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EVANILDO LUSTOSA ALVES
Professor autor/conteudista
É vedada, terminantemente, a cópia do material didático sob qualquer 
forma, o seu fornecimento para fotocópia ou gravação, para alunos 
ou terceiros, bem como o seu fornecimento para divulgação em 
locais públicos, telessalas ou qualquer outra forma de divulgação 
pública, sob pena de responsabilização civil e criminal.
SUMÁRIO
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1 . Bioética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.1 A ética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
1.2 Conceito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .7
1.2.1 A ética médica e de enfermagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.2.2 A ética religiosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.2.3 A ética filosófica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.3 Bioética geral, especial e clínica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
1.4 Finalidades e instrumentos de estudo da bioética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
1.5 O principialismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
1.5.1 O princípio da autonomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.5.2 O princípio da beneficência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.5.3 O princípio da não-maleficência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.5.4 O princípio da justiça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 . Bioética e direitos humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1 Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1.1 Objetivos da declaração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.1.2 Princípios da declaração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3 . Bioética e pesquisa com seres humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.1 A bioética e sua repercussão na pesquisa genética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4 . A bioética e a reprodução humana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4.1 Reprodução assistida. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .42
4.2 A seleção de embriões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.3 O congelamento embrionário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.4 Aborto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.5 Clonagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
5 . Bioética – outros temas polêmicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.1 Transplantes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.2 Eutanásia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
6 . Ética em auditoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
6.1 Auditoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
6.2 O perfil do auditor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
6.3 Ética aplicada à auditoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .74
Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
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INTRODUÇÃO
As áreas da biotecnologia e da saúde humana sofreram substanciais alterações nos últimos anos, 
avanços até então inimagináveis, alcançados pelo desenvolvimento científico e tecnológico. Podem 
ser citadas como exemplos as curas para diversas doenças, genomas que foram sequenciados 
e até mesmo a clonagem e a transgenia, que hoje são possíveis e comuns no Brasil e no mundo 
(CRUZ; OLIVEIRA; PORTILLO, 2010).
Assim como esses avanços podem trazer melhorias para a qualidade de vida da população, 
eles também têm o potencial de provocar danos enormes e irrecuperáveis. Estragos noticiados 
diariamente, como as destruições de grandes áreas florestais, a emissão de poluentes e ameaças 
visíveis à espécie humana, como as armas de destruição em massa, evidenciam a importância de 
se impor limites ao ser humano (CRUZ; OLIVEIRA; PORTILLO, 2010).
Quando se pensa nas grandes questões éticas originadas pelos avanços científicos, o que se 
questiona não é a capacidade do ser humano, e sim sua responsabilidade ao desenvolver seus 
potenciais. Assim, o problema é o controle ético das tecnologias, e não sua aceitação pela população, 
visto que as pesquisas podem tomar diversos rumos nem sempre melhores para a humanidade, 
podendo trazer graves consequências com o decorrer do tempo (CRUZ; OLIVEIRA; PORTILLO, 2010).
É importante o debate acerca de como esses avanços estão sendo realizados, as implicações 
desses experimentos e a necessidade de reflexão acerca da vida humana e dos valores morais a 
ela inerentes (CRUZ, 2011).
Primeiramente, é necessário fazer a distinção entre ética e moral. A moral vem do latim mos ou 
mores (costume ou costumes) e diz respeito a algo que é habitual para um povo. Logo, a moral é 
entendida como valores ou comportamentos em um contexto próprio e válido para um determinado 
segmento social (CRUZ, 2011).
Assim, percebe-se que o homem confere às coisas e ações valoração comportável para si e 
para a sociedade. Essa valoração é positiva ou negativa conforme suas experiências, logo, a moral 
não é unitária ou imutável, sendo possível distinguir diversas facetas dentro dela (CRUZ, 2011).
Conforme mencionado a moral não é una, sendo que a valoração de uma ação ou comportamento 
depende do período histórico e da realidade vivida pela população, variando dentro da sociedade. 
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Assim como há uma variação da cultura e da civilização no tempo e no espaço, há uma variação 
da moral que é diretamente ligada e influenciada pelas relações entre os seres humanos e pela 
relação destes com a natureza (CRUZ, 2011).
Porém, apesar da moral ser mutável, há aspectos relativos ao direito à vida, à dignidade e à 
personalidade que não podem ser afetados por essas mudanças, visto que são inerentes àcondição 
humana (CRUZ, 2011).
Já a ética é considerada uma ciência. Seu estudo é bem definido, com princípios próprios e 
objeto delimitado. É o estudo da moral e suas inúmeras implicações. A ética cria e elucida normas, 
sendo portanto uma disciplina normativa, aperfeiçoando e desenvolvendo o sentido da moral na 
conduta humana e em como isso afeta suas ações (CRUZ, 2011).
A atuação do ser humano e o direcionamento de suas ações de uma forma ou de outra é uma 
conduta pautada pela moral. Ao passo que, a ética é a investigação da deliberação que deu origem 
a essa ação, é o estudo das consequências e das possibilidades que envolvem um problema (CRUZ, 
2011).
O termo ética tem origem do grego ethos, que significa “modo de ser” ou “caráter”. Analisa o ser 
humano na perspectiva da realização desse “ser”, forma dinâmica, hábil e que leva em consideração 
o tempo e o espaço concretos (CRUZ, 2011).
Um dos maiores problemas é estabelecer critérios para a valoração positiva ou negativa dos 
comportamentos humanos e se é possível estabelecer parâmetros gerais, uma vez que o juízo 
moral é variável, havendo uma relativização das atitudes humanas e do que se pode conhecer sobre 
elas. Logo, como as ações são influenciadas por diversos fatores, no meio dos quais é preciso se 
distinguir o modo certo de se agir, a maior adversidade que a ética tem que enfrentar é admitir esses 
diversos valores e mediá-los. E para isso é preciso se distinguir condutas moralmente aceitáveis e 
as inaceitáveis, tentando se conseguir um senso moral comum, uma vez que a valoração também 
pode ser generalizada (CRUZ, 2011).
Todas as atitudes humanas que possam impactar sobre outras pessoas ou sobre o meio 
ambiente devem implicar em verificação de valores e como estes podem ser afetados. Um dos 
valores é a própria pessoa humana e as circunstâncias que são inerentes da sua condição, como 
a vida e as questões relacionadas às necessidades espirituais, físicas e materiais. Qualquer prática 
que afete esses valores é maléfica, pois retira a dignidade da pessoa. Por isso, estes valores devem 
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ser observados em todas as atividades cientificas que tenham como intuito melhorar o bem-estar 
do ser humano (CRUZ, 2011).
A bioética é uma das áreas de ponderação que mais cresce. Ela engloba um estudo sistêmico 
das faces da moral que compreendem as ciências da vida. A análise da bioética sobre os avanços 
científicos é imprescindível, principalmente com a força que a biotecnologia vem adquirindo, seja 
por sua importância econômica ou de transformação da vida humana e do ecossistema (CRUZ; 
OLIVEIRA; PORTILLO, 2010).
Nesses termos, aponta Diniz (2009 apud CRUZ, 2011, s/p):
A bioética deverá ser um estudo deontológico, que proporcione diretrizes morais 
para o agir humano diante dos dilemas levantados pela biomedicina, que giram em 
torno dos direitos entre a vida e a morte, da liberdade da mãe, do futuro ser gerado 
artificialmente, da possibilidade de doar ou de dispor do próprio corpo, da investigação 
científica e da necessidade de preservação de direitos das pessoas envolvidas e das 
gerações futuras.
Por isso precisamos ter um melhor entendimento dessas questões, haja vista a complexidade 
do tema, que envolve cultura, religião e o próprio entendimento de “ser humano”, um ser composto 
de uma diversidade de sentimentos, ambições, vontades e formações culturais e socioeconômicas.
Mesmo podendo divergir das várias formas de ver e entender a ética e a bioética, não é possível 
divergir da sua verdadeira necessidade, pois elas servem como freio moral para as ações do homem 
em relação a tudo que o cerca.
1. BIOÉTICA
FIGURA 1 – Bioética
Fonte: magic pictures / shutterstock
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1.1 A ética
Segundo Sgreccia (2002, p. 139), deve-se fazer uma distinção, dentro do estudo da antropologia, 
entre vida ética, ethos e ética.
A vida ética é a tensão ou tendência própria do homem de realizar o bem ou os valores. Já o 
ethos é a conduta efetiva, sociologicamente importante dentro de sua cultura, que o homem realizou 
ou tentou realizar com referência a determinados valores. Quando falamos em ética ou filosofia 
moral, trata-se da ciência do que o homem deve fazer, dos valores que deve realizar.
Sgreccia (2002, p.139), afirma ainda que:
A ética é a ciência do comportamento humano em relação aos valores, aos princípios 
e às normas morais.
A ética descritiva (ethos) é o exame dos costumes e dos comportamentos relativos 
aos valores, princípios e normas morais de uma determinada população, ou sobre 
um fato preciso, por exemplo: o aborto, o matrimônio, o furto etc.
A ética normativa é a disciplina que estuda os valores, os princípios e as normas 
de comportamento em relação ao que é lícito ou ilícito (bem/mal) e procura seus 
fundamentos e justificações.
A ética normativa se divide em ética geral, que trata dos fundamentos princípios e normas, e 
em ética especial, que trata da aplicação desses princípios, normas e valores aplicados a campos 
específicos. Temos como exemplos de ética especial a ética profissional, que é a aplicada às 
profissões, a ética econômica, utilizada no setor da economia, a ética política, aplicada a política 
(SGRECCIA, 2002). É dentro da ética especial que encontramos a bioética, que é o estudo da ética 
no âmbito das ciências da vida e da saúde.
1.2 Conceito
No início da década de 1970, Van Rensselaer Potter, um renomado pesquisador e professor norte-
americano da área de oncologia, preocupado com o rumo e as dimensões alcançadas pela ciência, 
principalmente a biotecnologia, sugere a criação de uma nova ciência baseada na aliança do saber 
biológico (bio) como os valores humanos (ética), lançando a frase “Nem tudo que é cientificamente 
possível é eticamente aceitável” e propondo para esse novo ramo o nome de bioética (DURAND, 
2007). É a ética prática ou ética da vida, como a definição de seus termos diz: a bioética, do grego 
bios (vida) e ethos (ética), viria para ajudar as pessoas a pensar sobre as possíveis implicações dos 
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avanços da ciência sobre a vida, fossem essas implicações positivas ou negativas, fosse a vida 
humana ou de outros seres vivos.
Para Van Rensselaer, a bioética deveria englobar diversos temas, abarcando conhecimentos que 
vão desde o controle da população, a pobreza, a ecologia até a manutenção da vida no planeta Terra. 
Apesar de sua abrangência, seu objetivo principal seria delimitar e dar propósito às interferências 
do homem sobre a vida, evidenciando os riscos e propondo limites aceitáveis a essas intervenções, 
indicando a necessidade de uma percepção sistêmica e até mesmo cibernética. Por isso, seu campo 
de estudo deveria ser multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar, englobando diversas áreas 
como a biologia, a medicina, a filosofia, as ciências exatas, o direito, as ciências políticas e o meio 
ambiente, entre outras (DURAND, 2007).
Apesar dessa visão de Van Rensselaer, o termo bioética rapidamente se limitou, por vários autores 
e praticantes, às questões das ciências biológicas e sua aplicação na medicina (DURAND, 2007).
Por isso, alguns autores consideram como o nascimento da bioética o processo de Nuremberg. 
Este levou ao conhecimento da população mundial os crimes cometidos contra seres humanos 
durante o regime nazista, que foram registrados nos atos dos processos, inclusive com participação 
de médicos. Neste caso percebe-se claramente o que o homem é capaz de fazer quando desvinculado 
da moral ou completamente cego por suas convicções (SGRECCIA, 2002).
Na ocasião, o tribunal elaborou dez regras que definiam as condições que deveriam ser seguidas 
para permitir experiências com seres humanos, o chamado Código de Nuremberg. O código foi o 
primeiro a suscitar uma conscientização sobre os perigos dos progressos da ciência desejados a 
qualquer custo sobre a necessidade de um enquadramento (SGRECCIA, 2002).
A começar desse momento, duas linhasnormativas passaram a ser desenvolvidas, as quais 
seriam: a elaboração do direito do homem e o “Código de Deontologia Médica”, que é proveniente 
e periodicamente atualizado pela Associação Médica Mundial (AMM) e pela Federação das Ordens 
dos Médicos (SGRECCIA, 2002).
Iniciando-se com a Declaração Universal dos Direitos do Homem, da Organização das Nações 
Unidas (ONU), em 1948, seguida pelo Tratado de Roma em 1950, a elaboração dos direitos do 
homem inclui diversas declarações, convenções, recomendações e cartas desenvolvidas para atuar 
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na defesa da vida e da integridade física do ser humano, além da proteção das liberdades civis e 
políticas fundamentais, incluindo-se recomendações quanto aos direitos dos doentes e moribundos 
e sobre a utilização dos embriões e fetos humanos (SGRECCIA, 2002).
A criação dessa legislação e dessas normas implicavam necessariamente em uma reflexão de 
fundamentação teórica e de justificação, confluindo em uma disciplina sistemática que é a bioética 
(SGRECCIA, 2002).
Segundo Sgreccia (2012), a definição dada pela Encyclopedia of bioethics de 1978 para bioética 
é: “estudo sistemático da conduta humana no âmbito das ciências da vida e da saúde considerada 
à luz de valores e de princípios morais”.
Quando se fala em ciências da vida e da saúde, deve-se entender que a bioesfera se estende 
para além dos problemas médicos e dos problemas das populações, como os demográficos e 
ambientais, que influenciam diretamente na qualidade de vida do homem. Por isso, como norte, 
deve-se ter sempre a moral, criando-se limites, critérios e definições claras sobre o que é lícito e o 
que é ilícito (SGRECCIA, 2002).
Logo, a bioética, além de incluir a ética médica, amplia-se, integrando:
• os problemas éticos de todas as profissões sanitárias;
• as pesquisas comportamentais, independentemente de suas aplicações terapêuticas;
• os problemas sociais unidos às políticas sanitárias, à medicina do trabalho, à saúde internacional 
e as políticas de controle demográfico;
• os problemas da vida animal e vegetal em relação à vida do homem.
Três correntes da ética influenciaram e influenciam a bioética, são elas: a ética médica e de 
enfermagem, a ética filosófica e a ética teológica (DURAND, 2007).
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1.2.1 A ética médica e de enfermagem
FIGURA 2 – Hipócrates
Fonte: Everett Historical / shutterstock
O Juramento de Hipócrates, proclamado por médicos no momento de sua formatura, foi elaborado 
por Hipócrates, médico grego do século V a.C. e pai da ética médica. Em seu juramento, além da 
religiosidade, invocada no preâmbulo e na conclusão, é possível fazer outras duas divisões (DURAND, 
2007).
A primeira divisão fala da perpetuação do conhecimento médico adquirido durante a graduação. 
No trecho, os aprendizes reconhecem seus deveres em relação aos seus mestres e a obrigação de 
transferir com discernimento seus saberes (DURAND, 2007).
A segunda divisão preconiza a ética na profissão, afirmando que o médico deve sempre trabalhar 
em prol do paciente, impedindo parcialidades, assim como proíbe a prática de abortos, as relações 
sexuais com pacientes, a divulgação da vida particular do paciente e a ministração de venenos. É 
o código de ética propriamente dito, que prescreve que ele trabalhe em favor do paciente, evitando 
todo mal e injustiça, e proíba a administração de venenos, a prática de aborto, as relações sexuais 
com pacientes e a divulgação de detalhes sobre a vida privada do paciente (DURAND, 2007).
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Porém, o juramento só adquiriu força quando o ensino da medicina foi sistematizado, sua prática 
regulamentada e com a organização da profissão como corporação. Outro fator importante para 
que o juramento ganhasse autoridade foi a incorporação do pensamento cristão.
Mesmo a enfermagem sendo muito antiga (desde os tempos de cuidado familiar dispensados a 
doentes e ao voluntariado religioso até a organização de convenções e ações públicas em favor da 
saúde), demorou a ser considerada uma profissão. Em 1983, foi proclamado o primeiro juramento 
de enfermagem, escrito por Lystra E. Gretter e utilizado na formatura da Farrand Training School 
(DURAND, 2007).
Segundo Durand (2007, p. 23),
O conteúdo deste juramento pode ser dividido em duas partes. A primeira consiste 
no compromisso de se dedicar ao bem-estar do doente, de não lhe fazer mal algum 
e respeitar sua privacidade. A segunda, o compromisso de proteger o padrão da 
profissão e de ajudar o médico em sua tarefa.
Os juramentos, até hoje, mesmo com as inúmeras mudanças feitas ao longo do tempo, estabelecem 
a base da ética médica e de enfermagem, juntamente com os códigos de deontologia e com os 
tratados de ética profissional (DURAND, 2007).
CURIOSIDADE
Conheça o Juramento de Hipócrates na íntegra
Disponível em: <https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Historia&esc=3>.
1.2.2 A ética religiosa
As explicações de tudo que acontece no mundo são encontradas na religião. Cabe a Deus decidir 
sobre a saúde, a doença e a morte. Aos pacientes e cuidadores cabe apenas a oração e a confiança 
em Deus. É através dessas premissas que a ética religiosa, seja ela cristã, judaica ou mulçumana, 
interpreta a palavra divina e deve respeito a ela (DURAND, 2007).
Mesmo a ética filosófica sendo totalmente racional, nem sempre seus preceitos se distinguem 
da ética religiosa, porém a sua atitude sim. Para a ética religiosa, aos médicos, enfermeiros e todos 
os que cuidam cabe apenas praticar o bem, pois sua missão é totalmente religiosa. Mesmo com 
as divergências entre as religiões, foram abordadas pela ética religiosa tanto questões teóricas 
quanto práticas (DURAND, 2007).
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A casuística é uma prova do interesse da igreja católica pela ética prática. Com sua abordagem 
de análise de caso, visava ajudar os padres a valorarem as ações humanas como boas ou ruins 
durante as confissões (DURAND, 2007).
As igrejas desenvolveram uma moral teológica que proclama a inviolabilidade e a sacralidade 
da vida humana, condenando assim o aborto, o infanticídio, a eutanásia e as mutilações, entre 
outras questões que são muito abordadas pela bioética. O que é dito pelas igrejas, de modo geral, 
não pode ser desconsiderado pelos profissionais de saúde, uma vez que eles são influenciados 
pela própria fé religiosa ou pela fé do seu paciente (DURAND, 2007).
1.2.3 A ética filosófica
Por muito tempo a filosofia foi dirigida pela religião cristã, permanecendo esquecidas as 
questões filosóficas das práticas médicas e de enfermagem. Porém, tão logo a filosofia recobrou 
sua autonomia, as questões éticas voltaram a figurar, principalmente em se tratando das teorias 
éticas e da análise dos conceitos fundamentais. Tais teorias elaboradas ao longo do tempo tiveram 
impacto direto sobre a ética médica e da enfermagem (DURAND, 2007).
