Prévia do material em texto
1 BIBLIOLOGIA A FORMAÇÃO DO CÂNON DO AT E NT. 1. CÂNON. A palavra cânon deriva do grego “kanõn” (cana, régua), que, por sua vez, se origina do hebraico “kanéh”, “vara ou cana de medir” (Ez. 40:3; 42:16). Mesmo em época anterior ao cristianismo, essa palavra era usada de modo mais amplo, com o sentido de padrão ou norma, além de cana ou unidade de medida. O Novo Testamento emprega o termo em sentido figurado, referindo-se a padrão ou regra de conduta. “O cânon das Escrituras é a lista de todos os livros que pertencem à Bíblia.” (GRUDEM, pág. 28). É a “regra de fé”, os escritos normativos, as Escrituras autorizadas, imbuídas de autoridade; é o padrão, pelo qual tudo o mais deve ser julgado; é a norma que governa a fé e a conduta.; daí tomou o sentido de norma, padrão ou regra (Gl.6:16; Cl. 4:18; Fp.3:16; Ap.21:15). Visto que esses livros vieram da parte de Deus, eram inspirados, então Sagrados e revestidos de sua autoridade. Sendo sagrados e dotados de autoridade divina, eram canônicos, por isso normativos para o fiel israelita. Era dito que eram “livros que sujavam as mãos” daqueles que ousassem tocá-los, as deixavam impuras (Lv. 6:27 16:23, 26,28). Dizer que as Escrituras tornam as mãos impuras era para proteger do uso descuido e da irreverência. A inspiração de Deus num livro é que determina sua canonicidade (primeiro critério de canonicidade). Deus dá autoridade divina a um livro, e os homens de Deus a reconhecem. Deus revela, e seu povo reconhece o que o Senhor revelou. A canonicidade é determinada por Deus e reconhecida pelos homens de Deus. Um livro é importante porque é canônico e é canônico porque é inspirado por Deus. A Canonização de um livro da Bíblia não significa que o povo judeu ou a igreja tenha dado a esse livro a sua autoridade canônica; antes significa que sua autoridade, já tendo sido estabelecida, foi consequentemente reconhecida 2 e assim declarada. A canonização é o reconhecimento de um escrito como sendo divinamente inspirado. “Os livros canônicos são aqueles necessários para a fé e a prática dos crentes de todas as gerações.” (GEISLER & NIX, pág. 255). A crença cristã histórica é que o Espírito Santo, presidiu à formação de cada um dos livros, também lhes dirigiu a seleção e incorporação, continuando assim a cumprir à promessa do Senhor de que ele guiaria os discípulos a toda verdade (João 16:13). 2. O CÂNON DO AT. De onde surgiu a ideia de que o povo de Deus deve preservar uma coleção de palavras escritas de Deus? A própria Bíblia dá testemunho do desenvolvimento histórico do cânon do Antigo Testamento. A comunidade judaica agrupou e preservou as escrituras consideradas sagradas desde o tempo de Moisés. A coleção mais antiga das palavras de Deus eram os Dez Mandamentos. O próprio Deus tendo acabado de falar com ele no monte Sinai, deu a Moisés as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus (Êx 31:18; 32:16; Dt 4:13; 10:4). Os Dez Mandamentos, portanto, constituem o início do cânon bíblico; inicialmente guardada dentro da Arca da Aliança (Dt 10:5; 31:24-26) e depois no interior do Templo (2ªRs 22:8). A referência constante à Lei de Moisés por quase todos os livros canônicos depois do seu tempo mostra que seus escritos se tornaram a “pedra-de-toque” dos escritos que viriam, nenhum escrito poderia contradizer a Torá (critério de canonicidade). Livros do período profético. A coleção de palavras de Deus, dotadas de autoridade absoluta, aumentou ao longo da história de Israel. 3 • Moisés, Êx 17:14; 24:4; 31:18; 32:16; 34:27; 34:1,28; Nm 33.2; Dt 31:9-13, 16, 22-26: 34:1,24-28. • Josué também ampliou a coleção das palavras escritas de Deus (Js 24:26). Mais tarde, outros em Israel, aqueles que exerciam o ofício de profeta, acrescentaram palavras da parte de Deus: • Profeta Samuel (1ªSm 10:25), Natã e Gade (1ªCr 29:29), Semaías e Ido (2Cr 12:15; 13:22); Jeú (2ªCr. 20:34;1ªRs 16:7), Isaías (Is. 30:8; 2ªCr. 26:22; 32:32), Jeremias (Jr 30:2; 36:2-4; 27:31; 51:60). • O conteúdo do cânon do Antigo Testamento continuou aumentando até o fim do processo de escrita. Tendo os profetas Ageu (520 a.C.), Zacarias (520-518 a.C, talvez com material acrescentado depois de 480 a.C.) e Malaquias (435 a.C.), os últimos profetas e o fechamento do cânon do Antigo Testamento (Zacarias 13:2-5; Malaquias 4:5). Assim somente os livros escritos de Moisés a Malaquias, na sucessão dos profetas hebreus eram considerados canônicos (critério canonicidade); ser escrito por um profeta de Deus (Ef. 2:20). Um profeta (gr. prophḗtēs) declara a mente (mensagem) de Deus, que às vezes prevê o futuro (predição), mais comumente, fala sua mensagem para uma situação específica. É alguém inspirado por Deus para predizer ou anunciar (anunciar) a Palavra de Deus, é o porta voz de Deus para os homens (Am. 3:8; Nm. 22:18). Na Bíblia, a profecia é uma mensagem divinamente revelada, por isso uma revelação, que servia, ou serve no que ser refere a Bíblia, para: • Ensinar, sobre Deus e seu relacionamento com a humanidade; • Confrontar, expor o pecado e chamar ao arrependimento; • Alertar, sobre os perigos de continuar no pecado; • Guiar, revelar o que as pessoas deveriam fazer; e • Prever, acontecimentos futuros. 4 O profeta recebia a mensagem diretamente de Deus (Números 12:6). Essa mensagem podia vir na forma de visão, sonho ou palavras. O profeta transmitia a mensagem pregando, escrevendo ou através de suas ações. O trabalho do profeta era muito sério, porque tinha a responsabilidade de transmitir a profecia de maneira correta, sem acrescentar suas ideias ou interpretações pessoais. O profeta (porta voz) era: um homem de Deus (1Rs.12:22), escolhido; um servo (1Rs. 14:18), fiel; um mensageiro (Is. 42:19), envidado; um vidente (Is. 30:9,10), que antevia; do Espírito (Os.9:7), falava pelo Espírito; uma sentinela (Ez. 3:17). Assim temos os princípios de canonicidade do AT. pode ser sumarizado em: • Ser inspirado por Deus; • Ter sido escrito por um profeta de Deus, o profeta deveria ser confirmado por atos de Deus, ser acompanhado pelo poder de Deus em transformar vidas e acontecimentos; • Sua palavra deveria se cumprir e a mensagem deveria falar a verdade sobre Deus e sobre o relacionamento de Deus com os homens (Dt. 13:1- 3; 18:21,22). EXTENSÃO DO CÂNON DO ANTIGO TESTAMENTO a. Homologoumena, literalmente “falado a favor”, “coisas acordadas”, reconhecidos. São os livros que foram aceitos no cânon sem questionamentos. Dos 39 livros 34 tem essa designação. b. Antilegomena, do grego ἀντιλεγόμενα, “falado contra” ou “controverso”, são escritos cuja autenticidade ou valor canônico foram inicialmente contestados: • Ester, pela ausência do nome de Deus; • Cânticos dos Cânticos, consideravam esse cântico sensual em sua essência; • Eclesiastes, pelo seu tom cético, “o cântico do ceticismo”; 5 • Provérbios, centrava-se no fato de alguns dos ensinos do livro parecerem incompatíveis com outros provérbios, alegava-se incoerência interna; e • Ezequiel, porque achava que o livro não estava em harmonia com a lei mosaica, e que os primeiros dez capítulos exibiam uma tendência para o gnosticismo. c. Pseudográficos, “falso escritor”, livros rejeitados por todos como autênticos. São aqueles claramente espúrios em seu conteúdo de modo geral. Embora afirmem ter sido escritos por autores bíblicos, na verdade expressam estilo literário vigente num período muito posterior ao encerramento dos escritos proféticos (de 200 a.C. a 200 d.C.). A maior parte deles consiste em sonhos, visões e revelações no estilo apocalíptico de Ezequiel, Daniel e Zacarias chegando as raias da fantasia e magia. Obs.: Os católicos os chamam de Apócrifos para os distinguir do outro grupo de livros que os protestantes conhecem como apócrifos ou literatura apocalíptica.Lendários 1. O livro do Jubileu 2. Epístola de Aristéias 3. O livro de Adão e Eva 4. O martírio de Isaías Apocalípticos 1. 1Enoque 2. Testamento dos doze patriarcas 3. O oráculo sibilino 4. Assunção de Moisés 5. 2Enoque, ou O livro dos segredos de Enoque 6. 2Baruque, ou O apocalipse siríaco de Baruque* 7. 3Baruque, ou O apocalipse grego de Baruque Didáticos 1. 3Macabeus 2. 4Macabeus 3. Pirke Abote 4. A história de Ahicar Poéticos 1. Salmos de Salomão 2. Salmo 151 Históricos 1. Fragmentos de uma obra de Sadoque 6 d. Apócrifos, “oculto”, do grego “apokryphos”, “obscuro, escondido”, de apo-, “para fora”, mais “kryptein”, “escondido”. A questão diante de nós é a seguinte: verificar se os livros eram escondidos a fim de ser preservados, porque sua mensagem era profunda e espiritual ou porque eram espúrios e de confiabilidade duvidosa. São os escritos judaicos não-canônicos originários do período intertestamentário. Gênero Versão revista padrão (RSV) The New American Bible Didático 1. Sabedoria de Salomão (c. 30 a.C.) 2. Eclesiástico (Siraque) (132 a.C.) O livro da sabedoria Eclesiástico Religioso 3. Tobias (c. 200 a.C.) Tobias Romance 4. Judite (c. 150 a.C.) Judite Histórico 5. 1Esdras (c. 150-100 a.C.) 6. 