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PROMOÇÃO EM SAÚDE DO 
ADULTO E DA PESSOA COM 
DEFICIÊNCIA 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Elgison da Luz dos Santos 
 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
Neste estudo, iremos abordar, de forma breve, os contextos histórico e 
epidemiológico de construção de políticas e programas voltados para a saúde 
do adulto e as melhorias das condições de saúde da população adulta. É 
extremamente relevante abordar a saúde do adulto, uma vez que essa faixa 
etária representa uma parcela significativa da população assistida pelas equipes 
da Estratégia Saúde da Família (ESF). Assim, os profissionais da saúde 
precisam estar preparados para o acolhimento e o atendimento dessa 
população. 
No decorrer desta etapa falaremos sobre atenção integral à saúde do 
adulto (Tópico 1), redes e níveis de atenção à saúde (Tópico 2), acolhimento da 
população adulta na Atenção Primária à Saúde (APS) (Tópico 3), indicadores de 
mobimortalidade na população adulta – rastreamento do risco cardiovascular 
(Tópico 4) e obesidade, tabagismo e abuso de álcool (Tópico 5). 
TEMA 1 – ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO ADULTO 
As mudanças demográficas ocorridas nos ultimos anos fazem com que a 
população adulta seja uma parcela significativa da população assistida pelas 
equipes de saúde. Mas, afinal, o que é ser adulto? 
A faixa etária considerada adulta depende de cada cultura. Algumas 
culturas africanas consideram adultos os indivíduos a partir de 13 anos, 
enquanto a maioria dos povos considera essas pessoas como adolescentes. Em 
se tratando do Brasil, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê o 
término da adolescência aos 18 anos. Já o Estatuto do Idoso descreve que 
pessoa idosa é aquela com 60 anos completos ou mais. Assim, vamos 
considerar pessoa adulta aquela entre 18 e 60 anos. Nesse sentido, a fase adulta 
compreende cerca de 50% do total da vida de cada pessoa. Conforme 
Piancastelli, Di Spirito e Flisch (2013) podemos categorizar a fase adulta em três 
períodos: 
• adulto jovem: entre 18 e 21 anos; 
• adulto: entre 21 e 45 anos; 
• meia-idade: entre 45 e 60 anos. 
Cada faixa etária da fase adulta tem experiências diferentes, que vão 
 
 
3 
desde a transição da adolescência para a vida adulta até a transição da vida 
adulta para a senescência. Não podemos esquecer ainda que, em decorrência 
do envelhecimento populacional, no Brasil também se enfrenta uma mudança 
em relação às doenças mais presentes no adulto. Por exemplo, há uma 
substituição das doenças infecciosas e transmissíveis1 por doenças crônicas 
degenerativas, tais como as doenças crônicas não transmissíveis, ou DCNT2. 
Também devemos lembrar que existem outras situações de saúde na população 
adulta, como o alcoolismo, a dependência química, os casos de violência, além 
das doenças transmissíveis. 
Tradicionalmente, foram priorizadas ações voltadas à saúde da criança, 
da mulher e do idoso, o que pode ter criado um lapso na saúde da população 
adulta. Mas fica evidente a necessidade de alavancar as ações voltadas a essa 
população. Dessa forma, o Ministério da Saúde busca implementar políticas de 
saúde direcionadas à assistência integral à saúde do adulto, contribuindo com o 
aumento da expectativa e da qualidade de vida, com base em uma rede 
articulada que possibilite atender às necessidades dessa população. Assim, o 
Ministério da Saúde tem lançado diretrizes visando reorganizar as Redes de 
Atenção à Saúde (RAS) e as linhas de cuidado às doenças crônicas, comuns à 
população adulta, bem como orientações de ações para vigilância das doenças 
infecciosas mais prevalentes. 
Para isso, o Programa de Atenção Integral à Saúde do Adulto (Paisa) 
estimula os serviços de saúde a atuarem nas condições específicas do público 
adulto: hipertensão arterial, diabetes melito, tuberculose, hanseníase, saúde do 
homem, entre outras. 
Portanto, a promoção de saúde da população adulta deve ser priorizada 
e é uma estratégia de promoção de saúde. Cabe à equipe de atenção primária 
informar a população quanto às ações de prevenção de doenças e de promoção 
de saúde de forma contínua e resolutiva, bem como encaminhá-la para atenção 
especializada dentro da rede de saúde, quando necessário. Vamos a seguir 
relembrar as redes e os níveis de atenção à saúde. 
 
