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Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 1 O sistema urinário é dividido em trato superior, representado pelos rins, e trato inferior, ureteres, bexiga e uretra. Nos animais domésticos, os rins podem ser classificados como unilobares ou multilobares – como em suínos e bovinos. A. Equino B. Bovino C. Ovelha O parênquima renal se divide em córtex e medula. Ademais, o rim é constituído por unidades funcionais, os néfrons. Cada néfrons é constituído pelo corpúsculo renal e um longo túbulo diferenciado em segmentos sucessivos. Cada corpúsculo renal é formado pelo glomérulo, que se constitui por um tufo de capilares ramificados e anastomosados – bifurcam e recombinam -, com uma região central- mesângio -, envolto pela cápsula de Bowman. Fluxo sanguíneo e do líquido tubular Funções Para explicar a função do rim, deve-se considerar a função dos néfrons. ♥ Manter a integridade fisiológica do volume e dos constituintes do líquido extracelular ♥ Eliminar os produtos nitrogenados oriundos do metabolismo das proteínas – ureia, creatinina, ácido úrico e uratos ♥ Depurar o plasma de excessos ♥ Manter o pH dos líquidos corporais ♥ Eliminar compostos orgânicos endógenos e exógenos a. Eritropoetina Glicoproteína produzida nos rins pelas células intersticiais e/ou endoteliais dos capilares peritubulares da região cortical e medular, em resposta à redução na concentração de oxigênio sanguíneo, para estimular a produção de eritrócitos na medula óssea. b. Renina Glicoproteína produzida pelas células do complexo justaglomerular, quando há diminuição da pressão arterial devido à redução do volume extracelular. A renina converte o angiotensinogênio Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 2 em angiotensina I, que é convertida em angiotensina II, a qual tem potente ação vasoconstritora e estimula a secreção de aldosterona pelo córtex das adrenais – glândulas próximas aos rins -, elevando a reabsorção de sódio e, consequentemente, a reabsorção de água dos túbulos renais. Esses efeitos aumentam a pressão arterial. c. 1,25-di-hidroxicolecalciferal Os rins são responsáveis pela etapa final de transformação da forma inativa da vitamina D na forma biologicamente ativa. Convertem o 25- hidroxicolecalciferol, de origem hepática, em 1,25-di- hidroxicolecalciferol, importante na absorção intestinal de cálcio. Pele - Conversão de 7- dehidrocolesterol em vitamina D3 (Colecalciferol) Corrente sanguínea Hidroxilação 25-OH-D (calcidiol) Hidroxilação ativada pelo PTH 1,25-OH2D (calcitriol) Absorção de Cálcio e P d. d. Prostaglandinas Produtos de ação das ciclo-oxigenases-2. São de grande importância durante os períodos de hipotensão, contribuindo para a regulação do fluxo sanguíneo renal, transporte de sódio e água e filtração glomerular, diretamente pela liberação de renina e hormônio antidiurético. Portanto, deve-se ter cuidado ao administrar AINES, pois esses fármacos podem suprimir a vasodilatação realizada pelas prostaglandinas na região medular. Com isso, a região medular pode sofrer de isquemia e resultar em necrose das papilas renais e de extensas áreas dessa região. Processos essenciais Para que os rins realizem suas funções de forma eficiente, é preciso que elimine a urina normalmente, que haja perfusão sanguínea adequada e que o tecido renal esteja funcional. Para isso, os rins realizam três processos essenciais: filtração glomerular e reabsorção e secreção tubular. Filtração glomerular A pressão do sangue no glomérulo determina a filtração contínua de líquido para a cápsula de Bowman. Esse filtrado glomerular é semelhante ao plasma, exceto por não conter quantidades significativas de proteínas, pois as macromoléculas não atravessam a parede dos capilares. À medida que o FG flui pelos túbulos renais, as substâncias desnecessárias não são reabsorvidas. Assim, cerca de 99% do FG é normalmente reabsorvido nos túbulos, ao passo que uma pequena porção contribui para formar a urina. A quantidade do FG é definida pela sua intensidade. A pressão glomerular, pressão coloidosmótica do plasma e a pressão na cápsula de Bowman são fatores que determinam a intensidade da filtração. As baixas concentrações de íons cloreto e sódio induzem as células justaglomerulares a libarem renina, que, por sua vez, induz a formação de angiotensina II para produzir vasoconstrição das arteríolas eferentes, com consequente elevação da pressão glomerular. A pressão glomerular elevada associada ao aumento do fluxo sanguíneo eleva a intensidade até o nível necessário. Entretanto, o mecanismo mais importante de autorregulação do fluxo sanguíneo é o mecanismo vasodilatador da arteríola