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GO II Hipertensão e gravidez • Epidemiologia - Primeira causa de morte materna no Brasil e segunda causa no mundo - Afeta 10% das gestantes - Complicações maternas e fetais - Medidas preventivas e tratamento precoce: diminuem a morbimortalidade materno-fetal Complicações maternas - Insuficiência renal - Acidente vascular cerebral (principal causa de morte) - Insuficiência cardíaca - Edema agudo de pulmão - Coagulopatia - Insuficiência hepática Complicações fetais - Insuficiência placentária - Prematuridade eletiva - Restrição de crescimento fetal - Sofrimento fetal crônico e agudo • Classificação • Hipertensão gestacional e pré- eclâmpsia - Aumento dos níveis pressóricos ≥ 20 semanas e que desaparece 12 semanas pós-parto • Etiopatogenia da pré-eclâmpsia Teorias relacionadas à etiologia da pré- eclâmpsia: - Deficiência de invasão trofoblástica - Fatores imunológicos - Disfunção endotelial e alterações inflamatórias - Fatores nutricionais - Estresse Deficiência de invasão trofoblástica - Placentação normal: na primeira onda de invasão trofoblástica, a placenta atinge os vasos da decídua; na segunda onda de invasão trofoblástica, a placenta atinge a camada muscular média das arteríolas espiraladas do endométrio, isso faz com que diminua a resistência vascular e aumente o fluxo placentário - Placentação deficiente: artérias espiraladas não se modificam; camada muscular média com diâmetro menor e alta resistência; redução do fluxo sanguíneo do espaço interviloso; alteração da perfusão placentária, isso leva a uma lesão endotelial, que leva a vasoespasmo, aumento da permeabilidade capilar e ativação da coagulação/o Fatores Imunológicos - Excesso de carga antigênica fetal e ausência de antígenos bloqueadores - Isso pode levar a ativação da imunidade inata e das citocinas pró- inflamatórias - Pode ocorrer aumento dos fatores antiangiogênicos (fator solúvel tipo tirosina quinase-sFLt-1 e endoglina) - E também, diminuição dos fatores angiogênicos (fator de crescimento placentário – PIGF e fator de crescimento endotelial – VEGFs) Disfunção endotelial e alterações inflamatórias - Lesão endotelial: diminui prostaglandinas vasodilatadoras (prostaciclinas – PGl2) - Ativação da coagulação: aumenta prostaglandinas vasoconstritoras (tromboxano – TXA2) - Com esses dois fatores, ocorre um aumento da relação TXA2/PGl2, que aumenta sensibilidade de infusão da angiotensina II e de endotelinas, levando a vasoconstrição Fatores genéticos e ambientais - Filhas de mãe com pré-eclâmpsia 20- 40% de chance - Baixa ingestão de cálcio - Doenças prévias associadas (obesidade, diabetes, doença renal e cardiovascular) - Estresse • Fisiopatologia da pré-eclâmpsia - Lesão endotelial > aumento da permeabilidade vascular > extravasamento do plasma materno para o meio extravascular > edema, hemoconcentração e proteinúria > aumento da viscosidade sanguínea > trombose e isquemia de órgãos • Predição da pré-eclâmpsia - Fatores de risco maternos: 1 fatores de risco alto OU 2 fatores de risco moderado - Marcadores bioquímicos (PLGF e PAPP- A): quanto menor a concentração, maior o risco de pré-eclâmpsia - Biofísicos (artéria uterina): quanto maior for o IP da artéria uterina, maior o risco de pré-eclâmpsia - Concentração de PLGF e PPAP-A + IP da artéria uterina + parâmetros maternos: no primeiro trimestre – identifica 93% das pacientes que desenvolverão pré- eclâmpsia precoce, mas com 79% de falso positivo • Prevenção da pré-eclâmpsia Todas as gestantes: - Exercícios físicos 140min/semana - Suplementação de pelo menos 500mg cálcio/dia se baixa ingesta (<600mg/dia) Gestante de alto risco para PE (1 fator de risco alto ou 2 fatores de risco moderado ou rastreamento combinado positivo): - Suspender AAS se diagnóstico de PE - Aspirina baixa dose à noite (100- 150mg) – início a partir de 12 semanas (preferencial antes de 16/20 semanas) até 36 semanas - Suplementação de cálcio (1,5 a 2g/dia com as refeições) – gestante com baixa ingesta dietética de cálcio (1˚ trim até o fim da gestação) Não reduz risco de PE: - Repouso - Restrição de sal na dieta - Vitamina C - Vitamina E - Vitamina D - Omega-3 - Ácido fólico - Enoxaparina • Diagnóstico - Aumento PA ≥ 20 semanas - Suspeitar de PE ou hipertensão gestacional - Avaliar presença de sinais/sintomas de gravidade - Diagnóstico de forma clínica da PE Hipertensão arterial na gestação - PAS ≥ 140 ou PAD ≥ 90 em duas ocasiões, com intervalo de 4 horas OU - PAS ≥ 160 ou PAD ≥110 confirmada após 15 minutos Proteinúria Proteinúria de 24h ≥ 300mg OU Relação proteína/creatinina urinária ≥ 0,3 OU Relação albumina/creatinina ≥ 8mg/mmol OU Amostra isolada de urina ≥ +1 ou 30mg/dL de proteína Exames para investigação de PE - Proteinúria 24h ou relação proteína/creatinina - Creatinina - Hemograma completo - DHL ou haptoglobina - Transaminases - Bilirrubinas - Dopplervelocimetria obstétrica Sintomas que indicam gravidade - Cefaleia - Epigastralgia - Dor em hipocôndrio direito - Oligúria - Alterações visuais - Alteração do estado mental - Convulsões • Diagnóstico de Hipertensão Gestacional - Hipertensão arterial (≥140/90mmHg) ≥ 20 semanas, que normaliza após o puerpério E - Ausência de proteinúria E - Ausência de disfunção de órgãos-alvo Classificação - Hipertensão gestacional leve: PA maior que 140/90 e menor que 160/110 mmHg - Hipertensão gestacional grave: PA ≥ 160/110 mmHg • Diagnóstico de Pré-Eclâmpsia - Hipertensão arterial (≥ 140/90 mmHg) ≥ 20 semanas E - Proteinúria OU - Lesão de órgãos-alvo materno OU - Disfunção uteroplacentária Quadro clínico clássico - Hipertensão arterial - Edema - Proteinúria Classificação - Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade: hipertensão arterial grave (PAS ≥ 160 e PAD ≥ 110) não responsiva a tratamento OU presença de sinais e sintomas de disfunção significativa de órgãos-alvo ou uteroplacentária - Pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade: hipertensão arterial leve (PA < 160/110) E ausência de sinais e sintomas de disfunção significativa de órgãos-alvo ou uteroplacentária Critérios de gravidade - PA ≥ 160/110 mmHg (crise hipertensiva ou emergência hipertensiva) - Dor torácica - Edema pulmonar - Síndrome HELLP (Plaquetopenia, Hemólise, Comprometimento hepático) - Insuficiência renal (creatinina > 1,2 mg/dL ou oligúria (<500ml/24h) - Iminência de eclampsia/eclampsia (cefaleia, escotomas, alterações visuais, fotofobia, epigastralgia, convulsões) Classificação quanto ao tempo - Pré-eclâmpsia precoce: antes das 34 semanas – alteração do doppler das artérias uterinas, restrição de crescimento fetal e pior prognóstico materno e fetal - Pré-eclâmpsia tardia: após 34 semanas – menor comprometimento fetal e melhores resultados materno-fetais • Diagnóstico de Eclâmpsia - Convulsões tônico-clônicas generalizadas na ausência de outras causas - Quadro clássico de iminência de eclampsia: cefaleia, turvação visual e epigastralgia • Diagnóstico de Síndrome HELLP - Hemólise - Aumento das enzimas hepáticas - Plaquetopenia H – Hemólise – DHL > 600 UI/L esquizócitos; bilirrubinas > 1,2 mg/dl; haptoglobina < 25 md/dl EL – Elevação das enzimas hepáticas – TGO/TGP > 70 UI/L (para PE TGO/TGP > 40) LP – Plaquetopenia - < 100.000 mm3 (para PE < 150.000) • Diagnósticos diferenciais de Síndrome HELLP - Esteatose hepática: icterícia, colúria, encefalopatia, CIVD e hipoglicemia grave - Síndrome hemolítico-urêmica: hemólise microangiopática e insuficiência renal, transaminases normais - Púrpura trombocitopênica trombótica: trombocitopenia,febre, alterações neurológicas, insuficiência renal e anemia hemolítica - Hepatites virais: icterícia, febre, sem anemia e sem insuficiência renal • Diagnóstico de Pré-eclâmpsia sobreposta - Hipertensão arterial crônica E (após 20 semanas) Proteinúria OU Lesão de órgãos-alvo materno OU Disfunção uteroplacentária • Conduta - Aumento de PA ≥ 20 semanas > suspeitar de PE ou hipertensão gestacional > avaliar presença de sinais/sintomas de gravidade - Hipertensão gestacional ou pré- eclâmpsia sem sinais de gravidade – tratamento ambulatorial - Pré-eclâmpsia grave, eclâmpsia, Sd. HELLP – internação hospitalar • Conduta: Hipertensão gestacional leve e Pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade - Medidas gerais - Tratamento medicamentoso - Conduta obstétrica Medidas gerais - Pré-natal de alto risco: consultas semanais - Controle da PA: medidas de PA diária - Dieta: sem restrição de sal - Atividade física: reduzir atividade física - Exames laboratoriais: proteína de fita semanal, exames para avaliar a gravidade e vitalidade fetal - Proteína de fita: semanal para pacientes com hipertensão gestacional - Vitalidade fetal: doppler a cada 2-4 semanas - Exames para avaliar gravidade: hemograma, creatinina, TGO, DHL, bilirrubinas, haptoglobina; PIGF e relação sFlt/PIGF Tratamento medicamentoso - Anti-hipertensivo oral: mais usada metildopa (mínimo 750mg/dia – 250mg de 8/8h) - Quando utilizar: PA ≥ 140/90 mmHg - Alvo: PAD = 85 mmHg Conduta obstétrica - Pré-eclâmpsia: parto com 37 semanas - Hipertensão arterial leve: parto até 39 semanas e 6 dias - Via de parto: preferir via vaginal • Conduta: Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade - PA ≥ 160/110 mmHg ou suspeita de lesão de órgãos alvo > Internação da gestante > Avaliação PA; Avaliação vitalidade fetal; Exames laboratoriais; Estabilização hemodinâmica > Pré- eclâmpsia grave; Iminência de eclâmpsia; Eclâmpsia; Síndrome HELLP > Prevenção/tratamento de convulsão (Sulfato de magnésio) > Controle da Hipertensão arterial grave (Hidralazina, Nifedipina) - Prevenção e tratamento de convulsão - Tratamento da hipertensão arterial grave - Conduta obstétrica Prevenção e tratamento das convulsões - Sulfato de magnésio (anticonvulsivante e neuroprotetor) - Medida mais importante para prevenção e tratamento de convulsões - Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade; Iminência de eclâmpsia; Eclâmpsia; Síndrome HELLP; Hipertensão de difícil controle, mesmo assintomática - Intoxicação por sulfato de magnésio = depressão respiratória - Sinais de intoxicação = reflexos patelares e frequência respiratória diminuídos Controle da Hipertensão arterial grave - PA ≥ 160x110 mmHg confirmados após 15 min de repouso - Tratamento – prevenir falência cardíaca, infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral isquêmico ou hemorrágico Conduta obstétrica • Conduta: Eclâmpsia e Iminência de eclâmpsia Eclâmpsia - Internação e estabilização hemodinâmica - Chamar ajuda - Conter a paciente para evitar trauma - Decúbito lateral para evitar aspiração - Protetor de língua - Fornecer oxigenioterapia - Realizar monitorização dos sinais vitais - Sulfato de magnésio (manter por 24h após a resolução da gestação ou após a última crise convulsiva) - Hidralazina ou Nifedipino se PA ≥ 160/110mmHg - Resolução da gestação • Conduta: Síndrome HELLP • Conduta Obstétrica nos Distúrbios Hipertensivos da gestação - Hipertensão gestacional: 39 semanas e 6 dias - Pré-eclâmpsia sem sinais de gravidade: 37 semanas - Pré-eclâmpsia com sinais de gravidade: 34 – 37 semanas - Eclâmpsia, iminência de eclâmpsia e Síndrome HELLP: Imediata, qualquer idade gestacional - Hipertensão artéria crônica: 40 semanas - Pré-eclâmpsia sobreposta: 37 semanas • Conduta: Puerpério • Hipertensão arterial crônica - Hipertensão arterial prévia à gestação OU - Antes de 20 semanas OU - Não