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Samadhi 1
MAYA, a ilusão do eu
Samadhi é uma palavra antiga do sânscrito, para a qual não possui nenhum equivalente moderno. Há um desafio fundamental em fazer um filme sobre Samadhi. Samadhi leva a algo impossível de ser transmitido no nível da mente.
Este filme é simplesmente a manifestação exterior da minha jornada interior. A intenção não é lhe ensinar sobre Samadhi, ou fornecer informações para sua mente, mas sim, inspirar você a descobrir diretamente sua natureza real.
Samadhi é relevante agora mais do que nunca. Estamos em uma época na história, em que esquecemos não só o Samadhi, mas temos esquecido do que nós esquecemos.
Este esquecimento é Maya, a ilusão do Ser.
Parte 1: Maya – A ilusão do Ser Como humanos, a maioria de nós vive imerso em nossas vidas cotidianas, com pouca ideia de quem somos, por quê estamos aqui, ou para onde estamos indo. A maioria de nós nunca realizou o verdadeiro Ser, a alma ou o que Buda chamou de Annata – aquilo que está além de nomes e formas, além do pensamento. Como resultado acreditamos que somos esses corpos limitados. Vivemos no medo, consciente ou inconsciente de que a estrutura limitada do Ser que estamos identificados, irá morrer.
No mundo de hoje a maioria das pessoas que estão empenhadas em práticas religiosas ou espirituais como yoga, oração, meditação, cânticos ou qualquer tipo de ritual, estão praticando técnicas que são condicionadas. O que significa que são apenas parte das construções do ego. A busca e a atividade não é o problema. Pensar que você encontrou a resposta em alguma forma externa é o problema.
Espiritualidade em sua forma mais comum não é diferente do pensamento patológico que está acontecendo em todos os lugares. É mais uma agitação da mente. Mais afazeres humanos, em oposição a “ser” humano. A construção do ego quer mais dinheiro, mais poder, mais amor, mais de tudo. Aqueles no chamado caminho espiritual desejam ser mais espirituais, mais despertos, mais equânimes, mais pacíficos, mais iluminados. O perigo de você assistir a este filme é que sua mente vai querer alcançar Samadhi. Ainda mais perigoso é que sua mente pode pensar que alcançou Samadhi. Sempre que há um desejo de alcançar algo você pode ter certeza de que é a construção do ego trabalhando. Samadhi não é sobre alcançar ou acrescentar qualquer coisa para si mesmo.
Realizar o Samadhi é aprender a morrer antes de você morrer. Vida e morte são como yin e yang – um continuum inseparável. Incessantemente desdobrando, sem começo nem fim. Quando afastamos a morte, também afastamos a vida. Quando você experimenta diretamente a verdade de quem você é, não há mais medo da vida ou da morte.
Somos informados de quem somos pela nossa sociedade e nossa cultura e, ao mesmo tempo, somos escravos do profundo desejo biológico inconsciente e aversão que governam nossas escolhas. A construção do ego não é mais do que o impulso de repetir. É simplesmente o caminho que a energia tomou uma vez e a tendência da energia a tomar esse caminho novamente, Seja positivo ou negativo para o organismo.
Existem infinitos níveis de memória ou mente, espirais dentro de espirais. Quando a sua consciência se identifica com essa mente ou construção do ego, ela lhe prende ao condicionamento social, que você pode chamar de matriz.
Há aspectos do ego de que podemos estar conscientes, mas é o inconsciente, a fiação arcaica, os medos existenciais primitivos, que estão realmente dirigindo toda a máquina. Padrões infinitos relacionados a buscar o prazer e evitar a dor são sublimados em comportamentos patológicos… nosso trabalho… nossos relacionamentos… nossas crenças, nossos próprios pensamentos e todo o nosso modo de viver. Como gado, a maioria dos seres humanos vive e morre em subjugação passiva, alimentando suas vidas para a matriz.
Vivemos vidas trancadas em padrões limitados. Vidas muitas vezes cheias de grande sofrimento, e nunca nos ocorre de podermos realmente tornar-se livres. É possível abandonar a vida que foi herdada do passado, para viver aquela que está esperando para vir através do mundo interior.
Todos nós nascemos neste mundo com estruturas biológicas condicionadas, mas sem auto-consciência. Muitas vezes, quando você olha para os olhos de uma criança, não há vestígio do Ser, apenas vazio luminoso. A pessoa que se desenvolve é uma máscara usada sobre a consciência.Shakespeare disse: “O mundo inteiro é um palco, e todos os homens e mulheres não passam de meros atores”.Em um indivíduo desperto, a consciência brilha através da personalidade, através da máscara.
Quando você está desperto, você não se identifica com seu personagem. Você não acredita que você é as máscaras que você está vestindo. Mas também não desiste de desempenhar um papel.
Quando estamos identificados com o nosso personagem, nossa personalidade, isto é Maya, a ilusão do Ser. Samadhi é despertar do sonho do personagem no jogo da vida.
Dois mil e quatrocentos anos depois que Platão escreveu A República, a humanidade ainda está saindo da caverna de Platão. Na verdade, podemos estar mais fascinados por ilusões do que nunca.
Platão tinha um relato de Sócrates sobre um grupo de pessoas que viviam acorrentadas em uma caverna por todas as suas vidas, de frente para uma parede em branco. Tudo o que podiam ver eram sombras projetadas na parede pelas coisas que passavam diante de um fogo que estava atrás deles. Este show de marionetes se torna o mundo deles.
De acordo com Sócrates, as sombras eram tão próximas que os prisioneiros jamais conseguiriam ver a realidade. Mesmo depois de serem informados sobre o mundo exterior, eles continuaram a acreditar que as sombras eram tudo o que havia. Mesmo se eles suspeitassem que havia algo mais, eles não estavam dispostos a deixar o que era familiar.
A humanidade hoje é como as pessoas que só viram as sombras na parede da caverna. As sombras são análogas aos nossos pensamentos. O mundo do pensamento é o único mundo que conhecemos. Mas há outro mundo que está além do pensamento. Além da mente dualista. Você está disposto a sair da caverna, para deixar tudo o que você tem conhecido para descobrir a verdade de quem você é?
Para experienciar Samadhi é necessário desviar a atenção das sombras, dos pensamentos em direção a luz. Quando uma pessoa é acostumada somente à escuridão, então deve gradualmente acostumar-se à luz. Como aclimatizar a qualquer novo paradigma leva tempo e esforço, e uma vontade de explorar o novo, bem como largar o velho. A mente pode ser comparada a uma armadilha para a consciência, um labirinto ou uma prisão. Não é que você está na prisão, você é a prisão.
A prisão é uma ilusão. Se você se identifica com um eu ilusório, então você está dormindo. Uma vez que você está ciente da prisão, se você luta para sair da ilusão, então você está tratando a ilusão como se fosse real e você ainda permanece dormindo, só que agora o sonho se torna um pesadelo. Você estará perseguindo e fugindo de sombras para sempre. Samadhi é despertar do sonho do eu separado ou a construção egóica. Samadhi é despertar da identificação com a prisão que chamo de EU. Você nunca pode ser realmente livre, porque onde quer que vá sua prisão está lá.
Despertar não se trata de se livrar da mente ou da matriz, pelo contrário; quando você não está identificado com ele, então você pode experimentar o jogo da vida mais plenamente, apreciando o show como ele é, sem desejo ou medo. Nos antigos ensinamentos isso era chamado de jogo divino de Leila: o jogo de jogar na dualidade.A consciência humana é um continuum. Em um extremo, os seres humanos estão identificados com o eu material. No outro extremo está o Samadhi, a cessação do eu. Cada passo que damos no continuum em direção ao Samadhi traz menos sofrimento. Menos sofrimento não significa que a vida está livre da dor. Samadhi está além da dualidade de dor e prazer. O que significa é que há menos mente, menos EU criando resistência a tudo o que se revela, e essa resistência é o que cria sofrimento. Realizar Samadhi ao menos uma vez permite que você veja o que está na outra extremidadedo continuum. Para ver que há algo além do mundo material e interesse próprio. Quando há uma cessação real da estrutura do eu em Samadhi não há pensamento egoico, nenhum EU, nenhuma dualidade ainda haja o “eu sou”, annata ou nenhum self. Nesse vazio está a aurora do prajna ou da sabedoria – a compreensão de que o Ser imanente está muito além do jogo da dualidade, além de todo o continuum.
O Ser imanente é atemporal, imutável, sempre agora. A iluminação é a fusão da espiral primordial, do mundo manifestado ou do lótus em constante mutação, no qual o tempo se desdobra, com o seu Ser atemporal. Sua fiação interna cresce como uma flor desdobrante enquanto você se desidentifica com o eu, tornando-se uma ponte viva entre o mundo do tempo e o atemporal.
Meramente realizar o Ser imanente é apenas o começo de um caminho. A maioria das pessoas terá que experimentar e perder Samadhi inúmeras vezes em meditação antes que sejam capazes de se integrar em outras facetas da vida. Não é incomum ter profundas percepções sobre a natureza do seu Ser durante a meditação ou auto-investigação, apenas para encontrar-se novamente caindo de volta em velhos padrões, esquecendo a verdade de quem você é.
Para realizar essa quietude ou o vazio em cada faceta da vida, cada faceta de si mesmo, é tornar-se o vazio dançando como todas as coisas.
Quietude não é algo separado do movimento. Não é oposto ao movimento. Em Samadhi a quietude é reconhecida como sendo idêntica ao movimento, a forma é idêntica ao vazio. Isso é sem sentido para a mente porque a mente é o surgimento da dualidade.
Rene Descartes, o pai da filosofia ocidental, é famoso pelo provérbio: “Penso, logo existo.” Nenhuma outra frase resume de forma mais clara a queda da civilização e a total identificação com as sombras na parede da caverna. O erro de Descartes, como o erro de quase todos os seres humanos, era igualar o Ser fundamental com o pensamento.
No início de seu tratado mais famoso, Descartes escreveu que quase tudo pode ser posto em dúvida; Ele pode duvidar de seus sentidos e até de seus pensamentos. Da mesma forma, no Kalama Sutra, o Buda disse que, a fim de apurar a verdade, deve-se duvidar de todas as tradições, escrituras, ensinamentos e todo o conteúdo da mente e dos sentidos. Ambos começaram com grande ceticismo, mas a diferença foi que Descartes parou de perguntar ao nível do pensamento, enquanto o Buda se aprofundava – ele penetrou além dos níveis mais profundos da mente. Talvez se Descartes fosse além de sua mente pensante, ele teria percebido que sua verdadeira natureza e consciência ocidental seria muito diferente hoje.
Em vez disso, Descartes descreveu a possibilidade de um demônio maligno que poderia estar nos mantendo sob um véu de ilusão. Descartes não reconheceu esse demônio diabólico pelo que era. Como no filme Matrix, todos nós poderíamos estar ligados a algum programa elaborado criando um ilusório mundo de sonhos. No filme, os seres humanos viveram suas vidas na matriz, enquanto em outro nível eles eram meramente baterias, alimentando sua força vital para as máquinas que usavam sua energia para sua própria programação.
As pessoas sempre querem culpar algo fora de si mesmos pelo estado do mundo ou pela sua própria infelicidade. Quer seja uma pessoa, um grupo ou país em particular, uma religião ou de algum tipo de Illuminati de controle, como o demônio diabólico de Descartes, ou as máquinas sencientes na Matrix. Ironicamente, o demônio que Descartes imaginava era exatamente o que ele próprio se definia. Quando você realiza o Samadhi, fica claro que há um controlador, há uma máquina, um diabo demoniando sua vida dia após dia. A máquina é você.
Sua estrutura é composta de muitos pequenos sub-programas condicionados ou pequenos patrões. Um pequeno patrão que anseia comida, outro anseia dinheiro, outro status, postura, poder, sexo, intimidade. Outro quer a consciência ou a atenção dos outros. Os desejos são literalmente infinitos e nunca podem ser satisfeitos.
Gastamos muito tempo e energia decorando nossas prisões, sucumbindo às pressões para melhorar nossas máscaras, e alimentando os patrões, tornando-os mais poderosos. Como os viciados em drogas, quanto mais tentamos satisfazer os patrões, mais acabamos desejando. O caminho para a liberdade não é auto-aperfeiçoamento, ou de alguma forma satisfazer o planejamento do eu, mas é uma queda do planejamento do eu completamente.
Algumas pessoas temem que despertar sua verdadeira natureza significa que eles perderão sua individualidade e gozo da vida. Na verdade, o oposto é verdadeiro; A única individuação da alma só pode ser expressa quando o eu condicionado é superado.
Porque permanecemos adormecidos na matriz, a maioria de nós nunca descobre o que a alma realmente quer expressar.