1.3 Bioética geral, especial e clínica
A bioética tem configurado três ramos: a bioética geral, a bioética especial e a bioética clínica.
Segundo Sgreccia (2002, p. 46),
A bioética geral se ocupa das fundações éticas, é o discurso sobre os valores e 
sobre os princípios originários da ética médica e sobre as fontes documentais da 
bioética (direito internacional, deontologia, legislação). É a filosofia moral em sua 
parte fundamental e institucional.
A bioética especial analisa os grandes problemas enfrentados sempre sob o perfil 
geral, seja no terreno médico ou biológico, por exemplo, a engenharia genética, o 
aborto, a eutanásia, a experimentação clinica etc. São as grandes temáticas da 
bioética que devem ser resolvidas à luz dos modelos e dos fundamentos que o 
sistema ético assume como fundamentais e justificadas pelo juízo ético. Portanto, 
não pode deixar de se ligar as conclusões da bioética geral.
A bioética clínica ou de decisão examina na situação concreta da práxis médica e 
do caso clínico quais são os valos em jogo e por quais caminhos corretos se pode 
encontrar uma linha de conduta semmodificar esses valores. A escolha ou não de 
um princípio ou de um critério de avaliação condiciona a avaliação do caso”.
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1.4 Finalidades e instrumentos de estudo da bioética
A finalidade da bioética é o estudo racional dos questionamentos morais inerentes da biomedicina 
e de sua ligação com o direito e as ciências humanas. Tem por fundamento os direitos do homem 
e observa a religiosidade, para basear-se racionalmente e elaborar linhas éticas. Sua aplicação é 
no direcionamento à conduta pessoal, à elaboração de códigos deontológicos profissionais novos 
e futuros (SGRECCIA, 2002).
A metodologia interdisciplinar se divide em três instrumentos de estudo. O momento epistemológico, 
que analisa de forma aprofundada a essência do ato biomédico, o momento antropológico, que 
evidencia seus efeitos em um plano antropológico, e o momento aplicativo, que caracteriza as 
soluções éticas e suas justificativas racionais (SGRECCIA, 2002).
1.5 O principialismo
Segundo essa abordagem clássica introduzida por Beauchamp e Childress, em 1989, a bioética 
centra-se em quatro princípios fundamentais ou deveres prima facie. São eles: autonomia, beneficência, 
não-maleficência e justiça. Por isso o nome PRINCIPIALISMO, também conhecido como corrente 
canônica (LOCH, 2002).
FIGURA 3 – Os princípios da bioética: autonomia, beneficência, não maleficência e justiça
Beneficência
Beneficência
Justiça AutonomiaPrincipialismo
Fonte: Machado (2015)
Nos termos de Loch (2002, p. 1), “Os deveres prima facie são obrigações que devem ser cumpridas 
a não ser que conflitem, numa situação determinada, com outra obrigação igual ou mais forte”.
Assim, no início de qualquer discussão ética, esses quatro princípios devem ser observados, de 
forma a se concluir como podem ser melhor respeitados caso a caso (LOCH, 2002).
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De acordo com Sgreccia (2002, p. 51):
Os princípios da bioética não se baseiam em nenhuma teoria claramente articulada, 
ou seja, não há uma teoria bioética, embora haja uma prática que apele para esses 
princípios. Trata-se de uma espécie de pragmatismo ético. Os princípios desempenham 
o papel de justificação e de referência éticas.
Por seu caráter relativo, o principialismo, desde o início, gerou apreciações diversas, visto que, 
na prática, nem sempre é possível respeitá-lo de forma igualitária. Porém, possui como serventia 
por sua operacionalidade, sendo, apesar de insuficiente, indispensável para a tomada de decisão. 
Na maioria das ocorrências, para se detalhar a análise de casos concretos, é necessário se utilizar, 
além dos princípios prima facie, outros valores. Mesmo não possuindo um caráter incondicional, 
o principialismo, com seus postulados básicos, não pode ser deixado de lado na bioética atual 
(LOCH, 2002).
Os princípios não possuem qualquer tipo de hierarquia. Havendo conflito na hora de sua aplicação, 
deve-se determinar o quê, quando e como um predominará sobre o outro (STOCO, 2001).
FIGURA 4 – Os princípios da bioética: autonomia, beneficência, não maleficência e justiça
Principios 
da bioética 
Princípio da 
autonomia
Princípio da 
beneficência
Princípio da 
não 
maleficência
Princípio da 
justiça
O profissional deve 
respeitar as crenças, a 
vontade e valores morais 
do paciente
Obrigação ética de 
maximizar o benefício e 
minimizar o prejuízo
A ação do médico 
sempre deve causar o 
menor prejuízo ou 
agravos à saúde do 
paciente
Igualdade da repartição 
dos benefícios e bens 
em qualquer área da 
ciência
Fonte: Elaborado pelo autor
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1.5.1 O princípio da autonomia
Loch (2002, p. 4) descreve autonomia como:
A capacidade de uma pessoa para decidir fazer ou buscar aquilo que ela julga ser 
o melhor para si mesma. Para que ela possa exercer esta autodeterminação são 
necessárias duas condições fundamentais:
a) capacidade para agir intencionalmente, o que pressupõe compreensão, razão e 
deliberação para decidir coerentemente entre as alternativas que lhe são apresentadas;
b) liberdade, no sentido de estar livre de qualquer influência controladora para esta 
tomada de posição.
Também habitualmente chamado de princípio da liberdade, o princípio da autonomia reivindica 
o respeito ás decisões pessoais tomadas por indivíduos capazes. Já que preservar a autonomia, é 
um dos direitos fundamentais do homem (CREMESP, s/d).
Esse princípio leva em consideração a relação médico-paciente, onde o paciente tem direito a 
receber todas as informações pertinentes ao seu estado de saúde, assim como ao tratamento que 
será prescrito, tendo a liberdade de decidir se irá ou não se submeter ao tratamento determinado 
(CREMESP, s/d).
O acatamento do princípio da autonomia, na prática assistencial, é fundamental para a aliança 
terapêutica entre o profissional da saúde e o enfermo e para a autorização para a efetivação de 
diagnósticos, tratamentos e procedimentos. Do profissional da saúde é exigido o esclarecimento 
ao paciente da forma mais abrangente possível, para que ele possa ter uma correta compreensão 
da situação em que se encontra, o que é fundamental para uma tomada de decisão consciente 
(LOCH, 2002).
De acordo com Loch (2002, p. 4),
Esta é a essência do consentimento informado, resultado desta interação médico-
paciente. O consentimento informado é uma decisão voluntária, verbal ou escrita, 
protagonizada por uma pessoa autônoma e capaz, tomada após um processo 
informativo, para a aceitação de um tratamento específico ou experimentação, 
consciente de seus riscos, benefícios e possíveis consequências.
Logo, o consentimento informado é um modo de relacionamento entre o profissional de saúde 
e o paciente, onde cabe a esse profissional mostrar as opções, benefícios, riscos e custos dos 
tratamentos e procedimentos, ajudando o paciente a optar pela alternativa mais benéfica para si 
(LOCH, 2002).
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Loch (2002, p. 5) afirma que:
Existem algumas circunstâncias especiais que limitam a obtenção do consentimento 
informado:
a) a incapacidade: tanto a das crianças e adolescentes como aquela causada, em 
adultos, por diminuição do sensório ou da consciência, e nas patologias neurológicas 
e psiquiátricas severas;
b) as situações de urgência, quando se necessita agir e não se pode obtê-lo;
c) a obrigação legal de declaração das doenças de notificação compulsória;
d) um risco grave para a saúde de outras pessoas, cuja identidade é conhecida, 
obriga o médico a informá-las mesmo que o paciente não autorize;
e) quando o paciente recusa-se a ser informado e participar das decisões.
Nos casos em que o princípio da autonomia não pode ser exercido pelo paciente, seja porque 
esse é uma criança ou um deficiente intelectual, ele deve ser desempenhado pela família ou pelo 
responsável legal. Mas, de modo geral, os pacientes possuem a prerrogativa de decidir sobre as 
matérias relacionadas ao seu corpo e à sua vida, autorizando os médicos a pratica de qualquer ato 
(CREMESP, s/d).
1.5.2 O princípio da beneficência
Em seu juramento, Hipócrates diz: “Usarei o tratamento para ajudar os doentes, de acordo com 
minha habilidade e julgamento e nunca o utilizarei para prejudicá-los”. Assim, percebe-se que a 
excelência profissional é preconizada desde a medicina grega. A beneficência é totalmente ligada 
à excelência profissional (LOCH, 2002).
Potencializar os benefícios e reduzir ao máximo os prejuízos é uma obrigação ética preconizada 
pelo princípio da beneficência. Logo o profissional deve fazer o bem (ato médico benéfico), se 
certificando de que a informação e as técnicas utilizadas são as melhores possíveis (CREMESP, s/d).
Quando abordado pelas profissões biomédicas, não implica apenas em fazer o melhor para 
o paciente na abordagem técnico-assistencial, mas também em fazer o melhor do ponto de vista 
ético. Sempre levar em conta nas decisões a redução dos riscos, buscando ampliar os benefícios, 
utilizando para isso todos os conhecimentos e habilidade a serviço dopaciente (LOCH, 2002).
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Segundo Loch (2002, p. 3),
O princípio da Beneficência obriga o profissional de saúde a ir além da Não Maleficência 
(não causar danos intencionalmente) e exige que ele contribua para o bem-estar dos 
pacientes, promovendo ações:
a) para prevenir e remover o mal ou dano que, neste caso, é a doença e a incapacidade; e
b) para fazer o bem, entendido aqui como a saúde física, emocional e mental.
Assim, a beneficência exige ações positivas. O profissional deve atuar de forma a beneficiar 
seu paciente, avaliando a utilidade da ação e balanceando os benefícios, os riscos e os custos 
(CREMESP, s/d).
1.5.3 O princípio da não-maleficência
O princípio da não-maleficência determina que a ação do profissional de saúde não deve fazer 
mal, ou seja, cause o mínimo possível de prejuízos ou agravos à saúde do seu paciente (CREMESP, 
s/d).
O primum non nocere, sua versão no latim, estabelece duas premissas: a de socorrer (ajudar) 
ou a de, ao menos, não causar malefícios. É considerado um dos pilares da tradição hipocrática 
da ética médica e uma imposição moral aos profissionais de saúde. Logo, é um dever do médico. 
É o mínimo ético que, se não cumprido, o coloca em circunstâncias de má-prática ou negligência 
médica (LOCH, 2002).
Sua importância se deve ao fato de que nem sempre é possível dissociar os danos de uma 
ação ou procedimentos moralmente indicados para uma situação. Praticamente toda intervenção 
diagnóstica ou terapêutica envolve um risco de dano, porém, do ponto de vista ético, o risco pode 
torna-se plausível pelo benefício que pode gerar. Assim, deve-se avaliar a situação e, conforme o 
risco da ação se torna maior, mais justificadas devem ser as finalidades do ato (LOCH, 2002).
1.5.4 O princípio da justiça
A imparcialidade é requisito primordial na relação médico-paciente. O profissional deve isentar-
se de qualquer tipo de julgamento, seja por motivos sociais, culturais, religiosos ou financeiros. 
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O princípio da justiça prega a equidade como obrigação ética, onde a cada um é dado o que lhe é 
devido, em conformidade com o que é moralmente correto. Logo, os recursos devem ser repartidos 
de forma equilibrada, eficaz e assistir ao máximo de pessoas possível (CREMESP, s/d).
A justiça está relacionada com o esforço de se uniformizar as oportunidades de acesso a bens 
e recursos comuns, de equalizar as relações entre classes sociais. Do ponto de vista filosófico, a 
justiça é interpretada como uma forma justa, apropriada e equitativa de proteger as pessoas em 
virtude de algo que lhe é devido ou merecido. Assim, são estabelecidos critérios de merecimento 
e princípios materiais de justiça fundados em características que tornem relevantes e igualitários 
esses tratamentos (LOCH, 2002).
A cada dia os custos dos serviços de saúde e as dificuldades para acessá-los estão maiores. 
Assim, os problemas relacionados à justiça social estão gradativamente mais presentes, necessitando 
a avaliação dos conflitos éticos que aparecem com a dificuldade de uma distribuição justa dos 
serviços de saúde à população. Nesse nível, a ética visa impedir a discriminação, a marginalização 
e segregação social, preservando a vida e a integridade das pessoas (LOCH, 2002).
Nas palavras de Loch (2002, p. 6),
Neste contexto, o conceito de justiça deve fundamentar-se na premissa que as pessoas 
têm direito a um mínimo decente de cuidados com sua saúde. Isto inclui garantias de 
igualdade de direitos, equidade na distribuição de bens, riscos e benefícios, respeito 
às diferenças individuais e a busca de alternativas para atendê-las, liberdade de 
expressão e igual consideração dos interesses envolvidos nas relações do sistema 
de saúde, dos profissionais e dos usuários.
Saiba mais
Artigo analisa e discute a incorporação de referenciais da bioética no atual Código de Ética 
Médica (CEM), aprovado pelo Conselho Federal de Medicina após dois anos de estudo. A partir de 
levantamento e análise do novo código foi empreendida análise comparativa aos fundamentos e 
princípios da bioética. O objetivo foi avaliar quais fundamentos e princípios bioéticos foram incluídos 
na atual versão do código, buscando-se estabelecer uma reflexão crítica a partir desta investigação. 
Veja o estudo completo no link: http://www.redalyc.org/html/3615/361533253014/
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2. BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS
FIGURA 5 – Bioética e direitos humanos
Fonte: TWStock / shutterstock
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) possui o Programa 
de Ética da Ciência e Tecnologia, que tem por objetivo propiciar, nos domínios da ética, reflexões em 
ciência e tecnologia através de uma metodologia democrática de construção normativa e respeito 
ao ideal da Unesco, o de uma comunicação séria, com base no respeito aos valores compartilhados 
e à dignidade de cada civilização e cultura. Mediante o programa, a Unesco proporciona o encontro 
de grupos de especialistas de respeitada competência para questionar o estado da arte e elaboração 
de referências sobre os aspectos éticos, legais e sociais provenientes das ciências da vida – em 
especial a genética – com o intuito de orientar ações em campos essenciais da ética na ciência e 
tecnologia (CRUZ; OLIVEIRA; PORTILLO, 2010).
O Comitê Internacional de Bioética (International Bioethics Committee – IBC) e o Comitê 
Intergovernamental de Bioética (Intergovernmental Bioethics Committee – IGBC) são a estrutura 
desse foro de discussão. O IBC, instituído em 1993, é integrado por 36 especialistas autônomos 
que acompanham a evolução das ciências da vida e seus efeitos, com a finalidade de garantir o 
respeito pela dignidade e liberdade humana. É tido como o único fórum mundial para ponderação 
bioética profunda de tópicos vigentes, propiciando incentivos para que cada país, principalmente 
seus legisladores, pondere sobre as alternativas da sociedade na elaboração ou manutenção de 
leis nacionais, escolhendo entre numerosas posições (CRUZ; OLIVEIRA; PORTILLO, 2010).
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Já o IGBC foi organizado cinco anos depois, em 1998, e é composto por 36 Estados-membros da 
Unesco. Seus representantes se congregam ao menos uma vez a cada dois anos para aprofundar 
os conselhos e recomendações do IBC. O IGBC comunica ao IBC suas concepções e as submete, 
em conjunto com as propostas de ações do IBC, ao diretor-geral da Unesco, o qual as retorna aos 
Estados-membros, ao Conselho Executivo e à Conferência Geral (CRUZ; OLIVEIRA; PORTILLO, 2010).
2.1 Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos
Na Conferência Geral da Unesco, em outubro de 2005, pela primeira vez na história da bioética, 
os Estados-membros e à comunidade internacional, comprometeram-se a respeitar e aplicar os 
princípios fundamentais da bioética condensados na Declaração Universal sobre Bioética e Direitos 
Humanos (UNESCO, 2006).
A Declaração traz, em seu artigo 1º, que
A presente declaração trata das questões éticas suscitadas pela medicina, ciências 
da vida e tecnologias associadas na sua aplicação aos seres humanos, incorporando 
os princípios que enuncia nas regras que norteiam o respeito pela dignidade humana, 
pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais levando em conta as suas 
dimensões social, jurídica e ambiental.
Com isso, a bioética é promovida entre os direitos humanos internacionais e se assegura o 
respeito pela vida dos seres humanos, considerando a correlação que persiste entre a ética e os 
direitos humanos no domínio especial da bioética (UNESCO, 2006).
Em conjunto com a Declaração, a Conferência Geral da Unesco emitiu uma resolução em que 
pede a todos os Estados-membros para que façam todos os esforços em direção a concretização 
dos princípios tratados na declaração, garantindo o acompanhamento da declaração e aconselhando 
a propagação da forma mais ampla possível (UNESCO, 2006).
O artigo primeiro da declaração afirma que esta foi dirigida aosEstados, mas que “[...] permite 
também, na medida apropriada e pertinente, orientar as decisões ou práticas de indivíduos, grupos, 
comunidades, instituições e empresas, públicas e privadas”. (UNESCO, 2006, art. 1º).
A declaração fala também na criação de comitês de ética independentes, multidisciplinares e 
pluralistas que devem ser instituídos, mantidos e apoiados em nível adequado com o fim de avaliar 
questões éticas, legais, científicas e sociais relevantes relacionadas a projetos de pesquisa envolvendo 
seres humanos; aconselhamento sobre problemas éticos em situações clínicas; avaliação dos 
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desenvolvimentos científicos e tecnológicos; formulação de recomendações e contribuições para a 
elaboração de diretrizes sobre temas inseridos no âmbito da declaração e promoção do debate, da 
educação, da conscientização do público e do engajamento com a bioética (UNESCO, 2006, art. 19º).
A declaração ainda preconiza que, para alcançar uma melhor compreensão das implicações 
éticas dos avanços científicos e tecnológicos, em especial para os jovens, os Estados devem 
envidar esforços para promover a formação e educação em bioética em todos os níveis, bem como 
estimular programas de disseminação de informação e conhecimento sobre bioética, estimulando 
a participação de organizações intergovernamentais, internacionais e regionais e de organizações 
não-governamentais internacionais, regionais e nacionais neste esforço (UNESCO, 2006, art. 23º).