aferente. Quando o fluxo sanguíneo renal cai, para valores muito baixos, a intensidade de filtração glomerular diminui. A filtração diminuída causa efeito de feedback no complexo justaglomerular, dilatando a arteríola aferente, possibilitando maior fluxo sanguíneo e maior filtração. UVB Fígado Rins Ossos Intestino O PTH é secretado pela paratireóide em resposta à diminuição dos níveis séricos de cálcio e de níveis muito baixos de fosfato Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 3 Secreção tubular Passagem de substâncias do plasma através das células epiteliais, que revestem os túbulos, para o líquido tubular. Constitui-se no segundo mecanismo pelo qual o néfron depura o plasma das substâncias indesejadas. Dessa maneira, a urina é constituída por substâncias filtradas e secretadas. Controle hormonal A função renal está sob o controle de três hormônios importantes: hormônio antidiurético (ADH) ou vasopressina, aldosterona e o paratormônio (PTH). ADH O hormônio antidiurético é um polipeptídio sintetizado nos núcleos hipotalâmicos supraópticos. Aumento de osmolalidade (excesso de Na¯) Estímulo dos osmorreceptores no hipotálamo Neuro-hipófise libera ADH Maior retenção de água nos líquidos corporais, corrigindo o líquido extracelular concentrado. Aldosterona Mineralocorticoide secretado pelas células da zona glomerular do córtex das glândulas suprarrenais. A secreção dela é estimulada pelo aumento na concentração de angiotensina II no sangue, concentração de íons de potássio e pela diminuição da concentração de íons de sódio no líquido extracelular. Líquido extracelular Pressão arterial Fluxo sanguíneo para os rins Secreção de renina pelas justaglomerulares Formação de angiotensina I Angiotensina II Vasoconstritor potente que exerce efeito sobre as células da zona glomerular do córtex da adrenal Secreção de aldosterona PTH Polipeptídio secretado pela paratireoide. Sua secreção é estimulada pela hipocalcemia e hiperfosfatemia. A excreção de cálcio e fósforo na urina é reguçada pelo PTH. Mesmo em sua ausência, grande parte do cálcio é reabsorvida nos túbulos proximais, na alça de Henle e na porção inicial dos túbulos distais. Contudo, cerca de 10% do cálcio filtrado ainda permanece e penetra na porção terminal dos túbulos distais. Se houver grandes quantidades de paratormônio no sangue, praticamente todo o cálcio restante será reabsorvido na porção terminal do túbulo distal e na porção cortical do túbulo coletor, conservando o Ca no organismo. O PTH, além de aumentar a conservação de cálcio pelos rins, também estimula a conversão, nos rins, do 25-(OH) D em 1,25(OH)2D – forma ativa da vitamina D. O PTH também diminui a reabsorção de fosfato pelos túbulos renais, aumentando sua excreção pela urina. Agenesia e aplasia Correspondem à ausência completa ou a rudimentos embrionáriosde um ou ambos os rins. Ocorre raramente, mas pode haver maior predisposição em famílias de cães das raças Dobermann, Pinscher e Beagle e em suínos Large White. Causas: desenvolvimento incompleto do pronefro, mesonefro, ou do botão ureteral ou pela ausência ou degeneração do blastema metanéfrico. *Aplasia unilateral – compatível à vida (leva à uma hipertrofia compensatória do rim contralateral) *Aplasia bilateral – incompatível com a vida Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 4 Hipoplasia renal Desenvolvimento incompleto do rim. número de néfrons, lóbulos e cálices. Causas: pode ser por redução do blastema metanéfrico ou pela incompleta formação do néfrons pelo botão ureteral. *Hipoplasia unilateral – hipertrofia compensatória do outro rim *Hipoplasia bilateral – dependendo do grau, pode causar IR Macroscopia: redução da metade do volume ou de aproximadamente 1/3; com ausência de doença renal adquirida. Microscopia: pode ser observados resquícios de estruturas embrionárias. NÃO DEVE SER CONFUNDIDA COM A HIPOTROFIA SECUNDÁRIA ÀS NEFROPATIAS ADQUIRIDAS CRÔNICAS COM FIBROSE. Rins ectópicos Rins fora da sua posição sublombar normal. Ocorre com maior frequência em suínos e, geralmente, acomete apenas um dos rins. Causa: migração anormal durante o desenvolvimento fetal. Consequência: estrutura funcional, porém pode causar obstrução do fluxo urinário devido ao posicionamento incorreto do ureter. Cistos renais Congênitos – solitários; rins policísticos Adquirido – cistos de retenção Cistos solitários Localizam-se mais frequentemente na cortical. Ocorrem nos suínos, bovinos e cães Macroscopia: tamanho variado (1 a 2cm – Bovinos podem chegar até 15cm). Pode haver um ou mais cistos que fazem Saliência na superfície do órgão. Apresentam cápsula transparente ou esbranquiçada e opaca e contêm líquido semelhante à