O caminho para Samadhi envolve meditação, que é tanto observar o eu condicionado: o que muda, e realizando a sua verdadeira natureza: o que não muda. Quando você chegar ao seu ponto inerte, a fonte de seu Ser, então você espera mais instruções sem qualquer insistência de como o seu mundo exterior tem de mudar. Não a minha vontade, mas a vontade superior, seja feita.
Se a mente só tenta mudar o mundo exterior para sujeitar-se a alguma ideia do que você acha que o caminho deve ser, é como tentar mudar a imagem em um espelho, manipulando a reflexão. Para fazer a imagem em um espelho sorrir você obviamente não pode manipular a reflexão, você tem que realizar o “você” que é a fonte autêntica da reflexão.
Uma vez que você realiza o eu autêntico, isso não significa que qualquer coisa no exterior necessariamente precisa mudar. O que muda é a energia interior, consciente, inteligente, ou prana, que é liberta dos padrões condicionados e torna-se disponível para ser direcionada pela alma. Você só pode tornar-se consciente do propósito da alma quando você é capaz de observar o eu condicionado e suas intermináveis perseguições, e deixá-los ir.
Na mitologia grega, foi dito que os deuses condenaram Sísifo a repetir uma tarefa sem sentido por toda a eternidade. Sua tarefa era empurrar sem parar uma pedra montanha acima, só para depois deixar rolar montanha abaixo novamente. O existencialista francês e autor vencedor do Prêmio Nobel, Albert Camus, viu a situação de Sísifo como uma metáfora para a humanidade. Ele fez a pergunta: “Como podemos encontrar significado nesta existência absurda?”.
Como humanos estamos trabalhando sem parar, construindo para um amanhã que nunca chega, e então morremos. Se verdadeiramente realizarmos essa verdade, ou nos tornaremos loucos se formos identificados com nossas personalidades egoicas, ou então despertaremos e nos tornaremos livres. Nunca poderemos ter sucesso na luta externa, porque é apenas um reflexo do nosso mundo interior. A piada cósmica, o absurdo da situação torna-se claro quando há um completo e absoluto fracasso do eu egoico para despertar através de suas buscas fúteis.
No Zen há um ditado: “Antes da iluminação corte madeira, carregue água. Após a iluminação, corte madeira, carregue água.” Antes da iluminação é preciso rolar a bola morro acima. Após a iluminação, também é preciso rolar a bola morro acima. O que mudou? A resistência interior ao que é. A luta foi abandonada, ou melhor, a pessoa que luta foi percebida como ilusória. A vontade individual ou a mente individual e a vontade divina, ou mente superior, estão alinhadas.
Samadhi é, em última análise, uma queda de toda a resistência interior – a todos os fenômenos mutáveis, sem exceção. Aquele que é capaz de realizar a paz interior, independente da circunstância, atingiu o verdadeiro Samadhi. Você abandona a resistência não porque aceita uma coisa ou outra, mas para que sua liberdade interior não dependa do exterior.
É importante comentar que quando aceitamos a realidade como ela é, não significa necessariamente que paramos de agir no mundo, ou nos tornamos meditadores pacifistas. Na verdade, o oposto pode ser verdade; Quando somos livres para agir sem ser movidos por motivos inconscientes, então é possível agirem alinhamento com o Tao, com toda a força de nossa energia interior atrás de nós. Muitos vão argumentar que, a fim de mudar o mundo e trazer a paz, precisamos lutar mais duramente contra os nossos inimigos percebidos. Lutar pela paz é como gritar pelo silêncio; Apenas cria mais do que você não quer. Hoje há guerra contra tudo: a guerra contra o terrorismo, uma guerra contra a doença, uma guerra contra a fome. Toda guerra é na verdade uma guerra contra nós mesmos.
A luta é parte de um delírio coletivo. Dizemos que queremos a paz, mas continuamos a eleger líderes que se engajam na guerra. Mentimos a nós mesmos dizendo que defendemos os direitos humanos, mas continuamos a comprar produtos feitos em fábricas. Dizemos que queremos ar puro, mas continuamos a poluir. Queremos que a ciência nos cure do câncer, mas não mudamos nossos comportamentos habituais autodestrutivos que nos tornam mais suscetíveis a adoecer. Nos iludimos que estamos promovendo uma vida melhor. Não queremos ver nossas partes ocultas que estão tolerando o sofrimento e a morte.
A crença de que podemos ganhar uma guerra contra o câncer, a fome, o terror ou qualquer inimigo que foi criado por nosso próprio pensamento e comportamento, na verdade nos permite continuar iludidos que não temos de mudar a forma como agimos neste planeta.
O mundo interior é onde a revolução deve primeiro acontecer. Somente quando pudermos sentir diretamente a espiral da vida interior, o mundo exterior entrará em alinhamento com o Tao. Até lá, qualquer coisa que façamos contribuirá para o caos já criado pela mente.
Guerra e paz surgem juntos em uma dança sem fim; Eles são um contínuum. Uma metade não pode existir sem a outra. Assim como a luz não pode existir sem escuridão, e acima não pode existir sem abaixo. O mundo parece querer luz sem escuridão, plenitude sem vazio, felicidade sem tristeza. Quanto mais a mente se envolve, mais fragmentado o mundo se torna. Cada solução que vem da mente egóica é impulsionada pela idéia de que há um problema, e a solução se torna um problema ainda maior do que o que estava tentando resolver. O que você resiste persiste.
A criatividade humana cria novos antibióticos e descobrem que a natureza fica mais esperta à medida que as bactérias se fortalecem. Apesar dos nossos melhores esforços na luta atual, a prevalência do câncer está aumentando, o número de pessoas famintas no mundo cresce de forma constante, o número de ataques terroristas em todo o mundo continua a aumentar.
O que há de errado com nossa abordagem? Como o Aprendiz de Feiticeiro do poema de Goethe, temos conquistado um grande poder, mas não temos a sabedoria para usá-lo. O problema é que não entendemos a ferramenta que estamos usando. Não entendemos a mente humana, seu papel e propósito.
A crise nasce do modo condicionado e limitado em que pensamos, a maneira que nós sentimos e experimentamos a vida. Nosso racionalismo nos roubou nossa capacidade de reconhecer e experimentar a sabedoria de muitas culturas antigas. Nosso pensamento egoico nos roubou a capacidade de sentir a profundidade e a profunda sacralidade da vida, a numinosidade da vida, e de realizar níveis inteiramente diferentes de consciência, que agora estão quase perdidos para a humanidade. Na antiga tradição egípcia, Neters eram formas arquetípicas cujas características podiam ser encarnadas por aqueles que purificavam seus corpos físico e espiritual de tal forma que eles estavam aptos a abrigar consciências superiores. O Neter original, ou o princípio divino desta sabedoria era conhecido como Thoth ou Tehuti. Representado frequentemente como um escriba com a cabeça de um pássaro ou de um Íbis, e representava a origem de todo o conhecimento e sabedoria. Thoth poderia ser descrito como o princípio cósmico do pensar ou do pensamento. Thoth nos deu a linguagem, conceitos, escrita, matemática e todas as artes e manifestações da mente. Somente aqueles que haviam passado por treinamento especial eram autorizados a acessar o conhecimento sagrado de Thoth.
O livro de Thoth não é um livro físico, mas é a sabedoria do reino akáshico ou etérico. A lenda conta que o conhecimento de Thoth estava profundamente escondido em um lugar secreto dentro de cada ser humano, e estava protegido por uma serpente dourada. O mito arquetípico ou perene da serpente ou dragão que guarda um tesouro é aquele que permeia muitas culturas e tem sido chamado por nomes como kundalini shakti, chi, espírito santo e energia interior. A serpente dourada é a construção egóica que está ligada nas energias interiores e até que ela seja dominada e superada, a alma nunca será capaz de alcançar a verdadeira sabedoria. Dizia-se que o livro de Thoth trouxe nada além de sofrimento a qualquer indivíduo que o leu, mesmo que eles encontrassem os segredos dos próprios deuses e tudo o que está escondido nas estrelas. O que deve ser entendido é que o livro trouxe sofrimento a qualquer indivíduo que leu, qualquer ego que tentou controlá-lo. Na tradição egípcia, a consciência desperta foi representada por Osíris.
Sem essa consciência desperta, qualquer conhecimento ou entendimento obtido pelo eu limitado seria perigoso, desconectado da sabedoria superior. O olho de Hórus tinha que estar aberto. O significado esotérico que encontramos aqui é semelhante à história mais conhecida da “queda” no jardim do Éden. O livro de Thoth é paralelo ao livro do conhecimento do bem e do mal cujo fruto Adão e Eva foram tentados a comer. A humanidade, é claro, já comeu o fruto proibido, já abriu o livro de Thoth, e foi lançado fora do jardim. A serpente é uma metáfora para a espiral primordial que se estende do microcosmo ao macrocosmo. Hoje a serpente está vivendo como você. É a mente egóica expressa como o mundo manifestado. Nós nunca tivemos acesso a tanto conhecimento. Temos penetrado profundamente no mundo material, até encontrando a assim chamada partícula de Deus, mas nunca fomos mais limitados, mais ignorantes de quem somos, como viver e não entendemos o mecanismo pelo qual criamos sofrimento.
Nosso pensamento criou o mundo como ele é agora. Sempre que rotulamos algo como bom ou mau, ou criamos preferência em nossa mente, é devido ao surgimento de estruturas egóicas ou interesses pessoais. A solução não é lutar pela paz ou conquistar a natureza, mas simplesmente reconhecer a verdade; Que a própria existência da estrutura do ego cria dualidade, uma divisão entre o eu e o outro, o meu e o seu, o homem e a natureza, interior e exterior. O ego é violência; Requer uma barreira, uma divisão do outro a fim de ser.
Sem ego não há guerra contra nada. Não há arrogância, não há natureza excessiva para tirar proveito. Essas crises externas em nosso mundo refletem uma grave crise interna; Não sabemos quem somos. Estamos completamente identificados com nossas identidades egoicas, consumidos pelos medos e separados de nossa verdadeira natureza.
As raças, religiões, países, afiliações políticas, qualquer grupo a que pertencemos, reforçam todas as nossas identidades egoicas. Quase todos os grupos que existem no planeta hoje querem reivindicar sua perspectiva como verdadeira e correta, como fazemos em um nível individual. Ao afirmar a verdade como sua, o grupo perpetua sua própria existência da mesma forma que um ego ou auto-estrutura se define contra os outros.
Agora, mais do que nunca, diferentes realidades e sistemas de crença polarizados estão coexistindo na Terra. É possível que pessoas diferentes experimentem pensamentos e reações emocionais completamente diferentes aos mesmos fenômenos externos. Da mesma forma, samsara e nirvana, céu e inferno, são duas dimensões diferentes que ocupam o mesmo mundo. Um evento que pode parecer apocalíptico para uma pessoa, pode ser visto como uma bênção para outro. Então, o que está se tornando óbvio é que suas circunstâncias externas não precisam afetar seu mundo interior de nenhuma maneira particular. Realizar o Samadhi é tornar-se uma roda autopropulsada, tornar-se autônomo, um universo para si mesmo. Sua experiênciade vida não depende de mudanças de fenômenos.
Uma analogia pode ser feita com o cubo de Metatron. Metatron é mencionado em vários textos antigos cristãos, islâmicos e judaicos, e é arquetípicamente relacionado com o egípcio Neter Thoth, bem como Hermes Trismegisto da Grécia. Metatron está intimamente ligado ao tetragrama. O tetragrama é o padrão geométrico fundamental, o modelo ou emanação primordial da realidade física, que tem sido chamado de palavra de Deus ou Logos. Aqui vemos uma representação bidimensional da figura, mas se você olhar de uma certa maneira, você vê um cubo 3D. Quando você vê o cubo, nada mudou na figura, mas sua mente adicionou uma nova dimensão à sua visão.
Dimensionalidade ou a perspectiva de alguém é simplesmente uma questão de habituar-se a uma nova maneira de perceber o mundo. Ao realizar o Samadhi, nos tornamos livres de perspectiva ou livres para criar novas perspectivas, porque não há um Eu envolvido ou ligado a um determinado ponto de vista.
As maiores mentes da história humana frequentemente apontam para níveis de pensamento além da estrutura limitada do eu. Einstein disse: “A verdadeira escala de um ser humano é determinada principalmente pelo grau e senso em que ele alcançou a libertação do eu.”
Portanto, não é que o pensamento e a existência do eu sejam ruins, o pensamento é uma ferramenta maravilhosa quando a mente está ao serviço do coração. No Vedanta diz-se que a mente cria um bom servo, mas um pobre mestre.
