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15/10/2013 1 Aglomerantes Inorgânicos Aéreos: cal. Prof.ª Fernanda Wanderley C. de Araújo Eng.ª Civil, Dr.ª INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA PERNAMBUCO – Campus Caruaru Curso Técnico em Edificações Disciplina: Materiais de Construção I Cal Introdução Aglomerante aéreo; Aglomerante mais antigo utilizado pela humanidade; Cimento Portland só foi ‘inventado’ em 1824; Usado em combinação ou não com a pozolana em aplicações não expostas à intempéries; Endurecimento é lento, pois depende da difusão do CO2 atmosférico para interior do produto; 15/10/2013 2 Cal Introdução Resistência mecânica muito abaixo dos produtos de cimento Portland; Dificuldade de produzir sistemas de baixa porosidade; Alta porosidade gera sistemas com módulo de elasticidade inferior; Menor rigidez das argamassas que empregam cal em sua composição; Cal Introdução Maior durabilidade das argamassas com cal em sua composição; Maior capacidade de deformação, menos fissuras no revestimento, menos penetração de agentes deletérios; Área específica maior que a do cimento; 15/10/2013 3 Cal Definição Aglomerante inorgânico produzido a partir de rochas calcárias, composto de Cálcio e Magnésio. Apresenta-se sob a forma de pó fino. Endurecimento ocorre pela reação com o CO2 presente no ar atmosférico. Dois tipos: cal virgem e cal hidratada. Cal Empregos na Construção Civil ARGAMASSAS; Concreto asfáltico; Solos estabilizados; Blocos sílico-calcários; Pinturas à base de cal; Outras indústrias: Siderurgia, Tratamento água, produção de papel, etc; 15/10/2013 4 Cal Composição e Tipos Cal Virgem: Óxidos de Cálcio e Magnésio; Cal Hidratada: Uso mais comum na Construção civil; Hidróxido de cálcio e Magnésio Pequena fração de óxidos não hidratados; Outras fases presentes: Carbonatos de cálcio e magnésio; Cal Matérias Primas Matéria prima Carbonática: Calcários – Calcita (Carbonato de Cálcio); Dolomitos – Dolomita (Carbonato de cálcio e magnésio); Impureza – Fração de Quartzo, Argilo-mineral e Fração clinquerizada Produção: calcinação não atinge transformação completa dos carbonatos: Cal virgem contém porcentagem residual de carbonatos; 15/10/2013 5 Cal Matérias Primas Hidratação dos óxidos não é completa: Aglomerante é a cal hidratada; Cal hidratada contém óxidos não hidratados; Capacidade aglomerante é proporcional ao teor de óxidos presentes; Produção e uso da cal hidratada Ciclo da cal HH22OO carbonatoscarbonatos MATÉRIA PRIMAMATÉRIA PRIMA CAL HIDRATADACAL HIDRATADA HidróxidosHidróxidos CAL VIRGEMCAL VIRGEM ÓxidosÓxidos COCO22 HH22OO +Q+Q - Q- Q COCO22 +Q+Q CaCO3 + MgCO3 15/10/2013 6 Produção e uso da cal hidratada Ciclo da cal Calcinação: CaCO3 + Q (energia) CaO + CO2 Hidratação: CaO + H2O Ca(OH)2 + Q (energia) Carbonatação: Ca(OH)2 + CO2 CaCO3 + H2O + Q (energia) Cal Resumo das espécies químicas presentes Espécie Química Cal Virgem Cal Hidratada Dolomítica Magnesiana Cálcica Dolomítica Magnesiana Cálcica Óxido de Cálcio CaO ++++ +++++ ++++++ ++++ +++++ ++++++ Óxido de Magnésio MgO +++ ++ + +++ ++ + Água Combinada H2O - - - +++++ +++++ ++++ Carbonato de Cálcio CaCO3 + + + + + + Carbonato de Cálcio e magnésio (Ca, Mg) (CO3) + + - + + - 15/10/2013 7 Cal Composição teórica Percentual Espécie química Calcário Cal Virgem Cal Hidratada CaO 56 100 75,7 CO2 44 0 0 H2O 0 0 24,3 Calcários e Cales Cálcicas Espécie química Dolomito Cal Virgem Cal Hidratada CaO 30,4 58,2 42,2 MgO 21,8 41,8 30,4 CO2 47,8 0 0 H2O 0 0 27,2 Dolomitos e Cales Dolomíticas Produção da Cal Relação Componentes x Processos Matéria prima: Carbonatos Impurezas Cal virgem: CaO Impurezas CaCO3 Cal hidratada: Ca(OH)2 Impurezas CaCO3 CaO MATÉRIA PRIMA MÁ QUALIDADE FALHA NA ETAPA DE CALCINAÇÃO FALHA NA ETAPA DE HIDRATAÇÃO 15/10/2013 8 Cal hidratada Processo de Produção I. Extração da matéria prima e britagem; II. Seleção da faixa granulométrica ótima e transporte para o forno; III. Calcinação e controle do grau de calcinação; IV. Moagem adequada para cada tipo de hidratador; V. Armazenamento da cal virgem; VI. Hidratação e Moagem; VII. Ensacamento e distribuição para comércio; Cal hidratada Conceito Produto químico utilizado em diversas aplicações cuja propriedade mais importante é a carbonatação por reação com o anidrido carbônico presente no ar atmosférico, permitindo o seu emprego como aglomerante. 15/10/2013 9 Cal hidratada Requisitos químicos (NBR 7175/03) A norma classifica as Cales em 3 tipos: CHI, CH II e CH III Indica teor de pureza Requisitos Limites Norma CH I CH II CH III Anidrido carbônico (fábrica) ≤ 5% ≤ 5% ≤ 13% Anidrido carbônico (Depósito) ≤ 7% ≤ 7% ≤ 15% Óxidos não hidratados ≤ 10% ≤ 15% ≤ 15% Óxidos totais não voláteis ≥ 90% ≥ 88% ≥ 88% Cal hidratada Requisitos Físicos (NBR 6453/03) Expressam contribuição da cal nas propriedades da argamassa fresca Requisitos Limites Norma CH I CH II CH III Finura (Retido # 0,6mm) ≤ 0,5% ≤ 0,5% ≤ 0,5% Finura (Retido # 0,075mm) ≤ 10% ≤ 15% ≤ 15% Retenção de água ≤ 75% ≤ 75% ≤ 70% Incorporação de areia ≥ 3% ≥ 2,5% ≥ 2,2% Estabilidade Ausencia de Cavidades e protuberânicas Plasticidade ≥ 110 ≥ 110 ≥ 110 15/10/2013 10 Cal hidratada Funções em argamassas de revestimento Facilitar o espalhamento da argamassa na base - trabalhabilidade – liga Aumentar a capacidade de retenção de água Aumentar a deformabilidade da argamassa no estado endurecido Incrementar a resistência mecânica ao longo do tempo Funções da cal em argamassas Facilidade de espalhamento Imagem obtida com lupa estereoscópica - AMPLIAÇÃO 20X (Fonte: CARASEK, Helena, 1996). ARGAMASSA – 1:3 15/10/2013 11 Funções da cal em argamassas Facilidade de espalhamento Imagem obtida com lupa estereoscópica - AMPLIAÇÃO 20X (Fonte: CARASEK, Helena, 1996). ARGAMASSA – 1:0,25:3 Funções da cal em argamassas Aumento da retenção de água Regula a perda de água por evaporação ou por sucção da superfície, reduzindo a ocorrência de fissuras por retração e facilitando a hidratação. Just, A. (2006) 15/10/2013 12 Funções da cal em argamassas Maior deformabilidade Capacidade de absorver as deformações da base após o endurecimento. Just, A. (2006) Funções da cal em argamassas Incremento da resistência mecânica Reação espontânea com o anidrido carbônico (CO2) presente no ar para volta à forma original (carbonato). Obs.: O principal componente influente na resistência à compressão da argamassa é o cimento 