Prévia do material em texto
Exames Complementares usados na Clínica Neurológica Universidade Federal da Paraíba Discentes: Camilly Escorel, Danielly Figueiredo, Déborah Dias, Natália Melo e Vitória Rafaela Introdução Os exames utilizados na clínica neurológica são mais eficazes como complemento da anamnese e do exame físico. Os exames eletrodiagnósticos não invasivos ajudam a determinar a necessidade de exames radiológicos invasivos ou exploração craniana. Com o surgimento da TC e RM, os eletrodiagnósticos perderam destaque. Também, o exame do LCR é menos indicado para lesões de massa, mas ainda é importante em casos neurológicos. Atualmente, os exames complementares para diagnóstico são aplicados de forma seletiva para reduzir riscos e despesas, mas isso pode resultar em encaminhamentos desnecessários e atrasos no diagnóstico e tratamento. Líquido Cefalorraquidiano Exame do O exame vem sido aplicado na maioria dos distúrbios neurológicos desde a época em que a punção lombar diagnóstica foi introduzida. Atualmente, esse método vem sido indicado no diagnóstico: Infecções do SNC; Invasão do espaço subaracnóide por elementos neoplásicos; Esclerose Múltipla (EM); Síndrome de Guillain-Barré; Pseudotumor Cerebral. Técnica da Punção Lombar A punção lombar (PL) é realizada com o paciente em decúbito lateral, joelhos fletidos sobre o peito, e seu dorso próximo à borda do leito. A localização da punção é determinada antes da limpeza da pele, geralmente entre L3 e L4. Após anestesiar a pele, uma agulha de calibre 22 é usada para penetrar até o espaço epidural, aspirando para evitar injeções indesejadas. Uma agulha de calibre 20 ou 22 é então usada para a PL, com o bisel voltado para cima para separar as fibras do ligamento amarelo. Após identificar o espaço subaracnóide, o LCR é coletado e a pressão é medida. O paciente pode ser colocado em decúbito ventral para prevenir cefaleias pós-PL. Se a PL não for possível, o paciente pode ser posicionado sentado ou a punção cervical pode ser considerada. Ambos os métodos podem ser orientados por fluoroscopia. Contra- indicações: Apesar de sua importância diagnóstica e terapêutica, a PL não está isenta de potenciais complicações. Portanto, é crucial para os profissionais de saúde entenderem e reconhecerem as contra-indicações antes de realizar esse procedimento invasivo 03. A coagulopatia é uma contraindicação relativa para a PL devido ao risco de hematoma epidural; transfusões de plasma fresco ou plaquetas são recomendadas antes ou após o procedimento, se necessário. 02. A triagem pela TC não é necessária em todos os pacientes para a PL, especialmente em casos de suspeita de meningite bacteriana aguda, onde é recomendado o uso empírico de antibióticos antes do procedimento. 01. O edema de papila não descarta a possibilidade de massa intracraniana, mas sua presença requer uma tomografia computadorizada (TC) antes da PL. 04. Infecções cutâneas no local da punção exigem a escolha de outro local de acesso, como a punção lateral da coluna cervical. 05. O médico deve garantir que o paciente não tenha massa intracraniana ou intramedular, pois a retirada de líquor pode alterar a dinâmica da pressão e levar à herniação cerebral. Interpretação A interpretação dos resultados da punção lombar (PL) é crucial para o diagnóstico e tratamento de diversas condições neurológicas. O aumento da pressão do líquido cefalorraquidiano (LCR) pode indicar infecção, presença de massa tumoral ou hemorrágica, ou alterações na produção e reabsorção de LCR; Níveis normais de glicose e proteínas no LCR podem excluir algumas condições, mas não são definitivos para outras, como infecções ou processos inflamatórios; A presença de anticorpos oligoclonais na eletroforese de proteínas do LCR é comum em casos de esclerose múltipla e outras afecções imunológicas; O exame pode revelar a presença de células inflamatórias, como linfócitos ou leucócitos polimorfonucleares, indicando processos inflamatórios agudos ou crônicos. Essa suspeita requer exames bacterioscópicos e bacteriológicos adicionais. Já o diagnóstico de hemorragia subaracnóide pode necessitar de confirmação por meio de PL, especialmente em casos de atrofia cerebral onde a TC pode ser menos sensível. Suplantada pelos exames de imagem como método de localização da anatomia patológica, a eletroencefalografia desenvolveu-se como instrumento de fisiopatologia capaz de detectar anomalias funcionais do cérebro que a radiografia e o exame magnético não conseguem visualiza. (Ex: convulsões, demência) O técnico precisa ter treinamento especializado em EEG e estar de posse do respectivo certificado da autoridade profissional