O ego perpetuamente filtra a realidade através da linguagem e dos rótulos, e está constantemente julgando. Preferindo uma coisa sobre a outra. Quando a mente e os sentidos são seu mestre, eles criarão sofrimento infinito, desejo e antipatia sem fim, nos trancando na matriz do pensamento. Se você quiser realizar Samadhi, não julgue seus pensamentos como bons ou maus, mas descubra quem você é antes do pensamento, antes dos sentidos. Quando todos os rótulos são descartados, então é possível ver as coisas como elas são. No momento em que uma criança ouve o que é um pássaro, se elas acreditarem no que ouviram, então elas nunca mais verão um pássaro. Elas só vêem seus pensamentos.
A maioria das pessoas pensa que são livres, conscientes e despertas. Se você acredita que já está desperto, então por que você faz um esforço árduo para alcançar o que você acredita que já tem? Antes que seja possível despertar, é necessário aceitar que você está adormecido, vivendo na matriz.
Examine sua vida honestamente, sem mentir para si mesmo. Você é capaz de parar seus padrões de vida robóticos, repetitivos, se quiser? Você consegue parar de buscar o prazer e evitar a dor? Você é viciado em certos alimentos, atividades, passatempos? Você está constantemente julgando, culpando, criticando a si mesmo e aos outros? Sua mente procura incessantemente estímulo, ou você é completamente realizado apenas estando em silêncio? Você se importa sobre o que as pessoas pensam sobre você? Está buscando aprovação, reafirmações positivas? Você de alguma forma sabota situações em sua vida?
A maioria das pessoas experimentará suas vidas da mesma maneira hoje como será amanhã e daqui a um ano, e daqui a dez anos. Quando você começa a observar sua natureza robotizada, você se torna mais desperto. Você começa a reconhecer a profundidade do problema. Você está completamente e absolutamente adormecido, perdido em um sonho. Como os habitantes da caverna de Platão, muitos que ouvem esta verdade não estarão dispostos ou capazes de mudar suas vidas porque estão apegados a seus padrões familiares.
Vamos muito longe justificando nossos padrões, enterrando nossas cabeças na areia em vez de encarar a verdade. Queremos os nossos salvadores, mas não estamos dispostos a subir na cruz nós mesmos. O que você está disposto a pagar para ser livre? Perceba que se você mudar seu mundo interior, você deve estar preparado para mudar a vida exterior. Sua antiga estrutura e sua antiga identidade devem se tornar o solo morto do qual o novo crescimento surge.
O primeiro passo para o despertar é perceber que estamos identificados com a matriz da mente humana, com a máscara. Algo dentro de nós deve ouvir esta verdade e ser despertado desse sono. Há uma parte de você, algo intemporal, que sempre conheceu a verdade. A matriz da mente nos distrai, nos entretém, nos mantém eternamente fazendo, consumindo, agarrando em um ciclo de desejo e aversão com formas em constante mudança, nos impedindo de florescer nossa consciência, de nosso direito de nascimento evolutivo que é Samadhi.
Pensamento patológico é o que ocorre na vida normal. Sua essência divina tornou-se escravizada, identificada com a estrutura limitada do eu. A grande sabedoria, a verdade de quem você é está enterrada profundamente em seu ser. J. Krishnamurti disse: “Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade profundamente doente.” Identificação com a mente egóica é a doença, e Samadhi é a cura. Os santos, sábios e seres despertos ao longo da história aprenderam a sabedoria da auto-entrega. Como é possível realizar o verdadeiro Ser? Quando você olhar através do véu de Maya, e abandonar o eu ilusório, o que resta?
SAMADHI 2
Não é o que você pensa
Os maiores mestres espirituais do mundo da antiguidade aos tempos modernos têm compartilhado a visão de que a verdade mais profunda do nosso ser não é propriedade de uma religião particular ou tradição espiritual, mas pode ser encontrada dentro do coração de cada pessoa. O poeta Rumi disse: “Onde está aquela Lua que nunca nasce ou se põe?” Onde está a alma que nem conosco nem sem nós está? Não diga que está aqui ou ali.
Toda criação é “Isso”, mas para os olhos que podem ver. Na história da Torre de Babel a humanidade é fragmentada em incontáveis línguas, crenças, culturas e interesses. Babel significa literalmente “o portão de Deus”. O portão é a nossa mente pensante, nossas estruturas condicionadas. Para aqueles que percebem sua verdadeira natureza, sua essência além de nome e forma, eles são iniciados no grande mistério do que está para além do portão.
Uma antiga parábola, a parábola do elefante tem sido usada para descrever como várias tradições estão, na verdade, todas apontando para uma mesma grande verdade. Cada pessoa de um grupo de pessoas cegas está individualmente tocando uma parte diferente de um elefante, obtendo uma certa impressão do que é um elefante. A que está na perna do elefante descreve o elefante como uma árvore. A pessoa na cauda diz que o elefante é como uma corda. O elefante é como uma lança, diz o que está deparando-se com a presa. Se alguém tocar-lhe a orelha, parecerá que o elefante é como um leque A pessoa que toca o dorso afirma que o elefante é como uma parede. O problema é que tocamos nossa parte do elefante e acreditamos que nossa experiência é a única verdade. Não reconhecemos ou percebemos que a experiência de cada pessoa é uma faceta diferente do mesmo animal. A filosofia perene é um entendimento de que todas as tradições espirituais e religiosas compartilham uma única verdade universal. Uma realidade mística ou transcendente sobre a qual todo conhecimento espiritual e doutrina cresceram e foram originados.
Swami Vivekananda resumiu o ensinamento perene quando disse “o fim de todas as religiões é a percepção de Deus na alma. Eis a única religião universal “. Neste filme, quando usamos a palavra Deus é simplesmente uma metáfora para o transcendente, apontando para o grande mistério além da mente egoica limitada. Entender o verdadeiro “eu” ou o “Eu” imanente operando internamente é perceber a natureza divina no próprio ser. Toda alma tem o potencial de manifestar um novo nível superior de consciência. Despertar de seu sono e de sua identificação com a forma. O escritor e visionário Aldous Huxley, conhecido por sua obra “Admirável Mundo Novo”, também escreveu um livro intitulado “A Filosofia Perene”, no qual ele escreve sobre o ensinamento que volta recorrentemente na história, tomando a forma da cultura na qual é realizado. Eleescreve: “A filosofia perene é expressada mais sucintamente na fórmula sânscrita “Tat Tvam Asi”; “Isso és tu.” O Atman ou eterno eu imanente é um com Brâman, o princípio absoluto de toda existência, e o fim último de todo ser humano é descobrir o fato por si mesmo.
Descobrir quem ele ou ela realmente é. Cada tradição é como uma faceta de uma joia refletindo uma perspectiva única da mesma verdade, enquanto ao mesmo tempo ecoa e ilumina uma a outra. Seja qual for a linguagem e estrutura conceitual utilizada, todas as religiões que refletem o ensinamento perene possuem alguma noção de que existe uma união com algo maior, algo além de nós. É possível aprender e integrar os ensinamentos de uma ou muitas fontes sem incorporar um senso de identificação com elas. Dizem que tudo o que é verdadeiro nos ensinamentos espirituais são simplesmente dedos apontando para a verdade transcendente. Se nós nos apegarmos ao dogma, os ensinamentos confortantes, ficaremos atrofiados em nossa evolução espiritual. Perceber a verdade além de qualquer conceito é soltar-se de todo apego e adesão, deixando ir todos os conceitos religiosos. Do ponto de vista do ego, o dedo apontando você à Samadhi está apontando direto para o abismo. São João da Cruz disse “Se desejas ter certeza do caminho a seguir, será preciso fechar os olhos e caminhar no escuro.” “Viver plenamente é estar sempre na terra de ninguém…” …e estar disposto a morrer repetidamente.”
Samadhi começa com um salto para o desconhecido. Nas antigas tradições, a fim de realizar Samadhi foi dito que deve-se, em última análise, afastar a consciência de todos os objetos conhecidos; de todos os fenômenos externos, pensamentos condicionados e sensações, em direção à própria consciência. Para a fonte interna; o coração ou essência do nosso ser. Neste filme, quando usamos a palavra Samadhi estamos apontando para o transcendente.
Para o mais alto Samadhi que foi nomeado Nirvikalpa Samadhi. Em Nirvikalpa Samadhi há uma cessação da auto-atividade, de todo buscar e agir. Nós só podemos falar sobre o que decai quando nos aproximamos dele e o que reaparece quando voltamos dele. Não há percepção nem não percepção, nem “coisa” nem “coisa nenhuma”, nem consciência nem inconsciência. É absoluto, insondável e inescrutável para a mente. Quando o eu retorna à atividade há um não saber; uma espécie de renascimento e tudo se torna novo de novo. Nós ficamos com o perfume do divino, que perdura mais enquanto evoluimos no caminho.
Existem numerosos tipos de Samadhi descrito nas tradições antigas e a linguagem criou muita confusão com o passar dos anos. Estamos escolhendo usar a palavra Samadhi para apontar para a união transcendente, mas poderíamos ter usado uma palavra de outra tradição tão apropriadamente quanto. Samadhi é um antigo termo sânscrito comum ao yoga védico e tradições Samkya da Índia, e tem permeado muitas outras tradições espirituais. Samadhi é o oitavo membro do oito membros do yoga de Patanjali, e a oitava parte do Nobre Caminho Óctuplo do Buda. O Buda usou a palavra “Nirvana”, a cessação de “vana” ou a cessação de auto-atividade. Patanjali descreveu yoga ou Samadhi como “chitta vritti nirodha”, o sânscrito significa “cessação do turbilhão ou espiral da mente. “É um desenredamento da consciência de toda a “matrix” ou “criatrix” da mente. Samadhi não significa nenhum conceito porque para percebê-lo é necessario um abandono da mente conceitual.
Diferentes religiões usaram várias palavras para descrever a união divina. Na verdade, a palavra religião em si significa algo similar. Em latim “religare” significa religar ou reconectar. É um significado semelhante à palavra yoga que significa laço a unir o mundano com o transcendente. No islamismo é refletido no antigo significado árabe da palavra Islã em si, o que significa submissão ou súplica a Deus. Isto significa uma humilhação total ou rendição da estrutura do eu.
Místicos cristãos como São Francisco de Assis Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz descrevem uma união divina com Deus – o reino de Deus interior. No Evangelho de Tomé, Cristo disse “o reino não está aqui ou ali. Pelo contrário, o reino do Pai está espalhado sobre a terra e os homens não o vêem. “As obras dos filósofos gregos Platão, Plotino, Parmênides e Heráclito quando vistas através da luz do ensinamento perene apontam para a mesma sabedoria. Plotino ensina que o maior empreendimento humano é guiar a alma humana para o supremo estado de perfeição e união com o Uno.
A medicina Lakota e o santo Alce Negro disseram: “A primeira paz, que é a mais importante, é a que vem dentro das almas dos homens quando eles percebem seu relacionamento, sua unicidade com o universo e todos os seus poderes. E quando eles percebem que no centro de o universo habita o Grande Espírito e que este Centro está realmente em todo lugar. Isto está dentro de cada um de nós.
No caminho para o despertar, a menos que estejamos em Samadhi há sempre duas polaridades, duas entradas para adentrar. Duas dimensões: uma em direção à consciência pura, a outra em direção ao mundo fenomenal. A direção ascendente encontra-se em direção ao absoluto, e a descendente em direção a Maya e tudo que se manifesta, tanto visível como invisível.
A relação entre relativo e absoluto poderia ser resumida na seguinte citação de Sri Nisargadatta Maharaj: “Sabedoria é saber que eu sou nada, amor é saber que eu sou tudo e entre os dois a minha vida se move “. O que nasce desta união é uma nova consciência divina. Algo nascido fora do casamento ou união destas polaridades ou o colapso da identificação dualista, mas o que nasce não é uma coisa — isso nunca nasceu. Flores de consciência criando algo novo, criando o que você poderia chamar de Trindade perene. Deus, o Pai, o transcendente, incognoscível e imutável, une-se ao Sagrado Feminino, o qual é tudo aquilo que muda. Esta união traz uma transformação alquímica; um tipo de morte e renascimento.
Nos ensinamentos védicos, a união divina é representada por duas forças fundamentais Shiva e Shakti. Os nomes e rostos de os vários deuses mudam ao longo da história, mas seus atributos fundamentais permanecem. O que nasce desta união é uma nova consciência divina, um novo modo de estar no mundo. Duas polaridades inseparavelmente unidas. Uma energia universal que está sem centro, livre de limitações. É amor puro. Não há nada a ganhar ou perder porque é completamente vazia, mas absolutamente cheia.
