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 4
A doença se manifesta de forma mais grave, maligna nos ovinos quando estes 
estão juntos com os caprinos
O caprino quando manifesta a doença ela é de forma branda, possuem um 
fator de resistência natural maior do que nos ovinos
Quando temos presença de caprinos, a cepa virulenta presente é mais 
forte, agressiva
Quando estão separados, os ovinos manifestam uma doença mais branda em 
comparação com quando estão juntos com os caprinos
O animal portador infecta outros ou diretamente pelo tecido ou pelas 
fezes, ciclo pastagem → organismo
Aspectos clínicos
Manqueira, claudicação
Quando tem apenas um membro infectado, apenas levanta o membro infectado
Quando acomete mais de um membro, ou ele deita ou ele pasteja de uma 
forma diferente
À medida que a dor aumenta, ele perde o apetite, ele fica abatido, apático
Postura de joelhos
Ás vezes os caprinos ajoelham normalmente, mas é temporário
Edema da pele da fenda interdigital
O Fusobacterium necrosa o tecido, então há perda de circulação do tecido, 
causando uma necrose futura
Toda vez que temos necrose de tecido, há atração de moscas → 
presença de larvas → agrave do caso clínico
Febre, anorexia
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 5
Encontrar mais de um animal com problemas de apoio e claudicação 
não indicam um problema traumático envolvendo o casco
Os animais com casos traumáticos normalmente são isolados, um ou 
outro animal vão se machucar
Na questão do tratamento, precisamos aliviar as lesões de casco e fazer uma 
limpeza adequada para termos uma resposta eficaz, não é indicado tratar em 
cima das necroses, lesões, por conta da falta de eficácia
Pedilúvio: solução antisséptica na qual o animal vai mergulhar o casco
Serve tanto para tratar quanto para prevenir
Profilaxia e tratamento
Se a infecção ocorre no período úmida da região, período de chuvas, nós 
começamos a profilaxia um pouco antes do início desse período
Pedilúvio
Formol  2L
Sulfato de zinco  500g
Sulfato de cobre  1kg
Se for ovelha, a lã da ovelha quanto mais clarinha mais ela é 
valorizada, se mancharmos ela com cobre há o decaimento do valor
Importância de fazer pedilúvio apenas no casco, não no membro
Água  20L
Nem todo pedilúvio é uma fórmula completa, como citada acima, tem 
local que faz apenas com Cal
Serve para tratar e prevenir a infecção
Podemos usar como profilaxia em épocas mais secas, utilizando a solução 2x 
para prevenção e profilaxia
Se estamos fazendo o pedilúvio apenas para profilaxia, o pedilúvio pode 
ser mais simples, não precisa seguir a fórmula completa
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 6
No tratamento nós utilizamos a mesma solução porém com uma frequência 
maior, 4x no mínimo
Se estamos tratando e já sabemos que os casos são recorrentes no 
rebanho, é melhor utilizarmos a fórmula mais completa
Além de que devemos isolar os animais infectados para tratarmos, não 
devemos deixar eles circularem na propriedade até eles completarem o 
tratamento
Para colocarmos o animal no pedilúvio nós devemos limpar corretamente os 
cascos dos animais, normalmente no período úmido os cascos ficam cheios de 
lama
Devemos fazer o “aquilúvioˮ prévio, ou seja, primeiro lavamos o casco e 
depois fazemos o pedilúvio
Os pedilúvios exigem o mergulho de APENAS os cascos, não o membro 
todo, visto que o resíduo de formol é tóxico para o animal e pode gerar 
um produto de origem animal contendo o formol (leite ou carne)
Outras opções
Cal virgem em água 40%
Formol 10%
Sulfato de cobre 10%
Hipoclorito 24%
Em ovelhas o cloro pode manchar a lã, decaindo o valor de mercado 
desse animal
Problemas no descarte do pedilúvio, o formol, cobre, hipoclorito no 
