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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
300 
PERGUNTAS
em
 300
PALAVRAS
Gabriel Ben-Tasgal
1ª edição 2020
Mitos e realidades sobre
o conflito israelense-palestino
3
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Desenho da capa: Carolina Rosenthal (Venezuela)
Foto de Gabriel Ben-Tasgal: Fred Braunstein
Capa: Marcos Diniz
Revisão: Issi (Israel) Winicki e Paulo Geiger
Tradução: Yehoshua Alexander e Paulo Geiger
Diagramação: Katia Regina Fonseca
Direção: Mauro Wainstock
Todos os direitos reservados. O conteúdo deste livro é de exclusiva 
responsabilidade do autor e não poderá ser reproduzido, 
total ou parcialmente, sem autorização expressa do mesmo.
1ª edição – 2020
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Hatzad Hasheni (A Cara da Verdade) é um programa 
educativo fundado em 2010 por Roby Croitorescu, então 
presidente da CLAM (Confederação Latino-americana Macabi) 
em colaboração com todas as instituições líderes do mundo 
hispano. Através da produção de materiais educativos, desejamos 
posicionar Israel como um estado que ama a paz, que fomenta o 
progresso da humanidade e que é difamado injustamente 
por culpa de uma desinformação que, às vezes, esconde 
verdadeiros antissemitas. A principal fonte de informações está 
em www.hatzadhasheni.com, sendo que cursos em formato 
universitário on-line podem ser realizados gratuitamente em 
www.academiajs.com
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Apresentação
O conflito palestino-israelense é relativamente simples 
de compreender se conhecermos os códigos do Oriente Médio. 
Ao mesmo tempo, é um conflito sobre o qual inúmeros porta-
vozes tecem as interpretações mais absurdas. Existe certa 
impunidade em relação a esse assunto. Ninguém se atreveria 
a escrever sobre as disputas na África ou sobre o conflito na 
Ucrânia sem se aprofundar bastante na matéria. No entanto, 
“no caso de Israel, todos nós opinamos” (diria cinicamente o 
genial Jorge Marirrodriga). Por último, é um conflito em relação 
ao qual se derramam litros e litros de tinta, nem sempre por 
uma preocupação sincera com o futuro do povo palestino, mas 
porque é um conflito que envolve os judeus.
Desde o surgimento do cristianismo, existe uma obsessão 
em relação a esse pequeno povo que não aceitou Jesus como 
seu messias, obsessão que foi acompanhada por uma teologia 
adversa (desde a teoria da substituição até a acusação de 
deicídio), traduzida em ações violentas e conversões forçadas 
dos judeus, que, durante o século XX, ganharam força com o 
assassinato planejado dos judeus da Europa (e de comunidades 
norte-africanas) na Shoá.
O antissemitismo tem vinte e três séculos de existência e, 
ao longo de sua destrutiva genealogia, mudou e se manifestou 
em diversos mitos e concepções. Na Idade Média, muitas 
pessoas no mundo “estavam convencidas” de que os judeus 
sequestravam crianças para preparar pão ázimo ou de que 
poluíam as águas de propósito para provocar a Peste Negra. 
Na época moderna, muitas pessoas “estavam convencidas” de 
que os judeus não eram humanos do ponto de vista racial, ou 
seja, constituem uma raça pária pouco criativa, que devia ser 
eliminada. Na Europa, muitos estavam convencidos disso e, no 
mundo, muitos mais não fizeram nada para desmentir tamanha 
aberração ou para impedir que o genocídio fosse levado adiante, 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
nem que fosse somente abrindo as portas de suas fronteiras 
para alguns judeus que precisavam de refúgio.
Atualmente, o ódio antissemita se manifesta de três 
formas. Falamos de mutações dos séculos XX e XXI à espera 
de que surjam novos mitos. Primeiro, um judeufóbico moderno 
afirmará que o Holocausto não aconteceu e tentará disfarçar 
seu ódio com uma ilegítima pergunta “científica”. 
Segundo, o judeufóbico atual afirmará que os judeus (ou 
o Mossad) estão por trás de todas as crises, sejam anarquistas, 
fundos abutres, crises políticas ou desastres naturais. Para o 
antissemita moderno, os judeus estão por trás de todo mal, 
acreditando cegamente nos “Protocolos dos Sábios de Sion”, ou 
em sua versão tropical argentina: “O Plano Andínia”. Terceiro, 
o judeufóbico moderno sabe que é inaceitável declarar-se 
antissemita, pois a discriminação seria condenável, de modo que 
ele optará por odiar o judeu entre as nações (Israel), e o fará de 
maneira obsessiva, maniqueísta e demonizadora.
Criticar Israel, tudo bem. Na verdade, os mais críticos são 
os próprios israelenses. No entanto, a demonização obsessiva 
que se apresenta contra Israel nos meios de comunicação e 
outras instituições, ou por parte de certos acadêmicos e alguns 
partidos políticos, é tão evidente e clara que não há como não 
chamá-la por seu devido nome: antissemitismo, ou judeufobia. 
Este livro foi escrito para quem goza de boa saúde moral, 
para quem tenta compreender o Oriente Médio em seu idioma 
original, e para quem possui inclinações intelectuais sinceras.
Em dias em que tantas falsidades são defendidas com base 
no pretexto “essa é a minha opinião, e ela é tão válida quanto a 
sua”, por mais clichê que isso possa parecer, queremos oferecer 
dados, processos e interpretações comprováveis para dar a 
opção de uma postura não demonizadora, e sim construtiva.
Em linhas gerais, o cenário no qual se interpreta o conflito 
palestino-israelense na Europa é influenciado pelo fato de que 
esse continente é o berço do antissemitismo. Podemos ver 
incontáveis manifestações de antissemitismo justamente na 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Espanha, um país que sofre dessa doença há centenas de anos, 
embora, durante séculos, quase não tenha tido judeus entre 
seus cidadãos.
Na América Latina, as teorias de centro-periferia, 
os sentimentos antiamericanos e as premissas ideológicas 
“materialistas” influenciam, muitas vezes com força, a forma de 
interpretar o Oriente Médio. Neste sentido, é comum escutar 
porta-vozes de língua espanhola declarando, alto e bom som, que 
Israel é um “país imperialista e colonialista, como os americanos 
são em relação a nós, de modo que devemos nos opor a ambos”.
Se, na Europa, as interpretações são influenciadas pelo 
fato de o continente ser o berço do antissemitismo e, na América 
Latina, por questões materialistas – é impossível entender o 
Oriente Médio sem se especializar em identidades tribais e de 
clãs e, principalmente, na religião dominante na região: o islã. 
Levando em conta que a base da identidade dos indivíduos 
do Oriente Médio é sua origem tribal (clã) e sua identidade 
religiosa, um texto que careça de profundidade nesses assuntos 
é como uma “tradução” de uma realidade para outra, que perde 
sua essência no processo.
Na Argentina, podemos encontrar trabalhos jornalísticos 
que NÃO ajudam a compreender o conflito palestino-israelense. 
Um exemplo é o de Pedro Brieger em: “O conflito palestino-
israelense: 100 perguntas e respostas”.Quando o indivíduo 
está mergulhado demais num padrão materialista, explicará os 
conflitos sempre como disputas de poder e de domínio sobre os 
recursos naturais (água, terras, petróleo). Ao analisar o Oriente 
Médio dessa forma, o sujeito, para entender a região, subestima, 
ou nem sequer considera,elementos religiosos fundamentais. 
Como bem explicaria o grande orientalista mundial Bernard 
Lewis (entre outras coisas, em seu livro Faith and Power), a 
religião é uma peça fundamental da identidade local. Dentro 
do padrão “materialista” clássico, o conflito entre palestinos e 
israelenses é explicado, de modo obsessivo, pela ocupação (de 
território), sendo os demais fatores secundários ou terciários. 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
É verdade que alguns jornais de extrema-esquerda de Israel 
pensam da mesma maneira, e até a narrativa palestina segue 
nesse sentido, mas trata-se de um princípio inaceitável entre os 
especialistas. 
Como o argumento central materialista é que “tudo é 
pela ocupação”, não é bom nem desejável, embora seja certo 
do ponto de vista intelectual, explicar a realidade factual da 
presença israelense na Judeia e Samaria (Cisjordânia) e Gaza. 
É preocupante e até surrealista a ausência de descrições 
e explicações profundas, por parte desse autor, sobre as 
consequências da divisão, em Oslo II (1995), dos territórios A, B 
e C e a “Desconexão” de Israel da Faixa de Gaza em 2005.
Ao longo do livro, o sionismo é apresentado como um 
movimento criado para que somente os judeus vivam em Israel 
e, portanto, deduz-se que os palestinos foram “expulsos” em 
1948. A liderança sionista, inclusive a revisionista (de direita), 
sempre declarou que em Israel viviam e viveriam árabes, e, 
assim como minorias judaicas em outros países do mundo, o 
mesmo ocorreria com a minoria árabe no estado que estava 
sendo criado. E mais: o sionismo foi liderado durante décadas 
por sua vertente socialista, que lutava por uma identidade sem 
classes (incluindo os árabes) ou propunha a criação de um 
estado binacional junto aos árabes. Não existem fundamentos 
profundos, nem em textos, nem em declarações, que o sionismo 
corresponda a esse argumento.
São muitos os que consideram que a culpa da não paz 
na região é dos israelenses. Para sustentar tal afirmação, 
descartarão ou minimizarão as propostas de paz que fizeram 
tanto o primeiro-ministro Ehud Olmert (2007-2008) quanto Ehud 
Barak (2000) e as ideias oferecidas por Bill Clinton para colocar 
um ponto final no conflito. Os desejos de paz dos israelenses 
serão ignorados, assim como o fato de que os palestinos nunca 
se dispuseram a apresentar contrapropostas de paz a fim de 
solucionar os aspectos territoriais do conflito. Explicar ambas 
as coisas seria correto do ponto de vista acadêmico-intelectual, 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
mas prejudicaria a coerência na hora de promover preconceitos.
O conflito entre israelenses palestinos é fácil de 
compreender em sua essência, mas seus detalhes são mais 
complexos. Uma análise demonizadora de Israel serve de 
pretexto para um aumento da “estigmatização” do único estado 
com maioria judia absoluta no mundo (Israel).
À luz do que foi dito, a missão do nosso livro será responder 
a dezenas de perguntas, sinceras e válidas, com apenas 300 
palavras em cada resposta. Uma tentativa de proporcionar ao 
estudante e ao pesquisador uma ferramenta pequena, mas útil, 
que desejamos que sirva de trampolim para ampliar os estudos 
sobre o conflito palestino-israelense. 
Que a paz esteja com cada um de vocês e com sua família!
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Meus agradecimentos a Sergio Pikholtz, presidente da 
Organização Sionista Argentina, por sua força e confiança; a 
Roby Croitorescu, presidente da Hatzad Hasheni (A Cara da 
Verdade); a Anabella e Oscar Jaroslavsky, por me apresentar 
o mundo da defesa dialética de Israel; a meus inestimáveis 
amigos das comunidades judaicas e cristãs do continente; a Dori 
Lustrón e Israel (Issi) Winicki, pelas correções e conselhos; ao 
Juiz Dr. Franco M. Fiumara, por sua amizade e suas sugestões. 
E, evidentemente, a Eva Ben-Tasgal, e a Eitane Galit, por me 
deixarem roubar um pouco de seu tempo para explicar coisas 
das quais estou totalmente convencido (mesmo que eles riam de 
mim, dizendo: “Você também não nos deu muita opção!”).
Seu,
Gabriel Ben-Tasgal
17
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Primeira Seção - Presente Imperfeito
1 - Por que existe um conflito entre palestinos e israelenses?
2 - Por que existem autores e jornalistas, inclusive israelenses, 
que afirmam que o conflito entre palestinos e israelenses é 
devido à “ocupação”?
3 - Que territórios os palestinos e os israelenses dominam 
atualmente (2019)?
4 - É verdade que os assentamentos judeus na Cisjordânia estão 
se expandindo tanto que é impossível conseguir uma solução 
territorial?
5 - O que são os assentamentos judeus situados nos “blocos 
territoriais”?
6 - Existe uma solução territorial concreta e viável para o conflito 
palestino-israelense?
7 - Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, 
realmente domina os territórios A e B na Cisjordânia (2019)?
8 - Por que Mahmoud Abbas e outros porta-vozes da Autoridade 
Palestina reclamam que soldados israelenses penetram e atuam 
nos territórios que eles dominam?
9 - Por que a Autoridade Palestina é um governo tão instável?
10 - Há exemplos concretos de casos de corrupção alarmantes 
da Autoridade Palestina?
11 - É verdade que a Autoridade Palestina tira dinheiro de 
seu orçamento para remunerar quem assassina civis judeus 
israelenses?
12 - É legal que a Autoridade Palestina pague de seu orçamento 
salários a terroristas?
13 - De que maneira os palestinos incitam seus civis à violência?
14 - O governo de Israel (2019) está interessado em chegar a 
um acordo de paz com os palestinos?
15 - Existem forças radicais judias que atentam contra palestinos?
16 - Os serviços de inteligência de Israel controlam os radicais?
17 - O que é a Faixa de Gaza? 
18 - O que é o bloqueio da Faixa de Gaza? 
18
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
19 - É verdade que Israel não permite a entrada de civis palestinos 
da Faixa de Gaza em seu território? 
20 - Israel é culpado pelo não desenvolvimento da Faixa de Gaza? 
21 - É verdade que, atualmente (2019), a Faixa de Gaza sofre 
uma crise econômica profunda? 
22 - Quando Israel se retirou da Faixa de Gaza?
23 - Israel continua ocupando a Faixa de Gaza? Quando termina 
uma ocupação estrangeira?
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Segunda Seção - Passado Explicativo 
24 - O que é o movimento sionista?
25 - Todos os judeus se identificam com o sionismo?
26 - Quando surgiu o sionismo, todos os judeus o apoiaram?
27 - Qual a relação entre o renascimento do uso do hebraico com 
o sionismo?
28 - O sionismo é consequência do antissemitismo europeu?
29 - Quem foi Theodor Herzl e o que foi o Caso Dreyfuss?
30 - O sionismo foi uma invenção do colonialismo para ocupar a 
“Palestina”?
31 - O que é o antissionismo?
32 - Por que a extrema-esquerda e parte da esquerda moderada 
passaram a levantar tão firmemente a bandeira antissionista?
33 - Existem outros grupos que defendem a bandeira do 
antissionismo atualmente?
34 - É possível ser antissionista sem ser antissemita? 
35 - Como podemos reconhecer um judeufóbico moderno?
36 - Todo mundo que critica Israel é antissemita?
37 - É possível ser judeu e antissemita (judeufóbico) ao mesmo 
tempo?
38 - Afinal, é certo utilizar o termo antissemita?
39 - Por que os judeus escolheram a Palestina para desenvolver 
um Estado próprio?
40 - Quando o sionismo foi formado, o povo palestino existia? 
41 - O que aconteceu em 1834 e quando foi desenvolvida a 
identidade nacional palestina?
42 - É correto afirmar que os judeus roubaram a terra dos 
palestinos antes de 1948?
43 - Estava certa a frase: “Um povo sem terra para uma terra 
sem povo”?
44 - Por que tantos testemunhos afirmam que a terra de Israel 
foi abandonada antes da chegada dos sionistas e britânicos?
45 - Os ideólogossionistas consideraram a possibilidade de um 
confronto com os árabes locais?
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
46 - Existe, então, um povo palestino (2019)? 
47 - É verdade que o sionismo pensou em um estado “somente 
para os judeus” e isso criou o conflito? 
48 - Por que os britânicos e franceses dividiram o Oriente Médio 
em 1916? 
49 - O que é o Acordo secreto Sykes-Picot de 1916? 
50 - O que significam as promessas aos árabes ou a 
correspondência McMahon-Hussein, de 1915? 
51 - Que importância tem a Declaração Balfour de 1917?
52 - Por que os britânicos emitiram a Declaração Balfour? 
53 - Qual o significado do Mandato Britânico na Palestina?
54 - É verdade que os britânicos criaram um estado artificial 
chamado Jordânia?
55 - É verdade que os líderes sionistas e os árabes se reuniram para 
chegar a um acordo de convivência no Oriente Médio em 1919?
56 - Quando começam os confrontos físicos entre árabes e judeus? 
57 - É verdade que os judeus sionistas desejavam criar um estado 
“somente para eles”, com base no que disse Yosef Weitz?
58 - O que Yosef Weitz disse realmente?
59 - É verdade que, ao longo da história, judeus e muçulmanos 
sempre conviveram em harmonia, e somente “com o sionismo” 
esse idílio se desfez?
60 - Os árabes e os judeus aceitaram que os britânicos ocupassem 
a Palestina?
61 - O que aconteceu nos massacres árabes de 1920?
62 - Como árabes e judeus reagiram ante os massacres de 
1920? 
63 - Como os britânicos reagiram ante os massacres de 1920?
64 - O que aconteceu nos massacres árabes de 1921?
65 - Como os britânicos reagiram ante os massacres de 1921? 
66 - O que é o Livro Branco britânico de 1922? 
67 - O que aconteceu nos massacres árabes de 1929?
68 - Existem testemunhos dos massacres árabes de 1929?
69 - É verdade que em 1929 a comunidade judaica de Hebron foi 
destruída por causa de um massacre? 
21
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
70 - Qual foi a reação dos judeus ante os massacres de 1929?
71 - O que os britânicos decidiram diante da nova onda de 
violência árabe de 1929?
72 - Que papel Hajj Amin Al-Husseini desempenhou na gestação 
do conflito?
73 - É verdade que o palestino Hajj Amin Al-Husseini, mufti de 
Jerusalém, foi aliado de Hitler?
74 - O que aconteceu com o mufti Al-Husseini após a Segunda 
Guerra Mundial e sua aliança com os nazistas?
75 - Por que é possível afirmar que o conflito explodiu com força 
em 1929? 
76 - O que significa a afirmação de que a narrativa palestina 
modifica a ordem dos acontecimentos?
77 - Quais foram as razões que motivaram a explosão da violência 
entre 1936-1939?
78 - Que ações militares os árabes-palestinos realizaram entre 
1936-1939?
79 - O que os ingleses fizeram para reprimir a violência árabe 
contra eles?
80 - Como reagiram os judeus ante os massacres de 1936-
1939?
81 - Que consequências teve para os árabes-palestinos o 
fracasso de sua revolta?
82 - Quem foi Izz ad-Din al-Qassam?
83 - O que é a Comissão Peel?
84 - O que é o Livro Branco de MacDonald, de 1939?
85 - Qual foi a reação dos árabes e dos judeus em relação ao 
Livro Branco de MacDonald, de 1939?
86 - Os judeus respeitaram as limitações à imigração estipuladas 
no Livro Branco de 1939?
87 - O que foi o navio Êxodo?
88 - O que os britânicos fizeram para deter a imigração ilegal de 
judeus? 
89 - É verdade que os judeus da Palestina britânica “colaboraram” 
com os nazistas?
22
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
90 - Qual foi a reação dos judeus ao Acordo de Transferência de 
1933? 
91 - É verdade que Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade 
Palestina (2019), negou o Holocausto e acusou os judeus de 
colaborar com os nazistas?
92 - Como os judeus fizeram para ser maioria no território da 
Palestina se antes eram minoria?
93 - É verdade que os judeus tinham uma “sólida estrutura militar” 
considerando o que aconteceu na Guerra da Independência de 
1948?
94 - É verdade que as forças clandestinas judaicas cooperavam 
regularmente entre si para promover objetivos comuns?
95 - Qual era o nível de institucionalização dos judeus tendo em 
vista da Guerra da Independência de 1948?
96 - Qual era o nível de institucionalização dos palestinos em 
vista a Guerra da Independência de 1948?
97 - É possível comparar o terrorismo árabe-palestino ao judaico 
antes de 1948? 
98 - O que aconteceu no Hotel King David em 1946?
99 - Por que em 1947 as Nações Unidas optaram pela partilha 
de Palestina?
23
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Terceira Seção – Modernidade Flutuante 
100 - O que é e o que decidiu a UNSCOP?
101 - O que a Assembleia-Geral da ONU decidiu no dia 29 de 
novembro de 1947?
102 - Como os países latino-americanos votaram nesse Plano 
de Partilha?
103 - Que valor legal tem a Declaração 181 da Assembleia-Geral 
da ONU?
104 - Se a Declaração 181 carece de força legal, por que a ONU 
aceitou o Estado de Israel como membro em 1949? 
105 - Como os árabes reagiram ao Plano de Partilha da Palestina?
106 - Como os judeus reagiram ao Plano de Partilha da Palestina? 
107 - Foi justa a Partilha da Palestina – Declaração 181?
108 - Até que ponto a criação do Estado de Israel foi uma 
compensação pelo sofrimento do Holocausto?
109 - É justo afirmar que a “culpa” pelo Holocausto explica a 
indulgência atual em relação ao Estado de Israel?
110 - É verdade que entre a Declaração 181 e a independência 
de Israel houve uma guerra civil?
111 - O que é o Plano Dalet?
112 - Ocorreram atos de terrorismo durante a guerra civil antes 
de maio de 1948?
113 - O que aconteceu na vila árabe de Deir Yassin?
114 - O que é o plano de protetorado para adiar a independência 
de Israel?
115 - Por que Israel declara sua independência no dia 14 de maio 
de 1948?
116 - O que diz a Declaração de Independência de Israel?
117 - A Declaração de Independência de Israel é uma lei?
118 - Por que Israel não adotou uma Constituição e o que é uma 
Lei Básica?
119 - Como se desenvolveu a Guerra da Independência de 1948?
120 - Por que Israel derrota os exércitos árabes invasores 
durante a guerra de 1948?
24
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
121 - É verdade que os árabes foram deliberadamente expulsos 
durante a guerra de 1948, transformando-se em refugiados?
122 - Existem testemunhos de líderes árabes que confirmam 
que sua liderança no passado causou o problema dos refugiados 
palestinos?
123 - Há mais testemunhos de líderes árabes que assumem sua 
culpa pelo problema dos refugiados palestinos?
124 - Há testemunhos individuais de que os árabes-palestinos 
não foram expulsos em 1948?
125 - Há mais testemunhos de que os árabes-palestinos não 
foram expulsos em 1948? 
126 - Podemos receber “mais confirmações” de que os árabes-
palestinos não foram expulsos em 1948? 
127 - Quais são as diferencias entre outros refugiados no mundo 
e os palestinos? 
128 - É verdade que os palestinos gozam de uma organização 
própria e única para eternizar o status de refugiado? 
129 - Existem relações e conexões entre a UNRWA da ONU e 
grupos terroristas?
130 - Quantos árabes-palestinos abandonaram a zona de 
combate em 1948?
131 - O que significa o termo Nakba Palestina?
132 - É verdade que durante a guerra de 1948 as comunidades 
judaicas nos países árabes foram destruídas?
133 - É verdade que mais judeus do que palestinos-árabes 
foram deslocados durante a Guerra da Independência de 
1948?
134 - Quanto dinheiro em bens e propriedades os judeus 
reivindicam dos países árabes?
135 - Como terminou territorialmente a Guerra da Independência 
de 1948?
136 - O que é a Declaração 194 da Assembleia-Geral da ONU?
137 - Qual é a situação dos refugiados palestinos nos países 
árabes?
138 - Pode-se dizer que houve limpeza étnica na Palestina? 
25
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
139 - Um palestino que abandonou sua terra em 1948 poderá 
voltara ela? 
140 - É verdade que Israel aceitou o pagamento de indenizações 
por parte da Alemanha?
141 - O que é a Lei do Retorno para os judeus?
142 - Que princípios defendia o pan-arabismo?
143 - Quem foi Gamal Abdel Nasser e que papel ele desempenhou 
no conflito árabe-israelense? 
144 - Por que justamente os cristãos foram fortes promotores 
das ideais pan-árabes?
145 - Quem foram os fedayins?
146 - Por que foi tão importante a Unidade 101 de Ariel Sharon?
147 - Por que Grã-Bretanha, França e Israel se unem para 
enfraquecer Nasser?
148 - O que aconteceu na Operação Kadesh – Guerra do Sinai, 
em 1956?
149 - É verdade que a França ajudou Israel a desenvolver uma 
central nuclear com fins militares?
150 - Qual a política israelense em relação à utilização de armas 
nucleares?
151 - É comparável a situação de Israel com os desejos do Irã de 
desenvolver armas não convencionais (2019)?
152 - O que é a Organização para a Liberação de Palestina (OLP)? 
153 - O que é a Carta Nacional Palestina de 1968?
154 - Quem foi Yasser Arafat?
155 - Por que os palestinos recorreram à violência?
156 - Por que motivo começou a Guerra dos Seis Dias, em 1967?
157 - Que territórios Israel ocupou na guerra de 1967? 
158 - Por que a Guerra dos Seis Dias em 1967 foi tão importante?
159 - Qual foi a postura das Nações Unidas em relação à guerra 
de 1967? O que é a Resolução 242 do Conselho de Segurança?
160 - Qual foi a atitude da população israelense diante da 
ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza?
161 - O que o governo israelense decidiu fazer com os territórios 
conquistados na Guerra de 1967?
26
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
162 - Todos os palestinos vivem em os territórios que Israel 
ocupou em 1967?
163 - Em que situação se encontram os palestinos que vivem 
dentro do Estado de Israel?
164 - O que foi a Guerra de Desgaste? A que nos referimos 
quando falamos do “País das Perseguições”?
165 - O que é o chamado “Setembro Negro”?
166 - O que aconteceu nas Olimpíadas de Munique de 1972? 
167 - Qual é a importância da Guerra de Yom Kipur de 1973 no 
conflito palestino-israelense? 
168 - Por que os judeus do mundo se sentem tão ligados a Israel? 
169 - Como se explica o apoio dos EUA a Israel? É devido ao 
lobby judeu?
170 - O que é o Acordo Intermediário entre Israel e Egito?
171 - Por que motivo o nacionalismo derrotou o trabalhismo em 
Israel nas eleições de 1977?
172 - O que significou para os palestinos o Acordo de Paz de 
Camp David entre Israel e Egito?
173 - Que ideologia substituiu o pan-arabismo e por que o pan-
islamismo é tão importante hoje?
174 - Podemos observar distintas escolas na hora de analisar o 
islã?
175 - Que fatores profundos motivaram o surgimento do 
radicalismo islâmico?
176 - Quantos muçulmanos sentem afinidade com as ideias do 
radicalismo islâmico (2019)?
177 - O que significa para um radical islâmico que todo ocidente 
é Jahiliyyah?
178 - Como um radical islâmico divide o mundo? 
179 - Como um radical islâmico divide a humanidade?
180 - É verdade que, para os radicais islâmicos, não existem 
valores universais?
181 - É verdade que se alguém deseja imitar 100% todas as 
ações e declarações de Maomé, a tendência ao radicalismo 
aumenta?
27
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
182 - O que é a organização Jihad Islâmica para a Palestina?
183 - Por que Israel invadiu o Líbano em 1982?
184 - Quais são as leituras sem suporte nos fatos, sobre as 
razões para a Guerra do Líbano em 1982?
185 - Qual era a estratégia de Israel no Líbano em 1982? 
186 - O que sucedeu nos acampamentos de refugiados de Sabra 
e Chatila em Beirute? 
187 - Quando surgiu o Hezbollah no Líbano?
188 - O que é a Faixa de Segurança do Sul do Líbano e o Exército 
do Sul do Líbano?
189 - É verdade que Israel criou o Hamas?
190 - Quando o Hamas foi fundado?
191 - O Hamas defende argumentos antissemitas em sua 
plataforma política?
192 - Por que em 1987 deflagrou-se a revolta palestina conhecida 
como Intifada?
193 - Que influência teve para os palestinos a Guerra do Golfo 
Pérsico de 1990-1991?
194 - O que significou a Conferência de Paz de Madrid 1991?
195 - Quais foram as razões que levaram Yitzchak Rabin e Yasser 
Arafat a reconhecerem um ao outro?
196 - O que são os Acordos de Oslo? O que é a Autoridade 
Palestina?
197 - Qual foi a reação palestina aos Acordos de Oslo?
198 - Qual foi, em Israel, a reação judaica aos Acordos de Oslo?
199 - Que base legal Israel defende para a construção de 
assentamentos na Cisjordânia e em Gaza?
200 - O que são os Acordos de Oslo B?
201 - Até que ponto o assassinato de Yitzchak Rabin destruiu o 
processo de paz com os palestinos?
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Quarta Seção – Intifada e decadência
202 - É verdade que Israel e Síria estiveram a ponto de assinar 
um acordo de paz?
203 - O que foi a retirada unilateral de Israel do sul do Líbano?
204 - Que plano de paz Ehud Barak e Yasser Arafat negociaram 
em Camp David no ano 2000?
205 - O que opinaram os principais negociadores sobre o 
fracasso de Camp David no ano 2000?
206 - Por que motivo começou a Intifada de Al-Aqsa?
207 - É verdade que a visita de Ariel Sharon ao Monte do Templo 
provocou a Intifada?
208 - Quais foram as consequências para os palestinos e 
israelenses da Intifada de Al-Aqsa?
209 - Por que Israel constrói uma cerca de segurança entre Israel 
e Cisjordânia? 
210 - Por que Israel não construiu a cerca sobre a Linha Verde? 
É verdade que a cerca é ilegal?
211 - Por que alguns chamam a cerca de “muro” e fazem 
referências ao Muro de Berlim?
212 - Por que o Hamas triunfou nas eleições de 2006? 
213 - O que é a Segunda Guerra do Líbano de 2006? 
214 - Que consequências práticas teve o golpe de estado do 
Hamas contra a Autoridade Palestina? 
215 - Que armas o Hamas dispara contra a população israelense?
216 - O que são os túneis que o Hamas e o Hezbollah constroem 
para atacar Israel?
217 - Desde quando os palestinos reconhecem o Estado de 
Israel?
218 - O Hamas reconhece o Estado de Israel?
219 - Por que um ex-primeiro-ministro israelense disse que “se 
tivesse nascido palestino, teria se unido a uma organização 
terrorista”?
220 - Os atentados suicidas palestinos são o principal obstáculo 
para a paz?
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
221 - Qual é a postura dos palestinos em relação à violência e 
aos ataques suicidas?
222 - Como a violência palestina afeta os israelenses? 
223 - Por que um palestino decide se suicidar para matar 
israelenses?
224 - Como a violência israelense afeta os palestinos? 
225 - É verdade que há cidades palestinas cercadas pelo muro? 
226 - Quem é Gilad Shalit?
227 - Como se manifesta o controle israelense sobre a 
Cisjordânia?
228 - É verdade que Israel rouba água dos palestinos da 
Cisjordânia?
229 - Os palestinos usam seus cidadãos como “escudos 
humanos”? 
230 - O que são os assassinatos seletivos que Israel pratica?
231 - Morrem civis inocentes quando Israel mata um terrorista 
palestino? 
232 - Por que palestinos e israelenses se acusam mutuamente 
de práticas terroristas? 
233 - Por que Israel levou a cabo a Operação Chumbo Fundido 
na Faixa de Gaza em dezembro de 2008?
234 - É verdade que Israel viola a Lei Internacional ao usar 
“fósforo branco”?
235 - Por que a Operação Chumbo Fundido foi tão criticada na 
mídia?
236 - Por que Israel é tão criticado na mídia, de um modo 
geral?
237 - É verdade que os palestinos violam as leis internacionais 
em suas ações de guerra?
238 - Quais são as abordagens legais para lutar contra o 
terrorismo islâmico (incluindo o palestino)?
239 - É verdade que os israelenses violam a lei internacional por 
usar força desproporcional?
240 - O que aconteceu com as escolas da ONU (UNRWA) 
durante a Operação Margem Protetora de 2014?
30
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
241 - O que é o Conselho de DireitosHumanos da ONU?
242 - O que é o Relatório Goldstone?
243 - O que foi a Flotilha à Faixa de Gaza?
244 - O que foi a Operação Pilar Defensivo, de 2012?
245 - O que foi a Operação Margem Protetora, de 2014?
246 - Que tipo de narrativa se impôs durante a Operação 
Margem Protetora de 2014?
247 - Por que os Estados Unidos influenciam tanto no Oriente 
Médio?
248 - Qual foi a estratégia de Barack Hussein Obama em relação 
ao conflito palestino-israelense?
249 - O que é a Resolução 2334 do Conselho de Segurança da 
ONU? Que papel tem no conflito palestino-israelense?
250 - Os territórios da Judeia e Samaria (Cisjordânia) são 
“territórios ocupados”?
251 - Como convivem os Acordos de Oslo e a Desconexão de 
Gaza de 2005 com os “territórios ocupados”?
252 - Qual é a estratégia de Donald Trump em relação ao conflito 
palestino-israelense?
253 - Por que Jerusalém é tão importante para judeus, 
muçulmanos e cristãos?
254 - A transferência da embaixada americana para Jerusalém 
nos aproxima ou nos afasta da paz?
31
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Quinta Seção – Para fechar… 
255 - Quem são os sunitas e quais seus grupos mais radicais?
256 - O que é o Catar e até que ponto seu radicalismo influencia 
no mundo?
257 - Por que Israel se aproximou dos países muçulmanos sunitas 
não radicais?
258 - Quem são os xiitas e como eles manifestam seu 
radicalismo?
259 - Que influência os xiitas têm na América Latina?
260 - Existe relação entre o Hezbollah na América Latina e o 
tráfico de drogas?
261 - Por que não há muita dúvida de que o atentado à AMIA foi 
realizado pelo Irã?
262 - Quais são as queixas de Israel contra o acordo nuclear 
6+1 com o Irã?
263 - Como a guerra civil na Síria favoreceu a penetração 
iraniana? Podemos supor que haverá confrontos ali?
264 - A Primavera Árabe favoreceu as aspirações nacionais 
palestinas?
265 - De que forma Donald Trump tem castigado a intransigência 
palestina?
266 - O que significou a aparição dos chamados “novos 
historiadores israelenses”?
267 - Por que há pessoas que citam Ilan Pappe ou Shlomo 
Sand? 
268 - O que é o BDS? 
269 - Como nasceu o BDS?
270 - Por que o BDS foi proibido em tantos estados democráticos? 
271 - Quem impulsiona o BDS na América Latina e o que ocorreu 
judicialmente?
272 - Que relação existe entre os ativistas do BDS e os grupos 
terroristas?
273 - Quais são as seis técnicas modernas para demonizar Israel, 
impulsionando sua destruição?
32
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
274 - Podemos comparar o tratamento que os israelenses 
dão aos palestinos com o tratamento que os nazis deram aos 
judeus?
275 - Podemos dizer que Israel pratica uma política de 
Apartheid?
276 - Eu não odeio Israel nem os judeus. Por que a comparação 
Israel-Apartheid é absurda?
277 - Israel é a única democracia no Oriente Médio?
278 - Que tipo de poliarquia moderna é Israel? 
279 - O que significa ser de direita ou de esquerda em Israel?
280 - Que outros temas são cruciais para compreender o mapa 
político israelense?
281 - A Autoridade Palestina e a Faixa de Gaza vivem em 
democracia? 
282 - O que é a Lei Básica Israel Estado Judeu? 
283 - É verdade que existe uma alternativa para o princípio de 
“dois estados para dois povos”? 
284 - De que forma se manifesta o antissemitismo na Espanha? 
285 - Por que o antissemitismo no Chile preocupa tanto?
286 - De que forma se manifesta o antissemitismo na 
Argentina? 
287 - O que é o Plano Andínia?
288 - O que significa que a paz não é possível, mas, sim, uma 
Hudna (Trégua)? 
289 - Que papel desempenhou a Europa no conflito palestino-
israelense? 
290 - Que papel desempenhou a Rússia no conflito palestino-
israelense? 
291 - Que papel desempenhou a América-Latina no conflito 
palestino-israelense?
292 - Por que em Israel se desconfia tanto das Nações Unidas?
293 - Há números concretos para justificar a desconfiança 
israelense em relação à ONU? 
294 - O que é a Declaração que compara o Sionismo com o 
Racismo?
33
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
295 - Por que países próximos de Israel votam contra ele nas 
Nações Unidas?
296 - O que é a Iniciativa de paz da Arábia Saudita? Os países 
árabes querem a paz com Israel?
297 - Que iniciativas de paz “de baixo para cima” merecem ser 
destacadas no âmbito do conflito palestino-israelense?
298 - Por que Israel se transformou em uma potencia criativa?
299 - É possível que o Irã imploda (2019)? 
300 - O tempo joga a favor dos palestinos ou dos israelenses?
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Primeira Seção
Presente Imperfeito
1 - Por que existe um conflito entre palestinos e 
israelenses?
O conflito palestino-israelense é fácil de compreender. 
Para a imensa maioria dos judeus que moram no Estado de 
Israel, onde representam praticamente 80% da população, o 
conflito é territorial. Segundo as crenças judaicas, a terra é 
menos importante do que a vida, de modo que ceder territórios 
considerados “nacionais” para alcançar a paz é uma medida 
justificada. Evidentemente, existem judeus israelenses que 
consideram que a terra é sagrada e não deve ser cedida em 
nenhuma circunstância, mas eles representam uma minoria em 
Israel.
Para a maioria do povo palestino, muito influenciado pelos 
valores muçulmanos e pela retórica muçulmana, o conflito é 
religioso. No islã tradicional, os judeus são uma religião falsa 
(Din Batel), não são um povo, e sim somente uma religião (falsa), 
ocupam propriedades herdadas do islã (Waqf al-Islamyah) e 
estão com parte da terra santa islâmica que nunca pode ser 
cedida (Dar al-Islam). De fato, existem palestinos que acreditam 
que o conflito seja territorial, mas eles não se destacam entre 
aqueles que tomam decisões, nem entre os que impõem a 
retórica local. 
Para os judeus em Israel o conflito é territorial e para os 
palestinos o conflito é essencialmente religioso. Sem dúvida, 
existe um conflito territorial, mas esse conflito é secundário 
frente à motivação principal. Além disso, existem propostas de 
soluções concretas e viáveis para resolver as disputas territoriais. 
Quem impõe a natureza e a raiz do conflito é quem agride. 
Como sabemos que quem agride são os radicais islâmicos e 
aferição do povo palestino? A resposta pode ser deduzida pela 
35
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
lógica: Se os israelenses abandonassem o uso da força física, 
seriam eliminados por grupos como o Hamas e outros, porque 
eles atuam nessa direção, anunciando suas intenções nesse 
sentido. Se, ao contrário, os palestinos abandonassem o uso da 
força,ninguém os atacaria, aumentando consideravelmente as 
possibilidades de um acordo. 
2 - Por que existem autores e jornalistas, 
inclusive israelenses, que afirmam que o conflito entre 
palestinos e israelenses é devido à “ocupação”?
Não existe uma resposta única e abrangente. Entre os 
israelenses, há aqueles que dizem que Israel deve ceder todo 
o controle territorial na Cisjordânia (Judeia e Samaria) em 
benefício próprio, porque eles acreditam que controlar, direta ou 
indiretamente, os palestinos é uma degradação moral, ou porque 
eles consideram que se Israel não se “desligar” dos palestinos, a 
alternativa será a criação de um estado binacional, com minoria 
judaica. Na retórica desses israelenses, o termo “ocupação” é 
utilizado diariamente, e eles são expoentes claros da tradição 
judaica de ver na terra algo menos importante do que a vida ou 
os valores humanos.
Para outros que tratam do conflito palestino-israelense, 
entre os quais se destacam alguns jornalistas e acadêmicos, 
para não causar uma dissonância em relação a seu treinamento 
conceitual “materialista dialético”, o conflito em questão é 
“territorial” (“ocupação”). O materialismo dialético (apresentado 
por Marx e Engels) define a matéria como a essência de toda 
a realidade, seja ela concreta ou abstrata(ideologia, filosofia). 
Para um materialista, os conflitos são sempre por petróleo, 
terras (“ocupação”), água, gás, poder etc.
Na hora de analisar o conflito palestino-israelense, o 
analista materialista adotará duas posturas. Os mais radicais 
argumentarão que toda presença judaica em Israel é uma 
“ocupação”, já que o sionismo, afirmam eles, é uma manifestação 
36
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
do imperialismo europeu. Percebemos nesses analistas seu 
DNA antissemita quando constatamos que eles promovem a 
eliminação de “um único estado” na terra, um estado que é o 
“judeu entre as nações”.
Outros dirão que o conflito pode ser explicado pela 
“ocupação da Cisjordânia” por parte de Israel depois da 
guerra dos Seis Dias (1967). O fato de que a grande maioria 
dos palestinos vive sob um regime palestino ou que os árabes-
palestinos assassinam judeus desde muito antes de 1967 é só 
um detalhe que não poderá contradizer seu dogma materialista. 
3 - Que territórios os palestinos e os israelenses 
dominam atualmente (2019)?
O Estado de Israel decidiu “se desligar” da Faixa de Gaza, 
retirando de lá toda e qualquer presença militar e civil israelense. 
Desde o dia 12/9/2005 até o mês de julho de 2007, o território 
esteve sob o controle da Autoridade Palestina, autoridade que 
foi derrubada por um golpe militar do grupo terrorista Hamas. 
Desde então, a Faixa de Gaza é governada pelo islamismo, e a 
Autoridade Palestina exige sua devolução. Enquanto isso, Israel 
impõe um bloqueio militar legal sobre Gaza desde o início do ano 
2009.
37
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Faixa de Gaza – Mapa autorizado por CIA World Factbook
A situação na Cisjordânia (Judeia e Samaria) é diferente. 
Com base nos Acordos de Oslo B (de 28/9/1995, assinados em 
Washington), conhecidos também como “Acordos Intermediários 
em Relação à Margem Ocidental e à Faixa de Gaza”, os palestinos 
assumiram um governo autônomo nas cidades palestinas e em 
cerca de 450 povoados.
A zona se dividiu em Territórios A, sob domínio civil e 
militar da Autoridade Palestina, onde os civis israelenses não 
podem entrar, por ordem expressa de seu governo, uma vez 
que eles temem que os seus cidadãos sejam assassinados, 
como já ocorreu no passado. Fazem parte dos “Territórios A”: 
38
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Ramala, Belém, Jericó, Jenin, Tulcarem, Calquília, Nablus e a 
parte árabe de Hebron. Os Territórios B são administrados civil e 
policialmente pela Autoridade Palestina, enquanto a segurança 
perimetral dessa área está nas mãos de Israel. Os Territórios C 
estão sob controle civil e militar de Israel, até que se chegue a 
um acordo para definir o seu status final. 
Divisão Oslo B (Wikipédia)
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Hoje em dia, 100% dos cidadãos palestinos de Gaza 
vivem sob um regime palestino (do Hamas), enquanto 91% dos 
palestinos da Cisjordânia vivem sob o governo da Autoridade 
Palestina, nos Territórios A ou B.
Os territórios A e B representam 40% da área de 5.790 
km2. O território C, sob controle israelense, representa 60% da 
Cisjordânia.
4 - É verdade que os assentamentos judeus na 
Cisjordânia estão se expandindo tanto que é impossível 
conseguir uma solução territorial?
Não é verdade. Essa afirmação costuma ser utilizada para 
reafirmar uma concepção “materialista” do conflito. Hoje em 
dia, os israelenses que moram além da Linha Verde (a linha de 
separação de forças – que, diga-se de passagem, nunca foi uma 
fronteira – entre Israel e a Jordânia, de 3/4/1949) totalizam 
649.872 pessoas, frente a uma população, não registrada em 
censos, de 2.700.000 palestinos.
O Conselho da Judeia e Samaria publicou dados do ano 
2018 afirmando que existem 201.200 israelenses morando nos 
bairros judeus de Jerusalém, bairros esses construídos depois 
da Guerra de 1967 (sobre os quais existe um consenso de que 
ficarão como parte de Israel em um futuro acordo). Os bairros 
mencionados acima são: Guiló, Pisgat Zeev, Armon HaNatziv 
etc.
Os outros 448.672 israelenses que vivem além da Linha 
Verde estão situados somente nos Territórios C (que representam 
60% da Cisjordânia).
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Distribuição dos assentamentos além da Linha verde 
(https://www.shaularieli.com)
41
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Podemos dividir as colônias judaicas além da Linha verde 
em quatro tipos: 
Marrons – Colônias colocadas ali pelos governos 
trabalhistas, por ocasião do Plano Alon. Estamos falando de 
aproximadamente 6.000 pessoas que estão situadas no Vale do 
Jordão, em frente à fronteira com a Jordânia. 
Vermelhos – Colônias de judeus ortodoxos que se 
assentaram ali incentivados, principalmente, pelos baixos preços 
de moradia. 
Verdes – Cidades grandes, como Maale Adumim ou Ariel, 
onde habitam judeus laicos e judeus religiosos.
Azuis – Assentamentos de judeus neo-ortodoxos 
(nacional-religiosos), alguns dos quais são assentamentos 
isolados em forma de pequenas colônias, com cerca de apenas 
100 famílias cada uma.
A grande maioria dos colonos judeus não se encontra 
espalhada em cidades palestinas, mas concentrada em blocos 
de assentamentos ao lado da Linha Verde. 
A fim de compreender uma possível solução 
territorial para o conflito palestino-israelense, é 
imprescindível entender que um assentamento judeu 
“isolado” não é a mesma coisa que um assentamento 
situado nos “blocos territoriais”. A construção em 
assentamentos se concentrou nos blocos territoriais.
5 - O que são os assentamentos judeus situados 
nos “blocos territoriais”?
Quando nos referimos a blocos territoriais, estamos 
falando de zonas em que há muita presença judaica contígua, 
e pouca, ou nenhuma, presença palestina. Esses blocos estão 
colados ou unidos à Linha Verde. Estamos nos referindo a:
• Bloco Maale Adumim – 52.000 israelenses espalhados 
em uma cidade de 60 km2.
• Bloco Guivat Zeev – Localizado a noroeste de 
42
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Jerusalém, tem 25 km2; moram ali 20.000 israelenses.
• Bloco Gush Etzion – 72 km2, onde moram 48.000 
judeus, em 9 cidades.
• Bloco Modiin-Ilit – Um território de 11 km2, donde 
moram 70.000 israelenses, em 4 colônias.
• Bloco Ariel – Cerca de 60.000 colonos, que habitam 13 
povoados, em um território de 80 km2.
• Bloco Karnei Shomron – 20.000 pessoas, em um 
território de 78 km2.
Nos grandes blocos territoriais de assentamentos judeus 
na Judeia e Samaria vivem entre 270.000 e 290.000 israelenses, 
o que representa 65% dos 448.672 israelenses que vivem na 
Cisjordânia e não em Jerusalém, em uma área que equivale 
a 326 km2 (ou seja, 5,7% de toda a Cisjordânia). Segundo 
esses mesmos dados, os israelenses que vivem além 
da Linha Verde e que se situam em Jerusalém ou nos 
blocos territoriais representam 75,58% do total de 
israelenses na Cisjordânia.
Em seu artigo “Quantos colonos judeus precisam ser 
evacuados para se criar um Estado palestino?”, Ori Mark 
(Haaretz) explicou que os assentamentos “isolados” são 33, 
com cerca de 46.000 pessoas, o que significa 9.800 famílias, 
no máximo, um número comparável a um grande povoado 
israelense.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Gráfico publicado no artigo de Ori Mark (Haaretz)
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
No ano de 2018, o romancista israelense A.B. Yehoshua 
escreveu no Haaretz: “A solução de dois estados está deixando 
de existir devido à constante expansão dos assentamentos na 
Judeia e Samaria”. No mês de outubro de 2015, o colunista 
Gideon Levy (Haaretz) afirmou que a solução de dois estados “se 
perdeu” por causa da expansão dos assentamentos.No entanto, 
e de acordo com dados concretos, tanto Yehoshua quanto Levy 
estão equivocados. 
6 - Existe uma solução territorial concreta e viável 
para o conflito palestino-israelense?
No mês de setembro de 2008, o primeiro-ministro de Israel, 
Ehud Olmert, ofereceu ao presidente da Autoridade Palestina, 
Mahmoud Abbas, uma solução definitiva, segundo a qual Israel 
anexaria os blocos territoriais (destacados em azul no mapa, 
representando 6,2% da área da Cisjordânia), mas compensaria 
os palestinos com 5,8% dos territórios localizados dentro de 
Israel antes de 1967 (destacados em vermelho no mapa). A ideia 
era criar um Estado Palestino reconhecido internacionalmente e 
também por Israel (nos territórios amarelos). A lógica de Ehud 
Olmert era clara: “Israel fica para a grande maioria dos cidadãos 
israelenses, mas renuncia à maior parte dos territórios em 
disputa e até compensa pelos blocos anexados”. O princípio de 
intercâmbio de territórios é conhecido como “Swap” e 
passou a ser a base de qualquer acordo futuro.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Para unir a Faixa de Gaza à Cisjordânia, os israelenses 
ofereceram uma estrada segura de quatro pistas em território 
israelense, por onde circulariam “somente” palestinos. 
A solução para Jerusalém se baseava na premissa de que 
os bairros judeus seriam de Israel, enquanto os bairros árabes 
seriam do Estado Palestino. A Cidade Velha de Jerusalém seria 
dividida em duas: Os bairros árabes, cristãos e muçulmanos 
seriam palestinos, enquanto os bairros armênios e judeus seriam 
israelenses. O que se encontra sobre o Monte do Templo seria da 
Palestina, e o Muro das Lamentações continuaria sendo judeu.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, 
rejeitou a oportunidade de colocar um ponto final no conflito 
territorial e não aceitou a proposta. A sua desculpa foi que Ehud 
Olmert estava a ponto de renunciar, de modo que “não havia 
46
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
tempo”. Abbas, assim como Arafat no passado, não fez uma 
contraproposta.
A “proposta Olmert” nos mostra que existem 
propostas territoriais para acabar com o conflito. A 
não solução deve-se ao fato de que o conflito, para os 
palestinos, não é territorial.
7 - Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade 
Palestina, realmente domina os territórios A e B na 
Cisjordânia (2019)?
Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, 
NÃO domina a Faixa de Gaza, pois as suas forças foram expulsas 
em um golpe de estado do Hamas, em 2007. Segundo os acordos 
de Oslo B (1995), Israel controla legalmente o Território C da 
Cisjordânia até que se chegue a um acordo final. 
O que acontece nas zonas A e B da Cisjordânia? 