Se esse é o mistério das escolas da Mesopotâmia, das tradições espirituais dos babilônios e assírios, religiões do antigo Egito, Culturas núbia e kemética da antiga África, as tradições xamânicas e nativas em todo o mundo, o misticismo da Grécia antiga, os gnósticos, os não-dualistas, budistas, taoístas, judeus, zoroastrianos, jainistas, muçulmanos, ou cristãos, descobre-se que o elo comum é a mais elevada percepção espiritual que permitiu aos seus adeptos realizar Sámadi.
A vigente palavra Samadhi significa algo como perceber a unicidade ou unidade em todas as coisas. Isso significa União. É a união de todos os aspectos de você mesmo. Mas não se engane entre a compreensão intelectual da Realização real de Samadhi. É a sua quietude, seu vazio que une todos os níveis da espiral da vida É através do antigo ensinamento de Samadhi que a humanidade pode começar a entender a fonte comum de todas as religiões e entrar em alinhamento uma vez novamente com a espiral da vida, Grande Espírito, Dhamma ou o Tao.
A espiral é a ponte que se estende do microcosmo ao macrocosmo. Do seu DNA ao lótus interno de energia que se estende através dos chakras, para os braços espirais das galáxias. Todo nível de alma é expresso através da espiral como ramos em constante evolução, vivendo, explorando. O Verdadeiro Samadhi é a percepção do vazio de todos os níveis do eu. Todas as bainhas da alma. A espiral é o interminável jogo de dualidade e o ciclo de vida e morte. Às vezes nos esquecemos de nossa conexão coma fonte. A lente que olhamos é muito pequena e nos identificamos como uma criatura limitada rastejando sobre a Terra, apenas para mais uma vez completar a viagem de volta para a fonte; para o centro que está em todo lugar.
Chuang Tzu disse “Quando não há mais separação entre isto e aquilo, eis o chamado ponto seguro do Tao. No ponto seguro no centro da espiral é possível ver o infinito em todas as coisas “. O antigo mantra “om mani padme hum” tem um significado poético. Alguém despertou ou percebeu a joia dentro do lótus. Sua verdadeira natureza desperta dentro da alma dentro do mundo COMO o mundo. Usando o princípio hermético “O que está em cima é como o que está em baixo. O que está dentro é como o que está fora”, podemos usar analogias para começar a entender a relação entre mente e quietude, relativo e absoluto.
Uma maneira de começar a entender a natureza não conceitual de Samadhi é usar a analogia do buraco negro. Um buraco negro é tradicionalmente descrito como uma região do espaço com um enorme campo gravitacional tão poderoso que nem a luz ou matéria pode escapar dele. Novas teorias postulam que todos os objetos, das minúsculas partículas microscópicas até formações macrocósmicas como galáxias possuem um buraco negro ou singularidade misteriosa em seu centro. Nesta analogia nós vamos usar esta nova definição de um buraco negro como “o centro que está em toda parte “. No Zen existem muitos poemas e koans que nos trazem cara a cara com o portal sem porta. É preciso atravessar o portal sem porta para realizar Samadhi.
Um horizonte de eventos é um limite no espaço-tempo, para além do qual os eventos não podem afetar um observador externo, o que significa que tudo o que está acontecendo além do horizonte de eventos é incognoscível para você. Você poderia dizer que o horizonte de eventos de um buraco negro é análogo ao portal sem porta. É o limiar entre o eu e não-eu. Não há “eu” que atravessa o horizonte de eventos. No centro de um buraco negro há a singularidade unidimensional contendo a massa de bilhões de sóis em um espaço inimaginavelmente pequeno. Efetivamente uma massa infinita. Literalmente um universo em algo infinitamente menor que um grão de areia. A singularidade é algo insondável além do tempo e espaço. De acordo com a Física, o movimento é impossível, a existência das coisas é impossível.
Seja o que for, não pertence ao mundo da percepção, mas não pode ser descrito como apenas quietude. Está além da quietude e do movimento. Quando você percebe o centro que está em todos os lugares e em nenhum lugar, a dualidade é quebrada, forma e vazio temporal e intemporal. Podemos dizer que é uma quietude dinâmica ou um vazio prenhe, dentro do centro da escuridão absoluta. O professor taoísta Lao Tse disse “Escuridão dentro da escuridão — a porta de entrada para todo entendimento “. O escritor e mitólogo Joseph Campbell descreve um recorrente símbolo, parte da filosofia perene que ele chama de Axis Mundi; o ponto central ou a montanha mais alta. O pólo em torno do qual tudo gira. O ponto onde quietude e movimento são unificados. A partir deste centro uma poderosa árvore florida é percebida.
Uma árvore Bodhi que une todos os mundos. Assim como um sol é sugado por um buraco negro, quando você aproximar-se da grande realidade, sua vida começa a girar em torno dela e você começa a desaparecer. Quando você se aproxima do eu imanente, ele pode ser aterrorizante para a estrutura do ego. Os guardiões do portal estão lá para testar aqueles que estão em sua jornada. É preciso estar disposto a encarar os maiores medos e ao mesmo tempo aceitar o poder inerente. Trazer luz para os terrores inconscientes e a beleza escondida no interior. Se sua mente não é movida, se não houver auto-reação, então todos os fenômenos produzidos pelo inconsciente surgem e desaparecem. Este é o ponto da jornada espiritual onde a fé é mais necessária.
O que nós significamos por fé? Fé não é o mesmo que crença. Crença é aceitar algo ao nível da mente para trazer conforto e segurança. Crença é o modo de pensar da mente, rotulando ou controlando a experiência. Fé é na verdade o oposto. Fé é ficar no lugar de completo não saber, aceitando o que quer que surja ao inconsciente. A fé está se rendendo a a atração da singularidade, para o dissolvimento ou desmantelamento do eu com o objetivo de atravessar o portal sem porta. A evolução e estrutura de uma galáxia está intimamente ligada à escala de seu buraco negro assim como sua evolução é atada à presença do imanente Eu, a singularidade que é sua verdadeira natureza.
Não podemos ver o buraco negro, mas podemos sabe sobre ele pela maneira como as coisas se movem em torno dele, pela forma como ele interage com realidade física. Da mesma forma nós não podemos ver nossa verdadeira natureza. O imanente eu não é uma coisa, mas podemos observar ação iluminada. Como o mestre zen Suzuki disse: “Não há, estritamente falando, nenhuma pessoa iluminada. Existe apenas atividade iluminada “. Não podemos ver, assim como o olho não pode ver a si mesmo. Não podemos ver porque é aquilo pelo qual ver é possível. Tal como o buraco negro, Samadhi não é coisa nenhuma, e nem é uma coisa. É o colapso da dualidade entre coisa e coisa nenhuma. Não há portão para entrar na grande realidade, mas existem caminhos infinitos.
Os caminhos do Darma são como uma espiral infinita sem começo nem fim. Ninguém pode atravessar o portal sem porta. Nenhuma mente descobriu como e ninguém nunca descobrirá. Ninguém pode atravessar pelo portal sem porta, portanto seja ninguém. Samadhi é o caminho sem caminho, a chave de ouro. É o fim da nossa identificação com as estruturas do eu que separam nossos mundos interno e externo. Existem muitos modelos que descrevem as camadas ou níveis da estrutura do eu. Nós vamos usar um exemplo que é muito antigo. Nos Upanishads, as bainhas que cobrem o Atman ou alma são os chamados koshas. Cada kosha é como um espelho. Uma camada da estrutura do eu; um véu ou nível de maya que nos distrai da percepção de nossa verdadeira natureza, se estivermos identificados com ela.
A maioria das pessoas vê os reflexos e acredita que isso é o que elas são. Um espelho reflete a camada animal, o corpo físico. Outro espelho reflete sua mente, seus pensamentos, seus instintos, e percepções. Outro sua energia interior ou prana que você pode observar quando você se virar para dentro. Outro espelho reflete sobre o nível do Imaginal, o qual é a mente superior ou camada de sabedoria, e há camadas de beatitude transcendental ou não dual que são experienciadas quando alguém se aproxima de Samadhi. Existem potencialmente incontáveis ​​espelhos ou aspectos do eu que podemos diferenciar, e eles estão constantemente mudando.
A maioria das pessoas ainda não descobriu a camada prânica, da mente superior, e beatitude não dual. Elas nem sabem que elas existem. Essas camadas estão informando sua vida, mas você não as vê. Os espelhos escondidos verdadeiramente informam nossas vidas mais do que aqueles que são visíveis. Eles são invisíveis porque para a maioria das pessoas eles não são totalmente iluminados por consciência. Como na Rede de Joias de Indra, todos os espelhos refletem uns aos outros e os reflexos refletem todos os outros reflexos infinitamente. Uma mudança em um nível afeta simultaneamente todos os níveis. Alguns desses espelhos podem ser deixados nas sombras a menos que tenhamos a sorte de ter um guia competente para nos ajudar a lançar luz sobre eles.
A verdade é que nós não sabemos que não sabemos. Agora imagine que você destrua todos os espelhos. Não há nada refletindo você de volta a você mesmo. Onde você está? Quando a mente se torna quieta os espelhos deixam de refletir. Não há mais sujeito e objeto. Mas não erre o estado primordial para o nada ou esquecimento. O eu imanente não é algo, mas também não é nada. A fonte não é uma coisa é o vazio ou a própria quietude. É um vazio que é a fonte de todas as coisas. Aforma é realizada exatamente como vazio, o vazio é percebido como exatamente forma. Esta fonte é o grande ventre da criação, grávida de todas as possibilidades.
Samadhi é o despertar da consciência impessoal. Tal como quando você tem um sonho, e ao acordar você perceber que tudo no sonho estava apenas em sua mente. Ao perceber Samadhi, percebemos que tudo neste mundo está acontecendo dentro de níveis e níveis de energia e consciência. É tudo espelhos dentro de espelhos, sonhos dentro de sonhos. O você, que você pensa que é, é tanto o sonho quanto o sonhador. O que quer que digamos neste filme, deixe ir, não capture isso com a mente. A alma está sonhando, sonhando com o seu sonho. O sonho é tudo que está mudando, mas é possível perceber o imutável. Esta compreensão não pode ser alcançada com a limitada mente individual.
Quando voltamos de Nirvikalpa Samadhi os espelhos começam a refletir novamente e percebemos que o mundo no qual você acha está vivendo agora é na verdade você. Não o você limitado, que é apenas um reflexo temporário, mas você está ciente da sua verdadeira natureza como a fonte de tudo aquilo que É. Este alvorecer da maior sabedoria, o embrião, “prajna” ou gnose é o que é nascido de Samadhi. De acordo com livro de Job Chokhmah ou sabedoria que vem do nada. Este ponto de sabedoria é tanto infinitamente pequeno quanto capaz de englobar todo o ser, mas permanece incompreensível até que tenha tomado feitio e forma no palácio dos espelhos, chamado “binah”, o ventre esculpido por sabedoria superior que dá forma ao Espírito embrionário de Deus. [música] “Abwoon d’bashmaya”, de Indiajiva
A existência dos espelhos ou existência das mentes não é um problema. Pelo contrário, o erro ou aberração da percepção humana é que nos identificamos com isso. Esta ilusão, de que nós somos o eu limitado, é Maya. Os ensinamentos yógicos dizem que para realizar Samadhi é preciso observar o objeto de meditação até ele desaparecer, até você desaparecer dentro dele ou dentro de você. Apesar da linguagem nas várias tradições ser diferente, em sua raiz todas elas apontam para uma cessação da auto-identificação e da atividade egocêntrica. O Buda sempre ensinou em termos negativos. Ele ensinou a investigar diretamente no funcionamento da estrutura do eu. Ele não disse o que era Samadhi exceto que foi o fim do sofrimento.
Em Advaita Vedanta há um termo “neti neti”, o qual significa: ”’nem isso nem aquilo”. Pessoas no caminho da auto-realização buscam sua verdadeira natureza, ou a natureza de Brâman primeiramente pela descoberta do que elas não são. Da mesma forma no cristianismo, Santa Teresa de Ávila descreveu uma abordagem à oração baseada no caminho negativo, ou via negativa. Uma oração de calma, rendição e união, que é a única maneira de aproximar-se do absoluto. Através deste processo gradual de despir-se de cada gota do que não é permanente, qualquer coisa que esteja mudando. A mente que o ego constrói e todos os fenômenos, incluindo as camadas ocultas do eu. O inconsciente deve tornar-se transparente, a fim de refletir a única fonte. Se houver algum profundo conhecedor ou algum eu operando no inconsciente, então nossas vidas permanecem trancadas em um labirinto de padrões ocultos que abrangem o eu não descoberto.