competente; Ele precisa participar regularmente de cursos de atualização, tanto local como nacional; O especialista precisa ser um médico neurologista reconhecido pelos conselhos nacionais, tanto de psiquiatria e neurologia como de neurofisiologia clínica; O labora precisa ser credenciado pela Sociedade de Eletroencefalografia; Eletroencefalografia Exame de Técnicas Tecnicas: A cabeça do paciente precisa sempre ser medida antes de se aplicar os eletrodos, de acordo com o Sistema Internacional; O equipamento a ser usado precisa dispor de pelo menos 16 canais; ele deve ser calibrado antes de cada uso; A EEG precisa ser registrada em cada paciente durante o estado de vigília e durante o sono, ambos devidamente assinalados; A hiperventilação e a estimulação pelos raios luminosos são usados rotineiramente como meios de ativação, a não ser que quando contra-indicadas; Recomenda-se a aplicação de eletrodos especiais (esfenoidais), sempre que indicados; O relatório da EEG deve trazer tanto a descrição técnica como a interpretação clínica. Esta última procura relacionar os dados do EEG com a anamnese do paciente. As recomendações terapêuticas que ultrapassam os objetivos da EEG são consideradas impróprias, mas o relatório pode apresentar a sugestão de outros exames complementares. Interpretação A interpretação da EEG representa a tentativa de responder perguntas clínicas referentes ao cérebro, à luz dos dados eletrofisiológicos; por conseguinte, a interpretação terá maior utilidade quando as questões forem bem definidas e quando forem apropriadas para esse exame. A EEG é de grande utilidade, por exempl, para avaliar a suspeita de convulsõe, mas raramente é capaz de fornecer resultados aproveitáveis para a análise da cefaleia ou das vertigens. As anomalias mais frequentes da EEG são os eventos epileptiformes, a redução da velocidade normal e os desvios em relação ao traçado típico para a idade. Os Potenciais Evocados são testes neurofisiológicos que avaliam a função das vias nervosas do Sistema Nervoso Central e Periférico, medindo a atividade elétrica cerebral em resposta a estímulos visuais, sonoros ou táteis; Os Potenciais Evocados (PEs) já foram tidos como essenciais para o diagnóstico da Esclerose Múltipla, por sua capacidade de revelar lesões subclínicas. No entanto, seu papel nessa área tornou-se secundário, e sua aplicação tem se expandido para outros setores; Os PEs possibilitam a investigação de diversas modalidades sensoriais, incluindo o sistema visual, auditivo e somatossensitivo. Potenciais Evocados Exame de TÉCNICA DOS POTENCIAIS EVOCADOS Com base na média determinada pelo computador, esses Potenciais Evocados (PEs) visam eliminar sinais que não guardam relação cronológica com o estímulo aplicado; Embora haja diversos sistemas confiáveis para a coleta e projeção de dados, persistem problemas relacionados aos parâmetros, como a padronização dos métodos e da interpretação; A definição de anormalidade dos PEs é estabelecida com base em diferenças numéricas relacionadas à latência e à amplitude, as quais são obtidas a partir de uma população controle. Contudo, os critérios precisam ser claramente definidos para identificar a presença de anomalias de forma precisa. RESPOSTAS EVOCADAS PELOS ESTÍMULOS VISUAIS RESPOSTAS EVOCADAS PELOS ESTÍMULOS VISUAIS Podem ser desencadeadas por diversos estímulos,sendo os mais comuns desenhos em xadrez invertidos, linhas sinusoidais paralelas e flashes luminosos repetidos; A resposta é registrada na região occipital do cérebro; Cada olho é examinado separadamente para excluir a presença de lesões pré-quiasmáticas; Pacientes que usam óculos devem mantê-los durante o exame devido à importância da acuidade visual; Na presença de desenhos em xadrez invertidos e linhas sinusoidais paralelas, o potencial predominante é uma onda superficial positiva, denominada P-100, manifestando-se aproximadamente 100 milissegundos após o estímulo; Durante os flashes luminosos, as respostas desencadeadas são caracterizadas pelo aparecimento de uma onda superficial negativa, conhecida como N3, ocorrendo aproximadamente 80 milissegundos após o estímulo. RESPOSTAS EVOCADAS PELOS ESTÍMULOS VISUAIS RESPOSTAS AUDITIVAS EVOCADAS DO TRONCO CEREBRAL RESPOSTAS AUDITIVAS EVOCADAS DO TRONCO CEREBRAL A resposta auditiva evocada pode ser rastreada até o córtex cerebral, mas a avaliação das respostas auditivas evocadas do tronco cerebral visa principalmente examinar as estruturas nessa região específica; Os estímulos consistem em cliques rápidos transmitidos para uma única orelha, através de fones de ouvido; A latência e amplitude das respostas dependem de fatores como a