Atualmente, os níveis extremos de antipatia e 
hostilidade partidária e tribal dentro da Autoridade 
Palestina são impactantes. Existem rivalidades políticas e 
armadas dentro da liderança do Fatah (Muhammad Dahlan frente 
a Marwan Barghouti versus G’ibril Rajoub etc.) nas cidades e 
nos povoados. A situação parece mais uma disputa entre 
“máfias”. Existem bairros inteiros em Nablus ou Hebron que 
recebem ordens diretamente de Gaza (do Hamas), embora a 
cidade esteja, nominalmente, sob controle de Ramala (AP). Fora 
destas áreas, algumas ruas são domínio da Frente Popular para 
a Liberação da Palestina, enquanto outras estão nas mãos de 
homens que prometeram lealdade ao ISIS. O nível de hostilidade 
entre essas facções é ilustrado pelo fato de que todas elas 
estão mais inclinadas a tratar, cada uma, diretamente com os 
israelenses.
A Autoridade Palestina como governo central 
exerce o seu domínio claro e evidente em três cidades 
grandes da Cisjordânia: Ramala, Belém e Jericó.
47
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
É possível notar essa fidelidade observando os grafites 
nas praças dos povoados. Outra forma é verificar quem assume 
a autoria dos atos de terrorismo. Se, por exemplo, há dois ou 
mais atentados com faca realizados por palestinos do Hamas, 
sinal de que essa aldeia pertence a eles.
Por enquanto, Mahmoud Abbas mantém uma aparência 
de unidade interna sob a Autoridade Palestina. Quando ele 
falecer, começará uma luta interna de sucessão. Pode acontecer, 
inclusive, sem derramamento de sangue, que as áreas A e B 
percam rapidamente a aparência de estarem sob um controle 
administrativo coeso. 
8 - Por que Mahmoud Abbas e outros porta-
vozes da Autoridade Palestina reclamam que soldados 
israelenses penetram e atuam nos territórios que eles 
dominam?
Na verdade, as suas queixas são razoáveis, mas “simuladas”. 
Segundo os Acordos de Oslo B (1995), a Autoridade Palestina 
deveria exercer o monopólio do uso da força, pelo menos na zona 
A. No entanto, como vimos (na resposta à pergunta 7), grupos 
armados alternativos questionam o governo da Autoridade 
Palestina. A mais poderosa dessas forças é o Hamas, grupo 
islâmico que conseguiu derrubar a Autoridade Palestina em Gaza 
e que pretende fazer a mesma coisa na Cisjordânia. 
A Autoridade Palestina persegue soldados do Hamas 
e da Jihad Islâmica, inimigos comuns tanto de Abbas quanto 
de Israel, visando destruir as suas organizações locais. Muitas 
vezes, pedem a colaboração de Israel ou veem como as forças 
israelenses penetram unilateralmente em suas cidades para 
prender algum suspeito, partindo depois da ação. 
Os seis mil oficiais da Autoridade Palestina 
permanecem dentro de seus quartéis em suas estações 
quando as Forças de Defesa de Israel perseguem ou 
fazem prisões preventivas daqueles que planejam atos 
48
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
terroristas. A inteligência flui livremente nas reuniões entre 
altos funcionários israelenses e os seus homólogos palestinos a 
serviço de Mahmoud Abbas. 
Com frequência, essas reuniões são fotografadas e depois 
divulgadas nos meios de comunicação do Hamas, o que provoca 
críticas e escárnio por parte dos palestinos, que consideram tais 
ações uma forma de colaboracionismo.
Os israelenses que entram sem querer em um território 
controlado pela Autoridade Palestina, ou que desafiam 
intencionalmente a proibição de fazer negócios nessas áreas 
e são atacados, muitas vezes são resgatados pelas forças de 
segurança da Autoridade Palestina.
A colaboração surge por conta de interesses comuns: Para 
Israel, como forma de prevenir a perda de vidas inocentes, e 
para a Autoridade Palestina, por ser uma forma de erradicar a 
ameaça de golpe. O acontecimento que pode mudar esse status-
quo é o falecimento de Mahmoud Abbas.
9 - Por que a Autoridade Palestina é um governo 
tão instável?
A resposta propagandística mais comum é que a 
“ocupação israelense é tão contundente” que os palestinos se 
veem impossibilitados de se governar de maneira eficaz. Sem 
dúvida, o confronto com Israel tem influência na instabilidade. 
No entanto, precisamos de uma resposta mais profunda.
Em primeiro lugar, assim como em todo o Oriente Médio, a 
fidelidade básica dos árabes palestinos é em relação a seu clã ou 
família maior (hamula), e não em relação a um governo central de 
estilo ocidental. Um árabe de Hebron sente-se mais identificado 
com seu clã Qawasme do que com sua ascendência palestina. 
O mesmo pode ser dito do clã Al-Masri em Nablus ou de tantos 
outros. A identidade nacional palestina é prejudicada 
porque os filhos dos diversos clãs geralmente não se 
casam entre si. 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Outro fator que não contribui para a estabilidade é a 
cultura democrática muito pobre. Embora Mahmoud Abbas tenha 
vencido em eleições presidenciais livres em 2005 (o Hamas não 
participou), o seu governo, que devia durar 4 anos, permanece 
no poder até hoje, sem eleições. Como tantos outros governos 
não democráticos, a Autoridade Palestina se mantém de pé 
utilizando três técnicas: Pagam por apoio popular comdinheiro 
público (Soft State), reprimem, perseguem e matam a oposição 
e colocam a culpa de suas desgraças (como bode expiatório) no 
inimigo conhecido (o Estado de Israel). 
Outro fator fundamental é a corrupção endêmica, muito 
bem explicada pelo palestino Bassam Tawil em seu artigo: 
“O mundo secreto da Autoridade Palestina: a corrupção que 
os meios ocidentais silenciam”. A AP já recebeu bilhões de 
dólares em ajuda dos EUA, da União Europeia e de diversos 
outros países doadores, mas esses fundos não beneficiaram em 
nada o palestino comum. O Instituto de Justiça de Jerusalém 
afirmou que Yasser Arafat e Mahmoud Abbas, juntos, roubaram 
31.000.000.000 de dólares dos cofres palestinos. 
10 - Há exemplos concretos de casos de corrupção 
alarmantes da Autoridade Palestina?
Um relatório publicado em 2018 pela Coalition for 
Accountability and Integrity (AMAN), aliança criada (no ano 
2000) por um grupo de associações civis que trabalham 
no âmbito da democracia e dos direitos humanos, afirma, 
por exemplo, que a AP investiu 17,5 milhões de dólares na 
construção de um “palácio presidencial”, de 4.700 metros 
quadrados, para Mahmoud Abbas. A fim de contrabalançar as 
críticas, Abbas decidiu transformar o palácio em uma enorme 
biblioteca nacional.
Outro exemplo do esbanjamento é o pagamento de 
despesas e salários para uma companhia aérea inexistente 
chamada Palestine Airlines (que nem tem aviões). “Centenas 
50
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
de funcionários dessa companhia continuam recebendo salários 
e subsídios da Autoridade Palestina, embora a companhia não 
esteja registrada como tal de acordo com a lei palestina”, afirma 
a AMAN. Eles não são os únicos que recebem salário sem 
trabalhar. Segundo o relatório mencionado acima, os membros 
do Conselho Legislativo Palestino (CLP) vêm recebendo salários 
mensais, embora o Parlamento esteja paralisado há mais de uma 
década por causa da disputa entre o Fatah de Mahmoud Abbas e 
o Hamas. Segundo a AMAN, a AP gastou (em 2017) cerca de 11 
milhões de dólares num parlamento que não funciona. A metade 
do dinheiro foi destinada ao pagamento dos salários desses 
deputados “fantasmas”.
A AMAN também detectou um aumento injustificado de 
funcionários de alto escalão entre os palestinos e a compra de 
veículos para eles, para os seus amigos e para os seus familiares. 
Vale a pena lembrar que, segundo a lei palestina, terroristas que 
tenham passado mais de vinte anos em uma prisão israelense 
têm direito a um automóvel grátis.
Os palestinos precisam, com urgência, de novas escolas e 
hospitais, não desse tipo de gastos. A corrupção palestina 
não pode ser atribuída a Israel e, preocupantemente, 
tem sido ignorada pelos meios de comunicação 
internacionais.
11 - É verdade que a Autoridade Palestina tira 
dinheiro de seu orçamento para remunerar quem 
assassina civis judeus israelenses?
Em seu orçamento do ano 2018, a Autoridade Palestina 
destinou cerca de 360 milhões de dólares, 7% do orçamento 
nacional palestino, a duas instituições que ajudam terroristas 
presos em Israel, terroristas que foram soltos e famílias de 
“shahids” (mártires) que são mortos em ataques contra civis ou 
em confrontos com Israel. 
As instituições que receberam o dinheiro são a “Comissão 
de Assuntos para os Detentos e Ex-detentos” e o “Fundo para 
51
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
as Famílias dos Mártires e para os Feridos”, duas organizações 
subordinadas à OLP (Organização para a Libertação da 
Palestina), que governa a Autoridade Palestina. A quantidade 
de dinheiro destinada a terroristas representa 46% 
do montante de doações que a Autoridade Palestina 
recebe do exterior.
Desde o ano de 2014, a quantidade destinada à 
“Comissão de Assuntos para os Detentos e Ex-detentos” 
tinha sido camuflada no orçamento oficial para ocultar o fato 
de que a Autoridade Palestina era quem, de fato, financiava os 
pagamentos aos terroristas presos e aos terroristas soltos. 
Segundo o Al-Hayat Al-Jadida, jornal oficial da 
Autoridade Palestina, mais de 5.500 prisioneiros palestinos 
recebem dinheiro desse fundo. Os salários variam entre 650 e 
3.240 dólares, em função da pena. Quanto mais grave for o 
crime, maior será o número de anos de sentença e, por 
conseguinte, mais alto deve ser o pagamento. Desse 
modo, um palestino que não conseguiu matar um 
israelense, mas só feri-lo, recebe uma remuneração 
muito menor do que a do palestino que conseguiu 
matar um ou vários israelenses. E a remuneração média 
é muito superior ao que um funcionário palestino poderia 
sonhar em receber. Ou seja, matar israelenses vale mais do 
que trabalhar.
No ano de 2018, o governo de Israel decidiu que 
deduziria o montante exato pago pela Autoridade Palestina aos 
terroristas do valor que deve lhe reintegrar por arrecadar os 
seus impostos.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
12 - É legal que a Autoridade Palestina pague de 
seu orçamento salários a terroristas?
O desvio, direto e indireto, do financiamento de 
doadores internacionais para o pagamento de salários 
de palestinos presos por atos de terrorismo é ilegal. 
Para evitar críticas, a AP entregava o dinheiro à OLP e, de lá, 
às famílias dos terroristas. No entanto, não importa se é a 
OLP ou a AP quem paga: ambas as ações são ilegais.
Segundo os Acordos de Oslo (1993), a AP e a OLP devem 
se abster, e atuar no sentido de desencorajar o terrorismo. Os 
países que doam fundos ajudam a AP a executar os Acordos de 
Oslo. Portanto, a transferência de fundos de doadores 
para terroristas é incompatível com esse requisito.
A Convenção Internacional para Supressão do 
Financiamento do Terrorismo de 1999 faz parte de uma série 
de convenções internacionais antiterrorismo. Tal convenção 
define como delito a ação de financiar, direta ou 
indiretamente, qualquer medida conectada com o 
terrorismo.
A “Convenção Interamericana Contra o Terrorismo”, 
de 2002, contém um artigo específico, o 4, que detalha as 
medidas para prevenir, combater e erradicar o financiamento do 
terrorismo. O artigo 5 prevê a apreensão e o confisco de fundos 
ou outros ativos, e o artigo 6, está relacionado à lavagem de 
dinheiro. 
A Resolução 1373 do Conselho de Segurança da 
ONU (2001) é uma resolução vinculante, adotada no 
Capítulo VII da Carta da ONU, obrigando os estados 
a cooperar no combate ao terrorismointernacional 
e criminalizando todo fornecimento de fundos para 
uso terrorista. Ademais, a resolução determina o 
congelamento e a proibição de transferência de fundos 
e bens de pessoas que cometem atos terroristas.
O Plano de Ação Global de Estratégia Antiterrorismo de 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
2006 (ONU) ordena a prevenção e o combate ao terrorismo, 
proibindo seu financiamento.
Pagando salários a terroristas, a AP viola as leis 
internacionais e os Acordos de Oslo (1993) e Oslo B 
(1995).
13 - De que maneira os palestinos incitam seus 
civis à violência?
A incitação à violência promovida pelo Hamas é diferente 
da incitação à violência promovida pela AP. No caso do grupo 
terrorista islâmico Hamas, o “martírio” (shaada) pela causa é 
promovido pelos meios de comunicação oficiais e nas redes 
sociais. O indivíduo disposto a partir para o ataque ouvirá todo 
tipo de promessas religiosas e econômicas.
Na Sexta Conferência, celebrada em Belém (4/8/2009), 
o Fatah (OLP) entendeu que o estilo de terrorismo armado do 
Hamas não os beneficiava, pois não contava com a simpatia 
internacional. Eles optaram, então, por substituir seu 
modelo de luta armada por um que pudesse ser 
apresentado como luta popular, complementada com 
diplomacia unilateral, ações através da ONU e a 
promoção de boicotes (como o BDS). Os palestinos a 
chamam de “Habba popular”.
A Habba popular funciona da seguinte maneira: Utiliza-se 
a incitação religiosa, com o argumento de que os judeus (que 
costumam ser representados como militares ou ortodoxos) estão 
querendo destruir a Mesquita de Al-Aqsa. Quando o incitador 
deseja que se produzam ações concretas, o discurso muda, e ele 
apregoa: E você não fará nada para defender a Mesquita?
Tal incitação faz com que as pessoas se armem com facas 
ou lancem seus veículos em cima de israelenses. A grande 
maioria dos terroristas palestinos não sai viva depois desses 
atentados. O passo seguinte da “Habba popular” é 
desenvolver um culto ao “mártir”, o que faz com que 
55
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
outros indivíduos queiram imitá-lo. Se somarmos a isso 
a remuneração que a AP dá aos terroristas, o atacante 
gozará não só de honra, mas também de dinheiro. 
É muito possível que Abbas, o Fatah ou a AP não tenha 
dado uma “ordem direta” para a deflagração da violência como o 
Hamas fez. No entanto, não existe dúvida de que eles planejaram 
e criaram a infraestrutura que facilita e promove a violência. 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
14 - O governo de Israel (2019) está interessado 
em chegar a um acordo de paz com os palestinos?
Entre os anos de 2009 e 2019, Israel foi governado por uma 
aliança nacionalista-religiosa liderada por Binyamin Netanyahu, 
líder do partido Likud. Netanyahu considera o Hamas uma 
entidade terrorista com a qual é impossível dialogar, enquanto 
a Autoridade Palestina é incapaz de tomar decisões cruciais, 
tentado alcançar sua independência internacionalizando o 
conflito, em vez de negociá-la diretamente com Israel. 
A postura oficial de Binyamin Netanyahu ante 
o conflito palestino-israelense foi definida em seu 
discurso na Universidade de Bar-Ilan (junho de 2009). 
Netanyahu aceita o princípio de “dois estados para dois povos” 
(ou seja, a criação de um estado palestino vizinho a Israel) 
condicionando tal reconhecimento a: 1) A Palestina não terá 
armas de guerra, e sim policiais; 2) A Palestina não assinará 
pactos com países que desejam destruir Israel (como o Irã); 3) 
Os refugiados palestinos serão integrados somente à Palestina; 
4) Jerusalém permanecerá indivisível; e 5) A Palestina deve 
reconhecer que Israel é o berço nacional do povo judeu. 
Para os defensores de Binyamin Netanyahu, a quinta 
condição foi imposta para obrigar os palestinos a colocar um 
ponto final no conflito, renunciando às suas premissas teológicas, 
segundo às quais os judeus nem sequer são um povo. Para os 
opositores, Netanyahu não acredita realmente na possibilidade 
de dois estados e, por isso, coloca uma condição impossível de 
ser cumprida pelos palestinos. 
Outro pilar dos últimos governos de Israel foi Naftali 
Bennet (ex-líder do partido “Lar Judeu” – Habait Hayehudi). 
Bennet propôs anexar os Territórios C (60% da Cisjordânia), 
concedendo cidadania a 5% dos palestinos. Sua proposta não 
foi adiante.
Os partidos de esquerda e de centro de Israel propõem a 
reativação do processo de paz, por meio de algum tipo de acordo 
57
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
regional, talvez inspirados nas premissas da Iniciativa Saudita 
(ver pergunta 296). Os partidos que exigem a anexação de toda 
a Cisjordânia são parcamente representados na Knesset. 
15 - Existem forças radicais judias que atentam 
contra palestinos?
Os Jovens das Colinas (Noar Hagbaot) são diversos 
subgrupos de ideologia nacional-religiosa (conhecidos como 
Guivonim). Os integrantes desses grupos costumam ser jovens 
(segunda geração de colonos judeus) que se assentam em 
postos avançados ilegais da Judeia e Samaria (Cisjordânia). 
Muitos deles se dedicam à agricultura ou à pecuária, consomem 
comida orgânica e ouvem música judaica New Age. 
O assentamento em toda a terra de Israel, incluindo a 
Cisjordânia, com o objetivo de estabelecer fatos consumados, 
é um componente importante de sua ideologia. Muitos veem 
nisso o cumprimento da vontade de Deus e um sinal de que a 
redenção está próxima. 
Muitos dos “Jovens das Colinas” defendem posições 
radicais de direita. Alguns participam ativamente do movimento 
contra a evacuação de postos avançados na Judeia e Samaria 
e muitos outros participaram dos protestos contra o Plano de 
Desconexão de Gaza (2005). As forças de segurança de Israel 
acreditam que alguns deles participam também em atividades 
chamadas Tão Medir, ou “Etiqueta de Preço”.
“Etiqueta de Preço” refere-se a atividades ilegais atribuídas 
aos ativistas da direita radical israelense. Estas ações, em que 
aparece o grafite “Etiqueta de Preço”, começaram em 2008 e 
consistiram em atos de violência contra os palestinos e os seus 
bens (como apedrejamentos, danos a mesquitas, queima de 
campos e hortas e destruição de propriedades), além de atos 
que danificam bens pertencentes à polícia de Israel ou às Forças 
de Defesa de Israel. Em alguns outros casos, eles ameaçam ou 
atacam ativistas de esquerda ou árabes israelenses.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Imagem de um Jovem da Colina (Wikipédia)
16 - Os serviços de inteligência de Israel controlam 
os radicais?
As forças de segurança de Israel realizam detenções 
administrativas e adotam medidas liminares contra suspeitos de 
atos de “Etiqueta de Preço”. Eles são controlados pela Polícia, 
pela Seção Judaica das forças do Shin-Bet (Shabak – Serviço 
Geral de Segurança) e as FDI (Forças de Defesa de Israel) . 
Em 2011, foi criado um novo grupo, composto pelas unidades 
“Yasam” e pela Polícia da Fronteira.
Segundo fontes legais israelenses, os perpetradores 
têm entre 12 e 23 anos, e operam em grupos pequenos e 
independentes, sem um líder. 
A Polícia de Israel informou que, desde o início de 2012, 
foram registrados 788 casos, 276 suspeitos foram presos e 154 
Estas ações geralmente são levadas a cabo em resposta à 
demolição de estruturas não autorizadas nos postos avançados, 
por parte da Polícia ou das Forças de Defesa de Israel, depois de 
detenções administrativas e ordens de restrição contra os seus 
ativistas ou depois de ataques e atentados contra judeus.
59
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
acusações apresentadas. Em abril de 2014, o Departamento de 
Estado dos EUA, baseando-se em relatórios da ONU e ONGs, 
calculou que, em 2013, realizaram-se aproximadamente 400 
ações, algumas dentro da Linha Verde.Em junho de 2013, o Gabinete de Segurança 
Política autorizou o Ministro de Defesa a declarar os 
ativistas de “Etiqueta de Preço” como uma “associação 
ilegal”. Em março de 2018, por exemplo, dois acusados foram 
sentenciados a dois anos e meio e a cinco anos de prisão por 
três ações da “Etiqueta de Preço”.
Paralelamente, os palestinos exploram o tema como 
uma arma difamatória. No dia 12/11/2014, uma mesquita 
foi incendiada em Al-Mu’ayyir, notícia que provocou censura 
mundial conta Israel, embora peritos internacionais tenham 
demonstrado que as provas foram “forjadas”. No dia 3/10/2015, 
os palestinos informaram que um colono israelense atirou numa 
criança palestina de 6 anos em Calquília, mas a investigação 
posterior revelou que a criança se feriu enquanto brincava com 
os seus amigos.
O fenômeno de “Etiqueta de Preço”, embora menor em 
comparação ao terrorismo palestino, foi condenado por todas 
as autoridades israelenses. Em dezembro de 2011, foi criada 
uma organização chamada “Tag Meir” (Etiqueta de Luz) para 
combater os delitos de ódio cometidos por judeus israelenses 
contra os “não judeus”.
17 - O que é a Faixa de Gaza? 
A Faixa de Gaza é um pequeno território de 360 km2. 
Tem cerca de 50 quilômetros de comprimento ao longo do mar 
Mediterrâneo, e a largura varia de seis a doze quilômetros. De 
um lado está o mar, do outro, o Estado de Israel, que também 
fica ao norte, enquanto o sul faz fronteira com o Egito. Na Faixa 
de Gaza vivem 1.800.000 palestinos, o lugar de maior densidade 
demográfica do planeta.
60
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Para entrar na Faixa de Gaza, no caso de produtos vindos 
de Israel, utiliza-se a passagem de Kerem Shalom. A pé, em 
Israel, entra-se pela passagem de Erez. 
O limite entre a zona de influência britânica (Egito) e o 
Império Otomano foi estabelecido no ano de 1906, e é uma linha 
imaginária entre Rafah e Eilat. 
Até 1917, a Faixa de Gaza e todo o território adjacente 
pertenciam ao Império Otomano. De 1917 a 1948, a zona foi 
dominada pelos britânicos. O Egito ocupou essa área para 
utilizá-la como base a fim de atacar Yafo-Tel Aviv e Jerusalém 
durante a guerra de 1948, para em seguida explorá-la como 
base de operações dos atentados dos “fedayins”. O cessar-
fogo (1950) determinou que a pequena Faixa, com as dimensões 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
atuais, ficaria sob controle egípcio (uma ocupação ilegal). Os 
palestinos do lugar não receberam cidadania egípcia.
Depois da assinatura do Acordo de Oslo (1993), a Faixa 
de Gaza foi entregue à Autoridade Palestina, e em 2005, Israel 
retirou-se totalmente, civil e militarmente, dessa região. A 
Faixa de Gaza foi tomada à força pelo Hamas (2007) para ser 
convertida em uma base para o lançamento de mísseis e para a 
construção de túneis com o objetivo de atacar civis do Estado 
de Israel. 
Hoje em dia, a Faixa de Gaza é praticamente um 
estado independente governado pelo Hamas.
18 - O que é o bloqueio da Faixa de Gaza? 
Desde 2001, os terroristas do Hamas lançaram 
14.000 foguetes e mísseis, propositalmente contra 
civis israelenses. Além disso, cavaram uma centena de 
túneis, um dos quais foi utilizado para sequestrar o soldado 
Guilad Shalit (2006) dentro de território israelense. Como se 
não bastasse, o Hamas investiu seu dinheiro numa educação 
voltada para o ódio e em armas, governando sozinho a Faixa de 
Gaza desde 2007.
Enquanto expõem propositalmente sua população, ao fixar 
depósitos de foguetes e lançadores de mísseis intencionalmente 
em mesquitas ou escolas da Agência das Nações Unidas de 
Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA), os dirigentes 
do Hamas se escondem, junto com o seu bando, no sótão do 
Hospital Shifa de Gaza City.
Durante a Operação Chumbo Fundido (2008-2009), Israel 
declarou um bloqueio à Faixa para evitar a entrada de armas. 
O bloqueio da Faixa de Gaza é legal (de acordo com a 
Convenção de San Remo de 1995 e segundo a comissão 
investigadora Palmer (ONU) sobre a Flotilha a Gaza - 
2010). 
Palmer concluiu que: 1) O bloqueio naval de Israel a Gaza 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
é legal e Israel tem o direito de impô-lo; 2) A decisão de romper 
o bloqueio naval (pela Flotilha) foi um ato perigoso e temerário; 
3) A conduta e os verdadeiros objetivos dos organizadores da 
flotilha, em particular a IHH, eram violentos. O relatório criticou 
Israel por abordar as embarcações de forma “excessiva e não 
razoável”.
Para ser legal, o bloqueio deve ser geral, conhecido e 
público, e se deve evitar uma crise humanitária perene na zona 
bloqueada. Quando um barco com ajuda humanitária pretende 
ir a Gaza, a marinha israelense o detém e o leva ao porto de 
Ashdod, onde verifica se ele esconde armas, e no caso de barcos 
que transportam produtos (quantidades simbólicas), eles são 
entregues aos palestinos pela passagem de Kerem Shalom.
19 - É verdade que Israel não permite a entrada 
de civis palestinos da Faixa de Gaza em seu território? 
Até setembro de 2000 (Segunda Intifada), os civis de 
Gaza entravam para trabalhar ou receber tratamento médico 
em Israel. Mais de um milhão de entradas eram registradas por 
ano. Embora Israel continue em guerra com Hamas-Gaza, só em 
maio de 2017 foram realizados 2.282 pedidos de entrada, dos 
quais 47,2%, foram aprovados e 2,1%, rejeitados. O restante 
das solicitações não havia recebido resposta na ocasião da 
publicação dessa notícia (no jornal Haaretz). Um dos últimos 
indivíduos tratados em Israel é familiar direto de Ismail Hanya, 
líder do Hamas.
As permissões para a entrada de doentes que 
provêm da Faixa de Gaza devem receber a autorização 
da Autoridade Palestina, mas, devido à guerra interna 
entre eles e o Hamas, durante largos períodos de 
tempo a Autoridade Palestina recusou-se a conceder 
permissões aos habitantes de Gaza.
Em 1970, Israel construiu a zona industrial na passagem 
de Erez. Milhares de palestinos trabalhavam nessa região. Ali se 
63
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
produziram dezenas de atentados e o lançamento de foguetes 
palestinos. No dia 8/6/2003, três combatentes palestinos 
lançaram granadas e dispararam contra soldados israelenses, 
matando 4. No dia 31/8/2004, os israelenses prenderam um 
terrorista suicida. No dia 20/6/2005, foi detida uma terrorista 
suicida que tinha uma autorização médica e que pretendia 
realizar um atentado no hospital Soroka de Beer-Sheva. No dia 
22/5/2008,um caminhão-bomba explodiu em Erez com centenas 
de quilos de explosivos. 
A pergunta, na verdade, deveria ser: Por que Israel 
seria obrigado a tratar os doentes palestinos de 
Gaza? Em Gaza, quem governa é o Hamas, que está 
empenhado em assassinar todos os judeus. Israel age, 
pois, somente por motivos humanitários.
Poderíamos nos perguntar também por que os palestinos 
de Gaza não vão para o Egito, país que não desejam destruir. O 
bloqueio mais ilógico é o que lhes impõe o Egito.
20 - Israel é culpado pelo não desenvolvimento da 
Faixa de Gaza? 
No livro “100 perguntas e respostas sobre o conflito 
palestino-israelense”, o jornalista argentino Pedro Brieger 
afirma: “A economia da Faixa é mínima, e Israel sempre obstruiu 
o seu desenvolvimento impedindo a entrada de matérias-primas 
ou bens de capital e pondo inumeráveis obstáculos à exportação 
de produtos – muitos deles perecíveis (como flores) - que nem 
sequer são exportados diretamente”. 
Os fatos contradizem tal afirmação. Nos importantes 
Acordos de Paris (do dia 9/5/1994, que não são citados no 
texto), os signatários acertaram que Israel receberia a importação 
mútua, cobraria os impostos e entregaria a parte pertinente à 
Autoridade Palestina, revisando o material para que entre os 
produtos não entrasse material bélico. No caso de exportações , 
Israel entrega o dinheiro correspondente à Autoridade 
64
300Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Palestina, e, no ano de 2018, foi Mahmoud Abbas quem 
ameaçou o Hamas, dizendo que não entregaria a parcela 
acordada para as compras realizadas em Gaza.
No período entre os anos 2007 e 2012, Israel entregou 
ao Hamas 2,567 bilhões de dólares. Outros 1,351 bilhão foram 
entregues até 2011, através do sistema bancário israelense. A 
jornalista Orna Shimoni (Ynet) afirmou que 80% desse 
dinheiro chegavam às mãos da direção do movimento 
terrorista Hamas, que os usava para construir túneis 
ou produzir foguetes, que depois eram lançados contra 
Israel.
Uma segunda inverdade é que em Gaza não entram 
produtos por culpa de Israel. Segundo os dados do exército 
israelense, passaram de Israel a Gaza no ano de 2013 (e nos 
anos posteriores) 45.000 toneladas de produtos por semana, 
cerca de 400.000 toneladas de grãos, aproximadamente 60.000 
toneladas de frutas e verduras, 40.000 cabeças de gado, 
vestimentas, conservas e remédios. Antes do golpe de estado 
do Hamas (no ano de 2007), o mesmo comércio chegava a 
570 milhões de dólares, enquanto que até o ano de 2018, esse 
número chegou a 325 milhões de dólares. 
21 - É verdade que, atualmente (2019), a Faixa de 
Gaza sofre uma crise econômica profunda? 
Até o ano de 2018, pelo menos 50% dos produtos que 
entravam na Faixa de Gaza provinham de fábricas israelenses. 
Os caminhões israelenses chegavam à passagem fronteiriça 
de Kerem Shalom e descarregavam os produtos no meio da 
passagem, que, então, eram conferidos e carregados em 
caminhões palestinos. Para negociar com Israel, o palestino deve 
estar registrado na Associação de Comerciantes Palestinos de 
Gaza (dirigida pelo Hamas).
Devido ao fato de que o Hamas utiliza e utilizou materiais 
de construção para suas casamatas e túneis de ataque, o 
65
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
estado hebreu procura entregar a Gaza quantidades passíveis 
de controle. O mesmo acontece com materiais que podem ter 
mais de um uso e podem ser utilizados para fabricar armas 
ou foguetes (por exemplo, adubo ou ferro). A maior parte dos 
materiais de construção entra em Gaza pelo lado egípcio
No mês de janeiro de 2015, o Hamas já devia a Israel 50 
milhões de dólares pela eletricidade comprada nos últimos anos. 
Essa dívida aumentou. O jornal israelense Kalkalist informava: 
“Todo dia, duas empresas israelenses vendem 200 mil litros 
de óleo diesel e benzina junto com alguns milhares de litros de 
gás de cozinha. Agora também, durante a guerra (de 2014), 
as empresas continuam vendendo esses produtos para os 
habitantes da Faixa de Gaza”.
No ano de 2018, produziu-se uma séria crise econômica 
por culpa da Autoridade Palestina e do governante Hamas. A 
Autoridade Palestina decidiu castigar economicamente o Hamas 
cortando seus pagamentos. Sem poder contar com dinheiro 
para comprar produtos, a quantidade de caminhões 
que passam para Gaza pela fronteira de Israel sofreu 
uma drástica redução.
A crise econômica é tão grande que Israel viu-se obrigado 
a aceitar que o Qatar entregue, em dinheiro, 15 milhões de 
dólares por mês. Desse modo, o Hamas pode pagar os salários 
de seus funcionários públicos. 
22 - Quando Israel se retirou da Faixa de Gaza?
No mês de dezembro de 2003, o primeiro-ministro Ariel 
Sharon apresentou o seu “Plano de Desconexão”. O seu objetivo 
era evacuar unilateralmente os 21 assentamentos israelenses 
na Faixa de Gaza e outros 4 assentamentos isolados no norte 
da Samaria. Nesses assentamentos viviam 8.600 judeus 
israelenses.
66
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Ariel Sharon afirmou que o Plano de Desconexão de 
Gaza reduziria as pressões internacionais sobre Israel, era uma 
prova dos desejos israelenses de alcançar a paz e diminuía 
drasticamente a necessidade de ter tropas militares posicionadas 
ali para cuidar daqueles civis. Outros afirmaram que Sharon 
estava interessado em distrair a atenção da imprensa quanto 
aos casos de corrupção relacionados a ele. Os opositores 
argumentavam que, sem o exército israelense, os palestinos 
multiplicariam os lançamentos de foguetes a partir da Faixa de 
Gaza. 
No dia 16/2/2005, o parlamento israelense (Knesset) 
aprovou, por 59 votos a favor, 40 votos contra e 5 abstenções, o 
Plano de Desconexão. No dia 11/9/2005, finalizou-se a retirada, 
movimento que foi acompanhado de duras discussões entre os 
que estavam a favor (cor azul) e os que se opunham (cor laranja).
É verdade que Ariel Sharon, então na oposição, votou 
contra os Acordos de Oslo, mas, como premiê, ele aceitou o 
“Mapa do Caminho” (2003), que resultaria em um Estado 
Palestino, e foi nesse cenário, com enormes resistências dentro 
de seu partido e entre os colonos, que ocorreu a “Desconexão”.
Israel não negociou a sua retirada com a Autoridade 
Palestina, uma vez que Sharon considerava que não havia entre 
eles um sócio para a paz. Vale lembrar que, em 2005, vivia-se 
o epílogo da onda de atentados suicidas contra israelenses 
(Segunda Intifada), que provocou o assassinato de 1.150 
israelenses.
O colunista Thomas Friedmam (New York Times) chegou a 
“sugerir” aos palestinos que fizessem de Gaza uma nova Dubai. 
Um conselho um tanto ou quanto ingênuo.
23 - Israel continua ocupando a Faixa de Gaza? 
Quando termina uma ocupação estrangeira?
Embora a lei de ocupação beligerante não dê uma resposta 
explícita, o enfoque aceito é o de uma “imagem espelho” das 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
condições para a sua criação, ou seja, quando o exército 
de ocupação já não mantém um controle efetivo do 
território e, em seu lugar, existe um novo regime que 
possui tal controle. A ocupação pode terminar por meio de 
um acordo ou quando o ocupante é forçado a sair, mas também 
por um ato unilateral. Israel se retirou totalmente de Gaza no 
ano de 2005. 
Israel tem um “controle efetivo” sobre a Faixa de Gaza? 
Se aplicarmos a fórmula da Corte Internacional de Justiça no 
caso Congo vs. Uganda, ou seja, quando uma ocupação significa 
realmente exercer autoridade sobre o território, chegaremos à 
conclusão de que, claramente, Israel não é (nem remotamente) 
um ocupante da Faixa de Gaza.
A formulação básica para definir uma “ocupação” 
encontra-se no artigo 42 das Convenções de Haia, relativo às 
leis e costumes da Guerra Terrestre (1907), que estabelece: “Um 
território é considerado ocupado quando se encontra, de fato, 
sob a autoridade do exército inimigo. A ocupação se estende 
somente aos territórios em que tal autoridade foi estabelecida e 
pode ser exercida”. 
A Corte Internacional de Justiça (CIJ) sustenta que uma 
ocupação beligerante existe quando o exército de ocupação 
realmente exerce a sua autoridade sobre o território, e, desse 
modo, suplanta a autoridade do governo soberano nessa área. 
Alguns autores pouco versados em assuntos legais 
argumentam que “se Israel se retirou unilateralmente”, então 
o país é culpado de não ter negociado com os palestinos da 
Segunda Intifada, mas “se o país se retirar e não ficar nenhum 
israelense em Gaza”, então inventarão que ele continua 
“ocupando” a região. Desse modo, convivem com os seus 
preconceitos materialistas de que tudo é por “ocupação”.
 
68
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Segunda Seção
Passado Explicativo
24 - O que é o movimento sionista?
O movimento sionista é uma reivindicação do caráter 
nacional do povo judeu e de seu direito a uma existência 
soberana. Do ponto de vista histórico, os judeus sempre foram 
vistos como uma identidade composta. O pensador Mordechai 
Kaplan afirmava que o judaísmo era “uma civilização”. 
Essa civilização compreendia diversos pilares: 1) Os 
judeus foram e são um povo: Os descendentes do reino 
da Judeia são “judeus”, mas Judá, que originou a tribo de 
Judá, (origem do reino), era filho de Israel (Jacó),portanto os 
descendentes também são chamados de “israelitas”, o mesmo 
povo; 2) Os judeus se manifestam também como uma 
religião; 3) Os judeus possuem todos uma cultura similar ou 
parecida em todas as comunidades do mundo; 4) Os judeus 
possuem uma “memória coletiva”. Eles se consideram 
descendentes dos escravos do Egito, e foram vítimas da Shoá 
(Holocausto) e da Inquisição; 5) Eles possuem um idioma 
particular, o hebraico. Na Idade Média, por exemplo, um 
indivíduo judeu que morava em Barcelona não se apresentava 
como catalão, espanhol ou como um “ser humano”. Ele era 
simplesmente um judeu de Barcelona. O que era o judaísmo 
então? Uma mistura dessas cinco variáveis. 
Ao longo do século XIX, as identidades nacionais na Europa 
foram se fundindo, resultado da Revolução Francesa (cada ser 
humano possui direitos), da Revolução Industrial (surgimento de 
uma classe média) e do direito de autodeterminação dos povos 
Os judeus sofreram muitas decepções na Europa. Muitos 
tiveram a promessa de emancipação, mas o antissemitismo 
no velho continente já estava enraizado demais para que essa 
promessa fosse cumprida.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
O sionismo nada mais é do que o “Movimento 
de Libertação Nacional do Povo Judeu”. Em outras 
palavras, é a filosofia que afirma que os judeus 
“também” são um povo e que, assim como todos 
os outros povos do planeta, possuem o direito de 
autodeterminação. O desejo dos judeus é regressar a 
Sion, que é um dos nomes de Jerusalém, o seu centro 
nacional e religioso. 
25 - Todos os judeus se identificam com o sionismo?
O notável pensador Abraham Infeld afirma que os cinco 
pilares da identidade judaica são: 1) A história e a memória 
judaicas; 2) A halachá (a lei judaica); 3) Os laços familiares; 4) 
A língua hebraica e; 5) O vínculo com a terra de Israel. A grande 
maioria dos judeus do mundo sente-se parte da história e das 
memórias judaicas, tem laços familiares e possui um vínculo com 
a terra de Israel.
É importante levar em conta que, no início do século 
XIX, os judeus foram convidados a se emancipar em diversos 
países europeus. A resposta dos judeus não foi homogênea. 
Um determinado grupo não se identificava com a modernidade 
e não se sentia atraído por essa proposta “laica”, de modo que 
optou por rejeitar a proposta (na verdade, os judeus ortodoxos 
se vestem de forma similar à da época na qual a proposta foi 
feita, para enfatizar seu conservadorismo). 
Uma segunda resposta foi a de muitos judeus ansiosos 
por “fazer parte”, que decidiram se afastar de sua identidade 
judaica. Uma terceira resposta foi a de judeus que separaram a 
sua identidade nacional (de povo judeu) da identidade religiosa. 
Muitos deles passaram a se apresentar como “franceses que 
são judeus de religião”. 
Um quarto grupo, decepcionado depois do fracasso da 
emancipação, optou pela autoemancipação nacional, que ganhou 
força no sionismo. 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Hoje em dia, metade dos judeus do mundo mora 
em Israel e a maioria dos judeus da diáspora se sente 
identificada com e apoia a existência de um estado 
para o povo judeu na terra de Israel.
Então, os judeus possuem uma dupla identidade nacional? 
Exatamente. Existe um nexo sentimental e uma identificação 
nacional. Na maioria dos casos, um judeu argentino sente-se 
parte do povo argentino e também do povo judeu. O mesmo 
acontece com um argentino-chinês, um argentino-italiano ou um 
argentino-espanhol. 
26 - Quando surgiu o sionismo, todos os judeus o 
apoiaram?
A oposição ao sionismo veio, sobretudo, de três grupos: 
em primeiro lugar, dos que acreditavam que os judeus deviam 
aceitar a “emancipação”, ou seja, sendo judeus em “casa” 
e “cidadãos” na rua. Dentro desse grupo podemos incluir o 
Movimento Reformista na religião judaica, naquela época (isso 
mudou posteriormente na maior parte do movimento). 
A segunda oposição veio da ortodoxia judaica, que 
considerava que o nacionalismo laico “ao estilo europeu” 
era estranho ao judaísmo. Mais ainda: Eles se consideravam 
ameaçados por esses princípios. Além disso, o Renascimento 
judaico ocorreria com a vinda do Messias e não antes. Com a 
oficialização do Movimento Sionista, parte da ortodoxia judaica 
formou partidos políticos para promover seus interesses dentro 
do sionismo (Agudat Israel, por exemplo) e, depois do Holocausto, 
a oposição da ortodoxia ao Estado de Israel é praticamente 
irrelevante e menor.
A terceira oposição, em número e influência, veio dos grupos 
russo-poloneses do movimento BUND. A história do BUND 
é trágica. O movimento terminou arrasado pelo Holocausto 
e rejeitado pelos socialistas não judeus. O agradecimento do 
mundo socialista ao trabalho revolucionário dos judeus pode 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
ser sintetizado no fato de que o BUND se apresentou para 
eleições na Polônia depois do Holocausto, elegeu um deputado 
e depois foi “convidado” pelo Partido Comunista a se desfazer. 
O primeiro movimento proibido pelos comunistas foi o BUND, 
e Stalin chegou a ordenar que se colocasse uma letra “J” nos 
documentos dos judeus, por considerá-los “cidadãos soviéticos 
suspeitos”.
De qualquer maneira, ao nascer o sionismo, uma 
quantidade mínima de judeus emigrou para Israel. Os lugares 
mais promissores para uma imigração judaica eram países em 
rápido desenvolvimento, como os EUA, o Canadá ou a Argentina. 
A Palestina, uma remota província do Império Otomano, era 
um lugar inóspito. O desafio era para poucos, sendo encarado 
fundamentalmente por jovens idealistas que organizaram 
precárias colônias socialistas (kibutzim), limparam a área e 
trabalharam uma terra que permanecera inculta por séculos, 
sem ter nenhuma experiência no assunto.
27 - Qual a relação entre o renascimento do uso 
do hebraico com o sionismo?
O conceito de estado-nação foi desenvolvido na Europa e 
teve influência também sobre os judeus. O sionismo propunha 
o renascimento do idioma hebraico como uma manifestação 
identitária e nacional. Até então, o idioma hebraico era utilizado 
somente nas rezas, já que os judeus que viviam no leste europeu 
(nos Países Bálticos, na Polônia, na Ucrânia ou na Rússia) 
usavam outro idioma comum chamado “iídiche” (um idioma 
judaico, mistura de hebraico e alemão), rico em literatura, música 
e tradições culturais, e ao qual muitos não estavam dispostos a 
renunciar.
Na visão dos sionistas, o iídiche era o idioma do “gueto da 
diáspora”, enquanto o hebraico era “o idioma do renascimento 
da pátria”. Por outro lado, o iídiche era o idioma dos judeus da 
Europa Oriental e Central (desde o século XI), mas não era um 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Eliezer Ben-Yehuda (Wikipédia)
Nos primeiros anos, existia uma tendência entre os 
sionistas de tentar erradicar seu passado, ou seja, os nomes, 
o idioma e a cultura provenientes dos países onde eles tinham 
nascido. Dizia-se que, em Israel, devia nascer um novo povo, 
resultado dessa “mistura de raças” (Kurt Ético). Em Israel dos 
dias de hoje, a diversidade, o domínio de idiomas e a cultura 
internacional são valorizados e fomentados. Provavelmente, 
trata-se de uma reação, para uma maior segurança social e 
pessoal. 
idioma a ser compartilhado por todos os judeus. Os sefaradim e 
os judeus do Oriente Médio não falavam iídiche, nem se sentiam 
identificados com esse idioma.
Eliezer Ben-Yehuda, nascido como Eliezer Yitzchak 
Perelmam (1858–1922), foi um linguista e editor de jornais 
lituano-judeu, que passou a ser o responsável pelo renascimento 
e pela reimplantação da língua hebraica como língua falada e 
escrita nos tempos modernos. Ao longo de sua vida, o seu lema 
era: “Se você é hebreu, fale hebraico”, educando os seus filhos 
somente no idioma nacional.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - GabrielBen-Tasgal
28 - O sionismo é consequência do antissemitismo 
europeu?
O sionismo não é consequência do antissemitismo, embora 
tenha sido reforçado por esse ódio. Os fatores que explicam 
o surgimento do movimento são variados: 1) Fracasso da 
emancipação. O judeu europeu se viu diante de uma promessa de 
igualdade não cumprida. 2) Sentimentos nacionais e territoriais 
que impregnaram toda a Europa. 3) Um profundo desejo 
religioso de “retorno a Jerusalém”, desejo que ainda não tinha 
sido realizado de modo efetivo e massivo. 4) O antissemitismo 
europeu. Portanto, o sionismo não surgiu como consequência de 
um único fator (o antissemitismo).
Nem todos os líderes judeus viam o antissemitismo 
da mesma maneira. Leon Pinsker dizia que o antissemitismo 
era uma doença incurável (“a judeufobia é uma psicose, 
hereditária e incurável”). No entanto, outros pensadores judeus 
consideravam que o antissemitismo seria erradicado com o 
advento do liberalismo europeu; outros acreditavam que o 
mesmo aconteceria por conta do socialismo; outros ainda (como 
Simon Dubnov), que a solução passava pelo “autonomismo”. 
Aqui também não houve homogeneidade de critérios.
Para o fundador do sionismo político, o jornalista Theodor 
Herzl, o antissemitismo obrigava os judeus a encontrarem um 
“refúgio”. Achad-Haam falava menos de um “refúgio” e mais da 
formação de um “centro cultural” relevante para os judeus do 
mundo, uma situação que não requeria o translado de massas 
judias à “Palestina”. Dov Ber-Borochov via o movimento sionista 
como uma revolução marxista, enquanto Aharon David Gordon 
o enxergava por um viés tolstoiano, como um processo de 
reconexão com a terra e o trabalho físico no campo. O movimento 
religioso nacional o entendia como redenção.
O sionismo nunca foi um movimento ideologicamente 
homogêneo. Quem o apresentar como tal está distorcendo sua 
natureza. No entanto, em relação ao antissemitismo, 
74
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
os líderes sionistas consideraram que a melhor forma 
de combater a judeufobia era pela autoemancipação, 
criando um estado judeu próprio.
29 - Quem foi Theodor Herzl, e o que foi o Caso 
Dreyfuss?
Continuando com a lógica das respostas à emancipação 
(pergunta 25), observamos que o jornalista Theodor Herzl 
(1860-1904) pertencia ao grupo que aspirava a assimilar-se à 
identidade nacional europeia.
Herzl foi criado em uma família burguesa judia, do Império 
Austro-Húngaro, que falava iídiche. Cresceu em um ambiente 
confortável, liberal e laico. Durante sua juventude, ele frequentou 
a associação “Burschenschaft”, que aspirava à unificação 
alemã, e seus primeiros trabalhos não foram relacionados 
com o tema judaico. Seu primeiro emprego importante foi o 
de correspondente, em Paris, de um influente jornal liberal de 
Viena, chamado Neue Freie Presse.
Em 1894, no âmbito de seu trabalho, ele teve que cobrir o 
“Caso Dreyfuss”. Um capitão judeu do exército francês, Alfred 
Dreyfuss, foi injustamente acusado de traição, por espionar para 
a Alemanha. Durante o julgamento e no ato de degradação, 
as massas gritaram palavras de ordem, como: “Morte a 
Dreyfuss! Morte aos judeus!” O levante antissemita gerado 
impressionou Herzl a tal ponto que ele ficou decepcionado com 
o assimilacionismo.
Em fevereiro de 1896, ele publicou sua nova visão 
sionista no livro O Estado Judeu: Ensaio de uma Solução 
Moderna da Questão Judaica, onde propôs a formação de um 
movimento político que buscasse apoio global para solucionar o 
antissemitismo sofrido pelos judeus mediante o estabelecimento 
de um estado próprio.
Seus esforços diplomáticos internacionais tiveram sucesso 
limitado. Além disso, ele desperdiçou grande parte da fortuna 
75
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
concedida pela esposa para subornar mediadores, que lhe 
conseguiam entrevistas diplomáticas.
Em 1897, organizou e presidiu o Primeiro Congresso 
Sionista em Basileia, na Suíça. Em 1902, publicou seu trabalho 
Altneuland (A velha nova terra), onde apresenta o futuro Estado 
judeu como uma utopia de uma nação moderna, democrática e 
próspera. Theodor Herzl representa a ideia do sionismo político. 
Sua grande conquista foi convencer os judeus do mundo de que 
os ideais sionistas eram viáveis.
30 - O Sionismo foi uma invenção do colonialismo 
para ocupar a “Palestina”?
Um esclarecimento importante: Os judeus europeus usaram 
o termo Palestina por anos imitando os seus contemporâneos 
europeus. Durante os dias do Império Mameluco na Terra de 
Israel (1260-1517) ou no Império Otomano (1517-1917), o termo 
“Palestina” não era usado porque era uma denominação europeia.
Durante o Mandato Britânico da Palestina (1920-1948), a 
Orquestra Sinfônica Nacional da Palestina ou o jornal Palestine 
Post, por exemplo, eram instituições judaicas. Se uma pessoa 
pesquisasse na Enciclopédia Larrousse (1938) a bandeira da 
Palestina, adivinha o que ela encontrava?
76
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
O sionismo não foi uma invenção dos ingleses ou das 
grandes potências para dividir o mundo árabe, como muitas 
pessoas ainda acreditam. No entanto, recebeu o apoio do poder 
britânico, especialmente durante a Primeira Guerra Mundial, 
por várias razões, e não por meras motivações “colonialistas”. 
Os fatores foram: 1) Fiéis cristãos que consideravam 
que a chegada do Messias estava se aproximando e 
que ele deveria ser recebido na terra renascida de 
Israel, com o povo judeu vivendo nela. Profundos sentimentos 
religiosos que podemos constatar entre os templários alemães, 
ou governantes como o primeiro-ministro Lloyd George; 2) 
Real Politik e preconceitos antissemitas: Os britânicos 
desejavam manter os russos em estado de guerra e envolver 
os americanos, e presumiam que os judeus tinham uma força 
desproporcional para fazer lobby junto a ambos os países a favor 
dos interesses britânicos.
Os britânicos também fizeram promessas aos árabes 
(por exemplo, a correspondência McMahon-Hussein, de 1915). 
Os judeus decidiram traduzir essas promessas em ações para 
efetivar os seus desejos nacionais.
A afirmação de que o sionismo é sinônimo de colonialismo 
visa a apagar de uma só vez a história de um povo formado várias 
centenas de anos antes daquele que geralmente o acusa de ser 
uma manifestação imperialista. A intenção do demonizador 
é transformar o povo judeu em um grupo artificial.