Quando todas as camadas do eu são reveladas como vazio,então uma pessoa se torna livre do eu. Livre de todos os conceitos Um ponto de virada em sua evolução é quando você percebe que não sabe quem você é. Quem experimenta a respiração? Quem experimenta o gosto? Quem experimenta o canto, o ritual, a dança, a montanha? Testemunhe a testemunha, observe o observador. No começo, quando você observar o observador você só verá o falso eu, mas se você for persistente isso irá cessar. Investigue diretamente sobre quem ou o quê experiencia. Sem pestanejar, penetrantemente, fervorosamente, com toda a força do seu ser. [música] “Gate, Gate, paragate. Parasum gate, bodhisvaha.” (Significado: foi, foi, muito além, completamente além da fonte desperta ESTÁ)
Não há eu que desperta. Não há VOCÊ que desperta. O que você é desperta da ilusão do eu separado. Do sonho de um limitado “você”. Falar sobre isso é insignificante. Deve haver uma cessação real do eu para perceber diretamente o que isso é, e uma vez percebido, não há nada que possa ser dito sobre isso. Assim que você disser algo, estará de volta na mente. Eu já falei demais. Nós normalmente temos três estados de consciência: acordado, sonhando e dormindo profundamente. Samadhi é por vezes referido como o quarto estado, o estado fundamental de consciência.
Um despertar primordial que pode se tornar presente continuamente e em paralelo com os outros estados de consciência. No Vedanta isso é chamado de Turiya Outros termos para Turiya são Consciência Crística, Consciência de Krishna, Natureza de Buda ou Sahaja Samadhi. Em Sahaja Samadhi o eu imanente fica presente juntamente com a plena utilização de todas funções humanas. A quietude está imóvel no centro da espiral de fenômenos mutáveis. Pensamentos, sentimentos, sensações e energia giram em torno dela na circunferência, mas o grau de quietude ou de “eu sou” permanece durante a atividade externa exatamente como na meditação. É possível que o eu imanente permaneça presente mesmo durante o sono profundo; que a sua consciência de “eu sou” não venha e vá mesmo com a mudança de estados de consciência.
Isto é a yoga do sono. No Cântico dos Cânticos, ou na Canção de Salomão da Bíblia Hebraica ou Velho Testamento, lê-se “Eu dormia, mas meu coração velava”. Esta compreensão da eterna consciência impessoal se reflete nas palavras de Cristo quando ele disse “Antes que Abraão fosse, EU SOU”. Uma consciência que brilha através de rostos incontáveis, inúmeras formas. No começo é como uma flama frágil nascida fora das polaridades dentro de você. Consciência masculina penetrante com uma restituição ou abertura de energia feminina. É delicada e facilmente perdida e é preciso ter muito cuidado para protegê-la e mantenha-a viva até que amadureça. Samadhi é simultaneamente um atemporal estado de consciência e um estágio em um desdobramento do processo de desenvolvimento. Algo orgânico e crescendo no tempo. Conforme passamos mais e mais tempo em Samadhi, no agora, no atemporal, tomaremos mais e mais a direção do coração, da alma ou de Atman, e menos da estrutura condicionada.
É assim que ficamos livre da mente inferior. Livre de pensamento patológico. A fiação interna muda. Energia não mais flui inconscientemente nas velhas estruturas condicionadas, que é outra maneira de dizer que a pessoa não está mais identificada com a estrutura do eu, com o mundo exterior da forma. Perceber Samadhi requer um esforço tão grande que isso se torna uma rendição total de si mesmo, e uma rendição tão abrangente que é um completo esforço de nosso ser; todas as nossas energias. É um equilíbrio de esforço e rendição, yin e yang. Uma espécie de esforço sem esforço.
O místico indiano e iogue Paramahamsa Ramakrishna disse “não busque a iluminação, a menos que você a procure como alguém cujo cabelo está em chamas procura uma lagoa> ” Você procura com todo o seu ser. Durante a prática de transcendência do ego, é preciso muita coragem, vigilância e perseverança para manter o embrião vivo. Para não cair de volta nos padrões do mundo. É preciso disposição para ir contra a corrente, contra o esmagamento inexorável da matrix, e as rodas do Samsara. Cada respiração, cada pensamento, cada ação deve ser para percepção da Fonte. Samadhi não é alcançado pelo esforço, nem sem esforço. Deixe de lado o esforço e o não esforço; é uma dualidade que só existe na mente.
A percepção real de Samadhi é tão simples, tão indiferenciada que é sempre mal interpretada através da linguagem, a qual é inerentemente dualista. Há apenas uma consciência primordial que desperta como o mundo, mas tem sido obscurecida por muitas camadas da mente. Como o Sol escondido atrás das nuvens, quandocada camada da mente é descartada a essência de uma pessoa é é revelada. Conforme cada camada da mente é descartada, as pessoas rotulam-nas como um Samadhi diferente. Elas dão nomes para diferentes experiências ou diferentes tipos de fenômenos, mas Samadhi é tão simples que quando você diz o que é e como percebê-lo sua mente sempre irá perdê-lo. Na verdade Samadhi não é simples ou difícil; é só a mente que o torna. isso ou aquilo. Quando não há mente não há problema, porque a mente é o que precisa parar antes que ele seja percebido. Não é um acontecimento de modo algum. O ensinamento mais conciso sobre Samadhi é talvez encontrado nesta frase: “Aquietai-vos e sabei.”
Como podemos usar palavras e imagens para transmitir tranquilidade? Como podemos transmitir silêncio fazendo barulho? Ao invés de ficar falando sobre Samadhi como um conceito intelectual, este filme é um chamado radical para inação. Um chamado para meditação, silêncio interior e oração interior. Uma chamado para PARAR. Pare tudo o que é impulsionado pela mente egoica patológica. Aquietai-vos e sabei. Ninguém pode dizer-lhe o que irá surgir da quietude. É um chamado para agir a partir do coração espiritual. É como lembrar de algo antigo. A alma acorda e se lembra de si mesma. Ela tem sido uma passageira adormecida, mas agora o vazio desperta e percebe a si mesmo como todas as coisas. Você não pode imaginar o que é Samadhi com a limitada mente egoica , assim como você não pode descrever para uma pessoa cega o que é a cor. Sua mente não pode saber. Não pode fabricá-lo. Perceber Samadhi é ver de uma maneira diferente, não ver coisas separadas, mas reconhecer aquele que observa.
São Francisco de Assis disse: “o que você procura é o que está procurando.” Tão logo você veja a lua poderá reconhecê-la em cada reflexo. O verdadeiro eu sempre esteve lá, ele está em tudo, mas você não percebeu sua presença. Quando você aprende a reconhecer e tolerar como o verdadeiro eu além da mente e dos sentidos é possível sentir veneração pelo mais mundano, tornamo-nos VENERAÇÃO. Não tente ficar livre de desejos porque querer estar livre de desejos é um desejo. Você não pode tentar ficar parado porque você é esforço, é movimento. Perceba a quietude que sempre está presente. Seja a quietude e saiba Quando todas as preferências forem descartadas, a fonte será revelada, mas não se apegue até mesmo à fonte.
A grande realidade, Tao, não é um nem dois. Ramana Maharshi disse “O eu é apenas um. Se for limitado, é o ego, se ilimitado, é infinito e a grande realidade “.
Se você acredita no que está sendo dito, você se equivocou. Se você não acredita, você também se equivocou. Crença e descrença operam no nível da mente. Elas exigem um conhecimento, mas se você entrar em sua própria investigação examinando todos os aspectos do seu próprio ser, descobrirá quem está fazendo a investigação, se você estiver disposto a viver pelo princípio de “não a minha, mas a Vossa Vontade seja feita”, se estiver disposto a viajar para além da onisciência, então você pode perceber o que tentei apontar. Só então você provará por si mesmo o profundo mistério e beleza de simplesmente existir. Existe outra possibilidade para a vida.
Há algo sagrado, insondável que pode ser descoberto nas profundidades do seu ser, além dos conceitos além dos dogmas, além das atividades condicionadas e de todas as preferências. Não é adquirido por técnicas, rituais ou práticas. Não há “como” adiquiri-lo. Não há sistema. Não há caminho para o Caminho. Como dizem no Zen, é descobrindo seu rosto original antes de você nascer. Não é adicionar mais para si mesmo. É tornar-se uma luz para si mesmo; uma luz que dissipa a ilusão do eu. A vida irá permanecer sempre incompleta e o coração sempre permanecerá inquieto até que ele descanse nesse mistério além de nome e forma.
Samadhi 3
O Caminho Sem Trilhas
Me deixe, respeitosamente lhe lembrar
A vida e a morte são de suprema importância.
O tempo passa rapidamente. e a oportunidade se perde.
Cada um de nós deve se esforçar para despertar.
Acorda.
Fique atento.
Não desperdice sua vida.
A humanidade descendeu profundamente no reino material Se enraizando no mental e nas camadas físicas do nosso ser. Como Carl Jung disse: “Para tocar o céu as raízes devem chegar ao inferno.” Da fornalha da Babilônia vem a transformação, transfiguração e novo potencial humano.
As tradições orientais dizem que o lótus do despertar cresce da lama do samsara; fora do sofrimento.
O cristianismo descreve “a queda” no Jardim do Éden. Em termos esotéricos esta é a criação de um senso de eu individual ou vontade pessoal que está separado da vontade de Deus. Junto com este eu separado é o vir a ser de um mundo externo de pensamento; o mundo de forma que parece separada desse eu limitado. O personagem ou o ego é feito de padrões de buscar ou querer coisas nesse mundo externo projetado pelo pensamento. As coisas externas que desejamos são os frutos da árvore da ciência do bem e mal ou a árvore da dualidade.
Você poderia dizer que o pecado original é o desejo da consciência egoica ou dualista. Isso é Maya, a situação que a humanidade agora se encontra. Ir atrás do fruto externo significa errar o alvo, perder o agora. 
Historicamente, houve casos raros Despertares, raros florescimentos da consciência humana; os santos, os iogues, sábios e guardiões da sabedoria. Mas a humanidade tem agora uma oportunidade única de fazer esta viagem como um coletivo, em massa; para visualizar e co-criar novas realidades compartilhadas à medida que redescobrimos os mundos superiores e acordamos do sonho coletivo do eu limitado.
A maioria dos humanos vive atualmente quase inteiramente identificado com as camadas físicas e mentais brutas de seu ser, nem mesmo cientes de que o existem níveis superiores. A maioria das pessoas não sabe ou suspeitam que existem capacidades espirituais latentes dentro da auto-estrutura esperando para ser ativadas. Ao nos dar conta dessas capacidades, conectamos para níveis cada vez mais sutis de existência, ao mesmo tempo em que se faz a auto-estrutura permeável à nossa verdadeira natureza; desidentificando de todos os níveis da mente ou maya.
Se examinarmos as tradições espirituais que já existiram ao longo da história, descobrimos que os grandes sábios, místicos e videntes descrevem um continuum de existência. Os antigos ensinamentos védicos descreveram cinco koshas ou invólucors da alma, estendendo-se do o reino físico e mental bruto, que é o mundo condicionado em que a maioria das pessoas vive hoje, aos reinos sutis que incluem os energéticos reinos astrais e superiores da mente, os arquétipos modelos de existência. E finalmente ao reino causal onde não há pensamento ou sensação.
A percepção da consciência primordial, o despertar da consciência divina dentro da alma dissipa a ilusão de todos esses reinos – todas as camadas de maya.
As antigas tradições contêm inúmeros conceitos e estruturas de linguagem que apontam para este continuum do bruto ao sutil, ao causal. Seja o sistema de chakras ou o sistema kosha das tradições védicas ou os dantiens do taoísmo, todos os níveis dentro do campo de mudança são Maya ; a espiral que obscurece nossa verdadeira natureza no entanto, é a própria expressão da vida em si. É através da espiral da vida que experimentamos a vida humana. Quando todos os níveis de Maya são percebidos como vazios de si mesmo, o que é possível é uma não-dualidade insondável ou união mística além de toda linguagem, que inclui e até transcende todos os outros níveis.
Henry David Thoreau notoriamente disse que a maioria das pessoas leva uma vida de desespero silencioso. Eles vão para seus túmulos com sua música ainda dentro deles. Seu desespero vem de uma busca sem fim fora de si mesmos. A busca de ‘coisas’; dinheiro, poder, relacionamentos, aprovação dos outros. A raiz do sofrimento está no apego mental às coisas, nãonas próprias coisas. Não importa o que você tem, o que importa é o seu apego ao que você tem. Formamos apegos no nível sensorial através da neuroplasticidade. Onde quer que a atenção seja colocada, os neurônios disparam e conectamjuntos criando um programa na mente; uma tendência para o padrão que é o que a mente em si é. Quando temos alguma tendência inconsciente ou padrão de vida, não somos de fato viciados nas coisas em si. Não somos viciados em drogas, álcool, sexo, comida ou mídia, mas às sensações que produzem dentro de nós.