1Macabeus(c. 110 a.C.) 7. 2Macabeus (c. 110-70 a.C.) 3Esdras* 1Macabeus 2Macabeus Profético 8. Baruque (c. 150-50 a.C.) 9. Epístola de Jeremias (c. 300-100 a.C.) 10. 2Esdras (c. 100 d.C.) Baruque 1-5 Baruque 6 4Esdras* Lendário 11. Adições a Ester (140-110 a.C.) 12. Oração de Azarias (séculos I ou II a.C.) (Cântico dos três jovens) 13. Susana (século I ou II a.C.) 14. Beie o Dragão (c. 100 a.C.) 15. Oração de Manassés (século I ou II a.C.) Ester 10:4-16:24 Daniel 3:24-90" Daniel 13" Daniel 14" Oração de Manasses* 1ª Obs.: Os católicos romanos desde o Concilio de Trento (1545-1563) têm aceito esses livros com a ideia de uma deuterocanonicidade. Deuterocanônico em vez de apócrifo porque entendem que “acrescentado mais tarde ao cânon” (o prefixo deutero significa “segundo”). 2ª Obs.: Os livros são usados para dar apoio a doutrinas extrabíblicas, com relatos fantasiosos e até mesmo heréticos. 7 • Judite e Tobias contêm erros históricos, cronológicos e geográficos; justificam a falsidade e a fraude e faz com que a salvação dependa de obras meritórias (Tb. 12:9). • Eclesiástico e Sabedoria de Salomão ensinam uma moralidade baseada em conveniências. Eclesiástico ensina que dar esmolas propicia expiação pelo pecado (3:30). • Baruque se diz que Deus ouve as orações dos mortos (3:4). • 1ª Macabeus há erros históricos e geográficos e em 2 Macabeus ensina oração pelos mortos, (2Mc12:45,46). 2ª Obs.: A rejeição de 2Esdras é particularmente suspeita, porque contém um versículo muito forte contra a oração pelos mortos (2Esdras 7:105) Embora os Apócrifos não configurem no cânon dos livros inspirados, não se pode despreza-los como se não tivesse valor algum. Quase todos os eruditos bíblicos acordam que os apócrifos tem um valor histórico, são uma fonte de informação sobre a história e a religião da comunidade judaica no período intertestamentário. O testemunho do Novo Testamento. Não temos nenhum registro de alguma controvérsia entre Jesus e os judeus sobre a extensão do cânon. Ao que parece, Jesus e seus discípulos, de um lado, e os líderes judeus ou o povo judeu, de outro, estavam plenamente de acordo o cânon do Antigo Testamento tinham cessado após os dias de Esdras, Neemias, Ester, Ageu, Zacarias e Malaquias. Esse fato é confirmado pelas citações do Antigo Testamento feitas por Jesus e pelos autores do Novo Testamento. Jesus e os autores do Novo Testamento citam mais de 295 vezes várias partes das Escrituras do Antigo Testamento como palavras autorizadas por Deus, mas nem uma vez sequer citam alguma declaração extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro escrito como se tivessem autoridade divina. O testemunho da igreja primitiva através dos Pais da Igreja. A mais antiga lista cristã dos livros do Antigo Testamento que existe hoje é a de Melito, bispo de Sardes, que escreveu em cerca de 170 d.C. Ele não menciona aqui nenhum 8 livro dos apócrifos, mas inclui todos os atuais livros do Antigo Testamento, exceto Ester. 9 3. O CÂNON DO NT. A história do cânon do Novo Testamento é semelhante ao do Antigo mas diferem em alguns aspectos. Em primeiro lugar, visto que o cristianismo foi desde o começo religião internacional, não havia comunidade profética fechada que recebesse os livros inspirados e os coligisse em determinado lugar. Faziam-se coleções aqui e ali, que se iam completando, logo no início da igreja; não há notícia, todavia, da existência oficial de uma entidade que controlasse os escritos inspirados. Por isso, o processo mediante o qual todos os escritos apostólicos se tornassem universalmente aceitos alguns séculos. Felizmente, dada a disponibilidade de textos, há mais manuscritos do cânon do Novo Testamento que do Antigo. Outra diferença entre a história do cânon do Antigo Testamento, em comparação com a do Novo, é que a partir do momento em que as discussões resultaram no reconhecimento dos 27 livros canônicos do Novo Testamento, não mais houve movimentos dentro do cristianismo no sentido de acrescentar ou eliminar livros. Como já dissemos, Deus é a fonte da canonicidade, um livro é canônico porque é inspirado, e é inspirado porque Deus moveu o interior dos homens que o escreveram e moveu as pessoas por intermédio deles. Porque preservar os escritos do Novo Testamento? • Porque eram inspirados (Ef. 2:20). Uma vez inspirados, são valiosos e por serem valiosos devem ser preservados; • Exigências da igreja primitiva. Exigências teológicas e éticas (2Tm. 3:16,17); • Exigência apologéticas. O combate as heresias que surgiam; 