31 - O que é o antissionismo?
É a recusa em aceitar que os judeus são (também) 
um povo e que as suas aspirações nacionais na terra 
de Israel (não necessariamente em todo o país) são 
legítimas.
Até a criação de Israel (1948), o antissionismo era um 
patrimônio quase exclusivo dos judeus. Havia três posições 
antissionistas (ortodoxa, socialista e liberal) que tinham as 
77
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
suas contrapartes sionistas: a religiosa nacional (para a qual a 
recuperação nacional era o início da redenção), a do sionismo 
socialista (para quem a contribuição ao socialismo mundial 
se daria por meio de uma experiência própria de construção 
cooperativa) e a dos sionistas liberais e livres-pensadores, que 
entendiam que para os judeus se assimilarem genuinamente ao 
mundo com um todo , eles tinham que fazê-lo como um povo, e 
não diluindo a sua identidade.
A primeira e mais contundente oposição ao 
sionismo veio, desde a década de 1920, do mundo 
árabe e islâmico e não da esquerda mundial. Durante 
as décadas de 1950 e 1960, Israel foi um emblema para os 
socialistas do mundo inteiro. A liderança árabe-palestina, sob a 
nefasta direção do mufti Hajj Amin Al-Husseini e outros, rejeitou 
o direito dos judeus à autodeterminação.
A esquerda foi aumentado as suas críticas contra Israel 
devido às estruturas das alianças globais (com os Estados 
Unidos apoiando Israel, as esquerdas alinhando-se com a 
União Soviética, e, no nosso continente,com Cuba). Desde a 
rebelião de Berkeley (1964) e o Maio Francês (1968), a Nova 
Esquerda começou a atacar Israel, acusando o país de ser uma 
“manifestação colonialista”, desprezando a sua identidade 
nacional, e isso independentemente do que fizesse ou deixasse 
de fazer o governo de Israel da época (naquele momento, e até 
1977, nas mãos de uma centro-esquerda ).
Hoje em dia, quem antes odiava os judeus encontra 
na demonização do Estado de Israel e do sionismo um 
pretexto supostamente mais “politicamente correto”.
32 - Por que a extrema-esquerda e parte da 
esquerda moderada passaram a levantar tão firmemente 
a bandeira antissionista?
É possível explicar parte ou grande parte das críticas da 
esquerda global a Israel pelo princípio da “interseccionalidade”. 
Interseccionalidade é um termo cunhado no ano de 1989 pela 
78
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
ativista e acadêmica Kimberly Williams Crenshaw. Crenshaw 
acredita que devemos pensar em cada elemento ou traço de 
uma pessoa como indissoluvelmente ligado a todos os outros 
elementos, de modo que podemos entender como a injustiça 
social e a desigualdade social ocorrem a partir de uma base 
multidimensional. Portanto, grupos que se sentem afetados 
ou em situações de injustiça se reúnem e forjam, por vezes, 
alianças incompreensíveis, como a da extrema-esquerda e a do 
radicalismo islâmico.
A maioria das organizações da esquerda europeia e até 
latino-americana se mostra indiferente à judeufobia, ou se 
associa a ela e muitas vezes a promove. Exemplos? Durante a 
Convenção Anual do Partido Trabalhista da Grã-Bretanha (em 
2017), o seu líder Jeremy Corbyn viu-se compelido a agir porque 
foram distribuídos folhetos do “Partido Trabalhista Marxista” 
que discutiam a “comunhão entre sionistas e nazistas” e citavam 
Reinhard Heydrich, arquiteto do Solução Final, afirmando que 
“os nacional-socialistas não tinham nenhuma intenção de atacar 
o povo judeu”. Outro, Pablo Iglesias, do partido “Podemos”, da 
Espanha, que recebe fundos iranianos, por meio de contrato, 
para realizar um programa de TV na “Hispan TV”. Na América 
Latina há manifestações na Venezuela, em Cuba, na Bolívia ou 
no claro antissemitismo do movimento esquerdista Quebracho, 
na Argentina. No Brasil, PSOL, PSTU, PCdoB (outros partidos 
de esquerda também, porém com mais moderação) manifestam-
se sistematicamente contra Israel e o sionismo 
O antissionismo da esquerda usa muitos dos mecanismos 
de demonização do antissemitismo clássico europeu. É difícil 
para eles odiarem os judeus, mas eles demonizam o “judeu 
entre as nações” (ou seja, Israel). Jean-Paul Sartre teria 
vergonha do comportamento atual da esquerda em 
relação ao estado hebreu. “Israel é imperialista com 
os seus kibutzim e os árabes são socialistas com os 
seus estados feudais”, zombava dos que apresentam 
o sionismo como “colonialismo”.
79
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
33 - Existem outros grupos que defendem a 
bandeira do antissionismo atualmente?
No Oriente Médio, o antissionismo mais extremo se 
manifesta dentro do radicalismo islâmico. O antissionismo 
muçulmano considera que Israel ocupa Dar al-Islam (terra 
sagrada islâmica). Grupos islâmicos ou o governo do Irã insistem 
que Israel é ilegítimo e o chamam de “entidade sionista”.
Outra oposição veio da Igreja Católica, que considerava 
que a “antiga aliança” (judaísmo) existe para testemunhar a 
superioridade da “única” verdade (o cristianismo). Há cristãos 
que acreditam que o Estado de Israel não tem o direito de existir 
porque contradiz o destino da subjugação judaica. Hoje em 
dia, o Vaticano reconhece Israel, mas não como uma 
expressão da redenção judaica.
Após o Congresso de Basileia (1897), o jornal Civilita 
Cattolica publicou sobre o sionismo: “1827 anos se passaram 
desde que a previsão de Jesus de Nazaré foi cumprida, ou 
seja, que [depois da destruição de Jerusalém] os judeus seriam 
levados para longe para serem escravos entre as nações, e que 
eles devem permanecer em dispersão [diáspora] até o fim do 
mundo”. O Conselho Mundial de Igrejas é um exemplo dessa 
obsessão em deslegitimar Israel. Por outro lado, hoje em 
dia, grupos católicos como o “Opus Dei” se sentem 
muito próximos de Israel.
Os sentimentos antissionistas também foram expressos em 
fóruns como a Organização da Unidade Africana e o Movimento 
dos Países Não Alinhados, que adotaram resoluções condenando 
o sionismo e que o igualaram ao racismo e ao apartheid durante 
a década de 1970.
A oposição ao sionismo também inunda identidades afro-
americanas. O apoio afro-americano aos palestinos é motivado, 
de um modo geral, por considerações de “cor”. O cientista político 
Andrew Hacker escreve: “A presença de Israel no Oriente Médio 
é percebida como uma tentativa de frustrar o status legítimo das 
80
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
pessoas de cor. Alguns negros veem Israel como uma potência 
essencialmente branca e europeia, com apoio do exterior”.
34 - É possível ser antissionista sem ser 
antissemita?
Do ponto de vista teórico, sim, é possível. Do 
ponto de vista prático, isso não acontece. Se um indivíduo 
considera que nenhuma pessoa na face da terra merece ser 
chamada de povo ou acha que pouquíssimas pessoas têm o direito 
de ostentar esse título, agindo e pregando a destruição de todos 
os estados do mundo, então podemos supor que dentro dessa 
vertente também existe uma aspiração à destruição do estado 
do povo judeu sem que isso seja expressão de antissemitismo, 
porque se estende a todos. Na prática, os antissionistas lutam 
apenas pela destruição de um único estado: o estado judeu.
Afirmar que os judeus não são um povo quando a grande 
maioria dos judeus no mundo acredita que são um povo é 
“discriminar os judeus”. A grande maioria dos judeus considera 
que o judaísmo é tanto uma religião quanto uma identidade 
nacional. O filósofo Mordechai Kaplan definiu o judaísmo como 
uma “civilização”.
Negar essa essência do povo judeu desperta uma chamada 
de atenção sobre o “negador”, especialmente quando existem 
milhares de evidências arqueológicas que provam a existência 
do povo judeu muito antes de surgirem os estados e povos 
europeus ou latino-americanos. Considerar que todos os 
povos têm o direito de se declarar “nação”, exceto 
o povo judeu, é discriminar os judeus. Acreditar que 
todo povo tem direito à autodeterminação “exceto os 
judeus” é discriminar os judeus. Odiar os judeus que se 
declaram sionistas quando quase todos os judeus do 
mundo se identificam com as premissas do sionismo 
e amam ou simpatizam com o Estado de Israel é odiar 
quase todos os judeus. Aceitar a existência de cento 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
e noventa e três países, mas exigir a extinção de um é 
antissemitismo ou, mais precisamente, judeufobia.
Depois da Segunda Guerra Mundial, é politicamente 
incorreto ser “antissemita”. Hoje em dia, muitas vezes é visto 
como “válido” (entre pessoas com baixos padrões morais) se 
declarar “antissionista”.
35 - Como podemos reconhecer um judeufóbico 
moderno?
Podemos apontar duas maneiras de reconhecer um 
judeufóbico moderno que tenta se camuflar de “antissionista”. O 
pensador Gustavo Perednik considera que um antissemita pode 
ser reconhecido por três critérios: Sua obsessão (em relação a 
Israel ou aos judeus), a coprolalia (insulto - “Estado nazista de 
Israel”, por exemplo) e o maniqueísmo (tudo o que está vinculado 
ao judeu e a Israel é “negativo”). É importante repetir que o ódio 
direto e grosseiro contra os judeus é frequentemente condenado 
pelas leis nacionais, porque as pessoas ainda se lembram do que 
tal judeufobia causou no mundo. No entanto, odiar os judeus 
como estado é algo que, para qualquer pessoa com uma bússola 
moral mal ajustada, é um comportamento com a qual ela pode 
conviver tranquilamente.Outro método é usar o “Teste 3D do antissemitismo”: 
Deslegitimação (de Israel), Demonização (de Israel) e o ato de 
sujeitar Israel a padrões Duplos. Esse parâmetro foi desenvolvido 
por Natan Sharansky, ex-ministro israelense e ex-presidente da 
Agência Judaica para Israel.
Criticar Israel não significa ser antissemita. 
Criticar obsessivamente Israel, e especialmente 
Israel, de maneira maniqueísta, qualificando o país 
com insultos (coprolalia), usando padrões duplos, 
demonizando e provocando sua deslegitimação é, 
“SIM”, ser judeufóbico.
Quase todos os países do mundo são apresentados como 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
“estados-nação de um determinado povo”. A Espanha é o 
berço nacional dos espanhóis, a argentina é o berço nacional 
dos argentinos e a Rússia é o berço nacional dos russos. Em 
todos esses países, existem minorias nacionais. Ninguém opina 
ou se atreve a dizer que é “a favor” da destruição da Argentina 
porque, por exemplo, esse país não se dissolve para formar um 
“novo estado” que inclua bolivianos, peruanos e venezuelanos. 
No entanto, no caso de Israel, esses antissionistas/antissemitas 
dizem que é necessário renunciar a ser o estado nacional do povo 
judeu (que representa 80% da população). Isso é discriminação.
36 - Todo mundo que critica Israel é antissemita?
Obviamente, nem todo mundo que critica Israel é 
judeufóbico. Criticar Israel é válido, e aqueles que mais 
criticam o país são os próprios israelenses. Felizmente, os 
ataques dos judeus em relação a Israel não têm o mesmo destino 
que as críticas dos muçulmanos em relação ao islamismo. Quem 
crítica Israel obsessivamente, de modo maniqueísta e 
ultrajante, é judeufóbico (antissemita).
Os judeus são especialmente sensíveis quando presenciam 
críticas obsessivas contra eles ou contra Israel. Na verdade, 
eles têm vinte e três séculos de “experiência”, com provas 
de manifestações de ódio contra seu povo, promovidas por 
autoridades cristãs e, atualmente,por representantes islâmicos, 
ou representantes da extrema-direita e da extrema-esquerda. 
Eles têm como evidência os libelos de sangue, atuais e de 
outrora, assassinatos e pogroms ou conversões forçadas. Desde 
a Inquisição, passando pelos massacres de judeus na Ucrânia 
de Bogdán Jmelnicki, seguindo com o último grande massacre 
de judeus durante a Segunda Guerra Mundial e terminando com 
os islamitas modernos ou seus aliados, que querem destruir 
Israel “porque Israel não é um estado binacional”. Vale a pena 
conferir os comentários de leitores quando se trata de 
uma história relacionada com Israel para verificar que 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
vinte e vinte e três séculos de ódio não desapareceram 
depois do Holocausto (Shoá). Afirmar que as suspeitas 
judaicas quanto a motivações antissemitas são uma reação 
próxima à “chantagem intelectual” desmerece aqueles que 
assim afirmam.
Porém, a utilização excessiva, exagerada e deficiente, 
que certos líderes israelenses fizeram e fazem a respeito do 
nazismo e do Holocausto não é benéfica. Primeiro, porque o 
antissemita se refugia nisso, argumentando que “é tudo 
um exagero”. Por outro lado, os culpados de genocídios 
como o Holocausto (os europeus e seus aliados) tentam 
apagar seu passado assassino culpando Israel de fazer 
o que eles fizeram (ou permitiram que acontecesse), 
fingindo, assim, “desculpar-se” ou limpar seus antigos 
pecados.
A preocupação de manter viva a memória do Holocausto 
deve ser apresentada como uma contribuição à memória universal 
também, para que não aconteça novamente, não só com os judeus 
como com qualquer povo, nação, país, religião ou cultura.
37 - É possível ser judeu e antissemita (judeufóbico) 
ao mesmo tempo?
Trata-se de um fenômeno muito estudado. O trabalho 
mais notável foi o livro de Theodor Lessing (1930): Jüdischer 
Selbsthaß (O autodesprezo dos judeus).
O fenômeno do ódio a si mesmo não se manifesta apenas 
entre os judeus. Vemos isso também entre pessoas de cor, que 
fazem de tudo para se livrar de algumas características físicas 
próprias (por exemplo, alisando obsessivamente o cabelo para 
eliminar o “afro” ou operando-se para mudar a cor da pele).
Os judeus que padecem de ódio a si mesmos não são muitos, 
embora existam casos realmente extremos. Em 1935, um judeu 
alemão, Max Naumann, fundou o “Verband Nationaldeutscher 
Juden” (Liga de judeus nacionalistas alemães), que se 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
identificava com a ideologia nazista.
Entre os judeus, as razões que levam ao ódio a si mesmo 
diferem entre si. Alguns o fazem porque, exagerando suas 
declarações, desejam livrar-se do “fardo” de serem judeus; 
outros, porque têm vergonha de serem judeus; outros ainda, 
porque querem ser aceitos pela maioria (costumam ser citados 
como o “bom judeu” por aqueles que odeiam os judeus).
Uma das características do judeu que se odeia é que ele 
considera que o judaísmo não é um povo, mas uma religião ou 
cultura, e sua formação em temas históricos e religiosos judaicos 
geralmente são muito fracos.
Um grande nome do socialismo israelense, Berl 
Katzenelson, disse (1936): “Há, por acaso, outro povo 
na terra cujos filhos se encontram tão perturbados 
emocional e mentalmente que consideram desprezível e 
odioso o que sua nação faz, enquanto cada assassinato, 
estupro e assalto cometido por seus inimigos enchem 
seus corações de admiração e reverência?
O fato de ser judeu ou descendente de judeus, para aquele 
que critica obsessivamente Israel, é completamente irrelevante. 
Se o indivíduo criticar Israel de maneira obsessiva, maniqueísta 
e ultrajante, ele será considerado antissemita de qualquer 
maneira, seja ele judeu ou não.
38 - Afinal, é certo utilizar o termo antissemita?
O termo correto é judeufobia. Leon Pinsker usou 
corretamente esse termo em 1883, esclarecendo 
que o fenômeno descrevia o “ódio irracional” 
especificamente em relação aos judeus.
O adjetivo ‘semítico’ foi cunhado pelo orientalista alemão 
August Ludwig von Schlözer, em 1781. Schlözer não se referia 
a uma raça - conceito que apareceu cinquenta anos antes por 
causa do trabalho do francês Henri de Boulainvilliers - mas a 
um grupo de línguas chamadas “semíticas”, que seriam as que 
falam os descendentes do filho de Noé, Shem.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
O termo ‘antissemitismo’ aparece um pouco depois, em 
1873, por obra do jornalista alemão (e judeufóbico) Wilhelm 
Marr. Marr confundiu muita gente, já que deu a entender 
que o ódio era e é em relação aos “semitas”, quando 
nunca houve uma raça ou povo semita (semitas são 
idiomas, e existem quatro). Os etíopes que falam amárico 
não são odiados, nem se odeiam os árabes e arameus que falam 
línguas semíticas. Só os judeus são odiados.
Esse truque dialético de Marr permite que os judeufóbicos 
árabes (ou descendentes) argumentem falsamente: “Como 
posso ser antissemita se eu mesmo sou semita?” Um argumento 
que pode ser refutado, observando que o ódio é direcionado 
especificamente e irracionalmente ao judeu, e não ao indivíduo 
que fala amárico, árabe ou aramaico. Além disso, a pessoa 
pode ser de origem judaica e odiar os judeus (são poucas, mas 
existem).
Como disse muito bem um pensador universalista com 
uma bússola moral bem ajustada: “Recuso-me a chamar de 
opinião uma doutrina que aponta expressamente para certas 
pessoas e tende a suprimir seus direitos ou exterminá-las. O 
antissemitismo não se enquadra na categoria de pensamentos 
protegidos pelo direito à livre opinião”. “O antissemita é, no 
fundo do seu coração, um criminoso. O que ele quer, o que ele 
prepara, é a morte do judeu”(Jean-Paul Sartre).
Wilhelm Marr, 
criador do termo 
“antissemitismo” 
(Wikipédia)
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
39 - Por que os judeus escolherama Palestina 
para desenvolver um Estado próprio?
A resposta está na Declaração de Independência de 
Israel: “Erets Israel tem sido o berço do povo judeu. Aqui a sua 
personalidade espiritual, religiosa e nacional foi forjada. Aqui 
ele viveu como um povo livre e soberano; aqui ele criou uma 
cultura com valores nacionais e universais”. A terra de Israel 
está repleta de provas arqueológicas históricas da presença 
do povo judeu. Entre outras, nela desenvolveu seu ministério 
Yehoshua (Jesus), originalmente de Nazaré, embora nascido em 
Beit-Lechem, também judaica (Belém).
Os ideólogos sionistas eram, em sua maioria, judeus 
seculares, embora a referência territorial para a sua identidade 
como povo e nação fosse, sem dúvida, a terra de Jerusalém ou o 
seu nome alternativo, Sion (daí o nome do movimento).
O sionismo visava a reconstrução nacional em Israel, que 
sempre ocupou um lugar central nas rezas e na memória coletiva 
do povo judeu, e porque o lugar era associado com a soberania 
política judaica do passado. As referências bíblicas vêm somente 
reforçar este vínculo. O território havia sido submetido ao 
Império Otomano, cujo “título de propriedade” era o fato de tê-
lo conquistado à força (como os árabes fizeram anteriormente). 
Os judeus queriam recuperar a soberania por meio da compra de 
terras, do trabalho e da imigração em massa.
Herzl, em seu livro “O Estado Judeu”, questionou se 
a Palestina era um lugar melhor que a Argentina. De fato, 
a Argentina é mencionada, mas nunca chegou a ser uma 
proposta concreta. O projeto da Argentina foi liderado 
pelo filantropo barão Hirsch e procurava “salvar” os 
judeus europeus em colônias agrícolas, sem qualquer 
pretensão ou associação nacional com o sionismo 
(com o acordo das autoridades argentinas). A alternativa 
territorial à Palestina apresentada ao sionismo foi Uganda, uma 
colônia britânica, mais acessível do que a Palestina otomana. No 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
entanto, foi rejeitada, porque os sionistas só aceitavam Sion, 
devido à ligação histórica, nacional, religiosa e cultural.
40 - Quando o sionismo foi formado, o povo 
palestino existia?
As ideias nacionalistas chegaram ao Oriente Médio em 
meados do século XIX de mãos dadas com o expansionismo 
europeu e a influência das ideologias nacionais. No entanto, as 
ideias da Revolução Francesa, que atribuem ao indivíduo direitos 
inalienáveis, não entraram na região e não são consideradas 
autóctones. O Oriente Médio também não vivenciou a Revolução 
Industrial, que cria uma classe média exigente de direitos 
políticos. Evidentemente, o formato de estado-nação europeu 
era estranho às sociedades tribais.
A identidade primária e natural dos indivíduos no Oriente 
Médio está relacionada a seu pertencimento a uma “hamula” 
(um clã ou uma família maior). As potências europeias souberam 
como tecer alianças, por interesses, com certos clãs. Por 
exemplo, na Arábia Saudita, elas formaram um pacto com o clã 
Saud (à custa do clã Hashemi-Hussein de Meca).
O surgimento precoce de sinais de nacionalismo palestino 
é uma questão menor nas discussões acadêmicas. Poucos 
acadêmicos renomados “detectam” um sentimento 
nacional de estilo europeu entre os árabes que, mais 
tarde, sob o domínio dos britânicos, seriam conhecidos 
como “palestinos”.
O antecedente de certa identidade palestina já no ano 
de 1834 é apontado pelos historiadores israelenses Baruch 
Kimmerling e Joel Migdal, enquanto o historiador árabe 
Rashid Kalidi enfatiza que a identidade palestina 
nunca foi exclusiva e que o arabismo, a religião e a 
lealdade local sempre desempenharam um papel de 
destaque. A linha do historiador Rashid Kalidi é muito 
mais aceita e realista.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
A maioria dos historiadores considera que o nacionalismo 
palestino faz parte de um movimento pan-árabe maior, que surgiu 
durante o século XX e foi impulsionado pela Revolução dos 
Jovens Turcos (no ano de 1908). Para os tempos da imigração 
sionista (a partir de 1881-1882), é artificial falar seriamente de 
uma consciência nacional árabe-palestina. O que não significa 
que hoje em dia essa identidade não exista.
41 - O que aconteceu em 1834 e quando foi 
desenvolvida a identidade nacional Palestina?
Em 1834, houve uma revolta de falachim, agricultores 
vassalos, contra o governo modernizador do muçulmano egípcio 
Muhammad Ali, como forma de protesto contra o serviço militar 
obrigatório. Os líderes das revoltas foram os chefes dos clãs 
(hamula) de Nablus, Hebron, Jerusalém e Yafo. Ao longo do 
caminho, como em outras ocasiões, também assassinaram 
judeus. Argumentar que essa revolta é um sinal de “nacionalismo 
palestino” não é sério.
Os modelos nacionais na arena palestina 
surgiram especialmente graças ao contato com um 
Ocidente organizado segundo o princípio nacional 
e, especialmente, como um reflexo do nacionalismo 
sionista que desenvolvia sua própria comunidade. 
Quando, por exemplo, começaram a circular os jornais árabes 
locais, expressando certa identidade nacional, como o Al-Quds 
(Jerusalém) em 1908, o Al-Karmil (Carmel) em 1909 ou o 
Falastin (ou Palestina) em 1911, os clãs já estavam em contato, 
havia trinta anos, com o sionismo judaico importado da Europa.
Durante e no final da Primeira Guerra Mundial, os clãs 
árabes-palestinos estavam mais interessados na formação de 
um reino pan-árabe regional centralizado em Damasco. Então, 
quando a região da Síria-Líbano passou para as mãos da França 
e Palestina-Transjordânia passaram a ser governadas pela Grã-
Bretanha, tal proposição foi irrelevante. Além disso, quando 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
os britânicos declararam seu desejo de criar um Estado, ou Lar 
Nacional Judaico, a reação do principal clã dominante (Husseini) 
foi promover um repúdio religioso-nacional, muito mais religioso 
do que nacional.
O primeiro passo para a criação da identidade palestina 
ocorre durante a década de 1920, no século XX, o passo 
intermediário acontece após a derrota árabe na Guerra de 
1948 (árabes palestinos ficaram sob o domínio da Jordânia na 
Cisjordânia, enquanto outros passaram a ser governados pelo 
Egito em Gaza). A cristalização final da identidade ocorre 
após a guerra de 1967, quando esses dois territórios 
passam a ser governados por Israel.
42 - É correto afirmar que os judeus roubaram a 
terra dos palestinos antes de 1948?
O jornalista argentino Pedro Brieger escreveu (“100 
perguntas e respostas”) que “os líderes nacionalistas já haviam 
se dado conta de que alguns camponeses árabes, cujas terras 
haviam sido vendidas por latifundiários para o movimento 
sionista, lutavam para voltar e confrontavam-se com os novos 
imigrantes”. Essa “raiva” começou durante os dias de mandato 
britânico, enquanto na época do domínio otomano (até 1917) foi 
uma questão menor.
Essas terras não eram propriedade dos árabes-
palestinos (a despeito da afirmação incorreta de 
Brieger, “cujas terras”). Nessas terras, compradas 
pelos judeus, moravam árabes, segundo o modelo de 
“buztan” (arrendamentos).
Em 1858, os turcos otomanos criam um primeiro registro 
de terras. Tal registro comprometia duplamente: O indivíduo 
devia pagar impostos, e podiam recrutá-lo para o exército, pois 
sabiam onde morava.
Latifundiários ricos, vários deles cristãos que viviam no 
Líbano, adquiriram propriedades. O proprietário de terras alugava 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
o local para seu cuidado ou pequena produção. Os sionistas 
compraram propriedades “de seus legítimos donos” e, após pagar 
preços exorbitantes, decidiram trabalhar e proteger as terras de 
forma autônoma. Motivados por princípios socialistas, eles 
acreditavam na possibilidade de trabalhar e produzir 
diretamente, sem explorar os outros.
O contato entre o judeu ocidental e os costumes árabesproduziu tensões. Por exemplo, imaginemos um grupo de 
judeus trabalhando numa pequena porção de terra. Os árabes 
tinham o costume de que os restos das colheitas fossem de 
acesso público. Agora imaginemos um guarda que espanta 
os invasores de sua propriedade privada sob a mira de uma 
arma. O indivíduo expulso chamará seu clã para pedir ajuda, e 
já temos um conflito.
Para adquirir terras e resgatá-las, os sionistas fundaram 
o KKL (Keren Kayemet Le-Israel ou Fundo Nacional Judaico), 
criado em 1901 em Basileia (Suíça). Desde sua criação, o KKL 
plantou mais de 240 milhões de árvores em Israel, construiu 180 
represas e desenvolveu 250.000 hectares de terra.
43 - Estava certa a frase: “Um povo sem terra 
para uma terra sem povo”?
Podemos diferenciar duas questões: Quantas pessoas 
havia? Existia uma consciência nacional palestina quando os 
sionistas começaram a imigrar?
Com relação aos dados demográficos, eles são fracos 
devido à falta de censos (leia “A população árabe e judaica na 
‘Palestina’ durante o Império Otomano e o Mandato Britânico”, 
no site MidEastWeb). A terra que conhecemos hoje como Israel-
Palestina era pouco habitada (em 1800), por 250.000 pessoas 
(20.000-25.000 judeus). O território experimentou uma onda de 
imigração durante o século XIX por várias razões: A construção 
do Canal de Suez causou a imigração de clãs egípcios que 
não queriam ser forçados a trabalhar. Além disso, a moderada 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
modernização após o governo de Muhammad Ali encorajou o 
assentamento. O aumento da imigração árabe é multiplicado 
com a chegada dos sionistas e do Mandato Britânico. Foi uma 
época de imigração em massa, aumentando a população árabe 
de 250.000 (em 1800) pessoas para 1.300.000 pessoas em 1947.
Por outro lado, se em 1881 perguntassem a um árabe 
local se ele era “palestino”, ele ficado espantado. Palestina é 
uma palavra europeia (os judeus europeus é que usavam esse 
termo), e nem os otomanos nem os mamelucos a usavam para 
nomear a terra e os seus habitantes. Parece incrível, não? Nem 
tanto.Peça a um indivíduo que fala árabe para dizer Palestina 
com P e você verá que ele só consegue dizer “Balestina”. Uma 
prova de que o nome do povo não é autóctone.
A expressão “uma terra sem povo” é um exagero da 
situação naqueles anos. Havia habitantes locais de língua árabe 
que não formavam um povo. Essa afirmação pode ser verificada 
por milhares de depoimentos da época. “Não há nada chamado 
Palestina na história, absolutamente nada”, afirmou o professor 
Philip Hitti (historiador árabe, em 1946). Tal declaração não 
determina que atualmente não haja um povo palestino.
44 - Por que tantos testemunhos afirmam que a 
terra de Israel foi abandonada antes da chegada dos 
sionistas e britânicos?
No início do movimento sionista, os judeus não sentiam 
que havia um povo palestino na frente deles: “Não existe nenhum 
país chamado Palestina. ‘Palestina’ é um termo inventado pelos 
sionistas.(...) Nosso país faz parte da Síria há séculos. A ideia de 
‘Palestina’ é estranha para nós”, confirmou Auni Bey Abdul-Hadi 
(líder árabe sírio na Comissão Britânica Peel, de 1937).
A percepção da Palestina como um território 
semiabandonado não nasceu dos judeus, mas dos viajantes 
europeus do século XIX, talvez imbuídos do espírito colonialista, 
mas também como um reflexo da realidade. A terra, depois de 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
uma longa história de guerras e conquistas, estava deserta, era 
uma província pobre e esquecida do Império Otomano.
Mark Twain, que visitou a área (no ano de 1867), 
escreveu: “[Um] país desolado, cujo solo é bastante rico, mas 
foi inteiramente tomado por ervas daninhas: uma extensão 
silenciosa e triste.(...) A desolação é tão grande que nem mesmo 
a imaginação é capaz de congraçar-se com o esplendor da vida 
e da ação. (...) Nunca vimos um ser humano em todo o caminho. 
(...) Havia somente uma árvore ou um arbusto aqui e ali. Até as 
oliveiras e os cactos, esses amigos fiéis dos solos mais pobres, 
quase abandonaram o país”.
O Relatório da Comissão Real para a Palestina descreve a 
planície costeira no ano de 1913: “A estrada de Gaza para o norte 
era apenas uma estrada de verão adequada para o transporte 
em camelos e carroças. (...) Não havia laranjeiras, nem se viam 
pomares nem vinhas até chegar à aldeia judaica de Yavne.(...) 
A parte ocidental, em direção ao mar, era quase um deserto. 
(...) As aldeias nessa área eram poucas e quase despovoadas. 
Muitas ruínas de aldeias pontuavam a região, porque, devido à 
frequência da malária, muitas delas tinham sido abandonadas”.
45 - Os ideólogos sionistas consideraram a 
possibilidade de um confronto com os árabes locais?
Os primeiros ideólogos não consideraram em profundidade 
a presença dos 250 mil não judeus (árabes) que viviam na 
região. Em Altneuland (A velha nova terra), Theodor Herzl chega 
a descrever até mesmo uma coexistência idealizada, em que os 
árabes iam “agradecer e desfrutar” do progresso trazido pelos 
judeus. Os precursores do sionismo não levaram em conta uma 
identidade nacional palestina que se desenvolveu a posteriori 
(nas décadas de 1920 e 1930). Os habitantes locais eram 
árabes e beduínos, com algumas famílias mais poderosas como 
as Nashashibi ou os Husseini.
Os ideólogos socialistas consideravam que uma sociedade 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
justa baseada no proletariado deveria ser construída. Os 
conflitos nacionais eram subordinados aos conflitos 
de classe, uma vez que os conflitos nacionais não 
deveriam surgir em uma sociedade justa e inclusiva. 
O patriarca do sionismo socialista, Dov Ber-Borochov 
escreveu: “Quando as terras improdutivas forem preparadas 
para a colonização, quando novas técnicas de produção forem 
introduzidas e quando os outros obstáculos forem removidos, 
haverá terra suficiente para acomodar judeus e árabes. As 
relações normais entre judeus e árabes prevalecerão”.
Em 1907, o líder sionista Isaac Epstein, apresentou 
claramente o problema: “De uma coisa nos esquecemos: existe 
em nossa amada terra uma cidade inteira que se agarra a ela há 
centenas de anos e nunca pensou em abandoná-la”. As palavras 
de Epstein não significam que existia uma nação palestina, mas, 
de certa forma, despertavam o líder para a percepção de um 
sentimento de desrespeito pelos habitantes locais.
Apenas dois dos ideólogos sionistas foram capazes de 
prever o conflito: Achad HaAm e Zeev Jabotinsky. Em 1923, e 
depois de ganhar alguma experiência, o ideólogo sionista Zeev 
Jabotinsky elaborou uma visão abrangente sobre o assunto em 
seu texto “A Muralha de Ferro”, em que reconhece a existência 
de uma identidade local e respeita (e compreende) que eles se 
oponham à chegada sionista.
46 - Existe, então, um povo palestino (2019)?
Como explicamos acima, a identidade primária no Oriente 
Médio é tribal (clãs - hamula). Quando um país árabe é liderado 
por uma única hamula, sem competição, ele experimenta 
“estabilidade”. No Catar, o Al-Thani domina hegemonicamente 
e no Kuwait quem domina é o clã Al-Sabah. O outro lado é o 
Iraque, com 10 religiões, muitos povos divididos: curdos, árabes, 
turcomanos e persas, e pelo menos 70 tribos.
Num país com múltiplos clãs, é possível formar um povo 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
homogêneo? Certamente, se as pessoas desses clãs se forem 
casando entre si. No caso dos judeus de Israel, existem muitos 
exemplos de casamentos entre pessoas de origens diferentes. No 
entanto, ocorrem poucos casamentos entre judeus (80%) e árabes 
em Israel (20%). É possível falar, então, de um povo israelense?
O que acontece entre os palestinos? Estamos falando de 
muitos clãs que normalmente não se casam entre si. Se o clã 
chama-se Al-Masri, é de - “emigrantes egípcios”; Al-Lubnani 
-”Líbano”; Al-Dimashqi- “Damasco Síria”; Al-Hijazi - “Hejaz 
Arábia Saudita”; Al-Baghdadi - “Bagdá Iraque”; Al-Trablusi - 
“Trípoli Líbano”; Al-Mugrabi - “Magrebe”; Al-Otman - “otomanos”; 
Al-Tikriti - “Tikrit Iraque”; Al-Masrawa - uma variável do Egito; 
Al-Jumblatt - “do vale de Jumblatt no Curdistão”; Al-Jzayer - 
“Argélia”; o Nashashibi –“descendente de sírios”; Al-Khaurani 
- “Hauran Síria”; Zouabi - “Jordânia e Iraque”.
Por não haver um clã dominante, surgem propostas de paz, 
como a do Dr. Mordechai Keidar, eminência no islã (Universidade 
Bar-Ilan), intitulada: “A solução de oito estados palestinos: Uma 
alternativa viável para o futuro de Israel”. 
Atualmente (2019), a Faixa de Gaza é um estado que, 
na prática, é independente e é dominado pelo Hamas. Na 
Cisjordânia, existe outra autoridade liderada pelo Fatah. No 
entanto, assim como é inaceitável que os palestinos 
rejeitem o direito do povo judeu a definir-se como tal, 
seria desrespeitoso negar a identidade palestina atual.
47 - É verdade que o sionismo pensou em um estado 
“somente para os judeus” e isso criou o conflito?
Theodor Herzl, promotor do primeiro Congresso Sionista 
e ideólogo da criação de um “Estado Judeu”, descreve em 
seu romance Altneuland (“A velha nova terra”,1902) um futuro 
imaginário (ano de 1923) durante as eleições nacionais. Lá, o 
direito ao voto universal, de mulheres e árabes, é discutido. Um 
dos heróis é Rashid Bey, um engenheiro árabe de Haifa. O livro 
mostra que as práticas discriminatórias comuns na Europa não 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
conseguiriam subsistir na nova sociedade. Além disso, hoje 
em dia, a grande maioria dos árabes israelenses (73%) 
sente que pertence ao estado judeu e 60% se orgulham 
de serem israelenses, de acordo com uma pesquisa 
realizada pelo Instituto New Wave Research (2017).
O que diziam os socialistas tão dominantes no sionismo? 
Eles defendiam a construção de uma sociedade justa baseada 
em uma classe proletária da qual os árabes seriam uma parte 
inseparável. É verdade, os grandes nomes do sionismo estavam 
mais interessados em conseguir um refúgio para os judeus 
perseguidos do que em pensar no que iria acontecer em uma 
segunda instância (por exemplo, Theodor Herzl e Leon Pinsker).
Os ideólogos dominantes do nacionalismo judaico (de 
direita), como Zeev Jabotinsky, escreveram que em toda 
sociedade coexistiam minorias nacionais, sendo o ideal “um 
estado onde o presidente fosse judeu e o vice-presidente fosse 
árabe” (Jabotinsky foi um dos redatores do Programa de Defesa 
das Minorias Nacionais, 1901).
A Declaração de Independência de Israel (1948) afirma 
claramente “SOLICITAMOS - mesmo em meio à sangrenta 
agressão que tem sido dirigida a nós há meses - aos habitantes 
árabes do Estado de Israel que mantenham a paz e participem 
da construção do Estado com base em plenos direitos civis 
e representação adequada em todas as suas instituições 
provisórias e permanentes”. Não eram apenas palavras. Este é 
o documento oficial de fundação do Estado de Israel.
48 - Por que os britânicos e os franceses dividiram 
o Oriente Médio em 1916?
Grande parte do Oriente Médio foi ocupada durante 400 
anos pelo Império Otomano. Era um império fraco, que não se 
dissolveu antes como meio de impedir a expansão do poder 
alemão emergente. As ideias imperiais dominantes buscavam 
aumentar o prestígio dos países, gerar mercados para a venda 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
de produtos, dominar matérias-primas e às vezes eram gestadas 
graças auma dinâmica própria (dominar um território para que a 
concorrência não o faça). A economia não era a única explicação 
do colonialismo, embora as potências desejassem ocupar lugares 
geoestratégicos fundamentais para o comércio mundial, uma 
vez que já estava claro que a região era uma fonte de petróleo. 
Por exemplo, as colônias francesas na Argélia (desde 1830) ou 
a inauguração em 1869 do Canal de Suez em terras egípcias, 
ambos países que não eram “potências petrolíferas”.
Após a queda do Império Otomano durante a Primeira 
Guerra Mundial, três potências dividiram seu território. Os 
principais territórios foram distribuídos entre a Inglaterra e a 
França. O terceiro pé do acordo foi a Rússia czarista, que, após 
o golpe comunista, deu a conhecer ao mundo o pacto secreto 
(Sykes-Picot 1916). O Império Austro-Húngaro se desintegrou 
também, o que resultou na formação da Tchecoslováquia, 
Hungria, Polônia, o reino da Sérvia, Croácia e Eslovênia etc., 
de acordo com as fronteiras estabelecidas pelas potências 
vitoriosas. A Inglaterra e a França ocuparam a região que agora 
compreende o Egito, a Jordânia, o Iraque etc .
No caso do Oriente Médio e Israel, os britânicos tinham 
dois compromissos: O de favorecer um lar nacional 
judeu na Palestina [Declaração Balfour, 1917] e o de 
recompensar os árabes que os apoiaram em sua guerra 
contra os otomanos. Por conta desse segundo motivo, 
entregaram o Iraque e depois o que agora é a Jordânia a um clã 
específico, à família Haxemita (originária da península arábica). 
O nome oficial da Jordânia é Reino Haxemita da Jordânia.
49 - O que é o Acordo secreto Sykes-Picot de 
1916?
O acordo é oficialmente conhecido como o “Acordo da 
Ásia Menor”. Os diplomatas Mark Sykes (da Grã-Bretanha) e 
François Georges-Picot (da França) negociaram os seus termos. 
97
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Era um pacto secreto assinado entre a Grã-Bretanha, a França 
e a Rússia para distribuir as esferas de influência e controle 
dos três países após a queda do Império Otomano na Primeira 
Guerra Mundial. Considera-se que o acordo moldou a região.
Os britânicos receberam o controle das áreas desde a 
costa do Mar Mediterrâneo até o rio Jordão, hoje a região que 
compreende a Jordânia, o sul do Iraque e uma pequena área 
que incluía os portos de Haifa e Acre para permitir o acesso ao 
Mediterrâneo. Os franceses ficaram com o controle do sudeste 
da Turquia, do norte do Iraque, da Síria e do Líbano. O Império 
Russo iria receber Istambul, os Estreitos Turcos e a Armênia. 
Cada poder decidiria depois as fronteiras dentro de suas próprias 
áreas.
98
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Na verdade, estamos falando de cinco zonas: uma de 
controle britânico, uma de controle francês, uma de influência ou 
protetorado britânico, uma de influência ou protetorado francês 
e uma de administração internacional (que incluía as cidades 
de Jerusalém e Nazaré). Esses acordos foram referendados 
durante a conferência de San Remo e também receberam um 
aval da Liga das Nações (predecessora da Organização das 
Nações Unidas, a ONU).
Os britânicos formaram o Mandato Britânico da Palestina 
entre 1920 e 1948 e o Mandato Britânico do Iraque (1920-
1932), enquanto o Mandato Francês da Síria e do Líbano durou 
de 1923 a 1946. O governo dos czares na Rússia teve um papel 
menor no acordo, e quando a Revolução Russa ocorreu, foram 
os bolcheviques que deram a conhecer o acordo de 3/11/1917 
para mostrar as desgraças do imperialismo. Os ingleses e 
franceses ficaram envergonhados, enquanto os árabes ficaram 
consternados.
50 - O que significam as promessas aos árabes ou 
a correspondência McMahon-Hussein, de 1915?
Essa correspondência é uma série de 10 cartas trocadas (do 
dia 14/7/1915 ao dia 30/1/1916) entre o governante de Meca 
(do clã Hashemi) Hussein Iben Ali e o alto-comissário britânico 
para o Cairo, Henry McMahon. Os britânicos propunham uma 
revolta árabe contra o Império Otomano, durante a Primeira 
Guerra Mundial, em troca do reconhecimento aliado de um 
Estado árabe na área.
Na carta do dia 24 de outubro de 1915, as terras que 
pretendem reconhecer a Hussein são todas, “menos”: “Os 
distritos de Mersin e Alexandreta e as áreas da Síria a oeste 
dos distritos de Damasco, Homs, Hama e Alepo”. Não estava 
totalmente claro o status reservadopara Israel-Palestina, 
que não é mencionado especificamente, nem a unidade 
administrativa, ou Sanjak, de Jerusalém. O próprio McMahon, 
99
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
já aposentado (em 1922), esclareceu em cartas ao The Times 
e a Sir John Evelyn Shuckburgh, do British Colonial Office, o 
seguinte: “Minha intenção era excluir a Palestina de uma Arábia 
independente, e espero ter escrito as cartas de forma clara em 
todos os sentidos.(...) Minha intenção era, com certeza, excluir a 
Palestina, da mesma maneira que se fez com as partes costeiras 
do norte da Síria”.
Para reforçar a revolta contra os otomanos, os britânicos 
enviaram Thomas Edward Lawrence, conhecido como 
“Lawrence da Arábia”, em uma operação que durou dois anos 
e não contou com o líder palestino Hajj Amin Al-Husseini, que 
participou a favor dos otomanos. Após as cartas, os impérios 
distribuíram as terras no Acordo Sykes-Picot (de 1916), sendo 
que eles também prometeram Israel aos judeus na Declaração 
Balfour (de 1917).
Quanto ao Reino do Hejaz, o estado árabe criado 
justamente por Hussein Iben Ali, de Meca, no começo da rebelião, 
e que estava fora da política de distribuições e mandatos, ele foi 
conquistado e anexado por seus vizinhos para formar a Arábia 
Saudita.
51- Que importância tem a Declaração Balfour de 
1917?
Enquanto insistiam com o xeque de Meca, Hussein Iben Ali, 
para que ele lutasse em troca de promessas de um reino próprio, 
os britânicos seduziam os sionistas diplomaticamente. As 
promessas aos judeus foram feitas para um movimento 
sionista organizado, com aspirações nacionais no estilo 
europeu e com uma ação e uma eficácia no terreno 
por meio de fazendas e cidades já estabelecidas em 
Israel. As promessas aos árabes foram feitas a chefes 
tribais e elementos não constituídos com base em uma 
perspectiva nacional, líderes que não habitavam o que 
hoje se conhece como Israel-Palestina.
100
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
No dia 2/11/1917, o chanceler britânico Arthur James 
Balfour escreveu uma carta ao barão, banqueiro e ex-deputado 
Lionel W. Rothschild, para que fosse ela entregue ao movimento 
sionista, com o qual ele tinha estreitos laços. O texto dizia: 
“O governo de Sua Majestade contempla favoravelmente o 
estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo 
judeu e usará os seus melhores esforços para facilitar a realização 
desse objetivo”. E acrescentou: “Entende-se que nada será 
feito no sentido de prejudicar os direitos civis e religiosos de 
comunidades não judaicas existentes na Palestina”.
A Declaração Balfour foi “uma declaração” feita pela 
principal potência da época. No ano de 1920, no Tratado 
de San Remo, a Liga das Nações (que correspondia 
à atual Organização das Nações Unidas, ONU) cria 
o Mandato Britânico da Palestina, com o objetivo de 
estabelecer ali um estado para o povo judeu de acordo 
com a Declaração Balfour. A legalidade internacional 
vem do Tratado de San Remo, na entidade que 
precedeu a Organização das Nações Unidas, e não da 
Declaração Balfour.
Os sionistas ficaram entusiasmados com a Declaração 
Balfour, mas o entusiasmo aumentou quando eles constataram 
que a Liga das Nações ordenava que a Grã-Bretanha 
administrasse a terra a fim de cumprir a declaração mencionada 
acima.
52 - Por que os britânicos emitiram a Declaração 
Balfour?
O historiador Avi Shlaim, em “The Balfour Declaration 
and its Consequences” (2005) afirma que duas razões podem 
justificar a Declaração. Uma, que ela foi produzida pela boa ação 
do lobby sionista, e a outra, porque se tratava de um interesse 
imperial britânico.
Alguns historiadores afirmam que a decisão do 
101
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
governo britânico reflete o que James Gelvin chama de 
“antissemitismo patrício”, superestimação do poder 
judaico, tanto nos Estados Unidos quanto na Rússia. 
Essa lógica indicava que os judeus russos poderiam pressionar os 
seus próprios concidadãos para mantê-los na guerra, enquanto 
os americanos eram instados a entrar na Primeira Guerra 
Mundial (dois conselheiros próximos de Woodrow Wilson eram 
sionistas convictos). Além disso, os britânicos pretendiam evitar 
a previsível pressão francesa em relação a uma administração 
internacional, especialmente dos lugares sagrados.
Lloyd George, em suas Memórias (de 1939), apresentou 
uma lista de nove fatores que motivaram a sua decisão, como 
primeiro-ministro, de emitir a declaração, incluindo a opinião de 
que uma presença judaica na Palestina reforçaria a posição da 
Grã-Bretanha no Canal de Suez e fortaleceria o caminho para o 
domínio imperial da Grã-Bretanha na Índia. Lloyd George disse 
à Comissão Real Palestina, no ano de 1937, que a declaração 
foi feita “por razões de propaganda. (...) Seria mais difícil para a 
Alemanha reduzir os seus compromissos militares e melhorar a 
sua posição econômica na frente oriental”.
Outra razão apresentada foi a profunda convicção cristã, 
por parte das autoridades britânicas, da necessidade de acelerar 
a redenção judaica para promover o retorno messiânico, enquanto 
outros a apresentam como um agradecimento à contribuição 
incalculável de Chaim Weizmann (o presidente da Organização 
Sionista Mundial) ao poder militar britânico por meio de seus 
desenvolvimentos científicos. Sem dúvida, naquele momento, os 
ingleses se sentiam mais próximos dos sionistas europeus do 
que dos árabes do Oriente Médio.
102
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
53 - Qual o significado do Mandato Britânico da 
Palestina?
A Conferência de San Remo (abril de 1920) ratificou e 
legalizou as divisões territoriais do antigo Império Otomano, 
103
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
previamente acordadas entre a França e o Reino Unido no 
anterior Tratado de Versalhes (1919).
Dessa forma, a Síria e o Líbano (terras que se separavam) 
ficavam sob mandato francês. O Iraque foi entregue ao novo 
rei Feissal (filho de Hussein de Meca) no Mandato Britânico da 
Mesopotâmia. A Palestina, que se desligava da Síria, ficou sob 
domínio britânico (o território incluía o que hoje é a região de 
Israel-Palestina-Jordânia).
A Liga das Nações confirmou, no dia 24/7/1922, que 
o que foi estabelecido em San Remo era um poder na forma 
de um Mandato, significando que sua missão era ajudar os 
locais a realizarem sua autodeterminação. Na introdução do 
texto explicava-se claramente: “Considerando que as 
principais potências aliadas também concordaram que 
o Mandatário deve ser responsável pela implementação 
da declaração originalmente feita no dia 2/11/1917 
pelo Governo de Sua Majestade Britânica e adotada 
por essas potências a favor do estabelecimento na 
Palestina de um lar nacional para o povo judeu, é 
claramente entendido que nada deve ser feito no 
sentido de prejudicar os direitos civis e religiosos das 
comunidades não judaicas existentes na Palestina, ou 
os direitos e o status político dos judeus em qualquer 
outro país”.
Há quem diga que “todo o problema” foi a traição aos 
árabes em benefício dos judeus. Vejamos: Os impérios coloniais 
receberam cerca de 7.000.000 km2 no Oriente Próximo, dos 
quais prometeram aos judeus 120.000 km2, mas, em 1922, 
grande parte deles já lhes foi retirada, restando apenas 
25.000 km2, aproximadamente. Ou seja, chefes tribais de 
língua árabe receberam 99,65% da terra e os judeus 
receberam 0,35% e, segundo esse argumento, teria 
sido por causa disso, (...) justamente por causa disso, 
que o conflito começou. Não parece sério.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
54 - É verdade que os britânicos criaram um 
estado artificial chamado Jordânia?
Os ingleses estavam em apuros. Eles conquistaram 
fisicamente Damasco-Síria, mas, devido ao Acordo Sykes-
Picot (1916) e após a Conferênciade San Remo (1920), a Síria 
deveria ser entregue à França. Os britânicos haviam colocado 
como rei na Síria o filho de seu aliado Hussein Iben Ali de Meca 
(Feissal), e no dia 30/9/1918 chegaram a declarar um governo 
leal a Hussein, a quem chamaram de “rei dos árabes”. Como se 
não bastasse, os franceses argumentavam que tinham o direito 
de decidir quem deveria governar a Síria. Na verdade, o ministro 
das Relações Exteriores, Stephen Pichon, disse que a França 
não tinha nenhum acordo com o rei Hussein.
