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CURSO : TÉCNICO EM ELETROTÉCNICA 1 CONSTRUÇÃO DE MÁQUINAS SÍNCRONAS 1.1 – CONSTRUÇÃO DE MÁQUINAS SÍNCRONAS COM CAMPO MÓVEL Neste tipo de máquina, o enrolamento de campo é alimentado por uma fonte CC através de dois anéis coletores e a armadura é ligada diretamente à fonte trifásica CA ou à carga. Se o estator (armadura) é ligado a uma fonte trifásica CA, a máquina funcionará como um motor síncrono , e o rotor girará na velocidade síncrona, em sincronismo com o campo girante desenvolvido pelo enrolamento do estator e determinado pelo número de pólos e a freqüência da fonte. Se o rotor está girando na velocidade síncrona, através da máquina primária, a máquina funciona como um alternador . Rotores com pólos salientes são mostrados na Figura 1.1. Nesses tipos de máquinas o entreferro não é uniforme, devido à saliência do rotor. Um alternador com pólos salientes é utilizado geralmente para geração em baixas velocidades, como os hidrogeradores, possuem uma grande quantidade de pólos (mais de 50) e o rotor é geralmente curto e possui um grande diâmetro, para abrigar os enrolamentos de campo. Os alternadores com rotor cilíndrico, ou pólos não salientes, possuem o entreferro constante. São utilizados geralmente para geração em altas velocidades - como em turbinas a vapor -, possuem uma pequena quantidade de pólos devido à alta velocidade e são de rotores de pequeno diâmetro e grande comprimento. Fig 1.1 2 1.2 - PRODUÇÃO DE UM CAMPO MAGNÉTICO GIRANTE O campo magnético gerado por uma bobina depende da corrente que por ela passa no momento. Se a corrente for nula não haverá campo magnético. Se a corrente for máxima, o campo também será máximo. Como a corrente nos três enrolamentos estão defasadas de 120º, os campos magnéticos que produzem apresentam a mesma defasagem. Os três campos combinam-se em um único que interage com o campo do rotor (campo móvel). Na fig. 1.2 veremos que os campos interagem dando um campo único, cuja posição varia com o tempo, e as formas de ondas das três correntes aplicadas ao estator. Usando as formas de ondas, podemos combinar os campos magnéticos gerados, em cada 1/6 de ciclo (60º), para determinar o sentido do campo magnético resultante. Fig. 1.2 3 No ponto 1, C é positiva e B é negativa. Isto significa que há correntes em sentidos opostos nas fases B e C . Deste modo, fica estabelecida a polaridade magnética das fases B e C. A polaridade é mostrada no diagrama simplificado acima do ponto 1. Observe que B1 é um pólo norte e B um pólo sul; C é um pólo norte e C1 um pólo sul. Como no ponto 1 não há corrente através da fase A , seu campo magnético é nulo. No ponto 2, 60º após, as correntes aplicadas às fases A e B são iguais e opostas, e a corrente da fase C é nula. Pode-se verificar que o campo magnético resultante girou 60º. No ponto 3, a onda B tem o valor zero, e o campo resultante girou mais 60º. Dos pontos 1 a 7, verificamos que o campo magnético resultante gira 360º, sempre que um ciclo CA é aplicado ao estator. 4 O MOTOR SÍNCRONO 2.1 – GENERALIDADES O motor síncrono recebeu este nome porque seu rotor é sincronizado com o campo girante estabelecido no estator. Quando o rotor é alimentado com CC, ele atua como um imã em barra suspenso em um campo magnético que gira até se alinhar com o campo do estator (armadura). Alguns motores síncronos pequenos usam rotores de imã permanente e não precisam de uma fonte CC externa. São muito utilizados em cargas que requerem velocidade constante desde a condição sem carga até a condição de plena carga. A armadura de um motor síncrono não só requer e recebe uma corrente CA, mas, como qualquer máquina síncrona CA (duplamente excitada), requer também uma excitação CC para o seu campo. Devido à possibilidade de variação da excitação do campo, o motor síncrono CA possui uma característica que nenhum outro tipo de motor CA possui – o fator de potência, no qual ele funciona, pode ser variado à vontade. Uma segunda característica, algo incomum, do motor síncrono trifásico é que ele não tem torque de partida. No instante em que a CA é aplicada ao estator, aparece um campo magnético girante de alta velocidade e este campo passa diante dos pólos do rotor tão