10 • Exigência missionária. A necessidade e se traduzir as Escrituras para outros idiomas • Exigências políticas. As perseguições movidas pelo Estado Romano foram um grande motivador para se determinar a canonicidade dos escritos e entrar em acordo sobre quais deveriam arriscar suas vidas. a. O Critério de Canonicidade. (1) Inspiração. A igreja reconhecia a inspiração de certos escritos em razão de sua autoridade intrínseca. Tornaram-se canônicos por que são inspirados e não o contrário. (2) Apostolicidade. O escrito deveria ser de autoria de um apóstolo ou estar debaixo de sua supervisão. Os apóstolos eram pessoas que podiam afirmar: “O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos” (1Jo 1:3); eram o incontestável tribunal de apelação. Assim escreveu outro apóstolo: “Não vos fizemos saber o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a sua majestade” (2Pe 1:16). Essa fonte primordial de autoridade apostólica era o cânon, “reguá”, mediante o qual a primeira igreja escolheu os escritos aos quais obedeceria, pois eram os ensinos dos apóstolos (At 2:42). Assim, o “cânon” vivo das testemunhas oculares tornou-se o critério mediante o qual os escritos canônicos primitivos vieram a ser reconhecidos (Hb 2:3,4). (3) Antiguidade. O escrito deveria pertencer a era apostólica. (4) Ortodoxia. O escrito tinha que defender o ensino apostólico. O ensino já estabelecido pelos apóstolos. O que foi crido em toda parte, sempre e por todos. Excluía-se inovações com relação a doutrina, que não fora ensinada pelos apóstolos ou por Jesus Cristo (Gálatas 1:7-9). (5) Catolicidade ou Universalidade. O escrito não poderia ser de conhecimento local somente, teria que ser conhecido na grande 11 maioria das igrejas; ele tinha que ter uso e circulação na comunidade cristã universal. A lista mais antiga de livros canônicos do Novo Testamento é o Cânon Muratoriano de 170 a.C. AEXTENSÃO DO CÂNON DO NOVO TESTAMENTO. a. Homologoumena, do Novo Testamento, considerados canônicos desde o princípio. b. Antilegomena, foram aqueles questionados ou contestados, à princípio, mas depois aceitos. Cada livro sofreu questionamento por razões particulares. São eles: • Hebreus, foi basicamente a anonimidade do autor que suscitou dúvidas sobre Hebreus. Visto que o autor não se identifica e não afirma ter sido um dos apóstolos (Hb 2:3). O fato de o autor da carta ser anônimo deixou aberta a questão de sua autoridade apostólica. • Tiago, como no caso da carta aos Hebreus, o autor da carta atribuída a Tiago não afirma ser apóstolo; não puderam atestar que esse era o Tiago do círculo apostólico, o irmão de Jesus (At 15 e Gl1). Também havia o problema do ensino a respeito da justificação e das obras, conforme Tiago o apresenta. O aparente conflito entre seu ensino e o de Paulo, sobre a justificação pela fé, representou um peso contra a carta de Tiago. • 2Pedro, a contestação girou em torno da dúvida quanto à sua autenticidade. Há algumas diferenças notáveis de estilo entre as duas cartas de Pedro, mas, não obstante os problemas linguísticos e históricos, há mais do que amplas razões para que aceitemos 2Pedro como livro canônico. • 2ª e 3ªJo, o escritor se identifica apenas como "o presbítero"; por causa dessa anonimidade e de sua circulação limitada, as cartas não 12 gozaram de ampla aceitação, ainda que fossem mais amplamente aceitas do que 2Pedro. • Judas, a maioria da contestação centrava-se nas referências ao livro pseudepigráfico de Enoque (Jd 14,15) e numa possível referência ao livro Assunção de Moisés (Jd 9). As citações pseudepigráficas têm uma explicação, a qual se valoriza muito pelo fato de tais citações não serem essencialmente diferentes das citações feitas por Paulo de poetas não-cristãos (At 17:28; 1Co 15:33; Tt 1:12). Em nenhum desses casos os livros são citados como se tivessem autoridade divina, tampouco as citações representam aprovação integral de tudo que os livros pagãos ensinam. • Apocalipse, a doutrina do quiliasmo (milenarismo), achada em Apocalipse 20, foi o ponto central da controvérsia. O debate em torno do Apocalipse provavelmente durou mais que qualquer outro debate sobre outros livros neotestamentários devido ao mau uso que seitas estavam fazendo dele. A controvérsia chegou até fins do século IV. c. Pseudográficos, “falso escritor”, livros rejeitados como autênticos. Durante os séculos n e m, numerosos livros espúrios e heréticos surgiram e receberam o nome de pseudepígrafos, ou escritos falsos. O conteúdo deles resume-se em ensinos heréticos, eivados de erros gnósticos, docéticos e ascéticos. Praticamente nenhum pai da igreja, nenhum cânon ou concilio declarou que um desses livros seria canônico. No que concerne aos cristãos, esses livros têm principalmente interesse histórico. O número exato desses livros é difícil de apurar, estima-se aproximadamente 280 escritos. Evangelhos 1. O Evangelho de Tomé (século i) é uma visão gnóstica dos supostos milagres da infância de Jesus. 