urina. Microscopia: membrana conjuntiva revestida por epitélio cúbico com compressão do parênquima renal adjacente. Rins policísticos Seu parênquima é substituído por formações císticas numerosas, pequenas e coalescentes. Mais comum em bezerros, suínos e gatos. Macroscopia: semelhante ao favo de mel. Apresentam diâmetro que variam de milímetros a 3cm e contêm líquido semelhante à urina. Microscopia: cistos localizados na cortical e/ou medula. Suas paredes são constituídas por tecido conjuntivo fibroso e internamente por células cúbicas ou achatadas. O tecido renal adjacente também pode mostrar sinais de atrofia por compressão. Cistos de retenção Constituem uma lesão adquirida. Podem ser numerosos ou não e geralmente são menores que os congênitos. Localizam-se nas regiões cortical e/ou medular. Doenças renais crônicas Tecido conjuntivo fibroso Compressão e obstrução dos túbulos renais Dilatação da porção tubular anterior à obstrução Microscopia: são delimitados por epitélio tubular achatado ou cuboide de permeio com grande quantidade de tecido conjuntivo fibroso. Hipoplasia renal unilateral - BOV Hipoplasia renal unilateral - Cão R im p o licístico -su ín o Cistos solitários -suíno Cisto de retenção - cão Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 5 Displasia renal Desenvolvimento anormal do parênquima renal. Caráter hereditário e familiar em cães das raças Lhasa Apso, Shih Tzu e Terriers. Causa: nefrogênese anômala, com falha na interação entre o botão ureteral e o blastema metanéfrico. Macroscopia: rim de tamanho reduzido, esbranquiçado, firme e de superfície cortical irregular. Microscopia: alterações primárias - túbulos adenomatosos, glomérulos e túbulos imaturos ou fetais, ductos metanéfrico e de tecido mesenquimal primitivo com aspecto mixomatoso. Alterações secundárias – presença de tecido cartilaginoso e/ou ósseo e fibrose intersticial DIFERENIAÇÃO ENTRE DISPLASIA RENAL E HIPOPLASIA – número de néfrons, lóbulos e cálices normal na displasia. Hiperemia ATIVA PASSIVA - Estase do sangue arterial - Processos inflamatórios agudos – Nefrites, glomerulites, ... - Processos septicêmicos e/ou toxêmicos – erisipela, leptospirose, colibacilose, ... - Estase do sangue venoso – congestão - Insuficiência cardíaca congestiva ou ICD - Compressão ou trombose das veias renais e cava caudal Rins aumentados de volume Avermelhados Flui sangue ao corte Rins aumentados de volume Avermelhado-Escuro Flui sangue ao corte Junção corticomedular saliente e escura Hemorragia Causas: Bacteremias Salmonelose Leptospirose Clostridiose Viremias Peste suína FCM Intoxicações Dicumarínicos Veneno de cobra Def. fatores de coagulação sanguínea Traumatismo Macroscopia: petéquias e sufusões Infarto Áreas de necrose de coagulação resultantes da isquemia por obstrução vascular causada por êmbolos ou trombos localizados nas artérias e nas veias renais. Causas: Doenças tromboembólicas Endocardite vascular Pneumonias Doença periodontal grave Trombose das veias renais por abscessos Endarterite da aorta S. vulgaris Neoplasias malignas metastáticas Macroscopia: a dimensão do infarto depende do calibre e do número de vasos sanguíneos ocluídos. Artéria renal artérias interlobares ramos arciformes artérias interlobulares Displasia renal - cão G lo m ér u lo s fe ta is - c ão T ú b u lo s ad en o m at o so s - cã o R im co n gesto - cão Petéquias – cão (Leptospirose) Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 6 Artéria interlobular – infarto cortical Artéria arciforme – infarto cortical e medular Artéria renal – infarto renal difuso – raro Infarto Agudo Inicialmente vermelho Infarto Subagudo Cinza pálido em 2-3 dias devido à lise de eritrócitos Infarto Crônico Substituição da área necrosada por tecido fibroso, com aspecto de cunho, áreas esbranquiçadas e deprimidas na superfície do rim. Microscopia: infartos recentes possuem área central de necrose de coagulação circulada por um alo de hiperemia, hemorragia e zona de infiltração leucocitária. Consequências: sem significado clínico Dor e hematúria Extensos: IR e hipertensão arterial Nefrose ou necrose tubular aguda Processo degenerativo das células tubulares que pode causar subsequente necrose tubular. Ambas resultam em IRA As células do epitélio tubular – túbulos proximais – são mais susceptíveis à isquemia e às nefrotoxinas, por serem mais ativas metabolicamente e pelo volume de FG que reabsorvem no processo de formação de urina. Consequências: morfologicamente - destruição das células; clinicamente – supressão da função renal, oligúria ou anúria e consequente azotemia ou até uremia. Causas: insulto tóxico – exógena ou endógena Isquêmico Nefrose tóxica exógena Os rins