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Filme Nise da Silveira e a relação com a psicologia
"Nise: O Coração da Loucura" é um filme brasileiro lançado em 2015, dirigido por Roberto
Berliner e estrelado por Glória Pires no papel de Nise da Silveira. O filme é baseado na vida e
no trabalho da renomada psiquiatra Nise da Silveira, que revolucionou o tratamento de
pessoas com transtornos mentais no Brasil. A relação entre o filme e a psicologia é profunda,
pois aborda temas centrais à prática psicológica e psiquiátrica, como humanização no
tratamento, arte-terapia e a crítica aos métodos tradicionais de tratamento psiquiátrico.
Relação com a Psicologia
1. Humanização do Tratamento Psiquiátrico
Nise da Silveira foi uma pioneira na humanização do tratamento psiquiátrico:
● Resistência aos Métodos Tradicionais: Nise se opôs aos métodos tradicionais de
tratamento de pacientes psiquiátricos, como eletrochoque e lobotomia, que eram
amplamente usados na época. Ela defendia um tratamento mais humanizado, baseado
no respeito e na compreensão dos pacientes.
● Enfoque Humanista: Sua abordagem está alinhada com os princípios da psicologia
humanista, que enfatiza a dignidade, o valor e o potencial de crescimento do
indivíduo. Carl Rogers, um dos principais nomes da psicologia humanista, defendia a
criação de um ambiente terapêutico de aceitação e empatia, algo que Nise também
praticava.
2. Arte-terapia e Expressão Criativa
Um dos principais legados de Nise da Silveira foi a introdução da arte-terapia no tratamento
de pacientes com transtornos mentais:
● Ateliê de Pintura: Nise criou um ateliê de pintura no Hospital Pedro II, no Rio de
Janeiro, onde os pacientes podiam se expressar através da arte. Este ateliê permitiu
que os pacientes externalizassem suas emoções e experiências internas de forma
criativa e não-verbal.
● Expressão do Inconsciente: A arte-terapia permite acessar e expressar conteúdos
inconscientes, uma ideia que está em sintonia com a teoria psicanalítica. Carl Jung,
por exemplo, explorou o uso de mandalas e desenhos para entender o inconsciente de
seus pacientes.
● Valorização da Subjetividade: A prática de Nise valoriza a subjetividade e a
individualidade dos pacientes, oferecendo-lhes uma forma de expressão que respeita
suas experiências internas.
3. Crítica ao Modelo Biomédico
Nise da Silveira desafiou o modelo biomédico dominante na psiquiatria de sua época:
● Modelo Biomédico: Este modelo trata transtornos mentais principalmente como
problemas biológicos, muitas vezes desconsiderando aspectos psicológicos e sociais.
Nise criticou essa visão reducionista e defendeu uma abordagem mais holística.
● Enfoque Psicossocial: Ela acreditava que os fatores psicológicos e sociais
desempenham um papel crucial na saúde mental e que os tratamentos deveriam
abordar esses aspectos de forma integrada.
4. Relação Terapêutica
A relação terapêutica era central no trabalho de Nise da Silveira:
● Empatia e Compreensão: Ela enfatizava a importância da empatia e da compreensão
na relação entre o terapeuta e o paciente, princípios que são fundamentais na
psicoterapia moderna.
● Escuta Ativa: A prática de escuta ativa, onde o terapeuta realmente ouve e tenta
compreender o ponto de vista do paciente, era uma parte crucial da abordagem de
Nise.
5. Psicologia Junguiana
Nise da Silveira foi uma grande admiradora e seguidora das teorias de Carl Jung:
● Inconsciente Coletivo: A teoria do inconsciente coletivo de Jung, que sugere que
todos compartilhamos um conjunto comum de símbolos e arquétipos, influenciou
profundamente o trabalho de Nise.
● Individuação: O processo de individuação, ou a jornada para se tornar o verdadeiro
eu, é um conceito central na psicologia junguiana que também é refletido na prática de
Nise, onde a expressão artística ajuda os pacientes a explorarem e integrarem
diferentes aspectos de si mesmos.
Conclusão
"Nise: O Coração da Loucura" não só conta a história inspiradora de uma mulher que
revolucionou a psiquiatria no Brasil, mas também oferece uma reflexão profunda sobre a
prática psicológica e os valores que deveriam guiar o tratamento de transtornos mentais. O
trabalho de Nise da Silveira destaca a importância da humanização, da expressão criativa, da
crítica aos métodos desumanizantes e da criação de uma relação terapêutica baseada na
empatia e na compreensão. O filme é uma celebração de sua vida e um convite para repensar
como tratamos aqueles que sofrem de transtornos mentais.