rapidamente que o rotor não consegue acompanhá-lo. Portanto, normalmente o rotor do motor síncrono é trazido a essa velocidade através de um pequeno motor de indução com, no mínimo, um par de pólos a menos que o motor síncrono, ou com a utilização de enrolamentos amortecedores onde o enrolamento de campo CC é curto-circuitado enquanto se aplica CA ao estator, trazendo o motor até sua velocidade a vazio como um motor de indução. Combinando o torque de partida elevado do motor de indução de rotor bobinado com as características de funcionamento de velocidade constante e correção de fator de potência inerentes ao motor síncrono, o motor síncrono de rotor tipo simplex (fig. 2.1) encontrou muitas aplicações nos casos em que se requer partida sob carga, além de velocidade constante. Fig. 2.1 5 2.2 – AJUSTE DO FATOR DE POTÊNCIA DO MOTOR SÍNCRONO O fator de potência da maioria das cargas, por exemplo, de motores de indução, é indutivo (em atraso); o fator de potência pode ser unitário, adiantado ou atrasado, dependendo da excitação CC. Sob condições sem carga, a corrente solicitada por um motor síncrono é pequena. Quando a carga é aplicada, o rotor responde com um ângulo de fase em relação ao campo. Observe que a velocidade ainda é síncrona, mas a fase entre o rotor e o campo varia. Nessas condições, o fator de potência é comumente em atraso. À medida que aumenta a corrente CC de excitação, o fator de potência torna-se unitário e a seguir adiantado. Assim, para uma dada carga, o fator de potência do motor síncrono é determinado pela CC de excitação. Isto é mostrado graficamente nas curvas da fig. 2.2. Fig. 2.2 2.3 – EFEITO DE CARGA SOBRE MOTORES SÍNCRONOS No motor síncrono o rotor “engata-se” magneticamente para acompanhar o campo magnético girante e deve continuar a girar em sincronismo qualquer que seja a carga. Sem carga, as linhas centrais de um pólo do campo magnético rotativo e de um campo magnético CC coincidem (fig. 2.3a). Quando se aplica uma carga ao motor, há um atraso do pólo do rotor relativamente ao pólo do estator (fig. 2.3b). Não há variação na velocidade. O deslocamento angular entre os pólos do rotor e do estator é chamado de ângulo de torque ou de potência, a. Fig. 2.3 6 Quando um motor síncrono funciona sem carga (com ângulo de torque praticamente nulo), a força contra-eletromotriz (fcem) Vg é igual à tensão aplicada , Vt (desprezando as perdas do motor) (fig. 2.4a). Aumentando-se as cargas e os ângulos de torque, a posição da fase de Vg varia com relação à Vt que permite um fluxo de corrente maior no estator para suportar a carga adicional (fig. 2.4b). Vt e Vg não estão mais em sentidos opostos. A sua tensão resultante Vr faz com que uma corrente I flua nos enrolamentos do estator. I se atrasa em relação à Vr de aproximadamente 90º devido à alta indutância dos enrolamentos do estator. q é o ângulo de fase entre Vt e I . Um aumento maior de carga resulta num grande ângulo de torque, que produz um aumento de Vr e I (fig. 2.4c) . Fig. 2.4 Se a carga mecânica for muito alta, o rotor sai de sincronismo e causa uma parada. O valor máximo do torque que um motor pode desenvolver sem perder seu sincronismoé chamado de torque de perda de sincronismo. 2.4 – CORREÇÃO DO FATOR DE POTÊNCIA COM MOTORES SÍNCRONOS Uma vantagem incrível do motor síncrono é que ele funciona com um fator de potência unitário. Variando-se a intensidade do campo CC, o fator de potência de um motor síncrono pode ser ajustado ao longo de uma faixa considerável. Assim, o motor se transforma em uma carga 7 capacitiva através da linha. Se um sistema elétrico estiver funcionando com um FP indutivo, os motores síncronos ligados através da linha e ajustados para um FP capacitivo podem melhorar o FP do sistema. Qualquer melhora no FP, aumenta a capacidade de fornecimento para a carga, aumenta o rendimento e, em geral, melhora as características de funcionamento do sistema. 