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MÓDULO 
5
EDUCAÇÃO 
POLÍTICA PARA 
CIDADANIA
FUNDAMENTAL E MÉDIO: 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS
DANYELLE NILIN GONÇALVES
MARIA CLARA RIBEIRO MARTINS
SUMÁRIO
1. Introdução ........................................................................ 67
2. Cidadania e direitos humanos ............................................. 68
3. Educação e cidadania: alguns enfoques ................................ 70
4. O que dizem os documentos oficiais? ................................... 72
5. Cidadania e escola básica: aproximando crianças, 
adolescentes e jovens ......................................................... 74
6. Práticas pedagógicas e cidadania ........................................ 76
 Referências ....................................................................... 78
66 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
1
INTRODUÇÃO
Em algum momento, você deve ter 
ouvido alguém falar que política 
não se discute. Essa frase está no 
imaginário popular há muito tem-
po e reflete como os indivíduos veem o cam-
po político como algo distante da própria 
realidade. Ainda que a participação política 
tenha se mostrado mais evidente nos últi-
mos anos, principalmente após a ascensão 
das plataformas digitais, como o Facebook, 
o Brasil ainda é um país em que apenas 
uma parte restrita da sociedade entende 
como funciona o sistema democrático. Para 
além do voto, das eleições e da atuação 
dos(as) governantes, muita gente não co-
nhece os próprios direitos e deveres, sendo 
impedidos(as), assim, de desfrutar plena-
mente da própria cidadania. 
Esse cenário se apresenta como um grande 
desafio, afinal, a consolidação da democracia 
no nosso país passa também pela formação de 
uma sociedade consciente, capaz de contribuir 
para a construção de um país cada vez melhor. 
Afinal isso também depende de nós. Diante 
disso, a educação política surge como uma 
ferramenta fundamental para modificar essa 
realidade. Neste Fascículo, você compreenderá 
o papel das práticas pedagógicas no ambien-
te escolar para a formação de cidadãos(as) 
engajados(as).
Por muito tempo, a escola foi vista como um 
lugar que reproduz uma educação bancária , 
prezando apenas pela irrestrita transferência 
de conhecimentos e desenvolvimento de algu-
mas habilidades, como a leitura e a escrita. Essa 
percepção da educação tende a colocar o(a) 
educando(a) numa posição de passividade, 
como um mero acumulador de informações e 
técnicas, capaz de corresponder expectativas 
mercadológicas e ter aptidão para o mercado 
de trabalho. Nesse modelo, não há preocupa-
ção com uma formação humanizada e, dessa 
maneira, o ambiente escolar passa a ser, princi-
palmente, um local de reprodução sistemática 
das desigualdades sociais (Freire, 2019).
Contudo, existem propostas que reivindi-
cam o exercício de uma educação crítica. No 
Brasil, essa vertente tem sido endossada prin-
cipalmente após o processo de redemocrati-
zação, uma vez que a escola, amparada pela 
LDB/1996 e outros dispositivos legais, passou 
a ter entre seus principais objetivos, a formação 
de cidadãos(ãs) dotados de valores democrá-
ticos e aptos a viverem em sociedade. Assim, 
essa outra perspectiva alimenta uma postura 
cidadã ativa, uma vez que incentiva os(as) estu-
dantes a participarem ativamente do processo 
de aprendizado, criando as possibilidades ne-
cessárias para a produção e construção do pró-
prio conhecimento, como sugere o pedagogo 
Paulo Freire, patrono da educação brasileira. 
Nessa perspectiva, o ambiente escolar dei-
xa de ser um mero local de habilitação para o 
mercado de trabalho e passa a ter, dentre ou-
tras atribuições, o papel de acolher e respei-
tar os conhecimentos e as vivências dos(as) 
educandos(as), assim como de incentivar as 
potencialidades que possam contribuir para a 
formação de uma sociedade menos desigual, 
mais justa e inclusiva. Percebe-se, assim, que a 
função social da escola passa a ser, dentre ou-
tras coisas, a de contribuir para o exercício de 
uma cidadania ativa, a partir de uma educação 
crítica e comprometida com valores democráti-
cos, como a tolerância e o respeito à diversida-
de. Assim, o compromisso do ambiente escolar 
não é apenas formar bons profissionais, mas 
também auxiliar na construção de um país mais 
harmônico e fraterno. 
Você sabia?Você sabia?
