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151 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i 9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 2.2. O conceito de entalpia (H) e de variação de entalpia (∆H) É muito freqüente em Química o estudo de processos que ocorram à pressão constante. Para poder investigar o calor liberado ou absorvido em um processo químico à pressão constante, os químicos conceituaram a grandeza entalpia, simbolizada por H. A entalpia de um sistema é uma grandeza (expressa em unidade de energia) que informa a quantidade de energia desse sistema que poderia ser transformada em calor em um processo à pressão constante. A entalpia pode ser comparada ao saldo de uma conta bancária. Quando um processo exotérmico ocorre em um sistema à pressão cons- tante, esse sistema libera calor para o ambiente e sua entalpia diminui. A variação de entalpia (∆H) será negativa, pois sai energia do sistema. ∆H & Hf # Hi ' 0 Processo exotérmico Entalpia final Entalpia inicial (depois da (antes da Sai energia do sistema liberação de calor) liberação de calor) Quando um processo endotérmico ocorre em um sistema à pressão constante, esse sistema absorve calor do ambiente e sua entalpia au- menta. Nesse caso, a variação de entalpia (∆H) será positiva, em decor- rência da entrada de energia no sistema. ∆H & Hf # Hi ( 0 Processo endotérmico Entalpia final Entalpia inicial (depois da (antes da Entra energia no sistema absorção de calor) absorção de calor) A variação de entalpia (∆H) de um sistema informa a quantidade de calor trocado por esse sistema, à pressão constante. O sinal do ∆H informa se o processo é exotérmico (∆H ' 0) ou endotérmico (∆H ( 0). Alguns químicos chamam o ∆H de “calor de reação”. 2.3. Variação de entalpia em uma mudança de fase Uma mudança de fase à pressão constante envolve a troca de calor com o ambiente. A solidificação da água, por exemplo, é um processo exotérmico. Verifica-se, experimentalmente, que a solidificação de um mol de água envolve a perda de 6,01 kJ. Em palavras: Quando um mol de água líquida passa para a fase sólida, à pressão cons- tante, o sistema perde 6,01 quilojoules de energia, ou seja, o sistema sofre uma variação de entalpia de #6,01 kJ. Em equação: H2O(l) " H2O(s) ∆H & #6,01 kJ/mol Note que a unidade de ∆H usada nesse caso é kJ/mol (lê-se quilojoules por mol), que indica que há a liberação (sinal negativo) de 6,01 kJ de energia quando um mol de água passa da fase líquida para a fase sólida. Por isso, o valor de #6,01 kJ/mol pode ser denominado entalpia molar de solidificação da água. No processo inverso, no qual um mol de água sólida passa para a fase líquida, verifica-se que ocorre a absorção de 6,01 kJ de calor das vizinhanças. Em palavras: Quando um mol de água sólida passa para a fase líquida, à pressão cons- tante, o sistema recebe 6,01 quilojoules de energia, ou seja, o sistema so- fre uma variação de entalpia de "6,01 kJ. Em equação: H2O(s) " H2O(l) ∆H & "6,01 kJ/mol Nesse caso, o sinal positivo (que não precisaria ser escrito) indica que o processo de fusão do gelo absorve calor. Podemos nos referir ao valor de 6,01 kJ/mol como entalpia molar de fusão da água. Os exemplos que apresentamos estão representados no diagrama de entalpia ao lado e ilustram como os cientistas expressam as trocas de calor envolvendo processos de mudança de fase. Entalpia Entalpia inicial Entalpia final Hi Hf ∆H ' 0 Entalpia Entalpia final Entalpia inicial Hf Hi ∆H ( 0 Entalpia So lid ifi ca çã o ∆H = – 6, 01 k J ∆H = + 6, 01 k J Fu sã o H2O(s) H2O(l) Após estudar o texto ao lado, reveja a explicação que deu para o resultado da experiência de abertura deste capítulo. Reformule-a se necessário. Aplique o que aprendeu Capitulo_06 6/28/05, 14:05151 152 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i 9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 1. Ao sair de uma piscina em um dia de vento, sentimos frio. Proponha uma explicação para isso, baseada nos conceitos de mudança de fase e de troca de calor. 2. Se algumas gotas de álcool (cuidado, é inflamável!) são der- ramadas na pele, isso pode esfriá-la. Como esse aconteci- mento se relaciona ao mencionado na questão anterior? 3. As talhas e moringas de “barro” (cerâmica de argila cozida) contendo água estão sempre a uma temperatura um pouco inferior à do ambiente. Sabendo que a água é capaz de im- pregnar esse material e chegar (em pequena quantidade) até o lado externo, proponha uma explicação para elas se man- terem abaixo da temperatura do ambiente. 