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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA DEPARTAMENTO DE FÍSICA Física Experimental I ONDAS ESTACIONÁRIAS EM CORDAS JOÃO PESSOA 2022 1. OBJETIVOS 1.1 OBJETIVO GERAL ● Demonstrar e entender a propagação de ondas numa corda, bem como o estabelecimento de ondas estacionárias. 1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ● Aplicar os conhecimentos adquiridos em sala de aula; ● Determinar a densidade linear de massa de um cordão; 2. MATERIAIS UTILIZADOS Para a realização do experimento foram utilizados os materiais listados abaixo e apresentados nas Figuras 1 e 2: - Gerador de ondas - Cordões - Roldana - Trena (resolução de 0,1 mm) - Balança (resolução de 0,01 g) - Pesos e bandeja Figura 1 e 2: Materiais utilizados no experimento 3. DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO O experimento consiste na utilização de um aparelho gerador de ondas de frequência fixa (120hz) sobre uma mesa, no qual amarra-se um barbante, onde as ondas irão se propagar com o funcionamento do aparelho. Para garantir rigidez ao barbante e analisar a diferença das ondas em função da tensão exercida sobre o fio, foi amarrada uma bandeja metálica ao final do barbante (na posição vertical), após uma roldana, para garantir seu livre deslizamento. Nesta bandeja, foram colocados pesos de 50g, de maneira cumulativa, de forma que a massa total responsável por exercer tensão sobre o fio fosse de 60g, 110g, 160g e 210g (a bandeja metálica tem massa de 10g). Este procedimento foi realizado num barbante verde e num barbante vermelho, de diferentes comprimentos e massas. Amarrado o peso no barbante, e posicionado-o apoiado na roldana, ligou-se o aparelho gerador de ondas. Nesta etapa do experimento, o procedimento consistiu em aumentar o comprimento do barbante (L) que estava sob vibração, afastando o aparelho da roldana, de forma a encontrar a distância em que a vibração resulta em ondas estacionárias. Este procedimento foi feito para encontrar ondas com 1 ventre (n=1), 2 ventres (n=2) e 3 ventres (n=3), sendo anotados os valores de L para cada uma destas interações. Como resultado, obteve-se tabelas de relação entre a quantidade de cristas da onda (n) e o tamanho da corda (L), para cada tensão aplicada, sendo que este procedimento foi feito para os dois diferentes barbantes. A fase final do experimento consistiu na medição da massa e do comprimento de cada barbante, com a utilização de uma balança analógica de resolução de 0,01g e de uma fita métrica com resolução de 0,1cm, respectivamente. A partir dos dados coletados, o experimento solicita que sejam calculados ● Densidade linear (μ) dos barbantes ● Comprimento de onda ( ) para n =1, n=2 e n=3, para cada peso e cada barbanteλ ● Comprimento de onda médio para cada peso e cada barbante e seus erros totais (Erro estatístico + Erro instrumental) ● Tensão (T) aplicada em cada corda por cada peso Além disso, devem ser construídos os gráficos da relação do comprimento de onda médio com a tensão ( x T) para cada corda, os quais serão linearizados a partir dos métodos:λ ● Mínimos quadrados ● Substituição de variáveis, com aplicação da operação logarítmica de base 10 na expressão λ=k𝑇𝑏 4. DADOS OBTIDOS EXPERIMENTALMENTE Com o auxílio da balança encontramos um valor de massa (m) para a corda verde igual a 0,52 ± 0,01g e utilizando a trena obtivemos um comprimento (L) total da corda de 348 ± 0,05cm. Variando os valores das massas (m), tensionando a corda, e do seu comprimento a fim de formar 1, 2 e 3 ondas estacionárias (n) respectivamente na mesma obtivemos os seguintes valores apresentados na Tabela 1 a seguir. Tabela 1 - Dados obtidos experimentalmente para a corda verde m: 60g m: 110g m:160g m:210g n L(cm) n L(cm) n L(cm) n L(cm) 1 25,4 ± 0,05 1 34,5 ± 0,05 1 42,8 ± 0,05 1 48,3 ± 0,05 2 52,5 ± 0,05 2 71 ± 0,05 2 85,5 ± 0,05 2 98,5 ± 0,05 3 78,5 ± 0,05 3 107,5 ± 0,05 3 130 ± 0,05 3 149,1 ± 0,05 Repetindo o mesmo procedimento realizado para a corda verde obtivemos um valor de massa (m) para a corda vermelha igual a 1,17 ± 0,01g e um comprimento (L) total de 206 ± 0,05 cm. Os demais dados obtidos para a corda vermelha estão apresentados na Tabela 2 a seguir. Tabela 2 - Dados obtidos experimentalmente para a corda vermelha m: 60g m: 110g m:160g m:210g n L(cm) n L(cm) n L(cm) n L(cm) 1 13,2 ± 0,05 1 18,2 ± 0,05 1 21,9 ± 0,05 1 25 ± 0,05 2 27,6 ± 0,05 2 36,7 ± 0,05 2 42,6 ± 0,05 2 50,4 ± 0,05 3 40,5 ± 0,05 3 54,2 ± 0,05 3 65,3 ± 0,05 3 76,5 ± 0,05 5. RESULTADOS A partir dos valores obtidos experimentalmente foi possível, por meio de medição indireta, obter primeiramente a densidade linear(μ) e sua incerteza através das seguintes equações: (1) μ = 𝑚 𝐿 (2) ∆µ2 = ( მµ მ𝑚 ) 2 ∆𝑚2 + ( მµ მ𝐿 ) 2 ∆𝐿2 - Para a corda verde temos que μ = = = 0,00015 e μ = 0,2. Então0,52 ± 0,01𝑔 348 ± 0,05𝑐𝑚 0,00052 ± 0,01𝑘𝑔 3,48 ± 0,05𝑚 ∆ 0,00015 ± 0,2 .µ 𝑣𝑒𝑟𝑑𝑒 = 𝑘𝑔 𝑚 - Para a corda vermelha temos que μ = = = 0,00057 e μ = 0,1.1,17 ± 0,01𝑔 206 ± 0,05 𝑐𝑚 0.00117 ± 0,01𝑘𝑔 2,06 ± 0,05 𝑚 ∆ Então 0,00057 ± 0,1 .µ 𝑣𝑒𝑟𝑚𝑒𝑙ℎ𝑎 = 𝑘𝑔 𝑚 A seguir obteremos os valores de comprimento de onda( associados a cada modo(n),λ) utilizando a seguinte equação: (3) λ 𝑛 = 2𝐿 𝑛 - Para a corda verde temos que: em m:60g → = 50,8 = 0,51mλ 1 = 2×25,4 1 → = 52,5 = 0,52mλ 2 = 2×52,5 2 → = 52,3 = 0,52mλ 3 = 2×78,5 3 em m: 110g → = 69 = 0,69mλ 1 = 2×34,5 1 → = 71 = 0,71mλ 2 = 2×71 2 → = 71,5 = 0,71mλ 3 = 2×107,5 3 em m: 160g → = 85,6 = 0,86mλ 1 = 2×42,8 1 → = 85,5 = 0,85mλ 2 = 2×85,5 2 → = 86,7 = 0,87mλ 3 = 2×130 3 em m: 210g → = 96,6 = 0,97mλ 1 = 2×48,3 1 → = 98,5 = 0,98mλ 2 = 2×98,5 2 → = 99,4 = 0,99mλ 3 = 2×149,1 3 - Para a corda vermelha temos que: em m: 60g → = 26,4 = 0,26mλ 1 = 2×13,2 1 → = 27,6 = 0,28mλ 2 = 2×27,6 2 → = 27 = 0,27mλ 3 = 2×40,5 3 em m: 110g → = 36,4 = 0,36mλ 1 = 2×18,2 1 → = 36,7 = 0,37mλ 2 = 2×36,7 2 → = 36,1 = 0,36mλ 3 = 2×54,2 3 em m: 160g → = 43,8 = 0,44mλ 1 = 2×21,9 1 → = 42,6 = 0,43mλ 2 = 2×42,6 2 → = 43,5 = 0,43mλ 3 = 2×65,3 3 em pm 210g → = 50 = 0,50mλ 1 = 2×25 1 → = 50,4 = 0,50mλ 2 = 2×50,4 2 → = 51 = 0,51mλ 3 = 2×76,5 3 Para calcularmos o comprimento de onda médio aplicamos os valores já encontrados anteriormente na equação a seguir: (4) 𝑋 = 𝑥1+𝑥2+...𝑥𝑛 𝑛 Os valores obtidos para as cordas verde e vermelha estão apresentados respectivamente nas Tabela 3 e 4 a seguir: Tabela 3 - valores de comprimento médio da onda para a corda verde m: 60g m: 110g m: 160g m: 210g Média 0,52m Média 0,70m Média 0,86m Média 0,98m Tabela 4 - valores de comprimento médio da onda para a corda vermelha m: 60g m: 110g m:160g m: 210g Média 0,27m Média 0,36m Média 0,43m Média 0,50m Logo após, calculamos o desvio padrão para ambas as dimensões através da seguinte equação: Dp = Σ (𝑥−𝑥𝑖)2 𝑛−1 Tendo encontrado o desvio padrão do comprimento, é necessário calcular o erro estatístico