desempenham importante papel na biotransformação de muitas drogas e tóxicos. A toxicidade de muitos agentes exógenos é exacerbada nos estados de desidratação. Geralmente a nefrose tóxica exógena caracteriza-se histologicamente por necrose extensa dos túbulos proximais, mantendo a integridade da membrana basal – importante haver sua preservação para que haja regeneração epitelial, sem cicatrização. As causas mais importantes são: a. Antibióticos **Cinas Nefrotóxicos quando dosados de forma incorreta ou com alta frequência Aminoglicosídios – gentamicina, neomicina e estreptomicina, são nefrotóxicos Super dose de oxitetraciclina – necrose tubular aguda e IR em cães Tetraciclina contraindicada em animais compatologias renais em geral b. Sulfonamidas As suas formas menos solúveis, formam cristais, amarelados, que podem ser observados na região medular, pelve e até na bexiga. A nefrotoxicidade se intensifica em animais desidratados c. Antifúngicos Anfotericina B – vasoconstrição da AA, diminuindo fluxo sanguíneo renal e a filtração glomerular d. Metais pesados Lesiona membrana celular ou mitocôndrias Mercúrio, arsênio, chumbo e cádmio e. Monensina Antibiótico ionóforo – controle de coccidiose e ganho de peso. Equinos são sensíveis f. Oxalatos Plantas com importante fonte de oxalato (Panicum e Setaria). Quelação, formação de oxalato de cálcio na ingesta, pode se cristalizar no lúmen dos vasos ou túbulos renais, causando obstrução tubular e IRA g. Micotoxinas Aspergillus e Penicillium – ocratoxinas e citrininas Infarto crônico - cão Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 7 Nefrose tóxica endógena A hemoglobina, a mioglobina, os pigmentos biliares e a hemossiderina são os principais agentes tóxicos endógenos capazes de causar nefrose a. Nefrose hemoglobinúrica Crise hemolítica intravascular aguda. Hemólise de eritrócitos Hemoglobinemia Hemoglobinúria Baixa tensão de oxigênio NEFROSE Causas: intoxicação por cobre em ovinos, leptospirose, babesiose, transfusão sanguínea incompatível Macroscopia: córtex renal corado em vermelho-acastanhado ou negro-azulado b. Nefrose mioglobinúrica Necrose muscular Causas: miopatia por exercício em equinos, miopatia por captura em animais selvagens, traumas musculares graves, def. de Se e vitamina E Esforço excessivo Acidose Necrose das fibras Concentrações séricas de mioglobina Acúmulo nos túbulos renais IRA *A mioglobina é menos que a hemoglobina, sendo mais fácil de ser filtrada. Portanto, pode haver mioglobinúrica sem que haja elevados níveis no plasma Macroscopia: semelhante à nefrose hemoglobinúrica. Diferencial pelo histórico clínico, achados na necrópsia e histologia c. Nefrose colêmica Aumento de bilirrubina e de ácidos biliares no sangue, devido à icterícia, promove acúmulo no epitélio dos túbulos renais, causando degeneração Em cordeiros, bezerros e potros recém-nascidos, por causa da imaturidade dos mecanismos de conjugação hepática, podem apresentar excesso de bilirrubina no sangue e lesão no epitélio Macroscopia: rim com coloração amarelada ou esverdeada e até enegrecida. A urina pode estar alaranjada d. Nefrose por hemossiderina Esse pigmento advém da degradação de hemoglobina presente no filtrado glomerular. Hemoglobina filtrada nos glomérulos é absorvida nas células do túbulo proximal Ferro da Hb é convertido em hemossiderina Baixa tensão de oxigênio causada pela hemólise Células tubulares com hemossiderina liberadas na urina Hemossiderinúria Causas: anemias hemolíticas crônicas Macroscopia: quando em grandes quantidades, os rins adquirem coloração acastanhada Nefrose isquêmica Necrose multifocal ao longo do néfron, em particular dos túbulos proximais e de alguns segmentos dos túbulos distais. Causas: Hipotensão grave Hemorragias Desidratação Anemias ICC Vasoconstrição das arteríolas eferentes Redução do aporte sanguíneo para os rins Redução do filtrado glomerular Consequências: ruptura da membrana basal tubular e oclusão do lúmen tubular por cilindros Macroscopia: rins aumentados de volume, pálidos e estriações corticais brancas Microscopia: vacúolos citoplasmáticos das células tubulares Nefrose isquêmica - cão Nefrose colêmica- bov Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 8 Necrose da região medular Causas: Anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) Fenilbutazona Ácido acetilsalicílico Flunixino meglumina Inibem a ação das prostaglandinas, em casos de desidratação e hipotensão Supressão da vasodilatação medular Necrose das papilas renais e da região medular Macroscopia: *Equinos são mais suscetíveis à essa lesão Nefrose por ácido úrico Os rins de suínos, cães e gatos recém-nascidos são imaturos e incapazes de produzir