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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª REGIÃO PODER JUDICIÁRIO Tribunal Regional Federal da 3ª Região 4ª Turma APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5026819-04.2017.4.03.6100 RELATOR: Gab. 12 - DES. FED. MARLI FERREIRA APELANTE: CLAUDIO JOSE PARDAL Advogados do(a) APELANTE: PAULO CAMARGO TEDESCO - SP234916-A, GABRIELA SILVA DE LEMOS - SP208452-A APELADO: UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL OUTROS PARTICIPANTES: APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5026819-04.2017.4.03.6100 RELATOR: Gab. 12 - DES. FED. MARLI FERREIRA APELANTE: CLAUDIO JOSE PARDAL Advogados do(a) APELANTE: PAULO CAMARGO TEDESCO - SP234916-A, GABRIELA SILVA DE LEMOS - SP208452-A APELADO: DELEGADA DA DELEGACIA ESPECIAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE PESSOAS FÍSICAS EM SÃO PAULO, UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL OUTROS PARTICIPANTES: R E L A T Ó R I O A Exma. Sra. Desembargadora Federal MARLI FERREIRA (Relatora): Trata-se de mandado de segurança com pedido liminar impetrado por CLAUDIO JOSE PARDAL, objetivando afastar a incidência do imposto de renda sobre ganhos experimentados com a opção de compra de ações no contexto de “stock option plan” (Plano de Outorga de Opção de Compra de Ações) instituído pela Qualicorp S/A em Assembleia Geral da Companhia realizada em 03/03/2011, Requer seja afastada a exigência do imposto de renda segundo tabela progressiva de até 27,5%. O impetrante sustenta que, na qualidade de executivo do Grupo Qualicorp, exerceu as opções que lhe foram outorgadas e promoveu aquisições de lotes de ação, pagando o preço pré-fixado, tudo nos termos do contrato que regula tal direito. Ato contínuo, promoveu a venda da maioria dos títulos, recolhendo o imposto de renda sobre o ganho de capital que auferiu, na alíquota de 15%. 23/07/24, 12:42 web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 https://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 1/8 Afirma que os valores que recebeu correspondem a ganho de capital decorrente de contrato mercantil, porquanto efetivamente despendeu de recursos próprios para adquirir as ações, não se tratando de remuneração oriunda de contrato de trabalho (estes tributados com alíquota de até 27,5%). Assim, requer seja determinado à autoridade coatora que abata do imposto de renda que reputa devido, o montante correspondente ao imposto já recolhido, bem como de novos recolhimentos futuros em razão de ganho de capital apurado quando de eventual venda das ações ou ainda, que reconheça seu direito de crédito correspondente ao imposto de renda já pago. O impetrante apresentou seguro garantia no valor integral do montante controvertido nos autos, como contracautela do Juízo, bem como para afastar qualquer risco à eventual direito da Fazenda. O MM. Juiz a quo deferiu parcialmente a liminar para determinar a intimação da impetrada, para, em 05 (cinco) dias, se manifestar acerca do seguro garantia apresentado (apólice nº 01.75.9187667, endossada pela Apólice nº 01.75.9187793), aceitando-o para os fins do art. 206 do CTN, se idônea nos termos da referida Portaria n. 164/2014. Em caso de concordância, determinou que a autoridade impetrada deixasse de exigir do impetrante o imposto de renda sobre supostos rendimentos eventualmente experimentados em função do exercício das opções de compra de ações no contexto do Plano de Outorga de Opções de Compra de Ações instituído pela Qualicorp S/A em 3.3.2011, bem como de praticar qualquer ato tendente à exigência de tais valores, caso os enquadrasse como remuneração. (ID 156850158). Notificada, a autoridade impetrada prestou informações (ID 156850165). A sentença denegou a segurança requerida ao concluir que os planos de opções de compra de ações ostentam natureza remuneratória, o que afasta a plausibilidade do direito invocado pelo impetrante, seja em seu pedido principal ou em seu pedido subsidiário. (ID 156850174). Opostos embargos de declaração pela União Federal, os quais foram rejeitados (156850195). Em apelação, o impetrante pugna a reversão do julgado. Aduz, em síntese, que o “stock option plan” é autêntico contrato mercantil firmado