1 Doenças que podem ser transmitidas de forma direta ou indireta ao indivíduo. Estudaremos algumas 
delas posteriormente. 
2 Classificadas como cardiovasculares, cerebrovasculares, respiratórias obstrutivas, neoplasias, entre 
outras. Algumas delas iremos abordar com mais detalhamento nesta e nas demais etapas. 
 
 
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TEMA 2 – REDES E NIVEIS DE ATENÇÃO À SAÚDE 
O Sistema Único de Saúde (SUS), considerado o maior sistema de saúde 
do mundo e que atende mais de 190 milhões de pessoas de forma integral e 
gratuita, precisa ser organizado em diferentes níveis de atenção e assistência à 
saúde. Dessa forma, os serviços são agrupados em níveis de atenção e 
assistência de acordo com a complexidade. Esses níveis foram estabelecidos 
pelo Ministério da Saúde por meio da Portaria n. 4.279 de 30 de dezembro de 
2010, que define as diretrizes para a organização da RAS no âmbito do SUS. 
São eles: atenção primária e atenção especializada (secundária e terciária) 
conforme mostra o Quadro 1. 
Quadro 1 – Níveis de atenção e assistência do SUS 
Nível Descrição 
Primário Porta de entrada do SUS. Constituído pelas Unidades Básicas de Saúde 
(UBS), Equipes de Saúde da Família (eSF), equipes de atenção básica à 
saúde, Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Equipes de Saúde Bucal 
(eSB), Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) etc. 
Secundário Formado pelos serviços especializados em nível ambulatorial e hospitalar, 
com densidade tecnológica intermediária entre a atenção primária e a 
terciária. Compreende serviços médicos especializados, de apoio 
diagnóstico e terapêutico e atendimento de urgência e emergência. 
Terciário Abrange terapias e procedimentos de elevada complexidade, alta tecnologia 
e/ou alto custo, como oncologia, cardiologia, oftalmologia, transplantes, 
parto de alto risco, traumato-ortopedia, neurocirurgia, diálise, entre outros. 
 
Fonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2022. 
Conforme observarmos no Quadro 1, a atenção primária à saúde engloba 
as Unidades Básicas de Saúde (Figura 1), conhecidas pela maioria da população 
como postos de saúde. Esses locais realizam ações e atendimentos voltados à 
promoção da saúde e à prevenção de doenças, como consultas de rotina e 
acompanhamento com equipes multiprofissionais que trabalham para garantir 
atenção integral à saúde no território. 
 
 
 
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Figura 1 – Unidade Básica de Saúde 
 
Créditos: Maila Facchini/Shutterstock. 
Os demais componente das redes de atenção à saúde incluem os níveis 
secundário e terciário. Nesses níveis são ofertados determinados serviços 
especializados, mas que se diferenciam em relação às respectivas 
complexidades e densidades tecnológicas/custos envolvidos. O nível terciário 
utiliza densidade tecnológica e custos mais elevados comparado ao nível 
secundário. Um exemplo comum de atendimento de média complexidade são as 
Unidades de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas (Figura 2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 2 – Unidade de Pronto Atendimento 
 
Créditos: Alf Ribeiro/Shutterstock. 
Já os hospitais gerais de grande porte, os hospitais universitários, as 
santas casas e as unidades de ensino e pesquisa fazem parte do nível de alta 
complexidade da atenção especializada (Figura 3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 3 – Transplante cardíaco em unidade de alta complexidade 
 
Créditos: Dmitry Kalinovsky/Shutterstock. 
Embora os níveis de atenção sejam distintos, eles são interligados, o que 
permite compor uma rede organizada e não há, entre eles, relações de 
principalidade, de subordinação ou componentes hierárquicos, uma vezque 
todos são importantes para que os objetivos em relação ao paciente sejam 
alcançados. 
Em relação à saúde do adulto, a rede articulada favorece o aumento da 
expectativa e da qualidade de vida dessa população. Porém, sabe-se que os 
programas educativos para doenças crônicas e degenerativas podem reduzir 
bastante o número de hospitalizações e melhorar significativamente as 
complicações agudas e crônicas, além de prevenir ou retardar o aparecimento 
de enfermidades. Por isso, é importante que você sempre reflita sobre estas 
questões: 
• Quais práticas, no âmbito individual e/ou coletivo, podem potencializar a 
assistência integral à saúde do adulto? 
• Qual é o meu papel, dentro da equipe, para que a rede de atenção seja 
implementada? 
 