2. O Evangelho dos ebionitas (século ii) é uma tentativa gnóstico-cristã de perpetuar as práticas do Antigo Testamento. 3. O Evangelho de Pedro (século n) é uma falsificação docética e gnóstica. 13 4. O Proto-Evangelho de Tiago (século n) é uma narração que Maria faz do massacre dos meninos pelo rei Herodes. 5. O Evangelho dos egípcios (século ii) é um bnsino ascético contra o casamento, contra a carne e contra o vinho. 6. O Evangelho arábico da infância (?) registra os milagres que Jesus. teria praticado na infância, no Egito, e a visita dos magos de Zoroastro. 7. O Evangelho de Nicodemos (séculos n ou v) contém os Atos de Pilatos e a Descida de Jesus. 8. O Evangelho do carpinteiro José (século rv) é o escrito de uma seita monofisista que glorificava a José. 9. A História do carpinteiro José (século v) é a versão monofisista da vida de José. 10. O passamento de Maria (século rv) relata a assunção corporal de Maria e mostra os estágios progressivos da adoração de Maria. 11. O Evangelho da natividade de Maria (século vi) promove a adoração de Maria e forma a base da Lenda de ouro, livro popular do século xiii sobre a vida dos santos. 12. O Evangelho de um Pseudo-Mateus (século v) contém uma narrativa sobre a visita que Jesus fez ao Egito e sobre alguns dos milagres do final de sua infância. 13-21 .Evangelho dos doze, de Barnabé, de Bartolomeu, dos hebreus (v. "Apócrifos"), de Marcião, de André, de Matias, de Pedro, de Filipe. Atos 1. Os Atos de Pedro (século u) contêm a lenda segundo a qual Pedro teria sido crucificado de cabeça para baixo. 2. Os Atos de João (século ii) mostram a influência dos ensinos gnósticos e docéticos. 3. Os Atos de André (?) são uma história gnóstica da prisão e da morte de André. 4. Os Atos de Tomé (?) apresentam a missão e o martírio de Tomé na índia. 5. Os Atos de Paulo apresentam um Paulo de pequena estatura, de nariz grande, de pernas arqueadas e calvo. 6-8. Atos de Matias, de Filipe, de Tadeu. Epístolas 1. A Carta atribuída a nosso Senhor é um suposto registro da resposta dada por Jesus ao pedido de cura de alguém, apresentado pelo rei da Mesopotâmia. Diz o texto que o Senhor enviaria alguém depois de sua ressurreição. 2. A Carta perdida aos coríntios (séculos n, m) é falsificação baseada em ICoríntios 5.9, que se encontrou numa Bíblia armênia do século v. 3. As (Seis) Cartas de Paulo a Sêneca (século iv) é falsificação que recomenda o cristianismo para os discípulos de Sêneca. 4. A Carta de Paulo aos laodicenses é falsificação baseada em Colossenses 4.16. (Também relacionamos essa carta sob o título "Apócrifos", p. 120-1). 14 Apocalipses 1. Apocalipse de Pedro (também relacionado em "Apócrifos"). 2. Apocalipse de Paulo. 3. Apocalipse de Tomé. 4. Apocalipse de Estêvão. 5. Segundo apocalipse de Tiago. 6. Apocalipse de Messos. 7. Apocalipse de Dositeu. Os três últimos são obras coptas do século m de cunho gnóstico, descobertas em 1946, em Nag-Hammadi, no Egito.* Outras obras 1. Livro secreto de João 2. Tradições de Matias 3. Diálogo do Salvador d. Apócrifos, “oculto”. Os apócrifos do Novo Testamento quando muito tiveram canonicidade temporal e local. Haviam sido aceitos por um número limitado de cristãos, durante um tempo limitado, mas nunca receberam um reconhecimento amplo ou permanente. O fato de esses livros possuírem mais valor do que os pseudepígrafos. (1) Epístola do Pseudo-Barnabé (c. 70-79). Essa carta, que teve ampla circulação no século i, encontra-se no Códice sinaítico (X), sendo mencionada no sumário do Códice Beza (d), nos remotos anos de 550. Foi mencionada como Escritura tanto por Clemente de Alexandria como por Orígenes. Seu estilo é semelhante ao de Hebreus, mas seu conteúdo é mais alegórico. (2) Epístola aos coríntios (c. 96). De acordo com Dionísio, de Corinto, essa carta de Clemente de Roma havia sido lida publicamente em Corinto e em outros lugares. Também se encontra do Códice alexandrino (a), por volta de 450, e Eusébio nos informa que essa carta havia sido lida em muitas igrejas (História eclesiástica, 3,16). Provavelmente o autor teria sido o Clemente mencionado em Filipenses 4.3, mas a carta não reivindica inspiração divina. Nota-se o emprego um tanto fantasioso de declarações do Antigo Testamento, e o apócrifo Livro da sabedoria é citado como Escritura no cap. 27. 