urina hipertônica. Quando esses animais apresentam anorexia com perda de fluidos e eletrólitos, começam a catabolizar proteínas teciduais, e os níveis sanguíneos de ureia e ácido úrico tornam-se elevados. Causas: precipitação de cristais de ácido úrico nos túbulos renais Consequência: obstrução dos néfrons pelos cristais desencadeia IRA Aves: IR, desidratação, def. vitamina A, Micotoxinas e excesso de Cálcio Nefrocalcinose Nefrocalcinose distrófica Ocorre quando há lesão prévia do tecido renal após processos degenerativos e/ou inflamatórios do rim. O cálcio que se precipita é o intracelular e proveniente das células lesionadas. Nefrocalcinose metastática Decorrente da hipercalcemia, portanto não precisa que haja lesão anterior do tecido renal. Pode ser manifestação de: hiperparatireoidismo primário, intoxicação por vitamina D (metastática ou distrófica), excesso de cálcio alimentar e neoplasias (linfossarcoma e osteossarcoma). Amiloidose A amiloidose é uma doença sistêmica na qual o amiloide é depositado extracelularmente em uma variedade de locais, particularmente no glomérulo renal e na parede de túbulos e vasos. O amiloide é um material proteico insolúvel, altamente resistente à degradação proteolítica e é produzido por fagócitos a partir de diversas proteínas amiloidogênicas – seu principal componente é proteína fibrilar. Amiloidose primária Causas: alterações plasmocitárias, como mieloma e plasmocitoma Amiloidose secundária Causas: inflamações crônicas multissistêmicas – leishmaniose, erliquiose, mastite, pneumonias, metrites, entre outras. Ocorre com frequência em cavalos doadores de soro hiperimune. E algumas raças de cães, como Beagle e Sharpei, e gatos, Abissínios, pode ocorrer de forma hereditária. Macroscopia: rins pálidos, aumentados de volume e com consistência mais firme. Os glomérulos mais evidentes como pequenos pontos claros e acobreados sobre o córtex e sua superfície de corte. Microscopia: substância eosinofílica, homogênea e pouco fibrilar nos tufos glomerulares Glomérulos aumentados de volume, hipocelulares, aspecto de esfera hialina. Consequências: isquemia e atrofia tubular renal, degeneração e fibrose difusa. Necrose da região medular - cão Nefrocalcinose - cão Coloração de Von Kossa Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 9 **A amiloidose pode ser demonstrada a partir da birrefringência que apresenta quando corado por vermelho Congo sob luz polarizada, porém o material precisa estar fixado em formalina. Outro método de coloração é por azul de toluidina, resultando em uma cor avermelhada sob luz polarizada. Hidronefrose Dilatação da pelve e dos cálices renais decorrentes da obstrução do fluxo urinário associada à progressiva atrofia do parênquima renal. A obstrução urinária também aumenta a suscetibilidade a infecções. A obstrução urinária pode ocorrer de forma rápida ou lenta, completa ou parcial, unilateral ou bilateral e pode localizar-se desde o ureter até a uretra. Causas: cálculos urinários – urólitos Inflamação – prostatite, uretrites, ureterites etc. Hiperplasia prostática/ neoplasias – carcinoma de próstata, de cérvix ou útero Patogenia: Obstrução Dilatação tubular renal Compressão do parênquima Compressão vascular Isquemia Atrofia e necrose tubular **grande parte do FG se difundirá para o interstício, de onde será removido pelos valos linfáticos e veias. Macroscopia: rins arredondadose região medular e do córtex delgados devido à dilatação progressiva da pelve e dos cálices renais. Em estágio avançado, rim com aspecto de saco, com paredes delgadas e repleto de fluido translúcido. Glomerulite viral Causas: doenças virais sistêmicas agudas Hepatite infecciosa canina Citomegalovírus Cólera Doença de Newcaslte – aves Arterite Viral Equina Macroscopia: lesões brandas e transitórias Microscopia: proliferação de linfócitos Glomerulonefrite imunomediada Patogênese: Infecções persistentes ou doenças com antigenemia prolongada Deposição de imunocomplexos - anticorpo e antígeno Membrana basal dos capilares glomerulares Fixação do sistema complemento – C3a, C5a, C567 quimiotáticos de neutrófilos Liberação de enzimas, peróxido de hidrogênio Lesão membrana basal Infiltração de monócitos... macrófagos Inflamação Glomerulonefrite Rim discretamente irregular e áreas amareladas multifocais- bov Amiloide no interior dos glomérulos- bov Amiloide birrefringentes - rim ganso hidronefrose- bov hidronefrose- ovi Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 10 Etiologia: Macroscopia: aguda – pálidos ou coloração normal e com pontos vermelhos no córtex, porém pode não haver alteração e os pontos vermelhos são normais em rins de equinos. Crônica – rins diminuídos de