pelas partes, já que estão presentes as características inerentes a esse instituto, quais sejam, onerosidade, voluntariedade e risco, sendo que eventual renda obtida pelo participante corresponderia a ganho de capital, sujeito a alíquota de 15%. Sustenta que não há relação contraprestacional a justificar a ideia de remuneração pelo fato de que o suposto ganho do empregado decorrerá do comportamento do mercado de ações. Desse modo, o proveito econômico é oriundo de venda, e não de trabalho e o empregador não está retribuindo ao empregado por seu trabalho. Ao contrário, o empregado está pagando um preço ao empregador para comprar as suas ações. Aduz que como os ganhos auferidos no contexto das stock option não possuem natureza salarial, não há que se falar em remuneração variável. 23/07/24, 12:42 web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 https://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 2/8 Por fim, requer o conhecimento e provimento do recurso de apelação e, consequentemente, a concessão integral da segurança para reconhecer que os ganhos oriundos de stock option têm natureza mercantil e, por isso, sujeitam-se a exigência de imposto de renda na sistemática de ganho de capital se e quando da venda das ações, pelo apelante, a terceiros. Alternativamente, requer-se seja definido que a tributação como remuneração deverá incidir sobre o valor justo da própria opção de compra concedida ao apelante no momento da outorga, na linha do que manifestado na sentença, e, portanto, seja concedida parcialmente a segurança. Com contrarrazões, subiram os autos. O Ministério Público Federal manifestou-se pelo prosseguimento do feito (ID 157041002). É o relatório. APELAÇÃO CÍVEL (198) Nº 5026819-04.2017.4.03.6100 RELATOR: Gab. 12 - DES. FED. MARLI FERREIRA APELANTE: CLAUDIO JOSE PARDAL Advogados do(a) APELANTE: PAULO CAMARGO TEDESCO - SP234916-A, GABRIELA SILVA DE LEMOS - SP208452-A APELADO: DELEGADA DA DELEGACIA ESPECIAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE PESSOAS FÍSICAS EM SÃO PAULO, UNIAO FEDERAL - FAZENDA NACIONAL OUTROS PARTICIPANTES: V O T O A Exma. Sra. Desembargadora Federal MARLI FERREIRA (Relatora): O plano de opção de compra de ações (“stock option plan”) caracteriza-se pela possibilidade dada a executivos, diretores e determinados empregados de obterem lucros com as ações da companhia em que trabalham. Contribui para a permanência dos participantes do plano nos quadros da sociedade e reflete diretamente no crescimento da empresa. Trata-se de relação contratual para concessão futura do direito de compra de ações a profissionais de alta qualificação no mercado de trabalho que, depois de preenchidos os requisitos estabelecidos, podem ou não exercer a prerrogativa mediante o pagamento de um preço prefixado, ou seja, negocia-se o direito de comprar uma ação a preço fixo, em data futura. A outorga de opção de compra de ações para empregados e administradores é previsto na Lei 6.404/76, que eu seu art. 168, § 3º assim dispõe: Art. 168. O estatuto pode conter autorização para aumento do capital social independentemente de reforma estatutária. 23/07/24, 12:42 web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 https://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 3/8 (...) § 3º O estatuto pode prever que a companhia, dentro do limite de capital autorizado, e de acordo com plano aprovado pela assembleia-geral, outorgue opção de compra de ações a seus administradores ou empregados, ou a pessoas naturais que prestem serviços à companhia ou a sociedade sob seu controle. A empresa instituidora do plano define o valor da ação e o prazo de carência. Encerrado o período de carência, o participante poderá exercer ou não a opção de compra da ação (momento do exercício). Após o exercício da opção, os titulares das ações podem aliená-las no Mercado de Ações. Ressalte-se que a opção de compra representa mera expectativade direito, visto que o negócio pode ou não ser realizado, dependendo das condições futuras previstas em contrato, uma vez que o valor das ações pode variar no prazo estipulado contratualmente. A controvérsia, contudo, consiste em determinar o momento da tributação e ainda, se o ganho configura remuneração resultante