 
 
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TEMA 3 – ACOLHIMENTO DO ADULTO NA DEMANDA ESPONTÂNEA NA 
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) 
Já vimos nos tópicos anteriores que o Ministério da Saúde investe em 
diretrizes que orientam a reorganização das Redes de Atenção à Saúde e as 
linhas de cuidado às doenças crônicas, assim como ações para vigilância das 
doenças infecciosas mais prevalentes. É importante lembrar que as doenças 
crônicas estão relacionadas a causas múltiplas, podem ter início gradual, 
prognóstico incerto e longa duração, inclusive gerando incapacidades. 
Diante da complexidade, relevância e, de certo modo, da elevação do 
número de doenças crônicas, especialmente na população adulta, é importante 
que a equipe de atenção primária à saúde saiba como realizar o acolhimento e 
a classificação de risco dessa população. Vamos lembrar que o acolhimento não 
envolve somente a classificação de risco e/ou organização de agendas de 
consultas e ações em grupo, mas deve integrar diversas estratégias que visam 
melhorar o acolhimento e a identificação das necessidades do adulto. 
A atenção primária, para ser resolutiva, deve dar atenção redobrada à 
escuta, bem como ter capacidade para lidar com diferentes sofrimentos, doenças 
e necessidades de saúde da população. Nesse quesito, o acolhimento tem 
apresentado alta relevância e centralidade para o estabelecimento de vínculos 
entre comunidade e equipe de saúde. 
Segundo a Política Nacional de Humanização (PNH), o acolhimento deve 
ser incorporado como parte da rotina de todos os profissionais de saúde e, ainda, 
ser realizado em todos os encontros do usuário com o serviço de saúde. No 
entanto, por não se tratar de uma proposta isolada, o acolhimento é desafiador 
para os serviços de saúde, posto que a noção de acolhimento na saúde ora é 
tomada como uma dimensão espacial, como recepção administrativa e/ou 
ambiente confortável, ora como ação de triagem administrativa e repasse de 
encaminhamentos para serviços especializados. Apesar de ambas terem sua 
importância, quando isoladas levam aos transtornos vivenciados em diversos 
equipamentos que você já deve ter observado, tais como: 
• início de filas ainda de madrugada, uma vez que o único critério para 
atendimento é conseguir uma senha (Figura 4); 
• atendimento a pessoas com problemas de saúde graves, sem assistência 
durante o período de agravamento; 
 
 
9 
• reprodução e privilégio de produção de procedimentos/atividades em 
relação aos resultados. 
Figura 4 – Fila em equipamento de saúde 
 
Créditos: Parikh Mahendra N/Shutterstock. 
A equipe de saúde deve estar ciente de que para acolher com qualidade 
e equidade não é necessário distribuir senhas ilimitadas nem encaminhar todas 
as pessoas ao médico, tampouco o acolhimento deve ser unicamente uma 
triagem para atendimento médico. É preciso que as equipes discutam o papel de 
cada profissional nesse processo e estabeleçam alguns quesitos para um bom 
andamento do acolhimento. 
Itens a serem estabelecidos pela equipe para o acolhimento adequado 
• Quem recebe o paciente quando ele chegar? 
• Como avaliar o risco e/ou a vulnerabilidade do paciente? 
• Qual a conduta e o que fazer de imediato? 
• Quando será necessário agendar consulta médica? 
• Como será organizada a agenda dos profissionais? 
• Quais outros recursos podem ser necessários além da consulta? 
 
 
 