2.1.1 Objetivos da declaração
FIGURA 6 – Objetivos da declaração
Fonte: art4all / shutterstock
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A declaração teve por objetivos (UNESCO, 2006):
• prover uma estrutura universal de princípios e procedimentos para orientar os Estados na 
formulação de sua legislação, suas políticas ou outros instrumentos no campo da bioética; 
• guiar as ações de indivíduos, grupos, comunidades, instituições e empresas públicas e privadas
• promover o respeito pela dignidade humana e proteger os direitos humanos, assegurando o 
respeito pela vida dos seres humanos e pelas liberdades fundamentais, de forma consistente 
com a legislação internacional de direitos humanos;
• reconhecer a importância da liberdade da pesquisa científica e os benefícios resultantes dos 
desenvolvimentos científicos e tecnológicos, evidenciando, ao mesmo tempo, a necessidade 
de que tais pesquisas e desenvolvimentos ocorram conforme os princípios éticos dispostos na 
declaração e respeitem a dignidade humana, os direitos humanos e as liberdades fundamentais;
• promover o diálogo multidisciplinar e pluralístico sobre questões bioéticas entre todos os 
interessados e na sociedade como um todo;
• promover o acesso equitativo aos desenvolvimentos médicos, científicos e tecnológicos, assim 
como a maior difusão possível e o rápido compartilhamento de conhecimento relativo a tais 
desenvolvimentos e a participação nos benefícios, com particular atenção às necessidades 
de países em desenvolvimento;
• proteger e propiciar os interesses das gerações presentes e futuras;
• ressaltar a importância da biodiversidade e sua conservação como uma preocupação comum 
da humanidade.
2.1.2 Princípios da declaração
A Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos estabelece como princípios:
• Dignidade humana e direitos humanos
Esse princípio diz que a dignidade humana, os direitos humanos e as liberdades fundamentais 
devem ser respeitadas em sua totalidade e que os interesses e o bem-estar do indivíduo devem ter 
prioridade sobre o interesse exclusivo da ciência ou da sociedade (UNESCO, 2006, art. 3º).
• Benefício e dano
Os benefícios diretos e indiretos a pacientes, sujeitos de pesquisa e outros indivíduos afetados 
devem ser maximizados, e qualquer dano possível a tais indivíduos deve ser minimizado, quando 
se trata da aplicação e do avanço do conhecimento científico, das práticas médicas e tecnologias 
associadas (UNESCO, 2006, art. 4º).
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• Autonomia e Responsabilidade Individual
Deve ser respeitada a autonomia dos indivíduos para tomar decisões, quando possam ser 
responsáveis por essas decisões e respeitem a autonomia dos demais. Devem ser tomadas medidas 
especiais para proteger direitos e interesses dos indivíduos não capazes de exercer autonomia 
(UNESCO, 2006, art. 5º).
• Consentimento
Qualquer intervenção médica preventiva, diagnóstica e terapêutica só deve ser realizada com o 
consentimento prévio, livre e esclarecido do indivíduo envolvido, baseado em informação adequada. 
O consentimento deve, quando apropriado, ser manifesto e poder ser retirado pelo indivíduo envolvido 
a qualquer momento e por qualquer razão, sem acarretar desvantagem ou preconceito.
Exceções a este princípio somente devem ocorrer quando em conformidade com os padrões 
éticos e legais adotados pelos Estados, consistentes com as provisões presentes na Declaração 
e com os direitos humanos.
Em casos específicos de pesquisas desenvolvidas em um grupo de indivíduos ou comunidade, 
um consentimento adicional dos representantes legais do grupo ou comunidade envolvida pode 
ser buscado. Em nenhum caso, o consentimento coletivo da comunidade ou o consentimento de 
um líder da comunidade ou outra autoridade deve substituir o consentimento informado individual 
(UNESCO, 2006, art.6º).
Para indivíduos sem a capacidade de consentir devem receber proteção especial. A autorização 
para pesquisa e prática médica deve ser obtida no melhor interesse do indivíduo envolvido e de 
acordo com a legislação nacional. Não obstante, o indivíduo afetado deve ser envolvido, na medida 
do possível, tanto no processo de decisão sobre consentimento assim como sua retirada (UNESCO, 
2006, art.7º).
A pesquisa só deve ser realizada para o benefício direto à saúde do indivíduo envolvido, estando 
sujeita à autorização e às condições de proteção prescritas pela legislação e caso não haja nenhuma 
alternativa de pesquisa de eficácia comparável que possa incluir sujeitos de pesquisa com capacidade 
para fornecer consentimento (UNESCO, 2006, art. 7º).
Pesquisas sem potencial benefício direto à saúde só devem ser realizadas excepcionalmente, 
com a maior restrição, expondo o indivíduo apenas a risco e desconforto mínimos e quando se 
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espera que a pesquisa contribua com o benefício à saúde de outros indivíduos na mesma categoria, 
sendo sujeitas às condições prescritas por lei e compatíveis com a proteção dos direitos humanos 
do indivíduo. A recusa de tais indivíduos em participar de pesquisas deve ser respeitada (UNESCO, 
2006, art. 7º).
• Respeito pela vulnerabilidade humana e pela integridade individual
A vulnerabilidade humana deve ser levada em consideração na aplicação e no avanço do 
conhecimento científico, das práticas médicas e de tecnologias associadas. Indivíduos e grupos 
de vulnerabilidade específica devem ser protegidos e a integridade individual de cada um deve ser 
respeitada (UNESCO, 2006, art. 8º).
• Privacidade e confidencialidade
A privacidade dos indivíduos envolvidos e a confidencialidade de suas informações devem ser 
respeitadas. Com esforço máximo possível de proteção, tais informações não devem ser usadas ou 
reveladas para outros propósitos que não aqueles para os quais foram coletadas ou consentidas, 
necessitando, também, estarem em conformidade com o direito internacional, em particular com 
a legislação internacional sobre direitos humanos (UNESCO, 2006, art.9º).
• Igualdade, justiça e equidade
“A igualdade fundamental entre todos os seres humanos em termos de dignidade e de direitos 
deve ser respeitada de modo que todos sejam tratados de forma justa e equitativa.” (UNESCO, 
2006, art. 10).
• Não-discriminação e não-estigmatização
“Nenhum indivíduo ou grupo deve, em circunstância alguma, ser submetido, em violação da 
dignidade humana, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, a uma discriminação ou 
a uma estigmatização.” (UNESCO, 2006, art.11).
• Respeito peladiversidade cultural e pelo pluralismo
A diversidade cultural e o pluralismo devem receber a devida consideração. Todavia, tais 
considerações não devem ser invocadas para violar a dignidade humana, os direitos humanos e 
as liberdades fundamentais nem os princípios dispostos na declaração, tampouco para limitar o 
escopo destes (UNESCO, 2006, art. 12).
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• Solidariedade e cooperação
“A solidariedade entre os seres humanos e a cooperação internacional nesse sentido devem 
ser incentivadas” (UNESCO, 2006, art. 13).
FIGURA 7 – A solidariedade entre os seres humanos e a cooperação internacional nesse sentido devem ser 
incentivadas (UNESCO, 2006, art. 13)
Fonte: Moopixel / shutterstock
• Responsabilidade social e saúde
 A promoção da saúde e do desenvolvimento social para a sua população é objetivo central dos 
governos, partilhado por todos os setores da sociedade.
Considerando que usufruir o mais alto padrão de saúde atingível é um dos direitos fundamentais 
de todo ser humano, sem distinção de raça, religião, convicção política, condição econômica ou social, 
o progresso da ciência e da tecnologia deve ampliar: o acesso a cuidados de saúde de qualidade e 
a medicamentos essenciais, incluindo especialmente aqueles para a saúde de mulheres e crianças, 
uma vez que a saúde é essencial à vida em si e deve ser considerada como um bem social e humano; 
o acesso à nutrição adequada e à água de boa qualidade; a melhoria das condições de vida e do 
meio ambiente; a eliminação da marginalização e da exclusão de indivíduos por qualquer que seja 
o motivo e a redução da pobreza e do analfabetismo (UNESCO, 2006, art. 14).
• Compartilhamento de benefícios
Os benefícios resultantes de qualquer pesquisa científica e suas aplicações devem ser 
compartilhados com a sociedade como um todo e, no âmbito da comunidade internacional, com 
os países em desenvolvimento, em especial. Para dar efeito a esse princípio, os benefícios podem 
assumir quaisquer das seguintes formas:
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a) Ajuda especial e sustentável e reconhecimento aos indivíduos e grupos que tenham 
participado de uma pesquisa;
b) Acesso a cuidados de saúde de qualidade;
c) Oferta de novas modalidades diagnósticas e terapêuticas ou de produtos resultantes da 
pesquisa;
d) Apoio a serviços de saúde;
e) Acesso ao conhecimento científico e tecnológico;
f) Facilidades para geração de capacidade em pesquisa;
g) Outras formas de benefício coerentes com os princípios dispostos na presente Declaração.
Os benefícios não devem constituir indução inadequada para estimular a participação em 
pesquisa (UNESCO, 2006, art. 15).
• Proteção das gerações futuras
“As repercussões das ciências da vida sobre as gerações futuras, nomeadamente sobre a sua 
constituição genética, devem ser adequadamente tomadas em consideração” (UNESCO, 2006, art. 16).
• Proteção do meio ambiente, da biosfera e da biodiversidade
Devida atenção deve ser dada à inter-relação de seres humanos com outras formas de vida, à 
importância do acesso e utilização adequada de recursos biológicos e genéticos, ao respeito pelo 
conhecimento tradicional e ao papel dos seres humanos na proteção do meio ambiente, da biosfera 
e da biodiversidade (UNESCO, 2006, art. 17).
3. BIOÉTICA E PESQUISA COM SERES HUMANOS
FIGURA 8 – Bioética e pesquisa com seres humanos
Fonte: joker1991 / shutterstock
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Entende-se como o início simbólico das ciências experimentais as investidas de Galileu no século 
XVI na pesquisa da verdade por meio da experimentação e da análise dos fatos, desvinculando-se 
da realidade passada pela Igreja. Vários ramos da ciência originaram-se das ciências experimentais 
(FREITAS; HOSSNE, s/d).
Em dois séculos a Revolução Científica se mostrou consolidada. Seu ritmo mostrou-se ainda 
mais acelerado no século XX, com duas novas revoluções, a atômica, nos primeiros 50 anos, e a 
molecular, na segunda metade do século, a qual se vive atualmente (FREITAS; HOSSNE, s/d).
A revolução científica e a quantidade de pesquisadores em ação significam inovação permanente 
e progressiva de novos saberes e novas tecnologias que se designam ao homem e irão impactá-lo 
de modo direto e indireto, visto que a primeira aplicação do conhecimento ou da tecnologia no ser 
humano é, no fundo, uma experimentação (FREITAS; HOSSNE, s/d).
A realização de diversas metas necessita de vários aspectos ligados à pesquisa científica, entre 
eles a experimentação em seres humanos. A evolução do conhecimento, no pretérito e no porvir, 
está profundamente ligada à necessidade de investigação do desempenho e da reação do corpo e 
da mente humanas (OLIVEIRA; ANJOS FILHO, 2006).
A começar do final do século XIX, iniciou-se a pesquisa de forma científica com humanos 
vivos, sujeita a técnicas e procedimentos de aprovação e justificação. Isso se deve à vinculação 
da medicina com a investigação científica, passando-se assim a utilizar humanos saudáveis 
nas pesquisas. Instaura-se, assim, a fase científica da medicina. A pesquisa clínica começa a 
submeter-se aos princípios científicos e metodológicos da ciência experimental, acarretando em 
uma troca de hierarquia entre ato clínico e pesquisa clínica. Inicialmente, preconizava-se que nada 
que não fosse clínico podia ser explicado como experimental e, a partir desse momento, passa a 
ocorrer exatamente o contrário: apenas o empírico pode ser justificado como clínico, ou seja, como 
diagnóstico ou terapêutico (SCHRAMM; PALÁCIOS; REGO, 2008).
Juntamente com os questionamentos epistemológicos estão os questionamentos éticos, uma 
vez que a gnose é feita por cientistas e pesquisadores que compartilham seus saberes com outros 
atores, podendo influenciá-los positiva ou negativamente, necessitando assim prestar conta de 
suas ações (SCHRAMM; PALÁCIOS; REGO, 2008).
Dessa forma, na era da investigação científica, ter apenas uma boa intenção e a certeza de 
que as pesquisas e experiências feitas com humanos poderão ser utilizadas pela ciência não são 
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premissas suficientes, embora sejam necessárias e codificadas na deontologia para se assegurar 
do real benefício do ato médico. Este precisa ainda ser atestado por evidências e provas objetivas, 
construídas de forma pragmática e avaliadas conforme a ética. Assim, todas as pesquisas que 
envolvem seres humanos, além de precisar passar por um tribunal de fidedignidade científica, 
necessitam passar por uma instância de julgamento ético para se saber se são sustentadas ou 
não (SCHRAMM; PALÁCIOS; REGO, 2008).
ACONTECEU
Em 1966, o professor de anestesiologia da Faculdade de Medicina de Harvard, Henry Beecher, 
publicou um artigo intitulado Ethics and clinical research, que denunciava 22 casos de pesquisas de 
baixo nível ético com seres humanos. Esse artigo deu início à discussão sobre os princípios éticos 
e no consentimento informado nas pesquisas com seres humanos. Saiba mais, no artigo Henry 
Beecher e a gênese da bioética:
Disponível em: http://www.repositorio.unb.br/bitstream/10482/16177/1/ARTIGO_HenryBeecherGeneseBioetica.pdf
O estudo em seres humanos não é, portanto, uma novidade. Vem ocorrendo ao longo dos anos 
e propiciando questionamentos éticos de grande importância, pois nem sempre o tratamento das 
pessoas submetidas às pesquisas foi correto (OLIVEIRA; ANJOS FILHO, 2006).
Apesar das pesquisas serem antigas, apenas em 1947 foram estabelecidas as primeiras normas 
reguladoras da pesquisa em seres humanos. Tais normas apareceram com o julgamento dos crimes 
de guerra nazistas, quando se tomou conhecimento dos acontecimentos abusivos da experimentação, 
designados como crimes contra a humanidade. Nasce, assim, o Código de Nüremberg, que estipula 
os regulamentos fundamentais das pesquisas em seres humanos, predizendo a necessidade do 
consentimento voluntário, a obrigação de estudos prévios em laboratórios e em animais, o exame de 
riscos e benefícios da investigação alegada, a autonomia do sujeitoda pesquisa em permanecer ou 
deixar o projeto e a adequada qualificação científica do pesquisador, entre outros pontos (FREITAS; 
HOSSNE, s/d).
Um ano após o Código de Nüremberg foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas 
a Declaração Universal dos Direitos Humanos, documento de grande relevância que, conquanto seja 
de caráter geral, engloba direitos que não devem ser esquecidos quando da experimentação com 
humanos. É o caso da dignidade, da igualdade e da liberdade. A declaração apresenta correlação 
direta com os princípios da Bioética (OLIVEIRA; ANJOS FILHO, 2006).
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Apesar de tudo que foi pactuado no Código de Nuremberg e na Declaração Universal, inúmeras 
violações persistiram, até mesmo em países signatários. Um exemplo foi a pesquisa sobre sífilis entre 
1932 e 1973, em Tuskegee, no condado de Macon (Alabama, Estados Unidos). A pesquisa realizada 
com investimentos federais continuou mesmo após os compromissos feitos. Durante a pesquisa, 
negros e pobres achavam que estavam recebendo tratamento, quando na verdade eram estudados 
e nada lhes era receitado, sendo cobaias para que os cientistas acompanhassem o progresso da 
doença, muito embora já houvessem medicamentos desenvolvidos (OLIVEIRA; ANJOS FILHO, 2006).
FIGURA 9 – Tribunal de Nuremberg
Fonte: http://www.xlsemanal.com/wp-content/uploads/sites/3/2016/11/2613626049_72a7678111_b-768x506.jpg
Beecher, na década de 60, alertou sobre as inúmeras pesquisas que continuavam a ser publicadas 
em revistas médicas de grande prestígio e que era feitas com experimentação humana de forma 
eticamente inadequada (FREITAS; HOSSNE, s/d).
Os avanços tecnológicos, cada vez mais rápidos, reverberaram nas questões éticas, forçando 
novas e periódicas revisões. O Código de Nüremberg foi atualizado em 1964 na 18ª Assembleia da 
Associação Médica Mundial, onde também foi aprovada a Declaração de Helsinque, que estabeleceu 
a necessidade de reavaliação dos protocolos por comitê autônomo. Sua revisão ocorreu nos anos 
70, em Tóquio, na década de 80, em Veneza e Hong Kong e, em 1996, na 48ª Assembleia Geral, 
que aconteceu em Somerset West, República da África do Sul. Apesar das inúmeras atualizações, 
permaneceu conhecida como Declaração de Helsinque, onde se firmam as normas para a pesquisa 
médica sem fins terapêuticos (FREITAS; HOSSNE, s/d).
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Segundo Oliveira e Anjos Filho (2006),
Outros textos e documentos que tratam da pesquisa merecem referência, como: o 
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, de 1966;57 o intitulado “Diretrizes 
Internacionais para a pesquisa biomédica em seres humanos”, elaborado conjuntamente 
pela Organização Mundial da Saúde e pelo Council for International Organizations of 
Medical Sciences (1993); a Declaração de Manila (1981); a Declaração de Princípios 
Éticos dos Médicos do Mercosul (1996); a Declaração Bioética de Gijón (2000); e a 
Declaração Universal de Bioética e Direitos Humanos, da Unesco (2005).
As diretrizes internacionais para a pesquisa biomédica em seres humanos foram estabelecidas 
na década de 80 pelo Council for International Organizations of Medical Sciences (CIOMS), em 
conjunto com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em um documento traduzido para a língua 
portuguesa pelo Ministério da Saúde. Em 1993, esse documento foi atualizado e publicado sendo 
posteriormente publicado pela revista Bioética, do Conselho Federal de Medicina (CFM). Também 
nos anos 90, o CIOMS publica o primeiro documento particularmente voltado para as pesquisas 
epidemiológicas, o International Guidelines for Ethical Review of Epidemiological Studies (FREITAS; 
HOSSNE, s/d).
No Brasil, a normatização se dá, principalmente, através de resoluções do Conselho Federal 
de Medicina e do Conselho Nacional de Saúde. A Resolução CNS nº 1, de 13 de junho de 1988, do 
Conselho Nacional de Saúde, é notória por ser o primeiro documento oficial brasileiro que buscou 
regulamentar as normas da pesquisa em saúde (FREITAS; HOSSNE, s/d).
Nas palavras de Freitas e Hossne (s/d),
Em 1995, sete anos após a aplicação da Resolução CNS nº 1/88, o Conselho Nacional de 
Saúde (CNS) decidiu pela revisão da mesma, com o objetivo de atualizá-la e preencher 
lacunas geradas pelo desenvolvimento científico. Um Grupo Executivo de Trabalho 
(GET), integrado por representantes de diversas áreas sociais e profissionais, contando 
com o apoio de médicos, teólogos, juristas, biólogos, engenheiros biomédicos, 
empresários e representantes de usuários elaborou uma nova resolução (CNS nº 
196/96) que estabelece as normas de pesquisa envolvendo seres humanos.
A resolução traz a conceituação de diversos termos e conceitos essenciais à bioética, como 
pesquisa, pesquisa envolvendo seres humanos, protocolo de pesquisa, pesquisador responsável, 
instituição de pesquisa, promotor, patrocinador, risco da pesquisa, dano associado ou decorrente 
da pesquisa, sujeito da pesquisa, consentimento livre e esclarecido, indenização, ressarcimento, 
comitês de ética em pesquisa (CEP), vulnerabilidade e incapacidade (OLIVEIRA; ANJOS FILHO, 2006).