do trabalho, sujeita à tabela progressiva da exação, com alíquota de até 27,5%, ou se corresponde a ganho de capital decorrente de contrato mercantil, sujeito a alíquota de 15%. Entendo que o programa de “stock option” constitui relação jurídica distinta da relação de emprego e não representa salário. Senão vejamos. No caso discutido nos presentes autos, apesar do Plano de Opção de Compra de Ações se inserir em uma relação de emprego, não está diretamente atrelado ao contrato de trabalho, sendo que a imprevisibilidade do resultado da operação refuta a ideia de remuneração por serviços prestados. Isso porque, ao aderir ao Plano, o interessado o faz de forma voluntária, assumindo o risco do mercado financeiro. A eficiência e dedicação do empregado no desempenho de suas funções nos quadros da empresa não assegura, por si só, o exercício vantajoso da opção, ou seja, a aquisição das ações a um preço inferior ao de cotação. Ainda, não há garantias de que na ocasião da alienação das ações adquiridas, estas estejam valorizadas e o empregado obtenha lucro com elas. Ademais, o empregado que adere ao Plano não recebe as ações da empresa de forma gratuita. Na verdade, desembolsa um valor para adquirir os títulos, constituindo oportunidade de investimento. Portanto, não há como considerar tal procedimento como contraprestação pelo trabalho prestado. Presentes, portanto, voluntariedade na adesão, onerosidade na outorga das ações e risco quanto à variação de preço das ações, características típicas de um contrato mercantil. O titular desse direito deve ter a faculdade de utilizá-lo segundo e quando entender conveniente. Assim, o fato gerador do imposto de renda se dá na alienação das ações em valor superior ao da aquisição, na forma de ganho de capital (diferença positiva entre o preço de alienação das ações e o correspondente custo de aquisição) sujeito à tributação pelo imposto de renda à alíquota de 15% (quinze por cento). 23/07/24, 12:42 web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 https://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 4/8 Nesse sentido, jurisprudência dessa C. Corte: “TRIBUTÁRIO. AGRAVO DE INSTRUMENTO. MANDADO DE SEGURANÇA. IMPOSTO SOBRE A RENDA. PLANO DE OPÇÃO DE COMPRA DE AÇÕES (STOCK OPITIONS). AUSÊNCIA DE NATUREZA SALARIAL. GANHO DE CAPITAL TRIBUTADO PELA ALÍQUOTA DE 15% (QUINZE POR CENTO). AGRAVO PROVIDO. AGRAVO INTERNO PREJUDICADO. 1. A impetração de mandado de segurança preventivo se justifica (artigo 1°, caput, da Lei n° 12.016/2009). Segundo as informações disponíveis nos autos, a Receita Federal do Brasil autuou a companhia instituidora do plano de opção de compra de ações (Qualicorp S/A), incluindo na folha de rendimentos do trabalho a diferença entre o valor de mercado do ativo adquirido e o convencionado pelas partes e exigindo a contribuição patronal correspondente. À autuação se seguirá naturalmente a tributação pelo imposto de renda, incidente sobre os rendimentos do trabalho assalariado em geral (artigo 43 do CTN). O receio do agravante veio a se confirmar, quando a Administração Tributária o intimou a prestar informações sobre as ações adquiridas no ano-base de 2013 (ID 1669918, páginas 1, 2 e 3). 2. Embora a opção de compra esteja contextualizada numa relação de emprego ou de prestação de serviço de contribuinte individual ("employee stock option"), não pode ser considerada como item integrante da remuneração para efeito tributário. 3. O empregado ou administrador contemplado não a recebe em contraprestação a trabalhos executados. A companhia institui o plano, com o propósito de que eles se interessem mais diretamente pelo sucesso do empreendimento econômico, tendo a oportunidade de adquirir as ações da própria empresa para a qual trabalham. O programa não visa remunerar o beneficiário por atividade já desempenhada, mas o estimula no âmbito corporativo mediante a possibilidade de fruição dos resultados operacionais (artigo 168, §3°, da Lei n° 6.404/1976). 4. O comprador da opção assume, na verdade, a condição de investidor, como se fosse subscrever aumento do capital social fora da esfera corporativa. O sucesso do empreendimento, com repercussão no preço das ações em dado momento, representa um risco que independe do vínculo profissional, a ponto de inviabilizar a associação de eventuais ganhos à remuneração trabalhista. 