volume com superfície irregular, glomérulos visíveis como pontos branco-acinzentados. SEMELHANTE À NEFRITE INTERSTICIAL CRÔNICA – para diferenciar é necessário fazer a histologia. Microscopia: classificadas quanto à lesão dos glomérulos a. Proliferativa – proliferação celular, principalmente das células mesangiais b. Membranosa – espessamento da membrana basal e da cápsula de Bowman. Forma mais comum em gatos c. Membranoproliferativa – hipercelularidade e espessamento da membrana basal e cápsula de Bowman. Mais comum em cães d. Glomeruloesclerose – fibrose intersticial e periglomerular e por focos de infiltrado linfocitário e plasmocitário no interstício. Glomérulos hipocelulares e afuncionais. **A Glomeruloesclerose é o estágio terminal da glomerulonefrite, mas pode ser consequência de qualquer insulto com perda da função glomerular. Pode ser também encontrada em cães e gatos com diabetes mellitus. Nefrite intersticial Causas: septicemias bacterianas e infecções virais **agentes infecciosos penetram nos túbulos renais – inflamação NIA focal ou difusa – rins aumentados de volume, múltiplos pontos ou áreas esbranquiçadas na superfície e no córtex interno NI crônica – rins pálidos, superfície irregular, áreas esbranquiçadas, coalescentes ou não na cortical, às vezes cistos adquiridos Microscopia: infiltração de linfócitos, plasmócitos e macrófagos no interstício. Na forma crônica ocorre fibrose. CÃO HIC Leishmaniose Erliquiose Dirofilaria Piometra GATO FeLV FIV PIF BOV BVD Mastite EQUINO AIE Garrotilho – Streptococcus equi. SUÍNO Peste suína c. Circovirose Glomerulonefrite imunomediada, por leishmania sp- cão Glomerulonefrite imunomediada - cão Glomerulonefrite imunomediada - equi Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 11 Nefrite embólica Ocorre como resultado de bacteremia com tromboembolismo, em que as bactérias localizadas nos glomérulos e nos capilares intersticiais causam a formação de pequenos abscessos dispersos por todo o córtex renal. Equino – Actinobacillus equuli e Streptococcus equi Suíno – Erysipelothrix rhusiopathiae Bovino – Trueperella pyogenes Ovinos; caprinos – Corynebacterium pseudotuberculosis Macroscopia: pequenos abscessos – áreas elevadas com exsudato purulento e amarelado na cortical, pode estar circundado por halo de hiperemia devido infecção. Microscopia: cápsulas glomerulares com grânulos bacterianos, necrose e neutrófilos, pode haver hiperemia e hemorragia. Nefrite granulomatosa Doença tubulointersticial que geralmente acompanha as doenças sistêmicas crônicas caracterizadas pela formação de granulomas múltiplos. Cães – Aspergillus spp., Toxocara canis, Mycobacterium Gatos – PIF (peritonite infecciosa felina) Ovinos – Corynebacterium pseudotuberculosis Macroscopia: áreas 2-3mm, branco amareladas, elevadas e caseoso. Necrocaseoso em casos de Aspergillus e calcificação em Mycobacterium. Microscopia: linfócitos, macrófagos, células gigantes multinucleadas e tecido conjuntivo Pielonefrite Inflamação da pelve e do parênquima renal Causas: Infecções ascendente do trato urinário inferior Hematógena – raro Parasitas – Dioctophyme renale: CÂES Etiologia: Escherichia coli, Staphylococcus sp., Streptococcus sp., Enterobacter sp., Proteus mirabillis, klebsiella, entre outros – habitantes normais do trato intestinal Patogenia: Infecção ascendente bacteriana Refluxo anormal de urina contaminada Bactérias ascendem à pelve Colonização bacteriana na medula renal **Nessa área há: baixo suporte sanguíneo, osmolaridade intersticial elevada – inibindo a função de neutrófilos Grande concentração de amônia – inibe a ativação do complemento ** Cistite e infecção por bactérias gram-negativas, podem acentuar o refluxo vesicoureteral. Macroscopia: geralmente é bilateral. As membranas mucosas da pelve e dos ureteres apresentam-se hiperêmicas ou hemorrágicas e revestidas por exsudato, que pode ser purulento, hemorrágico, fibrinoso, fibrinonecrótico. Pode causar atrofia do parênquima. Em casos crônicos – necrose e fibrose. Nefrite intersticial aguda foca e multifocal; NIC - cão Nefrite granulomatose – cão e gato Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 12 Microscopia: neutrófilos no lúmen dos túbulos renais. Fibrose renal Fibrose renal geralmente ocorre como manifestação crônica da fase de cura de uma lesão renal preexistente. É caracterizado pela substituição do parênquima renal por tecido conjuntivo fibroso. Macroscopia: rins pálidos e diminuídos, firmes, com superfície irregular e com a cápsula aderida ao córtex externo. Pode ocorrer também formação de cistos de retenção. Microscopia: fibrose intersticial com atrofia dos túbulos renais. Pode ser observado infiltrados