A escola também atua enquanto 
um ambiente de integração e so-
cialização dos indivíduos. Por meio 
dos esportes, por exemplo, é possí-
vel desenvolver senso de liderança, 
respeito e cooperação, além de ou-
tros benefícios relacionados à saú-
de física e mental dos estudantes .
1FONTE: Ministério da educação. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/component/tags/tag/33410-esporte-na-escola> Acesso em 20 de julho de 2023.
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 67
2
CIDADANIA E DIREITOS 
HUMANOS
A educação é uma das atividades 
sociais mais elementares, pois 
além de desenvolver os indivídu-
os, ajuda a formar a sociedade. 
Podemos dizer que ela está presente em 
diferentes sociedades, em todos os tempos. 
Nas sociedades contemporâneas, além da 
educação informal, aquela que se dá a partir 
da experiência do cotidiano, da experimen-
tação, repetição de hábitos e aprendizagem 
de novas práticas, há também a educação 
formal, aquela que se aprende na escola, a 
partir de currículos, de métodos específicos 
e de avaliações. Ao mesmo tempo que ela 
é uma atividade eminentemente humana, é 
também um direito humano fundamental .
Podemos dizer que a educação é um di-
reito social e está diretamente relacionada 
com a construção da cidadania. Por isso, é 
necessário cobrar do Estado a garantia de 
que os indivíduos tenham acesso à edu-
cação formal, legitimada pela sociedade 
contemporânea, já que ela possibilita ao in-
divíduo o mínimo de acesso ao padrão civi-
lizacional. À medida que as crianças, jovens 
e adultos têm acesso à escola, eles(as) têm a 
possibilidade de refletir sobre o que é cida-
dania e de participar ativamente do seu pro-
cesso de construção, mudando assim suas 
vidas e de suas comunidades. 
Todavia, como aprendemos em fascícu-
los anteriores, os sentidos atribuídos à cida-
dania não são universais e imutáveis, já que 
dependem das transformações históricas, 
culturais e sociais vividas. Os termos “cida-
dania” e “direitos humanos” no Brasil, muitas 
vezes, se confundem, sendo esvaziados de 
sentido e usados de maneira contraditória. 
Cidadania, às vezes, é confundida somente 
com a ideia de ter direitos e deveres, atri-
buindo a essa proposição de que cidadão(ã) 
é aquele(a) que cumpre fielmente as regras 
da coletividade. Nessa perspectiva, indivídu-
os que cometem crimes e delitos estariam 
excluídos automaticamente da condição de 
cidadãos(ãs). Assim, não seriam dignos(as) 
do acesso aos direitos humanos.
Podemos nos perguntar: alguém pode 
ser excluído do acesso aos direitos huma-
nos? Afinal, o que são os tão proclamados 
direitos humanos? Como surgiram e a quem 
são destinados? Eles foram definidos numa 
Assembleia Geral das Nações Unidas, em 10 
de dezembro de 1948, motivados pelos hor-
rores produzidos na Segunda Guerra Mun-
dial. São, portanto, um conjunto de normas 
e proposições que reconhecem a necessida-
de de proteger a dignidade de todos os se-
res humanos, como um ideal a ser atingido 
por todos os povos.
68 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
A Declaração dos Direitos Humanos abarca o conjunto da vida social e enumera 
uma série de direitos: à vida, à liberdade e à segurança pessoal, à liberdade de loco-
moção e residência dentro das fronteiras de cada estado, à propriedade, à seguran-
ça social, ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de 
trabalho, à proteção contra o desemprego, a uma remuneração justa, ao repouso 
e lazer, alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos, à instrução, à vida 
cultural da comunidade e outros. Ela também reafirma o direito a tomar parte no 
governo de seu país diretamente ou por intermédio de representanteslivremente 
escolhidos, à liberdade de reunião e associação pacífica, à liberdade de opinião e 
expressão. Também deixa claro que tudo isso implica deveres e compromissos em 
relação ao bem da comunidade.
Embora garantidos pela declaração dos 
direitos humanos e pelas Constituições dos pa-
íses, muitas vezes esses direitos não são efetiva-
dos. Em muitos casos, as pessoas nem se dão 
conta de que têm direitos sociais, civis e políti-
cos ou que eles estão sendo violados. Para sua 
real efetivação, além do papel do Estado, a so-
ciedade civil deve organizar-se em sua defesa e 
promoção, sendo uma tarefa, portanto, de toda 
a coletividade. Pela função social a ela atribuí-
da na contemporaneidade, a escola tem papel 
crucial na educação para o exercício da cidada-
nia e dos direitos humanos.