Nos tornamos livres ao observar o campo somático diretamente; o campo de fenômenos de mudança no nível básico da consciência. Permanecemos equânimes sem reagir ou julgar qualquer sensação como boa ou ruim. Para nos tornarmos livres aprendemos como esses apegos são formados trazendo a consciência para o mundo interior sutil. Começamos a observar fenômenos mentais e sensoriais como um campo de mudança, em vez de se apegar aos pensamentos e sensações que provocam identificação e a própria criação do mundo da forma. Este campo de mudança também é chamado de “prana” ou “energia interior”; a sensação de vitalidade interior.
A mudança para uma nova Terra é uma mudança fora do materialismo. O que estamos testemunhando é uma libertação dos velhos paradigmas, e da patológica agenda egoica para adquirir infinitamente mais.
O que você está vendo ao seu redor agora pode parecer trevas. Pode parecer loucura. Na verdade isso é como o despertar aparenta no planeta Terra. Você está testemunhando o desmantelamento dos velhos padrões. Muitas pessoas estão desiludidas com os atuais sistemas políticos, sociais, econômicos e religiosos. Eles não confiam mais nas agendas egóicas das indústrias de mídia e os chamados sistemas espirituais. Eles não confiam na instituição médica ou o governo. As pessoas estão desiludidas. Esta dissipação da ilusão é uma parte necessária para ver a verdade; uma chegada cara a cara com a doença espiritual que é inerente a este tempo em que estamos vivendo, e para sair da consciência egóica. Por consciência egóica quero dizer os padrões de desejo e aversão que operam inconscientemente; os samskaras coletivos ou padrões condicionados que criam as condições de maya- a identificação com nossos personagens, ou com grupos sociais, ou qualquer coisa pela qual nos definimos. Com as várias personas e arquétipos que estamos interpretando nesta vida.
A auto-estrutura é uma interface com o mundo não queremos nos livrar dessa interface ou destruí-lo. O caminho é sobre a desidentificação dele para que nosso senso de “eu” ou o senso da existência não está ligada a uma forma limitada. De modo a não sofremos quando o mundo da forma muda. O caminho humano é uma jornada da existência pré-egóica , que é a unidade mesclada que experimentamos quando éramos bebês, com nossa mãe, à criação de uma pessoa. Crescemos, criamos um personagem. Isto é uma parte necessária da nossa evolução. Para trazer autoconsciência; para trazer um senso de si ou “eu”. Estamos na verdade numa fase adolescente do nosso desenvolvimento. Estamos em um estágio identificado pelo ego. Mas o próximo passo além da autoconsciência é se dar conta dos níveis transpessoais do Eu. . Se dar conta dos níveis compartilhados de consciência; vários níveis de Logos ou mente superior. Você poderia dizer níveis de alma se você preferir essa linguagem. Nossa esfera de compaixão se expande. Esta é uma expansão através do amor.
Do ponto de vista do padrão antigo, a consciência egóica, esse desmantelamento é algo temeroso. Vai haver confusão e dor, se você estiver se apegando aos velhos padrões. Esses despertares realmente serão percebidos como uma ameaça. O despertar será visto como uma crise porque é o desmantelamento do que é conhecido. Neste momento somos como lagartas no casulo passando por sua metamorfose. Há um ponto na transformação onde a lagarta não é nem lagarta nem borboleta. Neste ponto para aquele passando pela metamorfose, o velho eu, pode parecer que tudo está perdido. Mas é apenas parte do processo.
Fé é uma rendição ao impulso evolutivo; um profundo conhecimento de que estamos nos movendo em direção à fonte. A desilusão coletiva, o que o antigos mestres espirituais chamavam de maya, está ligada ao nosso apego coletivo a velhos padrões. Está ligado à arrogância humana; a crença de que sabemos para onde vamos, o que estamos fazendo e quem somos.
O pintor francês Paul Gauguin é famoso por uma pintura que intitulou “De onde viemos, o que somos e para onde vamos?” Essas três perguntas exigem humildade. Para descobrir o que somos, para descobrir a verdade, primeiro temos que reconhecer que não temos a verdade – não temos a resposta se quisermos encontrá-la. Deve haver uma vontade genuína de explorar e olhar para nós mesmos. Como o peregrino de Dante na “Divina Comédia” inicia-se a jornada para conhecer-se em um bosque escuro, extraviado, reconhecendo que estamos perdidos.
Nas antigas tradições védicas as dimensões do ser e vir-a-ser foram representados por Shiva e Shakti. O arquetípico feminino, a corrente descendente ou corrente de manifestação é representada por Shakti, pelo triângulo virado para baixo que aponta para a involução do espírito no mundo da forma. Shiva representa o ascendente atual; a corrente de libertação; o triângulo virado para cima, apontando em direção à pura consciência sem quaisquer qualidades; evolução além do mundo da forma ou do transcendente. Enquanto estivermos operando dentro do mundo dualístico, identificado com a mente limitada, essas duas correntes compõem o caminho sem caminho. Nós estamos trabalhando dentro da corrente de manifestação e a corrente de libertação, fazer e não fazer, habitando tanto o tempo limite quanto o atemporal. Quando essas duas dimensões se casam em divina união, compreendidas como um, é Samadhi.
Quando em união representam o equilíbrio e a coexistência dessas duas dimensões, como a estrela de Davi ou o símbolo anahata que é o símbolo antigo representando o coração espiritual, o som não tocado , a fonte transcendente do primordial aum que está dançando o universo dentro ser. Diz-se que no samadhi você ouvirá a música celestial da existência, “musica universalis”, ou a flauta de Krishna ou o que Pitágoras chamou de “música das esferas”. 
Claro que tudo isso são metáforas para algo que desperta dentro das profundezas do seu ser, algo além da mente e dos sentidos limitados. Existem sistemas espirituais que se concentram no corpo sutil usando práticas como observar a respiração, as sensações, trabalhando com chi ou prana. Trabalhar com técnicas, práticas e processos que podem ser aprendidos com a mente condicionada. Tudo que emprega e envolve diretamente a mente limitada para perceber que o Samadhi é parte da “via positiva.” Isso é o que chamamos de caminho Shakti. E há sistemas espirituais que são sobre transcender o mundo manifesto, que chamamos de caminho Shiva ou a “via negativa”. Chegamos a perceber o que somos além do nome e forma ao deixarmos esvair tudo o que não somos.
O caminho para o Samadhi recebeu muitos nomes como meditação, auto-indagação ou oração. A maioria das pessoas que praticam essas coisas hoje estão praticando alguma técnica, mas a forma antiga da meditação que leva ao Samadhi, na verdade, N não é uma atividade. Não é algo que você faz ou pratica, mas na verdade é a cessação do meditador, do buscador ou do praticante. A verdadeira meditação é a união com o que É, e só começa a acontecer quando o ego falha em sua tentativa de meditar, e percebe suas próprias limitações. O ego, o VOCÊ que você pensa que é, deve necessariamente falhar em todas as tentativas de meditar para que a verdadeira meditação aconteça. Quanto mais perto chegamos da verdade, quanto mais nos aproximamos do Samadhi, menos fazer existe, menos técnicaexiste. As técnicas são todas parte do passado. Nós largamos o fazer e o fazedor. Abandonamos a busca e o buscador, para chegar ao presente incondicionado. Alguns professores enfatizam demais as técnicas, enquanto alguns as subvalorizam. É importante entender que a técnica é um trampolim. Nós não queremos abandonar a técnica, mas não nos apegamos a ela.
A maneira testada pelo tempo de realizar o Samadhi é através longos períodos de prática espiritual. Se você chamar essa prática de meditação, auto-indagação ou oração, há uma verdade para a qual devemos despertar. O iogue e sábio Patanjali que compilou os sutras de yoga 2500 anos atrás, ensinou que todo o esforço do yoga visa a cessação do redemoinho da mente. Você poderia dizer que é a cessação do carma; a cessação de profundos padrões inconscientes que governam a vida de uma pessoa. Esses padrões condicionados foram chamados de vrittis em sânscrito.
Da mesma forma o mestre Zen Dogen disse que a meditação é o abandono da mente e do corpo. No budismo é Nirvana ou Nirodha; é a cessação das flutuações do mente egoica limitada que traz a identificação com um senso limitado de si mesmo. No cristianismo encontramos o mesmo perene ensino, mas expresso através de uma metáfora muito diferente, usando a linguagem que era comum naquela época da história. Atingir o Samadhi em termos cristãos é alcançar o Reino de Deus através do perdão dos pecados, alcançando Cristo. A palavra pecado em hebraico significa literalmente “errar o alvo “; significa perder o momento presente; buscar a felicidade nos objetos do mundo externo ao invés de perceber a fonte de verdadeira realização. 
Entrar no agora, no momento presente é aprender a renunciar às preferências da mente condicionada. Para queimar estados opostos permanecendo não reativo a qualquer coisa que está aparecendo no campo da mudança. Meditar é queimar o eu condicionado, ou você poderia dizer, para liberar energia do eu condicionado Esta verdade é encontrada no Evangelho de Tomé que diz: “Se você fizer brotar o que está dentro de você, o que você fizer brotar irá salvá-lo. Se você não fizer brotar o que está dentro de você, o que você não fizer brotar, irá destruí-lo.”
Uma montanha pode ser acessível por muitos caminhos. Pode-se ir direto para o cume, ou às vezes pode ser melhor tomar uma rota em espiral. Mas no cume a vista é sempre o mesmo, não importa qual caminho você tome. Os humanos criaram milhares de técnicas de meditação ao longo dos milênios, para não mencionar inúmeras posturas de ioga, asanas, respiração especializada ou pranayama, e toda variedade concebível de ritual ou prática.
Se a meditação é simplesmente uma cessação ou uma parada, se está simplesmente chegando à quietude, então por que precisamos de tantas técnicas para alcançá-lo? Por que não podemos apenas sentar e esperar nossa lama se assentar, como ensinam no Zen? A verdade é que podemos simplesmente parar. Podemos renunciar às atividades de nosso caráter, no entanto, como Einstein disse “embora a realidade é apenas uma ilusão, é persistente.”
É essa persistência da ilusão que faz necessária que a maioria das pessoas penetre na mente inconsciente. Para ficar acordado temos que purificar o avatar de seus samskaras, de seu carma ou sua programação, para que os aspectos inconscientes do eu não estão mais dirigindo o espetáculo . Quando digo “purificar” não quero dizer que o avatar é de alguma forma ruim ou negativo. Eu simplesmente quero dizer que é possível desidentificar um senso de si disso, e o processo de desidentificação é o que nós chamamos “purificação” ou “limpeza”. Estou limpando meu Eu de mim mesmo. Nosso sadhana é unir todos os aspectos de nosso ego para que não fiquemos divididos. Nós penetramos no inconsciente, criando condições de nenhum escape para o ego. Se isso é através de longos períodos de meditação ou auto-indagação, através de ioga intensiva, qi kung, oração ou trabalho de respiração, ou jejuar ou cantar, ou tomando enteógenos que nos abrem para o profundezas inconscientes da mente, naturalmente seremos atraídos para diferentes práticas, técnicas e ferramentas em diferentes momentos do nosso caminho.
Qualquer que seja a prática ou técnica, a purificação acontecerá enquanto cultivamos a presença e a equanimidade. Estar aqui no agora, bem como rendido ao que é. Então continuamos a desvincular os cármicos nós que criam identificação com nosso avatar. 
Deixamos de julgar qualquer sensação ou pensamento como bom ou ruim, sempre se aprofundando no campo sensorial. Sempre percebendo cada vez mais fenômenos sutis, f tornando-se tão consciente do que está surgindo que há uma fusão com o objeto de meditação. Nós nos tornamos a respiração. Nós nos tornamos a postura de ioga. Nós nos tornamos o canto. Nós nos tornamos o avatar. Em cada caso, fundindo-se com o campo prânico no que é chamado Savikalpa Samadhi, ou Samprajnada Samadhi, que é “Samadhi com uma semente”; uma semente do padrão, uma semente da forma, uma semente de atividade mental condicionada, da atividade cármica. Enquanto houver uma semente de apego, de atividade da mente inconsciente, de separação entre os mundos interior e exterior, então o objetivo final não será alcançado. Savikalpa Samadhi é um Samadhi preliminar, também chamado “jhana” (Pali) ou “dhyana” (sânscrito). É uma queima de carma dentro da auto-estrutura; uma preparação energética da embarcação para o despertar da verdadeira natureza de cada um, que se realiza através do não fazer; através de uma cessação da atividade mental.