ambiente é um problema → contaminação de mananciais, solo e 
pastagens → intoxicação de animais 
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 7
Temos que tratar o casco (pedilúvio) e o animal sistemicamente também 
(antibióticos)
Profilaxia
Monitoramento dos casos
Atenção para aquisição de animais
Quarentena → inspecionar o animal afetado, monitorar, cuidar mais do 
animal, aparando o casco, limpando
Vacinação — em casos mais problemáticos
3 meses de idade
O reforço é anual
Importante ter um esquema anual que priorize que o reforço anual 
seja feito antes da estação das chuvas
A vacina sozinha não faz milagres, é um auxílio nesse caso para as boas 
práticas de manejo da espécie, é necessário fazer um casqueamento 
adequado, manejo sanitário
👣 Dermatofilose
Dermatofitose e Dermatomicose→ infecção fúngica, afeta o pelo, casco, 
chifre e a pele, qualquer local que tenha queratina
Agente etiológico
Dermatophilus congolensis
É uma bactéria Gram+ que afeta a pele, tecido subcutâneo
Possui crescimento filamentoso,precisamos de um pedaço da pele para fazer 
diagnóstico
A pele se solta, como coça, inflama, irrita, nós percebemos que a pele se 
solta muito facilmente
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 8
Não precisamos pedir cultura para dar o diagnóstico, nós apenas pedimos um 
exame indireto GRAM
Nesse caso, o Gram revela quem é a bactéria, ela parece um coco porém 
sempre se multiplica em pares 3 ou 4 em apenas uma direção
A bactéria parece um zíper fechado
Fatores relacionados com a infecção
Espécie ou raça animal
Doença relatada muito em bovino, gado de leite, espécie Taurina
No MS percebemos que a doença pode causar uma alta mortalidade em gado 
de corte
Clima 
Doença muito presente em regiões tropicais
Tipo de pastagem
Brachiaria é um fator facilitador da infecção, ela lacera a pele, tem na sua 
estrutura pelinhos mais rígidos na borda da folha, rompendo a integridade da 
pele formando uma solução de continuidade
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 9
Normalmente se inicia no rosto do animal ou dos membros
Ectoparasitos
Causam esfoliação da pele
Co-morbidades
Muitas vezes o animal que tem a diarreia de bezerros E. coli) também terá 
dermatofilose, ou seja, há confundimento do produtor
O animal terá diarreia e o produtor vai achar que a perda de pelos se deve por 
conta da E. coli, porém é decorrente da dermatofilose
Infecção e sinais
Pele — solução de continuidade
Presença de carrapatos e moscas estão relacionados à nossa realidade no MS
Surto 1
400 bezerros afetados em um rebanho de 800 bezerros
15 a 40 dias de idade (período que coincide com as diarreias)
1 morte
Presença da mosca dos chifres, Haematobia irritans
Surto 2
100 bezerros em um rebanho de 760 bezerros
5 a 60 dias de idade
10 mortes
Infestação de carrapatos
Doença conhecida como “choronaˮ ou “melaˮ
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 10
Em ovinos as lesões são principalmente nas partes baixas do membro
Nos bovinos pode ocorrer uma disseminação das lesões por toda a parte do 
corpo, não só a parte que estava em contato com a pastagem
As lesões são bastante confundidas com fotossensibilização
Lesões em pápulas, crostas que são facilmente removíveis, parecem uns 
grãozinhos de arroz
Porém em bovino de leite as lesões são em forma de pincel
A pele, quando mandada para o laboratório, deve ser refrigerada a amostra se 
não deteriora
Tratamento
Uso da quinolona não é indicado para animais muito jovens, nesse caso é 
indicado tratar com tetraciclinas
Quinolona tem um desempenho excelente, porém há essa limitação por 
conta da idade
Em animais um pouco mais velhos nós utilizamos as quinolonas
Flofenicol foi eficaz no tratamento também!