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De acordo com Freitas e Hossne (s/d), alguns pontos dessa resolução merecem destaque:
• A inclusão dos princípios básicos da bioética (não-maleficência, beneficência, autonomia, 
justiça, equidade, sigilo, privacidade);
• A sua amplitude, que abarca normas para qualquer tipo de pesquisa, de diversas áreas do 
conhecimento e não apenas da biomedicina, sejam elas individuais ou coletivas - estudos de 
comunidades, pesquisas epidemiológicas, envolvendo ou não os seres humanos, de forma 
direta ou indireta, em sua integralidade ou partes dele, inclusive no manejo de informações 
ou materiais;
• O impedimento de qualquer tipo de remuneração, podendo, no entanto, serem ressarcidas as 
despesas e pagas indenizações (direito indeclinável) aos participantes da pesquisa;
• A ampliação do conceito de risco para a probabilidade de danos nas esferas física, psíquica, 
moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do ser humano;
• A necessidade de se respeitar a dignidade do ser humano de forma global e de se conseguir o 
consentimento livre e esclarecido dos indivíduos participantes, protegendo grupos vulneráveis 
e impedindo a dependência, a subordinação, a coação ou a intimidação;
• O resguardo à imagem, a não-estigmatização, o respeito à confidencialidade e à privacidade 
nas pesquisas em grupos, assim como o respeito aos valores culturais;
• A obrigação de motivação para o uso do placebo;
• A delineação das medidas para o acompanhamento, tratamento ou orientação, de acordo com 
o caso, nas pesquisas de rastreamento, com a evidenciação do predomínio dos benefícios 
sobre os riscos e custos;
• A restrição do uso de material biológico e dos dados obtidos na pesquisa para a finalidade 
prevista no protocolo;
• A imposição de se informar aos comitês de ética, nos casos de descontinuidade do projeto 
de pesquisa;
• A obrigatoriedade do regresso dos benefícios à coletividade pesquisada, bem como a necessidade 
de que os sujeitos obtenham às vantagens da pesquisa;
• A magnitude e importância do consentimento livre e esclarecido, destacando a necessidade 
de esclarecimentos, em linguagem acessível, a todos os sujeitos da pesquisa, e preservando-
se o direito à recusa e o direito de ter cópia do termo assinado;
• A normatização das pesquisas em pessoas com diagnóstico de morte encefálica e em 
comunidades culturalmente diferenciadas;
• A necessidade de exposição do projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da instituição, 
para avaliação;
• A constituição da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), órgão máximo na área, 
ligado ao Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde.
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Outro ponto importante é a regulamentação pela Resolução dos Comitês de Ética e Pesquisa 
(CEPs), que têm como principal função a avaliação do protocolo da pesquisa, em todas as suas 
particularidades, o que foi um notávelavanço em direção a construção dos critérios éticos (OLIVEIRA; 
ANJOS FILHO, 2006).
FIGURA 10 – Inclusão dos princípios básicos da bioética (não-maleficência, beneficência, autonomia, justiça, 
equidade, sigilo e privacidade)
Fonte: Africa Studio / shutterstock
Outro ponto interessante foi o reforço do controle ético e a defesa da dignidade da pessoa 
humana com a instituição da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que exerce a direção 
e o orientação dos comitês. Em conformidade com a resolução, a comissão é um foro colegiado 
de natureza consultiva, deliberativa, normativa e independente vinculada ao Conselho Nacional de 
Saúde. Essa vinculação é altamente satisfatória, uma vez que a opção de sujeitá-la a outros órgãos 
poderia dar chance para uma malquista politização dos seus participantes, o que poderia afetar 
sua independência (OLIVEIRA; ANJOS FILHO, 2006).
Saiba mais
A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), diretamente ligada ao Conselho Nacional de 
Saúde (CNS), foi criada através da Resolução 196/96 e tem a função de implementar normas e 
diretrizes regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos aprovadas pelo Conselho e 
atualmente com uma rede de comitês de Ética em Pesquisa (CEP).
A Conep e os CEPs têm composição multidisciplinar, com participação de pesquisadores, estudiosos 
de bioética, juristas, profissionais de saúde, profissionais das ciências sociais, humanas e exatas e 
representantes de usuários.
Conheça o site oficial neste link e saiba mais: http://conselho.saude.gov.br/Web_comissoes/conep/aquivos/
conep/atribuicoes.html
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Como já citado, um dos pontos cruciais do Código de Nüremberg foi o direito dos participantes 
da pesquisa serem previamente e adequadamente informados de suas consequências, criando com 
isso a necessidade do consentimento do sujeito da pesquisa e/ou de seu representante legal após 
a explanação detalhada sobre o tipo da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios imaginados, 
possíveis riscos e o incômodo que ela possa gerar. A anuência deve ser manifestada através de em 
um termo de consentimento, onde é consentida a participação voluntária na pesquisa. Fora isso, 
não deve estar viciada por simulação, fraude ou erro, muito menos ser conseguida através de uma 
situação de dependência, subordinação ou intimidação (OLIVEIRA; ANJOS FILHO, 2006).
Essa disposição advém do acolhimento ao princípio da autonomia, que é ligado à capacidade de 
autodeterminação e autoescolha, e depreende, dentre outros enunciados, a capacidade do sujeito 
da pesquisa entender todos os fatores envolvidos, especialmente os riscos e os danos possíveis 
(OLIVEIRA; ANJOS FILHO, 2006).
Se a habilidade de autodeterminação da pessoa ou do grupo objeto de estudo for diminuta, 
principalmente em relação ao consentimento livre e esclarecido, seja pelo motivo que for, classifica-
se como uma situação de vulnerabilidade, o que obriga ao pesquisador cuidados éticos especiais. 
Essa preocupação encontra suporte legal no Código de Nüremberg, na Declaração de Helsinque, 
nas Diretrizes Internacionais para a Pesquisa Biomédica Envolvendo Seres Humanos e na Resolução 
196/96. O problema maior em relação a indivíduos e comunidades vulneráveis é quanto à sua 
possibilidade de entendimento (autonomia plena) sobre a pesquisa e possibilidade de livremente 
autorizar a experimentação e se achar por bem dela desistir, o que explica todos os cuidados nesse 
sentido (OLIVEIRA; ANJOS FILHO, 2006).
A vulnerabilidade pode alcançar uma única pessoa ou um conjunto de seres humanos com 
as mesmas particularidades, como é o caso de crianças, idosos, índios, pacientes terminais, 
desempregados, deficientes, presidiários e outros que estão em condições de dependência. Nesses 
casos, nem sempre essas pessoas têm capacidade civil para dar o seu consentimento estando 
em estado de incapacidade. Desse modo o experimento só pode continuar com a intervenção de 
seus representantes legais, que, em conformidade com a legislação brasileira, deverão assistir 
ou representar os incapazes. Também nesses casos o pesquisador precisa ter cautelas éticas 
redobradas (OLIVEIRA; ANJOS FILHO, 2006).
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SAIBA MAIS
Conheça as definições de diversos termos e conceitos indispensáveis à bioética disponíveis na 
Resolução CNS nº 196/96.
Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/web_comissoes/conep/aquivos/resolucoes/23_out_versao_final_196_
ENCEP2012.pdf
3.1 A bioética e sua repercussão na pesquisa genética
FIGURA 11 – A bioética e sua repercussão na pesquisa genética
Fonte: NicoElNino / shutterstock
A cada dia, temos novas descobertas no mundo científico: uso de novos métodos de investigação, 
técnicas científicas, novas formas de tratamento e medicamentos mais poderosos que possibilitam 
o tratamento e a cura de doenças. Assim, a ciência e os seus avanços vêm contribuindo para a 
melhora na qualidade de vida dos humanos (CRUZ, 2011).
Porém, com esses avanços surgem diversas discussões na esfera da ética. Uma delas é com 
relação ao patrimônio genético, que envolve as pesquisas que propõem a manipulação de ácidos 
nucléicos para gerar novas combinações e a criação de bancos de dados genéticos (CARDOSO; 
WARSZAWIAK, 2016).
Entre a década de 60 e 70, os avanços científicos receberam bastante encorajamento pelos 
retornos que traziam a sociedade. São dessa época, segundo Maluf (2010, p. 8) apud Cardoso 
e Warszawiak (2016, p. 59), “[...] a criação das UTI’s, a realização dos primeiros transplantes, o 
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diagnóstico da morte cerebral, as descobertas da psicofarmacologia, o diagnostico pré-natal e 
alguns avanços no conhecimento dos mecanismos imunológicos de rejeição”.
Outro importante acontecimento foi a implementação do Projeto Genoma Humano, que possibilita 
ao homem um maior conhecimento sobre si e sobre as heranças biológicas. O projeto pretendia 
fazer o mapeamento do genoma humano para se conseguir a sequência de genes, o que contribuiria 
nos estudos biológicos e no diagnóstico de doenças provenientes de falhas genéticas (MALUF, 
2010 apud CARDOSO; WARSZAWIAK, 2016).
De acordo com Goldim e Matte (2002),
As doenças genéticas são incuráveis, mas algumas têm tratamento. Em vários casos 
existem genes que aumentam os fatores de risco para outras doenças. Entre os 
adultos com doenças crônicas, 10% tem algum problema de origem genética, e 33% 
das internações pediátricas tem problemas genéticos associados. Em 1996, eram 
conhecidas 564 doenças genéticas, em 1992 era 3307 doenças caracterizadas. No 
início do século XX, 3% das mortes perinatais eram devidas a causas genéticas, já 
na década de 90 este valor atingiu 50%. Com as informações produzidas pelo Projeto 
Genoma Humano, o número de doenças caracterizadas como tendo componente 
genético tende a aumentar.
FIGURA 12 – Charge sobre o genoma humano
Fonte: Daniel Paz, em https://image.slidesharecdn.com/gentica-140118104407-
phpapp02/95/gentica-17-638.jpg?cb=1390041932
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De acordo com Maluf (2010, p.70) apud Cardoso e Warszawiak (2016, p. 66):
Diversos países iniciaram projetos com o genoma humano e dentre estes os maiores 
se desenvolveram na Alemanha, Áustria, Brasil, Canadá, China, Coreia, Dinamarca, 
Estados Unidos, França, Holanda, Israel, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia 
e Suécia. Em 1990 o Projeto Genoma Humano contava com a colaboração de mais 
de 5.000 cientistas, integrantes de 250 laboratórios diferentes, dispondo de um 
orçamento variado de US$ 3 bilhões a US$ 5 bilhões.
FIGURA 13 – Pontos importantes sobre o projeto genoma humano
Fonte: Tokimatu (2016), http://www.blogs.ea2.unicamp.br/tb-of-life/wp-
content/uploads/sites/60/2016/08/chart_human_genome.png
Um dos benefícios provenientes do término desse projeto é a possibilidade de se diagnosticar 
e tratar doenças graves, de forma prévia, antes mesmo do surgimento dos sintomas, apenas pela 
constituição genética da pessoa. Ao mesmo tempo que esses avançostrazem esperança, trazem 
medo, pois a manipulação genética pode ajudar no prolongamento e na melhoria da vida humana, mas 
também pode ser uma porta para a prática de experimentos atípicos e que geram controvérsias em 
relação à ética e ao respeito da dignidade do ser humano. Outro ponto de discussão é o preconceito 
que pode ser gerado pelo conhecimento prévio dos genes do indivíduo, uma vez que pode dificultar 
ou até mesmo impossibilitar algumas pessoas de conseguirem empregos ou seguros de saúde por 
suas condições genéticas. Por isso, todo esse debate deve ser feito com cuidado para se ter um 
equilíbrio entre os malefícios e os benefícios que essas conquistas podem ocasionar (CRUZ, 2011).
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Para ajudar com esse equilíbrio nos impactos sociais gerados por essas descobertas, em 1997 
o Comitê Internacional de Bioética da Unesco produziu a da Declaração Universal do Genoma 
Humano e dos Direitos do Homem (CARDOSO; WARSZAWIAK, 2016).
Em seu prefácio, a Declaração Universal do Genoma Humano e dos Direito do Homem (UNESCO, 
2001) diz:
Acredito que um leitor, ao deparar-se com a Declaração Universal sobre o Genoma 
Humano e os Direitos Humanos, adotada pela Conferência Geral da UNESCO em 
sua 29° sessão (1997), será impactado por dois aspectos. Primeiramente, pela 
abrangência do texto que, num contexto científico e político marcado por questões 
polêmicas como a manipulação do genoma humano, a clonagem humana e os 
transgênicos, afirma ou reafirma princípios e valores intangíveis. Em segundo lugar, 
pelos inúmeros e diferentes atores envolvidos, graças a diversos fatores: a natureza 
inerente ao assunto que, como todas as questões éticas, situa-se na interface entre 
várias disciplinas; a universalidade de seu enfoque, que deverá ser enriquecido por 
um debate público envolvendo todos os membros da sociedade; a diversidade de 
contextos econômicos, sociais e culturais nos quais se enraíza o pensamento ético 
ao redor do mundo. Isso porque a reflexão de cada indivíduo se desenvolve conforme 
sua própria natureza, plasmada por sua história e suas tradições (legais, políticas, 
filosóficas, religiosas, etc.).
Aconteceu
Estudo tem como objetivo analisar as normas relativas á ética da pesquisa em seres humanos 
contidas nas instruções aos autores de revistas científicas brasileiras com base em 139 revistas, 
sendo que “[...] 110 (79,1%) não fazem referências aos aspectos éticos; 17 (12,2%) exigem aprovação 
prévia pela Comissão de Ética; três (2,1%) fazem referência à Declaração de Helsinque; uma (0,7%) 
recomenda adotar o consentimento esclarecido; cinco (3,5%) seguem orientações dos requisitos 
uniformes para manuscritos submetidos a revistas biomédicas e três (2,1%) seguem princípios, 
normas e padrões éticos não especificados. Nas 29 revistas que fazem referências à ética, as 
exigências são solicitadas sob as seguintes formas: 15 (51,7%) exigem a inclusão da informação 
no texto do artigo; duas (6,8%) pedem carta assinada pelos autores; uma (3,4%) solicita cópia da 
autorização da Comissão de Ética; uma (3,4%) afirma supor que o autor cumpriu as exigências e dez 
(34,4%) não fazem qualquer referência específica. CONCLUSÕES: Os resultados do estudo indicam 
que na maioria das revistas científicas brasileiras há pouca preocupação em relação aos aspectos 
éticos da pesquisa em seres humanos, contidas nas Instruções aos Autores. Nas revistas que fazem 
referência aos aspectos éticos, as exigências são muito variáveis.”
Tenha acesso ao estudo completo link: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/11209/S0104-
42301999000400003.pdf?sequence=1&isAllowed=y
Como o progresso técnico e científico da biologia e da genética vinha se intensificando, era 
necessário que os princípios trazidos nessa declaração tivessem aplicabilidade o mais rápido 
possível. Por isso, em 1999, na 30º sessão da Conferência Geral da Unesco, foram aprovadas as 
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Diretrizes para a implementação da Declaração Universal sobre o Genoma Humano e os Direitos 
Humanos (CARDOSO; WARSZAWIAK, 2016).
Em 2003, foi produzida a Declaração Internacional sobre os Dados Genéticos Humanos, onde 
se concebeu que recolhimento, utilização e o modo de conservação dos dados genéticos têm 
elevada importância na questão capital, sendo de relevada singularidade para o progresso da ciência 
(CARDOSO; WARSZAWIAK, 2016).
Já em 2005, os princípios basilares da bioética, foram compilados na Declaração Universal sobre 
Bioética e Direitos Humanos durante a Conferência Geral da Unesco, que tem como seus princípios 
prima facie os princípios da dignidade da pessoa humana e dos direitos humanos, recomendando 
o benefício aos pacientes, a autonomia individual, o respeito à vulnerabilidade e integridade do ser 
humano (CARDOSO; WARSZAWIAK, 2016).
Segundo Cardoso e Warszawiak (2016, p. 68), a declaração tem como objetivos essenciais
Ordenar um arcabouço de princípios que possam guiar os Estados quanto à elaboração 
de suas legislações internas e outros instrumentos decorrentes da bioética, guiar 
atos de sujeitos, da sociedade e de empresas, levar em consideração a seriedade 
do conceito de liberdade em pesquisas genéticas, mas, estas pesquisas deverão 
seguir os preceitos éticos, agenciar o discurso da interdisciplinaridade e pluralismo 
da bioética, além de dar relevância a conservação da biodiversidade da humanidade.
A bioética também possui ligação com os “direitos da personalidade, que são os direitos 
personalíssimos e os direitos sobre o próprio corpo. Direitos tidos como essenciais ao desenvolvimento 
do ser humano, estabelecidos pela doutrina atual, como direitos absolutos, sendo impossibilitados 
de faculdade de disposição” (MALUF, 2010, p. 37). Assim, o sigilo da carga genética é um direito 
personalíssimo, sendo protegido de qualquer imposição e curiosidade provenientes da ciência 
(CARDOSO; WARSZAWIAK, 2016).
Para proteger o direito à intimidade e à confidencialidade que decorre desta, há princípios 
bioéticos que resguardam a integridade moral dos seres humanos (CARDOSO; WARSZAWIAK, 2016).
Segundo Maluf (2010 apud CARDOSO; WARSZAWIAK, 2016, p. 69),
[...] a informação genética difere-se das demais porque liga-se às futuras gerações, 
no sentido que transmitem-se diversas anomalias através da informação genética; 
à confidencialidade (dos seus dados genéticos, salvo se ligar-se diretamente ao 
trabalho a ser desenvolvido); à autonomia individual (deriva do sigilo médico, no 
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sentido em que a estrutura genômica do indivíduo não pode ser divulgada sem seu 
consentimento); à justiça (o acesso ao mercado de trabalho liga-se mais a meritocracia 
do que à estrutura genética do indivíduo); ao princípio da não maleficência (refere-
se ao segredo genético e à opção de qualquer indivíduo de realizar ou não os testes 
genéticos para admissão no emprego, não impedir o crescimento profissional em face 
da carga genética. Os testes genéticos devem ser realizados somente em situações 
diretamente relacionadas ao exercício profissional).
FIGURA 14 – Utilização de dados genéticos
Fonte: Andrea Danti / shutterstock
 A utilização de dados genéticos sem uma sistematização é uma ofensa aos direitos à personalidade, 
assim como aos princípios éticos da bioética, principalmente porque
o genoma humano em seu estado natural é patrimônio comum, não podendo ser 
usado para fins comerciais, nem as pesquisas a ele atinentes podem prevalecer 
sobre a dignidade humana, os direitos personalíssimos nem os direitos humanos 
(MALUF, 2010 apud CARDOSO; WARSZAWIAK, 2016, 69.).