Se o governo britânico aceitasse agora que Damasco, 
Homs, Hama e Alepo estavam incluídos na esfera direta 
de influência da França, os ingleses teriam de quebrar sua 
promessa em relação aos árabes, e eles não estavam dispostos 
a isso.
A partir da Conferência de Paz de Versalhes (1919), a Grã-
Bretanha não só obteve um mandato na Palestina (confirmado 
em San Remo), mas também tomou Mossul, além de Basra e 
Bagdá, criando o Reino do Iraque; recortou da Síria e a Alta 
Galileia para construir ali o oleoduto de Mossul a Haifa.
Sob intensa pressão francesa, os britânicos propuseram 
compensar Hussein com um reino governado por seu filho 
Feissal I nas ricas terras do Iraque. O irmão mais novo de Feissal, 
Abed Allah (Abdallah), também queria “sua parte” ao assediar 
franceses e judeus na Alta Galileia, na fronteira com a Síria. Os 
britânicos queriam erradicar a influência islâmica dos turcos, 
colocando “o seu povo” nos seus vastos territórios. Abdallah 
recebeu 76,5% dos 120.000 km2 do Mandato Britânico, 
criando o Emirado Haxemita da Transjordânia (hoje 
o Reino Haxemita da Jordânia), um território que 
foi separado da Palestina em 1922, contradizendo 
105
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
os compromissos internacionais assumidos na 
Conferência de San Remo.
55 - É verdade que os líderes sionistas e os árabes 
se reuniram para chegar a um acordo de convivência 
no Oriente Médio em 1919?
O acordo entre o líder sionista Chaim Weizmann e Feissal, 
filho de Hussein de Meca, no Reino de Hejaz (destruído e anexado 
à Arábia Saudita para o benefício do clã Saud) foi assinado em 
Londres, em 3/1/1919, em uma tentativa de acomodar as relações 
entre os sionistas e alguns árabes ansiosos para criar o seu reino 
(como apareceu na correspondência McMahon-Hussein). Tal ideia 
acabou por desaparecer entre a primavera e o verão de 1920.
As relações entre os sionistas e os árabes liderados por 
Hussein não eram necessariamente ruins no início do século XX. 
Em março de 1918, o jornal “Al-Kibla”, fiel a Hussein 
de Meca, publicou uma “declaração do desejo árabe 
de abençoar os seus irmãos judeus que estavam 
retornando à terra de Israel”. Weizmann e Feissal se 
encontraram pela primeira vez em Akaba-Jordânia em 4/6/1918 
e continuaram a se encontrar por um ano. Em novembro de 1919, 
chegaram a um acordo que estabelecia: 1) As relações entre os 
árabes e os judeus na Palestina britânica serão colaborativas e se 
basearão na Declaração Balfour; 2) Eles pedem uma emigração 
generalizada e massiva de judeus para a Palestina, a fim de criar 
uma comunidade forte; 3) Promessa de liberdade de culto, dado 
que os muçulmanos se encarregarão de seus lugares sagrados; 
4) Uma delegação organizada pelos judeus será enviada para 
apresentar projetos de oportunidades econômicas, liderados por 
árabes e sionistas.
Por que o acordo não foi executado? Feissal condicionou 
o acordo a que os britânicos concretizassem o desejo 
árabe de independência, e se houvesse uma pequena 
mudança (como houve, ao se remover Feissal de 
106
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
seu governo na Síria depois de apenas 4 meses de 
reinado para passá-lo ao Iraque), então o acordo 
seria cancelado. Tampouco os judeus estavam 100% 
entusiasmados, pois não lhes era reconhecido um futuro Estado 
Judeu independente.
56 - Quando começam os confrontos físicos entre 
árabes e judeus?
“À medida que os árabes foram-se dando conta de 
que os judeus que chegavam à Palestina falavam de maneira 
aberta e clara sobre a ideia de criar um Estado só para eles, 
a oposição começou, e se iniciaram os confrontos”, escreve o 
jornalista argentino Pedro Brieger em seu livro “100 perguntas 
e respostas”. No entanto, os judeus já haviam declarado 
o seu desejo de formar um estado 30 anos antes do 
início da violência. Além disso, é incorreto dizer que 
os judeus queriam criar um estado somente para si 
mesmos.
Os primeiros atos de violência armada ocorreram nos anos 
1920 e 1921, e a incitação foi de ordem mais religiosa do que 
nacional. O fracasso do plano da Grande Síria, o desenvolvimento 
de ideias nacionalistas após a Revolução dos Jovens Turcos (em 
1908) e o contato traumático com o nacionalismo europeu de 
britânicos e sionistas criaram a atmosfera para o aparecimento 
do principal incitador.
Um líder local, o mufti Hajj Amin Al-Husseini (do clã 
Hussein), que competia com o clã Nashashibi, era uma figura que 
havia ajudado militarmente os otomanos contra os britânicos, 
não recebeu nenhuma promessa britânica e, desde o início, 
apoiava a ideia nacional da Grande Síria (não um estado árabe-
palestino). Hajj Amin Al-Husseini se opôs à intervenção cristã 
britânica na região e, evidentemente, se opôs ao sionismo.
O padrão de incitação e violência religiosa foi revelado com 
total vigor nos massacres árabes contra os judeus (ao melhor 
107
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
estilo pogrom) no ano de 1929. O principal movimento armado 
foi a grande revolta de 1936-1939, liderada novamente pelo 
mufti de Jerusalém, na época aliado de Hitler, e se concentrou, 
sobretudo, nos ingleses. A situação no início do século XXI 
mostra que, mais de 100 anos depois, a religião ainda é uma 
alavanca no momento de promover a violência.
57 - É verdade que os judeus sionistas desejavam 
criar um estado “somente para eles”, com base no que 
disse Yosef Weitz?
Uma das citações recorrentes para desacreditar o 
sionismo é a seguinte: “Em 1940, o diretor da Agência Judaica, 
Yosef Weitz, explicou muito bem: Deve ficar claro para nós que 
não há lugar para os dois povos no país (...). Com os árabes 
dentro do país não conseguiremos atingir o nosso objetivo de 
nos tornarmos um povo independente neste pequeno território. 
A única solução é uma Eretz Israel (terra de Israel) sem árabes 
(...). E não há outro recurso senão transferir os árabes para os 
países vizinhos. Eles devem ser transferidos em sua totalidade, 
sem que reste uma única aldeia ou tribo, e essa transferência 
deve ser feita na direção do Iraque, da Síria e até mesmo da 
Transjordânia” (o mesmo que diz o livro de Brieger). Com esta 
citação, o indivíduo pretende sustentar duas falsidades: 1) Que a 
violência começou com esse “exclusivismo judaico” 2) Que esta 
“é a prova” de que houve a posterior expulsão dos palestinos 
em 1948.
Esclareçamos o assunto: Yosef Weitz não era o 
diretor da Agência Judaica (o braço político), mas, 
sim, do KKL (encarregado da compra e arborização de 
terras), uma posição bem menor na hierarquia sionista. 
Ou seja, a pessoa não tinha o poder atribuído a ela.
Yosef Weitz fazia parte da Comissão de Intercâmbio de 
Populações, formada pela Agência Judaica depois da Comissão 
Peel. Lá, foram os britânicos que propuseram uma “transferência” 
108
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
de populações. Yosef Weitz apoiou esta “transferência”, 
mas somente se ela tivesse a aprovação dos envolvidos. 
Ele acreditava que uma transferência forçada não era 
real nem viável.
Yosef Weitz tentou convencer a liderança sionista a 
preparar um plano de “transferência”, e só em 1943 o contador 
da Agência Judaica, Eliezer Kaplan, decidiu dedicar fundos para 
estudar o assunto, sem chegar a nada operativo. A liderança 
sionista não aprovou nem agiu de acordo com o que disse Weitz.
58 - O que Yosef Weitz disserealmente?
Eis a declaração, na íntegra, da proposta de transferência 
do diretor do KKL, Yosef Weitz: “Depois da guerra, a pergunta 
sobre Eretz Israel e a questão judaica não será mais um tópico 
que gire somente em torno do ‘desenvolvimento’ (da terra). 
Deve ficar claro para nós que não há lugar para os dois povos no 
país. Nenhum sentido de ‘desenvolvimento’ nos levará ao nosso 
objetivo de sermos independentes neste pequeno território. 
Se os árabes deixarem a terra, ela será nossa, com toda a sua 
grandeza e fartura, e se os árabes permanecerem, a terra será 
estreita e pequena (...)”. Essa transferência de população não 
deve ser forçada, mas acertada entre as partes envolvidas.
“E quando a guerra terminar, com o triunfo dos ingleses, e 
quando os povos se puserem a julgar, o nosso povo deve apresentar 
os seus argumentos, e a única solução é que uma terra de Israel, 
pelo menos a do lado ocidental, fique sem árabes Não há lugar 
para concessões aqui! O trabalho sionista que fizemos até hoje foi 
como um treinamento e uma preparação para a criação do estado 
hebreu em Erets Israel, algo bom e apropriado naquele momento, 
e poderíamos ficar satisfeitos em ‘comprar a terra’. Mas não há 
outra maneira senão transferir os árabes para os países vizinhos, 
transferir a todos, exceto, talvez, os de Belém, Nazaré e da cidade 
velha de Jerusalém. Não deve restar uma única aldeia, uma única 
tribo. E a transferência deve ser para o Iraque, a Síria e até para 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
a Transjordânia. Para esse propósito, fundos e dinheiro serão 
encontrados. Somente com essa transferência o país conseguirá 
absorver milhões de irmãos nossos e a questão judaica terá fim, 
sendo solucionada. Não há outra saída”.
Weitz não conseguiu convencer a liderança sionista. 
Em Israel atualmente, 20% da população é árabe.
59 - É verdade que, ao longo da história, judeus 
e muçulmanos sempre conviveram em harmonia, e 
somente “com o sionismo” esse idílio se desfez?
Os judeus, para o islamismo, não configuram um povo 
e, embora sejam uma “religião”, essa religião é falsa e deve 
ser subjugada. Hoje em dia, muitos muçulmanos não querem 
executar tal premissa, outros sim. Na base teológica do islã, 
as outras duas religiões anteriores (judaísmo e cristianismo) 
são acusadas de “distorcer” os ensinamentos oferecidos pelo 
“Furkan”, antes da chegada da única verdade (o islã).
Do ponto de vista teológico islâmico, judeus e cristãos 
podem optar por três caminhos: conversão, morte ou submissão 
ao islã sob regras claras (regras de Omar) que incluem o 
pagamento do imposto per capita (“jizia”). Se a relação teológica 
do islã com o judaísmo é clara e a religião é primordial, então 
a origem do conflito é muito mais ampla e profunda do que o 
que é exposto pelos materialistas. Como é que uma religião 
submissa e falsa (o judaísmo) se atreve a exigir um 
estado independente?
Durante séculos, desde o século IX até o século XI, 90% 
dos judeus viviam sob o islamismo em um status de “povo 
subjugado” (Dhimmi). É verdade que a agressividade cristã 
europeia em relação aos judeus foi mais frequente do que a 
muçulmana. Isso não significa que os judeus nas sociedades 
islâmicas viviam no paraíso. No último século, por exemplo, os 
judeus foram expulsos e assassinados no Iraque, na Síria ou no 
norte da África.
110
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Desde pouco antes da Segunda Guerra Mundial, o mundo 
muçulmano adotou várias premissas da ideologia nazista, 
verificadas nos meios de comunicação árabes e islâmicos 
modernos. Desde a década de 1930, o mufti palestino Hajj Amin 
Al-Husseini se aliou a Adolf Hitler, propôs-lhe matar judeus 
em crematórios a ser construído em Emek Dotan (em Israel), 
executou um plano malsucedido de contaminar as águas de Tel 
Aviv e dirigiu uma rádio nazista em árabe e persa (Rádio Zessen).
60 - Os árabes e os judeus aceitaram que os 
britânicos ocupassem a Palestina?
O Mandato Britânico da Palestina, concedido pela Liga 
das Nações, não era um modelo “clássico” do colonialismo. 
A Liga das Nações disse que os britânicos deviam ajudar as 
populações locais a se desenvolver até alcançar a independência, 
com base na “Declaração Balfour”. Ou seja, os britânicos 
iniciaram seu mandato favorecendo os judeus, pois 
assim ordenaram as autoridades que lhes concederam 
o poder de governar essas terras.
A política inicial do Mandato Britânico foi, efetivamente, 
de abertura à imigração judaica, mas não produziu uma 
chegada em massa. Quando o fluxo migratório 
aumentou, aumentaram também as manifestações 
de descontentamento dos árabes, e os britânicos 
passaram a uma política restritiva, que se tornaria 
mais dura justamente quando mais se necessitava 
permitir a entrada de imigrantes pela deterioração 
da situação na Europa. A violência árabe fez com que as 
autoridades britânicas se retirassem gradualmente do que se 
comprometeram a cumprir perante a Liga das Nações.
A relação demográfica indica que a população de judeus 
chegava a 11,14% da população no ano de 1922, a 16,90% no 
ano de 1931, a 27,91% no ano de 1939 e a 32,96% no ano de 
1945. Se não houve ainda mais judeus é justamente porque os 
111
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
britânicos não liberaram certificados de imigração, limitando a 
sua chegada.
No ano de 1922, os árabes residentes na região receberam 
76,5% do território do Mandato Britânico da Palestina (que era 
de 120.000 km2) para formar outro reino árabe, a Jordânia. Isso 
quer dizer que a Palestina já fora dividida pelos britânicos em 
benefício total dos árabes. O conflito palestino-israelense gira 
em torno dos restantes 23,5% do território de 120.000 km2, dos 
quais as Nações Unidas decidiram conceder aos judeus pouco 
mais de 10%. Os árabes-palestinos não aceitaram nenhuma 
concessão e declararam guerra contra a Grã-Bretanha no ano 
de 1936.
61 - O que aconteceu nos massacres árabes de 
1920?
O primeiro grande pogrom de árabes contra judeus na 
Palestina ocorreu nos massacres do ano de 1920. Primeiro eles 
atacaram no norte, com 8 judeus mortos em um ataque árabe à 
colônia de Tel-Chai . Na Alta Galileia, os árabes lutavam contra 
os franceses por terem afastado o rei pró-britânico Feissal 
(que acabou finalmente se coroando no Iraque). No caminho, 
os árabes atacaram os judeus em Metula, Ayelet HaShachar, 
Degania e Tel-Chai.
Um mês depois, começam os assassinatos em Jerusalém 
e em seus arredores. No dia 4 de abril de 1920, durante as 
festividades de Nabi Mussa, Hajj Amin Al-Husseini e Aref el-
Aref fizeram um sermão que fez com que as massas árabes 
corressem para a Cidade Velha de Jerusalém gritando “Itbah 
al-Yehud” (massacremos os judeus), junto com “A-Daula Maana” 
(o governo – britânico – está conosco).
Assim, os judeus do bairro judeu na Cidade Velha foram 
atacados e o número de mortos foi de 7 judeus e 4 árabes, 
enquanto 250 judeus ficaram feridos. De acordo com relatos 
coletados antes dos massacres árabes contra os judeus no ano 
112
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
de 1920, o público árabe gritava pelas ruas de Jerusalém: “A 
Palestina é a nossa terra, os judeus são os nossos cães!” Policiais 
árabes se uniram em aplausos, e assim a violência começou. 
A Yeshivá Torat Chaim foi atacada e os rolos da Torá foram 
danificados e jogados no chão, enquanto o prédio foi queimado. 
Em apenas três horas, 160 judeus ficaram feridos.
Ao mesmo tempo, a administração militar britânica deu uma 
resposta irregular e atrasada de contenção e prevenção desses 
distúrbios, ataques que duraram quatro dias. Ironicamente, as 
autoridades britânicas prenderam membros judeus da Haganá 
(Defesa) e Zeev Jabotinsky, um de seus fundadores, que havia 
tentado defender os atacados, sentenciando-o a 15 anos de 
prisão (ele recebeu uma anistia depois de alguns meses).62 - Como árabes e judeus reagiram ante os 
massacres de 1920?
No ano de 1920, os líderes judeus pediram aos britânicos 
que armassem e treinassem defensores judeus para compensar 
a falta de tropas britânicas adequadas. Dezenas de relatórios 
afirmam que o governador militar britânico, Ronald Storrs, 
encorajou os árabes e impediu que os judeus se defendessem. O 
pedido de voluntariado foi rejeitado, e Zeev Jabotinsky e Pinchas 
Rutenberg treinaram voluntários judeus para a autodefesa da 
comunidade. Os judeus informaram os britânicos sobre esses 
esforços. Grande parte dos voluntários eram membros do clube 
esportivo Maccabi e alguns deles eram veteranos da Legião 
Judaica, que havia lutado ao lado da Grã-Bretanha na Primeira 
Guerra Mundial. No final de março, cerca de 600 pessoas haviam 
realizado exercícios militares em Jerusalém.
Após os massacres, os judeus chegaram à conclusão 
de que os britânicos não estavam dispostos a defender 
os assentamentos judaicos dos ataques árabes, de modo 
que eles decidiram estabelecer unidades de autodefesa 
chamadas de “Haganá” (Defesa, em hebraico).
113
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Em paralelo, xeques árabes de oitenta e dois povoados ao 
redor da cidade de Jerusalém e Yafo, que afirmavam representar 
70% da população, emitiram um documento de protesto em 
relação às manifestações contra os judeus. No entanto, outros 
porta-vozes árabes disseram que tal condenação foi obtida 
graças a subornos. Pode ser que, de fato, a maioria dos árabes 
estivesse realmente contra o massacre de seus concidadãos 
judeus, mas, também aqui, os radicais eram os que mandavam e 
estabeleciam a pauta.
No lado palestino, os tumultos fizeram com que a liderança 
árabe na Palestina começasse a se ver menos como parte do sul 
da Síria e mais como uma comunidade árabe única e separada. O 
conceito de povo palestino ainda não existia. No contexto dessa 
mudança, onde os árabes permaneciam sob o controle direto do 
Mandato Britânico, o papel radical da liderança nascente passou 
a ser fundamental.
63 - Como os britânicos reagiram ante os 
massacres de 1920?
O novo governo civil do mandato britânico, liderado pelo 
alto-comissário judeu Herbert Samuel, perdoou o principal 
instigador do massacre, Hajj Amin Al-Husseini (em março de 
1921) e, mais tarde, o nomeou “mufti de Jerusalém”. Quando 
o Conselho Supremo Muçulmano foi formado no ano seguinte, 
Husseini exigiu e recebeu o título de grão-mufti. Se os 
britânicos tivessem cortado a violência árabe pela raiz 
em vez de acreditar que era capaz de amenizá-la por 
meio da adulação, talvez hoje não houvesse conflito.
Durante os massacres, o governo militar britânico da 
Palestina foi criticado duramente pela retirada de suas tropas 
do interior de Jerusalém e por agir lentamente para recuperar 
o controle. Os soldados britânicos descobriram que a maioria 
das armas ilícitas era escondida entre as roupas das mulheres 
árabes.
114
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Como resultado dos distúrbios, a confiança entre os 
britânicos (que protegiam o instigador mufti de Jerusalém), os 
judeus e os árabes acabou por ruir.
A Comissão Palin, um grupo investigativo britânico que 
chegou à região para examinar as razões dos massacres em 
maio de 1920, assegurou que a violência foi provocada, segundo 
Palin, (a) pela decepção árabe ante a quebra das promessas 
de independência, que eles alegaram terem sido feitas durante 
a Primeira Guerra Mundial, (b) pela Declaração Balfour (1917) 
que, de acordo com os árabes, implicava uma negação do direito 
à livre determinação árabe, (c) pela propaganda pan-árabe do 
emir Feissal, como rei da Síria reunificada, e pela impaciência 
dos judeus, que queriam alcançar logo os seus objetivos.
Como resultado dos massacres árabes contra os judeus 
em 1920, a imigração judaica foi temporariamente interrompida 
pelos britânicos.
Os distúrbios precederam a Conferência de San Remo, 
que seria realizada entre os dias 19 e 26 de abril de 1920, onde 
seria estabelecido o Mandato Britânico da Palestina, que deveria 
executar e cumprir a Declaração Balfour (1917).
64 - O que aconteceu nos massacres árabes de 
1921?
Os distúrbios de 1921 foram uma série de ataques contra 
judeus ocorridos entre os dias 1 e 7 de maio de 1921. No dia 
1º de maio de 1921, o “Partido Comunista Judeu” realizou um 
desfile em Yafo para comemorar o Dia do Trabalho. Uma noite 
antes, eles haviam distribuído folhetos em árabe e iídiche que 
exigiam a derrubada da administração britânica. Naquela manhã, 
um líder da polícia de Yafo, o árabe Toufiq Bey al-Said, visitou a 
sede do partido para pedir aos 60 membros presentes que não 
marchassem. Outro desfile foi organizado em paralelo em Tel Aviv 
pelo rival socialista “Unidade Trabalhadora”, com autorização 
oficial. Quando as duas manifestações se encontraram, houve 
briga, e a força policial do Mandato Britânico perseguiu os 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
comunistas de Yafo. Ao saber dos confrontos, os árabes de Yafo 
aproveitaram para matar judeus.
Os ataques se espalharam por Rechovot, Kfar Saba, Petach 
Tikva e Hadera. Dezenas de testemunhas britânicas, árabes e 
judias relataram que muitos árabes, portando facas, espadas e 
pistolas, invadiram edifícios judeus e mataram os seus habitantes. 
Eles destruíram casas e lojas de judeus, espancando os judeus em 
suas casas e, em alguns casos, abrindo o crânio de suas vítimas.
A violência árabe contra os judeus no ano de 1921 se 
estendeu a Abu Kabir. A família judia Itzker, proprietária de 
uma fazenda de gado leiteiro nos arredores do bairro, alugava 
quartos. Na época dos tumultos, Yosef Chaim Brenner, um dos 
pioneiros da literatura hebraica moderna, estava morando no 
local. Em 2 de maio de 1921, apesar das advertências, Itzker e 
Brenner se recusaram a deixar a fazenda e foram mortos.
O motim resultou na morte de 45 judeus (e outros 5 
assassinados em Jerusalém) e 48 árabes (que entraram em 
confronto com as tropas britânicas). 146 judeus e 73 árabes 
ficaram feridos.
Tumbas e monumento aos assassinados em 1921, 
cemitério Trumpeldor, de Tel Aviv
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
65 - Como os britânicos reagiram ante os 
massacres de 1921?
Para acalmar os provocadores árabes, o alto-comissário 
britânico para a Palestina, Herbert Samuel, declarou estado 
de emergência, impôs censura à imprensa e pediu reforços do 
Egito. Samuel se reuniu com Musa Al-Husseini, que havia sido 
demitido do cargo de prefeito de Jerusalém por ter participado 
dos massacres de 1920, e ele solicitou o fim da imigração judaica. 
Samuel assentiu, e dois ou três pequenos barcos que chegaram 
com 300 judeus foram impedidos de desembarcar e obrigados a 
retornar a Istambul. Em paralelo, Hajj Amin Al-Husseini, sobrinho 
do outro, foi nomeado grande mufti de Jerusalém.
Em seu discurso por ocasião do aniversário real no mês 
de junho de 1921, o alto-comissário britânico Herbert Samuel 
enfatizou o compromisso da Grã-Bretanha com a segunda parte 
da Declaração Balfour do ano de 1917 (não prejudicar os direitos 
de outros habitantes locais) e afirmou que a imigração judaica 
só seria permitida se a economia pudesse absorver os novos 
cidadãos. Desse modo, a imigração judaica foi suspensa por 
um tempo. Aqueles que ouviram o discurso de Herbert Samuel 
tiveram a impressão de que ele estava tentando apaziguar os 
árabes após os massacres de 1921, e alguns líderes judeus o 
boicotaram por um tempo.
Após os massacres de 1921, o alto-comissário britânico 
Herbert Samuel estabeleceu uma comissão de inquérito, chefiada 
pelo presidente do Supremo Tribunal de Justiça da Palestina, Sir 
Thomas Haycraft. O seu relatório confirmou a participação da 
polícia nas revoltas árabes e considerou as medidas adotadas 
pelas autoridades como medidas adequadas. O relatório 
enfureceutanto os judeus quanto os árabes: os árabes foram 
culpados, mas, para amenizar o clima, o relatório dizia: “A causa 
fundamental da violência é que os sionistas não estavam fazendo 
o suficiente para mitigar os temores dos árabes”. Além disso, o 
relatório também culpava o aumento da imigração judaica.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
66 - O que é o Livro Branco britânico de 1922?
O Livro Branco de Churchill (do dia 3 de junho de 1922) 
é o primeiro de uma série de três documentos para limitar a 
compra de terras e a imigração de judeus. Foi uma resposta 
“conciliatória” aos massacres de 1921 (os britânicos acreditavam 
que ceder à violência árabe apaziguaria a raiva).
O Livro Branco britânico concluiu que a violência foi 
causada pelo ressentimento em relação aos judeus sionistas 
e por uma percepção de favoritismo em relação a eles por 
parte dos britânicos, assim como pelos temores árabes de 
subjugação. Embora mantivesse o compromisso da Grã-
Bretanha com a Declaração Balfour e a sua promessa de um Lar 
Nacional Judaico na Palestina, “garantido internacionalmente” 
e “reconhecido como uma antiga conexão histórica” (por 
direito e não por graça), o documento enfatizava que o 
estabelecimento de um Lar Nacional Judaico não imporia 
essa nacionalidade aos habitantes árabes da Palestina, e “o 
estado de todos os cidadãos da Palestina diante dos olhos da 
lei será palestino”.
Para reduzir as tensões entre os árabes e os judeus na 
Palestina, o Livro pedia a limitação da imigração judaica de 
acordo com “a capacidade econômica do país de absorver os 
recém-chegados”.
Dentro do mesmo processo, os britânicos decidiram 
separar os territórios a leste do rio para entregar a Abdallah, filho 
de Hussein de Meca, o chamado Emirado Árabe da Transjordânia 
(o atual Reino Haxemita da Jordânia, segundo o artigo 25 do 
Mandato Revisado). Trata-se de uma violação ou contravenção 
da carta de cessão do Mandato Britânico feita pela Liga das 
Nações, apenas dois anos depois dos compromissos acordados 
na Conferência de San Remo (no ano de 1920).
As autoridades da Organização Sionista Mundial, 
liderada por seu presidente Chaim Weizmann, decidiram 
aprovar o documento. Os árabes o rejeitaram, 
118
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
ordenando o retorno de sua comitiva, que acabava de 
chegar a Londres.
67 - O que aconteceu nos massacres árabes de 
1929?
Em 1928, os muçulmanos procuraram obter dos britânicos 
direitos exclusivos sobre o Muro das Lamentações, incluindo o 
pequeno espaço usado pelos judeus para rezar desde os dias 
mamelucos. Enquanto isso, tijolos da “reconstrução da Mesquita 
Al-Aqsa” caíram “acidentalmente” sobre os fiéis judeus. Os 
muezins aumentavam o volume do chamado à oração para 
atrapalhar as rezas judaicas. O mufti de Jerusalém, Amin Al-
Husseini ordenou (agosto de 1929) que se abrisse o extremo sul 
do beco que atravessa o Muro. As mulas passavam por aquela 
rua estreita, muitas vezes deixando excremento e aborrecendo 
os judeus que iam rezar no lugar sagrado. Isso causou a revolta 
dos judeus frente aos britânicos, mas estes permaneceram 
indiferentes.
A comunidade judaica pedia que o Muro permanecesse 
nas mãos dos judeus (o Monte do Templo, o lugar mais sagrado 
do judaísmo, ainda era dominado pelos muçulmanos). Em 14 
de agosto de 1929, após ataques aos judeus que rezavam 
no Muro das Lamentações, 6.000 judeus protestaram em 
Tel Aviv, gritando: “O Muro é nosso”. No dia seguinte, dia de 
jejum para os judeus (Yom Kipur), 300 jovens judeus içaram a 
bandeira e cantaram o Hatikva (hino do movimento sionista) 
em frente ao Muro. Um dia depois, 16 de agosto de 1929, uma 
multidão organizada de 2.000 muçulmanos desceu ao Muro das 
Lamentações, destruindo objetos litúrgicos e queimando livros 
de orações e bilhetes de súplica.
Durante aquela semana de tumultos, pelo menos 133 
judeus foram mortos e 116 árabes perderam a vida. Outros 339 
ficaram feridos. Como é o caso hoje em dia, os muçulmanos 
incitaram as massas acusando os judeus de quererem roubar 
119
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
locais sagrados muçulmanos. De acordo com eles, os judeus 
haviam incendiado a mesquita.
Os principais instigadores na ocasião foram o mufti de 
Jerusalém, Hajj Amin Al-Husseini (mais tarde um notável aliado 
nazista) e Aref al-Aref.
68 - Existem testemunhos dos massacres árabes 
de 1929?
Baruch Katinka, membro da Haganá, contou sobre 
o massacre: “Chegamos a Hebron depois da meia-noite e 
entramos na casa de Eliezer Dan Slonim, gerente do banco zonal 
e chefe da comunidade judaica. Nós o acordamos e dissemos 
a ele que tínhamos trazido armas e pessoas para protegê-los. 
Ele começou a gritar e disse que, se quisesse armas, pediria, 
que não havia necessidade delas, porque tinha um entendimento 
com os árabes, que eles mereciam crédito, que estavam sob 
a sua influência e que não iria prejudicá-los. No dia seguinte, 
aconteceu o massacre”.
Após o massacre de 1929, o tenente britânico Raymond 
Cafferata, chefe da polícia de Hebron na época, testemunhou: 
“Ao ouvir gritos, entrei e vi um árabe no momento de cortar a 
cabeça de uma criança com um punhal. Ele já havia batido na 
criança e, quando me viu, se virou e correu na minha direção, 
mas se equivocou, porque veio praticamente na boca do meu 
rifle. Atirei baixo, atingindo-o na virilha. Atrás dele havia uma 
mulher judia coberta de sangue, com um homem que admitiu ser 
um policial chamado Issa, comissário de Yafo. Ele estava de pé 
sobre a mulher com uma adaga na mão. Então eu atirei nele”.
Em Tzfat (Safed), como em Hebron, os judeus foram 
mortos, com cerca de vinte vítimas, incluindo mulheres, 
crianças e idosos. O massacre estendeu-se durante o dia 29 
de agosto de 1929, até que a autoridade britânica mandatária 
conseguiu controlar os assassinos árabes. Além disso, os árabes 
incendiaram e saquearam o bairro judeu. Esse massacre foi 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
parte dos Massacres de 1929, cujas consequências históricas 
foram profundas, sendo atribuídas ao desaparecimento de 
comunidades judaicas milenares instaladas na área (a cidade de 
Hebron só veio a ser reabitada em 1968). Durante essa semana, 
pelo menos 133 judeus foram mortos por árabes.
69 - É verdade que em 1929 a comunidade judaica 
de Hebron foi destruída por causa de um massacre?
Hebron, cidade localizada a 30 quilômetros ao sul de 
Jerusalém, é o segundo local mais sagrado e uma das quatro 
cidades sagradas do judaísmo. Ali se encontram enterrados 
os três Patriarcas de Israel e três das quatro Matriarcas. A 
comunidade judaica sefaradi havia vivido de forma contínua em 
Hebron por mais de 800 anos sob várias ocupações, enquanto a 
comunidade ashkenazi havia regressado um século antes.
Ao longo da década de 1920, na cidade de Hebron, os 
árabes perseguiam diariamente a comunidade judaica: insultos 
nas ruas, espancamentos, ataques com pedras através das 
janelas de suas casas e, esporadicamente, distúrbios na 
Caverna dos Patriarcas. Durante esse período, a comunidade 
judaica apresentou várias queixas à polícia britânica, alegando 
que não estava sendo feito o suficiente para protegê-los. Os 
judeus atribuíram grande parte dos problemas às atividades 
dos nacionalistas árabes da Associação Muçulmana Cristã, 
que espalhavam propaganda racista e canções de incitamento 
religioso antijudaico.
Depois de um primeiro assassinato na cidade de Hebron 
(no ano de 1929), 40 judeus se reuniram na casa de Eliezer Dan 
Slonim (chefe da comunidade), acreditando que, devido à sua 
influência, poderiam ser salvos. No sábado, os manifestantes 
árabes se aproximaram do rabino e lhe ofereceram um acordo: 
“Entreguem os judeus ashkenazim e vocês, sefaradim, serão 
salvos”. O rabino Eliezer Dan Slonim se recusou a entregar os 
ashkenazim e foi morto na hora, junto com a suaesposa e o 
121
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
seu filho de 4 anos de idade. No fim, 12 judeus sefaradim e 55 
judeus ashkenazim foram mortos.
O massacre de 1929 liquidou a comunidade 
judaica de Hebron. Os sobreviventes se viram 
obrigados a fugir, e os seus bens foram tomados pelos 
árabes até depois da Guerra dos Seis Dias (no ano de 
1967). Depois da guerra, alguns judeus retornaram à 
cidade para se estabelecerem lá.
70 - Qual foi a reação dos judeus ante os massacres 
de 1929?
Os ataques contra os judeus não ocorreram apenas em 
Jerusalém e Hebron. Na sexta-feira, dia 23 de agosto de 1929, 
enfurecidos com os falsos rumores de que os judeus estavam 
prestes a atacar a mesquita de Al-Aqsa, os árabes começaram a 
atacar os judeus na Cidade Velha de Jerusalém. Outros ataques 
sanguinários ocorreram em Safed, Motza, Kfar Uria e Tel Aviv.
No dia 20 de agosto de 1929, depois de um primeiro ataque 
árabe contra os judeus em Jerusalém, os líderes da Haganá 
propuseram enviar forças defensivas aos quase 800 judeus de 
Hebron. Os líderes da comunidade judaica rejeitaram essas 
ofertas, insistindo que confiavam nos A’yan (notáveis) para 
protegê-los dos setores violentos entre os árabes-palestinos.
Entre os defensores de Jerusalém, destacando 
o oficial Avraham Tehomi (também conhecido como 
“Gideon”), começou a se desenvolver a convicção 
de que os ingleses não protegiam os judeus 
adequadamente e que a política da Haganá, a Havlagá 
(Contenção), não era a resposta adequada para essas 
agressões. Da mesma forma, os críticos reclamavam da falta 
de armas.
No dia 4 de outubro de 1931, os comandantes e diretores 
de uma unidade paramilitar judaica anunciaram sua recusa em 
devolver as armas que a Haganá havia requisitado antes do 
122
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
feriado de Nabi Mussa. Tehomi, junto com outros membros 
fundadores e comandantes da Haganá, além de membros do 
Partido Trabalhista Juvenil, formou a Haganá B, que com o 
tempo cooptou muitos voluntários do movimento nacionalista 
jovem Betar e mudou seu nome para Irgun Tzvai Leumi ou Etzel 
(“Organização Militar Nacional”), a fim de destacar seu caráter 
ativista, em contraste com a Haganá.
Os massacres de 1929 provocaram uma nova 
decepção quanto à possibilidade de conviver com a 
liderança árabe-palestina. Na prática, essa decepção 
se traduziu na formação de uma força clandestina 
que agisse de forma preventiva para desarticular 
atentados.
71 - O que os britânicos decidiram diante da nova 
onda de violência árabe de 1929?
Assim como após os massacres anteriores (1920-1921), 
os britânicos formaram uma comissão de inquérito, que 
concluiu que a melhor maneira de acalmar a agressão árabe era 
desentendendo-se um pouco mais com a Declaração Balfour.
O Livro Branco de Passfield, emitido pelo secretário colonial, 
Lorde Sidney Webb Passfield, no dia 20 de outubro de 1930, foi 
uma declaração formal sobre a política britânica na Palestina, 
previamente estabelecida pelo Livro Branco de Churchill (em 1922). 
A nova declaração foi o resultado da investigação da Comissão 
Hope-Simpson sobre as causas dos massacres de 1929.
O Livro indicava que, “na ausência de terra livre”, uma terra 
só poderia ser vendida aos judeus se isso não prejudicasse os 
árabes. Sobre a imigração judaica e o seu emprego, a permissão 
limitava-se à capacidade de absorvê-los, desde que as condições 
de desemprego no setor árabe melhorassem. Os britânicos 
concordavam que haviam feito promessas contraditórias para os 
árabes, de modo que sugeriam formar um “Conselho Legislativo” 
representativo de ambos os lados.
123
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Como resposta ao documento britânico, o principal 
defensor da aliança sionista-inglesa, o presidente da Organização 
Sionista Mundial, Chaim Weizmann, renunciou ao posto.
Organizações sionistas de todo o mundo montaram uma 
vigorosa campanha de oposição. Na Grã-Bretanha, o primeiro-
ministro Ramsay MacDonald foi forçado a explicar o Livro 
Branco perante a Câmara dos Comuns britânica, e, em uma 
carta a Chaim Weizmann, no ano de 1931 (Carta MacDonald), 
pretendia aplacar os sionistas, embora, em paralelo, eram os 
árabes agora que rotulavam a carta como “letra negra”. De 
qualquer forma, o primeiro-ministro inglês disse no parlamento, 
no dia 11 de fevereiro de 1931, que ele “não estava disposto a 
dar à carta o mesmo status que o documento dominante”. Ou 
seja, ele confirmava que o Livro Branco de Passfield era mais 
importante que a sua própria carta de explicação.
50.000 judeus de Varsóvia protestam contra
o Livro Branco de 1930 (Wikipédia)
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
72 - Que papel Hajj Amin Al-Husseini desempenhou 
na gestação do conflito?
Ele é um dos principais instigadores do conflito palestino-
israelense. Se tivéssemos que posicioná-lo politicamente nos dias 
de hoje, com o seu antissemitismo convicto, com o incitamento 
religioso que desencadeou os pogroms (em 1920, 1921, 1929 
e no período entre os anos 1936 e 1939), o colocaríamos como 
um dos principais expoentes do terrorismo islâmico palestino. 
Nesse sentido, o mufti de Jerusalém foi um pioneiro.
O seu nome era Muhammad Amin Al-Husseini e ele 
pertencia ao exaltado clã Husseini. Nascido em Jerusalém no 
ano de 1895 ou 1893, em 1913 ele fez a sua peregrinação a 
Meca, daí seu tratamento honorário do Hajj. Amin Al-Husseini 
estudou a lei religiosa muçulmana na Universidade do Cairo e 
mais tarde ingressou na Escola de Administração de Istambul.
Durante a Primeira Guerra Mundial, ele foi soldado e imã, 
encarregado das necessidades espirituais das tropas do exército 
otomano, lutando contra as forças britânicas. No entanto, em 
1917, ele retornou a Jerusalém e mudou de lado, juntando-
se ao exército britânico quando ficou claro que eles seriam os 
vencedores da guerra.
Amin Al-Husseini foi um dos instigadores dos massacres 
judeus em 1920. No entanto, o governo civil britânico, liderado 
pelo fraco Herbert Samuel, e aconselhado por oficiais do rei 
que se opunham aos judeus, perdoou-o em março de 1921 e 
nomeou-o “mufti de Jerusalém”. Ou seja, ele lutou contra 
os britânicos na Primeira Guerra Mundial e depois instigou o 
assassinato de judeus, mas os britânicos o perdoaram e o 
nomearam interlocutor legítimo. Uma loucura!
Amin Al-Husseini tinha como meta erradicar todos os 
judeus da Palestina. Para isso, ele se valeu de uma retórica 
religiosa implacável, um argumento que o ajudou a arrecadar 
fundos no mundo todo para reconstruir a Mesquita Al-Aqsa (em 
Jerusalém) no ano de 1928 e, é claro, para instigar a violência 
125
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
contra os judeus.
73 - É verdade que o palestino Hajj Amin Al-
Husseini, mufti de Jerusalém, foi aliado de Hitler?
Quando os ingleses se cansaram do mufti (1936-1939), 
foram procurá-lo no Monte do Templo, mas ele já havia fugido, 
vestido de mulher, para o Iraque. Lá, ele apoiou o golpe pró-
nazista de 1941, liderado por Rashid Ali Al-Gailani. Quando 
o golpe fracassou, ele fugiu novamente, com um passaporte 
italiano, para a Roma de Mussolini.
Durante a Segunda Guerra Mundial Al-Husseini já estava 
estabelecido em Berlim, como aliado do Terceiro Reich. Em 
1941, após a bem-sucedida invasão da Iugoslávia, Al-Husseini 
promoveu o recrutamento de muçulmanos bósnios e albaneses 
para a Waffen SS, ajudando a formar a 13ª Divisão de Montanha 
da Waffen SS Handschar. Esta divisão tornou-se famosa 
pelos massacres particularmente atrozes cometidos 
contra os militantes iugoslavos.
Al-Husseini conseguiu reunir-se com Adolf Hitler (em 
novembro de 1941) e, de acordo com o professor Bernard Lewis, 
ali teria tentado convencê-lo a ampliar o extermínio dos judeus 
nos territórios da França de Vichy e da Itália fascista, e também 
propôsque a Luftwaffe bombardeasse Tel Aviv. Uma vez que os 
nazistas conquistassem a Palestina britânica, Amin Al-Husseini 
queria construir câmaras de gás em Emek Dotan para eliminar 
os últimos judeus do Mandato Britânico.
Durante esses anos, ele fundou uma rádio nazista em 
árabe e persa, a Rádio Zessen, de particular influência sobre o 
antissemitismo de cunho nazista que os islamistas professam 
hoje em dia.
No ano de 1944, ele ativou um comando especial da Waffen 
SS (Operação ATLAS) da inteligência alemã e do próprio mufti, 
que na noite de 5 de novembro de 1944 enviou um comando 
de paraquedistas composto pelos palestinos Hassan Salameh 
126
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
e Abdul Latif, e três templários alemães que conheciam Israel. 
Sua missão era envenenar os depósitos de água e assassinar 
250.000 judeus de Tel Aviv. O plano foi frustrado pela astúcia de 
um policial árabe da região de Jericó.
74 - O que aconteceu com o mufti Al-Husseini 
após a Segunda Guerra Mundial e sua aliança com os 
nazistas?
Amin Al-Husseini foi considerado por alguns historiadores 
judeus, pelo menos do ponto de vista ideológico, como um dos 
“arquitetos do Holocausto”. Segundo a escritora Pamela Geller, 
durante a sua estada na Europa, ele teria defendido que o regime 
nazista procedesse ao genocídio dos judeus, matando o máximo 
possível deles, e até teria solicitado aos hierarcas nazistas que 
assassinassem 400.000 judeus que os alemães planejavam 
deportar para a Palestina.
Após a Segunda Guerra Mundial, ele tentou fugir para a 
Suíça, mas foi barrado na fronteira e obrigado a entrar na França, 
onde permaneceu em prisão domiciliar por um ano. Hajj Amin Al-
Husseini contornou a vigilância francesa em 1946 e chegou ao 
Cairo, onde pediu asilo político e assumiu o comando do recém-
criado Alto Comitê Árabe. O movimento sionista solicitou ao 
Reino Unido (naqueles anos o Egito era protetorado britânico) 
a sua extradição, para julgá-lo como criminoso de guerra. No 
entanto, os britânicos não aceitaram o pedido, uma vez que 
Al-Husseini gozava de grande prestígio no mundo árabe. A 
Iugoslávia, que havia sofrido os seus massacres, também tentou, 
mas a Liga Árabe e o governo egípcio mais uma vez negaram o 
pedido de extradição.
Já no Egito, Al-Husseini lutou para que os países árabes 
lançassem ataques maciços contra o recém-criado Estado de 
Israel, em 1948, e se opôs tenazmente a qualquer armistício ou 
negociação. A sua popularidade foi gradualmente perdendo a 
importância, e ele se mudou para o Líbano, onde morreu.
127
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Al-Husseini faleceu em Beirute em 1974. Não pôde ser 
enterrado em Jerusalém, como era o seu desejo, devido à recusa 
do governo israelense, que governava toda a cidade após seu 
triunfo na Guerra dos Seis Dias, de 1967.
O terrorismo palestino continuou e fez parte da 
árvore genealógica do mufti Hajj Amin Al-Husseini, 
que era tio-avô de Yasser Arafat.
O mufti Hajj Amin Al-Husseini (Wikipédia)
75 - Por que é possível afirmar que o conflito 
explodiu com força em 1929?
Há quem afirme que o conflito israelense-palestino 
começou depois da guerra de 1967 com a ocupação da 
Cisjordânia por Israel. Na Guerra dos Seis Dias, os palestinos 
de Gaza (que estavam sob controle do Egito) e os palestinos da 
Cisjordânia (sob o governo jordaniano) foram deixados nas mãos 
de um governo militar israelense. Para aqueles que consideram 
que “o conflito todo tem como motivo a ocupação”, o conflito 
começou nesse ano de 1967. Como lemos até agora, as ações 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
de violência foram registradas quase 50 anos antes da guerra 
citada, de modo que esse argumento tem pouca base factual.
Há outros que afirmam que o conflito israelense-palestino 
começou em 1948 com a criação do Estado de Israel e a criação 
do problema dos refugiados palestinos. Um argumento pouco 
convincente, quando se leva em conta que muito antes já havia 
conflito, e, de 1920 a 1948, perderam a vida devido à violência 
nacional-religiosa pelo menos 808 judeus e 613 árabes.
Alguns afirmam que os massacres de 1936 a 1939 foram 
o ponto de partida para o conflito. Essa foi uma revolta árabe 
contra os britânicos, embora, no processo, os judeus também 
tenham sido assassinados.
Entre os historiadores do conflito israelense-palestino 
são discutidas duas datas possíveis para o início do conflito: 
1920/1921 ou 1929. Até certo ponto, aqueles que afirmam que 
os assassinatos de 1920/1921 são o ponto de partida tomam 
como base o fato de que, além de se verificar incitamento à 
violência, os palestinos mostravam uma identidade nacional até 
então desconhecida. Aqueles que afirmam que a data correta 
é o ano de 1929 apontam para os claros argumentos religiosos 
islâmicos usados para incitar a violência árabe-palestina (o mufti 
Al-Husseini afirmava que os judeus queriam destruir a Mesquita 
Al-Aqsa e queimá-la). Os argumentos usados no ano de 1929 
são semelhantes aos argumentos que são usados hoje em dia.
76 - O que significa a afirmação de que a narrativa 
palestina modifica a ordem dos acontecimentos?
Se prestarmos atenção, veremos que a maneira de expor 
os argumentos dos porta-vozes palestinos segue um padrão 
repetitivo: A consequência de sua mais recente agressão 
é o motor da próxima agressão.
Hoje em dia, ao entrevistar um porta-voz palestino, o 
argumento mais repetido é que “eles vivem sob ocupação 
israelense”, e, portanto, o conflito se mantém. Quando pedimos 
129
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
explicações sobre a Faixa de Gaza, onde não há militares nem 
civis israelenses, o argumento anterior perde a força. Às vezes, 
eles culpam a ocupação por tudo, inclusive a sua corrupção 
endêmica.
O que aconteceu foi que a violência palestina contra os 
judeus é anterior a 1967. Por exemplo, a Organização para a 
Libertação da Palestina foi fundada em 1964, declarando o 
seu desejo de destruir Israel à força. O próprio nome da OLP 
é uma prova clara, a ‘Palestina’ a ser libertada na época era, 
e só podia ser, o Estado de Israel. A Cisjordânia fora anexada 
pela Jordânia, a Faixa de Gaza, pelo Egito . Além disso, não 
haveria “ocupação” se a Jordânia, o Egito e a Síria não 
tivessem iniciado a crise que levou à guerra de 1967, 
já que a “ocupação” israelense foi a consequência e 
não a causa.
E antes de 1967, como a violência contra os judeus era 
justificada? Bem, se tivéssemos entrevistado o mesmo palestino 
em 1956, ele argumentaria que a sua violência é justificada “pelo 
problema dos refugiados palestinos”. Mas... se os árabes 
não tivessem iniciado a guerra para destruir Israel em 
1948, o problema dos refugiados não teria sido criado. 
Mais uma vez, a consequência da agressão é o motor 
do futuro ataque.
E antes de 1948, como a violência contra os judeus era 
justificada? De muitas maneiras, mas o mais comum era afirmar 
que os judeus roubavam a terra dos árabes. Era inútil mostrar ao 
porta-voz que absolutamente todas as terras em que os judeus 
viviam tinham sido compradas, e nenhum árabe tinha sido 
roubado de suas terras.
Os que pregam a extinção de Israel e são sinceros não 
“inventam” as razões e declaram os seus desejos com base em 
incentivos religiosos.
77 - Quais foram as razões que motivaram a 
explosão da violência entre 1936-1939?
130
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Uma série de eventos políticos regionais serviu de 
inspiração para que os árabes da Palestina pressionassem, 
atacando os britânicos (1936-1939). Em março de 1936 houve 
uma greve geral na Síria, e, embora as represálias francesas 
fossem duras, o governo cedeu e formou uma delegação árabe 
que viajou a Paris para negociar um tratado de independência 
franco-sírio. Isso mostrou que a pressão econômica e política 
árabe poderia acabarcom uma frágil administração imperial. Em 
paralelo, em 2/3/1936, o Reino Unido e o Egito concordaram 
com a independência do Egito, permitindo que os britânicos 
mantivessem suas forças na área do Canal de Suez. Os árabes 
da Palestina interpretaram todos os itens acima como 
“fraqueza”.
Em abril de 1936, os líderes árabes do Mandato Britânico, 
liderados por Hajj Amin al-Husseini (grão-mufti de Jerusalém), 
declararam greve geral para protestar contra a imigração judaica 
na Palestina e acabar com ela. Segundo dados modernos de 
Israel, entre 1933-1936, mais de 160.000 imigrantes chegaram 
legalmente a Israel e outros milhares chegaram clandestinamente. 
Segundo Chaim I. Waxman, entre 1931 e 1939, 225.000 pessoas 
chegaram. Em 1931, a população da Palestina era de 1.011.000 
pessoas, incluindo 174.000 judeus (17% do total).
Os árabes também protestaram contra as compras de 
terras pelos judeus, porque temiam se tornar uma minoria no 
território, embora fossem os próprios árabes que vendessem 
essas terras. Eles exigiram eleições imediatas que, com base 
em sua maioria demográfica, teriam resultado em um governo 
árabe que, de acordo com os partidários do mufti, daria 
autonomia aos judeus, mas impediria toda imigração judaica e 
revisaria retroativamente as entradas de judeus no país desde 
1918.
Em 1936, os árabes declararam uma greve geral contra 
os ingleses. Um mês depois, o grupo líder declarou a recusa 
em pagar impostos como uma oposição explícita à imigração 
judaica. Dali eles passaram à violência.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
78 - Que ações militares os árabes-palestinos 
realizaram entre 1936-1939?
