Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO À DENDROLOGIA Conhecendo as árvores nativas da UFLA Fernanda M. Gianasi 2024 Pré-requisitos para identificação A identificação botânica consiste na determinação de um espécime como semelhante a um táxon através de material botânico devidamente identificado em herbário, chaves de identificação e/ou consultas a material específico. Pré-requisitos para identificação Três caminhos podem ser tomados para identificação de árvores: Anatomia da madeira: caracterização e análise anatômica do xilema secundário de árvores ou espécies lenhosas, que podem ser comparadas com amostras e lâminas histológicas presentes em xilotecas Botânica sistemática: investigação de um determinado espécime vegetal a partir de características morfológicas das plantas, em especial das reprodutivas (flores e frutos). Dificuldade está no fato de raramente encontramos as espécies arbóreas em seu período reprodutivo durante o decorrer do estudo/trabalho. Pré-requisitos para identificação Três caminhos podem ser tomados para identificação de árvores: Dendrologia: consiste no processo de classificação e identificação de espécies arbóreas a partir de caracteres morfológicos vegetativos. Entretanto, o método exige que se tenha um amplo conhecimento sobre morfologia vegetal e muito preparo de campo. Por que é tão difícil identificar? Grande biodiversidade 8.700 espécies de árvores no Brasil mais de 1000 em MG Alta variabilidade morfológica Folhas simples e compostas em Roupala montana Variação morfológica nas folhas de Myrcia splendens Por que é tão difícil identificar? Espécies caducifólias podem estar sem folhas ou estruturas reprodutivas durante a estação seca Cobertura da copa por outras espécies ou liana, dificultando o acesso visual à copa Fotografias podem ajudar, mas nem sempre. Por isso, faça coletas! As câmeras digitais e celulares nos possibilitaram registrar imagens a qualquer momento Não basta realizar fotografias puramente estéticas e genéricas se o intuito é descobrir a identidade da planta Muitas vezes informações relevantes para separar espécies próximas são sutis e esses detalhes podem passar despercebidos enquanto as imagens são registradas Fotografias podem ajudar, mas nem sempre. Por isso, faça coletas! Sempre que possível, a coleta de material vegetal para produção de exsicatas é altamente aconselhável, já que estruturas essenciais como tricomas, estípulas, tipo de nervuras e outras características menores podem passar despercebidas nas imagens Não basta apenas coletar, o processo de prensagem das coletas deve ser adequado, permitindo assim que uma maior quantidade de características morfológicas seja preservada Fotografias podem ajudar, mas nem sempre. Por isso, faça coletas! Identifique corretamente suas coletas Faça anotações no campo: anote cheiros, cores, exsudados, características do solo, tipo de vegetação. HÁBITO: O QUE É UMA ÁRVORE? Embora pareça um trabalho fácil, definir o hábito dos indivíduos muitas vezes pode ser uma tarefa complicada. É bem comum que em inventários de florestas nativas, por exemplo, lianas lenhosas de grande porte sejam confundidas com árvores. Também entra no quesito problema o fato de termos inúmeros conceitos diferentes para definir o que é uma árvore. HÁBITO: O QUE É UMA ÁRVORE? Conceito clássico: forma de crescimento lenhosa, de crescimento secundário e monopodial (persistência de apenas uma gema apical) até dois metros de altura, e que somente depois de atingir esta altura se ramifica, formando os galhos que compõem a copa HÁBITO: O QUE É UMA ÁRVORE? Por exemplo, em muitas florestas úmidas de Minas Gerais, Dicksonia sellowiana Hook. (Dicksoniaceae), o samambaiuçú, é uma espécie importante, tanto com relação à densidade de indivíduos, quanto à biomassa. O mesmo pode acontece para muitas espécies arborescentes de Arecaceae (palmeiras), que embora apresentem um fuste dominante, não apresentam crescimento secundário, nem ramificação da copa Dicksonia sellowiana Hook. (Dicksoniaceae) Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman HÁBITO: O QUE É UMA ÁRVORE? A falta de fuste dominante também colocaria vários indivíduos lenhosos como arbustos e não como árvores. O perfilhamento (fustes múltiplos) é uma estratégia ecológica bastante recorrente em ambientes com altas restrições ambientais. Nestes ambientes, a exclusão destes indivíduos do inventário florestal trariam resultados distorcidos sobre a realidade ecológica nestas formações. Floresta nebular no Parque Nacional do Itatiaia HÁBITO: O QUE É UMA ÁRVORE? Em todos estes casos “problemáticos”, o ideal é que seja avaliada a importância e a função ecológica destes indivíduos para a comunidade como