desaparece após 12 semanas pós- parto Formas clínicas - Hipertensão essencial ou hipertensão arterial primária: HAS mais comum; Fatores de risco – obesidade, ingesta de sal, bebida alcoólica, tabagismo e sedentarismo; Alterações de órgãos alvo (cérebro, coração, rins e vasos sanguíneos); Alterações metabólicas - Hipertensão secundária: cogitar sempre que for uma mulher jovem; Causas – doenças renais (glomerulonefrite, estenose de artéria renal), doenças reumatológicas (lúpus, esclerodermia), doenças endócrinas (diabetes mellitus, feocromocitoma, tireotoxicose, doença de Cushing, hiperaldosteronismo primário); doença vascular (coarctação de aorta) - Hipertensão do jaleco branco: aumento dos níveis pressóricos (≥140x90 mmHg) no consultório médico, mas que se mantém normal quando aferida em outros ambientes e quando realizado o MAPA Classificação - Não complicada: funções cardíaca e renal preservadas - Complicada: Funções cardíaca ou renal alteradas; pré-eclâmpsia sobreposta - Leve: PAD ≥ 90 e < 100 mmHg - Moderada: PAD ≥ 100 e < 110 mmHg - Grave: PAD ≥ 110 mmHg • Hipertensão arterial crônica X Pré-eclâmpsia • Conduta: Hipertensão arterial crônica - Medidas gerais - Investigação de lesão de órgãos alvo - Profilaxia de pré- eclâmpsia - Anti-hipertensivo oral - Investigação de pré-eclâmpsia sobreposta - Conduta Obstétrica Medidas gerais - Pré-natal de alto risco: consultas semanais - Controle da PA: medida de PA diária - Dieta: com restrição de sal, evitar ganho excessivo de peso - Atividade física: reduzir atividade física Investigação de lesão de órgãos alto Profilaxia para pré- eclâmpsia - AAS baixa dose: todas as gestantes com HAC - Carbonato de cálcio: todas as gestantes com HAC e baixa ingesta - Anti-hipertensivo: metildopa - Alvo: PAD = 85mmHg Anti-hipertensivo oral - Permitidos: Alfa2-agonistas (metildopa, clonidina e prazosina); betabloqueadores adrenérgicos (metoprolol, pindolol, atenolol [proibido]); bloqueadores de canal de cálcio (nifedipina, anlodipina) - Proibidos: inibidores da enzima conversora de angiotensina (captopril, enalapril); antagonistas dos receptores de angiotensina II (losartana); inibidores diretos da renina (aliskiren) Conduta obstétrica Mapa mental HAC Diabetes e gestação • Diabetes Mellitus na gestação - DM diagnosticado previamente à gestação: DM1; DM2 - Hiperglicemia inicialmente detectada na gravidez: DMG; DM prévio diagnosticado na gestação (overt diabetes ou DM franco) • Epidemiologia - Prevalência mundial: 17,8% - Prevalência no Brasil: 18% • Fatores de risco - Idade (aumento progressivo do risco com o avançar da idade) - Sobrepeso/obesidade (índice de massa corporal – IMC ≥ 25 kg/m2) - Antecedentes familiares de DM em parente de 1˚ grau Antecedentes pessoais de alterações metabólicas: - Hemoglobina glicada (HbA1c) ≥ 5,7% - Síndrome dos ovários policísticos - Hipertrigliceridemia - Hipertensão arterial sistêmica - Acantose nigricans - Doença cardiovascular aterosclerótica - Uso de medicamentos hiperglicemiantes Antecedentes obstétricos: - ≥ 2 perdas gestacionais - DMG - Polidrâmnio (maior bolsão ≥ 8 cm ou o índice de líquido amniótico – ILA ≥ 24cm) - Macrossomia (recém-nascido com peso ≥ 4.000g ou peso > 90˚ percentil para a idade gestacional) - Óbito fetal/neonatal sem causa determinada - Malformação fetal • Metabolismoda glicose na gestação - 1˚ e 2˚ trimestres: fase anabólica – armazenamento, menor glicemia - 3˚ trimestre: fase catabólica – lipólise e gliconeogênese, maior resistência à insulina Aumento da secreção placentária de hormônios diabetogênicos (aumentam resistência à insulina): - Lactogênio placentário - Hormônio do crescimento (GH) - Hormônio liberador de corticotrofina (CRH) - Prolactina - Progesterona Hormônios diabetogênios > aumento da resistência à insulina > maior passagem de glicose para o feto por difusão facilitada > crescimento fetal Pâncreas > aumenta produção de insulina > mantém gestante euglicêmica • Fisiopatologia do diabetes na gestação - Pâncreas não funciona bem > não ocorre o aumento na produção de insulina > hiperglicemia materna > hiperglicemia fetal > hiperinsulinemia fetal > complicações fetais e neonatais • Complicações maternas - Curto prazo: distúrbios hipertensivos; polidrâmnio; cesárea; atraso do início da amamentação - Longo prazo: DMG em gestações futuras; DM2 • Complicações fetais e neonatais - Curto prazo: macrossomia; distocia e tocotraumatismo; síndrome do desconforto respiratório; cardiomiopatia hipertrófica; hipoglicemia; hipocalcemia; hipomagnesemia; policitemia; eventos trombóticos; hiperbilirrubinemia - Longo prazo: obesidade; DM2; doença cardiovascular • Diagnóstico - Diagnóstico universal: a possibilidade de diagnóstico de DMG deve ser ofertada a todas as gestantes - Teste com melhor sensibilidade/especificidade: TOTG com 75g de glicose - Fatores de risco clínico: não devem ser utilizados como forma de triagem, já que apresentam baixa sensibilidade - Viabilidade financeira e disponibilidade do teste proposto: o “melhor possível” dentro da capacidade logística da região Diagnóstico - Glicemia jejum – 1˚ trimestre - TOTG 75g – 24 a 28 semanas - Hb glicada não faz diagnóstico • Tratamento Tratamento não farmacológico - Terapia nutricional - Atividade física - Monitorização da glicemia Dieta - Carboidratos: 40-55% do VET - Lipídios: 30-40% do VET - Proteínas: 15-20% do VET Monitorização glicêmica - Alvo jejum: até 95 mg/dL - Alvo 1 hora pós-prandial: até 140 mg/dL - Alvo 2 horas pós-prandial: até 120 mg/dL Tratamento farmacológico - Sempre feito com insulina - Usar em DM1 e DM2, DM franco (Overt diabetes), DMG refratária a 2 semanas de dieta e atividade física Insulina no DMG - 2 ou mais medidas de glicemia fora do alvo em 7 a 14 dias de dieta e exercício físico OU - Evidência de hiperinsulinemia fetal no USG entre 29 e 33 semanas (circunferência abdominal fetal > 75˚ percentil; ou peso fetal estimado ≥ 90˚ percentil) Tratamento DM gestacional Tratamento DM prévio a gestação Insulina na gestação - Preferência para Regular e NPH - Pode ser utilizada a Insulina rápida e ultrarrápida nos casos de difícil controle pós prandial e para DM1 - Manter a utilização de análogos de insulina prolongada em gestantes com DM1 e DM2 que faziam uso antes da gestação Metformina na gestação - Utilizar se inviabilidade de adesão ou acesso à insulina - Utilizar se for como coadjuvante a altas doses de insulina (> 2 UI/kg/dia sem controle adequado ou ganho de peso fetal ou materno excessivo) - Fazer justificativa em prontuário médico - Aplicar termo de consentimento livre e esclarecido - Glibenclamida contraindicada! • Pré-natal - Gestantes com DM1 e DM2 tem alto risco para desenvolvimento de pré- eclâmpsia, portanto, prescrever AAS baixa dose, iniciar entre 12 e 20 semanas (preferencialmente antes de 16 semanas) - Consultas a cada 15 dias - Eco fetal em DM1 e DM2 - Avaliar crescimento fetal 28-33 semanas (cresce mais no 3˚ trimestre) - Avaliar vitalidade fetal 1x na semana a partir de 32 semanas se uso de insulina ou mal controlado: PBF + CTG - Aumentar dose de insulina em até 72h após o uso de corticoides • Diabetes prévio a gestação - Maior risco de malformação fetal, principalmente se Hb glicada > 6 – fazer eco fetal - Fazer rastreamento de lesão de órgãos-alvo – fundo de olho, eco materno, microalbuminúria, função renal - Maior risco de insuficiência placentária – PBF, doppler - Maior risco de infecções – avaliação odontológica e urocultura • Interrupção da gestação • Insulina Pós-parto - DMG não precisa manter o tratamento no pós-parto - DM prévio a gestação: reajuste da dose de insulina; reintroduzir metformina - Reajuste: reduz 50% a dose do 1˚ trimestre ou 70% a dose do 3˚ trimestre - Atenção para risco de hipoglicemia materna durante a amamentação • Avaliação pós-parto DMG Trabalho de parto prematuro • Definição - Parto que ocorre antes de 37 semanas completas de gestação (< 259 dias; até 36 semanas e 6 dias) - Cálculo da IG pela DUM ou USG precoce - Limite inferior 20-22 semanas (considerado abortamento) • Incidência de prematuridade - 11% dos nascidos vivos - Brasil é o 10˚ país com maior taxa de prematuridade - Aumento da prematuridade entre 2010 e 2019 - 75% da morbimortalidade neonatal - Principal causa de internação em UTI - Principal causa de mortalidade < 5 anos • Classificação da prematuridade - Eletiva: ocasionada pelo médico por complicações maternas (maioria das vezes) ou fetais - Espontânea (80-90% dos casos): TPP (trabalho de parto prematuro), RPM (rotura prematura de membranas) ou IIC (insuficiência istmo-cervical) - Principais causas de prematuridade eletiva: distúrbios hipertensivos, restrição de crescimento fetal, sofrimento fetal, placenta prévia, descolamento prematuro de placenta, iatrogenia • Patogênese do TPP - 4 principais teorias: ativação do eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (aumenta liberação de estradiol e cortisol, levando a liberação de ocitocina); resposta inflamatória exagerada; distensão uterina patológica; hemorragia decidual • Fatores de risco para prematuridade espontânea - Prematuridade anterior (principal) - Infecção geniturinária (vaginose e cistite) - Doença periodontal - Aborto tardio anterior e morte fetal anterior - Gestação múltipla e polidrâmnio - Malformações uterinas e cirurgias de colo uterino - Tabagismo, etilismo e uso de drogas ilícitas - Grande multiparidade e intervalo interpartal curto - Extremos de idade materna (< 15 anos e > 40 anos) - Estado socioeconômico adverso e ausência de pré-natal • Predição e prevenção de prematuridade - Triagem infecciosa (1˚ e 3˚ trimestres) - Medida universal do colo uterino (2˚ trimestre) - Progesterona vaginal nos casos indicados (principal medida de prevenção) - Teste de fibronectina - Cerclagem uterina - Pessário vaginal Triagem infecciosa - Urocultura no 1˚ e 3˚ trimestres para avaliar bacteriúria assintomática (> 100.000 UFC), se tiver, precisa tratar com antibioticoterapia - Tratamento de infecção genital se sinais e sintomas Medida do colo uterino - Fazer para todas as gestantes - Ultrassonografia transvaginal para medida do colo uterino - Conduta universal para prevenção de prematuridade - Gestantes sem histórico de prematuridade: fazer entre 19 e 24 semanas - Gestantes com histórico de prematuridade: fazer seriado entre 16 e 24 semanas - Alterado se ≤ 25 mm (2,5 cm) Progesterona vaginal - Única medicação comprovada que reduz o risco de parto prematuro - Utilizar via vaginal - Dose de 100 a 400 mg/dia - Entre 16 e 36 semanas e 6 dias - Histórico de prematuridade ou perda gestacional > 16 semanasou colo curto entre 16 e 24 semanas Fibronectina - Glicoproteína produzida pelo trofoblasto - Após 20-24 semanas prediz parto prematuro se presente na vagina - Realizar entre 20-36 semanas, bolsa íntegra, dilatação < 3cm, sem sangramento, sem relação sexual - Se negativo, risco de parto nos próximos 7-14 dias é pequeno - Efetivo para predizer prematuridade em gestante com histórico de parto prematuro - Se positivo, não da muita certeza se vai entrar em trabalho de parto, o foco nesse teste é a negatividade Cerclagem uterina - Utilizada, principalmente, em pacientes com história prévia de IIC, mas também pode ser usada naquelas com: história prévia de trauma cervical; dilatação cervical indolor no segundo trimestre; história prévia de parto prematuro espontâneo e colo curto Pessário vaginal - Uso ainda em estudo - Não se comprovou ser mais efetivo que a progesterona para colo curto • Complicações da prematuridade - Síndrome da membrana hialina - Hemorragia intraventricular - Enterocolite necrosante - Sepse neonatal - Morte neonatal • Diagnóstico - Contrações regulares ≥ 2/10 min - Dilatação cervical ≥ 3cm - < 37 semanas - Se dúvida, deixar gestante em observação e reavaliar 4-6h • Conduta - Diante de um TPP, devemos avaliar a vitalidade fetal, se preservada vamos seguir a conduta conforme a IG (< 34 semanas ou ≥ 34 semanas); se vitalidade prejudicada, devemos resolver a gestação • Conduta abaixo de 34 semanas - Mais complicações - Corticoterapia (principal conduta) - Sulfato de magnésio < 32 semanas (neuroproteção fetal) - Antibiótico para EGB - Tocólise (esta serve para termos tempo de realizar todas as outras medicações, diminuindo o risco de complicações) Tocólise - Objetivo: inibir o trabalho de parto por 48h, tempo da ação da corticoterapia - Indicação: TPP entre 24 e 34 semanas, membranas íntegras, até 4 a 5cm de dilatação - Tempo de uso: máximo por 48h - Contraindicações à tocólise: IG < 24 semanas ou ≥ 34 semanas; rotura prematura pré-termo de membranas; óbito feral ou malformação fetal letal; sinais de corioamnionite; suspeita de DPP; placenta prévia com sangramento; restrição de crescimento fetal; doenças maternas graves descompensadas - Bloqueadores de canal de cálcio (Nifedipina) - Antagonistas dos receptores da ocitocina (Atosiban) - Agonista dos receptores adrenérgicos (Terbutalina) - Inibidores da síntese de prostaglandinas (Indometacina) Corticoterapia - Objetivo: diminuir os riscos de síndrome respiratória do recém- nascido, hemorragia intracraniana, enterocolite necrosante e morte neonatal - Indicação: risco de TPP nos próximos 7 dias (TPP, RPM, PP eletivo) - Contraindicação: corioamnionite, úlcera péptica e diabetes descompensada - Medicações: Betametasona e Dexametasona - Dose: betametasona 12mg/dia por 2 dias; dexametasona 6mg/12h por 2 dias - Idade gestacional: entre 24 e 34 semanas; entre 34 e 36 semanas e 6 dias – algumas instituições Sulfato de magnésio - Objetivo: neuroproteção fetal - Indicação: iminência de parto prematuro ou parto prematuro eletivo nas próximas 24 horas entre 24 e 32 semanas - Contraindicação: miastenia grave, cardiopatia e comprometimento da função renal - Dose: 4g EV em bolus 15 min, manutenção de 1g/h até o nascimento ou por 24h - Intoxicação: depressão respiratória Antibioticoprofilaxia para Estreptococos do grupo B - Objetivo: prevenção de sepse neonatal - Indicação: intraparto para todas as gestantes em TPP com cultura positiva ou desconhecida - Contraindicação: cultura negativa ou cesariana eletiva com bolsa íntegra (mesmo se cultura positiva) - Medicação: Penicilina cristalina - Dose: 5 milhões UI pelo menos 4h antes do parto, manutenção de 2,5 milhões UI de 4/4h até o parto - Outras medicações: Ampicilina ou Clindamicina • Classificação de Hobel (de TPP) - Estágio I: presença de fatores de risco - progesterona - Estágio II: útero irritável – buscopan, progesterona... - Estágio III: TPP reversível (contrações uterinas com alterações cervicais até 4cm, pro MS é até 5cm) – corticoide, sulfato de magnésio, atb, tocolítico - Estágio IV: TPP irreversível acima de 4cm – não faz tocolítico e nem corticoide • Conduta acima de 34 semanas - Principal conduta: antibioticoprofilaxia para EGB - Conduta considerada: corticoterapia - Conduta contraindicada: tocólise e sulfato de magnésio • Conduta geral - TPP < 34 semanas: Tocólise; Corticoterapia; Sulfato de magnésio < 32 semanas; Antibioticoprofilaxia para EGB - TPP ≥ 34 semanas: Antibioticoprofilaxia para EGB; Considerar uso de corticoide • Mapa mental Indução do trabalho de parto e Gestação prolongada • Definição - Iniciar de forma artificial as contrações uterinas, quando há necessidade de antecipar a resolução da gestação - Indução X Condução • Definição de trabalho de parto - Contrações rítmicas 3-4 em 10 min - Dilatação e esvaecimento cervical 3- 4cm, fino e medianizado - Contrações que modificam o colo uterino • Indicações para indução de TP - Rotura prematura de membranas/corioamnionite - Pós-termo - Hipertensão gestacional - Diabetes gestacional - Restrição de crescimento fetal - Óbito fetal • Contraindicações absolutas (ao PN) - Placenta prévia - Sofrimento fetal agudo - Infecção ativa por herpes genital no momento do parto - Miomectomia prévia - Cicatriz de cesárea prévia longitudinal - Vasa prévia - Prolapso de cordão umbilical • Contraindicações relativas - Gestação múltipla - Macrossomia fetal - Apresentações anômalas - Vício pélvico - Carcinoma cervical invasivo - Cicatriz de cesárea prévia • Como induzir o parto? - Depende de como se encontra o colo uterino - Avaliação do colo uterino - Índice de BISHOP (fala se o colo é favorável ou desfavorável ao parto vaginal) - Se desfavorável, teremos que preparar esse colo primeiro, antes da indução - Favorável: indução feita com ocitocina - Favorável: BISHOP > 6 - Desfavorável: BISHOP ≤ 6 • Avaliação do colo uterino • Métodos para maturação cervical - Métodos mecânicos: Balão de Foley (método de Krause); Laminárias; Descolamento das membranas - Métodos farmacológicos (mais efetivos, porém mais efeitos colaterais): Prostaglandinas (mais usadas); Relaxina; Óxido nítrico; Hialuronidases Prostaglandinas - Tipos: Prostaglandinas E1 (misoprostol); Prostaglandinas E2 (dinoprostone) - Vantagens: baixo custo e a possibilidade de acondicionamento em temperatura ambiente - Desvantagens: taquissistolia - Efeitos colaterais: taquissistolia, febre, calafrios, vômitos e diarréia - Contraindicações: cicatriz uterina, TP, sangramento, asma, hepatopatia e coagulopatias - Misoprostol: 13-26 semanas – 200mcg a cada 6h 27-28 semanas – 100mcg a cada 6h >28 semanas ou feto vivo: 25mcg a cada 6h • Métodos de indução do parto - Colo favorável: OCITOCINA (mais efetivo) - Induzir as contrações uterinas - Colo uterino precisa estar maduro - Efeitos colaterais: taquissistolia, hiponatremia e hipotensão - Pode usar também os métodos mecânicos: amniotomia e o descolamento das membranas Posologia ocitocina - 5 UI de Ocitocina em 500ml de SF 0,9% ou SG 5% em BIC - Iniciar com 12ml/h (2mUI/min) a 240ml/h (40mUI/min) • Resumo • Falha da indução de TP - Colo uterino desfavorável após 6 doses de misoprostol ou 24h da aplicação do balão de Foley - Ausência de contrações rítmicas após dose máxima de ocitocina ou 24h do início da administração • Complicações da indução do parto - Taquissistolia - TP prolongado - Sofrimento fetal - Rotura uterina - Descolamento prematuro de placenta - Prolapso de cordão umbilical - Hemorragia pós-parto - Infecção- Embolia amniótica • Definição da IG - Termo precoce: entre 37 semanas e 38 semanas e 6 dias - Termo completo: entre 39 semanas e 40 semanas e 6 dias - Termo tardio: entre 41 semanas e 41 semanas e 6 dias - Pós-termo: 42 semanas completas ou mais - De acordo com a lei brasileira, pode-se agendar uma cesariana a partir das 39 semanas • Estimativa da idade gestacional - Data da última menstruação - Ultrassonografia do primeiro trimestre - CCN método mais fidedigno • Complicações - Maior morbidade perinatal - Oligoâmnio - Síndrome da aspiração meconial - Macrossomia fetal - Tocotraumatismo - Maior necessidade de cesárea • Conduta - Avaliação da vitalidade fetal - Indução do parto Abortamento de repetição e Trombofilias • Abortamento - definição - < 20 ou 22 semanas de gestação - < 500g de peso - < 25 cm Precoce - Até 12 semanas de gestação - 80% dos casos - Maior causa as anomalias cromossômicas (aneuploidias, trissomias) Tardio - Entre 13 e 22 semanas - Insuficiência istmo cervival (geralmente ocorre a expulsão quase indolor do feto vivo; colo uterino encontra-se dilatado e ocorre pouco sangramento) - IIC: condição médica em que o colo uterino reduz de tamanho e se dilata antes do fim da gravidez, geralmente durante o segundo trimestre - Risco de perfuração uterina (presença de espícula óssea Espontâneo - Maioria das vezes por anormalidade do embrião Provocado - Houve intenção de provoca-lo ou por intervenção externa - No Brasil: gestação oriundas de estupro, em casos de risco de vida materna ou em casos de anencefalia Abortamento completo - Eliminação total do concepto - Colo do útero fechado - Espessura endometrial < 15mm e menor que a IG - Sangramento escasso – útero vazio - Fazer diferencial com gestação ectópica - Conduta expectante – monitorizar, tranquilizar, orientar e mandar para casa com analgésicos Abortamento incompleto - Clínica: útero aberto, entreaberto - Sangramento pode estar presente, às vezes abundante, cólicas sempre presentes - Exame especular: saída de tecido pelo colo - USG: restos ovulas intra-uterinos - Conduta: internação, avaliar hemodinamicamente, fazer hemograma e todos os exames para rastrear infecções, e tipagem sanguínea, ter acesso venoso, se em caso de uma correção da volemia - < 12 semanas, realizar misoprostol ou AMIU - > 12 semanas, realizar curetagem Ameaça de abortamento - Clínica: colo do útero fechado, embrião e BCF presentes ao realizar o EF, observa-se o útero compatível com a IG - Conduta: tranquilizar, orientar e mandar para casa com analgésicos, não usar progesterona, repouso Retido - Morte do embrião/feto, mesmo fica retido no útero - Diminuição ou parada do sangramento e das cólicas, diminui altura do fundo uterino, colo do útero fechado, BCF ausente - Conduta: expectante e aguardar eliminação espontânea do concepto, pode usar medicação para estimular as contrações uterinas e ou esvaziamento uterino – AMIU ou curetagem Infectado - Aborto + infecção genital - Colo do útero aberto - Útero menor que a IG, amolecido - Febre, odor fétido, calafrios, secreção purulenta - Ascensão de bactérias da microbiota vaginal e intestinal à cavidade uterina - Comum em abortos provocados e manipulados – instrumentos e produtos químicos - USG: restos ovulares - Conduta: controle hemodinâmico, ATB 12 horas antes da retirada dos restos ovulares; após esvaziamento, manter ATB e drogas uterotônicas Aborto inevitável - Concepto perde a vitalidade e não existe possibilidade de evolução da gestação - Colo do útero aberto, embrião pode estar vivo, BCF presente, cólica, sangramento presente e pode estar intenso - USG: produto gestacional pode ou não ter sido eliminado total ou parcialmente - Conduta: < 12 semanas indicado AMIU/curetagem; > 12 semanas usa misoprostol na dose de 200mcg de 12/12h, via vaginal, em ciclos de 48h de tto e depois faz curetagem Seguro - Realizado por médico habilitado Inseguro - Fora do ambiente hospitalar ou profissional sem habilidades Esporádico - Geralmente associada a anomalias cromossômicas - Não acarreta novo risco de abortamento Habitual ou de repetição - Definição clássica: 3 ou + abortamentos consecutivos - Definição moderna: 2 ou + abortamentos consecutivos - Etiologia (IIC? Anatômica?) - Realizar investigação • Fatores de risco para abortamento de repetição - Idade do casal > 40 anos - Número de abortos espontâneos prévios - Ausência de gestação bem sucedida prévia - Tabagismo, álcool, medicamentos • Principais causas de abortamento habitual - Precoce: trombofilias (alterações na coagulação); genéticas (alterações no cariótipo); ambientais (radioterapia, quimioterapia, contato com mercúrio, etc); hábitos de vida (tabagismo, consumo excessivo de álcool, etc); endócrinas (obesidade, diabetes, alterações