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3.1 Organização da demanda espontânea 
A demanda espontânea é a busca do usuário pela unidade de saúde, 
independentemente do motivo ou do tempo de evolução do problema, de forma 
não esperada pelo serviço, para vigilância de doenças infecciosas transmissíveis 
ou doenças crônicas não transmissíveis. Todos devem passar pelo acolhimento 
para viabilizar o acesso equitativo. Nesse quesito, a classificação de risco pode 
ser uma ferramenta auxiliadora, mas para que seja efetiva todos os profissionais 
presentes devem se envolver no processo a fim de identificar situações que 
apresentam maior risco ou que geram maior sofrimento. 
É importante ressaltar que determinadas situações aumentam a 
vulnerabilidade das pessoas e o acolhimento é a oportunidade de incluí-las em 
um plano de cuidados. Assim, faz parte do trabalho da equipe, na primeira escuta 
do usuário: 
• avaliar a necessidade de cuidados imediatos; 
• prestar ou facilitar os primeiros cuidados; 
• identificar as vulnerabilidades individuais ou coletivas; 
• classificar o risco para definir as prioridades de cuidado; 
• organizar a disposição dos pacientes no serviço, de modo a acomodar os 
que: necessitam de observação ou administração de medicação; estejam 
esperando remoção para outro serviço; sejam suspeitos de portar 
doenças infectocontagiosas de transmissão aérea (meningite, por 
exemplo). 
TEMA 4 – INDICADORES DE MORBIMORTALIDADE EM SAÚDE DO ADULTO 
Você já deve ter estudado que a Política Nacional da Atenção Básica 
(PNAB) prevê como estratégia, em todo o território nacional, a eliminação da 
hanseníase, o controle da tuberculose, da hipertensão arterial e do diabetes 
melito, a eliminação da desnutrição infantil, a saúde da criança, da mulher, do 
idoso e a saúde bucal. 
Na saúde do adulto, os indicadores permitem aos profissionais de saúde 
encontrar a organização da demanda, a prevalência e a incidência de doenças 
crônicas transmissíveis e não transmissíveis, bem como comportamento, estilo 
e vulnerabilidade das pessoas do território. 
 
 
11 
Dois indicadores importantes, na atenção primária por exemplo, referem-
se à hipertensão arterial e ao diabetes melito. Quanto a essas morbidades, 
quando a base de dados está atualizada é possível verificar como esses 
problemas estão distribuídos no território. Mas para que isso seja possível deve 
ser realizado o cadastramento correto desses pacientes, além do monitoramento 
e/ou acompanhamento nas demais ações direcionadas a esses públicos, 
inclusive com orientações sobre dieta, medicação e exercícios físicos. 
Perceba que conhecer os indicadores em saúde permite elaborar o 
diagnóstico situacional e/ou das necessidades específicas de cada território, 
fundamenta as discussões entre os membros da equipe e auxilia o gestor em 
saúde na elaboração de novas políticas públicas de saúde. Por isso é importante 
saber avaliar e rastrear determinados riscos à saúde na população, conforme 
veremos nos próximos tópicos. 
4.1 Avaliação e rastreamento na saúde do adulto – Risco cardiovascular 
Neste tópico iremos abordar algumas recomendações importantes para 
os profissionais de saúde relacionadas à avaliação de risco, rastreamento e ao 
diagnóstico precoce. É importante que você se lembre que existem diferentes 
tipos de fatores de risco. Alguns desses fatores são considerados como risco 
cardiovascular alto, baixo ou intermediário (Brasil, 2010). 
Quadro 2 – Fatores de risco cardiovascular 
Baixo risco / risco intermediário Alto risco 
Tabagismo Acidente vascular encefálico prévio 
HAS (hipertensão arterial sistêmica) Infarto agudo do miocárdio prévio 
Obesidade Ataque isquêmico transitório 
Sedentarismo Hipertrofia do ventrículo esquerdo 
Sexo masculino Nefropatia 
Idade > 65 anos Retinopatia 
(H < 55 a; M< 65 a) – Evento cardiovascular 
prévio 
Aneurisma de aorta abdominal 
Estenose de carótida sintomática 
Diabetes melito 
 
Fonte: Brasil, 2010. 
 
 
 
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Na prática diária, para determinar o risco cardiovascular (RCV) do 
paciente você deve primeiramente classificar seus fatores de risco. O paciente, 
poderá fazer parte de um dos três grupos a seguir. 
1. Se o paciente apresentar apenas um fator de risco baixo/intermediário, 
não há necessidade de calcular o RCV, pois ele é considerado como baixo 
risco cardiovascular e terá menos de 10% de chance de morrer por 
acidente vascular cerebral (AVC) ou infarto agudo do miocárdio (IAM) nos 
próximos dez anos. 
2. Se apresentar ao menos um fator de alto risco cardiovascular, não há 
necessidade de calcular o RCV, pois esse paciente é considerado como 
alto risco cardiovascular e terá chance maior ou igual a 20% de morrer por 
AVC ou IAM nos próximos dez anos. 
3. Se apresentar mais do que um fator de risco baixo/intermediário, há 
necessidade de calcular o RCV, pois esse paciente pode mudar para 
baixo, para alto ou permanecer como risco intermediário. Nesse caso, de 
acordo com o Ministério da Saúde, a avaliação e o rastreamento do risco 
cardiovascular podem ser realizados por meio do escore de Framingham 
(Figura 5), que leva em consideração algumas variáveis como obesidade 
e histórico familiar, além de fatores sociais e étnicos (Brasil, 2010). 
Mas como posso utilizar o escore? 
O escore deve ser realizado da seguinte forma: primeiramente faça o 
cálculo do número de pontos dos fatores de risco. Posteriormente, encontre o 
escore total de risco. Cruze esse dado de modo a obter a projeção do risco em 
dez anos. 
 