Em relação ao direito personalíssimo ao próprio corpo, tem-se a visão filosófica de que o indivíduo 
encontra duas fraquezas. A primeira apresenta-se no acaso imposto a seu corpo, que lhe confere 
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a identidade, e a segunda na forma com que o sujeito se enxerga como elemento proveniente da 
interação com outros sujeitos que influenciam na sua vida privada (CARDOSO; WARSZAWIAK, 
2016). Assim,a bioética age no contexto do direito da personalidade alusivo ao corpo, buscando 
uma interpretação ética quanto às escolhas pertinentes a manifestação deste direito (CARDOSO; 
WARSZAWIAK, 2016).
Cruz (2011), afirma que
A discussão bioética relacionada ao genoma humano envolve as questões acerca 
da proteção da dignidade da pessoa humana em contextos relacionados ao uso 
indiscriminado da manipulação genética, a privacidade dessa informação genética e 
o justo uso dessa informação. Mais especificamente, a bioética ocupa-se de diversas 
situações de interesse a sociedade, como o início e o fim da vida humana, as pesquisas 
em seres humanos, técnicas de engenharia genética, terapias gênicas, aborto eugênico, 
limites da manipulação genética, interferência no código genético para eliminação 
de doenças, limites a alterações gênicas das células germinais, eleição do sexo 
do descendente antes da concepção, clonagem de seres humanos, esterilização 
compulsória, utilização de DNA recombinante, uso de células-tronco, a natureza 
humana dos embriões, discriminação com fundamento no genótipo do indivíduo.
No que diz respeito à bioética, resumidamente, o seu intuito é o de harmonizar o direito, em sua 
acepção constitucional, infraconstitucional e internacional, com os valores éticos e a viabilidade 
de pesquisas em relação às manipulações da genética humana (CARDOSO; WARSZAWIAK, 2016).
É necessário se conseguir um ponto de equilíbrio em face do indivíduo, prezando-se pela dignidade 
da pessoa humana, pela sociedade e pelo meio ambiente, buscando estabelecer – por consenso – 
quais seriam os limites para os avanços da ciência, simultaneamente ao desejo da população por 
uma melhor qualidade de vida, preservando-se a fauna, flora e o ecossistema (MALUF, 2010 apud 
CARDOSO; WARSZAWIAK, 2016).
A bioética, nesta esfera, busca a harmonia entre o direito do sujeito e a necessidade de se 
realizar novas descobertas científicas a favor da coletividade. Assim, na questão genética, faz-se 
necessária a utilização da bioética como critério limitador para se evitar que práticas abusivas se 
concretizem (CARDOSO; WARSZAWIAK, 2016).
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ATIVIDADE REFLEXIVA
Uma consulente vem procurar um serviço de aconselhamento genético para diagnóstico pré-natal. 
O levantamento da genealogia mostrou que seu pai é hemofílico, o que significa que ela é portadora 
deste gene e, portanto, um feto do sexo masculino terá uma probabilidade de 50% de ser afetado. 
Entretanto, o estudo de DNA da consulente e de seus pais revela uma situação de falsa paternidade. 
O suposto pai hemofílico não é o seu pai biológico. Do ponto de vista genético, isto significa que a 
consulente não é portadora do gene da hemofilia, não existindo risco para esta ou futuras gestações.
Para refletir:
É eticamente adequado revelar esta informação?
A quem deve ser dado este resultado?
Disponível em: https://www.ufrgs.br/bioetica/hemofili.htm
4. A BIOÉTICA E A REPRODUÇÃO HUMANA
FIGURA 15 – A bioética e a reprodução humana
Fonte: Nixx Photography / shutterstock
Atualmente, a reprodução humana provoca diversos debates, por possuir um forte componente 
religioso, moral e ético. É um assunto delicado que envolve um dogma muito influente que vem desde 
o início da era cristã, onde é dada uma conotação divina ao tema. Durante aproximadamente dois mil 
anos, a discussão sobre a reprodução foi totalmente proibida ou cerceada a um grupo de pensadores 
e filósofos que desafiavam o dogma estabelecido (PEDROSA NETO; FRANCO JÚNIOR, s/d).
A reprodução humana, devido à grande persuasão das religiões, era vista como uma manifestação 
divina, logo, não poderia ser discutida pelo homem muito menos sofrer qualquer tipo de interferência 
humana, pois isto seria uma afronta a Deus. Esse dogma persistiu por anos de forma coercitiva e 
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ainda hoje pode ser percebido, o que dificulta os debates sobre o tema (PEDROSA NETO; FRANCO 
JÚNIOR, s/d).
O processo “biotecnocientífico” se dá de forma acelerada, o que impossibilita que os valores e 
referências sejam comuns a todos, a menos que estes sejam impostos. Por isso, o ideal é que se 
chegue a um meio termo, onde se tenha um conjunto de normas compatíveis com diversos pontos 
de vista, evitando-se assim conflitos radicais. Para isso, é necessário que se estabeleça debates 
públicos sobre os temas de interesse comum (PEDROSA NETO; FRANCO JÚNIOR, s/d).
A grande questão com relação à manipulação da vida humana não está apenas no uso de 
tecnologias inovadoras ainda não assimiladas moralmente pela população, e sim o controle dessas 
tecnologias. Esse controle não deve ser científico ou técnico, e sim ético. Não se pode ignorar a ética 
na ciência, para que esta não se torne uma arma perigosa para o futuro da humanidade (PEDROSA 
NETO; FRANCO JÚNIOR, s/d).
4.1 Reprodução assistida
Para se falar em reprodução assistida (RA), primeiramente é necessário falar sobre a separação 
entre procriação e sexo. Essa separação teve início nos anos de 1960, com a revolução feminina e 
a propagação de métodos contraceptivos que liberam as mulheres da necessidade da reprodução 
(MACHADO, 2016).
Com o controle da fecundidade pela medicina, veio a liberdade de se viver a sexualidade, 
produzindo assim novos costumes sociais. A reprodução deixa de ser uma imposição e passa a ser 
uma escolha, pois a mulher já não sofre mais a ameaça irremediável de engravidar ao se relacionar 
sexualmente com um homem (MACHADO, 2016).
Porém, com o controle da reprodução, ao mesmo tempo que se ganha a liberdade sexual, 
também surgem os problemas de infertilidade. Isso ocorre pois, com a possibilidade de adiamento 
da maternidade, muitas mulheres só vêm a ter vontade de ser mãe no período em que a taxa de 
fecundidade sofre uma queda, uma vez que a maternidade ainda está diretamente ligada com a 
idade biológica da mãe (MACHADO, 2016).
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Segundo Camargo (2009 apud MACHADO, 2016, p. 59),
A associação de causas de infertilidade é frequente, principalmente a concomitância 
de fatores. Seriam estes: fatores masculinos, fatores ovulatórios, fator cervical, 
corporal, infertilidade sem causa aparente. E a disseminação de Doenças Sexualmente 
Transmissíveis (DST), que a partir da revolução sexual, é algo a ser considerado, 
pois muitas delas incapacitam os aparelhos reprodutores femininos e masculinos 
(MACHADO, 2016).
A fecundidade humana ultrapassa os limites biológicos pois está intrincada em uma rede de 
desejos e demandas socioculturais. Essa condição é restritiva, o que vem mudando com a reprodução 
humana assistida (RHA) (MACHADO, 2016).
FIGURA 16 – Inseminação artificial
Fonte: http://www.gine3.com/es/images/articulos/repro/inseminacion_artificial-min.jpg
Segundo Badalotti (2010, p. 478),
Um entre cada seis casais apresenta infertilidade. No Brasil, tomando-se como 
referência a população do censo de 2000 (aproximadamente 170 milhões de 
habitantes), estamos falando de 6,5 milhões de pessoas, de 500 mil novos casais 
inférteis ao ano. Para 20% dos casais inférteis, o único caminho para obter gestação 
– e, consequentemente, filhos – é a reprodução assistida (RA), que é um conjunto 
de técnicas laboratoriais que visa a obter uma gestação, substituindo ou facilitando 
uma etapa deficiente no processo reprodutivo.
Na fertilização in vitro (FIV), uma técnica da reprodução assistida, a fertilização e o desenvolvimento 
inicial dos embriões são feitos fora do corpo da mãe. Posteriormente, os embriões resultantes são 
introduzidos no útero. A fertilização pode ocorrer de forma comum pela aproximação de óvulos e 
espermatozoides ou através da injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI) (BADALOTTI, 
2010).
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A técnica é utilizada nas situações em que a mulher está com problemas irreversíveis no tubário, 
em casos de fator masculino severo, endometriose, fator imunológico e infertilidade sem causa. 
De acordo com o Badalotti (2010, p. 479), “O índicemédio de gravidez em laboratórios qualificados 
gira em torno de 20-50% por ciclo, de acordo com a idade feminina – quanto maior a idade, menor 
é a chance de gravidez.”
Para que a autonomia do casal seja respeitada é necessário o consentimento informado. Por 
tanto, é preciso que o casal seja completamente esclarecido sobre o método e as alternativas para 
tratamento, bem como sobre as probabilidades de sucesso e riscos envolvidos (BADALOTTI, 2010).
O ponto crucial do debate ético do tema está relacionado com o status moral do embrião e 
com a resposta para a pergunta: “quando começa a vida humana?”. Nesse ponto que surgem as 
controvérsias, uma vertente afirma que a vida começa com a fertilização, logo o embrião tem status 
de pessoa e é merecedor dos mesmos direitos, devendo ser respeitado e protegido como tal. Duas 
premissas baseiam tal afirmação: a primeira é de que o embrião potencialmente se tornará uma 
pessoa e a segunda é de que ele está vivo e tem o direito de assim permanecer. A outra vertente é a 
de que o embrião não é nada mais que um conjunto de células, logo deve ser tratado como qualquer 
grupo celular. Há ainda os que defendem que o embrião tem um status especial, mas nem por isso 
é necessário defende-lo como a uma pessoa (BADALOTTI, 2010).
De acordo com Badalotti (2010, p. 482), “em 1985, os procedimentos de RA foram considerados 
científica e eticamente justificados pela Academia Suíça de Ciências Médicas, se existissem chances 
reais de sucesso e risco aceitável”.
O Conselho Federal de Medicina (CFM), na Resolução 1.358/92, ratifica a reprodução assistida 
nos casos de infertilidade e impede fertilização in vitro com finalidades distintas da reprodução 
humana (BADALOTTI, 2010).
Saiba mais
O vídeo descreve como é feito a fertilização in vitro, mostrando a inseminação artificial em 3D. 
Assista a animação: https://youtu.be/eVH2iJrzGgs
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4.2 A seleção de embriões
FIGURA 17 – Inseminação artificial
Fonte: Alex Mit / shutterstock.
A seleção embrionária é feita pelo diagnóstico pré-gestacional (PGD), que consiste no exame do 
material genético do embrião. Essa análise visa inicialmente o diagnóstico de problemas genéticos, 
mas pode ser útil também para seleção de embriões com característica imunológica estipulada 
que possa ser utilizada em seres humanos já nascidos (TELÖKEN; BADALLOTI, 2002).
Quem defende a seleção embrionária alega que é melhor se ter um diagnóstico pré-implantacional 
do que implantar embriões comprometidos ou indesejados, evitando, assim, que a gravidez seja 
interrompida durante o pré-natal por motivo de má-formação fetal. Outro argumento é a diminuição 
de abortos e infanticídios por conta do sexo do bebê, uma vez que esse é conhecido previamente 
(TELÖKEN; BADALLOTI, 2002).
As questões éticas do uso do PGD recaem sobre duas vertentes principais. A primeira é ligada 
a prática em si, visto que a manipulação de embriões pode causar lesões e morte embrionária. A 
segunda é eticamente ainda mais complicada, pois gera a eliminação de embriões “defeituosos”, 
por meio da seleção genética. Nos casos de seleção, apesar de oferecer vantagens ao casal com 
risco de doença genética, a manipulação dos embriões pode acarretar lesões e morte embrionária. 
Nas situações de PGD para a seleção imunológica, o problema ético é que o embrião passa a ser 
um meio, deixando de ter razão por si só (TELÖKEN; BADALLOTI, 2002).
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A American Society for Reproductive Medice (ASRM) sugere que não se faça o PGD apenas para 
escolher o sexo da criança, uma vez que poderia simbolizar a disfunção dos recursos médicos para 
as imprescindibilidades da ciência fidedigna, além de representar um perigo social. No entanto, a 
ASRM julga que o diagnóstico pré-implantacional a fim de evitar problemas genéticos é eticamente 
aceitável por não se tratar de discriminação, e sim de uma forma de assegurar a saúde humana 
(TELÖKEN; BADALLOTI, 2002).
O Conselho Federal de Medicina brasileiro estipula que pode ser feito o diagnóstico pré-implantacional, 
porém é obrigatório o consentimento informado do casal (TELÖKEN; BADALLOTI, 2002).
Saiba mais
“Erros cromossômicos numéricos são comuns durante as primeiras etapas do desenvolvimento 
embrionário humano, contribuem significativamente com processos de falta de implantação e são 
causadores da perda gestacional recorrente em pelo menos 50 por cento dos abortos ocorridos 
no primeiro trimestre. Tradicionalmente, a prevenção das anomalias genéticas cromossômicas 
em pacientes de alto risco é realizada por exames pré-natais, como a biópsia do vilo coriônico, 
aminiocentese e a cordocentese. Uma vez diagnosticada a anomalia, não existe tratamento eficaz 
para portadores de aberrações genéticas e a interrupção da gestação nestes casos ainda é ética 
e legalmente questionável. O diagnóstico genético pré-implantacional (DGPI) representa uma 
ferramenta valiosa aos casais de alto risco, por permitir a seleção de embriões saudáveis obtidos 
através de programas de fertilização in vitro antes de estes serem transferidos para um útero 
materno.”
Saiba mais sobre esse processo no link a seguir: http://pesquisa.bvs.br/aps/resource/pt/lil-534073
4.3 O congelamento embrionário
FIGURA 18 – Disponibilidade de embriões congelados
Fonte: crystal light / shutterstock
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Ao se fazer a reprodução assistida, cerca de um terço das pacientes criam embriões excedentes 
com o intuito de utilizá-los nos casos em que não ocorra a gravidez ou se desejarem uma nova 
gravidez, evitando passar novamente pelo ciclo de indução da ovulação. Esses embriões excedentes 
na maioria dos casos são congelados (TELÖKEN; BADALLOTI, 2002).
Do ponto de vista ético, o congelamento gera inúmeras discussões, visto que fere a dignidade 
do embrião. O índice de sobrevivência dos embriões pós-congelamento é entre 70 e 80%, sendo 
assim há uma grande perda de embriões no processo.(TELÖKEN; BADALLOTI, 2002).
Não há estudos quanto à viabilidade embrionária em relação ao tempo de criopreservação. 
Anteriormente, o tempo máximo de congelamento era de três anos. Depois, esse tempo foi ampliado 
em cinco anos, porém, hoje já existem crianças nascidas de embriões congelados há dez anos. 
Logo, o tempo de permanência dos embriões congelados e o seu abandono tornam-se um problema 
(TELÖKEN; BADALLOTI, 2002).
O Conselho Federal de Medicina, na Resolução CFM nº 2.121/2015, que adota as normas éticas 
para a utilização das técnicas de reprodução assistida, expressa que os embriões excedentes 
precisam ser criopreservados, não devendo ser descartados ou destruídos, e estipula que, no 
momento da criopreservação, os cônjuges precisam expressar por escrito seu desejo quanto ao 
destino dos embriões em caso de divórcio, doença grave ou falecimento de um ou ambos e quando 
pretendem doá-los (TELÖKEN; BADALLOTI, 2002).
Os casais, ao assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), podem escolher 
o destino dos embriões: a disponibilização para pesquisas de célula-tronco, a doação para outro 
casal infértil ou, após cinco anos, o descarte dos embriões (MACHADO, 2016).
Quanto à doação, especificamente consta na Resolução do CFM de nº. 2.121/2015, nas normas 
éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida, IV:
Doação de gametas ou embriões
1 - A doação nunca terá caráter lucrativo ou comercial.
2 - Os doadores não devem conhecer a identidade dos receptores e vice-versa.
3 - Obrigatoriamente será mantido o sigilo sobre a identidade dos doadores de gametas 
e embriões, bem como dos receptores. Em situações especiais, as informações 
sobre doadores, por motivação médica, podem ser fornecidas exclusivamente para 
médicos, resguardando-se a identidade civil do doador.
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 4 - As clínicas, centros ou serviços que empregam a doação devem manter, de 
forma permanente, um registro de dados clínicos de caráter geral, características 
fenotípicas e uma amostra de material celulardos doadores.
5 - Na região de localização da unidade, o registro dos nascimentos evitará que um (a) 
doador (a) venha a produzir mais do que uma gestação de criança de sexo diferente 
numa área de um milhão de habitantes.
6 - A escolha dos doadores é de responsabilidade da unidade. Dentro do possível 
deverá garantir que o doador tenha a maior semelhança fenotípica e imunológica e 
a máxima possibilidade de compatibilidade com a receptora.
 7 - Não será permitido ao médico responsável pelas clínicas, unidades ou serviços, 
nem aos integrantes da equipe multidisciplinar que nelas trabalham participar como 
doador nos programas de RHA. (CFM, 2015).
As resoluções do Conselho Federal de Medicina são de suma importância, visto que o Brasil 
não possui uma lei ordinária sobre o assunto. As resoluções estabelecem as normas éticas a serem 
utilizadas nos procedimentos médicos relativos à utilização das técnicas de reprodução assistida. 
Com o surgimento de novos desafios, o CFM fica responsável pelas discussões bioéticas e pela 
elaboração de novas resoluções, reavaliando as anteriores, ficando ao seu cargo as normas éticas 
para utilização dessas técnicas (MACHADO, 2016).
4.4 Aborto
FIGURA 19 – Aborto
Fonte: Lightspring / shutterstock
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De acordo com Sandi e Braz (2010, p. 132), “em virtude da maioria dos casos ocorrerem na 
clandestinidade e em condições insalubres, o aborto induzido e ilegal é a quarta causa de mortalidade 
materna no Brasil.” Por isso, é considerado um problema de saúde pública, visto que implica uma 
grande quantidade de complicações e sequelas em alguns casos evitáveis, dentre elas a infertilidade 
e até mesmo a morte (SANDI; BRAZ, 2010).
Conforme Diniz e Almeida (1998),
Apesar de difícil mensuração, uma vez que o aborto é considerado crime em inúmeros 
países, calcula-se que a taxa mundial de abortos por ano esteja entre 32 e 46 abortos 
por 1000 mulheres na idade de 15 a 44 anos, havendo uma enorme variação entre 
os países, a depender da prevalência dos métodos anticonceptivos, de sua eficácia 
e das leis e políticas relativas ao aborto.
Em consonância com Organização das Nações Unidas (ONU), são feitos cerca de um milhão de 
abortos por ano no Brasil, e apenas 15% são provenientes de causas espontâneas, ocasionando, 
nos últimos cinco anos, 1,2 milhão de internações por problemas decorrentes de abortos ilegais, 
índice apontado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (SANDI; BRAZ, 2010).