A revolta árabe contra os britânicos teve duas fases 
distintas: a primeira foi liderada pelo Comitê Árabe Superior, um 
comitê urbano e elitista, e concentrou-se em greves e protestos 
políticos. A segunda fase, iniciada no final de 1937, foi de 
ataques violentos contra as forças britânicas.
As ações militares começaram de modo esporádico, 
tornando-se mais organizadas ao longo do tempo. Um alvo em 
particular foi o oleoduto TAP, que ia de Kirkuk a Haifa, construído 
alguns anos antes, que foi destruído em vários pontos de sua 
extensão. Houve também ataques a ferrovias (incluindo trens), 
assentamentos judaicos (como o massacre de judeus em 
Tiberíades).
A violência começou com um ataque militar em 15/4/1936 
a um comboio de caminhões que ia de Nablus a Tulcarem, ataque 
realizado por seguidores do falecido Al-Qassam, matando dois 
judeus: Israel Hazan e Tzvi Dannenberg.
Entre os dois surtos de violência, os britânicos formaram a 
Comissão Peel para analisar as causas da violência, sendo que 
durante esses meses a violência diminuiu sua virulência. Após 
a rejeição árabe á proposta da Peel, a violência recomeçou no 
outono de 1937, com destaque para o assassinato, em Nazaré, 
do comissário britânico do distrito da Galileia, Lewis Yelland 
Andrews (setembro de 1937). A violência continuou durante 
1938 e foi desaparecendo em 1939.
De acordo com dados oficiais britânicos, o exército 
e a polícia mataram (1936-1939) mais de 2.000 árabes em 
combate, enquanto 108 foram enforcados e mais 961 morreram 
em consequência do que eles descreveram como “ataques 
de gangues e atividades terroristas”. Em uma análise das 
estatísticas britânicas, Walid Khalidi estimou que os árabes 
tiveram 19.792 vítimas, com um total de 5.032 mortos (3.832 
que foram mortos pelos britânicos e outros 1.200 mortos por 
132
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
causa do “terrorismo”) e 14.760 feridos. Estes números são 
o resultado do confronto entre britânicos e árabes, não entre 
árabes-palestinos e judeus.
79 - O que os ingleses fizeram para reprimir a 
violência árabe contra eles?
Durante o mês de julho de 1936, voluntários árabes da Síria 
e da Transjordânia, liderados por Fawzi al-Kawukji, ajudaram os 
rebeldes árabes palestinos a dividirem as suas formações em 
quatro frentes, cada uma liderada por um comandante de distrito 
que possuía pelotões armados de 150 a 200 combatentes. Em 
uma declaração emitida pelo Escritório Colonial em Londres 
(em 7/9/1939), os britânicos declararam: “Trata-se de um 
desafio direto à autoridade do governo britânico na Palestina”, 
e anunciaram a nomeação do tenente-general John Dill como 
comandante militar supremo. No final do mês de setembro, 
20.000 soldados britânicos foram mobilizados na Palestina para 
“derrotar os bandos árabes”.
A principal forma de punição coletiva usada pelos britânicos 
para reprimir a revolta árabe de 1936-1939 foi a destruição 
de propriedades. Às vezes, aldeias inteiras foram reduzidas a 
escombros, como aconteceu em Mi’ar, no mês de outubro de 
1938; em muitos casos, várias casas foram explodidas e outras, 
destruídas por dentro. O maior ato de destruição ocorreu em 
Yafo, no dia 16/6/1936, quando 220-240 edifícios (Operação 
Âncora) foram destruídos, deixando 6.000 árabes desabrigados. 
Um grande número de atos brutais realizados pelas 
forças britânicas foi registrado durante a última parte 
da revolta, como espancamentos, tortura e execuções 
extrajudiciais.
Uma das maneiras de reprimir a revolta árabe de 1936-
1939 foi a construção das fortalezas de Taggart, projetadas por 
Sir Charles Taggart, que também introduziu cercas de fronteira 
e centros de interrogatório para os árabes, onde os prisioneiros 
133
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
foram submetidos a espancamentos, chicotadas nos pés, 
choques elétricos e o que hoje é conhecido como “o submarino”. 
A elite governante árabe palestina fugiu e retornou 
depois que o conflito com os britânicos terminou. Em 
1948, fizeram exatamente o mesmo, mas dessa vez não 
puderam retornar, após a Guerra da Independência de 
Israel. A revolta árabe desgastou o ímpeto militante 
palestino.
80 - Como reagiram os judeus ante os massacres 
de 1936-1939?
Os judeus estavam preocupados com as medidas britânicas 
que novamente contradiziam seu Mandato. O governo britânico 
introduziu medidas para limitar a transferência de terras de 
árabes para judeus (década de 1930), embora essas medidas 
fossem facilmente contornadas por compradores e vendedores 
interessados. O assentamento judaico melhorava sua qualidade, 
e as centrais de trabalho judaicas pediam para contratar 
trabalhadores judeus (especialmente após o nefasto massacre 
de 1929). Em 1935, apenas 12.000 árabes (5% da população) 
trabalhavam para os judeus, metade deles na agricultura, 
enquanto outros 32.000 trabalhavam para as autoridades do 
Mandato e outros 211.000 eram independentes ou trabalhavam 
para empregadores árabes. A crise econômica favoreceu a 
radicalização em direção à luta armada.
Além disso, em outubro de 1935, um carregamento de 
armas destinado à Haganá judaica foi descoberto em Yafo, 
desencadeando novos temores árabes. Ao mesmo tempo, a 
imigração judaica atingiu seu ponto mais alto, após a ascensão 
de Hitler na Alemanha. Entre 1933-1936, mais de 164.000 
imigrantes judeus chegaram à Palestina, passando a população 
judaica de 175.000 a 370.000 pessoas, ou seja, de 17% da 
população total a 27%.
134
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Durante o verão de 1936, milhares de acres e pomares 
cultivados por judeus foram destruídos, civis foram atacados e 
mortos, e os habitantes de algumas comunidades judaicas, como 
Beit-Shean e Acco, fugiram para áreas mais seguras.
As hostilidades de 1936-1939 contribuíram para uma 
maior desvinculação das economias árabe e judaica. O 
desenvolvimento da economia e a infraestrutura judaica se 
aceleraram. Ben-Gurion não hesitou em dizer: “Deveríamos 
recompensar os árabes por nos darem o impulso para a nossa 
criação atual”. Os judeus estabeleceram empresas metalúrgicas 
para produzir placas blindadas para veículos e uma indústria de 
armamentos rudimentar. A maioria das indústrias importantesna Palestina era de propriedade de judeus, e tanto no comércio 
quanto no setor bancário eles estavam melhor colocados do que 
os árabes.
81 - Que consequências teve para os árabes-
palestinos o fracasso de sua revolta?
A revolta causou um enfraquecimento muito importante de 
sua recém-nascida classe dirigente. Tradicionalmente, os árabes 
tinham uma elite tribal, mas não uma verdadeira liderança. Além 
disso, as disputas entre os Nashashibi e os Husseini causaram 
centenas de mortes durante a revolta que aconteceu entre 
os anos 1936 e 1939. Como parte da tentativa de reforçar as 
ideias nacionais árabes, o aniversário da batalha dos Chifres de 
Hatim (4 de setembro de 1187, quando o líder aiúbida Saladino 
derrotou os cruzados e depois recuperou Jerusalém para os 
muçulmanos) foi estabelecido como uma data nacional, a partir 
de 1930, quando o dia da Palestina é comemorado. A expansão 
da educação, o desenvolvimento da sociedade civil e dos 
transportes e, especialmente, a radiodifusão, facilitaram esse 
“nacionalismo”.
A revolta não teve sucesso, mas teve uma influência 
crucial na Guerra da Independência de Israel (1948), uma vez 
135
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
que enfraqueceu muito a capacidade militar e o incentivo árabe 
local (palestino) para sair à guerra.
A revolta árabe também provocou e forçou a 
fuga para o exílio do principal líder, o grande mufti 
de Jerusalém, Hajj Amin al-Husseini, que se aliaria 
abertamente a Hitler.
A violência árabe contra os britânicos e judeus continuou 
durante os anos 1938 e 1939. Nos últimos quinze meses da 
revolta, 936 pessoas morreram e houve 351 tentativas de 
assassinato; 2.125 incidentes de franco-atiradores; 472 bombas 
lançadas e detonadas; 364 casos de assalto à mão armada; 1.453 
casos de sabotagem contra o governo e instalações comerciais; 
323 pessoas sequestradas; 72 casos de intimidação; 236 judeus 
foram mortos por árabes e 435 árabes foram mortos por judeus 
(sobretudo em defesa a seus ataques).
Segundo os números de mortos na revolta árabe de 1936-
1939, 10% da população árabe palestina, masculina e adulta, 
entre 20 e 60 anos, foram mortos, feridos, aprisionados ou 
exilados pelos britânicos.
82 - Quem foi Izz ad-Din al-Qassam?
Durante a década de 1930 na Palestina, formaram-se 
sociedades secretas que defendiam a luta armada contra os 
ingleses e judeus, como o grupo “Mão Verde”, que participou 
ativamente nas colinas ao redor de Safed e que foi eliminado 
pelos britânicos no ano de 1931. Outra dessas sociedades 
secretas foi a Organização pela Santa Luta, liderada por Abed 
al-Kader al-Husseini, que operou em Hebron e que mais tarde 
desempenharia um papel importante na Guerra de 1948 e nos 
Jovens Rebeldes que atuaram na área de Tulcarem e Kalkilyah 
em 1935.
Em 1930, o xeique Izz ad-Din al-Qassam (nascido na Síria) 
organizou e estabeleceu a “Mão Negra” (Al-Kaf Al-Aswad), uma 
organização militar antissionista e antibritânica. Em suas viagens 
136
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
na região, ele deu sermões extremistas de caráter político 
e religioso, incentivando os agricultores a se organizarem em 
bandos de capangas para atacar o governo britânico e os judeus. 
Após o massacre contra os judeus de Hebron em 1929, 
ele aumentou as suas atividades e recebeu uma fatwa 
(permissão) do xeque Badr al-Din al-Taji al-Hasani, 
mufti de Damasco, para realizar ataques. Al-Qassam 
recrutou e organizou o treinamento militar de camponeses e, em 
1935, já tinha entre 200 e 800 homens que destroçavam árvores 
plantadas pelos agricultores e linhas ferroviárias construídas 
pelos britânicos. No mês de novembro de 1935, dois de seus 
homens mataram um policial em um confronto, dando início 
a uma caçada humana a Al-Qassam, que foi morto a tiros em 
uma caverna perto Ya’bad. Seu túmulo está situado na aldeia 
abandonada de Balad As-Sheikh, na moderna cidade israelense 
de Nesher.
A influência desse personagem é relevante hoje em dia. 
Os foguetes lançados pelo Hamas contra civis israelenses em 
Gaza são conhecidos como “Qassam” e as forças terroristas do 
Hamas são chamadas, em homenagem a este líder militar árabe, 
de Batalhões Izz ad-Din al-Qassam.
83 - O que é a Comissão Peel?
A Comissão Peel (Comissão Real para a Palestina, de 
1936) foi uma Comissão de Inquérito, encabeçada pelo Lorde 
Peel e criada para investigar as causas dos distúrbios que 
começaram em 1936, após seis meses de greve árabe. No dia 
25/11/1936, Chaim Weizmann deu seu testemunho, dizendo 
que havia 6.000.000 de judeus na Europa “para os quais o mundo 
é dividido em lugares onde eles não podem viver e lugares onde 
eles não podem entrar”. Pelos palestinos, não falou só o mufti 
radical de Jerusalém, mas também o ex-prefeito de Jerusalém, 
Ragheb Bey Al-Nashashibi (que era um duro rival do mufti dentro 
da Palestina).
137
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
No dia 7/7/1937, a Comissão publicou um 
relatório e, pela primeira vez, declarou que o Mandato 
se tornara impraticável, recomendando a divisão da 
Palestina. Após a publicação, a Comissão Woodhead 
foi designada para projetar e apresentar um plano 
de divisão efetiva, que prejudicava os judeus em 
comparação com o que acabou sendo aprovado no ano 
de 1947.
Como era de se esperar, os judeus aceitaram a 
proposta de divisão e os árabes novamente rejeitaram 
qualquer concessão de territórios aos judeus. Eles 
exigiram que os britânicos cumprissem sua “promessa” de 
criar um estado árabe. Os judeus, liderados por Ben-Gurion, 
aceitaram a ideia de uma divisão, embora não descartassem 
que, se a guerra começasse, eles aumentariam as suas posses 
territoriais.
A Comissão delineou dez pontos sobre: um sistema de 
tratado compulsório entre os Estados árabe e judeu e o novo 
governo; um mandato para os lugares sagrados; as fronteiras; 
a necessidade de subsídios interestaduais; a necessidade do 
subsídio britânico; tarifas e portos; a nacionalidade; o serviço 
civil; concessões industriais; e a troca de terras e populações. 
Foram os britânicos que propuseram, na Comissão Peel, a 
“Transferência” de população, endossada por alguns autores 
menores como um plano dos judeus.
138
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Plano de divisão da Comissão Peel, julho de 1937
139
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Proposta da Comissão Woodhead 1939
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
84 - O que é o Livro Branco de MacDonald, de 
1939?
À medida que a guerra inevitável com a Alemanha se 
aproximava, os políticos britânicos concluíram que precisavam da 
ajuda árabe, já que a ajuda judaica “estava garantida”. O primeiro-
ministro Neville Chamberlain disse: “Se tivermos de ofender um 
lado, ofenderemos os judeus em vez dos árabes”. Desse modo, 
para voltar a “comprar” a calma entre os árabes, os britânicos 
voltaram a se afastar de suas obrigações internacionais.
Após a ascensão de Adolf Hitler e outros regimes 
antissemitas na Europa, um número cada vez maior de judeus 
europeus precisava fugir para o Mandato Britânico da Palestina. 
As leis de Nuremberg do ano de 1936 converteram 500 mil 
judeus alemães em refugiados sem pátria.
O Livro Branco de MacDonald (do ano de 1939), cujo nome 
se deve ao secretário britânico das colônias que o patrocinou, 
rejeitava a ideia de dividir o Mandato em dois estados e 
propunha uma única Palestina independente governada em 
comum por árabes e judeus, com os primeiros mantendo a sua 
maioria demográfica. Os britânicos associariam gradualmente 
árabes e judeus ao governo, com a intenção de que, em 10 anos, 
um Estado independente pudesse ser criado.
Quanto à imigração judaica, ela ficaria limitada a um máximo 
de 75 mil pessoas nos cinco anos seguintes, para manter essa 
minoria em um terço da populaçãototal. Depois desses cinco 
anos, nenhuma imigração judaica seria permitida, a 
menos que os árabes estivessem dispostos a aceitá-la.
Quanto às terras, a compra de novas terras por judeus 
seria proibida ou restrita, como consequência do crescimento 
natural da população árabe e da manutenção do padrão de vida 
dos agricultores árabes, respectivamente.
O exercício que devemos fazer agora é nos 
perguntar: O que teria acontecido se, em vez de 
fechar as portas, os britânicos tivessem permitido 
141
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
que os judeus da Europa escapassem juntando-se aos 
irmãos judeus na Palestina? Quantos se teriam salvo 
do Holocausto ?
85 - Qual foi a reação dos árabes e dos judeus em 
relação ao Livro Branco de MacDonald, de 1939?
O Livro Branco foi recebido com grande desagrado pela 
comunidade judaica do Mandato Britânico. Os seus porta-vozes 
acusaram as autoridades britânicas de “traição” e “deslealdade”, 
e de serem cúmplices da perseguição nazista, proibindo as suas 
vítimas de encontrar refúgio. O Yishuv (comunidade judaica) 
declarou uma greve geral no país, e diversas manifestações 
foram realizadas nas grandes cidades. Desafiando claramente o 
Livro Branco, os judeus estabeleceram 12 novos assentamentos 
na Terra de Israel durante o mês de maio.
Os judeus consideravam que os britânicos estavam 
cancelando a Declaração Balfour, embora os próprios britânicos 
negassem tal consideração, afirmando que um “lar nacional” não 
significava um estado judeu, mas autonomia.
No entanto, quando a Segunda Guerra Mundial começou 
(no dia 1º de setembro de 1939), os movimentos clandestinos 
judaicos Haganá e Etzel (Irgun) decidiram pôr um fim às suas 
operações de sabotagem contra os britânicos, concentrando-se 
no assentamento e na imigração ilegal para a Terra de Israel. 
David Ben-Gurion, o principal líder sionista, disse: “Devemos 
ajudar os britânicos como se não houvesse um Livro Branco e 
lutar contra o Livro Branco como se não houvesse guerra”.
Os residentes árabes também se opuseram, exigindo, em 
troca, a interrupção total da imigração judaica, o cancelamento 
da Declaração Balfour e das resoluções da Conferência de San 
Remo. O mufti Amin Al-Husseini se opôs, porque não lhes era 
concedido um estado próprio. Essa atitude maximalista (de “tudo 
ou nada”) caracterizaria, desde a década de 1920, a liderança 
árabe-palestina.
142
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
No mês de junho de 1939, o Comitê de Mandatos 
da Liga das Nações em Genebra discutiu a questão 
e concordou que a política do Livro Branco era 
incompatível com a interpretação do Mandato da Liga. 
O comitê recomendou que a questão fosse discutida 
no plenário da Liga das Nações. No entanto, a guerra 
começou, e tal reunião não aconteceu.
86 - Os judeus respeitaram as limitações à imigração 
estipuladas no Livro Branco de 1939?
A resposta é clara: Não. As operações dos judeus para 
introduzir imigrantes ilegais a Israel por mar e por terra (e desde 
1947 alguns por via aérea) são conhecidas como “Hapalá” (ou 
Aliyá B).
Os historiadores costumam dividir a imigração ilegal em 
três estágios: O primeiro, entre 1934 e 1939: ocorre com a 
ascensão nazista e de outros partidos antissemitas, junto com 
uma limitação inglesa para estender permissões de imigração 
(certificados). Somente entre 1935 e 1937, imigraram legalmente 
137.000 judeus, fugindo de Hitler. No entanto, milhares mais 
esperavam na Europa. Em paralelo, e em 50 navios, cerca de 
21.000 judeus conseguiram entrar em Israel ilegalmente. Cerca 
de 12.000 foram trazidos pelo Movimento Revisionista, 6.000 
pela Haganá e Hechalutz e outros 3.000 por várias organizações.
O segundo período, entre 1939 e 1945: Ben-Gurion muda 
sua postura de oposição à imigração ilegal, passando a apoiá-la 
depois da Comissão Peel (é por isso que o número de imigrantes 
ilegais trazidos pela Haganá no primeiro período foi menor que 
o da oposição revisionista). Um total de 27 navios conseguiu 
chegar ilegalmente à Palestina durante a Segunda Guerra, 
transportando 17.000 judeus.
O terceiro período, entre 1945 e 1948: Ocorre após o final 
da Segunda Guerra Mundial, quando cerca de 84.000 refugiados 
judeus entraram ilegalmente em Israel. Os britânicos detiveram 
143
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
a maioria dos navios, permitindo que alguns ficassem, devido às 
permissões estabelecidas no Livro Branco de 1939, enquanto 
outros 52.000 foram deportados. Enquanto esses chegavam, 
250.000 judeus permaneceram em campos de refugiados ou até 
mesmo nos próprios campos de extermínio da Europa depois de 
terem sobrevivido à Shoá.
A imigração ilegal custou muitas vidas. Cerca de 2.000 
imigrantes morreram quando seus navios afundaram ou durante 
a captura de embarcações pela Marinha Britânica. Durante as 
três ondas de imigração ilegal, de 115.000 a 132.000 judeus 
chegaram à Palestina Mandatária.
87 - O que foi o navio Êxodo?
A operação mais famosa da imigração ilegal foi a do 
“Exodus” (Êxodo). Em 1946, os membros do Mossad Le-AliyáBet 
(Instituição de Imigração B) dos EUA adquiriram um velho navio 
de turismo chamado Presidente Warfield, o reformaram e o 
levaram para a Itália.
Os italianos atrasaram a liberação do navio por pressão 
britânica, e ele foi transferido para o porto de Sete (França), 
onde recebeu seu nome hebraico Ietziat Eiropa Tashaz, “A 
partida da Europa em 1947.” O navio foi carregado com 4.554 
imigrantes ilegais, mas as autoridades francesas proibiram sua 
partida. A embarcação saiu assim mesmo (11/7/1947), sendo 
escoltada pelos contratorpedeiros britânicos desde sua partida.
Quando se aproximava de Israel, e depois de rejeitar as 
ordens britânicas, o navio foi assaltado por soldados britânicos, 
que tiveram de se esquivar das latas lançadas pelos imigrantes. 
Os soldados começaram a atirar, matando um oficial do navio e 
dois imigrantes judeus.
Devido aos danos sofridos, o Exodus foi levado para o 
porto de Haifa, sendo que os 4.552 judeus foram deportados 
em 3 navios, que os levaram para a França a fim de “ensinar-
lhes uma lição” (em vez de Chipre). Chegando ao porto Port de 
144
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Bouc (França), eles se negaram a desembarcar e começaram 
uma greve de fome, de modo que os britânicos decidiram levá-
los e fazer com que desembarcassem à força em Hamburgo, 
Alemanha.
O caso do navio Exodus foi um duro golpe para o prestígio 
britânico. Cerca de 200 jornalistas cobriram o caso e, diante das 
severas críticas, os britânicos deixaram de enviar de volta a seus 
portos de saída os navios de imigrantes.
Membros da comissão de inquérito da ONU (UNSCOP) 
estiveram presentes no porto de Haifa e testemunharam como 
os imigrantes foram retirados à força do navio e transportados 
de volta para a Europa. O Exodus influenciou na decisão de 
dividir a Palestina (novembro de 1947).
88 - O que os britânicos fizeram para deter a 
imigração ilegal de judeus?
Os britânicos não pouparam esforços em sua luta contra 
a imigração ilegal. No campo militar, os britânicos tinham um 
dos melhores serviços de inteligência do continente. Desse 
modo, então, conseguiram mapear quase toda a atividade 
dos organizadores da Aliyá B, localizando os portos de saída, 
as rotas de transporte de refugiados e os meios para comprar 
suprimentos e combustível.
Como resultado da boa inteligência em seu poder, 
os britânicos criaram uma Patrulha para a Palestina, que 
interceptava a passagem dos navios. Essas forças incluíam 
lanchas de patrulha relativamente velozes, que se moviam ao 
longo do Mar Mediterrâneo, aeronaves de reconhecimento 
e contratorpedeiros, que operavam na fronteira das águas 
territoriais da Palestina. Eles perseguiram os barcos, atacando-
os e bloqueando o seu caminho para a costa. Além disso, os 
britânicos usavam radares para captar osmovimentos dos 
navios (a base mais conhecida era a base de Stella Maris, na 
cidade de Haifa, onde ficava a sede da força naval na Palestina).
145
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
As forças militares britânicas também atuaram para impedir 
a dispersão de imigrantes entre a população civil. Quando um 
navio era capturado, o exército britânico costumava 
transportar os imigrantes para campos de detenção 
em Chipre.
Na esfera política, os britânicos tentaram exercer o seu 
poder diplomático sobre os governos dos países de onde saíam 
os imigrantes, pressionando-os a deter os navios. Governos 
como o governo da Itália e o governo da França fecharam os 
olhos para a imigração ilegal de propósito, em solidariedade ao 
sofrimento dos judeus após o fim do Holocausto.
Além disso, os britânicos também tentaram impor um 
embargo comercial às companhias de navegação que levavam 
imigrantes ilegais. Nesta área também, o seu sucesso foi muito 
parcial. É verdade que as grandes companhias de navegação 
não ajudaram a imigração ilegal, mas sempre houve marinheiros 
que concordaram em cooperar.
89 - É verdade que os judeus da Palestina britânica 
“colaboraram” com os nazistas?
Um dos argumentos mais imorais é acusar os judeus de 
terem colaborado com as mesmas pessoas que os assassinaram 
em câmaras de gás. No entanto, houve algum acordo tático 
com a Alemanha nazista no início de seu governo? Sim. Nós nos 
referimos ao Acordo de Transferência, assinado pela Agência 
Judaica e as autoridades nazistas no dia 25/8/1933. O objetivo 
do pacto era permitir que os judeus vendessem propriedades e 
bens localizados em território alemão, antes que eles fossem 
confiscados, transferindo parte de seus fundos para Israel, 
facilitando, assim, a migração legal dos judeus para a Palestina 
Mandatária.
Este acordo foi produzido graças a uma combinação de 
interesses. Os nazistas estavam interessados em se livrar de 
seus judeus (a decisão de matá-los fisicamente foi adotada 
146
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
posteriormente). A política nazista era livrar-se de seus judeus 
(Judenrein), comprando barato seus bens, e eles também 
queriam que os judeus americanos cessassem o seu boicote 
organizado contra a exportação alemã; a Agência Judaica, por 
sua vez, queria aumentar o número de judeus mais instruídos 
e com capacidade econômica; e os britânicos esperavam que 
aumentassem os investimentos em seu mandato. Se um judeu 
tivesse 1.000 libras esterlinas, ele poderia receber um certificado 
de imigração sem ser incluído na quota estabelecida pelos 
britânicos para os judeus.
Um judeu alemão que quisesse emigrar para a Palestina 
devia depositar o seu dinheiro em marcos em uma das instituições 
financeiras locais que eram inspecionadas pela Agência Judaica; 
com esse dinheiro os judeus compravam mercadorias e máquinas 
alemãs, o dinheiro era transferido para o Mandato Britânico, e 
o proprietário recebia aproximadamente dois terços do valor 
depositado, recebendo o visto de imigração britânico.
Com o passar do tempo, o acordo se estendeu a outros 
países conquistados pelos nazistas, como a Tchecoslováquia 
e a Hungria, e houve um acordo semelhante para os judeus 
poloneses.
90 - Qual foi a reação dos judeus ao Acordo de 
Transferência de 1933?
O Acordo de Transferência provocou duras controvérsias 
entre os judeus do Yishuv (comunidade judaica de Israel) e entre 
os judeus da diáspora, devido à obrigação de manter contato com 
os nazistas, uma ação interpretada por algumas pessoas como 
uma cooperação com o opressor. Outros argumentaram ainda que 
o acordo quebrava o boicote que havia sido organizado contra os 
produtos alemães em muitas comunidades, principalmente nos 
Estados Unidos.
A principal resistência concentrou-se em alguns dos 
círculos do Partido Revisionista (representado principalmente 
147
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
por Abba Achimeir). Para moderar as críticas, o mediador do 
acordo, Sam Cohen, adquiriu parte da propriedade do jornal 
revisionista, influenciando o conteúdo.
No dia 16 de junho de 1933, o jornal “Frente Popular” 
publicou um artigo acusando os envolvidos no pacto de “terem 
se vendido a Hitler por ganância e riqueza”, acrescentando que 
o povo judeu “saberia como responder a esses vilões”. O jornal 
mencionou os envolvidos, entre eles Chaim Arlosoroff, que era 
o chefe do Departamento Político da Agência Judaica e foi um 
dos negociadores. Na tarde do mesmo dia, Chaim Arlosoroff foi 
morto enquanto caminhava com a sua esposa na praia de Tel 
Aviv. No verão daquele ano, durante a campanha eleitoral para 
o XVIII Congresso Sionista, Zeev Jabotinsky (líder revisionista) 
declarou que “tal acordo é desprezível, vergonhoso e horrível”.
Como resultado da controvérsia, o Décimo Nono Congresso 
Sionista decidiu no ano de 1935: “Para incentivar a imigração 
contínua de judeus alemães para a Palestina, o Congresso exige 
que o Executivo assuma todas as ações de transferência sob a 
sua supervisão”. A imprensa revisionista atacou a Organização 
Sionista e a Agência Judaica, acusando-as de “aliadas de Hitler 
(...) que pisotearam a honra judaica com os seus pés cruéis”.
Discussão semelhante ocorreu na década de 1950, quando 
foi assinado o acordo de reparações com a Alemanha.
91 - É verdade que Mahmoud Abbas, presidente 
da Autoridade Palestina (2019), negou o Holocausto e 
acusou os judeus de colaborar com os nazistas?
“A conexão entre os nazistas e os líderes do 
movimento sionista entre 1933 e 1945” é o título da 
tese de doutorado em História de Mahmoud Abbas, 
concluída em 1982 na Universidade da Amizade dos 
Povos da Rússia. Em 1984, ele publicou seu livro em árabe 
intitulado: “O outro lado: a relação secreta entre o nazismo e o 
sionismo”.
148
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
O conteúdo da tese nega ou relativiza o 
Holocausto, enquanto afirma (descaradamente) que 
a agitação sionista foi a causa do Holocausto. Em 
seu livro de 1984, Abbas rejeitou como um “mito” e 
“mentira fantástica” que seis milhões de judeus haviam 
morrido no Holocausto, escrevendo que o verdadeiro 
número de judeus assassinados pelos alemães foi 
de, no máximo, “890.000” ou “algumas centenas de 
milhares.” O número teria sido exagerado para fins políticos, já 
que “parece que o interesse do movimento sionista (...) os levou 
a enfatizar esse número [seis milhões] para obter a solidariedade 
da opinião pública internacional em relação ao sionismo”.
Em uma entrevista de março de 2006 ao jornal 
israelense Haaretz, Abbas declarou: “Eu citei uma discussão 
entre historiadores na qual vários números de vítimas foram 
mencionados. (...) O Holocausto foi uma coisa terrível e ninguém 
pode dizer que eu neguei isso”.
Em 2012, Abbas disse à Al Mayadeen, uma emissora 
de televisão de Beirute afiliada ao Irã e ao Hezbollah, que 
“desafiava qualquer um a negar que o movimento sionista tinha 
laços com os nazistas antes da Segunda Guerra Mundial”. Em 
2013, ele reafirmou que “o movimento sionista tinha ligações 
com os nazistas”. Em ambas as ocasiões, ele se referia 
ao Acordo de Transferência.
Durante uma reunião do Conselho Nacional Palestino em 
2018, Mahmoud Abbas declarou que os judeus na Europa foram 
massacrados durante séculos por causa de seu “papel social 
relacionado com a usura e os bancos”.
92 - Como os judeus fizeram para ser maioria no 
território da Palestina se antes eram minoria?
Uma pessoa imbuída de dogma materialista 
afirmará que “eles se tornaram maioria por causa do 
apoio imperialista”. O que começou com o apoio da Grã-
149
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Bretanha em relação às aspirações dos judeus, endossadas 
na Conferência de San Remo, terminou com um declarado 
desentendimento britânico quanto às suas obrigações legais 
(expressas na ComissãoPeel, de 1939). Os judeus se 
tornaram a maioria, apesar das limitações britânicas 
cada vez mais duras.
Para os britânicos, os judeus eram aliados incondicionais 
contra os nazistas, e eles precisavam do apoio dos árabes 
“condicionais”. Os britânicos não consideravam os árabes seus 
inimigos, e as relações entre britânicos, árabes e judeus não 
foram uniformes durante o Mandato.
Se antes do sionismo existia uma pequena comunidade em 
Israel, principalmente ortodoxa, a força ideológica e o aumento 
do antissemitismo na Europa impulsionaram cinco ondas 
de imigração. A primeira (entre 1881 e 1903) trouxe famílias 
ortodoxas que criaram os primeiros assentamentos com o apoio 
do filantropo Barão Edmond de Rothschild. A segunda onda 
(entre 1903 e 1914) criou e desenvolveu cidades, contando com 
um pequeno núcleo muito idealista e socialista que se tornou 
a liderança política do sionismo desde meados da década de 
1920. A terceira onda (entre 1917 e 1924) foi fundamental no 
estabelecimento de fazendas agrícolas cooperativas (kibutzim 
ou moshavim) e ocorreu após o estabelecimento do Mandato. A 
quarta onda (entre 1924 e 1928) veio após medidas antissemitas 
e a crise na Polônia, e a quinta (desde 1933), após a ascensão de 
Hitler ao poder. O povo judeu em Israel subiu de aproximadamente 
20.000 pessoas em 1900 para mais de 600.000 em 1948.
Após a guerra de 1948, os judeus tornaram-se maioria 
absoluta no recém-criado Estado de Israel, porque a maioria dos 
árabes ficou fora de suas fronteiras, em uma terra que representava 
apenas uma pequena parte do Mandato Britânico da Palestina.
93 - É verdade que os judeus tinham uma “sólida 
estrutura militar” considerando o que aconteceu na 
Guerra da Independência de 1948?
150
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Essa afirmação está longe de ser correta, embora, em 
comparação com as disputas entre os clãs de Nashashibi e 
Husseini ou a pouca coesão entre árabes e palestinos, a situação 
judaica fosse muito superior.
A estrutura militar do Haganá (Defesa) desenvolveu-
se no mesmo ritmo dos atos de violência árabe e não a priori. 
A semioficial Haganá foi fundada em 1920, após o pogrom 
de Jerusalém. Até 1929, era uma organização pequena e 
insignificante, e só se fortaleceu, saindo da clandestinidade, 
com a revolta árabe (1936), quando começou a formar quadros 
combatentes e não meros guardas. No seu auge, falamos de 
uma força de cerca de 50.000 homens e mulheres, a maioria 
deles não permanentemente mobilizada.
A partir da Haganá surgiu a unidade de elite “Palmach” 
(Plugot Machatz - “pelotões de choque”) criada em 15/5/1941. 
Originalmente, ela foi formada com a ajuda inglesa para 
confrontar uma possível invasão nazista ao Mandato. Após o 
perigo, continuou em atividade, apesar dos ingleses. Em 1948, 
eles tinham três brigadas de combatentes: aérea, naval e de 
inteligência. Entre os líderes do Palmach, destacaram-se figuras 
como Moshe Dayan, Yigal Alon e Yitzchak Rabin. Ser palmachnik 
era considerado um modo de vida.
A política da liderança judaica era de contenção (Havlagá). 
Após 1929, um grupo decidiu praticar uma política considerada 
mais dissuasiva em relação aos terroristas árabes-palestinos. 
Foi o Irgun Tzvai Leumi (Irgun) ou Eztel (Organização Militar 
Nacional), que rejeitava, ideologicamente, o uso do terrorismo. 
O Irgun tinha cerca de 5.000 soldados.
Quando, em janeiro de 1940, o Irgun decidiu se alistar 
em favor dos britânicos contra os nazistas, um pequeno grupo 
liderado por Abraham Stern se separou, formando o Lechi 
(Lochamei Cherut Israel - combatentes pela liberdade de Israel), 
acreditando que a luta armada era a única maneira de alcançar a 
independência nacional. Eles tinham 500 soldados.
151
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
94 - É verdade que as forças clandestinas judaicas 
cooperavam regularmente entre si para promover 
objetivos comuns?
As relações entre os grupos clandestinos judaicos pré-
estatais foram complexas. As divisões ideológicas eram 
profundas, especialmente entre as socialistas-oficialistas 
Haganá-Palmach e os nacionalistas-revisionistas do Irgun. 
Estes últimos chamavam os primeiros de fracos e os primeiros 
chamavam os nacionalistas de fascistas irresponsáveis.
Após a Segunda Guerra Mundial, houve um curto período 
de cooperação para lutar contra os ingleses no âmbito do 
Movimento de Rebelião Hebreia (Tnuat Ha-Meri Ha-Ivri), que 
operou entre 1945 e 1946. Os líderes do novo movimento incluíam 
quatro representantes: dois representantes da Haganá (Moshe 
Sneh e Israel Galili), um representante do Irgun (Menachem 
Begin) e um representante do Lechi (Nathan Yellin-Mor).
Durante a existência do Movimento da Rebelião Hebreia, 
foram realizadas onze grandes operações militares, incluindo 
a libertação de 200 imigrantes ilegais do campo de detenção 
de Atlit, sabotagem a vias férreas e estações ferroviárias na 
“Noite dos Trens”, ataques a delegacias de polícia britânicas, 
destruição de onze pontes na “Noite das Pontes” e o ataque ao 
Hotel King David em Jerusalém. Em agosto de 1946, por causa 
do Sábado Negro (Operação Ágata, de 29 de junho de 1946 - 
os britânicos impuseram um cerco contra as cidades judaicas 
e roubaram documentos que envolviam a liderança oficial da 
Agência Judaica com as atividades da Haganá) e após o ataque 
ao Hotel King David, a coalizão foi desmantelada e cada um dos 
grupos continuou a operar de forma autônoma.
Este breve período de cooperação coexistiu com os dias 
em que a liderança oficial entregava os combatentes do Irgun 
e do Lechi aos ingleses. Entre dezembro de 1944 e fevereiro de 
1945, após o assassinato do britânico Lorde Moyne (ministro 
do Oriente Médio) por dois soldados do Lechi (Eliahu Chakim 
152
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
e Eliahu Beit-Tzuri), as autoridades judaicas oficiais decidiram 
ajudar os britânicos a prender as forças dissidentes (fase 
conhecida como Saison–temporada de caça).
95 - Qual era o nível de institucionalização dos 
judeus tendo em vista a Guerra da Independência de 
1948?
Desde sua fundação, o movimento sionista entendeu que 
ninguém lhes entregaria um estado judeu “de bandeja”. Se o 
desejo era atrair imigrantes, era compulsório comprar terras, 
desenvolver instituições e uma economia. Durante o Mandato 
Britânico, um estado foi construído dentro do mandato, e o 
período foi chamado de “O Estado a Caminho” (Há-Mediná 
She-Ba-Derech). De fato, os judeus desenvolveram vários 
estados autônomos simultâneos antes que o Estado de Israel 
fosse criado oficialmente (1948).
Cada grupo ideológico judaico desenvolveu serviços para 
sua população. Se o indivíduo fosse socialista, ele colocava seu 
dinheiro no Bank Hapoalim (Banco dos Trabalhadores), era sócio 
do time Hapoel de sua cidade, tinha serviços médicos da Histadrut 
Ha-Ovdim de Eretz Israel (Organização de Trabalhadores de 
Israel, fundada em Haifa, 1920) e se quisesse se alistar em 
uma força militar, se alistava na Haganá, a força clandestina do 
movimento socialista judaico.
Se, por outro lado, o indivíduo pertencesse ao movimento 
revisionista, ele depositava suas economias no Bank Leumi 
(Banco Nacional), era torcedor do Beitar de sua cidade, tinha 
serviços médicos do Kupat Cholim Leumi (Serviço Médico 
Nacional) e poderia se alistar no clandestino Irgun Tzvai Leumi 
(Organização Militar Nacional).
Uma pessoa identificada com ideias liberais optava por 
torcer pelos times Macabi, depositava suas economias no Bank 
Discount e recebia tratamento médico da Kupat Cholim Macabi 
(Serviço Médico Macabi).
153
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Quando a independência de Israel foi declarada, o primeiro-
ministro de Israel, David Ben-Gurion, disse que era essencial 
passar de”Kitatiut Le-Mamlachtiut” (passar do setorialismo ao 
oficialismo), formando instituições nacionais,como um exército 
único (Tzahal).
O que caracterizou o período de “Estado a Caminho” foi 
a construção. Devido a isso, quando a Partilha da Palestina foi 
aprovada e um Estado Judeu foi reconhecido como um Estado 
que convivia com outro Estado, o Estado Árabe, de fato já havia 
pelo menos um estado pronto para funcionar, o Estado Judeu. 
96 - Qual era o nível de institucionalização dos 
palestinos em vista da Guerra da Independência de 
1948?
A sociedade árabe-palestina era semifeudal e tinha uma 
organização mais elementar do que a europeia-judaica, baseada 
em clãs que rivalizavam entre si (a disputa entre os Nashashibi, 
os Hussein e outros causou, até 1949, um total de 10 mil mortes).
De acordo com a narrativa árabe, eles não estão 
interessados em melhorar as condições de vida da “Palestina”. 
A sua prioridade é obter liberdade política e civil para concretizar 
os seus direitos nacionais. Não em vão, quando a Partilha 
da Palestina foi declarada (1947), os árabes não 
puderam traduzir “em atos” os direitos que lhes eram 
concedidos pelas Nações Unidas.
A população judaica aumentou para 470.000 
pessoas entre as duas guerras mundiais e a população 
não-judaica subiu para 588.000 pessoas. De fato, a 
população árabe permanente aumentou 120% entre 
1922 e 1947. O número de árabes aumentou graças à melhoria 
das condições desenvolvidas pelos judeus e britânicos. Assim, a 
mortalidade infantil entre eles diminuiu de 201/1.000 (1925) a 
94/1.000 (1945), e a expectativa de vida aumentou de 37 anos 
(1926) para 49 (1943). De 1922 a 1947, a população não judaica 
154
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
aumentou 131% em Jerusalém e 158% em Yafo. O crescimento 
nas cidades árabes foi mais modesto: 42% em Nablus e 37% em 
Belém.
A instituição mais importante criada pelos árabes-
palestinos foi o “Alto Comitê Árabe”, o órgão político da 
comunidade antes do Mandato Britânico, autoproclamado 
“representante exclusivo de todos os árabes da Palestina”. Foi 
criado no dia 25/4/1936 por iniciativa do Hajj Amin Al-Husseini, 
embora tenha sido proibido pelas autoridades britânicas em 
setembro de 1937, durante a revolta contra elas. A Liga Árabe 
reconstituiu o Comitê no dia 10/11/1945, mas alcançou pouca 
relevância após a Guerra Árabe-Israelense de 1948, onde a sua 
inoperância foi demonstrada. O comitê foi banido na Jordânia 
(1948) e ignorado pelo Egito e também pela Liga Árabe.
97 - É possível comparar o terrorismo árabe-
palestino ao judaico antes de 1948? 
Ao lidar com o fenômeno do “terrorismo”, o que não faltam 
são comparações sem fundamento sólido, como ocorre em uma 
conversa de bar. Se o fenômeno não for definido, a análise não 
tem sentido. Não há uma definição única sobre terrorismo. No 
entanto, para os acadêmicos ocidentais, o terrorismo é: “A 
utilização ou ameaça de violência contra civis (não 
combatentes), para alcançar objetivos políticos, de 
modo intencional e no âmbito de uma estratégia de 
propaganda”.
Nos capítulos anteriores, detalhamos os massacres de 
1920-1921, 1929 e 1936-1939. Em todos esses casos, 
constatamos assassinatos intencionais contra civis 
para erradicar a imigração judaica e proibir a compra 
de terras pelos judeus (ambos objetivos políticos). O 
incitamento deliberado e o assassinato de civis judeus foram o 
modus operandi dominante dos árabes-palestinos.
Entre os judeus, um único grupo clandestino poderia ser 
155
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
qualificado como terrorista, embora a maior parte de suas ações 
não fosse terrorista: o Lechi, com os seus 500 soldados.
Abraham Stern definiu os objetivos e métodos de luta do 
Lechi em um documento chamado “A Ressurreição” (Ha-Tchiá). 
O documento dizia: “A terra é posse absoluta do povo de Israel. A 
terra deve ser conquistada à força e não adquirida com dinheiro, 
ou obtida por meios políticos e pelos favores dos governantes 
e superpotências”. “Os árabes da terra são estrangeiros, cujo 
problema deve ser resolvido através de uma troca de população, 
mas o principal inimigo é o regime de ocupação britânico”. Os 
assassinatos de Lorde Moyne ou do Conde Folke Bernardotte 
são dois exemplos de assassinatos deliberados de civis. A maior 
parte das ações do Lechi era de “guerrilha” (assassinato de 
militares para alcançar objetivos políticos).
Se entre os árabes-palestinos o assassinato intencional 
de civis foi o comportamento dominante, entre os judeus foram 
ações esporádicas, não dirigidas nem relacionadas com a 
liderança comunitária oficial.
98 - O que aconteceu no Hotel King David em 
1946? 
Para demonizar Israel ou relativizar o terrorismo palestino, 
se costuma argumentar que “os judeus também cometeram 
terrorismo”, como no Hotel King David (no dia 22 de julho de 
1946). O ataque ao Hotel King David, sede do Comando Militar 
do Mandato Britânico da Palestina e da Divisão de Investigação 
Criminal dos britânicos, foi perpetrado pelo Irgun Tzvai Leumi 
(Etzel). A operação foi contra um centro militar, operando 
em um hotel, transformando-o em um objetivo militar 100% 
legal. Do ponto de vista técnico, a operação acima 
mencionada deveria ser classificada como um ataque 
de “guerrilha”, porque o objetivo eram “militares”.
A ala sul do hotel continha documentos confiscados pelos 
britânicos, que incriminavam a Agência Judaica (Operação 
156
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Ágata). Para explodir essa ala, um homem do Irgun-Etzel entrou 
no hotel disfarçado com uma túnica de empregado e deixou 
explosivos em garrafas de leite no porão. Um membro do Irgun 
(Gideon) gritou para a multidão: “Saiam todos, o hotel está 
prestes a explodir”. Uma telefonista ligou avisando para evacuar 
todo o edifício a fim de evitar vítimas civis. A mesma pessoa 
telefonou para o escritório do jornal The Jerusalem Post e uma 
advertência final foi feita ao consulado francês vizinho, que foi 
evacuado.
As autoridades britânicas da central militar ignoraram 
as advertências e responderam: “Nós não estamos aqui para 
receber ordens dos judeus. Somos nós que damos as ordens”. O 
ataque provocou a morte de noventa e duas pessoas, dezesseis 
delas, judeus. A ala sul do Hotel King David foi destruída.
O Irgun foi acusado de terrorismo, pelos britânicos e 
também pela liderança oficial sionista que havia aprovado esse 
ataque. Embora o ataque tenha resultado na morte de civis 
inocentes, isso não significa que foi uma ação terrorista, já que 
não houve essa intenção nem era o modus operandi adotado 
para as ações do Irgun.
99 - Por que em 1947 as Nações Unidas optaram 
pela partilha de Palestina? 
Após a Segunda Guerra Mundial, a economia britânica 
estava bastante instável e não podia se dar ao luxo de continuar 
mantendo 100 mil soldados na Palestina. Além disso, a simples 
ideia de “colonialismo” havia perdido prestígio no mundo. 
Obrigados mais do que dispostos, os britânicos decidiram 
devolver o Mandato que haviam recebido da Liga das Nações à 
sua herdeira, a Organização das Nações Unidas (a ONU).
Além disso, as ações dos movimentos clandestinos judaicos 
(como o ataque à prisão de Acco ou a execução dos oficiais em 
Netanya) abalaram e humilharam a Grã-Bretanha, e isso se 
refletiu nas manchetes de seus jornais. A reação britânica ao 
157
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
navio Êxodo é outro exemplo da crise de legitimidade britânica 
na opinião pública mundial.
Em seu livro “100 perguntas e respostas sobre o conflito 
israelense-palestino”, o jornalista Pedro Brieger afirma: “Isso só 
serviu para encorajar a revolta judaica contra os britânicos, já 
com o apoio do governo dos Estados Unidos, uma das potências 
emergentes da guerra, junto com a União Soviética”. A verdade 
é que o governo dos Estados Unidos não apoiou a revolta dos 
judeus contra os ingleses. Esta informação é incorreta. O apoio 
dos EUA às atividades sionistasconsistiu em tolerar que líderes 
judaicos, como Golda Meir, fizessem campanhas de arrecadação 
de fundos na comunidade judaica com cidadania americana.
As causas da renúncia britânica à Palestina são 
resumidas da seguinte forma: 1) Eles foram à falência 
econômica após a Segunda Guerra Mundial; 2) Quando 
o genocídio dos judeus foi conhecido durante a Shoá, 
aumentou a simpatia em relação à necessidade de 
um lar nacional judeu; 3) Uma perda de prestígio 
do “colonialismo”. No entanto, os britânicos não queriam 
se retirar. Eles estavam convencidos de que os judeus seriam 
submetidos a um massacre nas mãos dos árabes e pediriam o 
socorro dos britânicos.
158
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Terceira Seção
Modernidade Flutuante 
100 - O que é e o que decidiu a UNSCOP?
O Comitê Especial das Nações Unidas para a Palestina 
(UNSCOP) foi criado no dia 5/5/1947 em resposta a um pedido 
do governo do Reino Unido para que a Assembleia-Geral da 
recém-criada ONU “fizesse recomendações em virtude do artigo 
10 da Carta, sobre o futuro governo da Palestina”. Foi decidido 
que o comitê deveria ser composto de países “neutros”, excluindo 
os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança.
A UNSCOP foi formada por representantes de 11 
nações (entre elas destacam-se os representantes do Peru, da 
Guatemala e do Uruguai). A UNSCOP visitou a Palestina-Israel 
e reuniu testemunhos de organizações sionistas na Palestina e 
nos EUA.
O Comitê Superior Árabe boicotou a Comissão, explicando 
que os direitos naturais dos árabes palestinos eram evidentes 
e não podiam continuar sendo investigados. Mais uma vez, os 
árabes-palestinos agiam de acordo com a premissa destrutiva 
de “tudo ou nada”.
O relatório do Comitê, do dia 3/9/1947, aconselhava 
o fim do Mandato Britânico da Palestina. Continha uma 
proposta majoritária para um Plano de Partilha em dois estados 
independentes com uma União Econômica (Capítulo VI) e 
uma proposta minoritária para um plano de união federal, com 
Jerusalém como capital (CAPÍTULO VII).
A maioria dos países da comissão, Canadá, 
Tchecoslováquia, Guatemala, Holanda, Peru, Suécia e Uruguai, 
recomendou a partilha em dois estados separados. Esta é a 
proposta da maioria. Houve uma abstenção e 3 votos contra, 
ironicamente trágicos. A Iugoslávia votou a favor de um estado 
formado pelas duas nacionalidades (apenas 36 anos depois a 
159
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Iugoslávia desapareceu como resultado de sua união inviável). A 
Índia e o Irã também votaram contra.
A parte sionista aceitou o Plano de Partilha, 
enquanto a parte árabe rejeitou ambas as propostas. A 
proposta da UNSCOP foi submetida a votação pela Assembleia-
Geral da ONU (votação realizada em 29 de novembro de 1947).
101 - O que a Assembleia-Geral da ONU decidiu 
no dia 29 de novembro de 1947?
A Assembleia-Geral da Organização das Nações 
Unidas (a ONU), reunida em Nova York e sob a 
presidência do brasileiro Osvaldo Aranha, aprovou 
a Declaração 181 que recomendava dividir a parte 
ocidental do Mandato Britânico em dois estados, 
um judeu e um árabe (não usava o termo palestino), 
com uma área sob controle internacional que incluía 
Jerusalém e Belém. Ambos os estados deviam 
colaborar economicamente.
A ONU queria garantir um território para que os judeus 
pudessem absorver um milhão de refugiados que chegariam 
depois da criação de Israel, embora 45% do país fossem um 
deserto (Neguev).