frequência, intensidade, duração e repetição dos cliques; Geralmente, são registradas cinco ondas, e todas as respostas normalmente ocorrem dentro de um intervalo de 6 milissegundos após o estímulo. Onda I Porção distal do tronco cerebral do N. Auditivo Onda II Porção proximal do tronco cerebral do N. Auditivo Onda III Núcleo Coclear Onda IV Complexo Olivar Superior Onda V Lemnisco Lateral RESPOSTAS AUDITIVAS EVOCADAS DO TRONCO CEREBRAL RESPOSTAS AUDITIVAS EVOCADAS DO TRONCO CEREBRAL RESPOSTAS AUDITIVAS EVOCADAS DO TRONCO CEREBRAL RESPOSTAS SOMATOSSENSITIVAS EVOCADASRESPOSTAS SOMATOSSENSITIVAS EVOCADAS As respostas somatossensitivas evocadas nos membros superiores são capturadas após a estimulação do nervo mediano, enquanto os potenciais evocados dos membros inferiores são gerados em resposta à estimulação do nervo tibial posterior; A intensidade do estímulo é ajustada conforme a resposta motora; Tanto a latência quanto a amplitude das respostas são influenciadas pela intensidade do estímulo e pela taxa de repetição. INTERPRETAÇÃOINTERPRETAÇÃO As anomalias dos nervos ópticos muitas vezes não são detectadas eficazmente por exames de Ressonância Magnética, portanto, as Respostas Evocadas Visuais (REVs) desempenham um papel importante como método diagnóstico complementar, especialmente quando há dúvidas quanto ao diagnóstico de doenças desmielinizantes; As REVs são empregadas em lactentes para avaliar a integridade do sistema visual em casos suspeitos de cegueira congênita; As respostas auditivas e somatossensitivas evocadas têm a capacidade de identificar lesões que podem não ser visíveis nos métodos de imagem convencionais; As respostas somatossensitivas evocadas possibilitam documentar disfunções sensoriais não identificadas ou mal definidas, e também podem ser úteis na sala de cirurgia, fornecendo orientações ao cirurgião durante procedimentos como a correção de escoliose, indicando a tensão a ser aplicada nos instrumentos de tração; INTERPRETAÇÃOINTERPRETAÇÃO As respostas auditivas evocadas são úteis para: Detectar lesões assintomáticas da Esclerose Múltipla localizadas no tronco cerebral; Servir como método de triagem eficaz para suspeita de tumores do oitavo nervo craniano; Ser frequentemente empregadas na sala de cirurgia para proteger o nervo vestibulococlear durante a ressecção de lesões; Confirmar a preservação da atividade do tronco cerebral e auxiliar na localização de lesões nesta região; Em lactentes, a análise das latências das ondas em relação à intensidade do estímulo serve como indicador da acuidade auditiva, facilitando intervenções precoces. Eletromiografia e Exames de Condução Nervosa Exame Ideal para Análise de distúrbios de musculatura e nervos periféricos Quando há suspeita de lesão ou exames de imagem são insuficientes Diagnóstico diferencial Diego de Castro - Neurologista Estimulação elétrica de um nervo periférico e medição da velocidade da transmissão e resposta do nervo. Velocidade da Condução Nervosa (VCN) Registro da atividade muscular: espontânea, voluntária ou estimulada por eletricidade (agulhas introduzidas no músculo) Pode gerar desconforto: necessita de medicação anestésica Necessita de colaboração do paciente Eletromiografia (EMG) INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Problema pode estar em qualquer ponto da unidade motora, desde o corpo celular do neurônio motor até a fibra muscular Portando o pedido tem que vir com a suspeita Resultado só faz sentido em relação a algum suspeita clínica Detecta localização da mononeuropatia Diminuem o espectro diagnóstico em casos de polineuropatia Identificar a localização da lesão no trajeto do nervo é importante Raiz: denervação no M. Paraespinhal pode diferenciar, por exemplo, hérnia de disco de outras condições Doenças do neurônio motor atividade espontânea anormal das unidades motoras e fibras musculares Afecções musculares A EMG de atividade espontãnea apresenta características diferentes condizentes com a afecção Neuropatia por desmilienização Lentidão de condução nervosa Neuropatia axional Redução da amplitude do impulso nervoso INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Diagnóstico diferencial entre: Doenças primárias do neurônio motor e doenças dos músculos Neuropatia dos axônios × Desmilienização Afecções dos plexos × Afecções das raízes nervosas Características a serem observadas: Tomografia Computadorizada A tomografia computadorizada (TC) é um exame complementar amplamente utilizado na prática clínica neurológica para avaliar diversas condições do sistema nervoso central (SNC). Exame complementar TÉCNICA A TC neurológica envolve o uso de raios-X para produzir imagens detalhadas