4. Quando um mol de etanol (C2H6O, álcool comum) passa do estado líquido para o gasoso, ocorre absorção de 43,5 kJ de calor. Represente esse processo por meio de uma equação acompanhada do respectivo valor de ∆H. 5. Dos processos I a VI esquematizados abaixo, todos à pres- são constante, quais são endotérmicos? E exotérmicos? SÓLIDO LÍQUIDO GASOSO I II III IV V VI A critério do(a) professor(a) esta atividade poderá ser realizada em grupos. Objetivo: Observar evidências de calor envolvido na oxidação do ferro. Você vai precisar de: • dois termômetros • palha de aço nova • meia xícara de vinagre • elástico • dois copos de vidro Procedimento: 1. Todos os materiais utilizados devem estar à mesma temperatura an- tes da experiência. Para isso, deixe-os num mesmo local por, pelo me- nos, uma hora. 2. Mergulhe um pedaço de palha de aço no vinagre, por um minuto. Re- tire-o, escorra o excesso de líquido, envolva o bulbo de um dos ter- mômetros com ele e prenda-o com o elástico. Coloque esse termôme- tro em um dos copos. 3. Coloque o outro termômetro dentro do outro copo (veja a figura ao lado). 4. Registre a temperatura em cada termômetro e volte a registrá-la a cada dois minutos, por um intervalo de 20 minutos. 5. Analise as anotações feitas. O que se nota? Como isso pode ser ex- plicado? Faça uma experiência e observe Motivação 2.4. Variação de entalpia em reações químicas Na página anterior mostramos como o conceito de variação de entalpia permite expressar com clareza o calor absorvido ou liberado em uma mudança de fase. Contudo, a maior utilidade do conceito de ∆H é permi- tir expressar as variações energéticas em reações químicas. Processo químico exotérmico (reação química exotérmica) Quando uma reação exotérmica acontece, o sistema formado pelos par- ticipantes dessa reação libera calor para as vizinhanças (meio ambiente). Desenvolvendoo tema Palha de aço embebida em vinagre Elástico A reação exotérmica entre os gases hi- drogênio e oxigênio, que forma água, é a responsável pela propulsão do ônibus es- pacial. C ID Questõespara fixação Resolva em seu caderno Capitulo_06 6/28/05, 14:06152 153 R ep ro du çã o pr oi bi da . A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i 9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . Considere, como exemplo, o seguinte fato experimental: Em palavras: Quando um mol de hidrogênio gasoso reage, à pressão constante, com meio mol de oxigênio gasoso para formar um mol de água líquida, ocorre a liberação de 285,8 kJ de energia (na forma de calor) para o meio ambiente. Isso poderia ser representado assim: Em equação: 1 H2 (g) " 1 2 O2 (g) " 1 H2O(l) " 285,8 kJ Calor liberado Porém, em vez de incluir o calor liberado no segundo membro da equa- ção, os químicos convencionaram escrever a variação de entalpia (∆H) à frente da equação química: Em equação: 1 H2 (g) " 1 2 O2 (g) " 1 H2O(l) ∆H & #285,8 kJ/mol Processo químico endotérmico (reação química endotérmica) Quando uma reação endotérmica acontece, o sistema formado pelos participantes dessa reação absorve calor das vizinhanças (meio ambiente). Considere o seguinte exemplo: Em palavras: Quando um mol de óxido de mercúrio (II) sólido se decompõe, à pressão constante, em um mol de mercúrio líquido e meio mol de oxigênio gaso- so, ocorre a absorção de 90,7 kJ de energia (na forma de calor) do meio ambiente. Isso poderia ser representado assim: Em equação: 1 HgO(s) " 90,7 kJ " 1 Hg(l)" 1 2 O2 (g) Calor absorvido Porém, em vez de incluir o calor absorvido no primeiro membro da equação, os químicos convencionaram escrever o ∆H à frente da equa- ção química: Em equação: 1 HgO(s) " 1 Hg(l) " 1 2 O2 (g) ∆H & "90,7 kJ/mol 2.5. Equação termoquímica Os processos realizados em calorímetros e os dados experimentais obtidos são representados pelas equações termoquímicas. Para que uma equação termoquímica possa representar de modo com- pleto dados obtidos em laboratório, devem estar presentes as seguintes informações: • os coeficientes estequiométricos e o estado físico de todos os par- ticipantes; • especificação da variedade alotrópica, quando for o caso; • a temperatura e a pressão em que a reação ou a mudança de fase é realizada; • o ∆H do processo. Vejamos um exemplo: C(graf.) " 2 H2 (g) " CH4 (g) ∆H & #74,4 kJ/mol (25°C, 100 kPa) A necessidade de especificar na equação termoquímica informações como forma alotrópica, temperatura e estados físicos se deve ao fato de os valores de ∆H variarem quando um ou mais desses fatores se alteram. Alguns dos exercícios a seguir mostrarão exemplos dessas mudanças. Reveja a explicação que você deu para o resultado da experiência da página anterior e reformule-a se julgar necessário. Aplique o que aprendeu Entalpia ∆H = –285,8 kJ H2O(l) Reação exotérmica H2(g) + — O2(g) 1 2 HgO(s) Entalpia ∆H = +90,7 kJ Reação endotérmica Hg (l) + — O2(g) 1 2 ATENÇÃO NÃO se recomenda a realização de experimentos de combustão do hidrogênio, por ser uma reação EXPLOSIVA. Experimentos que envolvam a combustão do hidrogênio NÃO devem ser feitos pelo aluno. A reação é explosiva. ATENÇÃO O mercúrio é um metal tóxico e de efeito cumulativo no organismo. Seus vapores são facilmente absorvidos. Assim como o mercúrio metálico, os compostos de mercúrio também podem causar a contaminação de uma pessoa. A manipulação de mercúrio e de seus compostos NÃO deve ser feita em instalações escolares de ensino médio. Capitulo_06 6/28/05, 14:06153