na glândula tireoidiana, etc); imunológica (ainda necessitam de comprovação) - Tardio: alterações anatômicas (incompetência istmo cervical, mioma, pólipos e malformações uterinas); infecciosas alterações (causa de aborto isolado e não associada ao aborto de repetição) • Esvaziamento uterino - AMIU: até 12 semanas - Curetagem: alternativa a AMIU - Curetagem: consiste inicialmente na dilatação da cérvix e uso de uma cureta metálica para raspar as paredes do útero. A cureta, por seu material de aço e diâmetro variável, pode ocasionar acidentes como perfuração uterina • Investigação diagnóstica - OMS: após 2 perdas gestacionais. O ideal é fazer a investigação no intervalo intergestacional - Anamnese obstétrica detalhada de todas as perdas gestacionais - Investigar o histórico familiar - Realizar exame físico completo - Posteriormente, inicia a investigação diagnóstica: USGTV; pesquisa de trombofilias/SAAF; análise citogenética do produto do abortamento; cariótipo do casal • Trombofilia - Predisposição ao aumento da coagulação sanguínea, que pode levar à formação de coágulos que impedem a circulação, entupindo vasos de sangue do corpo. Esse quadro de bloqueio dos vasos é conhecido como trombose e coloca em risco a saúde da mãe e a vida do bebê • Condições fisiológicas gestacionais - Estado de hipercoagulabilidade (proteger hemorragia no parto): aumento dos fatores de coagulação; redução de fatores anticoagulantes; redução da atividade fibrinolítica - Doença tromboembólica venosa e/ou arterial e insuficiência placentária - Trombose e complicações obstétricas - Abortamento - Pré-eclâmpsia - DPPNI - Restrição de crescimento intrauterino (RCIU) - Óbito fetal e materno • Quando investigar trombofilias na gestação - TVP ou TEP prévia ou atual - Três ou mais abortos com menos de 10 semanas (excluir causa hormonal e cromossômicas) - Um ou mais óbito fetal sem causa definida - Parto antes de 34 semanas devido pré- eclâmpsia grave; eclâmpsia; insuficiência placentária - DPP (Descolamento Prematuro de Placenta) - História familiar de trombofilia • Exames - Fator V de Leiden - Anticoagulante lúpico - Anticardiolipina IgG/IgM - Antitrombina III - MTHFR - Fator II - Proteína S - Proteína C - Homocisteína - Pesquisa de polimorfismo 4G/5G no gene PAI-1 - Beta 2 glicoproteína anticorpos IgG/IgM • Tipos de trombofilias - Hereditária: ocorre quando há histórico na família e uma predisposição à diminuição do fluxo sanguíneo. O risco deste tipo de trombofilia aumenta quando a genética é associada à gestação e idade avançada - Adquirida: pode surgir ao longo da vida e ocorre por outra condição clínica, como: neoplasia, uso de medicamentos, entre outros. Trombofilia hereditária (genética) - Consequência de mutações genéticas e/ou deficiência na produção de anticoagulantes naturais ou de substâncias que influenciamna coagulação - Deficiência de Proteína C e S - Antitrombina (principalmente III, mais comum) - Mutação de fator V de Leiden - Mutação G20210A do gene de protrombina - Mutação da MTHFR com hiper- homocisteinemia Trombofilia adquirida - Obesidade grave - Diabetes - Sedentarismo - Imobilização prolongada - Anticoncepcionais orais - Reposição hormonal - Câncer - Gemelaridade - Síndrome de anticorpo anti-fosfolípide (SAAF) - Distúrbios da imunidade • Incompetência Istmo-cervical - Incapacidade do colo uterino em reter o produto da concepção na ausência de sinais e sintomas de contração e/ou parto - É a principal causa de abortamento habitual tardio ou parto pré-termo extremo - 8% dos casos de abortamento de repetição - Clínica é bem característica, ocorre dilatação cervical sem dor até 4-6cm, feto morfologicamente normal e vivo - Perdas gestacionais costumam ocorrer no 2˚ trimestre ou início do 3˚, com perdas gestacionais cada vez mais precoces do que a anterior - Principais causas que levam a esta incompetência: trauma causado por conização, laceração cervical no parto, dilatação exagerada do colo em casos de interrupção provocada da gestação, etc Tratamento - Tratamento é cirúrgico por meio da cerclagem do colo (Técnica de McDonald) - Indicado para mulheres com histórico de perdas gestacionais com quadro clínico de incompetência istmo cervical, entre 12-16 semanas e que após USG nota-se feto vivo e sem malformações - Não se indica o procedimento antes das 12 semanas devido ao risco de abortamento por outras causas - Não está indicada a realização de cerclagem após as 16 semanas por conta do crescimento progressivo do útero que tornaria mais provável a dilatação do colo - Mulheres que possuem colo curto identificado no 2˚ trimestre, mas que não tem histórico de parto pré-termo anterior, não tem indicação de cerclagem. Nesses casos, indica-se progesterona vaginal para reduzir o risco de parto prematuro - A remoção da cerclagem deve ser feita entre 36-37 semanas - Na prática, pessários podem ser usados como alternativa à cerclagem • Diagnóstico – SAAF - Uma das principais e mais importantes causas de abortamento de repetição - Decorre da associação entre anticorpos antifosfolipídeos (lúpus anticoagulante – LAC e anticardiolipina – aCL) e trombose vascular ou prognóstico adverso na gravidez - Ocorre alteração na regulação da homeostasia da coagulação sanguínea, tendo como principal mecanismo a autoimunidade - Manifestação clínica mais comum é a trombose de vasos arteriais ou venosos de qualquer órgão, manifestações cutâneas como livedo articular e úlceras cutâneas e, complicações obstétricas, dentre elas o abortamento principalmente no final do 1˚ trimestre, morte fetal, pré-eclâmpsia, retardo do crescimento intrauterino etc - Doença autoimune caracterizada pela presença de tromboses venosas e arteriais (AVC, IAM, TVP, embolia pulmonar, etc) - Morbidade gestacional (abortos espontâneos, prematuridade, natimortos, trombose placentária) associada à presença no sangue de anticorpos antifosfolípides (anticardiolipina IgG/IgM, anticoagulante lúpico e antibeta-2- glicoproteína) - Dentre as trombofilias adquiridas, a SAAF é a mais preocupante e está relacionada a desfechos obstétricos adversos na grande maioria das vezes, quando não tratada. A SAAF é diagnosticada se o paciente apresentar pelo menos 1 critério clínico e 1 laboratorial Diagnóstico - 1 ou mais critérios clínicos + 1 ou mais critérios laboratoriais Critérios clínicos: - 1 ou mais episódios de TV ou Trombose arterial prévia - 1 ou mais mortes de fetos não explicadas de feto morfologicamente normal com mais de 10 semanas de IG - 1 ou mais nascimentos de neonatos < 34 semanas por eclâmpsia, pré- eclâmpsoa ou insuficiência Critérios laboratoriais: - Presença de anticoagulante lúpico ou anticorpo anticardiolipina (IgG ou IgM) – em títulos altos - Presença de anticorpos anti-B2- glicoproteína IgG ou IgM – em títulos altos - Anticoagulante lúpico presente no plasma em 2 coletas com espaço > 12 semanas • Tratamento das trombofilias na gestação - Momentos: Época - Pré-concepcional ou ao diagnóstico da gestação na presença da viabilidade da gestação - Do 2˚ trimestre em diante Objetivo principal - Melhorar taxas de implantação uterina - Prevenção de abortamento - Prevenção de óbito fetal, RCIU, desprendimento de placenta pré- matura normoinserida (DPPNI) - Prevenção de fenômenos trombóticos e tromboembólicos maternos • Tratamento - Enoxaparina 40mg SC 1x/dia, durante toda a gestação (própria gestante aplica) - Dependendo do histórico ou tipo, usar pós-parto 40 dias (SAAF) - 2˚ opção: HBPM 5000 UI SC 2x/dia (própria gestante aplica) - Não são teratogênicas, não atravessam a barreira placentária, não causam hemorragia fetal e não são secretadas pelo leite - Todas as mulheres grávidas devem ser submetidas a avaliação de risco para TV - O tratamento consiste na associação entre AAS (75-100 mg/dia) e heparinização plena com HBPM (Enoxaparina 1mg/kg/dia), desde o diagnóstico da gestação mantida por 6 semanas no pós-parto • Considerações finais - O tratamento da trombofilia durante a gravidez consiste no uso de anticoagulantes na forma injetável, aplicados diariamente. - O objetivo é evitar a formação de coágulos e as possíveis complicações relacionadas a eles, como descolamento de placenta, aborto, baixo crescimento fetal - A dosagem dos medicamentos depende de cada caso e varia de acordo com o tipo de trombofilia - Além do tratamento medicamentoso, são indicados cuidados adicionais, como o uso de meias de compressão, a manutenção de uma alimentação equilibrada e a prática regular de atividades físicas Isoimunização Rh • Definição de Doença Hemolítica Perinatal (DHPN) - Destruição das hemácias fetais por anticorpos anti-eritrocitários maternos se incompatibilidade sanguínea materno-fetal - Aloimunização materna leva a DHPN - Mãe sangue negativo (não tem alguns antígenos na hemácia), entra em contato com feto com sangue positivo (tem alguns antígenos na hemácia), se o sangue do feto passar para a corrente sanguínea da gestante, ela começará a produzir anticorpos contra as hemácias do feto. Se esses anticorpos passarem a barreira placentária, vão se ligar às hemácias fetais e vão destruí-las, chamamos isso de Doença Hemolítica Perinatal (DHPN) • Fisiopatologia - Feto – sangue positivo – hemácias COM antígenos - Gestante – sangue negativo – hemácias SEM antígenos - Sangramento feto-materno – passagem de sangue fetal para corrente sanguínea materna - Produção de anticorpos anti- eritrocitários – Aloimunização materna - Anticorpos anti-eritrocitários maternos atravessam a barreira placentária – destruição das hemácias fetais – DHPN - Sangramento feto-materno: durante o 3˚ trimestre; no momento do parto; complicações na gestação (abortamento; gestação ectópica; mola hidatiforme; placenta prévia; DPP; trauma abdominal) - Transfusão sanguínea, uso de drogas, transplantes - Anticorpos IgM – não ultrapassam a barreira placentária - Anticorpos IgG – ultrapassam a barreira placentária - Quanto maior a exposição ao sangue não compatível, maior a produção de anticorpos IgG - A intensidade da DHPN se intensifica em gestações sucessivas (maior exposição) - Anticorpos anti-eritrocitários maternos destroem hemácias fetais – hemólise – anemia fetal – eritropoiese intensa - Produtos da hemólise sobrecarregam o fígado – insuficiência hepática e hiperbilirrubinemia • O sistema eritrocitário - Sistema Rh (principal causa da DHPN, porém não são os únicos) - Sistema ABO - Antígenos atípicos SistemaRh - Inúmeros antígenos eritrocitários - Antígeno D (mais imunogênico, mais importante, principal causador da DHPN) - Tipo de sangue Rh positivo ou Rh negativo – refere a presença ou não do antígeno D - Outros antígenos que podem levar à DHPN – antígeno C e E - Expressão genotípica do antígeno D – relacionada a presença ou não do alelo D - Indivíduo RhD negativo – ausência de alelo D - Indivíduo RhD positivo – um alelo D ou dois alelos D - Homozigotos – todos os descendentes serão RhD + - Heterozigotos – 50% dos descendentes podem ser – se o outro genitor for negativo - Expressão fenotípica do antígeno D: antígeno D; antígeno D fraco (antígeno Du); antígeno D parcial - Antígeno D parcial: comporta-se como Rh negativo - Antígeno D fraco: comporta-se como Rh positivo Sistema ABO - Incompatibilidade sanguínea ABO (25% das gestações) - Produzem sobretudo anticorpos IgM - Não ultrapassam a barreira placentária - 2-5% DHPN na gestação - Incompatibilidade ABO diminui o risco de incompatibilidade Rh - Quadro