inflamatórios. Neoplasias primárias Raras Adenoma Originam-se das células do epitélio tubular renal. Geralmente assintomáticos, apresentam-se como nódulos ou massas solitárias e bem delimitadas; não são invasivas. Mais relatos em equinos e bovinos. Carcinoma Originam-se das células do epitélio tubular renal. Mais frequentemente diagnosticada em cães, gatos e equinos. São invasivos e podem ser detectados na palpação retal Nefroblastoma Origina-se do blastema metanéfrico. Pode ser congênita e se manifestar em fetos ou em animais com menos de 1 ano de idade. Comuns em suínos e galinhas – assintomáticos. SEGUNDO TUMOR RENAL MAIS COMUM em cães. Neoplasias secundárias Linfoma – bovinos e gatos Hemangiossarcoma Carcinoma mamário Agenesia ureteral Não formação do ureter Associado com agenesia renal. Pode ser uni ou bilateral Ureter ectópico Já foi descrito em bovinos, equinos, cães e gatos. Pode ser uni ou bilateral O ureter ectópico pode esvaziar-se na uretra, vagina, colo da bexiga, próstata, ducto deferente. Predispõe a pielonefrite Úraco persistente ou patente Mal formação da bexiga. Ocorre quando o úraco fetal deixa de se fechar formando um canal direto entre o ápice da bexiga e o umbigo. Animais com essa alteração são mais suscetíveis às infecções bacterianas da bexiga e à toxemia e/ou septicemia. Potros são mais afetados. HemorragiaCausas: na uretra e ureter Urólitos Na bexiga Septicemias e toxemias Cistites agudas Neoplasias Rupturas Fibrose renal focal e difusa - bov Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 13 Urolitíase Presença de cálculos nas vias urinárias – Urólitos. Urólitos: precipitados de sais de ácidos orgânicos, inorgânicos e outros elementos em associação à uma matriz protéica + sais. Locais: pelve, ureter, bexiga e uretra Morfologia: variável Fatores predisponentes: a. pH pH ácido – precipitação de sais de oxalatos pH básico – precipitação de sais de estruvita e de carbonato b. Infecções bacterianas Predispõem formação de cálculos de estruvita c. Nutrição Alimentos ricos em fosfato – base de grãos –, ingestão de plantas contendo oxalato, deficiência de vitamina A e dietas comerciais ricas em magnésio – em gatos, predispõem cálculos de estruvita e desencadeia a síndrome urológica felina (disúria, hematúria, obstrução em machos) d. Consumo de água Baixo consumo leva à concentração de urina e. Estrógeno f. Defeitos hereditários Cães da raça Dálmata – cálculos de uratos. Resultado de herança autossômica recessiva Obstrução uretral Frequentemente em machos – anatomia da uretra mais longa e estreita. Ruminantes, gatos e cães quando castrados cedo demais, tendem a apresentar uretra mais estreita. Em cães: mais recorrente na base do pénis devido ao osso peniano. Em ruminantes: arco isquiático, flexura sigmóide ou no processo uretral – caprinos e ovinos Consequências: na uretra – dilatação da bexiga (pode levar à ruptura e causar peritonite química), hidroureter, hidronefrose No local da obstrução – hemorragia, necrose e inflamação. Cistite O trato urinário inferior é normalmente isento de bactérias, exceto na extremidade da uretra. A esterilidade da bexiga é mantida por eliminação repetida de urina, pelas propriedades antibacterianas e pelos fatores bacteriostáticos – ácidos orgânicos. Fatores que favorecem a cistite: a. Retenção urinária b. Traumatismo à mucosa – Urólitos c. Micção incompleta – refluxo vesicoureteral d. Uretra curta – fêmeas e. Infecção umbilical – persistência de úraco Etiologia: Escherichia coli Streptococcus sp. Staphylococcus sp. A cistite aguda apresenta-se de várias formas: catarral, purulenta, hemorrágica, fibrinosa, necrótica e diftérica. Catarral – hiperemia, edema de submucosa, exsudato catarral; infiltrado leucocitário Fibrinosa ou diftérica – espessamento da parede, incrustações amarelo-escuras e friáveis na mucosa A cistite crônica tem algumas formas também Folicular – comum em cães, formações nodulares branca acinzentadas na mucosa, frequentemente circundadas por halo de hiperemia. Polipoide – bovinos, espessamento da mucosa com presença de pólipos constituídos por tecido conjuntivo fibroso e revestidos por epitélio, e pela infiltração de células inflamatórias. Micótica – Candida e Aspergillus Enfisematosa – bactérias produtoras de gás e glicosúria Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 14 Papilomas das células de transição Carcinomas das células de transição Carcinoma das células escamosas Leiomiomas e leiomiossarcomas Fibromas e fibrossarcomas Hemangiomas e hemangiossarcomas Uremia e azotemia Uremia é a síndrome caracterizada por distúrbios bioquímicos associados a sinais clínicos e lesões sistêmicas. A azotemia é o termo usado para a