2.5 – EXCITAÇÃO CC UTILIZADA PARA ALTERAR O FATOR DE POTÊNCIA DO MOTOR Para uma carga mecânica constante, pode-se variar o FP de um motor síncrono de um valor indutivo para um valor capacitivo ajustando-se a sua excitação de campo CC. A excitação de campo é ajustada de modo que o FP seja igual a 1 (cos q = 1) (Fig. 2.5a). Para a mesma carga, quando se aumenta a excitação de campo, a fcem Vg aumenta. Isto provoca uma defasagem entre a corrente I no estator e a tensão aplicada Vt , de modo que o motor funcione com um FP capacitivo (Fig. 2.5b). Se a excitação de campo for reduzida abaixo do valor representado (Fig 2.5a), o motor funciona com um FP indutivo (Fig. 2.5c). Fig. 2.5 2.6 – CURVAS “V” DE UM MOTOR SÍNCRONO As curvas “V” de um motor síncrono podem ser resumidas, graficamente (fig. 2.6) e determinadas experimentalmente em laboratório, utilizando o esquema visto na fig. 2.7. Sabe-se que quando é reduzida a corrente de campo de um motor síncrono, uma corrente de armadura Ia , em atraso, é produzida, a qual excede a corrente mínima a um fator de potência unitário ou à excitação normal. Semelhantemente, quando o motor é sobreexcitado, a corrente de armadura também cresce e excede a corrente requerida à excitação normal para desenvolver o torque necessário, para qualquer carga dada. Aplicando-se uma dada carga constante ao eixo de um 8 motor síncrono, e variando-se a corrente de campo desde a subexcitação até a sobreexcitação, e lendo-se a corrente de armadura ponto por ponto, obteremos as curvas da fig. 2.6. Fig. 2.6 Fig. 2.7 As ligações do wattímetro, conforme fig. 2.7, também permitem a determinação do fator de potência para cada valor da corrente de armadura e de campo, para qualquer dada condição de carga. Assim , como mostra a fig. 2.8, o fator de potência (determinado a partir da leitura do wattímetro) é levado a um gráfico, em função das diferentes cargas dadas. 9 Fig. 2.8 2.7 – CARACTERÍSTICAS DA REDE TRIFÁSICA DE ALIMENTAÇÃO E LIGAÇÕES As tensões trifásicas mais usadas nas redes industriais são: Baixa Tensão: 220 V, 380 V e 440 V Media Tensão: 2.300 V, 4.160 V e 6.600 V O sistema trifásico estrela de baixa tensão, consiste de três condutores de fase (L1, L2, L3) e o condutor neutro (N), sendo este, conectado ao ponto estrela do gerador ou secundário dos transformadores (conforme mostra figura 2.9). 10 · Ligação estrela-triângulo O enrolamento de cada fase tem as duas pontas trazidas para fora do motor. Se ligarmos as três fases em triângulo, cada fase recebera a tensão da linha, por exemplo, 220V (figura 2.10). Se ligarmos as três fases em estrela, o motor pode ser ligado a uma linha de tensão igual a 220 x √3 = 380 V, sem alterar a tensão no enrolamento que continua igual a 220 V por fase, pois, VL = √3 Vf Este tipo de ligação exige seis terminais no motor e serve para quaisquer tensões nominais duplas, desde que a segunda seja igual a primeira multiplicada por √3 . Exemplos: 220/380V - 380/660V - 440/760V Nos exemplos 380/660V e 440/760V, a tensão maior declarada só serve para indicar que o motor pode ser acionado através de uma chave de partida estrela - triângulo. Motores que possuem tensão nominal de operação acima de 600V deverão possuir um sistema de isolação especial, apto a esta condição. · Tripla tensão nominal Podemos combinar os dois casos anteriores: o enrolamento de cada fase e dividido em duas metades para ligação serie - paralelo. Além disso, todos os terminais são acessíveis para podermos ligar as três fases em estrela ou triangulo. Deste modo, temos quatro combinações possíveis de tensão nominal: 1) Ligação triângulo paralelo; 2) Ligação estrela paralela, sendo igual a √3 vezes a primeira; 3) Ligação triângulo série, valendo o dobro da primeira; 4) Ligação estrela serie, valendo √3 vezes a terceira. Mas, como esta tensão seria maior que 600V, e indicada apenas como referência de ligação estrela - triângulo. Exemplo: 220/380/440(760) V Obs.: 760V (Somente para partida) Este tipo de ligação exige 12 terminais e a figura 2.11 mostra a numeração normal dos terminais e o esquema de ligação para as três tensões nominais. 