por meio da seguinte equação: 𝐸 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜 = σ 𝑛 A partir do valor de erro estatístico obtido é possível encontrar o erro total por meio da seguinte equação: 𝐸 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = (𝐸 𝑒𝑠𝑡𝑎𝑡í𝑠𝑡𝑖𝑐𝑜 )2 + (𝐸 𝑖𝑛𝑠𝑡𝑟𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙 )2 Tabela 5 - valores de comprimento médio da onda e sua incerteza para a corda verde m: 60g m: 110g m: 160g m: 210g Média 0,52m Média 0,70m Média 0,86m Média 0,98m E∆ 0,15 E∆ 0,20 E∆ 0,25 E∆ 0,29 valor 0,52±0,15 valor 0,70±0,20 valor 0,86±0,25 valor 0,98±0,29 Tabela 6 - comprimento médio da onda e sua incerteza para a corda vermelha m: 60g m: 110g m: 160g m: 210g Média 0,27m Média 0,36m Média 0,43m Média 0,50m E∆ 0,07 E∆ 0,10 E∆ 0,12 E∆ 0,14 valor 0,27±0,07 valor 0,36±0,10 valor 0,43±0,12 valor 0,50±0,14 Para calcularmos a tensão à qual a corda está submetida, usaremos a equação: (5) T = m.g em p: 60g → 0,06 kg: T = 0,06 * 9,81 = 0,5886 N em p: 110 g → 0,11 kg : T = 0,11 * 9,81 = 1,0791 N em p: 160 g → 0,16 kg : T = 0,16 * 9,81 = 1,5696 N em p: 210 g → 0,21 kg : T = 0,21 * 9,81 = 2,0601 N As tabelas 7 e 8 a seguir apresentam todos os resultadosobtidos nas etapas anteriores tanto para a corda verde quanto para a vermelha. Tabela 7 - Resultados obtidos para a corda verde CORDA VERDE MASSA (m) 60g 110g 160g 210g TENSÃO 0,59N 1,08N 1,57N 2,06N COMPRIMENTO DE ONDA ( MÉDIOλ) 0,52±0,15 0,70±0,20 0,86±0,25 0,98±0,29 Tabela 8 - Resultados obtidos para a corda vermelha CORDA VERMELHA MASSA (m) 60g 110g 160g 210g TENSÃO 0,59N 1,08N 1,57N 2,06N COMPRIMENTO DE ONDA ( MÉDIOλ) 0,27±0,07 0,36±0,10 0,43±0,12 0,50±0,14 A seguir estão os gráficos de em função de T para as cordas verde e vermelha.λ Figura 3 - Gráfico de em função de T para a corda verdeλ Figura 4 - Gráfico de em função de T para a corda vermelhaλ A partir do método de mínimos quadrados foi realizado o ajuste linear tanto para o gráfico da corda verde quanto para o da corda vermelha. As figuras 5, 6, 7 e 8 a seguir demonstram isso. Figuras 5 e 6 - Ajuste linear para o gráfico da corda verde Figuras 7 e 8 - Ajuste linear para o gráfico da corda vermelha Outra forma de linearizar a equação é assumindo a relação λ=k ,λ = 1 𝑓 𝑥 ( 𝑇 µ )1/2 𝑇𝑏 de forma que ● k = e,1 𝑓 𝑥 µ1/2 ● b = ½, ou 0,5. Em seguida, aplica-se a operação matemática “log” em ambos os lados da equação, resultando na seguinte expressão: log (λ(T)) = b * log (T) + log (k) Expressando esta equação na forma de Y’ = a X’ + b, temos que: ● Y’ = log λ ● a = b = 0,5 ● X’ = log T ● b = log k = log ( )1 𝑓 𝑥 µ1/2 - Assim, têm-se a equação para linearizar os dados obtidos para a corda verde, a partir dos logarítmos: Y’ = 0,5X’ +1,74 - linearização para os dados obtidos para a corda vermelha, a partir dos logarítmos: Y’ = 0,5X’ +1,16 6. DISCUSSÃO 1 - Encostando lateralmente uma régua na corda que vibra em ressonância, o que acontece ao tocarmos um nó? E ao tocarmos um antinó? Explique. R: Caso a régua seja encostada no nó, a formação de ondas continuará ocorrendo do aparelho vibratório até a régua, visto que ela estará exatamente na distância em que ocorre a formação da onda. Mas, em contrapartida, se a régua for encostada num anti-nó, ela interromperá a vibração da corda, já que modificará o comprimento da corda para um determinado L em que não há formação de ondas estacionárias. 