um todo. Ecologicamente, a maioria dos exemplos citados cumprem funções ecológicas de árvores no ambiente e, portanto, indicamos que nesses casos eles sejam incluídos no estudo, desde que cumpram o critério de inclusão estabelecido. MORFOLOGIA DO CAULE - ramificação Estipe Monopodial Simpodial MORFOLOGIA DO CAULE - Formato do caule Irregular Abaulado ou barrigudo Cilíndrico Acanalado MORFOLOGIA DO CAULE – Aparência da casca Pulvorulenta Suberosa Lisa Rugosa “Goiabenta” MORFOLOGIA DO CAULE – Aspectos da entrecasca e alburno Odores: alguns odores são especialmente familiares, como: cheiro ranaliano, presente especialmente em Lauraceae; cheiro de capsaicina (folhas de tomateiro), presente especialmente em Solanaceae; terebintina (cheiro de manga verde), presente especialmente em Anacardiaceae, mas comum também em algumas espécies de Burseraceae. Textura: é um elemento perceptível ao toque e se deve aos elementos constituintes da entrecasca. A textura pode ser fibrosa, quando há elementos fibrosos longos (presença de embira, muito comum em Annonaceae); ou arenosa, se há presença de grânulos que se soltam ao toque. MORFOLOGIA DO CAULE – Aspectos da entrecasca e alburno Cor e ornamentação da entrecasca e alburno: variação da cor da entrecasca e alburno é grande, variando de esverdeado, amarelo pálido, amarelo, rosado, avermelhado, vináceo, marrom a preto. Espécies arbóreas de Asteraceae, por exemplo, são tem entrecasca na cor preta. Oxidação dos tecidos, que ocorre através de um enegrecimento dos tecidos rapidamente, após contato com o ar, como em espécies do gênero Cordia. O gênero Myrsine, apresenta pequenas estruturas lineares na entrecasca, que a depender da espécie, podem ser rosadas ou incolores. MORFOLOGIA DO CAULE – Aspectos da entrecasca e alburno Exsudados: são metabólitos secundários líquidos que extravasam quando os tecidos da casca são cortados. Podem ser látex (presente em várias espécies de Apocynaceae, Clusiaceae, Euphorbiaceae e Moraceae); resina, geralmente aromática, de cores variadas (translúcida, âmbar, vinácea, etc), viscosa e pegajosa, podendo ou não se solidificar rapidamente em contato com o ar, tomando um aspecto vítreo. FOLHA As folhas são, na grande maioria dos casos, órgão laminares, geralmente de simetria bilateral, clorofiladas, de crescimento geralmente limitado. Apresentam duas faces, uma adaxial, ou superfície superior do limbo, e a abaxial, ou superfície inferior. As folhas invariavelmente são acompanhadas por uma gema em sua axila (gema axilar) FOLHA A folha é considerada completa quando tem limbo (lâmina foliar), pecíolo (apêndice que liga a lâmina ao eixo caulinar) e bainha (estrutura cuja função é proteger as gemas ou outras estruturas em desenvolvimento). No geral, a grande maioria das espécies arbóreas apresentam folhas incompletas, com pecíolos e lâminas, e muitas vezes apenas com a lâmina foliar conectada diretamente ao eixo caulinar, sem pecíolo. Neste último caso, a folha é conhecida como séssil. FOLHA - Filotaxia A disposição das folhas ao longo do eixo caulinar determina a sua filotaxia. Filotaxia alterna apenas uma folha por nó, cuja folha posterior surge em posição diferente daanterior Alternas dísticas Alternas espiraladas FOLHA - Filotaxia Filotaxia oposta produz duas ou mais folhas por nó Opostas cruzadas Opostas verticiladas FOLHA - Filotaxia Folhas congestas não é necessariamente atribuído a um tipo de filotaxia, mas diz respeito ao arranjo densamente agrupado das folhas no ápice dos ramos. Termo pode ser utilizado como uma complementação à filotaxia, quando está é facilmente distinguível. FOLHA - Divisão do limbo foliar Folhas simples - Lâmina foliar (ou limbo foliar) única e contínua, não apresentando subdivisões. Simples inteira Simples lobada Simples pinatisectas FOLHA - Divisão do limbo foliar Folhas compostas - a lâmina foliar (ou limbo foliar) apresenta-se dividida em subunidades, chamadas de folíolos, agrupados no ápice do pecíolo, ou distribuídos ao longo da nervura principal da folha, que neste caso recebe o nome de raque, e podem ser facilmente identificados pelas articulações. Os folíolos, por sua vez, também podem formar outras subunidades, que recebem o nome de foliólulos e estão unidos nas ráquilas. FOLHA - Divisão do limbo foliar Folhas compostas bifolioladas Folhas compostas trifolioladas Folhas compostas digitadas FOLHA - Divisão do limbo foliar Folhas compostas pinadas imparipinadas Folhas compostas pinadas paripinadas Folhas compostas bipinadas FOLHA - Gemas Gemas globosas Gemas cônicas Gemas protegidas por catáfilos FOLHA - Estípulas São estruturas que podem ou não estar presentes na base dos pecíolos, geralmente em pares, cuja função, acredita-se, ser