11 Fig. 2.11 12 RELAÇÕES DE TENSÃO EM MÁQUINAS CA - ALTERNADORES 3.1 - GENERALIDADES Estudaremos o uso da máquina síncrona CA como gerador, o chamado alternador , uma vez que produz uma tensão alternativa. Sendo o alternador uma fonte de tensão, preocupamo-nos primeiramente com as relações de tensão na máquina CA, e como são afetadas por cargas resistivas e reativas. Pode-se estabelecer que ; ü O torque eletromagnético (desenvolvido no condutor da armadura que é percorrido por uma corrente) opõe-se à rotação (do campo magnético do rotor em relação à armadura), de acordo com a lei de Lenz. ü A tensão gerada (induzida) na armadura produz uma corrente de armadura. A fase da corrente de armadura em relação à tensão gerada pelo alternador depende da natureza da carga elétrica conectada aos terminais do mesmo. ü A tensão gerada por fase Egf de um alternador mono ou trifásico pode ser estabelecida pela soma Egf = Vf + If Zf onde Vf é a tensão nos terminais por fase do alternador If Zf é a queda de tensão na impedância síncrona interna do alternador. 3.2 - CONSTRUÇÃO A construção, em geral, das máquinas síncronas, tratam de uma máquina com campo girante e armadura estacionária e é quase universalmente usada para geração de potência elétrica alternada (Fig. 3.1). Fig. 3.1 13 3.2 – CIRCUITO EQUIVALENTE PARA MÁQUINAS SÍNCRONAS TRIFÁSICAS A relação entre a tensão nos terminais e a gerada em máquinas síncronas foi dada na seção 1.1 e o respectivo circuito está representado na fig. 3.2. Fig. 3.2 3.3 – REGULAÇÃO DE TENSÃO DE ALTERNADORES SÍNCRONOS CA PARA VÁRIOS FATORES DE POTÊNCIA As cargas em avanço ou em atraso atuam sobre a tensão gerada pelo alternador e, por sua vez, na regulação de tensão, ou seja : (1) quanto mais baixo for o fator de potência em avanço, maior será o acréscimo da tensão desde a vazio (Egf) até plena carga (Vf); e (2) quanto mais baixo for o fator de potência em atraso, maior será a diminuição da tensão desde a vazio até plena carga. Isto pode ser visto através da representação gráfica, como mostra a fig. 3.3 Fig. 3.3 14 A regulação de tensão de um alternador é dada por : R % (regulação percentual ) = V0 - Vn x 100 Vn 3.4 – IMPEDÂNCIA SÍNCRONA A diferença entre a tensão gerada, Egf , e a tensão nos terminais, Vf , por fase de um alternador é a queda de tensão na impedânciasíncrona, Ia Zs . A queda de tensão na impedância síncrona será sempre a soma fasorial da queda de tensão na resistência efetiva da armadura por fase e da queda de tensão na reatância. Todas as quedas de tensão compreendendo a impedância síncrona são, por definição, tomadas em relação ao valor de plena carga, Ia . O diagrama fasorial indicado na fig. 3.4 usa a corrente de armadura, Ia , como referência. Fig. 3.4 O conceito de uma impedância síncrona interna equivalente, como parâmetro de um alternador CA, é semelhante ao da resistência interna do circuito equivalente da armadura de uma máquina CC. Conhecendo-se a resistência do circuito da armadura de uma máquina CC, é possível calcular-se a tensão nos terminais de um gerador CC e a fcem de um motor CC, para qualquer valor de carga. Semelhantemente, se se conhecem a resistência efetiva da armadura e a reatância síncrona por fase, é possível calcular-se a fem gerada de um alternador ou motor síncrono. A impedância síncrona e a resistência efetiva por fase são determinadas através de ensaios específicos, numa técnica chamada de método da impedância síncrona. 15 3.5 – MÉTODO DA IMPEDÂNCIA SÍNCRONA PARA O CÁLCULO DA REGULAÇÃO DE TENSÃO. O método utilizado para a determinação a resistência efetiva da armadura por fase é mostrado na fig. 3.5. Fig. 3.5 Imagina-se que a armadura esteja ligada em U (mesmo se estiver ligada em D , a hipótese de que a ligação é U produz o mesmo resultado). A resistência a CC por fase é Rcc = leitura do voltímetro = V 2 x leitura do amperímetro 2 x A A resistência CA por fase é obtida multiplicando-se a resistência CC por um fator que varia entre 1,2 e 1,8, dependendo da freqüência, tamanho, capacidade etc. Conforme se estabeleceu acima, o ensaio da impedância síncrona consiste de duas partes : 1) Ensaio a circuito aberto Ò Obtém-se uma curva de magnetização (a vazio) excitando independentemente o alternador, e acionado-o à velocidade síncrona. Um amperímetro CC é ligado ao circuito de campo e um voltímetro CA é ligado a quaisquer dois terminais do estator (fig. 3.6). Fig. 3.6 16 Em cada caso, a corrente de campo, If , e a tensão gerada por fase, Egf (isto é, VL / 3 ), são registradas e desenha-se uma curva de magnetização como mostra a fig. 3.7. Fig. 3.7 2) Ensaio de curto-circuito (fig. 3.8) Ò A característica de curto- circuito é tomada