15 (3) Segunda epístola de Clemente (c. 120-140) havia sido erroneamente atribuída a Clemente de Roma. Foi conhecida e usada no século II. No Códice alexandrino (A) consta no fim do Novo Testamento, ao lado de 1Clemente e de Salmos de Salomão. (4) O pastor de Hermas (c. 15-140). Foi o livro não-canônico mais popular da igreja primitiva. Encontrava-se no Códicesinaítico (K), no sumário de Beza (d), em algumas Bíblias latinas. O pastor, de Hermas, é grande alegoria cristã e, à semelhança do Peregrino, de John Bunyan. O pastor tem valor ético e devocional, mas nunca foi reconhecido pela igreja como canônico. (5) O didaquê, ou Ensino dos doze apóstolos (c. 100-120). Essa obra primitiva também gozou de grande prestígio na igreja primitiva. O livro tem grande importância histórica, como elo entre os apóstolos e os pais primitivos, com suas muitas referências aos evangelhos, às cartas de Paulo e até ao Apocalipse. No entanto, jamais foi reconhecido como canônico. (6) Apocalipse de Pedro (c. 150). Trata-se de um dos mais velhos dos apocalipses não-canônicos do Novo Testamento, tendo circulado em larga escala na igreja primitiva. Suas imagens vividas do mundo espiritual exerceram forte influência no pensamento medieval, de que derivou o Inferno, de Dante. (7) Atos de Paulo e de Tecla (170). Se despido de seus elementos mitológicos, trata-se da história de Tecla, senhora proveniente de Icônio, supostamente convertida pelo ministério de Paulo (Atos 14:17). O livro contém forte dose de ficção. Essa obra jamais chegou perto de obter reconhecimento canônico. (8) Carta aos laodicenses (século IV?). É obra forjada já conhecida por Jerônimo. Essa é um punhado de frases paulinas costuradas entre si sem nenhum elemento conector definido, e sem objetivo claro. Não apresenta peculiaridades doutrinárias, sendo tão inócua quanto pode ser uma obra falsificada. 16 (9) Evangelho segundo os hebreus (65-100). Provavelmente esse é o evangelho não-canônico mais antigo que exista, o qual sobreviveu apenas em fragmentos encontrados nas citações feitas por vários pais primitivos da igreja. (10) Epístola de Policarpo aosfilipenses (c. 108). Policarpo, discípulo do apóstolo João e mestre de Ireneu, constitui elo importante com os apóstolos do século I. Há pouca originalidade nessa epístola, visto que tanto o conteúdo como o estilo foram tomados por empréstimo do Novo Testamento, de modo especial da carta de Paulo aos filipenses. (11) Sete epístolas de Inácio (c. 110). Essas cartas revelam familiaridade incontestável com os ensinos do Novo Testamento, de modo especial com as cartas de Paulo. Inácio, que segundo a tradição teria sido discípulo de João, não reivindica para si a virtude de falar com autoridade divina. Sem dúvida as cartas são autênticas, não, porém, apostólicas e, por isso, não canônicas. O valor dos apócrifos se dá na sua relevância histórica e religiosa. e. Conclusão da Canonização (Novo Testamento). Sínodo de Roma em 382 d.C. apresentou uma lista de escritos sendo ratificado no Concílio de Cartago em 397 d.C. E por fim o Concilio de Hipona em 419 d.C repetiu a decisão com a mesma lista que perdura até hoje. 4. A CRÍTICA BÍBLICA. Filha do Iluminismo, 1685, movimento intelectual e filosófico que dominou o mundo das ideias na Europa durante o século XVIII, o “Século das Luzes” da “Filosofia”. Herdeira direta da Revolução Cientifica a principal característica desta corrente de pensamento foi defender o uso da razão em detrimento da fé para entender e solucionar os problemas da sociedade. 17 Essa forma de pensar e compreender o mundo influenciou varias áreas da sociedade, inclusive os estudos bíblico-teológicos, afetando o campo religioso. As características desse movimento são o racionalismo antropocêntrico. Embora contrário a fé o Iluminismo se caracteriza por uma fé no homem, um entusiasmo e otimismo no progresso da humanidade, em seu futuro e em suas potencialidades. O Racionalismo tem a razão funciona como um cânon da verdade; fundava-se no uso e na exaltação da razão, vista como o atributo pelo qual o homem apreende o universo e aperfeiçoa sua própria condição. Principais expoentes são René Descartes (1596-1650), Espinosa (1632-1677) e Leibniz (1646-1716), juntamente com o