clínico menos grave = não necessita de tratamento intraútero Antígenos atípicos - IgG: ultrapassam a barreira placentária - IgM: não ultrapassam a barreira placentária • Etiologia - Incompatibilidade do sistema Rh - Incompatibilidade do sistema ABO - Incompatibilidade de sistemas menores: Kell, Duffy, MNS Incompatibilidade do sistema Rh - Aloimunização RhD – principal causa de DHPN (98% dos casos) - Gestante produzindo anticorpos anti- D, estes vão se ligar aos antígenos D das hemácias fetais, e vão destruí-las (DHPN) • Diagnóstico - Primeira consulta de pré- natal: tipagem sanguínea + Coombs indireto ou PAI (pesquisa de anticorpos irregulares) - Coombs indireto ou PAI: avaliam a presença dos anticorpos anti- eritrocitários no sangue - Coombs indireto ou PAI positivo = aloimunização materna - Titulação do coombs indireto indica risco de desenvolver DHPN - PVS-ACM = pico de velocidade sistólica da artéria cerebral média; é através dele que vamos diagnosticar se o feto está com anemia grave ou não - Padrão sinusoidal na cardiotocografia indica anemia fetal grave (situação pré- óbito) • Tratamento na gestação - Se PVS-ACM > 1,5 MoM ou hidropsia fetal e for < 34 semanas – cordocentese e transfusão sanguínea - Se PVS-ACM > 1,5 MoM ou hidropsia fetal e for ≥ 34 semanas – resolução da gestação Transfusão intraútero - Entre 18 e 34 semanas - Sangue O Rh negativo irradiado - Sobrevida fetal: 90% fetos não hidrópicos e 75% fetos hidrópicos - Anemia fetal – Hb dois desvios padrões abaixo do esperado para a IG • Prevenção da aloimunização materna - Imunoglobulina anti-D - Dose padrão: 300mcg intramuscular - Cada 10mcg de imunoglobulina é capaz de suprimir 1ml de sangue fetal - Dose extra ou na suspeita de hemorragia feto-materna abundante: fazer teste de Kleihauer (avalia extensão da hemorragia) - Os títulos de anticorpos ficam positivos por 12 semanas após administração da imunoglobulina anti-D - Não dosar coombs indireto após a administração de imunoglobulina: coombs indireto falso positivo - Imunoglobulina com 28 semanas de gestação: coombs indireto falso positivo no momento do parto, fazer profilaxia - Imunoglobulina há menos de 30 dias não necessita repetir a imunoglobulina nesse período Infecções urinárias e gravidez • Introdução - Colonização, invasão e proliferação de agentes infecciosos em qualquer parte do sistema urinário (uretra, bexiga, ureteres e/ou rins) - 15% das gestações - O aumento da frequência de ITUs na gestação se deve a fatores bioquímicos, metabólicos, endócrinos e mecânicos próprios da adaptação fisiológica do organismo materno, como: > Ação relaxante da prostaciclina e progesterona na musculatura lisa, com consequente hipotonicidade, dilatação (hidronefrose e refluxo vesicoureteral fisiológicos) e hipomotilidade do trato urinário > Aumento fisiológico de 30 a 50% no fluxo plasmático renal e na taxa de filtração glomerular, com consequente aumento do débito urinário, menor concentração da urina, alcalinização, glicosúria e aminoacidúria > Dextrorrotação uterina, exercendo ação mecânica compressiva sobre o trato urinário, aumentando as afecções em ureter e rim direitos, principalmente - As alterações da gestação levam à estase de urina abundante, menos concentrada e rica em nutrientes, configurando microambiente adequado para a proliferação de microorganismos e o estabelecimento de ITU - Potencial aumento de risco para TPP, baixo peso ao nascer, rotura prematura de membranas, corioamnionite, sepse materna e neonatal, anemia, pré- eclâmpsia e insuficiência renal - Podem ser classificadas como do trato urinário inferior (baixa) ou do trato urinário superior (alta) Baixa - Localizada na bexiga e uretra - Pode se apresentar como Bacteriúria assintomática (BA) - Diagnosticada por meio de urocultura de rastreamento no pré-natal - Pode se apresentar como cistite, quando existirem sintomas clínicos associados à positividade na cultura Alta - Acomete algum dos rins e ureteres - Apresenta sintomatologia importante - Também denominada pielonefrite • Bacteriúria assintomática (BA) - 2 a 10% das gestações - Não apresenta sintomas - Rastreio no pré- natal para evitar formas evolutivas e complicadas - MS recomenda realização de cultura de urina no 1˚ e 3˚ trimestres Exames - Padrão ouro: urocultura. Diagnóstico é firmado pela presença de mais de 100.000 UFC/mL em culturas de jato médio de urina ou mais de 10.000 UFC/mL em culura de urina coletada com cateterismo vesical - Um único exame positivo é suficiente para instituir a antibioticoterapia - E. coli é responsável por pelo menos 80% dos casos de infecções iniciais e 70% dos casos recorrentes - Klebsiella pneumoniae e espécies de Proteus têm histórico de infecções recorrentes também - 10% das infecções são causadas por Gram positivos, como GBS, enterococos e estafilococos Antibioticoterapia - Devem ser baseados no antibiograma - Quanto a teratogenicidade, a escolha do medicamento é fundamentalmente norteada pela classificação de risco do uso de drogas durante a gestação da FDA - As medicações mais seguras e que preenchem os critérios da FDA (categorias A e B) para utilização em gestantes com ITU são: penicilinas, cefalosporinas, nitrofurantoína, fosfomicina trometamol e monobactâmicos - Medicações categorias A e B - Nitrofurantoína: risco de hemólise em fetos ou recém-nascidos com deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), deve ser evitada nas últimas semanas de gestação - Medicações categorias C e D (usadas na falta de opções mais seguras) • Cistite - Forma sintomática frequente de ITU - Frequência de 1 a 3% durante a gravidez - Clínica: disúria, polaciúria, urgência miccional, dor suprapúbica e hematúria, sintomas suficientes para o diagnóstico em gestantes, uma vez afastadas uretrites e vaginites - Cistite complicada ocorre na presença dos sintomas anteriores associados à hematúria franca e/ou febre Exames - Urinálise e teste do nitrito e leucócito-esterase podem auxiliar no diagnóstico, porém não definem condutas (podem estar normais na presença de infecção) - Diagnóstico clínico e a urocultura servirá para confirmação - Não aguardar o resultado da cultura e antibiograma para início do ATB Cistite complicada - Presença de febre e/ou hematúria franca - Necessita hospitalização com introdução imediata e empírica do antibiótico parenteral (abordagem semelhante à da gestante com pielonefrite) Cistite recorrente (ITU de repetição) - Quando houver 2 ou mais episódios de ITU na gestação - Quando houver 2 infecções urinárias nos últimos 6 meses ou 3 nos últimos 12 meses, antes do início da gestaçãoFatores de risco que aumentam chance de recorrência - História prévia e/ou recente de ITU - Práticas sexuais específicas - Alterações anatômicas e malformações do trato urinário - Bexiga neurogênica - Refluxo vesicoureteral - Urolitíase - Diabets mellitus - Distopias urogenitais - Imunossupressão - Imunoglobulinopatias - Anemia falciforme Tratamento - Em relação a ITU baixa com fatores de risco, o tratamento difere apenas no uso da fosfomicina trometamol, sendo recomendada uma segunda dose após 24h da primeira • Pielonefrite aguda - 2% das gestações - Pode ser decorrente de ITU baixa inicial não tratada - Mais comum no 2˚ e 3˚ trimestres, acometendo rim direito em mais de 90% dos casos (devido à dextroversão uterina e à compressão ureteral ipsilateral) - 20% das mulheres com pielonefrite grave desenvolvem sepse e complicações sistêmicas - Clínica: febre, dor em flanco, náusea, vômitos, lombalgia e desconforto costovertebral; sintomas urinários podem ou não estar presentes - Piúria é um sinal típico de pielonefrite - Exame clínico: punho-percussão dolorosa da janela renal é um sinal sensível no diagnóstico (Sinal de Giordano) - Urocultura pode ser negativa em até 10% dos casos - Ecografia dos rins e vias urinárias para descartar complicações locais (como abscessos) - Diagnóstico diferencial importante: corioamnionite com ou sem trabalho de parto (apresenta febre e dor abdominal) - Solicitar ureia e creatinina para avaliação da função renal - Se sinais de sepse: hemograma, eletrólitos, gasometria, lactato, função hepática, hemoculturas Tratamento - Hospitalização - Identificação dos sinais de gravidade, monitorização dos sinais vitais, controle da diurese, hidratação, ATB parenteral - ATB preferencialmente por via EV, por pelo menos 24 a 48h, imediatamente após coleta de urocultura - Evolução favorável: alta programada para completar ATB por VO ou IM, perfazendo 10 a 14 dias de tto - Na gestação, opta-se pelas cefalosporinas de 2˚ e 3˚ geração - Ceftriaxone 2g IV 1x/dia - Após alta, completar o tempo total da antibioticoterapia com Ceftriaxone IM ou Cefuroxima VO - Pielonefrite pode estar associada a TPP, sendo a tocólise considerada antes da 34˚ semana de gestação, com administração de corticoterapia para maturação pulmonar fetal, evitando as consequências da prematuridade Parâmetros de melhora clínico- laboratorial - Curva térmica afebril - Débito urinário satisfatório - Função renal satisfatória - Melhora dos sintomas - Sinais vitais normais • Prevenção de recorrência das infecções urinárias na gravidez - Profilaxia com ATB reduz em até 95% de chance de nova infecção - Deve ser realizada quando houver: > História prévia de ITUs recorrentes antes da gestação > Um episódio de pielonefrite durante a gravidez > Duas ou mais ITUs baixas na gestação > Uma ITU baixa associada a fatores de risco importantes para recorrência - Primeira escolha: Nitrofurantoína 50 a 100mg 1x/dia - Outras opções: Amoxicilina 250mg 1x/dia; Cefalexina 250 a 500mg 1x/dia - Todos VO e à noite, por ser momento de maior estase urinária e melhores resultados - Cuidados gerais nos hábitos pessoais: aumento da ingesta de líquidos (mínimo de 2l por dia), esvaziamento vesical regular (micções programadas), micção antes e após o coito, higiene íntima adequada e tratamento de infecções vaginais - Realização de urocultura de controle a partir de 7 dias após o tratamento das ITUs, certifica o sucesso do tratamento ou indica a necessidade de nova antibioticoterapia - Se fatores de risco, formas complicadas ou recorrente, é preconizada a coleta mensal de urocultura (possibilidade de ocorrer BA por resistência medicamentosa) Distopias urogenitais • Definição - Descenso da parede vaginal anterior e/ou posterior e/ou do ápice vaginal (útero ou cúpula vaginal em histerectomizadas) - Parede anterior: bexiga prolapsada - Parede posterior: reto prolapsado - Parede apical: útero prolapsado, e algumas vezes o intestino delgado • Termos - Cistocele (nomenclatura em desuso): descenso da parede vaginal anterior e, consequentemente da bexiga - Retocele (nomenclatura em desuso): descenso da parede vaginal posterior e, consequentemente do reto - Enterocele (nomenclatura em desuso): descenso da parede apical e, consequente prolapso do intestino delgado - Prolapso uterino: descenso da parede apical, consequentemente do útero - Prolapso de paredes anterior, posterior e apical (nomenclatura atual) • Fatores de risco - Idade (perda de colágeno) - Gestação (aumento da pressão abdominal) - Parto vaginal (principal, distensão importante do assoalho pélvico) - Menopausa (hipoestrogenismo e envelhecimento) - Traumas do assoalho pélvico - Obesidade (aumento crônico da pressão abdominal) - Tabagismo (diminui colágeno) - Tosse crônica (aumento crônico da pressão abdominal) - Constipação (aumento crônico da