ligando-se amperímetros para ler as correntes de linha. A corrente de campo é ajustada a zero, e o alternador é acionado à velocidade síncrona. Faz-se a leitura de pares de correntes, corrente CC de campo versus corrente CA da armadura em curto-circuito. Os resultados são levados a um gráfico como mostra a fig. 3.7. A curto-circuito, a tensão nos terminais do alternador é zero. Toda tensão gerada por fase Egf é empregada para equilibrar a queda na impedância síncrona interna, Ia Zs , por fase. Fig. 3.8 17 Uma vez que a tensão nos terminais é zero, podemos escrever Egf = Ia Zf ou Zf = Egf / Ia onde Ia é a corrente a plena carga ou nominal por fase Egf é a tensão a circuito aberto por fase Zf é a impedância síncrona por fase. As equações de regulação de tensão são estabelecidas em função das quedas de tensão produzidas pela resistência efetiva da armadura e pela reatância síncrona por fase, e, assim, Xs 2 = Zf 2 - Ra 2 onde Xs é a reatância síncrona por fase Zf é a impedância síncrona por fase, determinada pelo ensaio de curto-circuito Ra é a resistência efetiva da armadura por fase, determinada pelo ensaio de resistência CC. É também possível combinar as equações numa única equação geral, que vale para todas as condições de fator de potência e de carga, isto é, Egf = ( Vf cos q + Ra Ia ) + j ( Vf sen q ± Ia Xs ) onde o sinal + é usado para cargas em atraso e o sinal – é usado para cargas em avanço. EXEMPLO 1 : Um alternador trifásico de 100 kVA, 1.100 V foi testado de acordo com o procedimento indicado, para que fosse determinada a sua regulação de tensão sob várias condições de carga e fator de potência. Os dados obtidos foram os seguintes : Ensaio de resistência CC Ensaio a vazio Ensaio de curto-circuito VCC 6 V - - If (campo) - 12,5 A 12,5 Ia (armadura) 10 A - IN VCA - 420 V - Com os dados acima, imaginando que o alternador está ligado em U , calcule : a) A resistência efetiva, a reatância e a impedância síncrona por fase; b) A regulação de tensão do alternador para FP de 0,8 em avanço e em atraso. 18 Solução : Imaginando que o alternador está ligado em U : a) IN = 100 x 103 = 52,5 A 3 x 1,1 x 103 RCC = VCC = 6 = 0,3 W / enrolamento 2 Ia 2x10 RCA = 0,3 x 1,5 = 0,45 W / fase Zf = Egf = 420 = 8,00 W / fase Ia 3 x 52,5 Xs = Ö Zf 2 - Ra 2 = Ö 82 - 0,452 = 7,98 W / fase b) Vf = VL = 1,1 x 103 = 635 V / fase 3 3 Ia Ra = 52,5 A x 0,45 W = 23,6 V / fase Ia Xs = 52,5 A x 7,98 W = 419 V / fase Para FP de 0,8 em atraso Egf = ( Vf cos q + Ra Ia ) + j ( Vf sen q + Ia Xs ) Egf = ( 635 x 0,8 + 23,6 ) + j ( 635 x 0,6 + 419 ) Egf = 530 + j 800 = 960 V / fase R% = V0 - Vn x 100 Vn R% = 960 - 635 100 635 R% = 51 % 19 Para FP de 0,8 em avanço Egf = ( Vf cos q + Ra Ia ) + j ( Vf sen q - Ia Xs ) Egf = ( 635 x 0,8 + 23,6 ) + j ( 635 x 0,6 - 419 ) Egf = 530 - j 38 = 531 V / fase R% = V0 - Vn x 100 Vn R% = 531 - 635 100 635 R% = 16,3 % 20 RENDIMENTO DA MÁQUINA SÍNCRONA CA Essencialmente, a única diferença real entre um alternador síncrono e um gerador CC é o fato de que, a armadura é estacionária e o campo está girando a uma velocidade constante. A resistência efetiva CA da armadura, por fase, do alternador é obtida normalmente da mesma maneira que a utilizada no método da impedância síncrona. Como no caso das máquinas CC, independentemente de ser o rendimento de um motor síncrono ou de um alternador o que se quer determinar, a máquina síncrona CA é posta a funcionar como motor síncrono a vazio, à velocidade síncrona. A corrente de campo é normalmente ajustada ao valor de placa correspondente ao fator de potência para o qual ocorre a operação normal ou, no caso de um motor síncrono, para prover a corrente mínima ( FP = 1 ). Ligam-se os instrumentos conforme a fig. 4.9, para se lerem as correntes de armadura trifásicas, à tensão de linha nominal, e determina-se ainda a potência de entrada, Pe . As perdas rotacionais são iguais à potência de entrada na armadura menos as perdas no cobre, ou Perdas rotacionais ( Pr ) = potência de entrada ( Pe ) - perdas no cobre ( Pcu ) Pr = 3 x Va Ia cos q - 3 Ia 2 Ra onde Ia é a corrente de armadura de fase ou de linha e Ra é a resistência efetiva da armadura por fase. Fig. 4.9 Uma vez que ambos, motor síncrono e alternador, são operados à velocidade constante a uma freqüência fixa, as perdasrotacionais podem ser consideradas constantes. O rendimento , h , a plena carga, para FP unitário ou qualquer outro, é então calculado como se mostra a seguir . 