5. Caso o adquirente obtenha um acréscimo patrimonial, advindo da diferença entre o valor de mercado da ação no momento do exercício da opção e o combinado na contratação, o excedente caracterizará ganho de capital, tributado pela alíquota de 15% (artigo 142 do Decreto n° 3.000/1999). A denominação fiscal de rendimentos do trabalho, aos quais se aplica a tabela progressiva de IR, com alíquotas de até 27,5%, não tem apoio jurídico. 6. Existem, portanto, elementos da probabilidade do direito, da qual depende a concessão de tutela de urgência. O perigo da demora provém das medidas associadas à exigibilidade dos tributos, como a inscrição do devedor no CADIN e constrições patrimoniais. Suspensão da exigibilidade do imposto de renda sobre o exercício da opção de compra das ações da Qualicorp S/A segundo a alíquota aplicável aos rendimentos do trabalho deferida. 7. Agravo de instrumento provido. Agravo interno julgado prejudicado”. (TRF 3ª Região, 3ª Turma, AI - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 5016444- 08.2017.4.03.0000, Rel. Desembargador Federal ANTONIO CARLOS CEDENHO, 23/07/24, 12:42 web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 https://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 5/8 julgado em 16/10/2018, Intimação via sistema DATA: 19/10/2018) – Grifei No mesmo sentido: TRIBUTÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PLANO DE OUTORGA DE OPÇÕES DE COMPRA DE AÇÕES. STOCK OPTIONS. CONTRATO DE NATUREZA MERCANTIL. NATUREZA NÃO REMUNERATÓRIA. RENDIMENTO DECORRENTE DO TRABALHO. NÃO CARACTERIZADO. REEXAME DO JULGADO. INADEQUAÇÃO DA VIA. ERRO MATERIAL, OMISSÃO, CONTRADIÇÃO E OBSCURIDADE. INEXISTÊNCIA. 1. O Stock option possui natureza de contrato mercantil, vez que presentes as características inerentes ao mencionado instituto, quais sejam, onerosidade, voluntariedade e risco, que são suficientes à descaracterização do resultado auferido pelo trabalhador como remuneração. 2. O referido Programa (stock options) constitui relação jurídica distinta da relação de emprego, cuja adesão depende da voluntariedade dos empregados interessados em assumir o risco do mercado financeiro, não se traduzindo em espécie de contraprestação laboral. 3. A caracterização dos stock options como contrato de natureza mercantil, se revela quando se encontram presentes as características inerentes ao mencionado instituto, quais sejam, onerosidade, voluntariedade e risco. 4. O empregado quando adere ao plano de opções, desembolsa um valor para adquirir as referidas ações, não há um recebimento de forma graciosa de ações pelo beneficiário, portanto, não há como considerar tal ato como contraprestação por um labor em prol da empresa. 5. Não existe, qualquer garantia para o empregado de que no momento as vendas das ações haverá uma valorização das mesmas. Assim, é certo que há um risco para o adquirente/optante do plano de ações ao optar pelo negócio, fato que por si só, também afasta a caracterização desta como remuneração 6. Não se vislumbra que os stock options estão implicitamente inseridos nos parágrafos 1º, 2º e 3º do art. 457 da CLT, que dispõe quais importâncias poderão integrar o salário, pois, as referidas opções de compra não se caracterizam como comissões, nem gratificações, abonos ou prêmios, tampouco, salário-utilidade, já que o empregado/administrador ao adquirir asações, adquire onerosamente, podendo, no futuro, lucrar ou não com elas. 1 7. Esta E. Terceira Turma Especializada entende pela não aplicação do procedimento descrito no art. 942, do CPC/2015, no caso de mandado de segurança 8. Os embargos de declaração são via imprópria para o rejulgamento da causa, sendo que eventual reforma do decisum deve ser buscada pela via recursal própria. 9. Em 14/08/2017, foi proferida decisão favorável ao Contribuinte nos autos do Agravo de Instrumento nº 0007789-62.2017.4.02.0000, deferindo a tutela recursal determinando que a ora embargante se abstivesse de exigir do Agravante o Imposto de Renda. Por ocasião da instauração do procedimento de fiscalização (04/09/2017) e lavratura do respectivo auto de infração (17/09/2018), restando patente que o Impetrante estava amparado por decisão judicial favorável. Sendo indevida a cobrança da multa de ofício. 