160
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
161
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
A Declaração 181 (baseada na proposta da UNSCOP) 
recebeu voto positivo de 33 países, 13 votos contra e 10 
abstenções, propondo certos ajustes nos limites entre os 
estados. A divisão entraria em vigor a partir da retirada dos 
britânicos, que não cooperaram com a execução da decisão. 
Os Estados Unidos e a União Soviética estavam entre os que 
votaram a favor da resolução.
No ano de 1947, a ONU tinha 57 estados membros 
(atualmente, 193). Hoje em dia, é impossível acreditar 
que uma decisão semelhante fosse aprovada por um 
órgão tão descaradamente anti-israelense.
A maioria dos habitantes judeus comemorou a decisão a 
favor do plano, embora eles criticassem a falta de continuidade 
territorial do mesmo, pois o território era dividido em três zonas 
que se tocavam apenas em vértices, o que o tornava pouco 
viável (e difícil de defender). David Ben-Gurion considerou que, 
se atacados, os judeus poderiam estender essa fronteira.
Os líderes árabes se opuseram ao plano argumentando 
que ele violava os direitos da população árabe, que na época 
representava 67% da população total (1.237.000 habitantes). 
Duas semanas após a aprovação da Declaração 181, a Liga 
Árabe aprovou outra resolução que rejeitava diretamente a 
resolução da ONU, ameaçando partir para uma intervenção 
armada a fim de cancelar o que foi estabelecido.
102 - Como os países latino-americanos votaram 
nesse Plano de Partilha?
Entre os 33 países (58%) que aprovaram a Declaração 181, 
destacam-se Bolívia, Brasil, Costa Rica, República Dominicana, 
Equador, Guatemala, Haiti, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, 
Uruguai e Venezuela. Entre os 13 países (23%) que votaram 
contra destaca-se Cuba. Os países que se abstiveram foram 
10 (18%), entre eles Argentina, Colômbia, Chile, El Salvador, 
Honduras e México.
162
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
O bloco latino-americano representava 20 dos 57 estados 
no total e, sem o seu apoio maciço, os sionistas não teriam 
nenhuma possibilidade real. Moshe Tov, chefe da Agência 
Judaica para a América do Sul, contou, após o estabelecimento 
do estado, que o chanceler brasileiro lhe disse: “A Assembleia-
Geral optou pela divisão devido à pressão do presidente dos 
Estados Unidos”.
Países como o Chile se abstiveram devido à pressão 
de sua comunidade palestina. Testemunhos e suspeitas de 
subornos, em várias comitivas, parecem ter sido fundamentais 
para explicar os votos dos países. Em um relatório enviado por 
Lawlin Thompson, diretor do departamento da Europa Oriental 
no Departamento de Estado, para Levi Handerson, ele diz: 
“O Sr. Ballet disse que um representante da América do Sul 
mudou a sua posição, saindo da oposição para apoiar a divisão, 
em troca de 75 mil dólares em dinheiro. Outro representante da 
América Central rejeitou uma oferta de 40 mil dólares, embora 
o seu governo tenha ordenado que ele apoiasse a divisão. O 
Sr. Ballet acredita que um ministro daquele estado colocou o 
suborno em seu próprio bolso”.
Vale a pena destacar três personagens latino-americanos 
fundamentais para a aprovação da divisão: Primeiro, o presidente 
da Assembleia-Geral, Osvaldo Aranha, que adiou a votação 
crucial para o Dia de Ação de Graças, permitindo que os sionistas 
alcançassem os votos necessários. Antes, os representantes 
da Guatemala (Jorge García Granados) e do Uruguai (Enrique 
Rodríguez Fabregat) da UNSCOP, foram fundamentais para a 
elaboração do Plano de Partilha.
103 - Que valor legal tem a Declaração 181 da 
Assembleia-Geral da ONU?
O status final do Mandato Britânico da Palestina foi 
aprovado no ano de 1922, inserindo a seção 25 que separava 
a Transjordânia do Mandato e, por conseguinte, modificava os 
163
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
limites estabelecidos em San Remo (em 1920). Tal decisão foi 
aprovada pela Liga das Nações e, portanto, apesar de contradizer 
a Declaração Balfour, foi uma ação legal.
No ano de 1936, a Liga das Nações adotou a Convenção 
de Montevidéu (de 1933), segundo a qual “o reconhecimento 
do Estado não pode ser revogado ou condicionado” (Artigo 6). 
Quando os britânicos aprovaram o Livro Branco (em 1939), eles 
violaram as leis da Liga das Nações e violaram a Convenção 
de Montevidéu. A Liga das Naçõesnão reconheceu a 
validade legal daquele Livro Branco.
No ano de 1945, a Organização das Nações Unidas (a 
ONU) aprovou o artigo 80 (do 12º capítulo) para que os direitos 
concedidos aos diferentes povos fossem reconhecidos e, como 
resultado, todas as decisões de 1920-1946 ainda eram válidas. 
Assim, as fronteiras (do rio Jordão ao mar) e os 
direitos nacionais dos judeus à Terra de Israel foram 
reconhecidos pela ONU.
Se os árabes tivessem aceitado a proposta de partilha 
(Declaração 181), chegando a um acordo com os judeus, teria 
sido possível promulgar uma nova lei internacional. Em outras 
palavras, se os árabes tivessem aceitado a Declaração 
181 (em 1947), ela poderia ter tido força legal.
Devemos lembrar que o presidente da antiga Corte 
Internacional de Justiça, o jurista professor Steven Schwebel, 
ex-assessor jurídico do Departamento de Estado e presidente 
da Corte Internacional de Justiça em Haia, disse: “A Assembleia-
Geral das Nações Unidas só pode, em princípio, apresentar 
propostas sem efeito legal, nos termos do artigo 10 da Carta 
das Nações Unidas”.
O status legal de Israel não é baseado na Declaração 181, 
que foi uma “declaração”.
104 - Se a Declaração 181 carece de força legal, 
por que a ONU aceitou o Estado de Israel como membro 
em 1949?
164
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
As Nações Unidas reconheceram o direito histórico dos 
judeus a Israel, de acordo com o artigo 80 (do 12º capítulo), que 
confirmava a continuidade do que foi estabelecido pela Liga das 
Nações (no ano de 1920). De acordo com este artigo, não 
foi a partir de “nada” que a Organização das Nações 
Unidas reconheceu o direito de existência de Israel, 
mas sim ratificava e validava um direito anterior 
reconhecido pela Liga das Nações.
Uma opinião consultiva da Corte Internacional de Justiça 
do dia 21 de junho de 1971 explicava: “A última decisão da 
Assembleia da Liga das Nações e o artigo 80, parágrafo 1, 
da Carta da Organização das Nações Unidas preservaram as 
obrigações dos Mandatos”. A Corte Internacional de Justiça 
sempre reconheceu que o mandato sobreviveu ao fim da Liga 
das Nações.
Quando, no ano de 1949, Israel pediu para ser aceito como 
membro das Nações Unidas, essa organização não considerou 
se os judeus “tinham direitos”, conforme o que havia sido 
estabelecido no artigo 80 (do 12º capítulo).
O processo para ser aceito como membro da Organização 
das Nações Unidas é que o candidato deve ser um estado que 
cumpra as premissas da Convenção de Montevidéu (limites 
claros, população determinada, governo efetivo e capacidade 
de estabelecer relações internacionais). Tais conformidades 
são verificadas pelo Conselho de Segurança e, em seguida, é a 
Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas que deve 
validar a aceitação com dois terços dos votos.
No dia 11 de maio de 1949, o Estado de Israel 
se tornou o 59º membro das Nações Unidas, com 37 
países votando a favor de sua inclusão, 13 contra e 
9 abstenções. O país que impulsionou com maior veemência 
a aceitação de Israel na ONU foi a União Soviética, que na 
época esperava que o Estado de Israel se tornasse parte de 
seu bloco.
165
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
105 - Como os árabes reagiram ao Plano de 
Partilha da Palestina?
O jornalista argentino Pedro Brieger explica: “A população 
árabe da Palestina se opôs de maneira categórica à partilha. Era 
lógico que eles se opusessem. Eles consideraram que estavam 
tomando seu território, que as Nações Unidas não tinham 
nenhuma autoridade para sentenciar a divisão e que nem sequer 
os consultaram”. Vamos analisar essas afirmações erradas. 
Primeiro de tudo, o argumento sobre a ONU é estranho, já que 
foram as mesmas potências ocidentais que criaram o Iraque, a 
Síria, a Jordânia, o Líbano ou a Arábia Saudita. Não é lógico 
aceitar como “legítimos” estados artificiais criados na 
região pelas potências,e, ao mesmo tempo, acreditar 
que é “ilegítimo” quando eles decidem sobre o futuro 
de um território onde também habitam judeus. Esse 
duplo critério não pode ser aceito.
O segundo erro factual é afirmar que “eles não os 
consultaram”. Os árabes se recusaram a colaborar com a 
comissão de investigação da UNSCOP. O maximalismo da 
posição árabe impediu que se aproveitassem as oportunidades 
disponíveis nos diferentes processos de negociação, priorizando 
a expulsão de judeus e os interesses dos novos estados árabes 
vizinhos à área. Por quê? Porque a identidade árabe-palestina 
era fraca durante aqueles dias.
Descrever como “lógica” sem nomear a razão 
mais importante empobrece uma análise séria do 
assunto: os árabes não aceitaram a divisão porque 
acreditavam que derrotariam militarmente os 
judeus. Isto foi claramente explicado pelo secretário da Liga 
Árabe, Azzam Pasha, aos negociadores da Agência Judaica 
(16/9/1947): “O mundo árabe não está disposto a chegar a um 
acordo. (...) As nações nunca concedem; elas lutam. Vocês não 
conseguirão nada por meios pacíficos ou por acordos. Talvez 
possam conseguir alguma coisa, mas apenas pela força das 
166
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
armas. Nós vamos tentar derrotá-los. Não estou certo de que 
teremos sucesso, mas vamos tentar. (...) Mas já é tarde demais 
para soluções pacíficas”.
106 - Como os judeus reagiram ao Plano de 
Partilha da Palestina? 
A liderança sionista era pragmática e via na Partilha 
uma oportunidade de finalmente fundar o estado judeu para 
abri-lo à imigração, independentemente das potências. Se 
atacados, os judeus se defenderiam e as fronteiras finais seriam 
estabelecidas após o confronto. Cumpria-se um dos princípios 
dos precursores sionistas como Theodor Herzl: criar um refúgio 
para os judeus perseguidos do mundo. De um modo pragmático, 
David Ben-Gurion e a liderança judaica de Israel aceitaram a 
Partilha (181), ignorando as críticas de dois grupos ideológicos 
relativamente menores: Os nacionalistas-revisionistas, os quais 
aspiravam a um Estado judeu em todo o território da Palestina 
que receberam os britânicos no ano de 1920. O outro grupo, de 
esquerda, desejava um estado binacional ao lado dos árabes.
De acordo com o Plano de Partilha da Palestina, dentro 
do Estado judeu viveriam 538.000 judeus e 397.000 árabes 
(embora houvesse mais de meio milhão de refugiados judeus 
à espera para entrar no novo Estado de Israel). A Organização 
das Nações Unidas (ONU), ao dividir o território, levou em 
consideração que a população judaica seria, depois de criar 
Israel, de cerca de 1.300.000 pessoas. Aproximadamente 
92.000 árabes viviam em Tiberíades, Safed, Haifa e Beit-Shean 
e outros 40.000 eram beduínos que viviam no deserto. O estado 
árabe teria uma população de 804.000 árabes e 10.000 judeus. 
Jerusalém permaneceria como uma zona internacional, isolando 
outros 100.000 judeus dessa cidade.
O fato de haver uma minoria árabe dentro de Israel não 
contradizia o projeto sionista, que nunca defendeu a ideia de 
um Estado judeu “etnicamente puro”. Alguns autores afirmam 
167
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
que o sionismo tinha esse objetivo, mas tal acusação carece de 
evidência factual e apenas pretende demonizar o ideal nacional 
judaico.
O plano era péssimo e bastante falho para os judeus, mas 
eles o aceitaram, enquanto os árabes o rejeitaram e deram início 
à guerra.
107 - Foi justa a Partilha da Palestina – Declaração 
181?
Existem três fatores que fundamentaram a divisão da 
terra, e não somente o fato de que um censo geral mostrava uma 
maioria árabe. A primeira razão é que o que fosse adquirido 
pelos judeus seria parte de Israel. O que era propriedade privada 
árabe seria árabe. A segunda é que o estado judeu a ser formado 
deveria permitir a absorção de cerca de um milhão de refugiados 
que chegariam ao país depois do Holocausto. A terceira razão 
está relacionada ao princípiode que as áreas onde os árabes 
eram a maioria ficariam sob domínio árabe, e o mesmo valeria 
para áreas com maioria judaica. Jerusalém, que desde o final do 
século XIX tinha maioria judaica, e Belém permaneceriam como 
área de administração internacional.
Após a partilha, as comunidades judaicas nos 
países árabes foram ameaçadas e atacadas, causando 
a fuga de quase um milhão de pessoas, muitas das 
quais vieram para Israel.
Os judeus receberam, de acordo com o Plano de Partilha 
(1947), um território que era, em sua maior parte, o deserto 
de Neguev, depois de demonstrar uma incrível capacidade de 
desenvolver a agricultura em condições impossíveis.
Vamos analisar os números frios: O Mandato 
Britânico original incluía 120.000 km2, mas, no ano 
de 1922, a Inglaterra cortou 76,5% da Palestina para a 
criação de um primeiro estado árabe chamado Emirado 
Árabe da Transjordânia (Jordânia). Em 1947, os judeus 
168
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
receberam 55% de 23,5% das terras restantes onde 
eram maioria e onde possuíam terras.
A divisão da Palestina é uma clara manifestação da 
implementação dos princípios do presidente Thomas Woodrow 
Wilson e de outros progressistas. Além disso, em termos de 
terras aráveis, o acordo era injusto para os judeus. Além das 
terras que haviam comprado, eles receberam 25% de terra 
arável. O resto ficou para os árabes. Os judeus recebiam terras 
boas se as comprassem.
108 - Até que ponto a criação do Estado de Israel 
foi uma compensação pelo sofrimento do Holocausto?
A efetividade da independência do Estado de Israel é uma 
consequência do cumprimento das premissas de Montevidéu. 
Nos anos 1947 e 1948, os judeus de Israel dominavam 
territorialmente parte do território da Palestina britânica, havia 
uma população judia concreta, os civis judeus respeitavam 
amplamente as suas autoridades eleitas (a Agência Judaica 
e a Organização Sionista Mundial), que tinham a capacidade 
de desenvolver relações internacionais. Desde os dias da 
primeira onda de imigração (1881-1882), o ideal 
sionista era construtivo, o reconhecimento viria mais 
tarde.
Se compararmos essa situação com a atual Palestina, 
com uma Faixa de Gaza dominada pelo Hamas e os territórios 
A e B da Cisjordânia parcialmente dominados pela Autoridade 
Palestina, a “efetividade” do Estado Palestino é discutível.
É verdade que o genocídio de seis milhões de judeus afetou 
profundamente o mundo ocidental. Não apenas porque alguns 
países ocidentais executaram o massacre, mas porque muitos 
outros foram aliados ativos ou passivos ou porque permitiram 
que o antissemitismo se estabelecesse entre os seus cidadãos. 
Enquanto o genocídio nazista estava sendo perpetrado, vários 
países limitaram a entrada de judeus e alguns chegaram a 
169
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
rejeitar navios com judeus que precisavam de um refúgio. Viviane 
Forrester, autora do livro O crime ocidental, afirma que os países 
da Europa deixaram os judeus “presos na ratoeira hitleriana” 
para, depois da guerra, “isolá-los em campos de refugiados”.
Na própria Palestina, as autoridades britânicas restringiram 
as cotas de imigração ao mínimo, para evitar conflitos com a 
população árabe - cuja liderança, por outro lado, tomara o 
partido dos nazistas.
Esse sentimento de “culpa” ajudou a somar votos para 
aprovar o Plano de Partilha da Palestina, em novembro de 
1947. A pergunta hipotética seria: Sem o Holocausto, teria sido 
formado um Estado judeu? Certamente sim, porque essa 
realidade estava em vias de construção pelas ações 
sionistas no terreno.
109 - É justo afirmar que a “culpa” pelo Holocausto 
explica a indulgência atual em relação ao Estado de 
Israel?
A narrativa árabe ou a narrativa pró-palestina geralmente 
contém dois argumentos: os palestinos “pagaram o preço” pelo 
Holocausto europeu, enquanto Israel goza de impunidade por ter 
sido vítima desse genocídio.
É importante ter em mente que os palestinos não foram 
alheios ao Holocausto. A liderança palestina, liderada 
por Hajj Amin Al-Husseini, foi uma aliada ativa dos 
nazistas, promovendo o assassinato de judeus. Desde o 
pedido de construção de câmaras de gás em Emek Dotan até a 
tentativa de contaminar as águas de Tel Aviv.
Para avaliar se há indulgência em relação a Israel, devemos 
comparar o tratamento que se dá às ações de Israel comparado 
com o que se dá a ações de outros protagonistas, tanto na 
política internacional quanto nos meios de comunicações. Na 
Organização das Nações Unidas (ONU), há um viés acusatório 
e não-indulgente muito claro em relação a Israel. Algumas 
170
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
agências, como o Conselho de Direitos Humanos da 
ONU, deveriam envergonhar toda e qualquer pessoa 
decente da Terra.
Nos meios de comunicação, basta comparar a abrangente 
cobertura das operações israelenses em Gaza com a cobertura 
quase inexistente de mais de meio milhão de mortes e milhões 
de refugiados na Síria, as mortes étnicas em Darfour ou à falta 
de divulgação da perseguição a homossexuais, mulheres ou 
cristãos nos mesmos países que desejam destruir Israel, para 
rejeitar essa acusação de suposta “indulgência”. Existem meios 
de comunicação que ganharam certo prestígio nefasto por 
demonizarem Israel. A grande maioria dos meios de comunicação 
da Espanha é um exemplo claro do viés obsessivo contra Israel.
Para dizer a verdade, a pergunta deveria ser outra: A 
obsessão que a maioria dos países das Nações Unidas mostra 
em relação a Israel, ou a que nos apresentam os principais meios 
de comunicação do mundo não é uma demonstração de que 
as lições do Holocausto não foram assimiladas como 
era de se esperar?
110 - É verdade que entre a Declaração 181 e a 
independência de Israel houve uma guerra civil?
A primeira etapa da Guerra da Independência foi um 
confronto civil entre os árabes locais e os judeus do Mandato 
Britânico, que durou desde o dia da partilha até a independência 
de Israel (em 14 de maio de 1948).
No dia seguinte à Declaração 181 (que foi em 29 de 
novembro de 1947), sete judeus foram mortos por árabes em três 
incidentes isolados: às oito da manhã, três árabes atacaram um 
ônibus que ia de Netanya a Jerusalém, matando cinco passageiros 
judeus. Depois disso, um novo ataque em um ônibus causou outra 
morte e, para terminar o dia, um novo assassinato em Yafo.
Em Jerusalém, o Supremo Comitê Árabe proclamou uma 
greve geral de três dias, que ganharia força na oração de sexta-
171
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
feira, no dia 2/12/1948. Os ataques se intensificaram e no dia 
11/12/1947, o correspondente do jornal The Times em Jerusalém 
estimou o número de mortos em cerca de 130, dos quais cerca de 
70 eram judeus, 50 eram árabes e 4 eram britânicos.
A guerra civil concentrou-se na luta pelo controle de 
estradas e em torno das cidades isoladas e mistas. O combate 
nas cidades mistas (Haifa, Safed ou Tiberíades) foi caracterizado 
por tiros e ataques de franco-atiradores árabes. As forças judaicas 
fizeram um esforço considerável para manter contato com os 
assentamentos isolados, enviando comboios. O mês de março de 
1948 foi muito difícil nas estradas, com o ataque ao comboio de 
Nebi Daniel (15 mortos e 40 feridos) ao retornar de Gush Etzion, 
ou ao comboio para Yechiam (46 mortos) a caminho do kibutz.
As mortes desse mês suscitaram dúvidas sobre a capacidade 
da comunidade judaica de se defender, o que levou à apresentação 
de propostas para estabelecer um regime de protetorado na 
Palestina ou novas reconsiderações perante a ONU. Os judeus 
decidiram, em vez disso, executar o Plano Dalet.
111 - O que é o Plano Dalet?
Em muitas ocasiões, esta operação é apresentada com um 
certo halo místico negativo. Os historiadores palestinos falam 
de um plano para executar uma “limpeza étnica”, por meio de 
expulsãosistemática, saques, incêndios etc.
O Plano Dalet (D) foi desenvolvido para controlar 
todas as áreas designadas para o Estado judeu pelo 
Plano de Partilha, a fim de se preparar para uma invasão 
dos países árabes assim que a independência fosse 
declarada. É uma reação da liderança judaica a dois desafios: 
o surgimento de ideias como o Protetorado e as terríveis baixas 
após os ataques contra os comboios (em março de 1948).
O Plano D incluiu a mobilização e organização de forças 
judaicas em brigadas e o estabelecimento de objetivos para 
assumir o controle de áreas onde havia concentrações de judeus 
172
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
(inclusive as localizadas fora das fronteiras), criando blocos 
de assentamentos e dominando áreas fundamentais diante da 
esperada invasão árabe. A premissa era evitar um confronto 
com as forças britânicas ainda estacionadas em Israel.
O problema mais urgente era que Jerusalém (e os seus 
100 mil judeus) ainda estava bloqueada pelas forças árabes 
locais. Para liberar o acesso, executou-se a Operação Nachshon 
(no dia 4 de abril de 1948), quando, pela primeira vez, forças 
de uma brigada se concentraram como se fossem um exército 
regular, com armas recentemente chegadas da Tchecoslováquia 
e, além disso, se tomava a iniciativa.
Essa iniciativa judaica continuou, e durante abril e meados 
de maio de 1948, Tiberíades, Haifa, Yafo e Safed (todas cidades 
designadas a ficarem na área do partilha destinada aos judeus) 
ficaram sob o seu domínio.
O fator árabe local foi derrotado, a liderança se desintegrou 
e a maioria dos líderes fugiu. Um movimento de fuga começou a 
transformar os árabes em refugiados, e os árabes locais deixaram 
de ser uma verdadeira força militar. Os judeus alcançaram a 
maior parte dos objetivos do Plano Dalet.
112 - Ocorreram atos de terrorismo durante a 
guerra civil de 1948?
Os árabes executaram três grandes massacres de judeus. 
O primeiro (no dia 31/12/1947), quando centenas de árabes 
massacraram 40 trabalhadores judeus (seus colegas de trabalho) 
nas refinarias de Haifa. O massacre foi precedido por um ataque 
do Irgun, no qual seis árabes foram mortos depois de ser jogada 
sobre eles uma lata de explosivos. Em resposta, a Haganá atacou 
as aldeias árabes de Balad Al-Sheikh e Hawassa, matando 
cerca de 60 árabes. A Haganá também começou a sequestrar 
e torturar soldados do Irgun, matando um deles, Yedidia Segal.
O segundo caso foi o massacre do comboio médico do 
Hadassah (no dia 13/4/1948), perpetrado por forças árabes 
173
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
que emboscaram um comboio civil com suprimentos médicos e 
pessoal para o Hospital Hadassah do Monte Scopus (localizado 
ao norte de Jerusalém). Setenta e nove judeus, a maioria médicos 
e enfermeiras, foram mortos no ataque, o que também foi 
interpretado como uma retaliação pelo Massacre de Deir Yassin.
O terceiro massacre foi o de Kfar Etzion (no dia 13/5/1948), 
quando uma força combinada da Legião Árabe e árabes locais 
mataram os 129 residentes judeus e os soldados da Haganá que 
defendiam o kibutz. Martin Gilbert afirma que quinze prisioneiros 
foram assassinados depois de se renderem. Outros falam de 
números maiores. Aparentemente, foi uma vingança pelo que 
aconteceu mais cedo em Deir Yassin e pela destruição de uma 
de suas aldeias vários meses antes.
Do lado judaico, o historiador Benny Morris afirma que 
as forças israelenses capturaram Jish (Gush Chalav) no dia 
29/10/1948, durante a Operação Hiram, e depois de “uma batalha 
muito dura”, dez prisioneiros de guerra marroquinos, além de 
alguns aldeões, entre eles uma mulher e o seu bebê (totalizando, 
talvez, 50 pessoas), foram mortos por soldados israelenses. O 
primeiro-ministro israelense, David Ben-Gurion, ordenou uma 
investigação, mas nenhum soldado foi levado a julgamento.
Os restos da ambulância queimada no caminho ao Hadassah
174
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
113 - O que aconteceu na vila árabe de Deir 
Yassin?
A ONU decidiu que Jerusalém (e Belém) seria uma cidade 
internacional, enquanto 100.000 judeus (2.500 da Cidade Velha) 
sofriam um bloqueio árabe. A vila de Deir Yassin, localizada em 
uma colina na entrada de Jerusalém, foi usada para atacar os 
comboios de socorro judaicos.
A liderança oficial judaica aprovou o ataque a Deir Yassin 
(no dia 9/4/1948). David Shaltiel, comandante da Haganá, 
escreveu aos líderes do Irgun-Lechi: “Soube que vocês estão 
planejando atacar Deir Yassin. Quero ressaltar que a captura 
da posição é uma etapa do nosso plano geral. Não tenho 
nenhuma objeção quando à realização da operação, desde 
que possam ocupar a aldeia”. Cento e trinta e dois soldados 
do Irgun-Lechi atacaram dezenas de árabes armados que se 
escondiam entre 750 civis. Muitos combatentes, incluindo 
soldados iraquianos, se disfarçaram de mulher para atirar nos 
soldados judeus.
As forças do Irgun-Lechi tentaram avisar os civis que 
eles seriam atacados para afugentá-los e fizeram isso com um 
caminhão e alto-falantes. Aparentemente, o caminhão teria 
caído em uma vala e não foi ouvido. No dia do ataque, às 9h30, 
cinco horas depois de ter dado início ao fogo, o Lechi evacuou 40 
idosos, mulheres e crianças, e os levou para uma base em Sheikh 
Bader. Por que eles os salvariam se estivessem planejando um 
massacre?
Um estudo da Universidade Palestina de Bir Zeit, baseado 
em testemunhos árabes, afirma que 107 civis foram mortos e 
12 ficaram feridos, além de 13 “combatentes”. Quatro judeus 
morreram.
As autoridades judaicas oficiais repudiaram as ações de 
Deir Yassin e as usaram para desacreditar seus rivais ideológicos. 
Os árabes as exageraram para que os países vizinhos enviassem 
mais forças contra os judeus. O caso de Deir Yassin fez com 
175
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
que muitos árabes-palestinos se convencessem de que 
realmente havia ocorrido um massacre, decidindo, 
portanto, fugir das áreas de combate.
114 - O que é o plano de protetorado para adiar a 
independência de Israel?
É comum ouvir que o lobby judaico nos Estados Unidos 
controla a política local. Vamos ver um exemplo claro do oposto. 
Os Estados Unidos estavam prestes a desistir de apoiar 
o Plano de Partilha de novembro de 1947, quando ele 
já havia sido aprovado.
Os duros acontecimentos de março de 1948 levaram a uma 
mudança na política dos Estados Unidos. O Departamento de 
Estado começou a promover a ideia de que os judeus de Israel 
ainda não estavam prontos para a independência, propondo 
suspender a implementação do plano de partilha. Eles temiam 
que a comunidade judaica não fosse capaz de resistir a uma 
invasão árabe maciça.
Em março de 1948, os Estados Unidos exigiram uma nova 
discussão na Assembleia Geral sobre a questão de Israel. Essa 
mudança na política dos Estados Unidos teve como 
base outras razões: o Departamento de Estado temia 
que, se os Estados Unidos apoiassem a execução 
do plano de partilha, os laços com o mundo árabe e 
muçulmano fossem se comprometer, fazendo com 
que o país perdesse os direitos sobre o petróleo e as 
companhias aéreas do Oriente Médio.
A tensão entre o bloco ocidental e oriental, no âmbito da 
Guerra Fria, começou a aumentar durante esse ano, levando os 
americanos a executar movimentos de Realpolitik.
Em março de 1948, os Estados Unidos afirmam que, até 
que uma solução política adequada fosse alcançada, um regime 
temporário de segurança liderado pelas Nações Unidas deveria 
ser imposto. O estabelecimento de um regime de protetorado 
176
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
significava adiar o estabelecimento do estado judeu por um 
período de tempo indeterminado.
Os líderes do movimento sionista se opuseram a isso, 
assim como a União Soviética, que continuava a apoiar o 
estabelecimento de Israel. O desenlaceem direção à guerra e a 
decisão da liderança sionista motivaram o abandono da ideia de 
protetorado.
115 - Por que Israel declara sua independência no 
dia 14 de maio de 1948?
A liderança judaica estava em dúvida quanto a se devia ou 
não declarar a independência. Alguns estavam convencidos de 
que o exército judaico não seria capaz de lidar com um ataque 
árabe, sugerindo adiar a declaração, aceitando o protetorado 
proposto pelos Estados Unidos. Outros aconselhavam a 
formar um novo “Mandato Internacional”, por dois ou três 
anos, até que a situação se esclarecesse e se chegasse a uma 
estabilização da área. O Chefe do Estado-Maior (de fato) do 
futuro exército israelita, Yigael Yadin, disse a David Ben-Gurion 
que a possibilidade de vencer diante de uma invasão árabe era 
de “50% -50%”.
Surpreendentemente, os britânicos decidiram não cooperar 
com o plano de partilha da Organização das Nações Unidas (a 
ONU), retirando as suas forças no dia 15/5/1948, à meia-noite 
(eles deviam partir no dia 1/8/1948). Desse modo, os britânicos 
pretendiam manter a sua influência e a dependência dos judeus 
à coroa britânica. O curioso é que esse dia era Shabat (dia de 
descanso dos judeus) e nenhum judeu trabalhava no porto. Também 
não seria possível declarar a independência nesse sábado. A 
escolha da sexta-feira e a precipitação da retirada britânica foram 
interpretadas como mais um sinal das intenções imperialistas e da 
permanência do governo de sua “Graciosa Majestade”.
Na sexta-feira, dia 14/5/1948, às 16h00, no salão 
principal do museu da rua Rothschild, em Tel Aviv, a liderança 
177
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
provisória da comunidade judaica se reuniu. Em um ato breve e 
simples, e apesar das várias ameaças árabes, a Independência 
do Estado de Israel foi declarada. Essa declaração começaria a 
valer à meia-noite do dia 15/5/1948. A posição de quem seria 
o primeiro premier de Israel, David Ben-Gurion, prevaleceu (6 
representantes da Administração do Povo votaram a favor, 4 
votaram contra e 3 se abstiveram). A oportunidade de recuperar 
a independência judaica na terra de Israel devia ser aproveitada.
David Ben-Gurion lê a Declaração de Independência de Israel
116 - O que diz a Declaração de Independência 
de Israel?
A Declaração de Independência de Israel é um texto curto, 
dividido em três partes. A primeira seção é “histórica” e analisa a 
formação do povo judeu, a sua contribuição para a humanidade, 
as calamidades sofridas e o surgimento do sionismo. Esta 
seção expõe o direito judaico à terra de Israel, selado com o 
reconhecimento dado pela Organização das Nações Unidas (a 
ONU) na partilha do mês de novembro do ano de 1947.
178
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
A segunda parte é a seção “operativa”, onde é explicado 
que o Conselho do Povo (o parlamento de 39 pessoas) declarou 
o fim do Mandato Britânico, anunciando em seu lugar um Estado 
judeu em Eretz Israel, que será conhecido com o nome de 
ESTADO DE ISRAEL. Eles anunciaram que até outubro de 1948 
se apresentaria uma Constituição e, com base nela, haveria 
eleições. Além disso, o Conselho do Povo seria conhecido a 
partir de agora como “Conselho Temporário do Estado”, e o seu 
órgão executivo, a Administração do Povo, seria o “Governo 
Provisório do Estado Judeu”.
A terceira parte é a seção “declarativa” e detalha todos os 
valores positivos que o Estado de Israel assume como um país 
democrático, fazendo um apelo especial à paz e coexistência 
com os vizinhos árabes e locais.
Os signatários da Declaração não foram unânimes 
em relação ao o conteúdo escrito por David Ben-Gurion. Por 
exemplo, os judeus ortodoxos se opuseram a que se escrevesse 
“Tzur Israel” em vez de citar a presença e proteção de Deus. Os 
representantes leigos rejeitavam todo e qualquer tipo de alusão 
religiosa.
O abandono da Palestina pela Grã-Bretanha produziu um 
vazio político e legal. A Declaração veio preencher essa lacuna. 
Ela anuncia que a partir do dia 15 de maio de 1948, à meia-
noite, outro Estado, conhecido como Israel, começa a governar. 
A Declaração é a que anuncia formalmente que nasceu o Estado 
de Israel.
117 - A Declaração de Independência de Israel é 
uma lei?
Depois de declarar a independência do Estado de Israel, 
começaram as discussões sobre se a declaração deveria ser 
vista como uma Constituição ou um texto histórico-educacional. 
Em 1953, apareceu em um jornal comunista israelense “Kol Ha-
Am” (A Voz do Povo) uma notícia falsa que afirmava que Israel 
179
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
cederia aos Estados Unidos 200.000 soldados para lutar contra 
a União Soviética. O ministro do Interior decidiu fechar o jornal, 
acusando-o de ameaçar a paz pública. O Supremo Tribunal 
de Justiça determinou que não estava claro que a paz 
pública estava em perigo, de modo que, na ausência 
de uma lei formal e diante da possibilidade de duas ou 
mais interpretações, a lei deve ser decidida segundo 
o espírito da Declaração de Independência, na qual se 
garante a liberdade de expressão.
Como podemos ver, quando não há uma lei e tampouco 
podemos adotar como referência a jurisprudência, a lei deve ser 
decidida segundo o espírito da Declaração de Independência, 
embora esta não seja uma Constituição formal. Se houver 
uma lei que contradiga formalmente aspectos da 
seção declarativa e que, ao mesmo tempo, não seja 
contrária a uma lei superior, essa lei valeria mais do 
que a Declaração de Independência.
O caso a seguir confirma o explicado anteriormente. Um 
casal de um kibutz do movimento juvenil Ha-Shomer Ha-Tzair se 
casou na presença de duas testemunhas sem um rabino e sem 
assinar a ata religiosa. Ou seja, eles se casaram à sua maneira. 
A família, agora Rogozinsky, pediu à justiça que reconhecesse 
o seu casamento. A justiça decidiu que, segundo a Lei dos 
Tribunais Nupciais Religiosos de 1953, a autoridade competente 
para todos os assuntos relacionados a casamentos ou divórcios 
é o Tribunal Rabínico. Portanto, embora possa parecer injusto, a 
família Rogozisnky deve se casar pelo rabinato se quiser que seu 
matrimônio seja legalmente reconhecido.
118 - Por que Israel não adotou uma Constituição, 
e o que é uma Lei Básica?
Israel não tem uma Constituição escrita (formal), mas 
uma “material”. Uma Constituição material também lida com as 
funções e limitações dos Poderes do Estado, e com os direitos 
180
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
e obrigações do cidadão, mas todas essas leis não estão unidas 
em um texto chamado “Constituição”.
A Declaração de Independência de Israel expressa o 
desejo de apresentar uma Constituição formal. A eleição da 
Assembleia Constituinte só ocorreu em fevereiro de 1949, 
e não como ditado pela referida Declaração em outubro de 
1948, devido à guerra com os países árabes. A Assembleia 
Constituinte ditou a “Lei de Transferência de 1949” (Chok 
HaMaavar de 1949) que estabelece que o Poder Legislativo 
em Israel será chamado de Knesset (Parlamento) e que ela 
era a “Primeira Knesset”. Desta forma, não se apresentava 
uma Constituição conforme estabelecido pela Declaração de 
Independência.
Entre aqueles que se opunham a uma Constituição escrita 
estavam os partidos religiosos (para eles, a única lei suprema 
era a Halachá, ou seja,a Lei Religiosa), e David Ben-Gurion, que 
argumentava que o conflito tornava difícil ditar normas supremas 
para tempos de paz, se o país se encontrava em estado de 
guerra.
A discussão continuou até dia 13 de junho de 1950, quando 
o deputado do Partido Progressista Izahar Harari conseguiu 
aprovar a sua proposta de que uma secretaria da Knesset 
assumisse o papel da Assembleia Constituinte e preparasse 
uma Constituição, mas “por etapas”. A Knesset aprovaria essas 
“Leis Básicas” (chamadas de Chukei Iessod).
As Leis Básicas são escritas no estilo de uma Constituiçãoe no futuro serão superiores às leis comuns. Se existir uma 
lei comum que contradiz uma Lei Básica, vale a lei que se 
apresentou por último, mas durante dois anos. Existem artigos 
“blindados” (Meshurianim) e para mudá-los, deve haver maioria 
de um número especial de deputados. Até agora, Israel emitiu 
14 Leis Básicas.
119 - Como se desenvolveu a Guerra da 
Independência de 1948?
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
O secretário-geral da Liga Árabe, Azzam Pashá, ameaçou: 
“Pessoalmente, eu espero que os judeus não nos forcem à guerra, 
porque seria uma guerra de extermínio e um massacre terrível, 
comparável aos estragos dos mongóis e das Cruzadas”. O futuro 
chefe da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), 
Ahmed Shukeiri, disse que a invasão buscava “a eliminação do 
Estado hebreu”, e a Universidade Islâmica do Cairo proclamou a 
Guerra Santa contra o sionismo.
Depois de declarar sua independência, Israel é invadido 
pelo Líbano, Síria, Jordânia, Iraque, Arábia Saudita e Egito. 
O melhor exército árabe era o jordaniano, comandado pelo 
general britânico John Baggot Glubb e armado pelos próprios 
britânicos.
Embora os Estados Unidos apoiassem fortemente a 
resolução de partilha, o Departamento de Estado não quis 
fornecer armas aos judeus. No dia 5 de dezembro de 1947, 
os Estados Unidos impuseram um embargo de armas à 
região. Ao longo da guerra, Israel consegue comprar armas da 
Tchecoslováquia com a aprovação da União Soviética.
A guerra de 1948 foi dividida em três etapas: 1) Do 
dia 15/5/1948 ao dia 11/6/1948. Invasão de seis exércitos 
árabes e uma postura defensiva por parte de Israel. 2) Do dia 
9/7/1948 ao dia 18/6/1948. Após o cessar-fogo, o Tzahal 
ataca os exércitos árabes, tomando a Galileia inferior e o 
caminho para Jerusalém. 3) De julho de 1948 a julho de 1949. 
Os árabes se rendem, e, no processo, Israel executa planos 
para proteger seus civis, dominando os terrenos de onde o país 
era atacado.
Israel derrota os exércitos árabes, expande seu território 
no âmbito de uma guerra defensiva, pagando um preço doloroso: 
1% de sua população morre em combate (6.373 pessoas, 2.373 
delas civis). Territórios destinados ao estado árabe são ocupados 
pelo Egito (Gaza) e pela Jordânia (Cisjordânia), mas ninguém 
protesta nem se queixa dessa injustiça.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Plano de ataque árabe publicado na imprensa árabe
120 - Por que Israel derrota os exércitos árabes 
invasores durante a guerra de 1948?
Porque os civis judeus não tinham outra escolha: ou 
venciam, ou eram mortos e expulsos. Do ponto de vista 
estritamente militar, os árabes foram derrotados por sua falta 
183
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
de coordenação. Não é a mesma coisa lutar pela sobrevivência, 
como fizeram os judeus, e atacar alguém motivado por objetivos 
“abstratos” e guiado por líderes corruptos.
Os judeus estavam mal preparados para a guerra de 1948. 
A Haganá tinha 6 divisões (Golani, Guivati, Carmeli, Alexandroni, 
Kiriati e Etzioni) e três outras divisões do Palmach (Harel, Yftach 
e Ha-Neguev). Durante a guerra, formaram outras três divisões 
e uma pequena força aérea (força 101). 6.373 israelenses 
morreram na guerra, 4.000 soldados e 2.373 civis. Eles lutaram 
contra 20.000 egípcios, 18.000 iraquianos, 5.000 sírios, 13.000 
jordanianos e outros.
O número exato de mortos árabes em 1948 é desconhecido. 
Segundo estimativas, morreram 2.000 egípcios, 1.000 sírios, 
1.000 jordanianos, 500 iraquianos, 500 libaneses e mais 3.000 
árabes da Palestina, totalizando 8.000 pessoas. De acordo 
com Aref El-Aref, que também inclui as mortes provocadas por 
disputas entre clãs árabes palestinos, o total é de 17.000 mortos 
(13.000 deles árabes da Palestina). Inclui os acertos de contas 
entre diferentes clãs árabes e palestinos, porque na guerra 
direta contra Israel morreram 3.000!
Os países árabes assinaram acordos de armistício com 
Israel em 1949, começando pelo Egito (no dia 24/2/1949), 
seguido pelo Líbano (no dia 23/3/1949), Jordânia (no dia 
3/4/1949) e Síria (no dia 20/7/1949). O Iraque foi o único país 
que não assinou um acordo com Israel. As linhas de cessar-
fogo eram acordos militares de armistício e não fronteiras 
reconhecidas, embora, no caso do Líbano, a linha de cessar-fogo 
tenha sido estabelecida na fronteira internacional de 1923 e, no 
caso do Egito (em parte), a linha de cessar-fogo passasse pela 
fronteira de 1906 (com exceção da ocupação egípcia da Faixa 
de Gaza).
184
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
121 - É verdade que os árabes foram 
deliberadamente expulsos durante a guerra de 1948, 
transformando-se em refugiados?
Durante anos, a historiografia israelense assegurou que 
os refugiados palestinos haviam fugido guiados por seus líderes, 
que pediam “que se permitisse a passagem dos exércitos que 
destruiriam os judeus”. O historiador Efraim Karsh resume: 
“Todos em 1948 sabiam que os árabes atacaram os judeus, 
foram derrotados e fugiram. Então, na década de 1950, eles 
tentaram apagar sua culpa inventando assassinatos” (filme”A 
Maldição de Adriano”).
Por outro lado, a narrativa palestina garante que “todos 
foram expulsos para realizar uma limpeza étnica planejada com 
antecedência”.
Um pioneiro em colocar as coisas em perspectiva foi 
Benny Morris, que em seus livros “O nascimento do problema 
dos refugiados palestinos 1947-1949” (de 1988 e revisado em 
2004) e “1948” afirma que houve uma combinação de razões: 
ataques Israelenses e de grupos clandestinos que assustaram 
os árabes, expulsões e a aceitação de ordens de evacuação 
emitidas por líderes árabes. Em “1948”, Morris argumenta 
que não havia política de expulsão, embora o alto comando 
israelense tenha ordenado expulsões perante ataques locais. 
“Não há documentos para afirmar isso (uma expulsão 
intencional) e aparentemente não havia tal plano” 
(Morris em “A Maldição de Adriano”).
A Organização das Nações Unidas afirma que os refugiados 
de 1948 foram 711.000 pessoas. De acordo com Morris, os árabes 
ricos ou acomodados (75.000-100.000) fugiram voluntariamente 
(de novembro de 1947 a março de 1948), repetindo o padrão da 
revolta de 1936-1939 e deixando sua comunidade acéfala. Em 
abril-julho de 1948, outros 300.000 seguem seus líderes e não 
há assédio israelense contra eles. Em julho de 1948, 100.000 
pessoas foram expulsas de áreas estratégicas (Lod, Ramle).
186
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Por que um árabe-palestino fugiria da zona de combate? 
Possivelmente por medo. Talvez porque eles tenham 
assumido que os israelenses fariam com eles o que eles 
fizeram em seus massacres passados, como acontece 
quando executam vinganças entre clãs árabes.
122 - Existem testemunhos de líderes árabes 
que confirmam que sua liderança passada causou o 
problema dos refugiados palestinos?
Em suas memórias (1972), o ex-primeiro-ministro sírio 
Khaled Al-Azam escreveu: “Desde 1948, somos nós que exigimos 
o retorno dos refugiados. (...) Embora tenhamos feito com que 
eles se fossem, causamos a desgraça dos refugiados árabes, 
instigando-os e pressionando-os a sair.(...) Nós os acostumamos 
a mendigar. (...) Participamos da redução de sua moral e de seu 
nível social. (...) Então, nós os exploramos para que cometessem 
assassinatos, provocassem incêndios, tudo isso a serviço de 
propósitos políticos”.
Um líder do Comitê Nacional Árabe de Haifa, Hajj Nimer 
el-Khatib, disse que os soldados árabes em Yafo maltratavam 
os moradores. “Eles roubavam pessoas e casas. A vida tinha 
pouco valor e a honra das mulheres era violada. Esse estado de 
coisas levou muitos moradores [árabes] a deixar a cidade sob a 
proteção dos tanques britânicos”.
Há muitos testemunhossobre a fuga dos árabes da 
Palestina com motivação própria. No dia 30 de janeiro de 
1948, o jornal Ash Shaab de Yafo relatou: “Os primeiros da 
nossa quinta coluna são aqueles que abandonam as suas casas 
e os seus negócios e se mudam para outros lugares. Diante 
dos primeiros sinais de problemas, eles dão no pé, para evitar 
compartilhar o peso da luta”. Outro jornal de Yafo, As Sarih 
(de 30 de março de 1948), criticou os camponeses árabes 
das redondezas de Tel Aviv por “envergonhar todos nós, 
abandonando as suas aldeias”. Agora os palestinos e os seus 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
aliados reescrevem a história por razões políticas, auxiliados 
por certos acadêmicos.
O Comitê Nacional Árabe de Jerusalém, seguindo as 
instruções do Supremo Comitê Árabe (8/3/1948), ordenou 
que mulheres, crianças e idosos de várias partes de Jerusalém 
deixassem as suas casas: “Qualquer oposição a esta ordem (...) é 
um obstáculo para a guerra santa (...) e dificultará as operações 
dos combatentes nesses distritos”(“1948 “, Benny Morris).
123 - Há mais testemunhos de líderes árabes que 
assumem sua culpa pelo problema dos refugiados 
palestinos?
“Os estados árabes encorajaram os árabes da Palestina a 
deixar as suas casas, temporariamente, para não atrapalhar os 
exércitos árabes invasores”, publicou o jornal jordaniano Falestín 
(no dia 19 de fevereiro de 1949).
O rei Abdullah da Jordânia, em suas memórias, culpou 
os líderes palestinos pelo problema dos refugiados: “A 
tragédia dos palestinos foi que a maioria de seus líderes ficou 
paralisada com falsas e infundadas promessas de que eles não 
estavam sozinhos, que 80 milhões de árabes e 400 milhões 
de muçulmanos, instantânea e milagrosamente, viriam em seu 
socorro”. “Os exércitos árabes entraram na Palestina para 
proteger os palestinos da tirania sionista, mas, em vez de fazer 
isso, eles os abandonaram, forçando-os a emigrar e deixar a sua 
terra natal” (Falastin A-Thaura, março de 1976).
A revista The Economist informou no dia 2 de outubro de 
1948: “Dos 62 mil árabes que anteriormente viviam em Haifa, não 
sobraram mais de 5 mil ou 6 mil. Vários fatores influenciaram na 
fuga. Não resta muita dúvida de que os fatores mais poderosos 
foram os anúncios de rádio feitos pelo Supremo Executivo Árabe, 
pedindo aos árabes que partissem.(...) O recado foi claro e 
objetivo: os árabes que permanecessem em Haifa e aceitassem 
a proteção dos judeus seriam considerados traidores”.
188
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
John Baggot Glubb, comandante da Legião Árabe da 
Transjordânia, disse: “As aldeias (árabes) eram frequentemente 
abandonadas, mesmo antes de serem ameaçadas pelo avanço 
da guerra”.
Os testemunhos de 1948 (e imediatos) confirmam 
claramente que a vasta maioria dos árabes fugiu motivada 
por seus próprios líderes e pelo medo natural da guerra e das 
“vinganças tribais” que eles acreditavam que ameaçariam as 
suas vidas. Ao longo dos anos, o problema dos refugiados 
palestinos exigiu uma nova narrativa e uma nova 
versão da história, de modo a adaptá-la à necessidade 
da demonização de Israel.
124 - Há testemunhos individuais de que os 
árabes-palestinos não foram expulsos em 1948?
Estão disponíveis dezenas de testemunhos que demonstram 
casos de abandono voluntário em vários lugares durante a 
Guerra de 1948 (esses testemunhos podem ser encontrados em 
https://www.youtube.com/watch?v=JxfJxuOWAz0).
Fuad Khader, do povoado de Bir Ma’in (no centro de Israel), 
disse à TV jordaniana: “Fomos embora. Os que nos fizeram partir 
eram do exército jordaniano, porque eles iam para a batalha, 
e nós estaríamos sob os seus pés. Eles nos disseram: ‘Saiam. 
Em duas horas, vamos derrotá-los, e então vocês podem voltar’. 
Saímos somente com a roupa do corpo, não levamos mais nada, 
porque a ideia era que voltássemos em duas horas. Por que levar 
as coisas? Ainda estamos esperando essas duas horas até hoje”.
Um refugiado de Ein Karem (Jerusalém) conta: “As 
estações de rádio dos regimes árabes viviam dizendo para 
nós: ‘Saiam da frente de batalha. Dentro de dez dias, ou pelo 
menos duas semanas, nós vamos trazer vocês de volta para Ein 
Karem’. E nós dissemos a nós mesmos: ‘Isso é muito tempo, 
duas semanas é demais’. Isso foi o que pensamos no momento, 
e já se passaram cinquenta anos”.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Vejamos agora o que diz o principal interessado 
no problema, o presidente da Autoridade Palestina 
(AP), Mahmoud Abbas, que, durante a guerra de 
1948, fugiu de sua casa em Safed (Tzfat). Abbas contou 
à TV palestina: “O Exército de Salvação (árabe) se retirou da 
cidade (de Safed) no ano de 1948, fazendo com que o povo 
árabe começasse a emigrar de Safed, assim como aconteceu 
em Hebron. As pessoas estavam com medo de que os judeus 
se vingassem do massacre perpetrado pelos árabes em 1929 
(Nota: Sessenta e cinco judeus foram mortos em Hebron, 
dezoito judeus de Safed). No ano de 1948, as pessoas foram 
vencidas pelo medo, o que fez com que elas saíssem da cidade 
de maneira desordenada”.