elevação de ureia e creatinina sanguíneas, sem sinais clínicos e lesões sistêmicas. Suas causas podem ser: Pré-renal Renal Pós-renal Diminuição de aporte vascular para os rins. ICC, hemorragias, hipovolemia desidratação grave. Mais comum a azotemia Pré- renal Lesões agudas ou crônicas que reduzem a função renal a níveis anormais. IRA - azotemia IRC – uremia; Inflamações renais; Lesões tubulares Obstrução completa do fluxo urinário. Intrínsecas ao T.U.I (Urolitíase, tumores de bexiga etc.) Extrínsecas (tumores de útero etc.) Distúrbios bioquímicos da uremia: Diminuição da FILTRAÇÃO glomerular Diminuição da REABSORÇÃO tubular Diminuição da SECREÇÃO tubular Formação deficiente da forma ativa da vitamina D Retenção de fosfatos Formação deficiente de eritropoetina Lesões da uremia LESÕES MECANISMOS Edema pulmonar Toxinas urêmicas aumentam a permeabilidade vascular; lesões glomerulares causam hipoproteinemia. Mineralização do tec. Conjuntivo subpleural dos espaços intercostais Degeneração e necrose do tecido conjuntivo Pneumopatia urêmica Degeneração e necrose do tec. Conjuntivo – ductos alveolares e das arteríolas Endocardite atrial ulcerativa Degeneração fibrinoide do tec. Conjuntivo subendocardial Osteodistrofia fibrosa generalizada Metabolismo alterado Ca-P Calcificação dos tecidos moles Metabolismo alterado Ca-P Estomatite, glossite, esofagite ulcerativas e necrosantes Secreção de ureia na saliva e transformação em amônia – necrose vascular Necrose da ponta da língua Necrose isquêmica – degeneração vascular e trombo Gastrite hemorrágica e ulcerativa Secreção de ureia na saliva e transformação em amônia – necrose vascular Excesso de gastrina Colite ulcerativa e hemorrágica (grandes) Secreção de ureia na saliva e transformação em amônia – necrose vascular nefrocalcinose Calcificação distrófica e/ou metastática Anemia arregenerativa Diminuição da produção de eritropoiese, aumento da fragilidade das hemácias e perda de sangue Insuficiência renal aguda IRA ocorre devido à redução súbita da função renal. Na clínica, causa oligúria ou anúria, azotemia, hiperpotassemia, pequena ou nenhuma perda de eritrócitos. Causas: mais frequentes são as glomerulonefrites agudas (mais frequente as glomerulonefrites imunomediada) e pela necrose tubular aguda. O quadro pode ser reversível, mas a morte do animal pode ser consequente à acidose metabólica e tóxicos no sangue (como íons de potássio em excesso). Insuficiência renal crônica IRC ocorre devido à incapacidade dos rins de desempenhar suas funções, como resultado da perda progressiva e gradual do tecido renal por um período prolongado. Comumente, é irreversível e é o resultado final de muitas doenças renais, mas não necessariamente crônicas. Patologia Especial; Medicina Veterinária – Gabriella Diniz 15 Pode haver IRC sem lesão renal crônica e vice- versa. Hematúria enzoótica Conhecida também como cistite crônica hemorrágica. E acomete principalmente bovinos. Essa síndrome é causada principalmente pela intoxicação crônica por Pteridium aquilium (samambaia), que apresenta princípios carcinógenos isolados – ácido chiquímico, quercetina e ptaquilosídeo – que podem ser os responsáveis pelo desenvolvimento de tumores no trato gastrintestinal e urinário. **seu efeito pode variar entre espécies. A enfermidade acomete animais geralmente com idade superior a 4 anos e apresenta curso crônico. Intervalos sem sintomas podem ocorrer e perdurar por semanas ou meses. A doença caracteriza-se principalmente por hematúria intermitente, anemia e emagrecimento. As lesões na bexiga podem ser circulatórias, inflamatórias hiperplásicas ou neoplásicas – que se ulceram e sangram facilmente, como hemangiossarcoma. Em bovinos acometidos por hematúria enzoótica não há tratamento eficiente. Medidas profiláticas: retirar animais das pastagens que contenham samambaia, realizar calagem e a adubação do solo e evitar queimadas. Doença do trato urinário inferior de felinos A DTUIF, também conhecida como síndrome urológica felina, representa alterações patológicas que podem afetar a bexiga e/oua uretra e os ureteres de gatos. A maioria dos animais afetados têm entre 2 e 6 anos de idade, sendo os machos os mais comumente afetados, devido a predisposição obstrutiva. Gatos da raça Persa apresentam maior predisposição. Clinicamente: hematúria, disúria, polaciúria, estranguria e/ou agressividade. Macroscopicamente: bexiga intensamente distendida, podendo-se observar cistites, idiopáticas. Os animais podem apresentar hidroureter e hidronefrose, devido retenção urinária. Fatores envolvidos: castração de animais muito jovens, obesidade, sedentarismo, pouca ingesta de água ou dieta à base de alimentos secos.