21 EXEMPLO 2 : O alternador trifásico, ligação U, testado como no exemplo 1 é posto a girar a vazio como um motor síncrono, para determinar suas perdas rotacionais. A corrente de armadura a vazio é 8 A e a potência de entrada é 6 kW. Uma tensão de linha a circuito aberto de 1.350 V é obtida com uma excitação CC de 18 A a 125 V no campo. Calcule : a) Pr b) Pcu do campo c) As perdas elétricas na armadura para 25%, 50%, 75% e plena carga d) h para estas cargas a um FP de 0,9 em atraso. Solução : A partir do exemplo 1 Ò Ra = 0,45 W / fase ; IN = 52,5 A a) Pr = 3 x Va Ia cos q - 3 Ia 2 Ra Ò Pr = 6000 - ( 3 x 82 x 0,45 ) Ò Pr = 5.914 W b) perdas no cobre do campo = 125 V x 18 A Ò Pcu = 2.250 W c) perdas no cobre da armadura a plena carga = 3 Ia 2 Ra = 3 x (52,5)2 x 0,45 Ò Pcu = 3.725 W a perdas no cobre da armadura a 25% da carga = 3 Ia 2 Ra = 3 x (13,13)2 x 0,45 Ò Pcu = 233 W a perdas no cobre da armadura a 50% da carga = 3 Ia 2 Ra = 3 x (26,3)2 x 0,45 Ò Pcu = 934 W a perdas no cobre da armadura a 75% da carga = 3 Ia 2 Ra = 3 x (39,4)2 x 0,45 Ò Pcu = 2.093 W d) h = Ps = 3 VL IL cos q Ps + perdas 3 VLIL cos q + perdas ( rotacionais + cobre armadura + cobre campo) Pe h25% = 100.000 x 0,9 x 0,25 x 100 @ 73 % 100.000 x 0,25 x 0,9 + ( 5.914 + 2.250 ) + 233 h50% = 100.000 x 0,9 x 0,5 x 100 @ 83,2 % 100.000 x 0,5 x 0,9 + ( 5.914 + 2.250 ) + 934 h75% = 100.000 x 0,9 x 0,75 x 100 @ 87 % 100.000 x 0,75 x 0,9 + ( 5.914 + 2.250 ) + 2.093 h100% = 100.000 x 0,9 x 1 x 100 @ 88,25 % 100.000 x 1 x 0,9 + ( 5.914 + 2.250 ) + 3.725 22 CIRCUITOS TRIFÁSICOS 5.1 – PRODUÇÃO DA TENSÃO TRIFÁSICA A maior parte da geração, transmissão e utilização em alta potência da energia elétrica envolve sistemas polifásicos, ou seja, sistemas nos quais são disponíveis diversas fontes de mesma amplitude com uma diferença de fase entre elas. Por possuir vantagens econômicas e operacionais, o sistema trifásico é o mais difundido. Uma Fonte Trifásica é constituída de três fontes de tensões iguais defasadas 120° uma da outra. As figuras abaixo apresentam o esquema de um gerador trifásico com as tensões produzidas Supondo o rotor girando no sentido anti-horário com 3600 rpm (f = 60 Hz) seu campo magnético corta os enrolamentos do induzido, induzindo neles as tensões senoidais ilustrados na figura. Estas tensões atingem seus valores máximos e mínimos com uma distância de 1/3 de um período, ou seja, com uma defasagem de 120°, e isto devido ao deslocamento espacial de 120° dos enrolamentos do induzido. Como resultado, visto que as bobinas são iguais (mesma seção e mesmo número de espiras), o alternador produz 3 tensões de mesmo valor eficaz com uma defasagem de 120 ° entre elas. Por exemplo, tensões geradas em 13,8 kV. Tem-se portanto: VBC = 19500sen(377t ) Æ VBC = 13,8 Ð0º kV VAB = 19500sen(377t+120º ) Æ VAB = 13,8 Ð120º kV VCA = 19500sen(377t+240º ) Æ VCA = 13,8 Ð240º kV pois 19500 √2� = 13,8 kV que é o valor eficaz do módulo da tensão. 23 O diagrama fasorial destas tensões é apresentado a seguir. 5.2 – SISTEMAS EM DELTA (D) E ESTRELA (U) A figura abaixo apresenta de maneira esquemática os três enrolamentos de um gerador trifásico. Os terminais destes enrolamentos são ligados para diminuir o número de linhas necessárias para as conexões em relação às cargas. Desta maneira pode-se ter dois tipos de ligações que são apresentadas nas duas próximas seções. Nomenclatura: ü Tensão de linha: é a tensão entre duas linhas. ü Tensão de fase: é a tensão no enrolamento ou na impedância de cada ramo. ü Corrente de linha: é a corrente na linha que sai do gerador ou a corrente solicitada pela carga. ü Corrente de fase: é a corrente no enrolamento do gerador, ou na impedância de cada ramo. 24 Ligação em D A figura abaixo apresenta o esquema de ligações que deve ser realizado com os três enrolamentos do gerador para que se obtenha uma conexão em D. Quando um gerador tem seus enrolamentos ligados em D, as tensões de linha ( VA , VB e VC) são iguais as tensões de fase (VAB , VBC e VCA) e as correntes de linha ( IA , IB e