2 – Para uma dada tensão compare a amplitude de dois modos de vibração diferentes. O que acontece com a amplitude ao aumentarmos o modo de vibração? Explique. R: Quando o modo de vibração do fio pasou de n=1 para n=2, por exemplo, foi percebida, visualmente, uma diminuição da amplitude das ondas geradas, o que aconteceu novamente ao passar de n=2 para n=3. Como a amplitude representa a energia que a onda possui, é justificável que o aumento do número de nós reduza seu valor, visto que o aparelho vibratório passará a utilizar a mesma potência para gerar ondas num comprimento maior de fio (ou seja, vibrar uma quantidade maior de massa). 3 – Compare a amplitude de um determinado modo para duas tensões diferentes. O que acontece com a amplitude ao aumentarmos a tensão no cordão? Explique. R: O aumento da tensão na corda resultou num aumento do comprimento de onda, para uma mesma vibração. Como o aparelho vibratório introduz uma energia fixa no sistema (potência fixa), o aumento do comprimento de onda resultará na redução da amplitude, como explicado na questão anterior. 4 - Se o sistema estiver em ressonância com a corda vibrando com um único ventre, ele ainda estará em ressonância se a tensão for dividida por um fator quatro? Tente realizar essa experiência, tire suas conclusões e explique. R: Para responder esta questão, serão utilizados estes dados experimentais: - Para a corda verde temos que: em m:60g → = 50,8 = 0,51mλ 1 = 2×25,4 1 → = 52,5 = 0,52mλ 2 = 2×52,5 2 em m: 210g → = 96,6 = 0,97mλ 1 = 2×48,3 1 Temos que 60g é aproximadamente 4x menor que 210g (240/4=60), com um erro de 30 gramas. Percebe-se que no modo de vibração 1, para m=210g, o comprimento do fio é de L=48,3m, enquanto para m=60g, L = 24,4m, para o mesmo modo. Entretanto, para m=60g, o modo de vibração 2 apresenta L =52,5m, valor próximo de 48,3m, considerando que há um erro de 30 gramas na massa. A partir deste raciocínio, é possível inferir que se a tensão for dividida por um fator quatro, com a corda vibrando com um único ventre, ela passará a vibrar em dois ventres, pois a posição da vibração em dois ventres para m=60g foi aproximadamente a mesma da vibração em um ventre para m=210g, massa aproximadamente 4 vezes maior que 60g. 7. CONCLUSÃO Inicialmente, conclui-se que os métodos estatísticos e de metrologia são utilizados pela física como instrumentos para medir e filtrar os dados obtidos experimentalmente, de forma a reduzir o erro humano e fornecer informações que se comportam conforme as equações previstas por formidáveis físicos dos séculos passados. Entretanto, a vivência da prática experimental trouxe novos questionamentos acerca das ondas estacionárias, como a relação do comprimento de onda com sua amplitude, com a quantidade de nós e com a tração exercida pela corda. Além disso, pensa-se também sobre as vibrações das cordas dos postes, cercas e instrumentos musicais e, como o estudo experimental e prático das ondas estacionárias traz uma ampliação da percepção deste fenômeno físico e a curiosidade se é possível perceber visualmente este fenômeno no dia a dia. Os instrumentos musicais de cordas modificam a frequência do som conforme se modifica a tração da corda, a partir do aperto da tarracha. Neste experimento, a modificação da tração ocorre de outra maneira, com o aumento dos pesos e, ao invés do som ser analisado, como nos instrumentos musicais, é analisada a quantidade de nós da corda e seus comprimentos de onda.