👣 Pitiose
No Pantanal temos alagamento em boa parte das estações do ano, 
mantém e vai manter o uso do cavalo como sendo elemento essencial 
como auxílio à pecuária
Agente etiológico
Pythium insidiosum
É como se fosse um fungo, é um oomiceto, fungo não verdadeiro — micélios 
ou unicelulares
O esporo do fungo se locomove com base no vento, porém nesse caso, o 
agente possui filamentos que atuam como patas, além de se 
locomoverem de forma idependente na água
É um parasita de plantas aquáticas, ele nada para encontrar uma planta
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 11
Porém, nessa tentativa de encontrar plantas aquáticas, o Pythium pode 
encontrar equídeos, cachorros tomando água ou seres humanos se 
banhando
Principalmente o cavalo pantaneiro, visto que é frequente que ele ande em 
áreas inundadas no Pantanal
No cavalo ele tem muito sucesso em causar a infecção pois o organismo 
não impede a ploriferação do agente
Epidemiologia
Presentes em locais alagados e no solo
Patógeno primário de plantas
Ou seja, causa infecção acidental em animais, visto que normalmente eles 
parasitam as plantas
Cresce bem em temperaturas acima de 30 graus
Tem destaque mundial no Pantanal brasileiro
A depender da região do Pantanal e a depender do período de chuvas, a 
presença do Pythium cresce muito
Relatado também: RN, PB, PE, SP, RS e outros estados
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 12
Assim como os fungos verdadeiros, ele tem um ciclo de reprodução assexuado 
e sexuado
É a partir do esporângio que saem os zoósporos, nadam para a região que 
querem, normalmente é uma planta
A estrutura móvel, zoósporo, que é a estrutura que é infecciosa dessa doença
Se adere na pele no cavalo, por exemplo, e entra por uma solução de 
continuidade, lesão
Em todo o ciclo do Pythium, o que nos preocupa é a produção dos zoósporos, 
visto que eles que vão adentrar no organismo dos hospedeiros
Eles penetram por lesões
Não precisa ser extensa, basta uma pequena ruptura da pele para 
acontecer a infecção
Os bovinos se infectam, porém não é tão comum quanto nos cavalos por conta 
de que eles não entram nesses ambientes alagados
Eles, além disso, têm uma resposta eosinofílica muito presente, conseguem 
cicatrizar rapidamente as lesões presentes na pele deles, diferente dos 
cavalos
Os cachorros possuem sinais clínicos bem parecidos com parvovirose
A infecção nos cães é digestória por conta de que eles vão para beber a água, 
fazendo com que os zoósporos se implementem no intestino desses animais
Doença intestinal inflamatória severa
Vômito, diarreia, emagrecimento progressivo
O ser humano pode ter infecção cutânea assim como nos cavalos, a doença é 
grave 
Sinais clínicos
Afeta as partes baixas do corpo
Lesões exacerbadas, abertas, com bordas altas, presença de edema
Nódulos granulomatosos
Normalmente não cicatrizam, são lesões muito úmidas
No processo inflamatório gera um prurido muito intenso
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 13
Se o cavalo consegue alcançar a lesão, ele morde, lacera a lesão para tentar 
coçar
Quando ocorre a cicatrização, há presença de despigmentação local
Estrutura calcificadas → típica do Pythium, é uma mistura de hifas e de 
células, produtos inflamatórios, chmadas de “kunkersˮ (apenas na forma 
crônica)
Para uma boa cicatrização, devemos fazer uma remoção cirúrgica dessas 
estruturas
Quando encontramos uma lesão fechada semelhante à um abcesso nós 
chamamos de lesões atípicas de pitiose = sem ulcereação
É uma massa necrótica e calcificada
A pitiose é sempre crônica, começa com uma pequena ferida que vai se 
desenvolvendo até manifestar os sinais clínicos da doença
Diagnóstico
Clínico e epidemiológico
Não temos dúvidas em diagnosticar pitiose principalmente no Pantanal, que é 
uma região de alta incidência
Demonstração de hifas por biópsia PAS
Testes sorológicos  ELISA
Difícil de ser encontrado
PCR
Tratamento
Cirúrgico
Antifúngicos: resposta fraca
O Pythium não é um fungo verdadeiro, possui estruturas bem diferentes em 
relação ao fungo verdadeiro
Os antifúngicos têm como alvo os esteróis de membrana, porém o Pythium não 
tem esses esteróis
Infecções do Casco e Pele em Animais de Produção 14
A parede dos fungos verdadeiros é constituída de quitina e ergosterol, o 
Pythium tem parede constituída por celulose e ausência de esteróis
Químico: anfotericina B (difícil), cetoconazol (difícil), miconazol, fluconazol 
e itraconazol
Iodedo de potássio ou sódio serve para tratar diversas doenças 
bacterianas e fúngicas
Para Pythium ela é a droga mais barata e a mais eficiente, não tem 
restrição de uso
Iodedo de potássio na dose de 10g/animal por via oral a cada 24 horas SID
Se a lesão for pequena, em até 1 semana o animal já pode apresentar melhora 
do caso
Excisão cirúrgica
Remoção da parte necrosada, utilizado em casos mais crônicos
Imunoterapia
A embrapa de Corumbá desenvolveu a vacina para pitiose
Ela é terapêutica, não é profilática, ou seja, usamos a vacina como tratamento, 
não como profilaxia

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