IC ) são √3 vezes maiores que as correntes de fase ( IAB , IBC e ICA ). A figura abaixo apresenta a nomenclatura utilizada para as tensões e correntes em um circuito em D. 25 Ligação em Y A figura abaixo apresenta o esquema de ligações que deve ser realizado com os três enrolamentos do gerador para que se obtenha uma conexão em Y. Quando um gerador tem seus enrolamentos ligados em Y, as tensões de fase ( VAN , VBN e VCN ) são √3 vezes menores que as tensões de linha ( VAB , VBC e VCA ) e as correntes de linha ( IA , IB e IC) são iguais as correntes de fase ( IAB , IBC e ICA ). A figura abaixo apresenta a nomenclatura utilizada para as tensões e correntes em um circuito em Y. A figura abaixo mostra as tensões de fase e de linha em um diagrama fasorial adotando VAN como referência. 26 5.3 – SEQUÊNCIA DE FASE A ordem na qual as tensões ou correntes atingem seus valores máximos é denominada seqüência de fase. Assim, a seqüência ABC indica que a tensão VAA atinge seu valor máximo antes da tensão VBB e esta antes da tensão VCC. O mesmo vale para qualquer outra seqüência. A figura abaixo já apresentada no início do capítulo apresenta a seqüência ABC. Nos geradores que têm as bobinas conectadas em Y, considerando-se que VAN = 瓢肉√脑 Ð90° V, VBN = 瓢肉√脑 Ð-30° V e VCN = 瓢肉√脑 Ð-150° V ,define-se que o mesmo tem a seqüência ABC, ou seqüência direta, quando em relação a um ponto fixo, os três vetores de tensão girando no sentido anti- horário passarem pelo ponto fixo com a seguinte ordem: A, B e C. Para a situação em que VAN = 瓢肉√脑 Ð-90° V , VBN = 瓢肉√脑 Ð150° V e VCN = 瓢肉√脑 Ð30° V define-se que o mesmo tem a seqüência CBA, ou seqüência inversa(cf.figura abaixo). 27 Nos geradores que têm as bobinas conectadas em D , considerando-se que VAB = VL Ð120° V , VBC = VL Ð0° V e VCA = VL Ð240° V define-se que o mesmo tem a seqüência ABC, ou seqüência direta, quando em relação a um ponto fixo, os três vetores de tensão girando no sentido anti-horário passarem pelo ponto fixo com a seguinte ordem: AB, BC e CA (observar que as primeiras letras dão a seqüência ABC). Para a situação em que VAB = VL Ð240° V , VBC = VL Ð0° V e VCA = VL Ð120° V define-se que o mesmo tem a seqüência CBA, ou seqüência inversa. 5.4 – ÂNGULOS DAS TENSÕES Após o estabelecimento de uma seqüência arbitrária, pode-se descobrir o valor dos ângulos de cada uma das tensões trifásicas. A figura abaixo apresenta estas tensões (conexões em Y e D) com a seqüência ABC. Ao se adotar VBC como referência, pode-se descobrir as demais tensões. 28 A figura abaixo apresenta as tensões (conexões em Y e D ) para a seqüência CBA. Exemplo : A figura abaixo apresenta uma carga trifásica equilibrada ligada em D.Cada uma das impedâncias tem valor Z = 5Ð45° W. O gerador está ligado com a seqüência ABC e o valor da tensão de linha é de 220 V. Para uma carga ligada em D as correntes de fase são iguais as correntes de linha divididas por √3 . Os ângulos das correntes de linha são determinados pela seqüência adotada. Para a seqüência ABC tem-se: 29 As correntes de linha são dadas por: IA = IAB – ICA Û IA = 44Ð75º - 44Ð-165º Û IA = 76,21Ð45º A IB = IBC – IAB Û IB = 44Ð-45º - 44Ð75º Û IA = 76,21Ð-75º A IC = ICA – IBC Û IA = 44Ð-165º - 44Ð-45º Û IA = 76,21Ð165º A A seguir é apresentado o diagrama fasorial para o circuito alimentado com a seqüência ABC. 30 SINCRONIZAÇÃO DE ALTERNADORES POLIFÁSICOS 6.1 - CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA LIGAR ALTERNADORES EM PARALELO As condições estabelecidas abaixo representam, essencialmente, os requisitos básicos para a operação em paralelo de qualquer fonte de tensão, ou seja : (1) que as características de tensão sob carga das fontes sejam idênticas ou muito semelhantes; e (2) que as polaridades das fontes sejam iguais e opostas, umas em relação às outras, em quaisquer circunstâncias. Para que se apliquem às máquinas CA, estes requisitos básicos devem ser particularizados, ou seja : ü Os valores eficazes (CA) das tensões devem ser idênticos, isto é, todas as máquinas devem ter a mesma tensão eficaz. ü As tensões de todos os alternadores a serem ligados em paralelo devem ter a mesma forma de onda. ü As tensões devem estar exatamente em oposição de fase (um alternador em relação ao