Este número é sempre subestimado, uma vez que é impossível mensurar com precisão as taxas 
de aborto induzido e os fatores psicossociais a ele ligados em virtude da sua ilegalidade e das 
diferenças de condições em que é realizado devido às desigualdades socioeconômicas. Grande parte 
dos estudos só registra os casos em que ocorrem complicações, comumente de mulheres de baixa 
renda, visto que são feitos em hospitais e clínicas da rede pública de saúde (SANDI; BRAZ, 2010).
As repercussões de se fazer um aborto para a saúde da mulher podem ser físicas ou psíquicas. 
Os prejuízos físicos, isto é, as iatrogenias, tais como as perfurações uterinas com atingimento 
de órgãos adjacentes, hemorragias e infecções que podem levar a sequelas ou a morte, são 
diretamente relacionados com o fato do procedimento não ser realizado por profissionais de saúde 
em condições apropriadas. Como os danos psicoemocionais se apresentam de maneira prévia ou 
tardia ao cometimento, as mulheres que escolhem pelo aborto precisam de suporte psicológico 
para enfrentar a perda (SANDI; BRAZ, 2010).
A migração de mulheres para países em que a prática do aborto é legalizada vem se tornando 
comum. A legalização do aborto acarreta na diminuição do percentual de complicações, pois viabiliza 
que o processo seja feito de forma precoce e no sistema de saúde, sob condições adequadas 
(SANDI; BRAZ, 2010).
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No Brasil ainda não existem pesquisas que observem a taxa de arrependimento e os fatores 
psicoemocionais de mulheres que cometeram o aborto e dos motivos e danos ligados à decisão 
(SANDI; BRAZ, 2010).
Em razão da submissão a práticas mais precárias e inseguras pela impossibilidade de pagar o 
preço de clínicas clandestinas e por uma dificuldade maior em conseguir atendimento adequado 
nos casos de complicações, as mulheres de baixo poder socioeconômico têm um percentual de 
morbimortalidade pós-aborto muito maior (SANDI; BRAZ, 2010).
Outro ponto a ser observado é a disparidade na distribuição das mortes entre as etnias negra 
e branca. As mulheres negras, em relação às mulheres brancas, apontam taxas mais elevadas de 
morte por motivos externos, problemas na gravidez e no parto, distúrbios mentais e causas mal 
definidas. Conquanto essa verificação pareça óbvia, visto que grande parte população brasileira 
menos favorecida socioeconomicamente é formada por negros e pardos, demonstra-se que a 
ilegalidade do aborto colabora fortemente para a falta de distribuição igualitária e justa dos métodos 
de controle reprodutivo entre as mulheres das múltiplas camadas sociais e de diferentes etnias, 
opondo-se ao princípio bioético de justiça, assim como à equidade (SANDI; BRAZ, 2010).
No que diz respeito à escolaridade, evidencia-se a relação direta entre o nível de escolaridade e o 
aborto, sendo que, quanto maior for tempo de estudo que a mulher tem, maior é a probabilidade de que, 
em casos de gravidez indesejada, ela realize o aborto. Este fato é provavelmente relacionado à maior 
independência dessas mulheres, o que as torna mais conscientes na busca pelo direito à liberdade 
reprodutiva, por sofrerem menos pressão da família, do parceiro, das condições socioeconômicas, 
da religião e do consenso moral da sociedade, o que leva a concluir que suas decisões em relação 
ao aborto são mais autônomas (SANDI; BRAZ, 2010).
O principal motivo relacionado à indução do aborto é a gravidez indesejada. A criminalização do 
aborto fere direitos fundamentais das mulheres, como o direito à saúde, à autonomia e à maternidade 
livre e voluntária (SANDI; BRAZ, 2010).
Segundo Sandi e Braz (2010, p. 138),
Como segundo fator, deve-se considerar a violência de gênero e, particularmente, 
a violência doméstica, frequente em nossa sociedade, causa de alterações na 
sexualidade não somente pela violência física e psicológica, coexistentes na maioria 
dos casos, mas também pela violência sexual – o estupro doméstico –, que não é 
facilmente identificável como tal sequer pelas próprias vítimas. Esse fato, além de 
expor a mulher a problemas psicossexuais e ao risco de contrair doenças sexualmente 
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transmissíveis (DST), pode ter como consequência a gravidez não planejada e, 
portanto, possivelmente indesejada, pois pode ocorrer num contexto totalmente 
adverso de sua vida conjugal ou até mesmo contra a sua vontade.
A terceira variável que influencia o aborto provém do patriarcalismo. Em razão desse influxo, em 
suas crenças e atitudes, as mulheres tornam-se submissas aos seus parceiros, passando a figurar 
como vítimas de violência moral, física e/ou sexual, repetidamente (SANDI; BRAZ, 2010).
Outro fator contribui para decisão pelo aborto é o alcance aos métodos contraceptivos. Segundo 
a Organização Mundial da Saúde (apud SANDI; BRAZ, 2010, p. 139), “a prevalência do uso de métodos 
contraceptivos e a taxa de aborto relacionam-se inversamente”.
Em confluência com Sandi e Braz (2010, p. 139):
Também devem ser considerados fatores relacionados à distribuição regional. Alguns 
estudos evidenciam que a ocorrência de abortos provocados se dá tanto em regiões 
menos desenvolvidas economicamente como em áreas metropolitanas, onde há 
mais acesso à informação e às clínicas clandestinas. Essa distribuição, centralizada 
em algumas regiões, parece ser característica dos países com desigual distribuição 
de renda e recursos ofertados pelo governo às diversas regiões, possuindo duas 
condições diferentes para a ocorrência do aborto inseguro e suas complicações:1) nos grandes centros, onde, apesar do acesso à informação ser maior, não há 
acesso ao planejamento adequado da gravidez, embora existam mais recursos para 
o tratamento das complicações;
2) nas áreas rurais, onde há menos informação e os recursos são mais escassos 
tanto para o planejamento adequado como para o tratamento das complicações.
Portanto, o ponto principal de desigualdade entre essas regiões está na maior 
acessibilidade a meios mais adequados para o tratamento das complicações, já 
que as mulheres residentes em áreas mais pobres ou subdesenvolvidas possuem 
maior chance de ficarem mais gravemente enfermas e, assim, maior possibilidade 
de morrer por não receberem o tratamento necessário no momento adequado.
Por último, mas não menos importante, é necessário se levar em conta a influência da moral 
religiosa. Esse fator está diretamente relacionado às elevadas taxas de incidência de complicações 
e morte por aborto induzido, pois leva a mulher a fazer o procedimento às escondidas, para garantir 
sua privacidade e não sofre o julgamento do senso moral da sociedade (SANDI; BRAZ, 2010).
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FIGURA 20 – É necessário levar em conta a influência religiosa
Fonte: MIA Studio / shutterstock
Nota-se que muitos conflitos vividos pelas mulheres diante de uma gestação indesejada, embora 
sejam particulares, apresentam consonância e independem de questões socioeconômicas. Por 
exemplo:
• O conflito moral (realizar ou não o aborto?), que demonstra o conflito presente entre a sacralidade 
da vida humana e a qualidade da sua própria vida;
• Os pontos que direcionam a decisão a favor ou contra. Um dos pontos cruciais para se 
decidir a favor é a falta de apoio do parceiro ou da família. Aqui se percebe a importância da 
independência da mulher na tomada de decisão.
• Quando resolve pelo aborto: como fazê-lo? É crime. Como agir frente ao problema? Logo se vê 
o confronto entre o princípio da justiça, ligado à liberdade nas escolhas sexuais e reprodutivas, 
e a norma legal proibitiva ou restritiva.
Esses pontos estabelecem a discussão ética em relação ao aborto induzido e clandestino, pois 
evidenciam a contraposição dos princípios bioéticos como a sacralidade da vida, a qualidade de 
vida, a autonomia, a beneficência, a não maleficência e a justiça (SANDI; BRAZ, 2010).
Percebe-se claramente o poder da Igreja Católica sobre a sexualidade, quando esta permeou a 
mudança de pensamento em relação ao aborto, ao classificá-lo como pecado. Assim como o aborto, 
o uso de contraceptivos foi classificado por Santo Agostinho como pecado contra o sacramento do 
matrimônio. Com essa classificação, institui-se uma nova moralidade baseada na sacralidade da 
vida humana, onde a vida é protegida e impedida de ser interrompida por motivos alheios à vontade 
divina (SANDI; BRAZ, 2010).
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De acordo com Sandi e Braz (2010, p. 141),
O princípio da sacralidade da vida originou-se nas tradições religiosas orientais 
(principalmente o hinduísmo) e na judaico-cristã, e não perde a importância quando a 
moral e o direito se separam da religião, pois parece estar relacionado ao imperativo 
do dever não matar, que não somente protege e promove a vida humana, mas proíbe 
qualquer ação que prejudique os outros.
A problemática envolvendo esse princípio está no consenso de quando inicia a vida humana 
(SANDI; BRAZ, 2010). A primeira alegação é a de que o feto é pessoa humana desde a fecundação, 
opondo-se à ideia de que o feto tem a potencialidade de se tornar pessoa humana (DINIZ; ALMEIDA, 
1998).
Dessa maneira, surgem questões que abarcam a norma moral de não matar. A gravidez indesejada 
não é um estado de exceção na vida da mulher? Por que o direito à vida pode ser relativizado em 
estados como os de legítima defesa, em guerras, em campos de concentração, e não nos casos de 
aborto? Mas, com o ponto de vista de que a gestação é sagrada e fundamentando-se no princípio 
da sacralidade da vida, a biopolítica se coloca desfavorável ao aborto, não se importando com as 
causas que direcionam a vontade da mulher em cometê-lo (SANDI; BRAZ, 2010).
Sandi e Braz (2010, p.143) afirmam:
O princípio da qualidade de vida, que é o principal contraponto ao princípio da 
sacralidade da vida, determina um valor para a vida humana, ou seja, para ser digna 
de ser vivida deve possuir qualidades históricas e socioculturais. Desse ponto de 
vista, a mulher já se encontra inserida no mundo com suas relações sociais e culturais 
que devem ser preservadas. O axioma que funda esse princípio é a preservação 
da qualidade de vida da mulher, haja vista que o embrião ou feto não possui essas 
relações e, no caso da gestação indesejada, não existe sequer a primeira relação que 
poderia lhe ser atribuída, que seria com a mãe. Portanto, a vida da mulher agrega 
graus maiores de qualidade a serem preservados do que a dos embriões ou fetos – 
mas a esse princípio ainda não converge o reconhecimento universal.
O princípio da qualidade de vida levanta algumas questões, como: qual seria o conceito de 
uma vida que vale a pena ser vivida? Quem define esse significado? Esses contrastes aparecem 
principalmente devido ao papel histórico e cultural desenvolvido pelas mulheres ao longo dos 
séculos (SANDI; BRAZ, 2010).
Para que um ato seja considerado genuinamente moral, ele deve ser realizado por uma escolha 
autêntica e autônoma. Logo, levando-se em conta a qualidade de vida, a mulher deveria poder 
escolher com liberdade (SANDI; BRAZ, 2010).
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A autonomia é o poder de se autodeterminar, de estar livre de controles externos e internos. É 
um princípio prima facie da bioética. Segundo Sandi e Braz (2010, p.143), “[...] as duas condições 
básicas para o exercício da autonomia são: a liberdade externa e a agência ou liberdade interna 
(isto é, o sujeito tem que agir intencionalmente).” Logo, ainda se vê a dificuldade de as mulheres 
expressarem autonomia diante de seus parceiros (SANDI; BRAZ, 2010).
Assim, no Brasil, o aborto apresenta duas abordagens. Primeiro, o avanço tecnocientífico vivido 
nas últimas décadas permite o diagnóstico cada vez mais cedo de malformações fetais e doenças 
genéticas que impossibilitam a vida fora do útero, como é o caso da anencefalia. Com isso surgiram 
inúmeros processos jurídicos pedindo a permissão para a interrupção voluntária dessas gestações, 
em um país em que o aborto induzido é criminalizado. A interrupção da gravidez nesses casos é 
um procedimento com indicações médicas que busca o bem-estar da gestante, e não o aborto de 
fetos potencialmente viáveis, que é o ponto principal da discussão do aborto. Mesmo assim, tais 
situações iniciaram debates no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal (STF) e na mídia, 
englobando profissionais múltiplas áreas e a sociedade civil a respeito não só do aborto dos fetos 
inviáveis, mas também da ampliação da lei ou da descriminalização dessa prática (SANDI; BRAZ, 
2010).
Destarte, em 2007, aconteceu, no Congresso Nacional, o debate do projeto de lei para 
descriminalização do aborto (PL 1.135/91). A eficácia da implantação dos programas de planejamento 
familiar, o melhor acesso dos casais aos métodos contraceptivos e a maior qualidade dos serviços 
de atendimento à mulher e à gestante foram utilizados como argumento contrários à sua aprovação 
enquanto medidas capazes em reduzir de forma eficaz as taxas de morbimortalidade materna. Os 
motivos dados como as causas responsáveis pela maior vulnerabilidade das mulheres durante a 
gestação e que ocasionam em um maior risco de morte são: desinformação, baixa escolaridade, 
desnutrição, baixa renda, discriminação étnica, ausência de amparo familiar ou do parceiro e grau 
de exposição à violência doméstica. Entretanto, esses fatores também estão ligados à gestação 
indesejada e, consequentemente, à prática do aborto, e tornam notórias a relação entre a desigualdade 
socioeconômica, a dificuldade no acesso aos serviços de saúdee o maior estado de instabilidade 
das mulheres frente a uma gestação indesejada (SANDI; BRAZ, 2010).
Desse modo, percebe-se uma dupla abordagem em relação ao aborto: uma voltada para a visão 
do aborto enquanto problema de saúde pública; outra, voltada para uma abordagem bioética que 
promove a imparcialidade do pensar ético acerca da temática (SANDI; BRAZ, 2010).
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O problema da moralidade do aborto, portanto, é histórica e culturalmente contextualizado. Seja 
pela diversidade legal em relação tema, seja pela grande quantidade de argumentos, o aborto é 
uma das questões mais controversas da bioética exatamente porque apresenta inúmeros dilemas 
morais, e nem sempre para estes existe soluções imediatas (SANDI; BRAZ, 2010).
4.5 Clonagem
De acordo com Telöken e Badalloti (2002, p. 103),
Clonagem é uma forma assexuada de reprodução, onde o indivíduo gerado tem a 
carga genética (DNA nuclear) de uma única pessoa (o doador do DNA). O processo 
combina o DNA de um organismo com o citoplasma do óvulo de outro [Figura 18]. 
Desta forma, o indivíduo clonado tem o DNA nuclear igual ao do doador do núcleo, 
enquanto que o DNA mitocondrial é proveniente do óvulo.”
FIGURA 21 – Esquema da técnica da clonagem reprodutiva
Células somáticas
Enucleação
Injeção do
núcleo
MII
Fonte: Badalotti (2010).
Alguns argumentos contrários à clonagem são os de que ela acarretaria na duplicação, diminuindo 
a diversidade dos indivíduos, além de condenar o futuro do novo indivíduo ao passado do indivíduo 
original. Outro argumento é o direito à “identidade genética”, de que cada pessoa tem o direito de 
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ter seu próprio patrimônio genético. Logicamente esse não é um direito absoluto, visto que gêmeos 
idênticos apresentam a mesma identidade genética e nem por isso tem “menos identidade” ou 
menor valor. Alguns afirmam que os gêmeos univitelinos são clones sobre a Terra, que eles têm 
a mesma informação genética mas as pessoas os reconhecem como indivíduos diferentes, não 
ocasionando a eles problema com suas individualidades. Porém, a diferença primordial entre gêmeos 
e clones é que os primeiros dividem uma nova identidade genética gerada ao acaso, enquanto que 
a identidade genética do clone é escolhida por quem doaria o DNA (ou por quem escolhe a célula 
usada) (TELÖKEN; BADALLOTI, 2002).
Certos autores consideram que a clonagem poderia ser utilizada em duas hipóteses: se um 
dos parceiros não tiver células germinativas e não houver consonância no tocante à doação de 
gametas e em casais com grande risco dos filhos herdarem doenças hereditárias, que não optam 
por fazer biópsia pré-implantacional e descartar embriões afetados. Nessas hipóteses, a gama de 
ambiguidades introduzidas no relacionamento familiar por um clone de um dos pais e a confusão 
emocional que poderia ser gerada – não somente na criança – precisa ser observada (TELÖKEN; 
BADALLOTI, 2002).
A clonagem reprodutiva em humanos está proibida em nível mundial (TELÖKEN; BADALLOTI, 2002).
Saiba mais
Para reflexão, leia o artigo “Bioética e Biodireito: revolução biotecnológica, perplexidade humana e 
prospectiva jurídica inquietante”
Acesse: http://www.egov.ufsc.br:8080/portal/sites/default/files/bioetica_e_biodireito_revolucao_biotecnologica_
perplexidade_humana_e.pdf
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5. BIOÉTICA – OUTROS TEMAS POLÊMICOS
5.1 Transplantes
FIGURA 22 – Transplantes
Fonte: KieferPix / shutterstock
Diversos são os questionamentos éticos em torno do tema transplante de órgãos. Eles recaem 
acerca da proveniência do material transplantado, da espécie de procedimento realizado e da origem 
desses órgãos. Segundo Goldin (2005), “quanto à origem, os órgãos podem ser oriundos de outras 
espécies animais (xenotransplante), de seres humanos vivos (alotransplante intervivos) ou mortos 
(alotransplante de doador cadáver).”
Em se tratando de órgãos originários de seres humanos e sua forma de obtenção, o fator principal 
é a proteção à voluntariedade e espontaneidade da doação. Há duas vertentes nesse caso. Deve-se 
assegurar que o indivíduo é dono de seu corpo e portanto o único que pode decidir dispor de seus 
órgãos ou se o bem comum está acima da vontade pessoal, sendo possível a requisição dos órgãos 
de cadáveres. Outra discussão é quanto ao tipo de procedimento. Os transplantes iniciaram-se com 
os órgãos internos, porém, hoje, já são feitos transplantes de mão e até mesmo transplante parcial 
de face (GOLDIM, 2005).
Atualmente o número de doadores de órgão é insuficiente. Isso se deve à pouca conscientização 
das pessoas, às notícias sensacionalistas sobre o tráfico de órgãos e à falta de programas com 
o intuito de esclarecer a população e incentivar a doação de órgãos, o que gera também a perda 
de potenciais doadores e acaba por estender o sofrimento de quem precisa da doação. Outro 
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fator limitante é onerosidade do processo, o que o torna inacessível a maior parte dos brasileiros 
(PESSALACIA; CORTES; OTTONI, 2011).
O assunto gera impasses legais, humanitários e culturais que influem diretamente na vida do receptor, 
no porvir da ciência fundada em progressos, nas investidas para a descoberta de novas técnicas para 
cura e de formas de tratamento para várias doenças (PESSALACIA; CORTES; OTTONI, 2011).