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 69
3
EDUCAÇÃO E CIDADANIA: 
ALGUNS ENFOQUES
O jurista Dalmo Dallari, especia-
lista em direitos humanos, afir-
ma que os(as) docentes têm 
grande responsabilidade e po-
der na transmissão e promoção dos valo-
res democráticos, uma vez que dispõem da 
possibilidade de influir para a correção de 
problemas históricos e distorções profun-
damente injustas. É aqui onde se mostra 
a força dos(as) professores(as): na valiosa 
contribuição para a formação de uma nova 
sociedade em que a dignidade humana 
seja, de fato, o primeiro dos valores e, a 
partir daí as pessoas se respeitem recipro-
camente e sejam solidárias umas com as 
outras (Dallari, 2004, p.42).
Para que isso ocorra, é necessário pri-
meiramente que os(as) próprios(as) docen-
tes tenham consciência dos seus direitos e 
do seu papel social. Como questiona Padi-
lha: como alguém que não se respeita, que 
não respeita os seus próprios direitos, que 
às vezes nem os conhece e que não sabe 
defendê-los, poderia ensinar outro alguém 
sobre o exercício de algum direito ou sobre 
qualquer outro conteúdo de forma crítica 
e emancipadora? Ou como alguém que 
está desacostumado a ser ético pode agir 
socialmente com justiça? Ou, ainda, como 
um(a) professor(a) que se deixa vencer pela 
70 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
rotina, por mais dura que possa ser, pode 
contribuir para a formação de sujeitos que 
exerçam plenamente a sua cidadania e sai-
bam defender seus direitos civis, sociais e 
políticos? (Padilha, 2008, p. 27-28).
Porém, nem sempre a atuação do(a) 
professor(a) e da educação promovem 
efetivamente a cidadania. Isso porque há 
diferentes enfoques a respeito da cidada-
nia e a partir deles, diferentes propostas e, 
consequentemente, resultados distintos. 
Primeiramente devemos nos perguntar: 
toda ideia de cidadania é crítica? Toda pro-
posição de cidadania conduz a formação 
de estudantes críticos(as), engajados(as) 
coletivamente, conscientes do seu papel e 
de seus direitos? A resposta é não!
Madeira et al (2012) apresentam duas 
perspectivas de cidadania e suas implica-
ções para as práticas pedagógicas. A primei-
ra defende o exercício da cidadania numa 
dimensão mais tradicional, vinculada sim-
plesmente à realização de direitos e deve-
res. Educar para cidadania, nessa lógica, se 
encerra muitas vezes na difusão dos direitos 
e deveres presentes na lei.
Em outra dimensão mais crítica, a cidada-
nia é entendida como atividade de produção 
de direitos para além daqueles concedidos 
pela lei, sendo, portanto, uma conquista 
construída e (re)construída continuamente 
na vivência em sociedade. Nesse aspecto, 
além de os sujeitos se verem como seres li-
vres e autônomos, também se percebem 
como partes de uma comunidade. O resulta-
do disso implica um sentido de pertencimen-
to, mas também de protagonismo e de res-
ponsabilidade pelo espaço social e coletivo . 
O que vai fazer a diferença na adoção de 
uma ou outra perspectiva será a prática pe-
dagógica do(a) educador(a), que pode traba-
lhar a partir de uma visão estreita e passiva 
de cidadania ou, ao contrário, estimular uma 
postura mais complexa, crítica e ativa dos(as) 
alunos(as), não se limitando simplesmente 
a apresentar a cidadania como assunto em 
algumas aulas, mas torná-la fundamento de 
sua prática e uma vivência real. 
Denominamos educação política para 
a cidadania o processo de socialização de 
conhecimentos que ajude as pessoas a 
compreenderem os desafios da vida cole-
tiva, os debates políticos e, em certa me-
dida, a participar mais ativamente desses 
processos. Percebemos que isso é algo 
mais do que necessário para a sociedade 
brasileira, não é? E é também um desejo 
das pessoas. Em uma pesquisa realizada 
pelo Instituto Datafolha em 2019, 71% dos 
entrevistados acreditavam na importância 
de debater assuntos políticos e cívicos na 
escola e 54% apoiavam a inserção dessas 
temáticas no currículo.
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 71
4
O QUE DIZEM OS 
DOCUMENTOS OFICIAIS?