Sua mente é como um lago, e seus pensamentos são como ondas ou ondulações nessa lagoa. 
Para fazer um lago ficar quieto, o que você pode fazer?
Qualquer coisa que você fizer vai agitar mais ondas. Você não pode alisá-lo ou fazê-lo ficar quieto. A lagoa só fica quieta quando você tiver abandonado todo esforço, toda luta, todo movimento. Percebendo que o estado natural não é algo que você faz. É um reconhecimento do que você é além do movimento da mente e dos sentidos. Quem está movendo a mente? Reconheça “quem” está escolhendo. É apenas a própria mente que escolhe. É apenas a própria mente que se move.
É apenas a própria mente que quer tentar acalmar a mente.
Ao ouvir estas palavras a mente limitada provavelmente ficará desorientada, perguntando: “O que eu faço?” Somente permita essa desorientação. Torne-se consciente do Verdadeiro Eu. Torne-se ciente da consciência, consciente da consciência.
Fique com “isso” até que ele se torne sua realidade.
No início, quando você tenta observar a consciência você verá apenas o falso eu, apenas os movimentos da mente. 
Quando eu digo “Esteja ciente do verdadeiro eu”, isso não é um giro, não é um movimento. Não é como apontar uma câmera para um novo objeto, mas sim uma desistência ou a cessação do interesse ou apego aos movimentos da mente.
Há dois nós principais que nos unem na identificação com o falso eu: O corpo quer conforto e a mente quer saber. O corpo está ligado às sensações de prazer e em evitar a dor. Todo sadhana ou prática espiritual que conduz para o Samadhi envolve fundamentalmente duas coisas: Primeiro, abandonando a dualidade de conforto e desconforto e, segundo, entrar em uma “não sei mente.” Entrega interior profunda, entrega energética e estar impensadamente presente, conscientemente sem escolha.
Sócrates foi considerado o pessoa mais sábia de seu tempo. Ele é famoso pela máxima: “Só sei que Eu não sei.” Este é o paradoxo socrático. Adotando um “não sei mente”, uma mente não-conhecedora, é a porta de entrada para o Samadhi.
Espere . Fique ainda sem esperança, sem pensamento, porque a esperança seria baseada em alguma idéia, e estaria mantendo a energia fluindo para a mente condicionada.
T.S. Eliot escreveu: “Eu disse à minha alma, fique quieta e espere sem esperança, pois a esperança seria esperança para a coisaerrada. Espere sem pensamento, pois você não está pronto para o pensamento.”
No momento em que você tem uma esperança, um motivo ou um pensamento, é o momento em que você é novamente preso na mente condicionada. Na Divina Comédia, Dante escreveu sobre uma inscrição na entrada do inferno: “Abandonais toda a esperança, vós que aqui entrais”. 
Na verdade, é uma instrução muito prática. Seria um ótimo lembrete se fosse postado na porta de cada centro de meditação, ashram, igreja ou templo. Seja qual for a sua esperança, ela é baseada no condicionamento passado. A esperança é uma espécie de saber que mantém a estrutura do ego procurando, buscando e fazendo. Quando nos engajamos em nosso sadhana, nossa prática espiritual que leva ao Samadhi, então devemos abandonar toda esperança, todas as projeções para o futuro, aceitando que nem sabemos em que ter esperança . Isso é uma humilhação para o ego. Quando abandonamos a esperança, também abandonamos o medo.Esperança e medo são a projeção da mente para o futuro; a fiação interna que nos liga à identificação. A esperança é desejo, o medo é aversão. Se permanecermos no agora experimentando este momento como é, então onde está a esperança ou o medo? Nosso trabalho espiritual é escavar e desvincular os nós que nos prendem à identificação com nosso personagem. Nos movemos além do conforto e desconforto, entrando na nuvem do desconhecimento. Podemos fazer isso tanto por práticas formais e no dia-a-dia. 
Meditar, conhecer a si mesmo, é queimar-se no agora.
Queimar seus padrões, suas preferências.
E isso não é algo separado de sua vida, para ser capaz de abandonar seus padrões, suas reações e seus julgamentos enquanto você está no meio deles, largar a luta, é a prática mais profunda. Esta é a única luta que você ganha desistindo, rendendo-se, morrendo no campo de batalha. Voluntariamente subindo na cruz. 
Algumas pessoas estão prontas para os mais elevados ensinamentos sobre meditação e auto-indagação; a simples e clara verdade. Eles ouvirão o dharma e entenderão imediatamente. Essas pessoas são como madeira que foi bem curada, e eles estão prontos para se queimar Eles só precisam da faísca. Outras pessoas parecem exigir mais preparação. São como madeira molhada e precisam de algum tempo para secar antes de inflamar. Eles precisam de técnicas, práticas para afrouxar os laços da auto-estrutura para se libertar dos samskaras. Ou pelo menos eles acreditam que isso é o caso, e a crença o torna assim.
Práticas e técnicas são como trampolins; como usar um espinho para remover um espinho, ou um padrão para remover um padrão. Práticas espirituais tais como recitar palavras, praticando uma disciplina ou qualquer coisa aprendida, é simplesmente imitação. É algo repetitivo e condicionado. Porque todas as técnicas são padrões condicionados dentro da mente, a prática em si nunca levará além da mente, ao Samadhi. Você permanecerá no padrão em um estado robótico e repetitivo. Deve-se manter a técnica frouxamente, permitindo que a energia interior flua livremente. Quando você se torna absorvido na energia interior, então o fazer condicionado é abandonado.
O fazer condicionado, a programação inconsciente foi formada devido a experiências incompletas. Sempre que temos uma experiência incompleta, ela cria uma impressão na mente. Ela cria um pequeno programa no inconsciente. Esta programação ou condicionamento pode vir de traumas, ou simplesmente experiências das quais nos afastamos, porque eram muito dolorosas. Nossa auto-estrutura é composta por uma legião de pequenos programas que surgem por causa de experiências incompletas. Essas impressões de memória não são apenas armazenadas no cérebro, mas dentro dos sistemas energéticos do corpo; todo o sistema nervoso, a fáscia, e muitas redes de nadis ou meridianos. Esses programas consomem energia para funcionar. Se a energia é presa no inconsciente, então é como deixar aplicativos abertos em seu telefone drenando sua bateria. Nosso sadhana é como aprender a fechar os aplicativos em nosso telefone.
Para nos tornarmos livres trazemos consciência às sensações sutis; para o campo de fenômenos em mudança ou energia dentro de nós sem reagir a qualquer pensamento ou sentimento que surja. Ao abandonar as preferências da estrutura dp ego que vai além do conforto e do desconforto.
Tudo no mundo externo está nos apontando na direção errada. A sociedade nos diz para entorpecer nossa dor, para buscar conforto. O caminho para dentro é a saída, a saída é o caminho para dentro . Precisamos nos voltar para nossa dor. Tornamo-nos livres de samskaras ao ter uma experiência completa. Ao sentí-la sem reagir. Ao queimar isto. Temos uma experiência completa do sentimento sem a emoção.
Emoções são reações. Elas são sentimentos que estão entrelaçados com pensamentos. Abandonamos o componente de pensamento e permanecemos com o sentimento cru, a sensação crua. Foi dito que o caminho para libertação não é sobre sentir melhor, mas sobre melhorar o sentir . Os exemplos finais disso são Jesus na cruz ou a meditação do Buda que levou à sua iluminação.
É enfrentar sua maior dor, seus maiores medos, abandonando os conceitos, o saber, e os julgamentos de bom ou mau.
Despertar é apenas o passo inicial em um acelerado processo de desenvolvimento interior; de crescer o Lótus interior; de se tornar uma ponte viva; de purificação da embarcação humana para abrigar a consciência divina.
A energia é como a Pedra de Rosetta para as práticas espirituais. Se você entende como a energia funciona, você entende a utilidade da prática. Cada técnica ou prática está interrompendo o padrão de VOCÊ. Você está usando um padrão condicionado para interromper padrões condicionados. Você deve estar disposto a deixar de lado a técnica uma vez que tenha servido o seu propósito, caso contrário, você apenas criará uma identidade em torno dele, e uma nova auto-estrutura espiritualizada.
Para alcançar os estágios mais profundos da meditação devemos deixar de lado tudo o que Achamos que sabemos sobre meditação. Os termos antigos para meditação, “jhana”, “dhyana”, “zen” ou “chan”, se referem a uma espécie de dissolução interior; um tipo de absorção meditativa; uma transformação ou purificação interior do condicionamento egóico.
O antigo significado da palavra “jhana” está relacionado com a palavra pali “jhapeti” que significa “queimar”. É uma queima de impurezas, do pecado ou samskaras. É uma queima de identificação com o falso eu, uma queima de ilusão, uma queima de todas preferências das quais a construção do ego é feita, e uma liberação e saída de energia interior. Torna-se equânime com o que é, rendido ao que é, atento ao que é.
 O despertar para nossa verdadeira natureza pode acontecer gradualmente através desses estágios de jhana, Enquanto a identificação com vários processos da mente condicionada são abandonados. Ou o despertar pode acontecer instantaneamente. Isso é chamado de “satori” no Zen.
O ensinamento mais puro é transmitido em silêncio, mas com o mundo como é hoje, muito poucos vão entender ou ser atraído para a fonte desse silêncio.
Há um famoso ensinamento de Gautama Buda chamado de “o sermão da flor”. O sermão é a origem da meditação budista. Você poderia dizer que é a origem do Zen. Zen é sobre a direta transmissão da verdade. No sermão da flor o Buda simplesmente ergueu uma flor branca. Ele estava em presença imediata com a flor, permanecendo em sua verdadeira natureza. Esse foi todo o ensinamento. Em vez de dar um longo satsang ou ensinar com palavras, ele apenas deixou os alunos sentarem com a flor o tempo todo. Somente um aluno recebeu a transmissão. Apenas um aluno entendeu . Para receber tal transmissão sutil é necessário uma mente sutil.
A maior verdade é transmitida em silêncio. Como podemos receber esta transmissão da mente de Buda? Como podemosreceber o que já temos, o que já somos?
A consciência primordial está em toda parte, quando temos olhos para ver, e em nenhum lugar em particular. Ao despertar, a verdade é tão simples de se ver que você não precisa da mente. A mente está procurando e buscando. Quando esse movimento é abandonado, quando esse movimento é queimado, a verdade permanece.
Você já é o que você está procurando mas você está identificado com o falso eu.
Observe a flor e observe quem ou o que está observando a flor. O que separa o observador e o observado? Meditação ou jhana é estar presente aqui e agora sem a mediação de imagens na mente, ideias e conceitos. Se a consciência está absolutamente presente para que não haja mais saber, mesmo no inconsciente, então não há mais observador e observado. Não há mais relacionamento entre você e qualquer “coisa”. Não há mais flor e observador separado. É apenas a mente limitada que vê coisas. A atividade da mente limitada é a criação das coisas; a criação da experiência de tempo e espaço; a criação de dualidade, de experiência e experimentador. 
É possível acordar aqui e agora para um dimensão profunda de quietude além da mente, não afastando a mente, mas deixando-a ser exatamente como é. Ainda sem ficar preso na mente. 
Não tente analisar essas palavras. Estes não são conceitos. Se a presença percebeu a si mesma ao ouvir essas dicas, não deixe a mente se envolver. Assim que receber a transmissão desligue este vídeo, e permaneça na consciência como consciência.
O silêncio é o maior ensinamento, o mais puro ensinamento. O próximo e melhor ensinamento aponta diretamente para o insondável. Este próximo ensinamento teve muitos nomes ao longo da história. Está apontando para o eu transcendente ou consciência pura. No budismo é chamado de “Prajna Paramita” que significa o conhecimento supremo ou a sabedoria perfeita, que se distingue do conhecimento comum ou conhecimento condicionado. É o que se atinge através do oitavo componente da yoga descrito por Patanjali. No Shaivismo esse despertar pode ser descrito como unidade com Ishvara ou Shiva, que são nomes para a consciência absoluta.
Nas tradições místicas ocidentais, os termos henosis ou apofatismo têm sido usados para se referir a união com o Um. Plotino disse que o Um transcende todos os seres, mas é imanente a eles.
No Dzogchen tibetano é descrito como o natural, primordial estado de ser. Eles usam a palavra Rigpa para se referir ao fundamento da existência.
No Sufismo é o “segredo dos segredos” realizado através da “fana”, que é aniquilação ou aprender a morrer antes de morrer.
No Mahamudra é o grande selo, ou o grande símbolo, a realização do estado natural; consciência primordial, vazio, absoluto, claro e transparente, sem raiz.
Não ouça essas palavras com a mente mas reconheça nas profundezas da consciência aquilo para o qual elas apontam.