empirismo de John Locke (1632-1704), George Berkeley (1685-1753), Francis Bacon (1561-1626), David Hume (1711- 1776). Esse pensamento racionalista antropocêntrico influenciou a forma de entender Deus gerando um pensamento chamado Deísmo. O Deísmo é um pensamento filosófico-religioso, que afirma a necessidade da existência de Deus como contingência para a razão, mas não para a manutenção do mundo. Deus teve apenas o papel de ter dado as Leis que regem o universo; e uma vez criado o mundo com suas leis ele ausentou-se deixando o mundo por sua própria conta. A teologia do Deus ausente. Tem a razão com autoridade última sendo fundamentalmente antissobrenaturalista. Nessa mesma época, século 18, o Evolucionismo de Charles Darwin estava capturando a lealdade do mundo científico e acadêmico, sendo também aplicada a Religião e a sociedade. Foi nesse ambiente intelectual que surgiu a Teologia Liberal ou Liberalismo Teológico com os pressupostos racionalista antropocêntrico, deístico e evolucionista com relação ao homem e a religião; supervalorizando o aspecto humano em detrimento não humano. Essa teologia provocou uma ruptura com a autoridade da Bíblia e com a teologia dos reformadores. Segundo seus expoentes, a teologia é uma construção humana, limitada, provisória, 18 subjetiva e por isso mutável. Desenvolveram o método crítico-histórico, também conhecido como Alta Crítica ou Crítica Histórica, ferramenta de interpretação da Bíblia. A Alta Crítica era uma abordagem que tratava de responder a questões tais como: autores dos textos bíblicos, tempo, lugar em que foi escrito, seu processo de formação editorial, por quais razões, por quem, para quem e em que circunstâncias foi produzido; que influências se expressam em sua produção; fontes documentais, sua transmissão histórica e o contexto de formação, denominado “Sitz im Leben”. É dividida em critica das fontes, das tradições, das formas, histórica, textual, linguística, literária e redacional. Já a Baixa Critica ou Crítica Textual (manuscritologia bíblica) se interessa pelo texto em si mesmo, incluindo a investigação paleográfica do significado das palavras e a forma como são usadas, a história da transmissão, preservação e integridade do texto em si. A Baixa crítica se refere à análise do texto em si para identificar sua proveniência ou traçar sua história. A Teoria Documental. A Teoria Documental é filha da Alta Crítica; é a teoria de que o Pentateuco era uma compilação de seleções de vários documentos escritos diferentes, compostos em lugares e épocas diferentes, no decurso dum período de cinco séculos, muito tempo depois de Moisés. Essa teoria é filha da Alta Crítica. A Descrição dos Quatro Documentos da Hipótese Documental. J (Javista): Escrito a cerca de 850 a.C., por um escritor desconhecido do Reino Sul, Judá. Tinha interesse especial na biografia pessoal, caracterizada por delineações vívidas de caráter. Frequentemente descrevia Deus, ou a Ele fazia alusão, em termos antropomórficos (Genesis 3:8, Genesis 11:5, Exodus 17:7). Tem seu foco em cidades de Judá, como Jerusalém; e seu apoio à legitimidade da dinastia de Davi. E também critica as outras tribos de Israel (Gênesis 34). Três temas recorrentes na tradição jahwista: a relação entre os humanos e o solo, a separação entre os humanos e Deus e a corrupção 19 humana progressiva. É datado na corte de Salomão, c. 950 a.C.Texto: Genesis 2 – Números. E (Elohista): Escrito em 750 a.C. por um escritor desconhecido do Reino Norte, Israel. A fonte eloísta é caracterizada por, entre outras coisas, uma visão abstrata de Deus, usando Horebe em vez de Sinai para a montanha onde Moisés recebeu as leis de Israel e o uso da frase “temer a Deus”. Habitualmente localiza histórias ancestrais no norte, especialmente Efraim, e a hipótese documental sustenta que deve ter sido composto naquela região. Texto: Genesis 15 – Números 32. Obs.: Cerca de650 a.C., um redator desconhecido combinou J e E num documento único, JE. D (Deuteronômio): Composto, possivelmente sob a direção do sumo sacerdote Hilquias, como programa oficial de reforma patrocinado pelo rei Josias no avivamento de 621 a.C. Seu objetivo era compelir todos os súditos do Reino de Judá a abandonar todos os seus santuários locais nos “lugares altos” e a trazer todos os seus sacrifícios e contribuições religiosas ao templo em Jerusalém. Texto: Deuteronômio. P (Sacerdotal): Composto em várias etapas, desde Ezequiel, como seu Código de Santidade (Levítico caps. 17-26) a cerca de 570 