 
 
13 
Figura 5 – Modelos do escore de Framingham para homens e mulheres 
 
Fonte: Ferreira, 2020. 
4.2 Avaliação e rastreamento de dislipidemia 
A dosagem de lipídios séricos pode auxiliar a identificação de homens e 
mulheres assintomáticas, porém com alterações significativas que indiquem 
serem elegíveis para terapia preventiva. 
 Os fatores de risco incluem níveis altos de colesterol total (CT) e de 
lipoproteína de baixa densidade de colesterol (LDL-C), assim como baixos níveis 
de lipoproteína de alta densidade de colesterol (HDL-C) são importantes fatores 
de risco para doença arterial coronariana (DAC). Já os riscos de incidência são 
maiores nas pessoas em que há combinação de fatores de riscos (Brasil, 2010). 
O risco de doença arterial coronariana em dez anos é menor em homens 
jovens e em mulheres que não tenham outros fatores de risco, mesmo na 
presença de anormalidades lipídicas (Brasil, 2010). Não há uma definição exata 
sobre intervalos de rastreamento. Sugere-se que, quanto maior o risco, menor o 
intervalo de rastreamento. 
O rastreamento deve incluir a solicitação da dosagem de lipídios séricos 
 
 
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em jejum (12 horas), sem bebida alcoólica e sem mudanças na prática de 
exercícios diários e/ou rotina alimentar. 
TEMA 5 – AVALIAÇÃO E RASTREAMENTO DE OBESIDADE, TABAGISMO E 
ABUSO DE ÁLCOOL 
Dando continuidade ao rastreamento e avaliação das doenças 
prevalentes na população adulta, iremos neste tópico abordar obesidade, 
tabagismo e alcoolismo. 
5.1 Rastreamento da obesidade 
De acordo com o Ministério da Saúde, a obesidade está relacionada com 
diversas doenças, incluindo doença coronariana, HAS, diabetes e acidente 
vascular encefálico. Além disso, está associada à menor qualidade de vida 
devido ao estigma social e à menor mobilidade. 
Em relação ao rastreamento, é recomendado que seja realizado em todos 
os pacientes adultos e crianças maiores de seis anos (Brasil, 2010). Não há 
recomendação clara sobre a periodicidade do rastreamento, assim sua 
realização fica indicada para ocorrer durante a consulta de exame periódico de 
saúde. 
 O rastreamento pode ser realizado com base no cálculo do índice de 
massa corporal (IMC). É importante que você saiba como realizar esse cálculo, 
em que usamos a massa de uma pessoa (peso em quilos) e a dividimos pela 
altura (em metros). Em seguida, classificamos o resultado conforme a tabela a 
seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tabela 1 – IMC: classificação 
IMC Classificação 
<18,5 Peso baixo 
18,5 – 24,9 Peso normal 
25,0 – 24,9 Sobrepeso 
30,0 – 34,9 Obesidade (Grau I) 
35,0 – 39,9 Obesidade severa (Grau II) 
>40,0 Obesidade mórbida (Grau III) 
 
Agora, para praticar, você pode realizar seu cálculo de IMC e classificá-lo 
de acordo com Tabela 1. 
2.3 Rastreamento do tabagismo e do abuso de álcool 
Apesar de várias campanhas contra o tabagismo, estima-se que 17,2% 
das pessoas acima de 15 anos sejam tabagistas e o hábito é mais presente em 
homens que em mulheres (21 e 13%, respectivamente). De acordo com o 
Ministério da Saúde, o rastreamento em relação ao tabagismo deve ser realizado 
por meio de cinco passos, conhecidos como 5 As. O profissional deve ter 
conhecimento e habilidade para realizar o rastreamento. 
Quadro 3 – 5As 
Passos Procedimentos 
1 Aborde o paciente sobre o uso do tabaco. 
2 Aconselhe-o a abandonar o hábito por meio de uma mensagem 
clara, mas educada. 
3 Avalie a disposição do paciente para deixar de fumar. 
4 Ajude-o a parar. 
5 Arranje condições para o seguimento e suporte do paciente. 
 