outro ou em relação ao barramento). ü As freqüências de todos os alternadores, a serem ligados em paralelo, devem ser as mesmas. ü As características combinadas de tensão total de alternadores e da velocidade da máquina primária devem ser descendentes com a aplicação de carga. ü Apenas para as máquinas polifásicas, a sequência de fase das tensões polifásicas da máquina que entra no sistema deve ser a mesma do barramento. Há apenas duas sequências de fase possíveis para um alternador trifásico (ABC ou CBA), pela simples razão de que há apenas dois sentidos possíveis para a rotação dos pólos em relação aos enrolamentos da armadura. A fig. 6.1 mostra um alternador, à esquerda, em vias de ser ligado em paralelo com um alternador (ou barramento) à direita. 31 Fig. 6.1 O rotor do alternador da esquerda gira no sentido anti-horário, enquanto que o da direita gira no sentido horário. Ainda assim, a sequência de fases é a mesma para ambas as máquinas (ABC-ABCA), como se indica pelas fases encontradas por um pólo norte unitário girando em torno da armadura e induzindo tensões. A sequência de fases pode ser conferida de uma forma simples, ligando-se um pequeno motor de indução ao barramento e observando-se o seu sentido de rotação. Liga-se, após, o motor de indução ao alternador que vai entrar em paralelo e, se o sentido de rotação é o mesmo, a sequência de fases da máquina que vai entrar em paralelo é a mesma do barramento. Se o motor gira no sentido oposto, qualquer par de terminais do alternador que vai entrar em paralelo deve ter suas posições invertidas (terminais junto às chaves da fig. 6.1) e com isto se assegura a sequência de fases correta. A sequência de fases pode ser também conferida por fasímetro que nada mais é que um indicador de sequência de fases . A sincronização pode ser conseguida utilizando-se os métodos das lâmpadas semelhantes. O método empregado na fig. 6.1 é o método da lâmpada apagada. Mesmo que os valores eficazes das tensões de fase e de linha, do alternador que entra em funcionamento e das máquinas já operando, sejam idênticos e também o sejam as freqüências dos alternadores, as lâmpadas da fig. 6.1 podem não estar apagadas. Deve-se acelerar ou retardar levemente o alternador que está entrando em funcionamento, a fim de encontrar o momento preciso para fechar a chave sincronizante (isto é, quando as lâmpadas se apagam), enquanto as lâmpadas estão piscando juntas. Se as lâmpadas não piscam juntas, as fases não estão corretamente ligadas às chaves, ou a sequência de fases está incorreta. A inversão de um par qualquer de terminais resolverá o problema. A desvantagem de usar-se o método da lâmpada apagada para alternadores polifásicos está no fato de ficar difícil determinar, mesmo para um piscar lento, o ponto intermediário do período apagado (quando os alternadores estão exatamente em sincronismo e as fem exatamente defasadas 180º umas em relação às outras), o que pode ser melhorado com a introdução de voltímetros em paralelo com as lâmpadas. 32 6.2 - SUMÁRIO DO PROCEDIMENTO PARA LIGAR EM PARALELO ALTERNADORES POLIFÁSICOS A lista a seguir pode servir como um sumário dos passos necessários para colocar alternadores polifásicos em paralelo com outros alternadores, através de um barramento. ü O alternador é trazido à velocidade nominal e seu valor eficaz de tensão de linha é ajustado à tensão do barramento através de um voltímetro. ü A sequência de fases é verificada através do fasímetro. ü A freqüência do alternador a ser ligado é comparada à do barramento através de um frequencímetro. Se a freqüência da máquina a ser ligada é baixa, aumenta-se a velocidade de sua máquina primária; se é alta, a velocidade é reduzida. ü A chave de paralelismo é fechada no instante em que as lâmpadas ou voltímetros indicam que as tensões fase-a-fase são exatamente iguais e opostas. O alternador estará então ligado e flutuando na linha. ü Faz-se com que o alternador assuma carga, aumentando-se a velocidade de sua máquina primária. ü O fator de potência no qual funciona o alternador, no que diz respeito à sua potência reativa, é ajustado por meio de seu reostato de campo. ü A tensão do barramento é ajustada, atuando-se simultaneamente em todos os reostatos de campo.