Mesmo com todas as dificuldades, o programa de transplantes brasileiro é uma referência 
mundial de saúde pública, sendo um sistema evoluído, organizado, igualitário e justo. De acordo 
com Ferrazzo et al. (2016, p. 8) “o Brasil é o segundo país do mundo em número de transplantes 
realizados por ano e, destes, mais de 90% ocorrem pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Segundo o Registro Brasileiro De Transplantes (RBT) de 2016, em seu resumo comparativo dos 
números de doação de órgãos e transplantes, dos anos 2015 e 2016, o Brasil obteve aumento de 
3,5%, atingindo 14,6 doadores por milhão de população (pmp). Cinco estados destacaram-se na 
doação de órgãos (percentual em relação a 2015): Paraná com 30,9 pmp, mostrando um aumento 
de 42%; Santa Catariana com 36,8 pmp, apresentando um aumento de 22%; Rio Grande do Sul 
com 25,2 pmp, em um aumento de 15%; Ceará com 24,9 pmp; com um aumento de 6%, e o Distrito 
Federal, um destaque negativo, com 25,7 pmp, apresentando queda de 9,5% em relação ao ano 
anterior (ABTO, 2017).
Os números dos estados citados estão próximos dos países com destaque na doação como 
Espanha (39,7 pmp), Croácia (39,0 pmp), Bélgica (32,4 pmp), Portugal (28,6 pmp) e EUA (28,5 pmp) 
(ABTO, 2017).
Pelos dados é possível perceber uma disparidade geográfica. Enquanto a Região Sul do país 
tem 30,1 doadores pmp, a Região Norte possui apenas 3,5 doadores pmp; já a Região Sudeste 
possui 15,5 pmp; a Região Nordeste, 9,9 pmp, e a Região Centro-Oeste, 9,6 pmp. Alguns estados 
não registraram nenhuma doação de órgãos em 2016, são eles: Roraima, Tocantins, Mato Grosso 
e Amapá (ABTO, 2017).
Ainda segundo o RBT, houve leve redução na recusa familiar no país, porém o índice ainda é 
alto. Hoje, 43% das famílias brasileiras entrevistadas não autorizam a doação dos órgãos, em 2015 
esse Índice era de 44% (ABTO, 2017).
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FIGURA 23 – Transplante no Brasil
Fonte: sfam_photo / shutterstock
Apesar do número de transplantes estar aumentando, ele não se dá na mesma escala que o 
número de pessoas que precisam de um transplante. Por isso, a falta de órgãos ainda é o maior 
empecilho para as equipes transplantadoras em todo o país (LIMA, 2012).
Ferrazo (2016, p. 7) afirma que:
“Para além da complexidade técnica e orçamentária dos transplantes, tem sido 
questionado o “direito social” ou “direito humano” à saúde, no sentido das disparidades 
existentes nas demandas de investimento em saúde em diferentes países, em um 
mesmo país ou, ainda, dentro de uma mesma cobertura de serviço em saúde. Logo, 
na perspectiva da acessibilidade aos recursos em saúde, a Bioética permite enxergar 
o direito à saúde com lentes que considerem asvariáveis sociais, que permeiam o 
dia a dia de uma população, no sentido de atribuir igual importância às necessidades 
sanitárias e de tratamento à saúde.
Em 1997, foi aprovada pelo Congresso Nacional, após uma longa discussão, a Lei de Transplantes 
(Lei 9.434/97), que alterava a forma de obtenção para consentimento presumido. A legislação 
anteriormente vigente (Lei 8.489/92 e o Decreto 879/93) estabelecia o critério da doação voluntária. 
(GOLDIM, 2005). Porém, em março de 2001, houve uma nova mudança nos dispositivos da Lei 9.434 
através da Lei 10.211, que “dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano 
para fins de transplante e tratamento”.
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Na Lei 10.211:
Art. 1o Os dispositivos adiante indicados, da Lei no 9.434, de 4 de fevereiro de 1997, 
passam a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 2o .................................................................
“Parágrafo único. A realização de transplantes ou enxertos de tecidos, órgãos e partes 
do corpo humano só poderá ser autorizada após a realização, no doador, de todos 
os testes de triagem para diagnóstico de infecção e infestação exigidos em normas 
regulamentares expedidas pelo Ministério da Saúde.” (NR)
“Art. 4o A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para 
transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge 
ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o 
segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas 
presentes à verificação da morte.”
Assim, a legislação é clara e requer o consentimento da família para remover, em pessoas 
falecidas, os órgãos e tecidos para transplante, ou seja, a doação somente acontece após autorização 
do responsável legal (PESSALACIA; CORTES; OTTONI, 2011).
Nos casos de doação de órgão de doadores vivos, o direito à autonomia é relativizado pela 
deliberação da equipe que o assiste, uma vez que é necessário para a concretização do transplante 
a avaliação do clínico e a presença do cirurgião para que aconteça a operação. Logo, o julgamento 
é baseado em um binômio, onde de um lado está o desejo do doador e do outro a equipe médica 
incumbida da cirurgia. Esse fato é de grande relevância, tendo em vista que essa é a única cirurgia 
de grande porte realizada em pessoas sadias, sendo portanto questionável, do ponto de vista ético, 
a realização dessas cirurgias sem a indicação médica, mesmo que os riscos de mortalidade e 
morbidade sejam baixos (ABTO, 2008).
Segundo o Decreto n. 879/93, e mantido pela Lei 9.434/97:
Art. 12. É permitido à pessoa maior e capaz, dispor, gratuitamente, de tecidos, órgãos 
ou partes do próprio corpo vivo para fins humanitários, e terapêuticos.
§ 1° A permissão prevista neste artigo limitar-se-á à doação entre avós, netos, pais, 
filhos, irmãos, tios, sobrinhos, primos até segundo grau inclusive, e entre cônjuges.
§ 2° A doação entre pessoas não relacionadas no § 1° somente poderá ser realizada 
após autorização judicial.
§ 3º A doação referida ao caput deste artigo somente será permitida quando se 
tratar de órgãos duplos, parte de órgãos, tecidos, vísceras ou partes do corpo que 
não impeçam os organismos do doador de continuar vivendo sem risco para a sua 
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integridade ou grave comprometimento de suas aptidões vitais, nem possa produzir-
lhe mutilação ou deformação inaceitável ou, ainda, causar qualquer prejuízo à sua 
saúde mental, e corresponda a uma necessidade terapêutica comprovadamente 
indispensável ao receptor.
Art. 15. A decisão do doador não poderá sofrer influência que lhe vicie o consentimento, 
sendo-lhe facultado revogar o consentimento dado, até a extração dos órgãos, tecidos 
ou partes do seu corpo, sem necessidade de justificar ou explicar suas razões.
Baseados no princípio da responsabilidade, discutiremos como a posição da comunidade 
transplantadora vem evoluindo na questão de doação de órgãos em vida (ABTO, 2008).
• O primeiro é o ponto de vista em relação ao doador relacionado. Foi definido, em 2000, pela 
comunidade transplantadora norte-americana, que a obtenção de enxerto de doadores vivos, 
se respeitadas determinadas premissas, é eticamente aceitável. Uma das premissas é de que 
não pode haver a comercialização, logo não é permitida a retribuição financeira ao doador 
(ABTO, 2008).
• O segundo, quando se trata de doador não relacionado, também conhecido por bom-samaritano. 
Nessas situações, a doação é observada caso a caso, mas regra geral é que os enxertos 
oriundos desse tipo de doação devem ser destinados à lista de espera, de acordo com as 
regras estabelecidas em cada centro. Se a vontade do doar foi direcionar sua doação a um 
receptor específico, é preciso passar por um ritual jurídico pra que haja uma garantia que não 
houve a comercialização (ABTO, 2008).
• O terceiro são os casos de doador vivo impelido por contribuição caridosa. A regra é que a doação 
deve ser feita de forma altruísta, logo, não pode haver qualquer forma de contrapartida material. 
Porém em 2002, o Comitê de Ética da Sociedade Americana de Cirurgiões Transplantadores 
deliberou em consenso que é ético a ajuda com os custos funerários à família do doador 
cadáver ou o pagamento de uma contribuição benevolente como manifestação de gratidão da 
sociedade pela autorização dada. Essa decisão gerou inúmeras controversas, pois alegaram 
que essa é uma forma de comercialização disfarçada (ABTO, 2008).
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FIGURA 24 – Proibida comercialização de órgãos
Fonte: Praneat / shutterstock
• A quarta trata-se da doação remunerada – como já dito, a comercialização de órgãos é proibida 
em muitos países, como o Brasil, os EUA e a Índia. Entre outros, porém, a cada dia há uma 
maior controvérsia sobre o assunto. Os que defendem o pagamento têm como argumento a 
remuneração de todas as etapas do processo de doação, que vão desde o coordenador de 
captação até a equipe da UTI que assiste o doador após a cirurgia da retirada do enxerto. 
Logo, o doador deveria sim poder ser remunerado. Os que são contra afirmam que esses 
pagamentos dizem respeito a serviços profissionais, enquanto que a contrapartida pelo órgão 
em si estabelece um comércio inadmissível de órgãos humanos, o que compromete os valores 
éticos e morais básicos da sociedade. Assim, os médicos enredados no comércio estariam 
sacrificando o seu compromisso deontológico que o obriga a colocar a vida acima de qualquer 
preço. Afirmam também que a venda acarretaria em violação aos direitos humanos primários, 
tanto dos doadores quanto dos receptores. Diversas entidades religiosas manifestam-se 
de forma contrária à comercialização, como é o caso do Papa, da Conferência dos Bispos 
Católicos, da Igreja Grega Ortodoxa e da Igreja Anglicana, entre outras entidades religiosas 
que se definiram como contra a comercialização (ABTO, 2008).
Curiosidade
O primeiro transplante realizado no Brasil foi de rim, no ano de 1965. No ano de 1991 foi criada a 
Central de Notificação de Órgãos e Tecidos. Após 50 anos, o Brasil está entre os países com maior 
número de transplantes, principalmente de rim, fígado e córnea. Conheça o estudo completo e os 
dados no link a seguir: http://www.rbcp.org.br/export-pdf/1873/v32n3a18.pdf
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5.2 Eutanásia
FIGURA 25 – Máquina de eutanásia na Austrália
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Eutan%C3%A1sia#/media/File:Euthanasia_machine_(Australia).JPG
A morte, apesar de fator certo e sabido na existência de qualquer criatura viva, apresenta-se 
com certa peculiaridade aos humanos, pois estes são os únicos que têm consciência de sua própria 
finitude (FREUD, 1974 apud SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004).
A morte sempre foi um tema de difícil abordagem, visto que geralmente está associada com 
circunstâncias de profundo sofrimento, seja ela causada por uma doença grave, seja pela crueldade 
de um acidente ou por outra causa violenta. Independentementeda situação, a morte causa reflexão, 
tanto nos conceitos como nos paradigmas, em todos que a cercam, sejam familiares ou profissionais 
(SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004).
Em convergência com os avanços na tecnociência, que permitem o prolongamento da sobrevida 
e a manutenção da vida, acontece toda discussão que envolve a eutanásia, a distanásia e o suicídio 
assistido, exigindo maior compreensão e delimitação do tema, tanto para questões individuais como 
para as coletivas (SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004).
Com o crescente envelhecimento da população, há quantidade maior de pessoas chegando à 
senectude, o que as torna mais propensas a doenças crônicas e degenerativas, passando por um 
processo de morrer mais longo e submetido ao sofrimento. O debate sobre a bioética e a morte está 
longe de ser uma questão relativa apenas ao indivíduo. Torna-se uma questão de saúde coletiva, 
uma vez que, com esse envelhecimento da população, os problemas na área de saúde pública se 
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agravam, pois torna-se mais difícil atender a todos que precisam dessa assistência nesse momento 
de proximidade com a morte (SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004).
O conceito de morte não é claramente suficiente para legitimar a eutanásia e o suicídio assistido, 
pois a possibilidade que se ter uma definição equivocada de morte causa diversas reflexões sobre 
a licitude de se prescrever ou permitir a eutanásia. No Brasil a eutanásia é proibida, sendo vista 
como homicídio (SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004).
Morcache, em seu livro Naissance et mort, de 1904, propõe o termo distanásia para a agonia 
alongada que leva a uma morte com sofrimento físico ou psíquico do enfermo lúcido. O termo é 
bastante utilizado para se descrever o prolongamento da vida de forma artificial, sem que haja uma 
perspectiva de cura ou melhora (SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004).
O vocábulo eutanásia foi primeiramente utilizado pelo historiador Suetônio, no século II d.C. É 
originário do grego, significando “boa morte ou morte digna”. Ele utilizava o termo sempre que alguém 
morria de forma rápida e sem dor, desejando que tivesse igualmente uma eutanásia (SIQUEIRA-
BATISTA; SCHRAMM, 2004).
De forma diferente, o suicídio assistido acontece quando o enfermo pede ajuda para morrer 
a outra pessoa, uma vez que não é capaz de fazê-lo sozinho. Neste caso, o enfermo está sempre 
consciente, sendo requerida a sua opção pela morte. Na eutanásia, nem sempre isso ocorre, pois 
há situações em que o enfermo não está consciente, como nos casos de pacientes terminais e em 
coma mantidos vivos por aparelhos (SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004).
Há uma grande polissemia do termo eutanásia, o que pode gerar confusões. Por exemplo, os 
conceitos de eutanásia e ortotanásia são muitas vezes aplicados de forma equivocada. O termo 
ortotanásia é aplicado para a morte no tempo certo, sem que haja a utilização de tratamentos 
desproporcionais (distanásia) ou o encurtamento do processo de morte (eutanásia). Acontece 
também confusão com termos como homicídio por piedade e suicídio, o que muitas vezes prejudica 
o debate sobre o tema e gera preconceito (SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004).
Atualmente a eutanásia seria o emprego ou abstenção de procedimentos que permitem apressar 
ou provocar o óbito de um doente incurável a fim de livrá-lo dos extremos sofrimentos que o assaltam 
(LEPARGNEUR, 2009).
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Se a eutanásia é a morte de acordo com a vontade do sujeito, deveria levar em conta o princípio 
prima facie da bioética, o da autonomia humana, traduzido pela necessidade do consentimento, 
o que preconiza que a eutanásia é contrária a qualquer imposição por parte de familiares ou 
profissionais da saúde de técnicas e procedimentos que sejam dispensáveis do ponto de vista do 
paciente (LEPARGNEUR, 2009).
Segundo Lepargneur (2009, p. 2),
A tradição deontológica, com efeito, é claramente oposta à eutanásia, desde Hipócrates; 
sua condenação percorre os códigos médicos de vários países: Brasil (o artigo 66 
veda “utilizar, em qualquer caso, meios destinados a abreviar a vida do paciente, 
ainda que a pedido deste ou de seu responsável legal”); na Bélgica (art. 95 do Código 
da Ordem dos Médicos); nos Estados Unidos (American Medical Association); na 
Grã-Bretanha (British Medical Association). Esta também é a posição assumida pela 
Associação Médica Mundial. O Guia Europeu de Ética Médica (1987, art. 13) é menos 
explícito, e um relatório do Institute of Medical Ethics Working Party é favorável à 
admissão de eventual ajuda à morte de um “doente terminal”, por parte do médico.
De acordo com Neukamp (1937 apud SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004, p. 34), a abreviação 
do momento da morte poderia ocorrer, em relação ao ato em si, sob a seguinte distinção clássica:
Eutanásia ativa, ato deliberado de provocar a morte sem sofrimento do paciente, por 
fins humanitários (como no caso da utilização de uma injeção letal);
Eutanásia passiva, quando a morte ocorre por omissão em se iniciar uma ação médica 
que garantiria a perpetuação da sobrevida (por exemplo, deixar de se acoplar um 
paciente em insuficiência respiratória ao ventilador artificial);
Eutanásia de duplo efeito, quando a morte é acelerada como consequência de ações 
médicas não visando ao êxito letal, mas sim ao alívio do sofrimento de um paciente 
(por exemplo, emprego de uma dose de benzodiazepínico para minimizar a ansiedade 
e a angústia, gerando, secundariamente, depressão respiratória e óbito).
Conforme Martin (1998 apud SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004, p. 34),
[...] outra maneira de se classificarem as várias modalidades de eutanásia leva em 
conta não só as consequências do ato, mas também o consentimento do paciente:
Eutanásia voluntária, a qual atende uma vontade expressa do doente – o que seria 
um sinônimo do suicídio assistido;
Eutanásia involuntária, que ocorre se o ato é realizado contra a vontade do enfermo 
– ou seja, sinônimo de “homicídio”;
Eutanásia não voluntária, quando a morte é levada a cabo sem que se conheça a 
vontade do paciente.
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Percebe-se que são utilizadas diferentes terminologias, estabelecendo-se assim uma questão 
semântica. Outro fator importante é a discussão moral que o tema repercute. São diversos os 
argumentos a favor e contra a eutanásia, havendo assim uma controvérsia em relação à sua 
moralidade da eutanásia (SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004).
Um dos principais argumentos de quem é a favor do tema é a indispensabilidade do direito 
de escolha do homem, que tem a liberdade como ser competente e autônomo para decidir sobre 
o fim de sua vida. Outro argumento é o de que a eutanásia trata-se de uma questão humanitária, 
pois ajuda ao enfermo a findar seu sofrimento, diminuindo sua pena em uma vida sem qualidade 
(SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004).
FIGURA 26 – Dos 193 países membros da ONU, apenas dez têm uma legislação sobre o direito de morrer
Fonte: http://www.casadaptada.com.br/wp-content/uploads/2016/11/mapa_web.jpg
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Independentemente desses argumentos, vários questionamentos são feitos em relação à sua 
legitimidade, que englobam principalmente a sacralidade da vida, base para os que argumentam 
contra a eutanásia. Assim, a vida, como algo divino, teria um estatuto sagrado, não cabendo nem 
mesmo ao seu detentor o direito de dispor sobre ela (SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 2004).
Nas palavras de Siqueira-Batista e Schramm (2004, p. 35),
Outras ponderações contrárias à eutanásia incluem:
A potencial desconfiança – e subsequente desgaste – na relação médico-paciente;
A possibilidade de atos não inspirados em fins altruístas, mas motivados por outras 
razões (por exemplo, questões de heranças, pensões, seguros de vida, e outras);
A ocorrência de pressão psíquica – por exemplo, o pensamento, pelo enfermo, de que 
sua condição é um verdadeiro “estorvo” para os familiares –, a qual poderia deixar os 
pacientes, cuja morte se aproxima, sem perspectiva outra que não a “eutanásia”,de 
fato não desejada e, portanto, de alguma forma imposta por motivos circunstanciais.
Logo, a questão essencial envolve em saber se um paciente, sabido ética e cognitivamente 
competente, que passa por um sofrimento tão grande que o coloca a ponto de questionar se sua 
sobrevida é justificável, tem ou não o direito moral de decidir por fim a ela, de acordo com o que 
acredita ser melhor para si, ou se, pelo contrário, essa decisão deve ser tomada por terceiros, que a 
princípio seriam mais competentes por estarem à parte dessa dor, agindo com maior imparcialidade 
nos interesses do conflito que o paciente, os familiares e dependentes (SIQUEIRA-BATISTA; SCHRAMM, 
2004).