Fonte: Brasil, 2010. 
É importante lembrar que o rastreamento do tabagismo deve ser realizado 
em todos os pacientes adultos. Dessa forma, em todos os encontros com os 
pacientes, os profissionais de saúde podem perguntar sobre o uso do tabaco e 
 
 
16 
fornecer alternativas de intervenção para que deixem esse hábito. Um dado 
importante a se ter em mente: “Em cada mil mortes anuais em áreas urbanas, 
25 são devido ao fumo passivo em domicílio. Políticas de criação de ambientes 
livres do tabaco em casa e no trabalho podem reduzir consideravelmente a 
mortalidade” (Brasil, 2008). 
Quanto ao abuso de álcool, que possui relação com determinadas 
doenças, violências e acidentes, o Ministério da Saúde descreve que o 
rastreamento proporciona identificação adequada daqueles usuários com 
padrões de uso excessivo de álcool. Embora não haja um período ideal para o 
rastreamento, pessoas com histórico de alcoolismo e tabagistas podem ter 
rastreio em tempo menor. Para isso, pode ser utilizado um teste como o CAGE, 
que é composto por perguntas como: 
• Você já sentiu necessidade de parar de beber? 
• Você já se sentiu chateado por críticas que os outros fazem pelo seu modo 
de beber? 
• Você já se sentiu culpado sobre seu jeito de beber? 
• Você já teve que beber para iniciar o dia e “firmar o pulso”? 
O resultado pode ser interpretado da seguinte forma: caso duas respostas 
sejam afirmativas, o rastreio é positivo e deve-se aconselhar e acompanhar o 
paciente, além de discutir com a equipe o melhor plano terapêutico para a 
situação. 
NA PRÁTICA 
Vimos, nesta etapa, alguns exemplos de avaliação e monitoramento da 
população adulta em relação a doenças crônicas. Agora, para colocar em 
prática, realize o cálculo do IMC em alguém de sua convivência diária. Após isso, 
avalie o risco de doença cardiovascular dessa pessoa. 
FINALIZANDO 
Nesta etapa, abordamos temas importantes sobre a saúde do adulto. 
Iniciamos a etapa comentando sobre o programa de saúde do adulto (Tópico 1). 
Na sequência, no Tópico 2, comentamos sobre as redes e os níveis (primário, 
secundário e terciário) de atenção à saúde. No Tópico 3 falamos sobre o 
acolhimento e a organização da demanda espontânea na atenção básica. No 
 
 
17 
Tópico 4 começamos a falar sobre indicadores de morbimortalidade em saúde 
do adulto e sobre rastreamento e avaliação em doenças cardiovasculares. 
Finalmente, no Tópico 5 abordamos o tabagismo e o abuso de álcool, inclusive 
a avaliação e o rastreamento. 
 
 
18 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo,Brasília, DF, 16 jul. 1990. 
_____. Lei n. 10.741, de 1° de outubro de 2003. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF, 3 out. 2003. 
_____. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de 
Atenção Básica. 
Rastreamento. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: 
<http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/cadernos_ab/abcad29.pdf>. 
Acesso em: 7 jun. 2022. 
FERREIRA, G. de S. et al. Risco cardiovascular pelo escore de Framingham em 
serviços de cardiologia de uma cidade de médio porte de Minas Gerais. Revista 
Médica de Minas Gerais, v. 20, 2020. Disponível em: 
<http://rmmg.org/artigo/detalhes/2711>. Acesso em: 7 jun. 2022. 
PIANCASTELLI, C. H.; DI SPIRITO, G. C.; FLISCH, T. M. P. Saúde do adulto. 
2. ed. Belo Horizonte: Nescon/UFMG, 2013. Disponível em: 
<https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/3999.pdf>. Acesso 
em: 7 jun. 2022. 
SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS. SUS. Disponível 
em: <https://www.saude.mg.gov.br/sus>. Acesso em: 7 jun. 2022.

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