do cérebro, medula espinhal e estruturas adjacentes. Durante o exame, o paciente é posicionado em uma mesa deslizante que passa por um tubo circular que contém um detector de raios-X. Durante a varredura, o tubo gira em torno da cabeça do paciente, emitindo feixes de raios-X em várias direções. Um computador processa essas informações e gera imagens transversais (axiais) detalhadas do cérebro e outras estruturas do SNC. INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS As imagens obtidas pela TC neurológica são usadas para diagnosticar uma variedade de condições, incluindo lesões traumáticas, hemorragias, tumores, infecções e doenças vasculares. As áreas de sangramento aparecem como regiões hiperdensas (mais brancas) nas imagens, enquanto as áreas de edema ou inflamação podem aparecer como regiões hipodensas (mais escuras). Os tumores cerebrais podem ser identificados como massas anormais de tecido com características específicas, como realce contrastado. Alterações na anatomia normal do cérebro, como atrofia ou dilatação ventricular, também podem ser detectadas. CONTRA-INDICAÇÕES Embora a TC seja um exame relativamente seguro, existem algumas contra-indicações e precauções a serem consideradas. Mulheres grávidas geralmente não devem ser submetidas a uma TC, a menos que seja absolutamente necessário, devido ao risco potencial de exposição à radiação para o feto. Pacientes com alergia ao contraste iodado usado em algumas varreduras de TC devem ser avaliados quanto ao risco de reações alérgicas graves. Condições médicas pré-existentes, como insuficiência renal grave, podem aumentar o risco de complicações associadas ao contraste iodado e podem requerer ajustes no protocolo de exame. CONCLUSÕES SOBRE A TC É importante que a TC neurológica seja interpretada por um radiologista ou um neurologista experiente, pois a interpretação precisa das imagens é fundamental para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento eficaz. Dentro da fonoaudiologia, a TC é utilizada como um exame complementar na etapa da *ANAMNESE*, contribuindo de maneiraeficaz para a detecção de possíveis condições relacionadas à fala, linguagem, deglutição e mastigação. exame que nos permite ver as estruturas anatômicas, como os ossos e músculos, e até mesmo certos processos biológicos, sem precisar realizar procedimentos cirúrgicos ou que sejam mais invasivos. conhecida também pela sigla RM O QUE É? Ressonância Magnética RESSONÂNCIA MAGNÉTICA Não há o uso de radiação - que pode ser prejudicial para certos tipos de pacientes; Pode ser feita utilizando contraste (gadolínio) - substância química que ajuda a realçar os detalhes de órgãos, estruturas anatômicas e lesôes, tornando o exame ainda mais detalhado e auxilie ainda mais no diagnóstico das condições físicas do paciente; O equipamento é extremamente seguro, com iluminação e ventilação adequados COMO FUNCIONA? Funciona à base de poderosos ímãs, uqe criam um campo magnético que permite a composição de imagens detalhadas do corpo; Ourtro componente que melhora a qualidade das imagens da RM são as ondas de radiofrequência emitidas pela máquina; Pode ser usado um equipamente chamado “bobina” que quando colocado em cima do paciente contribue na ampliação do campo magnético, melhorando a qualidade da imagem naquele local COMO FUNCIONA? Como o exame permite a visualização detalhada e de qualidade do interior do corpo, inclusive de tecidos moles, a RM é capaz de mostrar, com grande definição, as estruturas internas dos órgãos, sendo importante no diagnóstico de vários problemas de saúde, como tumores, cânceres, lesões nos órgãos internos, detre outros. RM NA FONOAUDIOLOGIA É o instrumento mais utilizado para: Avaliações mais eficientes; Identificação de possíveis doenças; Investigação de possível afasia; Habilidades de processamento fonológico e outros aspectos da linguagem em geral; Avaliação das funções/estruturas e atividade cerebral após danos; Grande potencial diagnóstico em combinação com os achados clínicos REFERÊNCIAS • Neuroradiology: The Requisites por David M. Yousem e Robert M. Quencer. • Journal of Neuroimaging American Journal of Neuroradiology (AJNR). • Rede D'Or São Luiz. Exames e Procedimentos: Ressonância Magnética. • Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa). Estudo de caso: intervenção fonoaudiológica em paciente com diagnóstico de distúrbio do processamento auditivo central (DPAC): relato de caso. In: XXIII Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 23º Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia, 2019, Curitiba. Anais Eletrônicos do XXIII Congresso Brasileiro de Fonoaudiologia. E-Poster 11075.