pressão abdominal) - Fatores genéticos • Sustentação pélvica - 3 níveis de De Lancey - Perda de um dos componentes da sustenção, podemos ter um prolapso > Levantadores do ânus – nível 3 > Tecido conectivo (ligamentos e fáscias) + parede vaginal – nível 2 > Ligamento uterossacro – nível 1 Nível 3 – Levantadores do ânus - Contraem diante de um aumento da pressão abdominal • Diagnóstico - Sensação de “bola na vagina” - Sintomas urinários (p. anterior) ou gastrintestinais (p. posterior) - Prolapso ao Valsalva - Classificação ao exame físico • Classificação de POP-Q - Ponto fundamental: Ba – Parede anterior - Ponto fundamental: Bp – Parede posterior - Ponto fundamental: C – Colo uterino - Ponto fundamental: D – Fundo de saco de Douglas - Ponto 0 é a carúncula himenal, tudo que for para cima (para dentro) é negativo; tudo que for para baixo (para fora) é positivo - Medir sempre em centímetros • Estadiamento - Em pacientes histerectomizadas, o ponto D deixa de existir, só existe ponto C (cúpula) - Em pacientes não histerectomizadas, o ponto C se refere a colo uterino, a diferença entre o ponto D e C nos da o valor do comprimento do colo (CVT) - Definimos prolapso apical quando a diferença entre o CVT e o ponto D for > 2 • Estadiamento – Classificação Baden-Walker (menos utilizada) • Tratamento - Tratar somente se queixas, é benigno Conservador - Pessários: indicado em todos os tipos de prolapsos - Fisioterapia: indicado em prolapsos estádio I e II - Pacientes com idade muito avançada, com comorbidade grave e/ou múltiplas > optar por tratamento conservador Cirúrgico - Depende da parede prolapsada Anterior - Colpoplastia anterior Posterior - Colpoplastia posterior Apical - Histerofixações e colpofixações (Sacrocolpofixação – abdominal; Fixação ao ligamento sacroespinhal – vaginal) - Histerectomia ? (divergência) Obliterativo - Pacientes em condições clínicas desfavoráveis > mais rápidos e menor mórbidos - Fechamento completo da vagina - Impossibilidade de manter vida sexual ativa - Elevada eficácia - Técnica: colpocleise/cirurgia de LeFort • Rotura perineal - Diagnóstico ideal é no intraparto - Queixa de “frouxidão vaginal” - Diagnóstico pelo afastamento dos músculos perineais - HG > CP (suspeita) - Tratamento: perineoplastia Incontinência urinária • Definição - Perda involuntária de qualquer volume de urina - Divide-se em incontinência urinária aos esforços (IUE) e incontinência urinária de urgência - Bexiga hiperativa é um quadro de urgência urinária que pode cursas com ou sem incontinência • Epidemiologia - Mais comuns em mulheres do que em homens devido ao menor comprimento uretral e maior chance de injúria musculofascial durante a gestação e o parto • Neurofisiologia do Trato Urinário Inferior (TUI) - Continênciaurinária é possível devido à existência de uma pressão uretral maior do que a pressão intra-vesical, tanto em repouso quando ao esforço - Exige-se um funcionamento normal do sistema nervoso central, do sistema periférico, da parede vesical, do músculo detrusor, bem como preservação da função e anatomia do colo vesical e da uretra Mecanismos de manutenção da continência - Extrínseco ou mecanismo ativo: tecido conjuntivo subperitoneal e sua fixação à parede pélvica; músculo elevador do ânus; conexão dos músculos elevadores do ânus ao tecido conjuntivo pélvico subperitoneal; coordenação da contração dos elevadores do ânus nos momentos de aumento súbito da pressão intra-abdominal – formam uma rede ao redor da uretra, que permanece tensa em vigência de aumentos da pressão intra-abdominal - Intrínseco ou mecanismo passivo: inervação autonômica (SNSimpático) e tônus uretral mediado por receptores alfa-adrenérgicos; musculatura estriada da parede uretral; coaptação da mucosa uretral; plexo vascular submucoso da uretra; musculatura lisa da parede uretral e vasos periuretrais; elasticidade da parede uretral – qualquer afecção que afete algum destes componentes gera incompetência intrínseca Fase de enchimento vesical e armazenamento urinário - Impulsos aferentes são enviados pelas raízes dorsais sacrais de S2-S4 ao centro de micção - Sensação de enchimento vesical é alcançada quando o volume da bexiga atinge aproximadamente 200ml - Conforme a bexiga enche, o fechamento da uretra se mantém pelos mecanismos (extrínseco e intrínseco) - Com o enchimento vesical aumentando, o desejo urinário é percebido com mais intensidade - Pode ocorrer contração voluntária do assoalho pélvico para tentar manter o fechamento uretral - A fase de esvaziamento/micção pode ser dividida em fase de iniciação e fase de micção - A inibição cortical é suprimida permitindo uma descarga rápida de impulsos eferentes parassimpáticos causando a contração do detrusor - Uma vez iniciado, o processo requer poucos elementos para se manter - A interrupção voluntária da micção ocorre pela contração do assoalho pélvico, que provoca um rápido aumento da pressão intrauretral, excendendo assim a pressão intravesical, e por conseguinte parando o fluxo urinário • Fatores de risco - Idade (a incidência e a gravidade da incontinência aumentam com o envelhecimento) - Raça negra parece ter menor prevalência de IU quando comparada à raça branca - Doenças crônicas e sistêmicas como DPOC, DM, insuficiência vascular e doenças neurológicas - Neuropatia diabética - Obesidade - Obstipação - Antecedentes de afecções do trato urinário como infecções de repetição, litíase renal, tumores urológicos e cirurgias prévias - História obstétrica – risco maior em mulheres previamente submetidas à cesariana ou parto normal em comparação a nulípara (pode haver um efeito protetor de curto prazo da cesárea para prevenção de incontinência) - Baixos níveis de estrogênio - Uso de medicamentos (benzodiazepínicos), álcool, drogas anticolinérgicas, agente alfa- adrenérgicos, alfa-bloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, diuréticos, inibidores da enzima conversora de angiotensina (pode causar tosse crônica aumentando a pressão abdominal) • Exame físico - Paciente em posição ginecológica para avaliar condições da pele vulvar, procurando sinais de contato constante com urina - Avaliar trofismo genital, meato uretral e possíveis prolapsos genitais - Avaliar a funcionalidade do assoalho pélvico: é avaliada a capacidade contrátil do assoalho pélvico a partir da inspeção e palpação do músculo elevador do ânus. Pedir para paciente contrair a musculatura pélvica, possibilitando avaliação do tônus e duração da contração - O toque vaginal possibilita afastar alterações pélvicas e vaginais - Teste da perda urinária: deve ser realizado com a bexiga repleta de urina ou SF instilado previamente (200 a 300ml), pede-se para a paciente realizar manobras de esforço e observa-se a perda de urina. A ausência da perda não descarta IU • Exames complementares - Urina tipo I (EAS), ou exame parcial simples de urina, ou sumário de urina, ou exame quantitativo de urina - Urocultura - Diário ou calendário miccional - Teste do absorvente ou Pad-test: quantificação indireta da perda urinária - Estudo da mobilidade do colo vesical: teste do cotonete, exames radiológicos e ultrassonografia - Teste de Bonney: avalia perda de urina aos esforços - Uretroscopia - Avaliação urodinâmica: urofluxometria, cistometria, estudo miccional, perfil pressórico uretral, eletromiografia • Classificação Incontinência urinária de esforço (IUE) - Tipo mais frequente - Definifa por um sintoma (perda de urina aos esforços relatada pela paciente), um sinal (perda involuntária pelo óstio uretral externo após esforço, observado pelo examinador no EF) ou uma condição urodinâmica (toda perda involuntária de urina pelo meato externo que ocorre quando a pressão intravesical excede a pressão máxima de fechamento uretral, na ausência de contraçnao do músculo detrusor) - Classificação de Blaivas e Olsson: Fisiopatologia - Principal teoria é a da hipermobilidade da uretra e do colo vesical, a qual defende a ocorrência de incontinência pela alteração à mudança da posição do colo vesical e da uretra proximal - Outras teorias (teoria integral; deficiência do mecanismo esfincteriano intrínseco da uretra; defeitos do tecido conjuntivo; teoria molecular) Fatores de risco - Via de parto e número de gestações - Deficiência estrogênica - Traumatismos pélvicos - Cirurgias em torno do colo vesical - Cirurgias pélvicas radicais - Outros fatores Diagnóstico - Anamnese + exame físico geral e ginecológico - Estudo urodinâmico Bexiga hiperativa = incontinência urinária de urgência - Prevalência aumenta com a idade - Presença de sintomas de urgência, com ou sem urgeincontinência, frequentemente associada à frequência e a noctúria - A perda de urina ocorre algum tempo depois do início do esforço ou persisto após o seu término, ou ainda, surge com outros estímulos como o simples ruído de água - Perda urinária, em geral, em jato, em grande quantidade e reflete contração não inibida do detrusor - É diferente de hiperatividade do detrusor que é um diagnóstico urodinâmico Classificação - Idiopática: instabilidade do detrusor (forma mais frequente) - Neurogênica ou hiper-reflexia do detrusor: disfunção do arco reflexo sacral, do córtex cerebral e/ou de outros centos neurológicos fundamentais aos controles voluntário e involuntário Diagnóstico clínico e urodinâmico - Sintomas de urgência + urgeincontinência, noctúria, associado ao exame urodinâmico com contrações não inibidas do detrusor evidenciadas na cistometria - Pode haver a associação de IUE e HD na mesma paciente > incontinência urinária mista (IUM) Incontinência mista - Associação de incontinência urinária aos esforços com hipereatividade do detrusor - Alteração anatômica + contrações não inibidas do detrusor - Primeiramente tratar o componente da hiperatividade Incontinência por transbordamento - Perda urinária que acontece quando a pressão intravesical excede a pressão uretral. Associa-se à distensão vesical, mas em ausência de atividade do detrusor - Comum em pacientes com lesões neurológicas - Pode ocorrer nas bexigas espásticas (fibrose pós-radiação) e nas bexigas atônicas (consequência de lesão neurológica) - O tratamento será sintomático, visando corrigir a constipação, evitar infecções urinárias e lesões químicas (através de autocateterismo), que podem ser desencadeadas pela presença da urina. Em caso de uso de medicamentos que aumentem o tônus esfincteriano uretral, ou diminuam a contratilidade do detrusor, deve-se avaliar a possibilidade de suspensão dos mesmos Miscelânea - Lesõesuretrovesicais tais como pólipos, divertículos, cistite intersticial crônica e os tumores. Podem interferir no mecanismo esfincteriano • Tratamento Incontinência urinária de esforço – IUE - Tratamento conservador: indicado para pacientes com quadro leve de IU com discreto ou nenhum comprometimento anatômico do assoalho pélvico (mudanças de hábito de vida; exercícios perineais [Kegel]; eletroestimulação; cones vaginais; pessários; biofeedback) - Tratamento clínico ou farmacológico: Duloxetina – inibidor da receptação de serotonina e norepinefrina (ISRS); Agonista alfa-adrenérgico; Reposição estrogênica - Tratamento cirúrgico: pacientes refratárias ao tratamento conservador (Procedimento de reparo anterior; procedimentos transvaginais com agulha; uretropexia retropúbica; slings; injeções periuretrais) Bexiga hiperativa - Tratamento clínico, independente da presença ou não de hiperatividade do detrusor - Medidas gerais: redução de peso; redução da ingesta hídrica; redução do uso de cafeína; suspensão do tabagismo; melhora da função intestinal - Tratamento clínico: drogas com propriedade anticolinérgicas que bloqueiam os receptores muscarínicos da bexiga – Cloridrato de oxibutinina; Tolterodina; antidepressivos tricíclicos; outros anticolinérgicos; toxina botulínica - Técnicas comportamentais: retreinamento vesical; cinesioterapia com ou sem biofeedback; eletroestimulação (EE); psicoterapia e hipnose Incontinência urinária mista – IUM - Dependerá da intensidade dos sintomas - Prioriza-se primeiramente o tratamento do componente da hiperatividade Climatério e menopausa • Introdução - Menopausa é a consequência da atrofia que ocorre nos folículos ovarianos durante a vida - Ocorre uma quase cessação completa da produção ovariana de estrógeno e progesterona, por conta da queda do estrogênio uma parte das mulheres possui irregularidades ao menstruar - Ocorre também corpo lúteo insuficiente e déficit de progesterona ou resistência folicular ao estímulo ovulatório • Conceitos - Climatério: o período de vida da mulher compreendido entre o final do período reprodutivo até a senilidade, considerado o período não reprodutivo - Ocorre entre 40 a 65 anos - Dentro do período de climatério ocorre a menopausa e corresponde ao último ciclo menstrual espontâneo da mulher, reconhecida após 12 meses consecutivos de amenorreia - Se dá em média aos 51 anos, sendo considerada como menopausa precoce quando se estabelece antes dos 40 anos de idade, e tardia após os 55 anos - Climatério é um período e a menopausa é uma data • Fisiopatologia Alterações do Eixo-Hipotálamo- hipófise-ovários - Durante a vida reprodutiva da mulher, o GnRH é liberado de forma pulsátil pelo hipotálamo e se liga aos seus receptores na hipófise para estimular a liberação cíclica das gonadotrofinas: LH e FSH. Elas estimulam a produção de estrogênio e progesterona, e também do peptídeo hormonal inibina - O estrogênio e a progesterona exercem feedback positivo e negativo sobre a produção das gonadotrofinas hipofisárias e sobre a frequência da liberação do GnRH - A inibina exerce feedback negativo sobre a secreção de FSH - Esse sistema endócrino, se regulado, produz ciclos menstruais ovulatórios regulares - Durante a vida, esse eixo sofre alterações no metabolismo dopaminérgico e diminuição dos receptores estrogênicos - No final da transição menopáusica, a mulher passa a apresentar redução da foliculogênese e maior incidência de ciclos anovulatórios - Os folículos sofrem taxa acelerada de perda até que ocorre um esgotamento no suprimento de folículos, reduzindo ainda mais a secreção de inibina - Com a insuficiência ovariana, a liberação de estrogênio cessa, ativando o feedback negativo. Como consequência, o GnRH é liberado com mais frequência, e os níveis de LH e FSH aumentam e se tornam 4x maiores que no ciclo reprodutivo Alterações ovarianas - No nascimento, os folículos primordiais são ativados continuamente, amadurecem parcialmente e regridem. Essa ativação folicular prossegue em um padrão constante, independente de estimulação hipofisária - Os ovários vão reduzindo de tamanho no decorrer da vida feminina, principalmente no climatério Alterações nos Esteroides Suprarrenais - O sulfato de desidroepiandrosterona (SDHEA) é produzido quase exclusivamente pela suprarrenal - Com o avanço da idade, observa-se declínio na produção suprarrenal de SDHEA Alterações no Nível de Globulina de Ligação ao Hormônio Sexual - Os principais esteroides sexuais, estradiol e testosterona, circulam no sangue ligados a um transportador produzido no fígado, conhecido como globulina de ligação ao hormônio sexual (SHBG) - A produção de SHBG declina após a menopausa, o que pode aumentar os níveis de estrogênio e testosterona livres ou não ligados Alterações endometriais - O endométrio se torna atrófico em razão da ausência de estimulação estrogênica • Fatores influenciadores do envelhecimento ovariano - Fatores socioeconômicos: mulheres que exercem atividades estressantes têm mais chances de entrar na menopausa mais cedo - Paridade: nulíparas têm menopausa mais precocemente; aumento da paridade correlaciona- se à menopausa mais tardia devido a diminuição do número de ciclos menstruais ovulatórios - Tabagismo: idade da instalação da menopausa é antecipada de 12 a 18 meses (deficiência estrogênica causada pelo tabaco) - Altitude: mulheres que vivem em países de altitudes maiores podem apresentar menopausa em idade mais precoce - Nutrição: deficiência nutricional e baixo peso levam a ocorrência precoce da menopausa - Fatores cirúrgicos e medicamentosos: quimioterapia, radioterapia pélvica, cirurgias ovarianas e histerectomia também podem resultar na antecipação da menopausa • Sintomas do climatério - Disfunções menstruais; sintomas vaso motores; modificações da morfologia como atrofia mamária e urogenital; alterações de pele e mucosas; alterações de sistemas como o cardíaco e o musculoesquelético Manifestações menstruais - Diminuição entre o intervalo das menstruações (elevados níveis de gonadotrofinas; persistência dos níveis de estrógeno e ausência de progesterona) - Anovulação é a causa mais comum de sangramentos erráticos durante a transição, mas é importante considerar outras causas como hiperplasia e carcinoma endometrial, neoplasias sensíveis ao estrogênio, como pólipos endometriais e leiomiomas uterinos, e episódios relacionados com gravidez Manifestações neurogênicas/vasomotoras - Ondas de calor (fogachos), sudorese, calafrios, palpitações, cefaleia, tonturas, parestesia, insônia, perda de memória, fadiga Manifestações psicogênicas - Diminuição da autoestima, irritabilidade, labilidade afetiva, sintomas depressivos, dificuldade de concentração e memória, dificuldades sexuais e insônia Manifestações no metabolismo ósseo - Perda óssea e as fraturas osteoporóticas são bem comuns nas mulheres na menopausa - A queda do estrogênio aumenta a atividade dos osteoclastos (reabsorção de cálcio/reabsorção óssea) e diminui a atividade dos osteoblastos (deposição de cálcio/remodelação óssea) Manifestações no metabolismo lipídico - Após a menopausa, os níveis de LDL aumentam em contrapartida com o de HDL que sofrem uma queda Manifestações urogenitais - A deficiência estrogênica ocasiona atrofia epitelial da bexiga, uretra, órgãos genitais e dos tecidos de sustentação, manifestando-se com prolapsos genitais, sintomas vaginais como ressecamento, sangramento e dispareunia, e sintomas uretrais como disúria, frequência e urgência miccional Manifestações tegumentares - A derme diminui a síntese de ácido hialurônico - A pele perde a elasticidade, músculos enfraquecem e ficam frouxos, o coxim subcutâneo dissolve-se e a pelefica mais afinada, permitindo o aparecimento de rugas - Surgimento de manchas hipocrômicas ou formação de sardas e melanose nas áreas expostas ao sol, devido a diminuição do número de melanócitos Outras alterações - Involução das mamas e de todo o tecido das glândulas, exceto o adiposo, onde as mamas terminam ficando mais pesadas, flácidas e pêndulas • Diagnóstico - Essencialmente clínico - Em alguns casos, há indicação de realizar exames para excluir outras causas - O FSH é o marcador mais confiável • Tratamento - TRH - Atividade física; alimentação saudável; combate ao tabagismo e ao excesso de peso - Orienta-se tratar as sintomáticas com menopausa menor que 10 anos ou abaixo dos 60 anos - Contraindicação: câncer de mama, doença hepática ativa, câncer de mama e endométrio, porfiria, sangramento vaginal de causa desconhecida, doenças coronarianas ou cerebrovascular, LES, meningioma, histórico de trombose venosa profunda, tromboembolismo pulmonar, infarto agudo do miocárdio, AVC - Principal hormônio utilizado é o estrogênio (melhor para minimizar os fogachos) - A TRH pode ser por esquema puro estrogênico ou combinado com progesterona - Em pacientes histerectomizadas a reposição deve ser apenas com estrogênio - Mulheres com útero, a terapia é combinada (estrogênio + progesterona), já que a progesterona é usada para proteção endometrial - Levar em conta a individualidade de cada mulher: > Janela de oportunidade para início da terapia de reposição hormonal > Vias de administração da terapia de reposição hormonal > Esquemas de terapia de reposição hormonal propriamente ditos Janela de oportunidade - SOBRAC indica que a TRH deve ser realizada nos primeiros meses ou anos após a menopausa para prevenir riscos cardiovasculares Vias de administração da TRH - Vias: oral, parenteral, transdérmica, percutânea, implante subdérmico, vaginal, intramuscular VO - Facilidade de administração - O estrogênio VO eleva níveis séricos de HDL e diminui LDL (pela metabolização hepática) • Esquemas de TH - Podem ser estrogênicos puros, estroprogestagênicos/combinada e outras, como: tibolona, anticonvulsivantes ou inibidores seletivos da recaptação da serotonina Esquemas de Estrogênios Puros - Indicação exclusiva para mulheres histerectomizadas - Via oral: estradiol ou os estrogênios conjugados - Via transdérmica, percutânea ou subdérmica: estradiol - Deve ser administrado de forma contínua, já que podem ocorrer sintomas climatéricos nos intervalos de esquemas cíclicos - Iniciar o tratamento com dose baixa Esquemas Estroprogestativos/Combinados - As doses são extremamente variáveis a depender de vários fatores: do esquema escolhido, da dose de estrogênio e da via de administração Outras opções - Tibolona: tem propriedade estrogênica, progestagênica e androgênica; ela não estimula o tecido mamário - Inibidores seletivos da recaptação da serotonina: eficazes nas queixas vasomotoras, os mais usados: desvenlafaxina, venlafaxina, paroxetina, escitalopram e citalopram Insuficiência Ovariana Prematura • IOP - Perda da atividade ovariana antes dos 40 anos - Menstruações irregulares com ciclos longos ou ausentes associadas à redução da capacidade ovariana de produzir esteroides sexuais, acompanhada por aumento de gonadotrofinas = hipogonadismo hipergonadotrófico • Mecanismos - Depleção folicular: mais comum, pode ser consequência de redução do número inicial de folículos primordiais, aumento da apoptose ou destruição folicular - Disfunção folicular: falha na resposta do folículo às gonadotrofinas - Causas genéticas: anomalias numéricas ou estruturais do cromossomo X; raras - Causas autoimunes: 20 a 30% dos casos; tireoidite de hashimoto; insuficiência adrenal; DM1; LES; AR - Causas iatrogênicas: cirurgias pélvicas (redução do tecido ovariano); quimioterapia (depleção dos folículos primordiais); radioterapia • Diagnóstico - História clínica + níveis elevados de gonadotrofinas - FSH > 25 mUI/mL, em 2 dosagens com intervalo superior a 4 semanas, em mulheres abaixo dos 40 anos - Clínica: oligo/amenorreia por pelo menos 4 meses Exames - FSH - Prolactina - TSH - Hormônio anti-mulleriano (AMH) – indicação restrita - Densitometria óssea - USG pélvico • Orientações - Estilo de vida saudável, incluindo exercícios físicos resistidos, não fumar e manter peso corporal adequado - Ingestão adequada de cálcio e vitamina D - Avaliação do risco cardiovascular, incluindo aferição da pressão arterial pelo menos anualmente e perfil lipídico a cada 5 anos - Importância da TH, ajustando-se o esquema conforme a resposta clínica e com reavaliação anual • Tratamento - Histerectomizadas: não necessitam associar progestagênicos à