15/10/2013 13 Funções da cal em argamassas Incremento da resistência mecânica Cincotto at al. (1985) 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 1:3 - cim:areia 1:1/4:3 - cim:cal:areia 1:1:6 - cim:cal:areia 1:2:9 - cim:cal:areia R E S À C O M P R E S S Ã O ( M P a ) 0 5 10 15 20 25 M Ó D U L O D E F O R M A Ç Ã O ( M P a ) RES. À COMPRESSÃO MÓDULO DEFORMAÇÃO (GPa) Produção de cal hidratada Origem mineralógica Cal calcítica: Teor de CaO > 90% (em relação aos óxidos totais) Cal magnesiana: 90% > CaO > 65% Cal dolomítica: CaO < 65% 15/10/2013 14 Falhas na hidratação da cal Conseqüências Formação de bolhas – reação expansiva de formação do Ca(OH)2 Just, A. (2006) Just, A. (2006) 15/10/2013 15 Just, A. (2006) Just, A. (2006) 15/10/2013 16 Ações preventivas ao uso da cal Controle tecnológico - Normalização CHI CHII CHIII Na fábrica < 5% < 5% < 13% CO 2 Na obra <7% < 7% < 15% Óxido não hidratado < 10% < 15% < 15% Óxidos totais (base não voláteis ) > 90% > 88% > 88% Requisitos químicos - NBR 7175 (2003) Ações preventivas ao uso da cal Controle tecnológico - Normalização Requisitos físicos - NBR 7175 (2003) CH - I CH - II CH - III Peneira nº 30 < 0,5% < 0,5% < 0,5% Peneira nº 200 < 10% < 15% < 15% > 75% > 75% > 70% > 3,0 > 2,5 > 2,2 > 110 > 110 > 110Plasticidade FINURA DETERMINAÇÕES LIMITES Ausência de cavidades ou protuberâncias Retenção de Água Incorporação de Areia Estabilidade 15/10/2013 17 Como potencializar o uso da cal Dosagem racional da argamassa Cales de melhor qualidade: Mais finas Menor teor de carbonatos remanescentes Menor teor de óxidos não hidratados remanescente Possibilidade de reduzir o consumo de cal nas argamassa – insumo representativo no custo da argamassa. Como potencializar o uso da cal Dosagem racional da argamassa Diferença de espalhamento (fluidez – coesão) entre pastas fabricadas com as mesmas quantidades de cal e de água Cal “fina” - coesão Cal “grossa” - coesão Just, A. (2006) 15/10/2013 18 Como potencializar o uso da cal Dosagem racional da argamassa Diferença de aspecto no contato com a base entre argamassas fabricadas com as mesmas quantidades de cal e areia. Cal “fina” - fluidez Cal “grossa” - fluidez Just, A. (2006) Como potencializar o uso da cal Dosagem racional da argamassa Realização da maturação da argamassa: Efeito físico: aumento da trabalhabilidade (lubrificação dos grãos de areia) – possibilidade de redução da quantidade de cal para uma mesma facilidade de espalhamento - R$ Efeito químico: hidratação dos óxidos remanescentes não hidratados 15/10/2013 19 Produtos similares Análise comparativa Produtos similares empregados no mercado: Saibro, aditivos incorporadores de ar Aspectos a serem considerados: Existência de normalização específica Desempenho da argamassa no estado plástico e endurecido – trabalhabilidade, resistência mecânica e deformabilidade. Análise econômica Comentários finais É importante o pleno conhecimento das propriedades da cal para obtenção das suas potencialidades A maturação incrementa as propriedades reológicas: plasticidade, trabalhabilidade e retenção de água. A escolha correta da cal pode proporcionar a obtenção de dosagens de argamassas mais econômicas e eficientes.