A verdade de quem ou o que você é, a verdade que transcende a mente limitada não pode ser visto por meio da mente limitada. O ponto imóvel não pode ser alcançado por meio do movimento.
Se você quiser perceber o ponto imóvel além do pensamento, abandone todo o interesse pelos pensamentos e sensações, todas as preferências, todos os fenômenos gerados pela mente e pelos sentidos, e descanse na consciência nua.
Pensamentos e sensações são um campo de fenômenos em constante mudança. O que não muda é a consciência desse campo de mudança. Geralmente estamos tão presos no campo da mudança fixado em seus objetos, que ignoramos a consciência. Para atingir o Samadhi, paramos de perseguir qualquer coisa no campo da mudança; qualquer pensamento e descansamos como consciência. Pare de reagir a pensamentos e sensações. Todo sofrimento é devido ao fato de acreditarmos em nossos pensamentos.
Observe o hábito da mente de julgar ou rotular qualquer pensamento ou sensação como bom ou ruim. Nós permitimos cada pensamento e sensação ser como é. Nós não afastamos nada, e ainda assim não ficamos enredados em pensamentos, ou fisgados por seu conteúdo. Desta forma nos aproximamos do absoluto pelo caminho negativo, a via negativa. O que quer que esteja surgindo nós percebemos “isso não, aquilo não,isso não, aquilo não”. Pela via negativa, percebe-se que tudo o que está surgindo não é você. Você percebe que você Não é nada; a sabedoria do não eu.
Pela via positiva percebe-se tudo o que está surgindo É você. Isto é amor; uma conexão energética ou fusão. Ambas as verdades existem simultaneamente.
A forma é exatamente o vazio, o vazio é exatamente a forma.
Há um ditado no Zen: no início do caminho, montanhas são montanhas e rios são rios. Depois de alguma percepção, as montanhas não são mais montanhas, e os rios não são mais rios, mas quando a verdade final é revelada, montanhas e rios SÃO. O que mudou nesta jornada? A montanha e o rio permanecem como sempre foram. O que caiu é a sua ideia da montanha e do rio. O que caiu é o redemoinho da mente que media, que cria a ilusão de separação entre você e o mundo.
Atingir o Samadhi não é alcançar algum estado extraordinário. Nem se trata de ficar no estado de espírito comum. Apenas a mente limitada ou a mente egóica discrimina ordinário e extraordinário.
Turiya, o estado sem estado, às vezes chamado o quarto estado, é realidade não-dual.	É transcendente e iminente, por dentro. . É o fundamento da existência, a fonte de toda verdade. Seu esforço para alcançar algum estado é um movimento da mente. Comreender o fundamento da existência é não transcender o físico e permanecer no reino sutil ou o reino causal. Todas essas dimensões de si mesmo existem simultaneamente. Bruta, sutil e causal existem aqui e agora. É apenas a própria mente limitada que cria a divisão.
Atingir o Samadhi não é tentar conseguir algo. É uma doação de todo o interesse em pensamentos enquanto permanece totalmente alerta, totalmente consciente, totalmente desperto, sem reagir, sem fazer; sem movimentar a mente, sem suprimir a mente.
Estar ciente, estar plenamente atento ao que está acontecendo, sem a mediação do condicionamento egóico, sem conceitos, sem controlar, manipular, ou distorção, sem a filtragem da mente limitada, é estar presente sem escolher. Presente sem escolher e, portanto, sem um selecionador.
Você poderia chamar isso de mente-espelho; uma mente de principiante sem memória ou passado. Uma mente aberta ou transparente. Você faz cada momento novo.
Toda vez que a mente se move inconscientemente, mesmo o mais minúsculo movimento, é devido à filtragem através do condicionamento da auto-estrutura limitada. Sempre que a mente se move inconscientemente é devido a alguma insatisfação, que é chamada de dukkha nas antigas tradições. Como eu deixo esvair a dukkha? Como deixo esvair toda a insatisfação? Ouça atentamente. Para a mente limitada há um paradoxo. A mente egóica limitada ouve a pergunta e quer saber como fazê-lo, mas essa mente limitada não pode fazê-lo. A mente limitada sempre vai falhar em qualquer tentativa de realizar o Samadhi. Deve falhar.
A mente limitada não desperta. 
A consciência primordial desperta de sua identificação com a mente limitada.
A mente limitada sempre falhará em qualquer tentativa de perceber a quietude, porque a mente é movimento.
A própria mente é movimento, e este movimento cria a experiência do tempo e do espaço, cria separação. Isto é um processo interminável de fazer.
No Caminho Sem Caminho nós despertamos de nos identificar com o personagem que está fazendo, para reconhecer a dimensão do Ser.
No Samadhi a separação entre fazer e ser desaparece. A separação é simplesmente outro processo mental. Quando não há pensamento dentro da condicionada estrutura egóica, então não há problema.
O você que você pensa que é, é um processo; um movimento constante do pensamento egóico; uma coleção de padrões e preferências. Esse VOCÊ tem que morrer. O padrãopatológico de VOCÊ tem que acabar para que o Samadhi seja alcançado . Deixe isso afundar.
Asatoma Sat Gamaya (sânscrito) “Conduza-me da mentira para a verdade.” Tamaso Ma Jyotir Gamaya “Leve-me das trevas para a luz.”
Despertar é ver a natureza do sofrimento humano, da condição humana. É o reconhecimento de QUEM ou O QUE sofre.
Não há técnica para atingir a consciência primordial. Nenhum processo que pode ser aprendido. Nenhuma fórmula que pode ser praticada.
O ponto que estou chegando pode ser recebido em um instante, em um piscar de olhos . É precisamente a queda de todas as fórmulas, todo saber e todo fazer, todas as agendas egóicas que criam as melhores condições para que a consciência primordial desperte.
Se eu tentar lhe dizer como estar ciente, então você estará prestando atenção às minhas palavras ou fazendo algo que eu te disse, ao invés de estar ciente do que realmente está acontecendo no agora. Você tem que se tornar tão consciente do que é, tão íntimo da existência que não há preferência, nenhum si mesmo ou “eu” nele. Você habita ou funde consciência no que está acontecendo. Quando a atividade egóica é abandonada, você se torna aquilo que está surgindo. Na verdade, isso não é verdade. Mais corretamente é a ilusão da separação que desaparece. A verdade é que nunca nos separamos.
Os mestres espirituais deram a instrução para alcançar o Samadhi, “Fique quieto e saiba”. Fique quieto e conheça o verdadeiro Eu, consciência primordial além do nome e da forma. Fique quieto e saiba que você é Deus, o verdadeiro Eu, natureza de Buda.
O que exatamente eles significam? O que é que fica imóvel?
Obviamente, o corpo físico de ninguém pode ficar absolutamente imóvel existindo no tempo e no espaço, porque tempo-espaço em si é movimento. O espaço-tempo é a mente. O universo é grande mente ou logos .. O primeiro princípio hermético é que “O tudo é mente, o universo é mental.” Se o universo é mente e a mente é movimento, como posso ficar quieto e saber? Como você pode estar ainda em um globo girando a 1675 quilômetros por hora ao redor do seu eixo, girando 107.000 quilômetros por hora em torno do sol, movendo-se 870.000 quilômetros por hora em torno da galáxia, e milhões mais através do universo? Seu coração está batendo, as células estão se movendo dentro, alimentos sendo digeridos, o cérebro produzindo ondas cerebrais. Seu sangue está bombeando, a energia está se movendo. Como podemos estar quietos? Quando os mestres espirituais dizem “fique quieto e saiba eles devem estar falando outra coisa, algo além do tempo e do espaço, algo além do físico e mental.
O que se entende por quietude é algo que nós não temos palavra em nosso sistema de linguagem moderno. A língua sânscrita, a língua dos iogues, tem termos mais precisos que apontam para o não-dual. O termo “shunyata” é frequentemente traduzido como vacuidade, quietude ou vazio. Quietude é talvez a palavra mais próxima, mas é inadequada para descrever algo que não é deste mundo dualista. O que é realmente alcançado é a consciência primordial que está além da quietude e do movimento. Além do tempo. É eterno, o fundamento do seu ser, a natureza essencial da realidade que não muda. Na verdade, está além da mudança e do imutável. Quando nossa verdadeira natureza é percebida, torna-se óbvio que o silêncio e o ruído são uma dualidade criada pela mente.
A quietude e o movimento são uma dualidade criada pela mente. Tudo já é inerente dentro dessa quietude primordial. O movimento do mundo é idêntico à quietude. Fique quieto e saiba, esteja em movimento e saiba. É tudo vazio dançando. Isso não é algo filosófico, mas uma forma inteiramente diferente de interagir com o mundo. Na verdade, trata-se de descartar a interface. Derrubando a válvula redutora que é a auto-estrutura, e experimentando sua verdadeira natureza sem mediação pela mente limitada. O tão chamado mundo exterior é transcendido pela realização da quietude, que quando realizada inclui aquilo que transcende. 
Se você acha que entende Samadhi depois de assistir este filme, então você perdeu o que está sendo dito. Seria como confundir o menu com a refeição. Para provar a verdade é preciso uma verdadeira vontade para ver os padrões da auto-estrutura que você se refere como você. Requer uma escavação profunda, cirurgia profunda na mente e libertação de samskaras. Um profundo desmantelamento, um profundo rebaixamento da auto-estrutura. Para realizar Samadhi o anseio da alma por união é renunciado. Você deve querer atingir a Fonte Única mais do que qualquer coisa na matriz da mente- mais do que qualquer coisa no mundo externo. Buscas externas parecerão vazias e sem sentido. A verdadeira meditação, a verdadeira auto-indagação está chegando no agora onde tudo é vivenciado. Tudo é revelado. Tudo surge e desvanece dentro de um campo de equanimidade e amor. 
Até que o eterno seja realizado deve-se trabalhar com paciência e perseverança, de todo o coração, com humildade queimando seus padrões, suas preferências, seu condicionamento. Não se pode fazer o despertar acontecer usando a mente condicionada. Isso acontece aparentemente por acidente, mas por praticar a presença, nos torna propensos a acidentes.
As palavras finais de Sócrates antes de ser executado foram um aviso para o mundo. Ele disse nós temos uma grande dívida com Asclépio. Pague e não se esqueça. Asclepius era o deus da cura e você pode estar familiarizado com o Bastão de Asclépio que é uma vara entrelaçada com uma serpente. Representa a energia de cura; energia interior que está viva, livre de condicionamento, livre para se mover de sua própria inteligência, em oposição à energia da mente dualista. Nos primeiros séculos aC o símbolo de Asclépio foi estampado em algumas das primeiras moedas de dinheiro produzidas em massa na Grécia antiga e Roma, e se transformou no que chamamos de cifrão hoje. É uma lembrança antiga, escondida à vista de todos. Um lembrete de que uma troca de dinheiro é uma troca de energia. A consciência crística ou a natureza búdica é sustentada pelo princípio feminino, pela Grande Mãe, pela Nagas, a Serpente Sabedoria. Essa sabedoria nos ensina a purificar o templo interior, purificar-nos do ego. O princípio feminino teve inúmeros nomes ao longo da história: Gaia, Shakti Sofia, Logos, Mahalakshmi, Parvati, Durga, Ísis, Maria, a espiral da vida.
Esta energia viva da mente superior é a inteligência inata do universo. Esta natureza sabedoria foi sistematicamente suprimida, demonizada, explorada e controlada em todo os últimos milênios.
Para liberar energia das definições inconscientes que th Esta energia viva da mente superior é a inteligênemos, devemos desatar os nós que criam identificação com a estrutura do ego. Deixando de agarrar em conforto, deixando ir o saber. 
Bem gora, neste momento da história, desta vez dentro de você, a dívida de que Sócrates fala, está a vencer, tanto individualmente como coletivamente. Há apenas uma moeda com a qual você pode pagar essa dívida. Você deve pagar com você mesmo. 
Quando liberamos nossa energia interior, nossa vivacidade interior de sua prisão em estruturas de pensamento patológicas fica-se livre para nos conectarmos com níveis mais elevados de mente. A energia é o que nos conecta a todos. Outro nome para esta energia é amor. Todos os verdadeiros mestres espirituais dizem que o amor é a religião verdadeira. O amor é a religião do futuro. Não pode ser institucionalizado, sistematizado, ou condicionado. O amor é inseparável da realização da única primordial consciência. Amar é ser UM COM .
A brisa do amanhecer tem segredos para lhe contar
Não volte a dormir 
Você deve pedir o que você realmente quer
Não volte a dormir
As pessoas vão e voltam pela soleira onde os dois mundos se tocam A porta é redonda e aberta
Não volte a dormir

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