reposição estrogênica, com exceção aos casos de endometriose prévia - Via transdérmica é a preferencial para mulheres com comorbidades tais como hipertensão arterial, obesidade e com fatores de risco para TEV - Mulheres com sintomas geniturinários se beneficiam de estrogênio vaginal - Mulheres com útero intacto devem acrescentar um progestagênio para proteção endometrial em esquema contínuo ou cíclico/sequencial - TH não tem ação contraceptiva - Recomenda-se que a TH seja mantida até a idade habitual da menopausa Reposição androgênica - Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo - 3 a 6 meses com reavaliação clínica e laboratorial da testosterona sérica - Não há formulações aprovadas disponíveis para comercialização no Brasil Neoplasias malignas de corpo uterino e endométrio • Hiperplasia endometrial Causas - Terapia hormonal (só estrogênio) - SOP (ciclos anovulatórios, só estrogênio atua nos ciclos) - Tamoxifeno (estimula estrogênio no endométrio) - Obesidade (maior produção de estrogênio [estrona]) Quadro clínico - Oligo/assintomática - Achado de exames (USG de rotina) - Sangramento uterino (todo sangramento pós-menopausa deve ser investigado, pois a causa mais comum de sangramento pós-menopausa é a atrofia endometrial) Exames complementares - USGTV (avalia espessura do endométrio): se a espessura endometrial for < 5mm = menor chance de câncer - Avaliar cavidade endometrial (biópsia de endométrio): se espessura > 5mm ou sangramento persistente, avalia a cavidade endometrial através da histeroscopia com biópsia (ou outros métodos, como curetagem uterina e aspirado endometrial) Classificação Nova classificação (NIEs) - Hiperplasia endometrial benigna (sem atipias) - Neoplasia intraepitelial endometrial (com atipias) - Carcinoma de endométrio - Conduta: avaliar risco cirúrgico, condição clínica e desejo reprodutivo Tratamento - Hiperplasia SEM atipias: seguimento clínico - Hiperplasia COM atipias: tratamento individualizado, avaliar desejo reprodutivo (o melhor tratamento é retirar o útero – histerectomia total + salpingectomia bilateral, se pós menopausa, retira ovários também; se ainda em idade fértil, pode manter ovários); se for uma paciente que quer engravidar, podemos tentar tratamento hormonal à base de progesterona (VO, via vaginal, DIU – mirena) por 6 meses e reavalia • Câncer de endométrio Fatores de risco - Menarca precoce - Menopausa tardia - TRH - Obesidade - SOP - Síndrome de Lynch - Tamoxifeno • Fatores de proteção - Anticoncepcional hormonal - Tabagismo Quadro comparativo Tipos - Tipo I: quadro clínico de paciente com endométrio estimulado pelo estrogênio a longo prazo e sem reposição adequada de progesterona; tem lesões pré- malignas como atipias; grau histológico baixo - Tipo II: mais agressivo; invasão do miométrio é mais profunda - Tipo I: 80% dos casos; mais precoce; sangramento uterino pós-menopausa- Tipo II: 20% dos casos; relacionado a alteração do gene P53; mais em idosas (60-70 anos) Estadiamento - Cirúrgico Tratamento cirúrgico - Lavado peritoneal - Histerectomia total (principal) - Salpingo-ooforectomia bilateral (retirada das tubas e ovários) - Linfadenectomia pélvica (retirada dos linfonodos) - Linfadenectomia para-aórtica - Omentectomia Tratamento adjuvante - Casos selecionados (mais avançados) - Radioterapia/quimioterapia Tratamento paliativo - Radioterapia paliativa - Controle de sintomas locais (sangramento) Neoplasias malignas de colo uterino • HPV - Etiologia mais comum do câncer de colo de útero - Transmissão: contato (sexual) - Alta prevalência - + 100 subtipos - Oncogênicos: 16, 18, 31, 33, 35 (16 e 18 são mais prevalentes, alto risco) - Não oncogênicos: 6, 11 (verrugas, condiloma acuminado) - A maior parte das pessoas consegue eliminar o vírus, as que podem progredir são mais relacionadas aos subtipos 16, 18, 30 • Colo do útero - Endocérvice: epitélio glandular colunar - Ectocérvice: epitélio escamoso estratificado - Encontram-se na JEC (zona de transformação, é mais vulnerável à ação do HPV) - Metaplasia: transformação do epitélio glandular em escamoso • Colposcopia - Avalia o colo e a ZT - Magnificação da visão da JEC - Indicações específicas - Células brancas significam alteração: acetorreagentes e não iodorreagentes Ácido acético - Cora proteínas intracelulares (se tem HPV se replicando muito, cora e fica mais branca) - Evidencia células alteradas - Evidencia áreas acetorreagentes Lugol - Cora glicogênio (HPV em alta replicação tem baixo estoque de glicogênio, vai ficar apagado) - Células alteradas: iodo negativo = Schiller + • Vacina - Prevenção primária - Feita com partículas de vírus - Objetivo: diminuir câncer de útero; diminuir verrugas e outros cânceres - Tetravalente (SUS): subtipos 16, 18, 6 e 11 - Meninas: 9 a 14 anos – 1 dose - Meninos: 9 a 14 anos – 1 dose - HIV +: 9 a 45 anos – 3 doses (0, 2 e 6 meses) - Oncológicos em QT/RT ou transplantados: até 45 anos – 3 doses (0, 2, 6 meses) - Vítimas de violência sexual: 15 a 45 anos – 3 doses (0, 2, 6 meses) - Gestantes: não devem ser vacinadas • Papanicolaou - Prevenção secundária - Importante para diagnóstico de lesões precursoras pré-malignas (assintomáticas e curáveis) - Avalia a progressão para o câncer (8 a 10 anos) - Alvo: mulheres que já tiveram relação sexual; idade 25 a 64 anos - Frequência: a cada 3 anos após 2 exames normais anuais consecutivos Por que não iniciar antes dos 25? - Baixa incidência - Lesões de baixo grau tendem a regressão Como colher? - Amostra endocervical - Amostra ectocervical Adequalidade da amostra - Precisa ter células escamosas - Precisa ter células glandulares - Precisa coletar as células metaplásicas (ZT) Gestantes - Pode colher, de acordo com a idade e fatores que influenciam na frequência da coleta Pós-menopausa - Pode colher, de acordo com a idade e fatores que influenciam na frequência da coleta - Avaliar atrofia por hipoestrogenismo Histerectomizadas - Se histerectomia total (retirou colo): parar rastreamento, desde que tiver retirado devido lesão benigna, sem história de lesões de alto grau - Se histerectomia subtotal (não retirou colo): continuar rastreamento Imunossuprimidas (HIV, transplante, câncer, corticoide) - Coleta semestral no 1˚ ano - Anual depois HIV + com CD4 < 200 células - Continuar coleta semestral • Alterações de CCO Progressão da doença - LSIL (baixo grau): altos índices de regressão - HSIL (alto grau): altos índices de progressão para câncer Alterações ASC-US - Mais comum - Células escamosas atípicas de significado indeterminado, provavelmente não neoplásicas – atipia citológica mais comum - ≥ 30 anos – repetir em 6 meses - 25 a 29 anos – repetir em 1 ano - < 25 anos – repetir em 3 anos - Se HIV, imunossuprimidas – encaminha para colposcopia - Gestante – seguimento normal ASC-H - Células escamosas atípicas de significado indeterminado, quando não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau - Conduta: colposcopia AGC - Células glandulares atípicas - Conduta: colposcopia - ≥ 35 anos – colposcopia + USGTV LSIL (NIC 1) - Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau - 2˚ atipia citológica mais comum - Manifestação citológica da infecção pelo HPV - Alto potencial de regressão - ≥ 25 anos – repetir em 6 meses - < 25 anos – repetir em 3 anos ou com 25 anos - HIV, imunossuprimidas – colposcopia - Gestante – repetir 3 meses pós-parto - Pós-menopausa – seguimento normal HSIL (NIC 2 ou 3) - Lesão intraepitelial escamosa de alto grau - Inaceitável só repetir CCO (papanicolaou) - Conduta: colposcopia - Achados anormais – já realiza EZT (exérese da zona de transição) no momento da colposcopia • Câncer de colo de útero Epidemiologia - 3˚ câncer mais comum entre as mulheres - Idade média ao diagnóstico: 45 anos História natural da doença - Lesão pré-maligna > câncer invasivo Lesões pré-malignas - NIC 2 e NIC 3 > CAF ou conização Câncer do colo de útero - Infecção pelo HPV - Subtipos oncogênicos Fatores de risco - HPV - Início precoce da atividade sexual - Múltiplos parceiros - Tabagismo - Baixo nível socioeconômico - Imunossupressão - ISTs Quadro clínico - Assintomáticas - Sangramento vaginal - Sinusorragia (sangramento pós coito) - Corrimento vaginal fétido - Dor - Alterações urinárias/intestinais Exame físico - Exame especular (colo/vagina) - Toque vaginal - Toque retal - Palpação de linfonodos Diagnóstico - Papanicolaou - Exame de rastreamento - Histologia (padrão ouro para confirmação) - Biópsia incisional (na colposcopia) - Biópsia excisional (na conização) Tipos histológicos - Carcinoma de células escamosas ou epidermóide (80%) - Adenocarcinoma (15%) Progressão - Contiguidade (principal): vagina, paramétrios, bexiga, reto, parede pélvica - Disseminação linfática - Disseminação hematogênica (mais tardia) Estadiamento - Clínico! - FIGO 2018: incorporar cada vez mais exames de imagem (TC/RM); incorporar linfonodos no estadiamento - FIGO 2018: palpação; inspeção; colposcopia; histeroscopia; cistoscopia; USG vias urinárias; curetagem cervical; proctoscopia; pielografia intravenosa; Rx tórax Tratamento - De acordo com o estado clínico - IA1 – Conização; histerectomia tipo 1 - IA2 – Traquelectomia + linfadenectomia; histerectomia radial, modificada - IB1, IB2 e IIA1 – Histerectomia radical + linfadenectomia; histerectomia total + ressecção de paramétrios + 1/3 superior da vagina + linfadenectomia Tratamento adjuvante (pós-operatório) - QT + RT - LND + - Paramétrio + - Margens + - Tumor > 4cm - Invasão linfo-vascular Seguimento - Exame ginecológico 3/3 meses - Citologia vaginal - Radiografia de tórax - USGTV e ABD • Lesões pré-malignas e malignas de vulva e vagina - LSIL ou LIEBG – tende a regressão - HSIL ou LIEAG – tende a progressão para câncer NIC 2 e NIC 3 - Pacientes > 25 anos e que chegam com resultado de biópsia com NIC 2/3 – conização (cirurgia) Lesões pré-malignas de vagina - Associação com o HPV - Diagnóstico: biópsia (geralmente na colposcopia); acetorreagentes e iodo negativo (Schiller +) - NIVA 1 (neoplasia intraepitelial vaginal grau 1): alta chance de eliminação espontânea – seguimento semestral - NIVA 2 e 3 (neoplasia intraepitelial vaginal grau 2/3): risco de evolução no longo prazo para o câncer de vagina – técnicas destrutivas ou excisão (excisão > bisturi elétrico, lâmina fria e laser de CO2) Lesões pré-malignas de vulva - Associação com HPV - Lesões relacionadas ao HPV de alto risco (oncogênicos) - Diagnóstico: biópsia (vulvoscopia ou “olho nu”); acetorreagentes - NIV 1 (neoplasiaintraepitelial vulvar grau 1): alta chance de eliminação espontânea – seguimento semestral - NIV 2 e 3 (neoplasia intraepitelial vulvar grau 2/3): risco de evolução no longo prazo para o câncer de vagina – técnicas destrutivas ou excisão (excisão > bisturi elétrico, lâmina fria e laser de CO2; risco de deformidades locais Líquen escleroso - Lesão vulvar benigna - Associação à malignidade (câncer de vulva) - Quadro clínico: prurido, escoriações, espessamento da pele vulvar - Diagnósticos diferenciais: líquen plano, NIV, vitiligo (apesar da despigmentação, a arquitetura vulvar está intacta) - Exame físico: porcelana; pápulas brancas e atróficas que coalescem em placas brancas; regressão/apagamento dos pequenos lábios, encarceramento do clitóris; estenose de introito vaginal; obstrução uretral - Diagnóstico: exame físico, biópsia vulvar + anátomo patológico - Tratamento: corticoide (Proprionato de Clobetasol tópico – 4 semanas)