a.C. até Esdras, “escriba versado na Lei de Moisés”, sob cuja direção as últimas seções sacerdotais foram acrescentadas. O cativeiro forçou o povo a desistir de suas aspirações políticas e voltar-se para as instituições religiosas para continuar sua existência como nação. Por isso o sacerdócio assume maior relevância. Texto: Genesis – Números. Premissas da Crítica Documental. • O raciocínio em círculos; tende a postular sua conclusão (“a Bíblia não é uma revelação sobrenatural”) como sua premissa básica (“não pode existir algo chamado revelação sobrenatural”). Essa premissa era um artigo de fé para toda a liderança intelectual ocidental na época do Iluminismo; estava 20 implícito na filosofia prevalecente do deísmo. Tornando impossível qualquer consideração justa das evidências apresentadas pelas Escrituras da revelação sobrenatural. Em razão desse antisobrenaturalismo tornou-se absolutamente obrigatório descobrir explicações irracionalísticas e humanísticas para cada aspecto ou episódio no texto das Escrituras que tenha algo de milagroso ou que testifica a manifestação de Deus. • A evidência do próprio texto é descartada quando vai claramente contra as teorias. Isto quer dizer que o mesmo corpo de evidência ao qual se apela para comprovar a teoria, se rejeita quando entra em conflito com a teoria. • Pressupõem que os autores hebraicos são diferentes de quaisquer escritores conhecidos em toda a história da literatura pelo fato de só eles não possuírem a capacidade de empregar mais do que um nome para Deus; mais do que um só estilo de escrita, seja qual for à diferença no assunto tratado; mais do que um entre vários sinônimos da mesma ideia; mais do que um tema típico ou círculo de interesse. • Preconceitos subjetivos se revelaram no tratamento das Escrituras hebraicas como evidência arqueológica. A tendência tem sido considerar qualquer declaração bíblica como sendo suspeita e indigna de confiança. No caso de qualquer discrepância, na comparação com uma fonte pagã, mesmo sendo de data posterior, automaticamente a informação pagã tem a preferência como testemunha histórica. Quando não há outras evidências disponíveis de fontes não israelitas ou de algum tipo de descoberta arqueológica, então a declaração bíblica não é levada a sério a não ser que possa ser encaixada com a teoria. • Supõem que a religião de Israel era de origem meramente humana como qualquer outra, e que precisava ser explicada como mero produto da evolução. A evidência esmagadora em contrário, desde Gênesis até Malaquias, que a religião israelita era monoteísta desde o começo até ao fim 21 tem sido evadida nos interesses dum dogma preconcebido: que não pode existir aquilo que se chama religião sobrenaturalmente revelada. • Quando, por meio de manipulação engenhosa do texto, se produz uma “discrepância” ao interpretar uma passagem fora do contexto, não se aceita nenhuma explicação que reconciliaria a dificuldade, mas, pelo contrário, a suposta discrepância precisa ser explorada para “comprovar” diversidade de fontes. • Embora as literaturas semíticas antigas demonstrem numerosas instâncias de repetição e de duplicação pelo mesmo autor na sua técnica de narrativa, é somente a literatura hebraica que não tem licença de empregar tais repetições ou reduplicações sem trair uma autoria diversa. A Conclusão é que a Teologia Liberal foi responsável pelo preconceito moderno sobre a “teologia” que predominou na maioria dos seminários e estudos teológicos. Com isso, o estudo da teologia passou a ser visto com reservas na maioria das denominações que mantiveram o princípio da autoridade das Escrituras. Essas denominações passaram, a desencorajar seus membros ao estudo da teologia, pois o referencial que tinham de “teologia” são os referidos teólogos liberais em atividade. A Bíblia, por um bom tempo, ficou sob a “inquisição” desses teólogos. Os críticos liberais tratam a Bíblia como se tratava o condenado das inquisições medievais. Os inquisidores já começam a inquisição com a premissa “já sabemos que você é o culpado”, não havendo espaço para nenhum testemunho de defesa, “petitio principii”, o julgamento já começava com a questão como provada. A Bíblia já era culpada de seu sobrenaturalismo e do seu fideísmo. O Conservadorismo Teológico, pelo contrário, apesar de toda essa oposição moderna com relação a autoria bíblica e sua historicidade, manteve o princípio da Revelação, Inspiração e Inerrância da Bíblia e a da sua autoridade em matéria de fé, religião e prática.