10. Não ocorrendo irregularidades no acórdão quando a matéria que serviu de base à oposição do recurso foi devidamente apreciada, com fundamentos claros e nítidos, enfrentando as questões suscitadas ao longo da instrução, tudo em perfeita consonância com os ditames da legislação e jurisprudência consolidada, não há que se falar em omissão, obscuridade, contradição ou erro material. 11. Embargos de declaração desprovidos. (TRF2 – AC 0140420-90.2017.4.02.5101 – Rel. MARCUS ABRAHAM - 3ª TURMA ESPECIALIZADA - 12/12/2018). Assim, considerada a natureza mercantil dos ganhos advindos de stock option, sujeitam-se a exigência de imposto de renda na sistemática de ganho de capital, à alíquota de 15% (quinze por cento), tendo como fato gerador a alienação das ações em valor superior ao da aquisição. Ante o exposto, dou provimento à apelação para conceder a segurança pleiteada, consoante fundamentação. 23/07/24, 12:42 web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 https://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 6/8 É como voto. E M E N T A DIREITO TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. PLANO DE INCENTIVO À PARTICIPAÇÃO NO CAPITAL ACIONÁRIO. OUTORGA DE OPÇÕES DE COMPRA DE AÇÕES. "STOCK OPTION PLAN". REMUNERAÇÃO DECORRENTE DE CONTRATO DE TRABALHO. NÃO CONFIGURADA. CONTRATO DE NATUREZA MERCANTIL. GANHO DE CAPITAL. ALÍQUOTA DE 15%. APELAÇÃO PROVIDA. 1. O plano de opção de compra de ações (“stock option plan”) caracteriza-se pela possibilidade dada a executivos, diretores e determinados empregados de obterem lucros com as ações da companhia em que trabalham. Contribui para a permanência dos participantes do plano nos quadros da sociedade e reflete diretamente no crescimento da empresa. 2. Trata-se de relação contratual para concessão futura do direito de compra de ações a profissionais de alta qualificação no mercado de trabalho que, depois de preenchidos os requisitos estabelecidos, podem ou não exercer a prerrogativa mediante o pagamento de um preço prefixado, ou seja, negocia-se o direito de comprar uma ação a preço fixo, em data futura. 3. Apesar do Plano de Opção de Compra de Ações se inserir em uma relação de emprego, não está diretamente atrelado ao contrato de trabalho, sendo que a imprevisibilidade do resultado da operação refuta a ideia de remuneração por serviços prestados. Isso porque, ao aderir ao Plano, o interessado o faz de forma voluntária, assumindo o risco do mercado financeiro. 4. Ademais, o empregado que adere ao Plano não recebe as ações da empresa de forma gratuita. Na verdade, desembolsa um valor para adquirir os títulos, constituindo oportunidade de investimento. Portanto, não há como considerar tal procedimento como contraprestação pelo trabalho prestado. 5. Presentes, portanto, a voluntariedade na adesão, onerosidade na outorga das ações e risco quanto à variação de preço das ações, características típicas de um contrato mercantil. 6. O titular desse direito deve ter a faculdade de utilizá-lo segundo e quando entender conveniente. Assim, o fato gerador do imposto de renda se dá na alienação das ações em valor superior ao da aquisição, na forma de ganho de capital (diferença positiva entre o preço de alienação das ações e o correspondente custo de aquisição) sujeito à tributação pelo imposto de renda à alíquota de 15% (quinze por cento). 7. Apelação provida, para conceder a segurança pleiteada. ACÓRDÃO Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, a Quarta Turma, à unanimidade, decidiu dar provimento à apelação, nos termos do voto da Des. Fed. MARLI FERREIRA (Relatora), no que foi acompanhada pelos votos do Des. Fed. MARCELO SARAIVA e 23/07/24, 12:42 web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 https://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 7/8 do Des. Fed. ANDRÉ NABARRETE. Ausente, justificadamente, a Des. Fed. MÔNICA NOBRE., nos termos do relatório e voto que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. 23/07/24, 12:42 web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 https://web.trf3.jus.br/acordaos/Acordao/BuscarDocumentoPje/161966633 8/8