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6. ÉTICA EM AUDITORIA
6.1 Auditoria
FIGURA 27 – Auditoria
Fonte: PORTRAIT IMAGES ASIA BY NONWARIT / shutterstock
De acordo com o documento Auditoria do SUS - Orientações básicas (BRASIL, 2011, p. 15),
A auditoria é o exame sistemático e independente dos fatos pela observação, medição, 
ensaio ou outras técnicas apropriadas de uma atividade, elemento ou sistema para 
verificar a adequação aos requisitos preconizados pelas leis e normas vigentes 
e determinar se as ações e seus resultados estão de acordo com as disposições 
planejadas. A auditoria, por meio da análise e verificação operativa, possibilita avaliar 
a qualidade dos processos, sistemas e serviços e a necessidade de melhoria ou de 
ação preventiva, corretiva e saneadora.
Podemos assim concluir com Coutinho (2003) sobre a importância da auditoria na medida em 
que contribui para:
QUADRO 1 – Contribuição da auditoria segundo Coutinho (2003)
Amplificar o exercício da cidadania
Intervir na habilitação da informação
Ajudar na melhoria da qualidade do acesso e da atenção
Diminuir custos
Gerir melhor os recursos financeiros;
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Mostrar oportunidades novas para a sistematização da assistência
Minimizar o acontecimento de erros futuros
Apresentar as oportunidades de aperfeiçoamentos aos gestores e prestadores de 
serviços.
Fonte: Coutinho (2003).
A auditoria pode ser dividida em auditoria interna e auditoria externa. Cardozo (2017) diferencia 
as duas modalidades de auditoria.
A auditoria interna é realizada por funcionários da própria entidade, subordinados a chefia 
administrativa, de forma a permitir vasta liberdade de ação e independência de opinião. É um 
problema subordinar auditores internos à diretoria financeira, contábil ou à controladoria, pois estes 
são setores fiscalizados pelo auditor interno. Portanto, é mais apropriado que auditores internos 
estejam subordinados a órgãos de assessoria, à Vice-Presidência ou ao Presidente. Entretanto é 
necessário ponderar que, estando na condição de empregado da organização, diminui a autonomia 
do auditor interno, provocando um acanhamento na realização de certas tarefas de fiscalização. Em 
função da pouca independência, a segurança que ele traz de que as demonstrações contábeis são 
verídicas é pouco valorizada pelos usuários externos interessados no julgamento dos resultados 
da organização.
De qualquer modo, o préstimo de seu trabalho está no fato de que, ao avaliar o sistema de 
controles internos, cabe a ele propor medidas que possam colaborar para o seu aprimoramento, 
minimizando desperdícios e maximizando a eficiência operacional. Fora isso, deve estar sempre 
alerta para descobrir e comunicar acontecimentos e questões que devem requerer especial atenção 
da autoridade administrativa.
A auditoria externa também conhecida como auditoria independente, é feita por obrigação legal 
ou é imposta pelos usuários externos das demonstrações contábeis, que exigem que esta seja 
realizada por pessoa incorruptível, desvinculada da organização auditada, logo, que seja profissional 
liberal ou ligado a firmas de auditoria capazes de agir com absoluta imparcialidade. Como o fator 
principal dessa modalidade de auditoria é a independência de opinião, o termo auditoria independente 
é mais aconselhável, em lugar de auditoria externa.
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O auditor independente constantemente aceita e utiliza boa parte das tarefas dirigidas pelo 
auditor interno. O primeiro ponto do seu trabalho é apreciar a qualidade dos serviços prestados pelo 
auditor interno, precisando o grau de imparcialidade dos trabalhos feitos por este e sua competência 
pessoal, e logo após resolver quanto à utilização de seus serviços, o que é recorrente acontecer, 
ainda que esse aproveitamento passe a ser de total responsabilidade do auditor independente.
No quadro a seguir temos um comparativo entre a auditoria interna e a externa.
QUADRO 2 – Comparativo entre auditoria interna e auditoria externa
Elementos Auditoria externa Auditoria interna
Sujeito Profissional 
independente
Auditor interno (funcionário da empresa)
Ação e objetivo Exame das 
demonstrações 
financeiras
Exame dos controles operacionais
Finalidade Opinar sobre as 
demonstrações 
financeiras
Promover melhorias nos controles 
operacionais
Relatório principal Parecer Recomendações de controle interno e 
eficiência administrativa
Grau de independência Mais amplo Menos amplo
Interessados no 
trabalho
A empresa e o 
público em geral
A empresa
Responsabilidade Profissional, civil e 
criminal
Trabalhista
Número de áreas 
cobertas pelo exame 
durante um período
Maior Menor
Intensidade dos 
trabalhos em cada área
Menor Maior
Continuidade do 
trabalho
Periódico Contínuo
Fonte: Coutinho (2003).
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De acordo com Lunelli (2013, s/p),
As funções do auditor, hoje, vão muito além do tradicional conceito de fiscalização. 
Além de averiguar e detectar eventuais falhas nos sistemas de controle e no plano de 
organização, o auditor se preocupa também com a manutenção desses sistemas, de 
forma que as não conformidades sejam minimizadas, atuando de maneira preventiva e 
apresentando sugestões para eventuais desvios (aplicação do conceito de Qualidade 
Total).
No exercício da profissão os auditores, podem ser responsabilizados por erros, falhas, 
omissões e/ou dolo quanto à veracidade e a forma com que realizam o trabalho e 
emitem a sua opinião por intermédio do parecer de auditoria.
Essa responsabilidade pode ser assim caracterizada:
QUADRO 3 – Responsabilidade do autor.
Trabalhista No caso da auditoria interna
Profissional Nos casos de auditoria externa, no que diz respeito à contratação dos serviços a 
serem prestados.
Civil No caso de informação incorreta no parecer do auditor e que venham a 
influenciar ou causar prejuízos a terceiros que se utilizem dessas informações.
Criminal No caso de omissão ou incorreção de opinião expressa em parecer de auditoria, 
configurada por dolo, e que venham a influenciar ou causar prejuízos a terceiros 
que se utilizem dessas informações.”
Umas das coisas que devem ser indagadas ao se planejar a auditoria é sobre o conhecimento 
de qualquer erro ou fraude por parte da administração da entidade. E ao perceber-se que ocorreu 
erros ou fraudes, o auditor deve informar a administração sugerindo medidas a serem tomadas 
para solucionar o problema, comunicando sobre o impacto delas em seu relatório, caso não sejam 
tomadas (LUNELLI, 2013).
Segundo Lunelli (2013, s/p), “[...] o auditor não é responsável e também não pode ser responsabilizado 
pela prevenção de fraudes ou erros.” No entanto, deve planejar seu trabalho analisando o risco de 
que aconteça, de forma se assegurar de que está fazendo o possível para detectá-los.
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6.2 O perfil do auditor
FIGURA 28 – O perfil do auditor
Fonte: Indypendenz / shutterstock
Souza, Dyniewicz e Kalinowski (2010) comentam o perfil do auditor a partir de uma pesquisa 
bibliográfica em várias fontes e conclui que o auditor, para atender às necessidades do mercado, 
deve desenvolver algumas técnicas que ajudem em seu trabalho, tais como um bom relacionamento 
interpessoal, capacidade de comunicação clara e precisa, ser confidente e rigoroso com seus 
resultados.
Sendo a profissão de auditormarcada pelo traço da responsabilidade pública e social, 
elementos tais como ética e independência são essenciais ao profissional, até mesmo como fator 
de permanência no mercado. Cada profissional respeita seu respectivo código de ética, seja ele 
enfermeiro, fisioterapeuta, contador e assim sucessivamente, mas, no caso do auditor isso é mais 
complexo, visto que a profissão requer especificidades de acordo com as modalidades de atuação. 
Porém, de uma forma geral, a ética e o sigilo de algumas informações são de extrema importância, 
pois o auditor tem capacidade, poder e informações que, se usados distorcidamente, poderão 
interferir na visão e percepção de usuários e até mesmo de empresas e instituições.
Assim, são atributos fundamentais para o exercício da função: respeito, confiança, espírito de 
independência para tomada de algumas decisões, isenção a influências que possam prejudicar a 
empresa ou instituição, demonstração de objetividade em suas condutas, opinião própria com base 
em fatos reais e evidências e conhecimento técnico da área em que atua.
Deve ainda o auditor possuir capacidades práticas essenciais à realização de controle e avaliação 
e agir sempre com prudência, atentando ao equilíbrio de suas ações, de forma a contribuir para o 
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desenvolvimento e qualidade do trabalho prestado. Finalmente, o bom auditor deve ser um exímio 
negociador nas diversas situações, mostrando domínio de sua atividade. Deve respeitar seu respectivo 
código profissional e ser imparcial nas aplicações normativas, exercendo de forma criteriosa, 
honesta e objetiva o seu trabalho e mantendo sigilo absoluto das informações confidenciais que 
chegarem a seu conhecimento.
Podemos então resumidamente descrever o perfil do auditor enumerando suas competências 
desejáveis conforme consta no quadro a seguir:
QUADRO 4 – Competências centrais dos auditores
CONHECIMENTOS 
(Competência 
cognitiva)
HABILIDADES 
(Competência 
prática)
ATITUDES 
(Competência 
comportamental)
Atualização Capacidade de ouvir Comportamento ético
Conhecimento contábil Expressão escrita 
concisa
Discrição
Critérios de avaliação Expressão verbal clara Imparcialidade
Conhecimento 
administrativo
Proatividade Independência
Julgamento criterioso Responsabilidade Tato
Objetividade Sigilo Prudência
Especialização técnica Organização Zelo profissional
Fonte: Souza, Dyniewicz e Kalinowski (2010)
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6.3 Ética aplicada à auditoria
FIGURA 29 – Ética aplicada à auditoria
Fonte: Andy Dean Photography / shutterstock
A auditoria não pode estar dissociada da ética, pois esta é necessária em todo trabalho feito 
com compromisso e competência. A ética é vital ao profissional, uma vez que “o fazer” e “o agir” 
estão interligados. O fazer refere-se à competência, à eficiência que todo profissional deve ter 
para realizar de forma precisa a sua profissão. O agir é à conduta do profissional, o complexo de 
atitudes que deve tomar no exercício de sua profissão. A posição do auditor deve acatar critérios 
totalmente éticos, apoiando-se nas verdades científicas que os documentos lhe proporcionam 
(ROCHA; BARBOZA, 2006).
A ética geral se baseia nas normas pelas quais o indivíduo se funda para a conduta pessoal 
correta. Frequentemente, é requerido que se leve em conta as exigências impostas pela sociedade, 
pelos deveres morais e pelos resultados dos seus atos (LUNELLI, 2013).
A ética profissional dos auditores é uma divisão especial da ética geral onde o profissional 
obedece a normas específicas de conduta que espelham seu compromisso com a sociedade, com 
a organização para a qual trabalha e com os colegas de profissão, assim como para si próprio 
(LUNELLI, 2013).
A ética ou moral profissional, também chamada de deontologia, é o estudo das premissas 
básicas do direito e do dever. Um código de ética pode ser compreendido como uma vinculação 
das práticas de comportamento ao que se pretende ser observado no exercício da profissão. As 
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normas do código de ética pretendem beneficiar a sociedade, de forma a garantir a integridade dos 
procedimentos dos que atuam dentro e fora da instituição. Um dos objetivos do código de ética 
profissional é a constituição de uma consciência profissional sobre normas de conduta (ROCHA; 
BARBOZA, 2006).
Independentemente da formação profissional do auditor, durante os trabalhos, ele deve defender 
os interesses da sociedade e respeitar as normas de conduta que governam os profissionais de 
auditoria, sendo proibido aproveitar-se da função em benefício próprio ou de terceiros. Vale sempre 
lembrar que suas atitudes não reverberam apenas no seu trabalho, mas no julgamento do trabalho 
de todos os seus colegas de profissão (LUNELLI, 2013)
Em consonância com Lunelli (2013, s/p),
Fica, ainda, obrigado a guardar total confidencialidade das informações obtidas, 
não devendo revelá-las a terceiros, sem autorização específica. Assim sendo, a 
profissão de auditoria exige a obediência aos princípios éticos profissionais e 
qualificações pessoais que fundamentalmente se apoiam em: Integridade; Idoneidade; 
Respeitabilidade; Caráter ilibado; Padrão moral elevado; Vida privada irrepreensível; 
Justiça e imparcialidade; Bom-senso no procedimento de revisão e sugestão; 
Autoconfiança; Capacidade prática; Meticulosidade e correção; Perspicácia nos 
exames; Pertinácia nas ações; Pesquisa permanente; Finura de trato e humanidade.
Como as atividades do auditor estão diretamente relacionas com a averiguação do registro de 
cifras e apuração de resultados que geram montantes, entre outros, ele está bastante suscetível a 
participar de esquemas espúrios, por isso, manter uma postura ética é fundamental ao profissional 
(LUNELLI, 2013).
Buscando enriquecer e divulgar a linha de conduta que deve ser seguida pelos auditores, 
reproduzimos o artigo 5º da Resolução nº 803/96, que aprova o Código de Ética Profissional do 
Contabilista, emitida pelo CFC, no que concerne às atividades do contador, enquanto perito, assistente 
técnico, auditor ou árbitro, atentando ao tema principal, que é a ética.
I. Recusar sua indicação quando reconheça não se achar capacitado em face da 
especialização requerida;
II. Abster-se de interpretações tendenciosas sobre a matéria que constitui objeto 
de perícia, mantendo-se absoluta independência moral e técnica na elaboração do 
respectivo laudo;
III. Abster-se de expressar argumentos ou dar a reconhecer sua convicção pessoal 
sobre os direitos de quaisquer das partes interessadas, ou da justiça da causa em 
que estiver servindo, mantendo-se o seu laudo no âmbito técnico e limitado aos 
quesitos propostos;
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IV. Considerar com imparcialidade o pensamento exposto em laudo submetido a 
sua apreciação;
V. Mencionar obrigatoriamente fatos que conheça e repute em condições de exercer 
efeito sobre peça contábil objeto de seu trabalho;
VI. Abster-se de dar parecer ou emitir opinião sem estar suficientemente informado 
e munido de documentos;
VII. Assinalar equívocos em divergências que encontrar no que concerne à aplicação 
dos Princípios Fundamentais de Contabilidade e Normas Brasileiras de Contabilidade 
editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade;
VIII. Considerar-se impedido para emitir parecer ou elaborar laudos sobre peças 
contábeis observando as restrições contidas nas Normas Brasileiras de Contabilidade 
editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade;
IX. Atender à fiscalização dos Conselhos Regionais de Contabilidade e Conselho 
Federal de Contabilidade no sentido de colocar à disposição desses, sempre que 
solicitado, papéis de trabalho, relatórios e outros documentos que deram origem a 
execução dos trabalhos.
Para que o laudo ou parecer não gerem dúvidas quanto à procedência e a lisura, o auditor deve 
cercar-se da ética em todas as etapas, desde as fases pré e pós-trabalhos desenvolvidos, visando 
maior qualidade e confiabilidade do trabalho (ROCHA; BARBOZA, 2006).Assim, fica claro que a responsabilidade pelo respeito à ética por parte dos auditores é basilar 
para a perfeita execução de seus trabalhos com o devido profissionalismo que necessitam.
Aconteceu
Esse estudo foi desenvolvido com a finalidade de fazer uma aproximação inicial às questões éticas 
no que diz respeito à atenção básica, identificando e comparando a partir de depoimentos de 
enfermeiros e médicos que atuam no PSF em São Paulo os problemas éticos por eles vivenciados e 
os fundamentos que utilizam para a tomada de decisão nesses tipos de situação.
Tenha acesso ao estudo completo neste link: http://www.scielo.br/pdf/csp/v20n6/28
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CONCLUSÃO
A análise da bioética sobre os avanços científicos é imprescindível, seja por sua importância 
econômica ou de transformação da vida humana e do ecossistema. Com esse estudo percebe-se a 
sua importância como mediadora entre os avanços proporcionados pelo desenvolvimento técnico 
científico e os danos que essas evoluções podem causar se feitas sem a reflexão das graves 
consequências e dos efeitos morais a elas inerentes.
Com as discussões é possui concluir a relevância dos debates sobre temas polêmicos como o 
aborto, eutanásia, a reprodução assistida, os transplantes para que se possa tomar conhecimento 
sobre os principais posicionamentos bioéticos de temas tão atuais.
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GLOSSÁRIO
Atinente: Relativo, peculiar, pertinente, que diz respeito, tocante (fonte: https://pt.wiktionary.org/wiki/
atinente#Portugu.C3.Aas)
Deontológico: A deontologia é uma filosofia que faz parte da filosofia moral contemporânea, que 
significa ciência do dever e da obrigação (fonte: https://www.significados.com.br/deontologia/)
Distanásia: Forma de prolongar a vida de modo artificial, sem perspectiva de cura ou melhora.
Envidar: Significar empregar-se com afinco ou empenho, dedicar-se ao máximo para algo, buscar um 
desafio. Envidar é concentrar ações em um objetivo definido e não desistir até que seja realizado. 
(fonte: https://www.significados.com.br/envidar/)
Eutanásia: Emprego ou abstenção de procedimentos que permitem apressar ou provocar o óbito 
de um doente incurável, a fim de livrá-lo dos extremos sofrimentos que o assaltam.
Fruídas: Do verbo fruir: Desfrutar; deleitar-se com alguma coisa; utilizar alguma coisa: fruir os 
benefícios; fruir da herança; tinha o poder de fruir e trabalhar. (fonte: https://www.dicio.com.br/fruido/)
Gnose: É uma palavra que significa “conhecimento”, derivando do grego gnosis que, por sua vez, 
se origina no verbo gignósko (“conhecer”). (fonte: https://www.significadosbr.com.br/gnose)
Ortotanásia: Morte no seu tempo certo, sem os tratamentos desproporcionais e sem abreviação 
do processo de morrer.
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do corpo humano para fins de transplante e tratamento e dá outras providências. Diário Oficial da 
União, 5 fev. 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9434.htm>. Acesso em: 31 
jul. 2017.
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em: <http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/cfm/1992/1358_1992.htm>. Acesso em: 29 out. 2017.
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CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA DO BRASIL (CFM). Resolução nº 2.121/2015. Adota as normas 
éticas para a utilização das técnicas de reprodução assistida – sempre em defesa do aperfeiçoamento 
das práticas e da observância aos princípios éticos e bioéticos que ajudarão a trazer a maior segurança 
e eficácia a tratamentos e procedimentos médicos – tornando-se o dispositivo deontológico a ser 
seguido pelos médicos brasileiros e revogando a Resolução CFM nº. 2.013/2013, publicada no D.O.U. 
de 9 de maio de 2013, Seção I, p. 119. Diário Oficial da União, 24 set. 2015b. Disponível em: <http://
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