a proteção das gemas axilares ou primórdios foliares. A maioria não é persistente por toda vida útil da folha, sendo caducas. Nestes casos, é possível observar apenas as cicatrizes das estípulas na base do pecíolo. FOLHA - Estípulas Triangular Foliácea Ócrea Enrijecidas FOLHA - Estípulas Interpeciolar Intrapeciolar FOLHA - Pecíolo Séssil Canaliculado Pulvinado FOLHA - Odor, exsudados e cor Cheiro ranaliano (folhas de abacate), diagnóstico para Lauraceae; cheiro de capsaicina (folhas de tomateiro), diagnóstico para algumas espécies de Solanaceae; cheiro de terebintina, diagnóstico de Anacardiaceae e Burseraceae Os exsudados encontrados nos caules, como o látex nas famílias Apocynaceae, Clusiaceae, Euphorbiaceae e Moraceae também podem ser facilmente observados nas folhas, ao destaca-las do eixo caulinar Folhas que não apresentam coloração diferente entre as faces adaxial e abaxial são conhecidas como concolor. Já aquelas que apresentam uma variação de cor bem marcada entre as faces adaxial e abaxial são conhecidas como bicolor ou discolor. FOLHA - Formato do limbo foliar Cordada ou cordiforme Elíptica Lanceolada Obovada Ovalada FOLHA - Formato da base foliar Arredondada Assimétrica Cordada Decorrente Revoluta FOLHA - Formato do ápice foliar Arredondado Emarginado Mucronado FOLHA - Ornamentação da margem (borda) do limbo foliar Inteira Crenada Hialina Serrilhada FOLHA - Indumento Glabro: quando não apresenta tricomas. Glabrescente: quando há poucos e esparsos tricomas. Lanoso: quando os tricomas são abundantes, com aspecto de lã cobrindo limbo foliar. Estrigoso: quando há tricomas rígidos e adpressos, dando aspereza a superfície. Serício: quando há tricomas muito finos e adpressos cobrindo uma superfície, dando um aspecto sedoso à superfície. Flocoso ou farináceo: quando há na superfície da folha uma densa camada de tricomas que se soltam com facilidade ao serem tocados. Tomentoso: quando há tricomas densos, emaranhados, eretos e curtos, cobrindo uma superfície. Velutino: quando há tricomas densos, macios e curtos, dando um aspecto aveludado à superfície. FOLHA - Padrões de nervação (ou venação) Nervura coletora Arqueadas Uninérvias Peninérvias FOLHA - Padrões de nervação (ou venação) Curvinérveas Triplinérveas Palminérveas FOLHA – outras características Pontuações translúcidas Domáceas lacunares Domáceas com tricomas Glândulas FOLHA – outras características Cavidades resiníferas Pontuações enegrecidas Família Fabaceae ou Leguminosae Folhas compostas pinadas, bipinadas, bifolioladas (Ex.: Hymenaea L.) ou geminadas (Bauhinia L.). Cicatriz de estípula ou estípula Filotaxia alterna Família Moraceae Folhas simples Filotaxia alterna Estípula do tipo ócrea Látex Família Malpighiaceae Folhas simples Filotaxia opostas Estípula intrapeciolar e/ou glândulas (mesmo que vestigiais) na base das folhas Família Lauraceae Folhas simples Filotaxia alternas Cheiro ranaliano Família Myrtaceae Folhas simples Filotaxia opostas Nervura coletora e pontuações translúcidas em todo limbo foliar Família Bignoniaceae Folhas compostas digitadas ou bipinadas Filotaxia opostas Presença de pulvínulos Família Asteraceae Folhas simples Filotaxia alterna Corte no tronco enegrecido Família Annonaceae Folhas simples Filotaxia alterna dística Margem do limbo inteira Imbira Dúvidas? image1.jpeg image2.jpeg image3.jpeg image4.jpeg image5.jpeg image6.jpeg image7.jpeg image8.png image9.png image10.png image11.tiff image12.jpeg image13.png image14.jpeg image15.jpeg image16.jpeg image17.jpeg image18.jpeg image19.jpeg image20.jpeg image21.jpeg image22.jpeg image23.jpeg image24.jpeg image25.jpeg image26.jpeg image27.jpeg image28.jpeg image29.jpeg image30.jpeg image31.jpeg image32.jpeg image33.jpeg image34.jpeg image35.jpeg image36.jpeg image37.jpeg image38.png image39.jpeg image40.jpeg image41.jpeg image42.jpeg image43.jpeg image44.jpeg image45.jpeg image46.jpeg image47.jpeg image48.jpeg image49.png image50.png image51.jpeg image52.jpeg image53.jpeg image54.jpeg image55.jpeg image56.jpeg image57.jpeg image58.jpeg image59.jpeg image60.jpeg image61.jpeg image62.jpeg image63.png image64.jpeg image65.png image66.png image67.jpeg image68.jpeg image69.jpeg image70.jpeg image71.jpeg image72.jpeg image73.jpeg image74.jpeg image75.jpeg image76.jpeg image77.jpeg image78.jpeg image79.jpeg image80.jpeg image81.jpeg image82.jpeg image83.jpeg image84.jpeg image85.jpeg image86.jpeg image87.jpeg image88.jpeg image89.jpeg image90.png image91.jpeg image92.jpeg image93.jpeg image94.jpeg image95.jpeg image96.jpeg image97.jpeg image98.jpeg image99.jpeg image100.jpeg image101.jpeg image102.jpeg image103.jpeg image104.jpeg image105.jpeg image106.jpeg image107.jpeg image108.jpeg image109.jpeg