125 - Há mais testemunhos de que os árabes-
palestinos não foram expulsos em 1948?
O ex-parlamentar jordaniano Talal Abu Ghazaleh, que 
deixou Yafo (Jaffa) durante a guerra de 1948, disse: “Carros 
com megafones circulavam pelas ruas, exigindo que as pessoas 
saíssem para que os combates pudessem ter sucesso. Eles 
falavam conosco em árabe para que saíssemos das nossas 
casas: ‘Nós – os palestinos, os combatentes – queremos lutar, 
e não queremos que nos impeçam, por isso lhes pedimos que 
deixem a cidade (Jaffa) imediatamente’. Todos nós – eu, a minha 
família e os outros – fomos embora como pudemos. Fomos até o 
porto e embarcamos em um navio”.
Asmaa Jabir Balasimah escreveu em suas memórias por 
que ele foi embora de Kfar Saba (cidade do centro de Israel): 
“Ouvimos sons de explosões e tiros no início do verão do ano da 
Nakba (1948). Disseram-nos que os judeus estavam atacando a 
nossa região e que era melhor evacuar a cidade e retornar depois 
que a batalha terminasse. E, de fato, entre nós, houve pessoas 
que deixaram a panela no fogo, pessoas que deixaram para trás 
os seus rebanhos de ovelhas e pessoas que largaram todo o seu 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
dinheiro e todo o seu ouro, presumindo que voltaríamos depois 
de algumas horas”.
Outro testemunho vem de Gaza, de uma pessoa que deixou 
o povoado sulista de Majdal (hoje em dia Ashkelon): “O meu avô 
e o meu pai me disseram que, durante a Nakba, o nosso oficial 
distrital havia emitido uma ordem dizendo que quem ficasse na 
Palestina e em Majdal seria considerado traidor. Aquele que deu 
a ordem proibindo-os de ficar é culpado disso, nesta vida e na 
próxima, ao longo de toda a história, até o Dia da Ressurreição. 
Porque eu fui embora de Dir Al-Qasi (norte de Israel). Disseram-
nos que voltaríamos ‘em uma ou duas semanas’”. Foi o que eles 
testemunharam na época. Hoje, eles reescrevem essa história.
126 - Podemos receber “mais confirmações” de 
que os árabes-palestinos não foram expulsos em 1948?
O jornalista jordaniano Jawad Al-Bashiti conta: “Na 
Nakba Palestina, a primeira guerra entre os árabes e Israel havia 
começado, e o Exército de Salvação Árabe disse aos palestinos: 
‘Viemos até vocês para exterminar os sionistas e os seus 
estados. Deixem as suas casas e as suas aldeias. Vocês voltarão 
para lá em segurança dentro de poucos dias’”. Mahmoud Al-
Habbash acrescenta: “Os líderes e as elites nos prometeram, no 
início da Nakba no ano de 1948, que o exílio não seria por muito 
tempo, e que não duraria mais do que alguns dias ou meses, e 
então os refugiados voltariam para as suas casas. Casas que 
muitos deles não abandonaram até que acreditaram nas falsas 
promessas feitas pelos líderes e pelas elites políticas”.
Mais uma vez, o presidente da Autoridade NacionalPalestina (originalmente de Safed), Mahmoud Abbas, disse: 
“Para ser sincero, nós estávamos assustados. Minha família 
decidiu – eu era o mais velho dos que saíram com a mulher do 
meu irmão e seus dois filhos – que eles não nos expulsariam. 
(...) Eu só tinha 2 pares de sapatos, um par novo e um já velho. 
Eu disse: ‘Vou com meus sapatos velhos e deixo os novos para 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
quando eu voltar’. Saímos com a esperança de que voltaríamos. 
Eles nos levaram para o leste de Safed, para o rio Jordão”.
Ali Muhammad Karake confessou: “Quando ouvimos a 
notícia de que os judeus estavam perto da aldeia, o Exército de 
Salvação Árabe – que Allah os proteja – veio e nos disse: ‘Saiam 
da cidade para que isso não aconteça com vocês, como em Deir 
Yassin: Saiam, mas não se afastem muito da cidade, porque 
eles (os judeus) farão uma visita curta à cidade’. As pessoas 
saíram sem nada, não levaram nem mesmo pão, e foram para as 
montanhas, onde lhes deram tendas de campanha”.
127 - Quais são as diferenças entre outros 
refugiados no mundo e um palestino? 
Segundo a Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados 
(1951), um refugiado é “aquele que, devido a medos 
fundamentados”, foge ou deixa sua casa, temendo ser perseguido 
por motivos de raça, religião, nacionalidade etc. Esta pessoa não 
quer se beneficiar da proteção de seu país (não aceita ou não lhe 
dão nacionalidade). Isto é o que estabelece o Alto Comissariado 
das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Sendo 
assim, os refugiados palestinos seriam aqueles que 
fugiram das guerras de 1948-1967, continuaram vivos 
e não receberam cidadania em outros países.
Porém, o Estatuto dos Refugiados (1951) exclui os 
refugiados palestinos de 1948, que são “protegidos” e 
“assistidos” por DUAS Comissões Especiais da ONU 
pré-existentes (a UNCCP, que lida com a proteção e 
resolução do conflito, e a UNRWA, de assistência e 
emprego).
Segundo a surrealista UNRWA, um refugiado é aquele 
que residia no Mandato Britânico entre 1/6/1946 e 15/5/1948. 
Como entender esse prazo “estreito”? Um grande número 
de árabes veio a Israel por causa do trabalho oferecido pelos 
britânicos e pelos sionistas. Se eles colocassem como data 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
1918, isso “atrapalharia sua narrativa”, já que, nessa 
época, viviam ali 600.000 árabes, e não 1.800.000,como 
em 1948. Surpreendentemente, um árabe é considerado 
“refugiado” mesmo que se tenha mudado de sua aldeia a outra 
a poucos quilômetros de distância, sob controle árabe. Esta é a 
definição mais incomum de “refugiados” da história.
Atualmente, segundo os parâmetros hereditários e 
ESPECIAIS da UNRWA, há mais de “quatro milhões de 
refugiados palestinos” (outros afirmam que são 9 milhões), o 
que os torna a maior população de refugiados do mundo. Um 
em cada três refugiados é “palestino” e cerca de 60% de todos 
os palestinos têm o status de refugiado eterno. Que azar dos 
milhões de refugiados do mundo, que não gozam desse status 
de REFUGIADO DE LUXO!
128 - É verdade que os palestinos gozam de uma 
organização própria e única para eternizar o status de 
refugiado? 
A Segunda Guerra Mundial criou uma terrível crise 
humanitária. Somente na Europa foram contabilizados mais de 
16 milhões de refugiados e deslocados. Este enorme problema foi 
enfrentado pela Organização Internacional de Refugiados (OIR), 
estabelecida pela Assembleia-Geral da ONU em dezembro 
de 1946 e herdada em janeiro de 1951 pelo Escritório do Alto 
Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR 
ou UNHCR), que rapidamente se espalhou pelo mundo todo.
Houve apenas uma exceção a esse padrão: os fugitivos 
árabes da guerra de 1948-1949, que receberam a sua própria 
agência de ajuda, a Agência das Nações Unidas de Assistência 
aos Refugiados da Palestina (UNRPR), estabelecida em 
novembro de 1948 e transformada em 1º de maio de 1950 na 
UNRWA. E enquanto a UNHCR foi criada com um orçamento 
anual reduzido de US$ 300.000, a UNRWA foi estabelecida 
sob a suposição de que “o equivalente a aproximadamente US$ 
193
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
33.700.000 seria necessário para programas de assistência 
direta e obras para o período de 1/1/1950 a 31/12/1950”. Em 
outras palavras, os refugiados palestinos receberam 
110 vezes mais que o dinheiro destinado ao tratamento 
de todos os outros refugiados do mundo.
Recentemente, o ACNUR possuía cerca de 11.000 
funcionários, atendendo a 17,2 milhões de refugiados (1.568 
refugiados por trabalhador) e 65,6 milhões de pessoas 
deslocadas. A UNRWA tinha mais de 30.000 funcionários que 
atendiam a cerca de 5,3 milhões de “refugiados” (176 refugiados 
por trabalhador). Em outras palavras, os “refugiados” 
palestinos recebem 10 vezes mais recursos humanos 
do que os seus colegas menos favorecidos em qualquer 
lugar do mundo e 34 vezes o apoio humanitário 
fornecido aos deslocados em todo o mundo.
A UNRWA foi inicialmente concebida como uma agência 
transitória, embora o seu mandato tenha sido rapidamente 
perpetuado por motivações políticas, para pressionar Israel, 
de modo que os palestinos herdassem o status de refugiados 
indefinidamente.
129 - Existem relações e conexões entre a UNRWA 
da ONU e grupos terroristas?
No sensacional livro “Barricada pela Paz: Reconsiderando 
as Políticas da UNRWA”, David Bedein explica que a Agência 
das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina 
(UNRWA) arrecada anualmente cerca de 1 bilhão de dólares. 
Sabemos que nos últimos anos duas escolas da UNRWA em 
Gaza foram usadas para esconder foguetes e dois soldados 
israelenses morreram como resultado de uma bomba colocada 
sob uma clínica da UNRWA (2014).
194
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Hoje em dia, 99% dos 30 mil trabalhadores da UNRWA 
são palestinos, a grande maioria definida como “refugiados”. 
Os livros acadêmicos das escolas da UNRWA (do primeiro 
ano ao bacharelado), tanto na Cisjordânia (aprovados pela 
AP) quanto em Gaza (aprovados pelo Hamas), estão cheios de 
demonizações dos judeus, exaltação nos escritos e em poesia do 
mito do “direito ao retorno”, e, evidentemente, glorificações ao 
caminho da jihad e do martírio.
Desde o ano 2000, os trabalhadores da UNRWA 
participaram ou ajudaram em ações terroristas. Por exemplo, em 
2002, Nidal Abad Al-Fatal Abdala, líder do Hamas em Kalkilyah, 
servia como motorista de ambulância para a UNRWA e foi preso. 
No mesmo ano, Nahd Rashid Ahmad Atallah, um alto funcionário 
da UNRWA em Gaza, que alocava fundos para refugiados, foi 
preso e confessou que, na década anterior, havia entregado 
alguns desses recursos a parentes de terroristas procurados. 
Awad Al-Qiq, que foi diretor de uma escola da UNRWA e 
professor de ciências em Gaza, era, à noite, um terrorista 
fabricante de foguetes para a Jihad Islâmica como comandante 
de sua “unidade de engenharia”.
Em Gaza, os laços entre o Hamas e as escolas da 
UNRWA são profundos. Cerimônias e competições do Hamas 
são organizadas em escolas da UNRWA, os professores são 
nomeados pelo Hamas e a UNRWA não se preocupa em verificar 
se as pessoas que lhe prestam serviços têm alguma ligação com 
organizações terroristas.
130 - Quantos árabes-palestinos abandonaram a 
zona de combate em 1948?
No início do mês agosto de 1948, após oito meses de 
combates entre árabes e israelenses, o diretor do Projeto de Alívio 
de Desastres para a Palestina, Sir Raphael Cilento, estabeleceu 
o número de refugiados entre 300.000 e 350.000, e o Relatório 
à Assembleia-Geral do mediador Folke Bernadotte (16/9/1948) 
195
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
apresentou um número ligeiramente superior: 360.000 refugiados. 
Outro relatório, apresentado um mês depois pelo sucessor de 
Bernadotte, Ralph Bunche, elevou o número para 472.000,estimando o número de pessoas que necessitariam da assistência 
da ONU por 9 meses, de 1/12/1948 a 1/8/1949, em 500.000.
Em outubro de 1948, a Liga Árabe estabeleceu o número 
de refugiados em 631.967 e até o final do mês as estimativas 
oficiais árabes variaram entre 740.000 e 780.000. Quando a 
Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da 
Palestina (a UNRWA) começou a operar no mês de novembro de 
1948, encontrou cerca de 940.000 refugiados em suas listas de 
ajuda. As autoridades americanas consideraram esses 
números extremamente exagerados, especialmente 
porque não havia tanta afluência de refugiados.
Sir John Troutbeck, chefe do escritório britânico do Oriente 
Médio no Cairo, teve uma primeira impressão da inflação 
generalizada do número de refugiados durante uma missão de 
busca de informações em Gaza no mês de junho de 1949. Ele 
informou a Londres: “Os quakers têm quase 250.000 refugiados 
em seus livros. Eles admitem, no entanto, que os números não 
são confiáveis, já que é impossível deter todas as fraudes na 
implementação dos retornos. As mortes, por exemplo, nunca são 
registradas, nem os nomes são apagados dos livros daqueles que 
deixam o distrito clandestinamente. É perfeitamente possível 
também que alguns nomes estejam registrados mais de uma vez 
para obter rações adicionais”.
A UNRWA começou ajudando 711.000 refugiados 
palestinos, e hoje os “refugiados” (quarta geração!) já 
chegam a 5,3 milhões.
131 - O que significa o termo Nakba Palestina?
O termo “Nakba” foi cunhado e usado pela primeira vez 
por Constantino Zureik, um professor sírio da Universidade 
Americana de Beirute, em seu livro O Significado da Catástrofe 
196
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
(Nakba) de 1948: “A derrota dos árabes em Israel não é apenas 
um erro ou um passo ruim, mas um desastre em todos os sentidos 
da palavra (...)”.
A palavra Nakba é traduzida como “catástrofe” e se refere 
à criação do Estado de Israel. Após a Guerra dos Seis 
Dias e especialmente após o livro de Aref Al-Aref, o 
termo passou a ser associado com o fenômeno dos 
refugiados palestinos (que não foi a intenção de quem 
criou a palavra).
A comemoração oficial deste dia foi proclamada pela 
primeira vez por Yasser Arafat em 1998, no 50º aniversário 
de Israel. No entanto, no final da década de 1950, o dia 15 de 
maio ficou conhecido como o “Dia da Palestina”, descrito pelos 
meios de comunicação árabes-muçulmanos como um dia de 
solidariedade internacional.
O dia da Nakba é um dia de luto nacional palestino. A sua 
desgraça foi a criação de Israel, e por isso o dia escolhido é 
o dia de sua independência. A chave é um símbolo das casas 
que os avós palestinos deixaram para trás durante a guerra, 
considerando que “eles voltarão para as suas casas”, embora não 
haja nenhuma obrigação legal que sustente isso. O pesquisador 
israelense Meron Benvenisti escreve que foram “os árabes-
israelenses que ensinaram os habitantes da Cisjordânia-Gaza a 
comemorar o Dia da Nakba”.
Em 23/3/2011, o parlamento israelense aprovou uma lei 
pela qual o Ministério da Economia poderia reduzir ou suprimir 
o financiamento do governo a qualquer ONG israelense que 
comemorasse o Dia da Nakba.
O termo moderno é usado como uma tentativa 
de equilibrar a “carga moral” do Holocausto, 
banalizando-o ao compará-lo com a Shoá.
132 - É verdade que durante a guerra de 1948 
as comunidades judaicas nos países árabes foram 
destruídas?
197
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Com o desenvolvimento do sionismo e o estabelecimento 
de Israel, cerca de 850.000-900.000 judeus foram forçados a 
deixar os estados árabes, tornando-se refugiados. O processo 
começou na década de 1930, intensificado pela intenção da Liga 
Árabe de destruir o Estado de Israel, continuou a sua virulência 
nas décadas 1950 e 1960 com o pan-arabismo, quando as 
comunidades judaicas deixaram de existir.
Esses judeus foram expulsos e/ou forçados a fugir de 
suas pátrias, temendo por suas vidas. Eles foram submetidos 
a perseguição e a diversos pogroms, embora não tenham de 
modo algum atacado os seus compatriotas árabes – à diferença 
dos refugiados palestinos, que fugiram após uma guerra de 
aniquilação que os seus líderes e os regimes árabes haviam 
travado contra os judeus.
Essa destruição, chamada por alguns de “A Nakba 
judaica”, causou o desaparecimento de comunidades milenares, 
como a comunidade iraquiana, estabelecida após a expulsão dos 
judeus para a Babilônia (no ano 586 a.C.), ou centenárias, como 
as comunidades do norte da África (Marrocos, Argélia , Tunísia), 
que foram alimentadas pela emigração sefaradi na época da 
Inquisição, ou do Egito e do Iêmen, com raízes anteriores à 
destruição do Templo de Jerusalém (no ano 70).
Essa destruição foi acompanhada por um 
movimento de refugiados, maior em tamanho do que 
o dos palestinos, mas provocado por um grupo que 
não tinha nada a ver com a guerra. Israel absorveu 
esses refugiados com enormes dificuldades, pois o 
número de indivíduos era equivalente ao da população 
do Estado recém-criado, com uma cultura diferente e 
sem recursos – embora em seus países de origem eles 
tivessem sido prósperos. A integração não foi idílica, 
mas hoje eles são uma parte fundamental de Israel.
Infelizmente, os estados árabes não apenas não querem 
pagar uma indenização aos judeus que eles expulsaram, mas 
também se recusam a reconhecer essa atrocidade.
198
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
133 - É verdade que mais judeus do que 
palestinos-árabes foram deslocados durante a Guerra 
da Independência de 1948?
A afirmação está correta. O número oficial de árabes que 
fugiram ou foram expulsos durante a guerra israelense-palestina 
(1948) é de 711.000 pessoas. Por outro lado, o número 
de judeus de países árabes, que não haviam atacado 
seus pares e foram obrigados a abandonar suas casas, 
chega a 850.000-900.000.
Em 1948, os judeus do Marrocos totalizavam 265.000 
pessoas, e, em 1976, esse número era de apenas 17.000. Na 
Argélia, no mesmo período comparativo, viviam 140.000 pessoas 
e ficaram 400; na Tunísia, viviam 105.000 e ficaram 200; na Líbia, 
viviam 38.000 e ficaram 20;no Egito, viviam 200.000 e ficaram 
200; no Iraque, viviam 135.000 e ficaram 400; na Síria, viviam 
30.000 e ficaram 4.350; no Líbano, viviam 55.000 e ficaram 
1.000; e no Iêmen, viviam 8.000 e não ficou ninguém. Se em 
1948 havia 880.000 judeus vivendo em países árabes, em 1976 
havia apenas 25.620 e atualmente, nesses mesmos países, eles 
não chegam a 7.650.
199
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
No Irã, desde a revolução islâmica, a situação da 
comunidade judaica persa foi minada. Em 1990, cerca de 55.000 
judeus deixaram o país: 30.000 foram para os EUA, 20.000 para 
Israel e 5.000 para a Europa. Porém, como a comunidade recebe 
relativa autonomia cultural, ela geralmente não sofre insultos ou 
assédio dos muçulmanos. A comunidade tem um representante 
no parlamento iraniano, Morris Mutmad. Em julho de 2012, havia 
8.756 judeus iranianos.
Com o estabelecimento do Estado de Israel, e mesmo 
antes, a maioria dos judeus da Turquia emigrou para Israel, 
totalizando cerca de 55.500. Hoje, há cerca de 17.400 judeus 
na Turquia.
Até novembro de 2003, por exemplo, 101 das 681 
resoluções da ONU sobre o conflito do Oriente Médio estão 
ligadas diretamente aos refugiados palestinos. Nem uma 
única resolução mencionou os refugiados judeus de 
países árabes que, do ponto de vista numérico, foram 
mais.
134 - Quanto dinheiro em bens e propriedades os 
judeus reivindicam dos países árabes?
A situação econômica de várias comunidades judaicas 
antes do ano de 1948 era boa. O colonialismo europeu levou a uma 
crescente demanda por profissionais ricos em conhecimento e 
idiomas para a tradução, contatos para o comércio, a corretagem 
alfandegária, a administraçãobancária e de dinheiro, profissões 
nas quais os judeus desempenhavam um papel central.
A rápida “fuga” voluntária ou forçada dos países árabes 
significava que eles tinham que deixar para trás a maior parte 
de suas propriedades. A propriedade abandonada incluía 
terrenos, casas, empresas e lojas, contas bancárias e 
muito mais. A maioria das propriedades foi confiscada 
pelas autoridades estaduais ou apropriada por outros 
indivíduos e nunca foi devolvida aos seus proprietários.
200
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Existem diferentes estimativas do valor das propriedades 
judaicas deixadas ou confiscadas. A diferença entre as estimativas 
se deve à dificuldade de calcular o total de propriedades dos 
refugiados judeus em um grande número de países, assim como 
às diferentes formas de calcular as somas.
No ano de 2007, a Organização Mundial de Judeus 
provenientes dos Países Árabes estimou que o total 
de ativos deixados para trás pelos 900 mil refugiados 
dos países árabes equivalia a cerca de 300 bilhões 
de dólares na década de 2000, e o total estimado de 
propriedades chegava a 100 mil quilômetros quadrados 
de terra.
Por outro lado, o professor Sidney Zabludof, economista 
especializado em compensações aos sobreviventes do 
Holocausto, calculou que a propriedade total valia 
cerca de 6 bilhões de dólares (valores referentes a 
2007), enquanto a propriedade total dos refugiados 
palestinos valia 3,9 bilhões de dólares.
Embora seja necessário realizar um estudo aprofundado 
sobre o assunto, restam poucas dúvidas de que devem mais 
dinheiro aos judeus dos países árabes e que, no âmbito de uma 
solução para o problema dos refugiados, as dívidas em relação a 
eles devem ser levadas em conta.
135 - Como terminou territorialmente a Guerra 
da Independência de 1948?
A Linha Verde entre Israel e a Jordânia era a linha de cessar-
fogo (estabelecida nos acordos de Rhodes, acordos firmados 
por Israel e cada um dos países árabes vizinhos). As linhas de 
armistício incluíam quase todas as terras designadas para o 
Estado judeu no âmbito do Plano de Partilha, exceto por uma 
pequena área no sul do vale de Beit Shean, embora incluíssem 
grande parte da área atribuída ao estado árabe de acordo com 
a Declaração 181. Hamat Gader e Snir (costa nordeste do Mar 
201
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
da Galileia), que deviam ser israelenses, também ficaram sob o 
controle do exército sírio.
Depois de ser atacado, Israel acrescentou 5.700 
quilômetros quadrados ao que a Partilha lhe atribuía. 
No final da guerra, o Estado de Israel se estendia por 
20.770 quilômetros quadrados, representando 77% 
do Mandato Palestino pós-1922 (cerca de 27.000 
quilômetros quadrados) e 17,30% da terra original da 
Palestina (incluindo a Jordânia).
Antes da Partilha, 7% da terra eram propriedade judaica 
direta, incluindo áreas que pertenciam ao Fundo Nacional 
Judaico (KKL). A área acrescentada após o ataque árabe era 
de qualidade e relativamente abundante em sedimentos. Isso 
duplicou as áreas adequadas para a agricultura em comparação 
com as áreas do Plano de Partilha, que incluía aproximadamente 
9.600 quilômetros quadrados da desértica área do Neguev 
meridional no estado judeu.
Em poucos meses, a população judaica chegou a 
1.000.000, depois que centenas de milhares de imigrantes 
chegaram à Palestina entre 30/11/1947 e a assinatura dos 
acordos de armistício em julho de 1949. A população não judaica 
(de fala árabe) que permaneceu no Estado de Israel era de 
aproximadamente 156.000 pessoas.
Jerusalém Oriental (incluindo a Cidade Velha e os lugares 
santos) e a Cisjordânia foram conquistadas pelo Emirado 
Haxemita da Transjordânia e a Faixa de Gaza foi ocupada pelo 
Egito. O que seria o estado palestino, apesar de a Cisjordânia e 
a Faixa de Gaza estarem em mãos árabes. não foi criado.
202
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
203
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
136 - O que é a Declaração 194 da Assembleia-
Geral da ONU?
A Declaração 194 foi adotada (11 de dezembro de 1948) 
perto do fim da guerra árabe-israelense. As Declarações 
da Assembleia-Geral têm força legal somente se os 
envolvidos as aceitarem como válidas.
O artigo 11 prevê que “os refugiados que desejarem voltar 
para as suas casas e viver em paz com os seus vizinhos devem 
poder fazê-lo o mais breve possível, e que a indenização pela 
propriedade deve ser paga àqueles que escolherem não voltar 
e pela perda ou danos à propriedade que, de acordo com os 
princípios do direito internacional ou equidade, devam ser 
resolvidos por governos ou responsáveis autorizados”. Em 
outras palavras, os árabes que reconhecerem Israel 
devem ser indenizados ou autorizados a retornar a 
seus lares (o último não é uma obrigação legal).
A Declaração também previa o estabelecimento de uma 
Comissão de Conciliação da Organização das Nações Unidas 
(ONU) para facilitar a paz entre Israel e os árabes.
Dos 58 membros da ONU (1948), a Declaração foi aceita 
por 35 países, com 15 votos contra e 8 abstenções. Não por 
acaso, os seis países da Liga Árabe representados 
na ONU e que fizeram parte do conflito, ou seja, 
Egito, Iraque, Líbano, Arábia Saudita, Síria e Iêmen, 
votaram contra a resolução. Portanto, carecia de 
valor legal.
Israel não era membro das Nações Unidas na época, mas 
se opunha e ainda se opõe a parte dos artigos. Os palestinos 
não foram consultados diretamente.
Desde o final da década de 1960, o artigo 11 tem sido 
citado de forma dramática, já que os palestinos o usam para 
argumentar um “direito” de retorno inexistente. A Assembleia-
Geral tem reafirmado a Declaração 194 anualmente, desde 
1949.
204
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Em 2008, Ehud Olmert propôs que se permitisse a entrada 
de 100.000 palestinos em Israel, no âmbito de um acordo final 
de paz.
137 - Qual é a situação dos refugiados palestinos 
nos países árabes?
Os refugiados palestinos e os seus descendentes 
totalizavam (em 2018) vários milhões, divididos em Jordânia 
(2.247.768), Líbano (504.376), Síria (630.035), Cisjordânia 
(970.633) e Faixa de Gaza (1.388.668).
O drama palestino foi exacerbado pelas políticas 
dos países receptores, que optaram por confiná-los em 
campos de refugiados, negando-lhes a cidadania – com 
exceção da Jordânia e, mesmo assim, parcialmente – 
apesar de pertencerem ao mesmo grupo sociocultural 
e apesar do fato de alguns deles serem descendentes 
de egípcios, sírios, jordanianos ou libaneses que 
chegaram à Palestina em busca de trabalho.
Os que estão melhor são os jordanianos (cerca de 60% 
da população é palestina). Dois terços deles são considerados 
refugiados e vivem em 10 campos de refugiados.
No Líbano, somente um quarto tem cidadania, eles não 
têm liberdade de trabalho em muitas profissões, e em seus 
acampamentos, às vezes carecem de serviços educacionais e de 
saúde. Eles nem sempre desfrutam de liberdade de movimento. 
No passado, sofreram o Massacre de Sabra e Chatila nas mãos 
dos cristãos maronitas.
Na Síria, eles não têm cidadania ou direitos políticos, 
embora desfrutem de serviços educacionais, de saúde etc. Os 
palestinos também foram mortos no âmbito da guerra entre o 
ISIS e os xiitas. No ano de 2016, cerca de 30 palestinos 
foram mortos pelo ISIS no acampamento de Al-Yarmuk 
(outros 2.000, de 18.000, conseguiram fugir).
Na Arábia Saudita, eles não têm cidadania ou direitos 
205
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
políticos (e não podem solicitá-los),embora tenham o direito de 
trabalhar. No Iraque, muitos vivem em precários acampamentos 
da UNRWA e foram parcialmente assimilados durante os dias 
de Saddam Hussein, mas perseguidos pelos xiitas.
A Liga Árabe ordenou que os seus membros negassem 
a cidadania aos refugiados palestinosoriginais (ou aos seus 
descendentes) “para impedir a dissolução de sua identidade e 
proteger o seu direito de retornar ao seu país de origem”.
138 - Pode-se dizer que houve limpeza étnica na 
Palestina?
O conceito implica a eliminação sistemática ou a expulsão 
forçada de uma população por motivos religiosos, étnicos 
ou nacionais e é atualmente considerado “crime contra a 
humanidade”. Os capítulos anteriores nos mostram uma guerra 
entre duas identidades, às vezes entre exércitos irregulares, 
com erros militares como em Deir Yassin, crimes de guerra, 
como o fuzilamento de inocentes em Kfar Etzion, o assassinato 
proposital de civis (terrorismo) no comboio do Monte Scopus, 
expulsões em Lod ou Ramle e fugas com motivação própria. 
Usar a palavra “limpeza étnica” nesse conflito é banalizar o 
fenômeno, relativizando o seu uso correto.
Israel também não chama de limpeza étnica a 
destruição das comunidades judaicas nos países 
árabes, embora, nesse caso, praticamente não tenham 
sobrado vestígios de vida judaica, enquanto, no caso 
palestino, cerca de 150 mil continuaram vivendo em 
Israel e a maior parte dos restantes permaneceu em 
suas casas, dentro do que era o Mandato Britânico (ou 
foram para a vizinha Gaza ou para a Cisjordânia).
Um dos propagandistas que acusam Israel de ter cometido 
tal crime é um quase-historiador israelense chamado Ilan Pappe. 
Nós o chamamos assim porque o próprio Pappe disse em uma 
entrevista ao Le Soir de Bruxelas (no dia 12 de julho de 1999): 
206
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
“Nunca haverá um historiador que seja objetivo. O que aconteceu 
me importa menos do que a forma como as pessoas veem esses 
fatos. Confesso que minha ideologia influencia os meus textos 
históricos. A luta é baseada em ideologia e não em fatos”.
O historiador Benny Morris, em The New Republic, disse 
sobre “História da Palestina Moderna: Um Território, Dois 
Povos”: “Infelizmente, grande parte do que Pappe tenta vender 
para os seus leitores é montagem. Para aqueles que amam a 
subjetividade e dependem do relativismo histórico, um fato não 
é um fato e a precisão é inatingível”.
139 - Um palestino que abandonou sua terra em 
1948 poderá voltar a ela?
Após a guerra de 1948, muitos árabes-palestinos 
tentaram retornar às suas casas. Embora as tropas israelenses 
tenham impedido o retorno da maioria, Benny Morris (2003) 
explica que, entre 1948-1950, os soldados reassentaram entre 
30.000 e 40.000 árabes dentro do novo Estado israelense. Em 
um contexto no qual a comunidade árabe repudiava a judaica 
e declarava guerra a ela, não devemos nos surpreender com a 
reação da liderança judaica.
Até hoje, muitos palestinos não reconhecem que 
Israel tem o direito de existir como berço nacional do 
povo judeu.
O governo do primeiro-ministro David Ben-Gurion organizou 
a recolonização das terras e distribuiu os bens imóveis que eles 
chamaram de “abandonados”. Para este fim, foi aprovada 
em 1950 a Lei dos Bens Ausentes, que gerenciava a 
transferência das casas árabes-palestinas para as 
mãos de judeus. Ao longo do caminho, cerca de 400 
assentamentos árabes e palestinos foram destruídos, 
criando uma nova realidade. Desse modo, 64.000 lares 
árabes-palestinos já haviam passado para as mãos dos 
judeus em 1958.
207
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
O principal objetivo era impedir que o equilíbrio demográfico 
se inclinasse em favor dos árabes, quando o que se pretendia 
era que o Estado de Israel tivesse uma maioria judaica.
Não há nenhuma obrigação legal de permitir o retorno dos 
árabes aos territórios onde eles viviam antes de 1948 (a menos 
que se “invente” uma lei internacional). Todos os conflitos 
bélicos do mundo provocam refugiados. A situação palestina 
é especial, porque, no caso deles, eles mesmos 
causaram a sua desgraça ao atacar Israel em 1948.
A insistência árabe-palestina sobre um retorno 
às coordenadas geográficas pré-1948 não é mais do 
que um mecanismo para impossibilitar um acordo de 
paz. Se o objetivo é transformar Israel em um estado binacional, 
forçando-o a receber cerca de 5 milhões de descendentes de 
palestinos, nenhum acordo será alcançado quanto a essa 
questão.
140 - É verdade que Israel aceitou o pagamento 
de indenizações por parte da Alemanha?
O Acordo de Reparação entre Israel e a República Federal 
da Alemanha foi assinado no dia 10/7/1952 estabelecendo que 
a Alemanha pagaria a Israel os custos de “reassentar tantos 
refugiados judeus deslocados e destituídos” depois da guerra, 
indenizando os judeus individualmente, por meio da Conferência 
sobre Reivindicações Materiais Judaicas contra a Alemanha, pela 
perda de propriedade judaica resultante da perseguição nazista. 
O dinheiro era essencial no meio da angústia econômica que 
Israel vivia (Tzena). O desemprego era muito alto (especialmente 
nas Maabarot, acampamentos temporários) e as reservas de 
divisas estrangeiras eram escassas.
Nahum Goldmann, presidente do Congresso Judaico 
Mundial, estava negociando a questão com Konrad Adenauer, 
chanceler da Alemanha. Parte da população israelense 
considerava uma humilhação receber o dinheiro alemão (estes 
208
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
eram liderados por Menachem Begin). A posição de Ben-Gurion 
e seu partido Mapai era pragmática: “Há duas abordagens”, disse 
ele ao comitê central de Mapai. “Uma é a abordagem do gueto 
judeu e a outra é de um povo independente. Eu não quero correr 
atrás de um alemão e cuspir no rosto dele. Eu não quero correr 
atrás de ninguém. Eu quero me sentar e construir aqui”. Israel 
comprou máquinas e infraestruturas que eram indispensáveis 
naquela época.
Os negociadores calcularam que, uma vez que a absorção 
custara US$ 3.000 por pessoa, Israel devia 1,5 bilhão de dólares 
(corresponde a 14.500.000.000 hoje em dia). Eles também 
pensaram que os nazistas saquearam seis bilhões de dólares 
em propriedades judaicas, mas enfatizaram que os alemães 
nunca poderiam indenizar pelo que fizeram com qualquer tipo de 
recompensa material.
O Parlamento alemão (Bundestag) aprovou o acordo no 
dia 18/3/1953 com grande maioria, 239 votos a favor e 35 
contra. Em Israel, a oposição ao acordo traumático reuniu 15.000 
pessoas em Jerusalém (em 7/1/1952). No entanto, a decisão 
foi aceita por 61 a 50 votos na Knesset.
141 - O que é a Lei do Retorno para os judeus? 
A Lei do Retorno de 1950 do Estado de Israel diz que 
qualquer pessoa que tiver um dos avós judeus tem o direito de 
acessar um processo acelerado para conceder-lhe a cidadania 
israelense. De acordo com as leis raciais nazistas, bastava ter 
um avô judeu e a pessoa estaria “infectada” como judia, e seria 
eliminada por isso. A lei do retorno em Israel é a contraposição 
simétrica das Leis de Nuremberg.
Para ter acesso a esse direito, o indivíduo não deve ter 
abandonado a sua ligação com o seu povo (ou seja, não deve 
professar nenhuma outra religião), não deve ser um perigo para 
a segurança pública e a saúde pública etc. Até pessoas casadas 
com judeus recebem cidadania, para não separar famílias.
209
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
O imigrante é chamado de “olê” (aquele que sobe) e quem 
emigra de Israel é chamado de “iored” (aquele que desce). A 
subida e a descida têm o mesmo significado positivo e negativo, 
respectivamente, de repatriamento e exílio. O conceito também 
aparece na Bíblia. Subia-se para a sagrada Jerusalém porque 
a cidade ficava a 800 metros de altura, enquanto as aldeias 
da costa ou o vale do Jordão estavam localizados fisicamente 
“abaixo”.
A Lei do Retorno para os descendentes gregos se aplica 
apenas aos gregos. A lei do Japão, apenas aos japoneses, e 
lei a dos búlgaros, aos búlgaros. A Lei do Retorno no berço 
nacional do povo judeu se aplica apenas aos descendentes do 
povo “judeu” (reinos da Judeia e Israel). Existem 18 paísesno mundo que têm a mesma lei. Negar esse direito 
apenas a Israel seria uma postura discriminatória. Um 
futuro estado palestino certamente terá uma lei semelhante 
para receber refugiados e não será nenhuma surpresa se eles 
não incluírem judeus que querem retornar a Hebron, Nablus 
etc. (embora vivessem nesses lugares até serem expulsos pelos 
árabes).
142 - Que princípios defendia o pan-arabismo?
O pan-arabismo é um movimento que defende a unificação 
política, social e econômica entre os povos árabes e os estados 
do Oriente Médio. Eles defendiam uma identidade secular, 
socialista e antiocidental. Argumentavam que, ao expulsar as 
potências (e Israel), eles reconstruiriam os seus estados. Alguns 
acreditam que isso é uma extensão dos dias dos Omíadas 
(século VIII), em que uma única autoridade governava desde o 
Paquistão até a Espanha.
A ideia foi formulada pela primeira vez no ano de 1905 por 
Najib Azoury em “O Renascimento do Nacionalismo Árabe”. O 
pan-arabismo se tornou uma ideia executiva dirigida por Hussein 
Iben Ali, que, com base em sua correspondência com McMahon 
210
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
(de 1915), pretendia criar um reino supranacional árabe.
Uma versão pan-árabe mais concisa do que a de Hussein 
Iben Ali foi formada na década de 1940 na Síria por Michel Aflaq, 
fundador do Partido Baath, baseada em elementos socialistas 
e fascistas italianos. A ideologia pan-árabe foi a base de várias 
tentativas de unir os estados nacionais árabes em uma entidade 
política, dentre as quais a mais proeminente foi a República 
Árabe Unida, que uniu o Egito com a Síria (entre os anos de 
1958 e 1961) e incluiu árabes drusos, sunitas, xiitas e cristãos.
O termo “nasserismo” funciona como sinônimo de pan-
arabismo, por ser a política promovida por Gamal Abdel Nasser, 
presidente do Egito, um pan-árabe radical.
O Partido pan-árabe Baath é o atual partido governante na 
Síria e que governou o Iraque até a queda do regime de Saddam 
Hussein. O movimento pan-árabe atingiu o seu auge na década 
de 1960, mas a derrota árabe na Guerra dos Seis Dias prejudicou 
gravemente o seu apoio. Nas décadas de 1970 e 1980, o pan-
arabismo foi suplantado pelo atual pan-islamismo.
A decadente Liga Árabe (fundada em 1945) é uma amostra 
de ideias pan-arabistas.
143 - Quem foi Gamal Abdel Nasser e que papel 
ele desempenhou no conflito árabe-israelense?
Gamal Abdel Nasser foi presidente do Egito a partir de 
1954. Durante a Guerra da Independência, ele serviu como 
oficial de inteligência com o posto de comandante na brigada 
sudanesa do exército egípcio que invadiu Israel. Durante vários 
meses, ele sofreu um cerco imposto pelos israelenses às forças 
egípcias no “bolsão de Fallujah”.
No ano de 1952, Nasser liderou a revolta militar contra 
o rei Farouk. Como resultado do golpe, as forças britânicas 
foram retiradas do Egito e o governo passou a ser liderado pelo 
general Muhammad Naguib. Em 1954, Nasser expulsou Naguib 
e tornou-se presidente de fato.
211
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
A proeminência de Nasser como líder do pan-arabismo 
deveu-se principalmente à sua personalidade carismática e às 
suas habilidades retóricas. Essa personalidade permitiu que 
ele transformasse fracassos em sucessos, tanto em termos de 
propaganda quanto na esfera política (como a sua derrota militar 
na guerra de 1956). Nasser nacionalizou o Canal de Suez, uniu 
muitos países do bloco de países não-alinhados, expulsou as 
potências ocidentais, permitiu a penetração massiva da União 
Soviética em seu país e, ao mesmo tempo, afastou o Egito do 
liberalismo.
A sua ideologia foi apresentada em seu livro “A filosofia 
da revolução”, em que ele apresenta a teoria dos três círculos: 
o círculo árabe, o círculo muçulmano e o círculo africano. Nasser 
via o Egito como o líder desses círculos.
Impulsionado por essas diretrizes, ele transformou países 
e organizações (Liga Árabe, OLP etc.) em fantoches pessoais.
Gamal Abdel Nasser morreu de um ataque cardíaco no dia 
28 de setembro de 1970, sete semanas depois de concordar com 
o fim da Guerra de Desgaste. Alguns anos antes, ele havia sido 
humilhado por Israel na Guerra dos Seis Dias (de 1967). O seu 
sucessor no poder foi o seu companheiro no curso de oficiais, 
Anwar Al-Sadat. Sem Nasser, o pan-arabismo viria a decair.
212
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
144 - Por que justamente os cristãos foram fortes 
promotores das ideais pan-árabes?
Devemos mencionar dois cristãos que foram fundamentais 
no desenvolvimento do pan-arabismo. O primeiro é Najib Azoury 
(1870-1916), um libanês cristão maronita, autor do pilar “O 
Renascimento do Nacionalismo Árabe”. Nele, Azoury exortou 
abertamente as províncias árabes a romperem os seus laços 
com o Império Otomano. Além da natureza nacionalista do texto, 
ele exibia sentimentos antissionistas. Alguns argumentam que a 
única intenção de Azoury era encorajar os europeus a derrubar 
o Império Otomano.
O segundo pan-árabe cristão de destaque foi o sírio Michell 
Aflaq (1910-1989), um dos principais teóricos do socialismo 
e nacionalismo árabes e fundador do partido socialista árabe 
Baath. Na França, ele conheceu o seu parceiro ideológico, 
o muçulmano sunita Salah Bitar, desenvolvendo ambos uma 
ideologia essencialmente secular. A sua ideologia gira em torno 
de um conceito de nação árabe, postulando que ela existe de 
acordo com uma identidade cultural e linguística, mais do que 
religiosa.
Na era moderna, podemos destacar dois outros cristãos 
que defenderam posições pan-árabes. Um deles é o cristão copta 
Boutros Boutros-Ghali, um diplomata egípcio que serviu como 
secretário-geral da Organização das Nações Unidas (entre 1992 
e 1996). Outro pan-árabe foi Tarek Aziz, um cristão católico que 
serviu como vice-primeiro-ministro do Iraque durante a época de 
Saddam Hussein.
O ativismo pan-árabe dos cristãos no Oriente 
Médio é totalmente lógico... embora um tanto patético. 
Se o fator de coesão é que “todos falam árabe”, eles, 
que são cristãos, farão parte dessa identidade. Se, 
por outro lado, a identidade que une é a religiosa, 
então o islamismo sunita ou xiita os deixará de fora. 
Sendo esse o caso, eles muitas vezes exageram seu 
213
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
antissionismo, antissemitismo ou antiocidentalismo 
em vez de defender os cristãos daqueles que realmente 
os atacam. O cristão palestino-chileno Daniel Jadue e o 
maronita-mexicano Alfredo Jalife Rahme demonstram o mesmo 
padrão de comportamento “cristão pró-islamista”.
145 - Quem foram os fedayins?
Os “fedayins” (literalmente, “adeptos”, que são a versão 
não religiosa dos mujahidin) eram terroristas esporádicos ou 
treinados por Nasser que atuavam da Jordânia e de Gaza, em 
meados da década de 1950, violando a cláusula do Acordo de 
Armistício (1949), que proibia a incitação de hostilidades por 
forças paramilitares. No entanto, foi Israel que acabou sendo 
condenado por seus contra-ataques no Conselho de Segurança 
da ONU. Refugiados palestinos, ansiosos para reverter a sua 
situação ou incitados por países que foram derrotados na guerra 
de 1948, entravam em Israel atacando e partindo rapidamente.
Segundo o historiador Martin Gilbert, entre os anos 
de 1951 e 1955, o número de israelenses mortos em ataques 
terroristas perpetrados por fedayins e patrocinados pelo Egito 
chegou a 967. Os ataques não foram realizados só do Egito, 
mas também da Jordânia, do Líbano e da Síria. Para Israel, essa 
situação era completamente insustentável.
O diplomata israelense Abba Eban explicou ao Conselho de 
Segurança da ONU (no dia 30/10/1956) a situação que Israel 
enfrentava: “Durante os seis anos do Acordo de Armistício, 
ocorreram 1.843 casos de assalto à mão armada, 1.139 casos de 
confrontos com forças armadas egípcias, 435 casos de invasões 
a partir de territóriocontrolado pelos egípcios, 172 casos de 
sabotagem perpetrados por unidades militares e fedayins 
egípcios em Israel. Como resultado dessas ações de hostilidade 
do Egito em Israel, 364 israelenses ficaram feridos e 101 foram 
mortos”.
Uma das ações mais cruéis executadas pelos fedayins foi 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
o ataque a um ônibus da Egged em Maale Akravim (a Subida 
dos Escorpiões), no caminho para Eilat, no dia 17/3/1954, em 
que 12 passageiros morreram e apenas 2 sobreviveram. Os 
atacantes vieram da Jordânia. A ação provocou uma dura ação 
de retaliação por parte de Israel. Os fedayins foram uma das 
causas que provocaram a guerra de 1956.
Ataque de fedayins em Tel Mond (1956)
215
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
146 - Por que foi tão importante a Unidade 101 
de Ariel Sharon?
Após o final da guerra de 1948, os soldados israelenses 
não mostravam capacidade militar especial. Por exemplo, eles 
fugiram de vários confrontos na frente síria.
No ano de 1953, a infiltração dos fedayins assumiu um 
caráter organizado, de modo que o primeiro-ministro David Ben-
Gurion foi procurar o estudante de história Ariel Sharon para 
comandar a sua nova Unidade 101. A Unidade 101 recebeu um 
treinamento especial (na base da Sataf) para realizar represálias 
e dissuadir os árabes.
Em outubro de 1953, depois que infiltrados da Jordânia 
assassinaram uma mulher e os seus dois filhos em Yehud, cidade 
do distrito central de Israel, eles realizaram uma represália 
contra os árabes da aldeia de Kibiya, de onde os atacantes 
haviam saído. Sessenta civis, incluindo mulheres e 
crianças, foram mortos durante a operação. O Conselho 
de Segurança das Nações Unidas condenou Israel, que tentou 
se esquivar da responsabilidade pela ação, alegando que tinha 
sido uma ação de civis furiosos (David Ben-Gurion declarou que 
nenhum soldado havia abandonado as suas bases durante a 
noite). A explicação dada por Ariel Sharon foi que a força não 
sabia que havia civis escondidos dentro das casas explodidas.
Outra ação foi a invasão de Hebron no dia 21 de dezembro 
de 1953, em que Meir Har-Zion levou uma pequena força em 
uma incursão a pé, quarenta e dois quilômetros ao longo de um 
caminho montanhoso, ao coração de Hebron, para destruir a 
casa um terrorista procurado.
A operação de Kibiya provocou uma discussão sobre a sua 
moralidade. Para contê-los, David Ben-Gurion decidiu dissolver 
a unidade, integrando-os à Unidade de Paraquedistas, após 
somente cinco meses de atividade.
A contribuição da Unidade 101 foi fundamental 
para o exército de Israel. Eles transmitiram um exemplo 
216
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
de treinamento, coragem e eficiência na execução das 
operações, que foram copiadas pelo resto do exército.
147 - Por que a Grã-Bretanha, a França e Israel se 
unem para enfraquecer Nasser?
A Guerra do Sinai é uma breve guerra desenvolvida de 
29/10/1956 a 5/11/1956, na qual Israel, França e Inglaterra 
atacaram o Egito de Nasser, após uma série de graves agressões 
do presidente egípcio.
Em 26 de julho de 1956, Gamal Abdel Nasser decidiu 
nacionalizar a companhia que administrava a passagem marítima 
pelo Canal de Suez. Esta empresa pertencia a capitais franceses 
e ingleses. A Grã-Bretanha, apesar de ter sido prejudicada por 
Nasser, estava menos interessada que a França em começar 
uma guerra contra o Egito. A França queria deter Nasser, 
parceiros estratégicos dos rebeldes argelinos. A Grã-Bretanha 
tinha uma aliança militar defensiva com a Jordânia, um país 
que queria entrar na guerra com Nasser. Por outro lado, a Grã-
Bretanha também queria enfraquecer Gamal Abdel Nasser, que 
liderava um nacionalismo pan-árabe que colocava sua posição 
na Jordânia ou no Iraque em risco. Isso explica a participação da 
Inglaterra e da França.
Entre 22 e 24 de dezembro de 1956, os franceses 
convocaram uma reunião secreta em Sevres com a Grã-Bretanha 
e Israel para coordenar uma operação militar contra o Egito. Foi 
acordado que a França defenderia, de bases israelenses, um 
ataque aéreo egípcio. Israel atacaria (paraquedistas) o Canal de 
Suez e imediatamente aceitaria um ultimato francês e britânico 
para retroceder a 20 km do Canal em troca da liberdade de 
passagem marítima. Como o Egito deveria rejeitar o ultimato, as 
potências atacariam os aviões egípcios em terra.
As forças europeias entraram em combate levemente. Um 
ultimato soviético, e uma posição passiva dos Estados Unidos 
(não avisados do ataque), decretou a retirada das forças aliadas 
217
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
do Sinai. Assim, Israel conseguiu uma vitória militar, embora 
tenha sido parcialmente derrotado no campo diplomático. Em 
troca de sua retirada militar, Israel exigiu a abertura de Tiran e a 
colocação de capacetes azuis (ONU) no Sinai.
148 - O que aconteceu na Operação Kadesh – 
Guerra do Sinai, em 1956?
Após o golpe que levou Nasser ao poder no Egito (1954), 
ele assinou um acordo de armas com a Tchecoslováquia em 
setembro de 1955. O Egito tentou superar o poder militar de 
Israel e da União Soviética (através da Tchecoslováquia), 
pretendendo ter uma porta de entrada para o Oriente Médio. 
Segundo o acordo, o Egito receberia 200 tanques pesados e 
médios, centenas de peças de artilharia, 150 aviões de guerra, 
dando-lhe uma vantagem quantitativa sobre Israel. Israel não 
tinha nenhuma fonte para adquirir armas, mas sabia 
que tinha que dar um golpe preventivo em Nasser 
antes que o seu exército aprendesse a usar as novas 
armas.
Depois de 1949, os árabes adotaram a “doutrina da 
guerra de responsabilidade limitada”. Segundo esta teoria, os 
agressores podem rejeitar um acordo de compromisso e brincar 
de guerra para ganhar tudo com a certeza confortável de que, 
mesmo se fracassassem, poderiam insistir em restaurar o status 
quo anterior ao que eles começaram. Em 1956, aquele que 
ameaçava com a guerra era Nasser.
Em meados de 1956, Nasser novamente violou o Acordo 
de Armistício (1949) ao fechar o Estreito de Tiran à passagem 
de navios israelenses (segundo a lei internacional, bloquear 
a navegação representa um ato de guerra), estrangulando o 
acesso marítimo de Israel ao oceano Índico e à Ásia.
Em 25/10/1956, o Egito assinou um acordo tripartite com 
a Síria e a Jordânia, que colocou Nasser no comando dos três 
exércitos. O bloqueio do Canal de Suez e Tiran à navegação 
218
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
israelense, juntamente com o aumento dos ataques dos fedayins 
e a belicosidade dos últimos pronunciamentos árabes, levaram 
Israel, com o apoio da Grã-Bretanha e da França, a atacar o 
Egito em 29/10/1956. Ao mesmo tempo, a Inglaterra e a França 
realizaram a Operação Mosqueteiro para dominar o Canal de 
Suez, embora sua divisão militar tenha sido quase nula.
219
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
149 - É verdade que a França ajudou Israel a 
desenvolver uma central nuclear com fins militares?
O principal promotor da ideia de dotar Israel de capacidade 
nuclear militar foi David Ben-Gurion. Ele acreditava que 
quando os árabes entendessem que Israel tinha 
capacidade nuclear, eles abandonariam a ideia de 
destruir o país, alcançando a paz a longo prazo na 
região.
No mês de outubro de 1956, os franceses convocaram 
uma reunião secreta em Sevres para coordenar uma operação 
militar contra o Egito. Juntamente com esses acordos, a França 
se comprometeria a construir um reator nuclear de um megaton 
para Israel em Dimona (outubro de 1957). O principal arquiteto 
do projeto e da execução foi Shimon Peres.
Os que se opunham diziam que era um projeto 
muito caro, que colocaria Israel frente a frente com os 
Estados Unidos ou que a segurança de Israel não se 
baseava na construção de uma bomba atômica,mas 
na prevenção de que toda a região fosse nuclearizada.
Em 1963, com a ascensão de Eshkol ao cargo de primeiro-
ministro e pressão do presidente Kennedy, houve uma mudança 
na política, e o desenvolvimento nuclear mudou para um perfil 
menor.
O Dr. Avner Cohen afirma que, no final de maio de 1967, 
durante o “período de espera” antes da Guerra dos Seis Dias, 
Israel conseguiu construir um dispositivo nuclear improvisado 
depois de uma ardorosa atividade.
O único suposto teste nuclear conduzido por Israel foi 
conhecido como o incidente de Vela: No dia 9/9/1979, um 
satélite Vela dos Estados Unidos, construído para detectar 
testes nucleares, relatou um sinal característico de uma 
detonação nuclear ao sul do Oceano Índico. Segundo o jornalista 
Seymour Hersh, a detecção foi o terceiro teste nuclear conjunto 
realizado por Israel e pela África do Sul. O ex-diretor geral da 
220
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Agência Internacional de Energia Atômica, o egípcio Mohamed 
El-Baradei, considera Israel um Estado com armas nucleares. 
Estima-se que Israel tenha entre 75 e 400 ogivas nucleares.
150 - Qual a política israelense em relação à 
utilização de armas nucleares?
Israel, apesar de não ter provas conclusivas, é considerado 
um estado que possui bombas nucleares. É um dos quatro 
países com armas nucleares que não aderem ao Tratado de Não-
Proliferação Nuclear (juntamente com a Índia, o Paquistão e a 
Coreia do Norte). Os estados árabes, especialmente o Egito, 
tentaram forçar Israel a assinar tal compromisso, sem sucesso.
Israel mantém uma política de “ambiguidade nuclear” 
ou “opacidade nuclear”. Israel nunca admitiu ter armas 
nucleares; em vez disso, repetiu ao longo dos anos 
que não seria o primeiro país a introduzir armas 
nucleares no Oriente Médio, sem determinar se não 
será o primeiro país a criar, revelar ou usar armas 
nucleares na região. O primeiro a afirmar isso foi o primeiro-
ministro Levi Eshkol, na década de 1960. Na década de 1970, 
o primeiro-ministro Yitzchak Rabin afirmou que “também não 
seremos os segundos”. Durante a Guerra do Yom Kipur (no ano 
de 1973), o Ministro de Defesa, Moshe Dayan, sugeriu levar 
em consideração o uso da “arma do julgamento final antes da 
destruição do Terceiro Templo (Israel)”.
Embora se suspeite que Israel tenha construído a sua 
primeira bomba nuclear no final da década de 1960, essa 
suspeita não foi confirmada publicamente por uma fonte interna 
até que Mordechai Vanunu, um ex-técnico nuclear israelense, 
revelou detalhes do programa à imprensa britânica no ano de 
1986.
Hoje em dia, Israel possui a capacidade de lançar mísseis 
com ogivas nucleares por meio de aeronaves, submarinos (como 
o alemão Delfim) ou mísseis balísticos transcontinentais.
221
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Mais cedo ou mais tarde, alguns dos inimigos árabes/
islâmicos de Israel provavelmente começarão a ampliar os seus 
objetivos e operações terroristas usando armas de destruição 
em massa. A estratégia israelense baseia-se em intimidá-los 
e frustrar suas tentativas por meio de ações diplomáticas ou 
militares (como quando Osirak foi destruído no ano de 1981).
151 - É comparável a situação de Israel com os 
desejos do Irã de desenvolver armas não convencionais 
(2019)?
Para desenvolver armas nucleares, um país deve ter 
“intenções” e “capacidades”. Quando falamos de capacidades, 
nos referimos a três níveis: O desenvolvimento de mísseis 
precisos capazes de transportar cabeças não convencionais, 
saber como construir uma ogiva e a capacidade de enriquecer 
plutônio ou urânio (mínimo de 25 kg a 93%). Não restam dúvidas 
de que a República Islâmica do Irã tenha a capacidade de 
completar todos os três estágios.
Quando se trata do Irã, devemos nos concentrar nas 
“intenções”. Em 30/04/2018, o primeiro-ministro israelense 
Binyamin Netanyahu revelou documentos roubados pelo 
Mossad mostrando que o Irã tem um programa secreto de armas 
nucleares (Projeto Amad) e assegurou que Teerã estava violando 
o acordo de 2015 que limita seu programa atômico (55.000 
páginas e arquivos roubados de um depósito de Shorabad, ao 
sul de Teerã). É verdade que alguns meios de comunicação 
desmereceram a descoberta. Não foi o caso dos centros de 
inteligência e políticos do mundo (uma das razões que levaram 
os Estados Unidos a se retirarem do Acordo 6 + 1).
As intenções do Irã não são “puras” ao esconder que 
eles violavam seus compromissos. Quando lemos as “intenções 
declaradas e públicas” do Irã, seus desejos de destruir 
fisicamente outro estado se destacam. O Irã está envolvido em 
milhares de ataques terroristas no mundo, armando e treinando 
222
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
o Hezbollah e o Hamas, mantendo o presidente genocida sírio 
Bashar El-Assad e ameaçando outros reinos sunitas no Oriente 
Médio. Em suma, as intenções do Irã são destrutivas 
e ameaçadoras, enquanto suas capacidades técnicas 
são perigosas.
Existe uma diferença legal fundamental. Os Estados não 
são obrigados a se comprometer com tratados internacionais. 
Israel nunca assinou o Tratado de Não Proliferação Nuclear, e o 
país não está comprometido, enquanto o Irã é obrigado a NÃO 
desenvolver armas nucleares (segundo acordo assinado durante 
o reinado do Xá).
152 - O que é a Organização para a Liberação de 
Palestina (OLP)? 
Em 1959, Yasser Arafat fundou a organização Al-Fatah 
no Kuwait. Para alguns, “outra manifestação nacionalista pan-
arabista”. Esta é uma imagem incompleta, porque está 
faltando o fator religioso: Todas as vitórias de Maomé 
durante o seu califado são conhecidas como “Fatah”. 
O objetivo supremo da Al-Fatah era a destruição de Israel. Não 
havia então dominação israelense sobre a Judeia, Samaria ou 
Gaza, e assim isso significava que eles rejeitavam qualquer 
presença judaica na região.
Em 1964, os países árabes convocaram uma conferência 
em Jerusalém Oriental para criar formalmente a Organização 
para a Libertação da Palestina (OLP), subordinada ao pan-
arabismo nasserista. O seu primeiro objetivo era destruir as 
tubulações nacionais israelenses que transportavam água do 
norte para o sul (Movil Artzi). Mais uma vez, o objetivo era 
destruir. A carta orgânica da OLP (1964) falava da 
destruição da “entidade sionista da Palestina” (artigo 
15), mas não da fundação de um Estado palestino.
A OLP era uma proteção para várias organizações, a mais 
forte delas a de Arafat, que se livrou do nasserismo após a 
223
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
humilhação de 1967. Para conseguir essa unidade, Arafat não 
hesitou em eliminar rivais, como quando, após uma reunião de 
conciliação fracassada, ele jogou do telhado de um prédio o pró-
sírio palestino Yussuf Orabi (em 1966).
Modus Operandi: Além de sequestros de aeronaves, 
devem ser incluídos o assassinato de atletas israelenses nos 
Jogos Olímpicos, o sequestro e a morte de passageiros de ônibus 
em rotas israelenses (incluindo crianças) e bombas em várias 
cidades. Os objetivos civis prevaleceram amplamente 
sobre os objetivos militares.
Em outubro de 1974, a Liga Árabe em Rabat (Marrocos) 
reconheceu a OLP como o “único representante legítimo do 
povo palestino.” Então, Yasser Arafat foi nomeado “observador” 
na Assembleia Geral (da ONU). Em 1993, a OLP foi reconhecida 
por Israel como único representante palestino, transformando-
se nos líderes da Autoridade Palestina.
153 - O que é a Carta Nacional Palestina de 1968?
A Carta Nacional de 1968 detalha (no artigo 9): “A 
luta armada é a única maneira de libertar a Palestina. É a 
principal estratégia, não apenas uma fase tática”. E no artigo 
2 acrescenta: “A Palestina, com as fronteiras que tinha durante 
o Mandato Britânico, é uma unidade territorial indivisível”. No 
artigo 21, apresenta a sua fúria violenta: “Ao expressar a sua 
força na revolução armada palestina,o povo palestino rejeita 
todas as soluções que substituem a libertação da Palestina em 
sua totalidade e rejeita todos os planos destinados a eliminar 
o problema palestino ou a sua internacionalização”. Seguindo 
essa lógica, as negociações para dividir a terra 
contradizem os objetivos da carta. Como lemos, o 
conflito não era devido à “ocupação da Cisjordânia” 
(inexistente em 1964, quando a Organização para a 
Libertação da Palestina, a OLP, foi criada), e sim a 
única maneira de destruir Israel.
224
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
A Carta Nacional sofreu modificações, especialmente 
depois de 1967, quando Yasser Arafat assumiu o comando da 
OLP. A organização adotou um caminho menos pan-arabista, 
palestinizando a Carta Nacional e exigindo a formação da 
Palestina em lugar de Israel.
Há quem veja na Carta “um documento histórico-
declarativo”. Quando um líder árabe-muçulmano 
declara algo, ele deve ser levado a sério, uma vez 
que, através de sua declaração, ele está medindo a 
reação de seus seguidores (leia o livro de Eli Avidar, 
“O Abismo”).
Quando afirmou reconhecer Israel, Yasser Arafat escreveu 
a Yitzchak Rabin que os artigos da Convenção Palestina 
que contradizem o conteúdo de sua carta eram “inválidos e 
impraticáveis”. A verdade é que, embora tenha sido realizada 
uma votação para cancelar os artigos terroristas, não houve dois 
terços de votos dos membros do conselho para a sua anulação, 
conforme exigido pela Constituição Palestina. Portanto, a Carta 
ainda se aplica do ponto de vista legal.
154 - Quem foi Yasser Arafat?
Yasser Arafat nasceu no Cairo (em 1929). Um dado não 
anedótico é que o mufti Hajj Amin Al-Husseini era seu tio-avô.
Fundador da Al-Fatah (Kuwait, 1959), deslocou o pan-
árabe Ahmad Shukheiri para liderar a OLP após a derrota de 
1967. No dia 13/11/1974, foi recebido na Assembleia-Geral da 
ONU como “chefe de Estado”, após 105 países (uma aliança 
árabe-islâmica-soviética-não-alinhada e outras ditaduras) 
votarem pelas “boas-vindas” a ele. Ele se mostrou desafiador, 
com sua kefia, dizendo: “Venho com um ramo de oliveira em 
uma mão e a pistola do combatente da liberdade na outra. Não 
deixem que o ramo de oliveira caia da minha mão”.
A OLP começou a operar no Cairo e se mudou (no final da 
década de 1960) para a Jordânia. De lá, foram expulsos pelo rei 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
da Jordânia depois do Setembro Negro e, em seguida, foi Israel 
que os expulsou do Líbano em 1982, para agonizar na Tunísia 
depois de apoiar Saddam Hussein na Guerra do Golfo Pérsico 
em 1991.
Encontrando-se encurralada e longe dos centros de poder, 
a OLP decide reconhecer formalmente Israel e declara que 
estava abandonando o uso da força. Depois de assinar o acordo, 
Yasser Arafat repetiu dezenas de vezes que ele havia imitado o 
Profeta Maomé em seu acordo com Hudaybiyah (ano 628), uma 
Hudna (Trégua), que poderia ser violada se isso favorecesse o 
Islã. No ano 2000, depois de rejeitar as concessões do primeiro-
ministro israelense Ehud Barak (Camp David), ele retornou 
ao terrorismo, iniciando a Segunda Intifada (2000-2005). Ele 
faleceu em 2004.
Dos 5,5 bilhões de dólares de ajuda internacional e 
impostos coletados entre 1994 e 2003, Arafat se apropriou 
de grandes quantias. No momento de sua morte, sua herança 
foi motivo de disputa. Tiveram que convencer e ameaçar sua 
esposa, Suha, para que o dinheiro escondido de Arafat fosse 
entregue ao povo palestino.
Yasser Arafat com Muhammar Khadaffi, 1977
226
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
155 - Por que os palestinos recorreram à violência?
Os palestinos recorreram à violência desde a época 
do Mandato Britânico, quando eles se opunham à imigração 
judaica e à compra de terras. O argumento que surge quando 
os refugiados palestinos tentam retornar às suas casas (em 
1948) ou após a conquista da Cisjordânia (em 1967) não tem 
consistência factual.
As motivações para tal violência são baseadas em princípios 
religiosos e nacionalistas. Para os líderes palestinos, os judeus não 
eram um povo, mas uma religião falsa, e eles estavam roubando 
terras sagradas islâmicas destruindo mesquitas muçulmanas. 
Essas acusações foram corroboradas pelo desenvolvimento 
“colonialista” dos judeus do Mandato Britânico. Mas há 
outro motivo: A sua fraqueza institucional e social. 
Quando não há coesão social (com disputas tribais) e 
falta capacidade construtiva, o mais simples e fácil é 
dizer “não”. É preciso muita força para dizer “sim” e 
renunciar.
A política do “tudo ou nada” desenvolvida pelos palestinos 
desde a década de 1920 do século XX os condenou a um “pouco” 
momentâneo (embora os palestinos dominem 100% de Gaza 
e os territórios A e B da Cisjordânia). Uma visão materialista 
argumentará que “é tudo por causa da ocupação” e que eles 
são violentos porque não têm outra alternativa. Esse tipo de 
imputabilidade não ajuda os palestinos. Os atuais 
palestinos “DE FATO” têm o que perder, uma vez que 
controlam territórios e desfrutam de apoio econômico 
internacional desproporcional.
Israel também é culpado pela tendência atual dos 
palestinos em relação à violência. De um lado, por não ter atuado 
de maneira contundente para desarticular o então nascente 
Hamas, acreditando que eles eram uma alternativa “social” para 
a OLP. Por outro lado, o contato e o controle das forças militares 
israelenses sobre os civis palestinos aumentaram o sentimento 
227
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
de humilhação e, às vezes, manifestaram-se em comportamentos 
pouco nobres e violentos por parte dos soldados israelenses.
156 - Por que motivo a Guerra dos Seis Dias 
começou em 1967?
A “Guerra dos Seis Dias” foi uma continuação da Guerra 
de 1956. Por que começou?
1) A Síria, que não sofreu a derrota de 1956, tinha uma 
nova liderança militar que atacou Israel, tentando desviar, 
ilegalmente, a rota do rio Jordão para “secar Israel”. Em 
7/4/1967, os sírios atacaram tratores civis israelenses e, em 
combate aéreo, Israel derrubou seis aviões sírios. O Egito havia 
assinado (em novembro de 1966) um acordo mútuo de defesa 
militar com a Síria, que exigiu o socorro imediato de Nasser.
2) Em 17/5/1967, o Egito exigiu que as forças de paz da 
ONU evacuassem o Sinai. Nasser sabia que se tratava de um 
“casus belli” para Israel.
3) Com a retirada das forças da ONU, O Egito introduziu 
sete divisões com 100.000 soldados e 1.000 tanques em frente à 
fronteira israelense, violando os acordos após a guerra de 1956.
4) Em 23/5/1967, o Egito bloqueou o Estreito de Tiran à 
passagem de navios para Israel, em violação das Leis Marítimas 
da ONU, outra “causa de guerra”.
5) Em 30/5/1967, a pressão forçou a Jordânia a unir-se 
à aliança síria-egípcia, entregando o comando de suas forças a 
um general egípcio. Em 4/6/1967, o Iraque juntou-se à coalizão 
ofensiva.
6) A OLP e seus aliados nos países árabes tinham 
aumentado seus ataques contra Israel. Em 1965, 35 ataques 
foram realizados contra Israel. Em 1966, aumentaram para 41. 
Apenas nos primeiros quatro meses de 1967, 37 ataques foram 
realizados.
7) Nasser, presidente do Egito, disse claramente: “Não 
vamos aceitar nenhuma coexistência com Israel. (...) Hoje, 
228
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
o problema não é o estabelecimento da paz entre os estados 
árabes e Israel. (...) A guerra com Israel está em vigor desde 
1948”.
O governo de Israel não queria a guerra e a temia. Os 
militares consideraram que era necessário contra-atacar, o que 
no caso significava um ataque preventivo, porque, sem o fator 
surpresa, Israel não poderia sobreviver.
157 - Que territórios Israel conquistou na guerra 
de 1967? 
A guerra começou no dia 5 de junho de 1967, quando 
Israel lançou a “Operação Foco”, um ataque surpresa contra 
aviões e bases aéreasegípcias enquanto eles ainda estavam em 
terra (eles atacaram às 8h00 da manhã). O Egito perdeu 286 
de suas 420 aeronaves de combate, 13 de suas bases aéreas 
mais importantes e 23 estações de radar. Isso deu a Israel uma 
vantagem nos combates aéreos durante toda a guerra.
Poucos minutos após o início da Operação Foco, a 
Jordânia começou, por volta das 11h15 da manhã, uma série de 
bombardeios da parte israelense de Jerusalém e um ataque a 
alguns dos principais edifícios, incluindo o Palácio do Governo. 
Às 12h30min de 5/6/1967, a força aérea israelense atacou 
a jordaniana, destruindo grande parte dela em terra. Em três 
dias, o exército egípcio foi derrotado, o exército jordaniano foi 
destruído em dois dias e o exército sírio, em um dia e meio.
A agressão anterior da aliança egípcia-síria-jordaniana 
foi derrotada em apenas seis dias. Cerca de 15.000 egípcios 
morreram na guerra, outros 5.600 foram feitos prisioneiros. O 
rei da Jordânia declarou que 6.000 soldados jordanianos foram 
mortos. A Síria perdeu 1.000 soldados. Os árabes tiveram 
45.000 feridos e outros 6.000 foram feitos prisioneiros. Do lado 
de Israel, morreram 779 soldados, especialmente na frente 
jordaniana. Outros 2.593 israelenses ficaram feridos e 15 foram 
feitos prisioneiros. Do ponto de vista territorial, Israel ocupou, 
229
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
da Jordânia, as terras da Judeia, Samaria e Jerusalém Oriental, 
um total de 5.875 km². No Egito, Israel ocupou a Faixa de Gaza 
(363 km²) e a Península do Sinai (61.000 km²). Da Síria, Israel 
conquistou as estratégicas Colinas de Golan (730 km²). Mais de 
um milhão de palestinos ficou sob domínio israelense nas áreas 
da Judeia, Samaria e da Faixa de Gaza.
Israel amplia o território que dominava, ocupando as áreas em laranja
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
158 - Por que a Guerra dos Seis Dias em 1967 foi 
tão importante?
A guerra de 1967 produziu uma mudança: era a terceira 
derrota árabe sucessiva (haveria mais uma), mas era a segunda 
derrota do “pan-arabismo”. Foi um golpe mortal para a liderança 
de Nasser. Para os árabes, a derrota teve um efeito moral 
devastador, e por isso eles chamaram o combate de “Naksa” (o 
revés). Se em 1947 a partilha da Palestina havia dividido a nação 
árabe emergente, a expansão israelense de 1967 foi vista como 
uma humilhação para os árabes.
A guerra de 1967 determinou uma mudança qualitativa. 
Israel alcançou o que é conhecido militarmente como 
“profundidade estratégica” ao deixar de estar “dentro do alcance 
do canhão do inimigo”, uma situação que perdurou por 20 anos. 
Ao contrário, as capitais dos países inimigos ficaram sob a mira 
das FDI. No entanto, Israel não sabia ao certo o que queria fazer 
com o que havia conquistado.
A visão do Ocidente não foi unívoca. Israel deixou 
de despertar a simpatia da esquerda (não comunista) e do 
progressismo, já que, depois de 1967, era visto como uma 
potência “ocupante”, conforme fizera o próprio Ocidente, de 
acordo com essa visão, durante seus dias coloniais.
A questão palestina assumiu uma nova dimensão devido 
à conjunção dos fatores mencionados e porque milhares de 
palestinos passaram a viver sob controle militar direto de Israel. 
Os danos causados pelo contato militar israelense-
palestino foram sentidos pela segunda e terceira 
gerações de árabes-palestinos, que não conheceram 
a ocupação jordaniana (e egípcia) e que iniciaram a 
Intifada de 1987.
Depois da Guerra dos Seis Dias, em agosto de 1967, 
os países árabes se reuniram em Cartum (Sudão), emitindo 
um comunicado conhecido como “Os três nãos de Cartum”: 
“Não haverá paz com Israel, não reconheceremos Israel, não 
231
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
negociaremos com Israel”. Depois de 1967, começamos a falar 
muito mais sobre o conflito palestino-israelense que sobre o 
conflito árabe-israelense.
159 - Qual foi a postura das Nações Unidas em 
relação à guerra de 1967? O que é a Resolução 242 do 
Conselho de Segurança?
A Organização das Nações Unidas elaborou um conhecido 
projeto de paz do Conselho de Segurança, a Resolução 242, 
que se baseia em: 1) Retrocesso das forças israelenses dos 
territórios conquistados na Guerra dos Seis Dias; 2) Fim dos 
conflitos militares, respeitando o direito de todos os países da 
zona a viver em paz na sua integridade territorial; 3) Solução 
para o problema dos refugiados palestinos no âmbito de um 
acordo de paz. A ONU se comprometia a enviar um mediador 
para negociar um acordo de paz segundo a Resolução 242.
Em princípio, Israel viu negativamente o pedido de 
retrocesso dos territórios conquistados, embora a declaração 
oficial (na versão em inglês) não dissesse de “todos os territórios”, 
permitindo o domínio israelense sobre locais importantes para a 
sua segurança. Os países árabes a rejeitaram imediatamente, 
embora mais tarde a Jordânia, o Egito e a Síria a tenham aceitado.
Talvez o aspecto mais notório desta resolução tenha sido 
o fato de que ela foi aceita pela União Soviética e pelos Estados 
Unidos.
Embora os palestinos não fizessem parte da Resolução 
242, ela se tornou a base para a assinatura de Israel nos Acordos 
de Oslo (1993) com a OLP.
A Resolução 242 do Conselho de Segurança (da ONU) 
não compromete legalmente, embora Israel a aceite desde 
dezembro de 1967. Não implica sanções, uma vez que se 
baseia no artigo VI da Carta da ONU, que trata de “conflitos 
cuja continuidade pode comprometer a manutenção da paz e a 
segurança internacional”, sendo que as resoluções obrigatórias 
232
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
e vinculantes são aquelas relacionadas com o artigo VII, que são 
“ameaças à paz, violação da paz e atos de agressão”.
Em dezembro de 2016, o Conselho de Segurança aprovou 
a Resolução 2334 (artigo VI), que contradiz a 242, estabelecendo 
uma fronteira (Linha Verde) onde não havia uma.
160 - Qual foi a atitude da população israelense 
diante da ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza?
Na frente interna, a população israelense “se apaixonou” 
pela Judeia, Samaria e Gaza. Alguns passeavam ou faziam 
negócios lá, enquanto outros encontraram mão de obra barata 
para as suas empresas. Indústrias inteiras, como a da construção 
civil, passaram a depender do trabalho palestino, uma situação 
que geraria problemas no futuro próximo.
Houve amplo consenso israelense sobre a necessidade de 
manter o controle sobre parte dos territórios ou sobre os territórios 
inteiros. Até 1967, Israel não tinha “profundidade estratégica 
militar”, dificultando a defesa de civis. Agora, as fronteiras 
estavam muito mais longe das concentrações populacionais.
Dentro de alguns partidos políticos, a vitória de 
1967 foi entendida como uma era messiânica. De um 
modo geral, todo o mapa político israelense se inclinou 
acentuadamente para a direita. A mudança mais drástica 
foi experimentada pelo Mafdal (partido sionista neo-ortodoxo), 
cuja liderança foi lentamente suplantada por uma nova liderança 
ativista que defendia o direito judaico sobre todos os territórios.
Às vésperas da Guerra dos Seis Dias (1967), havia um 
medo existencial em Israel (eles acreditavam que 100 mil 
israelenses perderiam as suas vidas). A memória das duras 
batalhas por Jerusalém em 1948, da queda e destruição de 
seu bairro judeu e os temores de antes da guerra estavam na 
base de uma sensação de euforia e onipotência sobre a qual se 
ergueram os grupos que viam nesse desenvolvimento parte de 
um processo de redenção.
233
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Estrategicamente falando, os israelenses se apaixonaram 
por sua força aérea, desenvolvendo a concepção errada de 
que nenhum novo ataque ocorreria sem a superioridade árabe 
naquela área.
Muito poucos israelenses consideraram que o contato 
militar diário com uma populaçãocivil causaria uma deterioração 
do espírito defensivo de seus soldados, forçaria soldados a agir 
como policiais e que os palestinos se sentiriam humilhados pela 
presença judaica em todas as áreas de suas vidas.
161 - O que o governo israelense decidiu fazer 
com os territórios conquistados na Guerra de 1967?
Em setembro de 1967, a Cúpula da Liga Árabe em Cartum 
(Sudão) emitiu seu comunicado chamado “Os três nãos de 
Cartum”: “Não haverá paz com Israel, não reconheceremos Israel, 
não negociaremos com Israel”. Os israelenses entenderam 
que não havia ninguém com quem negociar, de modo 
que passaram a estudar outras opções.
O governo considerou que a Península do Sinai 
(Egito) e as Colinas de Golan (Síria) serviriam como 
moeda de barganha no âmbito de um acordo de paz 
bilateral. Israel devolveu a totalidade do Sinai ao Egito (1979) 
e o território reivindicado pela Jordânia foi restaurado (1994). 
Até hoje, aproximadamente 94% dos territórios obtidos 
nessa guerra (1967) foram entregues por Israel a seus 
vizinhos árabes no decorrer das negociações. Isso 
demonstra a disposição de Israel em fazer concessões 
territoriais.
A posição do Partido Trabalhista no poder estava 
enquadrada no plano do ministro Yigal Alon. Israel devia, por 
uma questão de segurança, impedir a penetração de terroristas 
da Jordânia, estabelecendo bases e assentamentos no Vale do 
Jordão, e o mesmo deveria acontecer nas primeiras colinas a 
partir do leste, na cordilheira do centro do país, tudo isso por 
234
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
motivos de segurança. O resto do território poderia ser entregue 
a uma autoridade árabe. É assim que o assentamento de Kiryat 
Arba (anexado a Hebron) e os 6.000 israelenses que atualmente 
vivem no Vale do Jordão foram estabelecidos.
Moshe Dayan, ministro de Defesa na época, acreditava que 
não havia possibilidade de chegar a acordos cabais, conforme 
proposto por Alon, de modo que ele sugeria permitir que os 
palestinos vivessem como jordanianos, passando livremente 
para lá. Por essa política, os árabes-palestinos passariam para a 
Jordânia pela ponte Allenby. Ambos os planos foram executados.
Com a chegada do nacionalista Likud, uma política de fatos 
consumados foi imposta para expandir o controle israelense 
sobre a Cisjordânia.
Plano de Yigal Alon
235
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
162 - Todos os palestinos vivem nos territórios 
que Israel ocupou em 1967?
A maior parte da concentração palestina, mais de 
quatro milhões de pessoas, embora não se realizem censos 
(intencionalmente), está localizada na Cisjordânia e na Faixa de 
Gaza. Hoje em dia, em Gaza, existe um estado palestino de fato 
governado pelo Hamas e outro protoestado nos territórios A e B 
da Cisjordânia.
Muitos dos que partiram após a guerra de 1948 passaram a 
viver nos numerosos campos de refugiados do Líbano, da Jordânia 
e da Síria. A sua situação varia de país para país. O que eles têm 
em comum é que eles foram usados por seus irmãos árabes como 
bucha de canhão, sem qualquer proteção ou qualquer direito. A 
identidade palestina foi tomada como bastarda pelos líderes pan-
árabes, começando com Nasser, mas continuando com os emires 
do Kuwait ou os presidentes do Iraque.
Pouco mais de 20% da população de Israel são árabes 
(palestinos), ou seja, cerca de 1,7 milhão de pessoas. A 
cidadania israelense que eles possuem lhes permite desfrutar 
de direitos civis desconhecidos entre os seus pares árabes no 
Oriente Médio e um status econômico superior a quase todo o 
restante dos palestinos, que não foram integrados nos países que 
supostamente lutaram por eles em 1948 e geraram o seu drama. 
Em Israel, encontramos representantes palestinos na 
Knesset, no Supremo Tribunal de Justiça e em vários 
órgãos estatais e se constata hoje em dia (em 2019) 
um aumento no recrutamento de árabes israelenses 
nas forças de segurança ou no serviço nacional 
(voluntariado social ligado ao exército).
A consciência palestina de pertencer a um único povo teve 
um despertar tardio e a dispersão não foi tanto um obstáculo 
como um fator de ligação. A conformação de uma nacionalidade 
palestina tem um claro impulso com a criação do Estado de Israel 
e é fortalecida após a Guerra dos Seis Dias.
236
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
163 - Em que situação se encontramos palestinos 
que vivem dentro do Estado de Israel?
Após a criação do Estado de Israel, cerca de 150.000 árabes 
permaneceram dentro de Israel (a maioria deles muçulmanos). 
Naquela época, eles representavam cerca de 15% da população 
e hoje eles são pouco mais de 20%. O governo decidiu impor um 
governo militar às cidades árabes até 1966, porque os árabes 
eram vistos como inimigos por terem lutado contra os judeus na 
Guerra da Independência. Uma situação completamente lógica 
para a época.
Como resultado da nova realidade, entre 1948 e 1967, 
eles perderam as ligações diárias com os palestinos além da 
Linha Verde. Os israelenses gostam de chamá-los de árabes-
israelenses, embora, hoje em dia, muitos deles prefiram ser 
chamado de palestinos com cidadania israelense.
A maioria deles vive no norte, nas proximidades da antiga 
cidade cristã de Nazaré (um centro econômico). A maioria 
da população de Nazaré é árabe muçulmana e, muitas vezes, 
atormenta os seus pares árabes cristãos. Além disso, eles 
habitam cidades consideradas “mistas”, de árabes e judeus, 
como Haifa, Yafo ou Acco (Acre), as três no Mar Mediterrâneo.
Outra concentração de palestinos, cerca de 200.000 
pessoas, vive em Jerusalém Oriental, que esteve em mãos 
jordanianas até 1967. Após a guerra de 1967, eles receberam 
a oportunidade de obter a cidadania, mas a rejeitaram quase 
completamente. Desde então, foram autorizados a trabalhar e 
entrar em Israel, e podem votar nas eleições municipais, mas 
não no parlamento. Eles são residentes permanentes. Parte 
desses bairros em Jerusalém Oriental é indiretamente dominada 
pela Autoridade Palestina.
Hoje em dia (2019), nota-se uma tendência à integração 
da minoria árabe (especialmente a minoria cristã). Uma 
pesquisa realizada entre os árabes israelenses pelo Instituto 
de Democracia de Israel (2007) já mostrou que 75% apoiavam 
237
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
o Estado de Israel como um Estado judeu e democrático, que 
garantias igualdade de direitos para as minorias.
164 - O que foi a Guerra de Desgaste? A que nos 
referimos quando falamos do “País das Perseguições”?
Foi uma longa e dura série de batalhas fronteiriças entre 
Israel e o Egito, e na frente israelense-jordaniana. O raciocínio 
do presidente Gamal Abdel Nasser para começar os incidentes 
foi explicado pelo assessor do regime, o jornalista egípcio 
Mohamed Heikal: “Se tivermos sucesso em fazer 10 mil vítimas, 
eles inevitavelmente serão forçados a parar de lutar, porque eles 
não têm reservistas”. O presidente egípcio Nasser acreditava 
que “o que foi levado à força deve ser restaurado à força”.
A guerra de intensidade média começou no dia 01/7/1967, 
quando um comando egípcio assumiu uma posição em Ras el-
Ish, a 16 km de Port Said, uma área nas mãos de Israel desde 
o cessar-fogo de 9/6/1967. A vingança israelense ocorreu na 
noite de 30/10/1967, quando os comandos helitransportados 
(Sayeret Matkal) destruíram a principal fonte de eletricidade do 
Egito. Israel foi atacado em bases e posições fixas (Linha Bar-
Lev).
Durante a Guerra de Desgaste, 1.424 soldados 
israelenses foram mortos e outros 3.000 ficaram 
feridos. A Força Aérea de Israel perdeu 14 aeronaves. 
De acordo com o historiador israelense Benny Morris, 
cerca de 10.000 soldados e civis egípcios foram mortos 
e 98 aeronaves foram destruídas. No entanto, os egípcios 
não publicaram dados. Os egípcios consideram esta batalha uma 
vitória, porque eles não foram derrotados, e o mesmo acreditam 
os israelenses,que controlaram uma ofensiva egípcia auxiliada 
pela União Soviética.
A Guerra de Desgaste também foi vivida na frente 
jordaniana. A terra das perseguições (“Eretz Hamirdafim”) é o 
nome dado ao Vale do Jordão e à parte oriental das montanhas 
238
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
da Judeia e Samaria, ao norte do Mar Morto. Até que a Jordânia 
assassinou palestinos no Setembro Negro (1970), comandos 
terroristas foram mortos, em centenas de perseguições, quando 
entravam da Jordânia para realizar atentados em Israel. Israel 
perdeu soldados e oficiais que lideraram tais perseguições.
165 - O que é o chamado “Setembro Negro”?
Os combatentes da OLP não só atacavam Israel na 
“Terra das Perseguições”, mas também aspiravam derrubar o 
rei jordaniano Hussein (eles tentaram assassiná-lo duas vezes) 
por considerá-lo um aliado do imperialismo. As ações da OLP 
complicaram o rei na arena internacional, já que os aviões 
sequestrados consecutivamente (1970) por palestinos se 
dirigiam a seu território.
Nos sequestros de Dawson’s Field, três aeronaves foram 
forçadas a aterrissar em Zarka, os seus passageiros estrangeiros, 
tomados como reféns, e os dispositivos, detonados na pista, em 
frente à imprensa internacional. Hussein viu o evento como a 
gota d’água e ordenou que o seu exército avançasse.
Em 17 de setembro de 1970, os jordanianos começaram 
a bombardear os campos de refugiados palestinos. Os fedayins 
foram expulsos um por um, até que o último contingente de 2.000 
combatentes palestinos se rendeu ao ser encurralado em uma 
floresta perto de Ajloun, no dia 17 de julho de 1971, marcando 
o fim do conflito.
A organização do Setembro Negro foi criada durante o conflito 
para realizar represálias. O grupo assumiu a responsabilidade 
pelo assassinato do primeiro-ministro jordaniano que os reprimiu, 
Wasfi Al-Tal (1971), e pelo assassinato de 11 atletas israelenses 
durante os Jogos Olímpicos de Munique (1972).
O número de palestinos mortos foi estimado pelos 
jordanianos em 2.500, enquanto Yasser Arafat calculou que 
houve 3.400 mortos e 10.800 feridos. De acordo com Israel, esse 
número é muito maior: cerca de 20.000. A dinastia Haxemita 
239
300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
assegurou o seu governo na Jordânia, enquanto os terroristas 
palestinos encontraram um novo lugar para as suas atividades: o 
Líbano. As forças jordanianas relataram a perda de 537 de seus 
membros.
Depois de provocar o vácuo institucional e a anarquia na 
Jordânia, a OLP passou a fazer o mesmo no Líbano, participando 
da guerra civil contra os cristãos maronitas. Eles ficaram lá até 
1982.
166 - O que aconteceu nas Olimpíadas de Munique 
de 1972? 
Nem todo terrorismo é idêntico: Existe “terrorismo 
romântico” (Narodna Volya); “terrorismo personalizado”, como o 
da ETA (que realizou algumas ações indiscriminadas); “terrorismo 
indiscriminado”, quando se mata o máximo de civis possível, de 
propósito; “terrorismo suicida”, e, finalmente, “terrorismo com 
armas não convencionais” (biológicas, químicas, atômicas). O 
modus operandi da Organização pela Libertação da 
Palestina (a OLP) nas décadas de 1970 e 1980 foi o 
terrorismo indiscriminado.
Há pessoas com uma bússola moral mal-ajustada que 
glorificam aqueles que assassinaram civis deliberadamente 
(Leila Khaled ou personagens semelhantes). A questão parece 
exceder as circunstâncias do conflito israelense-palestino e 
estar ligada a uma valorização da violência pessoal como um 
ato heroico, enquanto medidas diplomáticas e políticas, ou 
ações de construção institucional, tendem a ser vistas por eles 
como “fracas” ou “concessivas”. Este padrão de santificar 
o terrorismo dificulta a solução de um conflito que só 
pode ser alcançada por meio do compromisso.
Uma das ações terroristas da OLP foi o sequestro de 
atletas israelenses durante os Jogos Olímpicos em Munique (no 
mês de setembro de 1972) para trocá-los por 234 prisioneiros 
palestinos abrigados em prisões israelenses e conseguir a 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
libertação dos fundadores da Fração do Exército Vermelho, 
Andreas Baader e Ulrike Meinhof, presos na Alemanha.
Eles entraram nos quartos dos atletas, assassinaram alguns 
e levaram outros como reféns. O governo israelense recusou-se 
a negociar com um grupo autodenominado “Setembro Negro”, 
em memória do que aconteceu na Jordânia em 1970.
O que começou como uma negociação com as autoridades 
alemãs continuou com a transferência de todos para uma base 
militar na periferia da cidade, onde, após uma troca de tiros, 
os atletas israelenses foram mortos. Os Jogos Olímpicos 
não foram interrompidos apesar do assassinato de 
onze israelenses. Depois de Munique, em 1972, o Mossad 
formou um comando especial para executar os responsáveis 
pelo assassinato.
167 - Qual é a importância da Guerra de Yom 
Kipur de 1973 no conflito palestino-israelense?
Foi a última tentativa de “apagar” Israel por meio de uma 
guerra aberta com os exércitos do estado. No dia 6 de outubro 
de 1973, uma aliança egípcia-síria iniciou um ataque surpresa 
no Dia do Perdão (Yom Kipur), quando os judeus jejuavam e 
rezavam. As enfraquecidas defesas israelenses concentradas 
na Linha Bar-Lev foram facilmente superadas.
Raymond Aron (“Memórias”) afirma que o presidente 
egípcio Anwar El-Sadat preparou um ataque com um objetivo 
limitado para, como disse mais tarde a Golda Meir, “não ter que 
se ajoelhar para negociar com Israel”. Mas essa afirmação foi a 
posteriori e não representava a opinião síria.
Anwar Al-Sadat queria abandonar o patrocínio russo 
para se aproximar dos Estados Unidos (Sadat descreveu isso 
como Infitah, abertura). Em Israel, por outro lado, chegaram 
à conclusão deque superioridade aérea implicava que não era 
lógico que o ”fraco” Sadat pudesse atacá-los. Essa conclusão 
foi a que fez com que a inteligência que chegava do Egito fosse 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
decodificada erroneamente.
Os objetivos limitados e duvidosos poderiam ter sido 
verdadeiros no caso egípcio, embora seja impossível acreditar no 
caso sírio no Golan, que atacou com 350.000 homens apoiados por 
iraquianos, sauditas e até marroquinos. Às vezes, confunde-
se o fato de que muitos não tenham as capacidades 
para executar suas intenções, reconhecendo suas 
limitações imediatas, com o suposto abandono de seu 
programa político-ideológico.
Embora o exército israelense tenha se recuperado do 
ataque surpresa, passando ao contra-ataque, a guerra causou 
uma profunda crise no Estado de Israel. Os árabes consideram 
uma vitória e chamam isso de “Guerra de Outubro”.
A partir de 1973, os países árabes e os muçulmanos, 
incluindo os palestinos, buscariam outras formas de destruir ou 
enfraquecer Israel. Por exemplo, o pagamento a e o treinamento 
de terroristas como o Hezbollah ou o Hamas, a fomentação de 
embargos e boicotes e a continuação de uma retórica antissemita 
flagrante.
168 - Por que os judeus do mundo se sentem tão 
ligados a Israel?
A resposta é simples: a maioria dos judeus do mundo 
se sente parte do povo judeu (é possível pertencer a mais de 
um povo, como o sino-argentino, o italiano-chileno ou o grego-
peruano), e como Israel é o berço nacional do povo judeu (ali, os 
judeus representam 80% da população), o relacionamento e os 
laços sentimentais com o país são óbvios.
Por gerações, os judeus do mundo rezam voltados para 
Jerusalém e em suas orações anseiam por um retorno para lá, em 
alguns poucos casos pedindo para serem enterrados ali. Além 
dessas circunstâncias, Israel é o lugar onde os judeus, como 
nação, restabeleceram sua capacidade de autodeterminação 
após terem, durante séculos, constituído minorias em diferentes 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
partes do planeta. Lá eles podem se governare assumir suas 
responsabilidades nacionais.
A mensagem que se transmite aos judeus do mundo é 
que, contando com um estado, os judeus nunca mais se deixarão 
massacrar. Por isso, são tão celebrados os triunfos em guerras, 
seus diversos desenvolvimentos tecnológicos ou as ações 
criativas dos serviços secretos israelenses, como o sequestro do 
líder nazista Adolf Eichmann, na Argentina (1960), ou o resgate 
do avião sequestrado em Entebbe (1976).
Alguns dos judeus do mundo consideram que Israel deve ser 
“luz para o resto das nações”, de modo que seu comportamento 
deve ser exemplar. Suas críticas a qualquer ação de Israel 
podem ser muito extremas (alguns até insistem em mostrar aos 
outros que eles não são “esse tipo de judeu”). No outro extremo, 
destacam-se os judeus acríticos, partidários incondicionais de 
Israel, que condenam qualquer julgamento negativo ao país, 
acusando de antissemita qualquer crítica ao estado judeu.
Para o judeufóbico moderno, esses sentimentos de 
orgulho em relação a Israel são frequentemente descritos como 
“arrogância” ou “racismo”. Nós já sabemos que quem odeia 
acalenta o ódio acima de tudo e depois procura uma justificativa.
169 - Como se explica o apoio dos EUA a Israel? 
É pelo lobby judeu?
O apoio dos Estados Unidos a Israel nem sempre foi 
assim, nem é incondicional. De 1948 a 1967, a avaliação do 
Departamento de Estado era de que Israel não suportaria as 
ameaças à sua existência, priorizando as relações com os países 
árabes. Os presidentes George Bush (pai), Jimmy Carter e 
Barack Obama foram reticentes em relação a Israel ou mostraram 
certa hostilidade em muitos assuntos.
A influência dos judeus americanos é importante, 
especialmente durante as eleições, já que os judeus doam 
70% do arrecadado pelo Partido Democrata e 30% do Partido 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Republicano. Na política interna, os judeus geralmente votam no 
Partido Democrata (mais de 70%, desde a década de 1920), um 
partido que nos últimos anos desenvolveu um ramo fortemente 
anti-israelense.
Uma das organizações mais influentes é o AIPAC (Comitê 
de Assuntos Públicos Americano-Israelense). Muitos dos mais 
de 5.000.000 de judeus pertencem a diferentes lobbies pró-
israelenses, grupos que devem competir contra outros lobbies 
anti-israelenses.
Os Estados Unidos têm outros aliados no Oriente Médio, 
e algumas dessas relações (com a Arábia Saudita) criaram atrito 
com Israel. Não obstante, Israel permanece mais previsível 
e confiável, pois é uma democracia vibrante, e por falta de 
alternativas em uma área de alta instabilidade.
Atualmente (2019), o voto do lobby de 70 
milhões de cristãos nos Estados Unidos, pertencentes 
ao Cinturão Bíblico (cristãos evangélicos) é mais 
determinante do que o “voto judaico”.
O apoio econômico dos Estados Unidos a Israel é maior 
do que em relação a outros países, mas, à diferença da década 
de 1970, deixou de ser determinante para a sua economia. 
Quanto ao apoio estratégico, continua a ser uma questão de 
sobrevivência para Israel, não tanto por causa das ameaças 
imediatas, mas por causa do estrangulamento diplomático que 
deve enfrentar, e por causa da influência dos Estados Unidos em 
alguns dos países vizinhos.
170 - O que é o Acordo Intermediário entre Israel 
e Egito?
O Acordo Intermediário (Acordo do Sinai) foi assinado no 
dia 4/9/1975, em Genebra, entre o governo de Anwar El-Sadat 
(Egito) e Yitzchak Rabin (Israel). O acordo foi alcançado após 
a mediação intensiva do Secretário de Estado dos EUA. Henry 
Kissinger, ansioso para afastar o Egito da URSS.
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
Kissinger exerceu forte pressão sobre Israel, 
ameaçando parar de fornecer armamentos e 
“reavaliando as relações bilaterais”, já que Israel não estava 
disposto a ceder o suficiente.
No acordo, as partes comprometeram-se a não recorrer 
a ameaças ou a usar a força. A parte territorial estipulava que 
Israel se retiraria para uma linha de 30 a 40 quilômetros a leste, 
incluindo os desfiladeiros de Mitla e Gidi, no oeste do Sinai. Esta 
área foi transformada em uma zona de amortecimento sob a 
supervisão das forças da Organização das Nações Unidas.
Israel também se retirou da maioria dos campos de 
petróleo no Sinai, incluindo Abu Rhodes (e o assentamento de 
Shalhevet, que estava localizado lá) e Belim. Esta faixa se tornou 
território desmilitarizado egípcio, e acordos israelenses-egípcios 
conjuntos foram estabelecidos na estrada paralela ao Golfo. Os 
egípcios prometeram em uma carta aos Estados Unidos que não 
interviriam em uma guerra entre Israel e a Síria, caso a Síria 
fosse a iniciadora.
Como parte deste acordo, os Estados Unidos forneceram 
uma garantia para o fornecimento de petróleo a Israel como um 
substituto para os campos de petróleo evacuados no Sinai e 
prometeram que, no caso de uma guerra futura, preparariam um 
plano de emergência para fornecer equipamento militar a Israel 
em dois meses. Também foram incluídos acordos para a compra 
de equipamentos militares (aviões de combate F-15 e futuras 
aeronaves F-16).
Esse acordo intermediário foi importante, porque 
aumentou a confiança entre o Egito e Israel para dar o 
próximo passo, que foi o acordo de paz bilateral de 1979.
171 - Por que motivo o nacionalismo derrotou o 
trabalhismo em Israel nas eleições de 1977?
As eleições de 1977 canalizaram dois processos opostos 
que se desenvolveram desde o início da década de 1960. De um 
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
lado o processo de perda de popularidade do Mapai (trabalhismo) 
contra o crescimento da legitimidade do Cherut (o atual Likud).
A queda do Mapai, ou Maarach, começou com a segunda 
rodada do Essek bish, o “Assunto Vergonhoso” em 1960-1961 
(o Caso Lavon, a operação fracassada de sabotagem de Israel 
no Egito). As lutas internas foram agravadas pela “negligência” 
de 1973 (o ataque surpresa em Yom Kipur), quando os pais 
fundadores (Ben-Gurion, Levi Eshkol e outros) já não lideravam 
mais o partido.
O processo de legitimação do Likud começa com a 
formação do Gachal (Cherut-Liberais - 1965) e a sua posterior 
participação no governo da União Nacional (durante os Seis Dias 
- 1967), continuando com a conformação do Likud (em 1973).
O Cherut de Menachem Begin foi declarado por Ben-
Gurion como um partido ilegítimo para formar uma coalizão. No 
entanto, a sua posição no espectro político israelense foi cada 
vez mais aceita, especialmente após a Guerra dos Seis Dias, 
quando todo o mapa político se inclinou para a direita.
O processo de legitimação do Likud foi reforçado pelo apoio 
concedido pelas camadas mais pobres. O Likud foi transformado 
em um partido apoiado pelas segundas gerações de imigrantes 
sefaradim, que viam como os ashkenazim e os novos imigrantes 
melhoravam a sua posição socioeconômica, enquanto eles não 
avançavam.
Esses dois processos inversos tiveram catalisadores que 
aceleraram essa clara tendência. Tais catalisadores foram o 
colapso da coalizão após a chegada dos F-16 em Israel (1976) e 
os vários casos de corrupção na cúpula do Maarach.
De 1977 a 2019, exceto por breves períodos de governo 
trabalhista ou do partido Kadima (Sharon-Olmert), o Likud tem 
sido o partido no poder em Israel (1977-1984, 1986-1992, 1996-
1999, 2001-2006, 2009-2019).
172 - O que significou para os palestinos o Acordo 
de Paz de Camp David entre Israel e Egito?
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300 Perguntas em 300 Palavras - Conflito Israel-Palestina - Gabriel Ben-Tasgal
No dia 26/03/1979, Israel e Egito assinaram dois acordos. 
A negociação teve como mediador o próprio presidente dos 
Estados Unidos, Jimmy Carter, que na fase final viajava do 
Cairo a Jerusalém e vive-versa, até a assinatura do acordo na 
Casa Branca. O primeiro acordo foi chamado de “Acordo Marco 
para uma Paz no Oriente Médio” e era dividido em duas partes. 
Por um lado, foi acordado que as

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