A esse ponto, você já deve ter 
aprendido um pouco mais sobre 
a importância da educação polí-
tica nas escolas. Mas, amparada 
em quê essa possibilidade se torna viável? 
Neste tópico, será possível aprender como 
os principais dispositivos legais possibilitam 
a existência de uma educação crítica e cida-
dã no ambiente escolar.
O processo de redemocratização do Bra-
sil incidiu diretamente no campo educacio-
nal do país. A reformulação da Constituição 
Federal (CF), em 1988, enfatizou preceitos 
fundamentais ligados ao acesso à cidada-
nia e à dignidade humana. A educação pas-
sou a ser um direito de todos(as) e dever do 
Estado e da família, tendo entre os princi-
pais objetivos a promoção e o incentivo do 
pleno desenvolvimento da pessoa e uma 
formação cidadã e laboral. (Brasil: 1988). A 
seguir, veja o que cada documento fala so-
bre o ambiente escolar como um lugar privi-
legiado para o exercício da cidadania e para 
a formação de indivíduos críticos:
72 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
A partir dos destaques anteriores, você 
deve ter percebido que as proposições pre-
sentes na CF, LDB, DCNEB e BNCC contri-
buem para o fomento de uma educação 
política efetiva no ambiente escolar, pois en-
dossam a necessidade de uma formação li-
gada a valores republicanos e democráticos, 
que tornam os indivíduos mais conscientes 
da própria dignidade e os encoraja a desen-
volver uma participação cidadã ativa . 
Assim, pode-se inferir que a educação 
política no ambiente escolar é encorajada 
através dos dispositivos legais menciona-
dos, que, em conjunto, reiteram a necessi-
dade de os(as) estudantes desenvolverem 
uma postura cidadã ativa a partir da autono-
mia, do conhecimento crítico, da tolerância 
e do respeito às diferenças.
LEI DE DIRETRIZES E BASES (LDB)
A LDB é responsável por regulamentar as disposições sobre o sistema educacional 
brasileiro, garantidas pela Constituição. No artigo 22 do documento, consta que uma das 
finalidades da educação básica é desenvolver o educando, assegurando uma formação 
para o exercício da cidadania. Além disso, também reitera valores essenciais para a estru-
turação de um ambiente escolar democrático, como o apreço à tolerância, o pluralismo 
de ideias e a liberdade de pensamento e expressão. (Brasil:1996)
DIRETRIZES CURRICULARES NACIO-
NAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA (DCNEB)
Na DCNEB, o acesso à educação é visto como um direito humano universal e inalienável, 
capaz de capacitar os indivíduos para o exercício de outros direitos. Uma das proposi-
ções é a de que a educação escolar assuma o dever de formar sujeitos conscientes dos 
próprios direitos e deveres, tornando-os comprometidos com a transformação social e a 
difusão ética de valores como liberdade, justiça, pluralidade, solidariedade e sustentabili-
dade. (Brasil:2013)
BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR 
(BNCC)
A Base Nacional Curricular Comum busca assegurar aos/às estudantes o desenvolvimen-
to de habilidades que auxiliem no processo de aprendizagem, preparando-os(as) para 
lidar com questões próprias da vida pessoal e laboral. As competências propostas pela 
BNCC visam, dentre outras coisas, contribuirpara a formação de uma sociedade mais 
justa, democrática e inclusiva, que valoriza a diversidade de saberes, incentiva e promove 
os direitos humanos e socioambientais. No documento, também é citado que a educação 
deve incentivar o exercício da cidadania e o pensamento crítico. (Brasil: 2018)
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 73
5
CIDADANIA E ESCOLA BÁSICA: 
APROXIMANDO CRIANÇAS, 
ADOLESCENTES E JOVENS
Você deve estar se perguntando: 
mas esses temas não são difíceis 
de serem debatidos em sala de 
aula? Ou ainda deve estar pen-
sando: política e cidadania não são assunto 
para crianças e adolescentes. Respondemos 
que sim, esse é um assunto de todos(as), afi-
nal, fazemos parte da sociedade desde que 
nascemos e entender os desafios da coleti-
vidade é uma tarefa social que leva tempo e, 
portanto, precisa ser construída cotidiana-
mente. Além disso, é bom lembrarmos que 
as crianças são sujeitos constituídos de di-
reitos e, portanto, também são impactadas 
pelas decisões tomadas pelos outros. 
Adotando metodologias específicas e ade-
quadas à cada etapa do ensino, tornamos 
essas discussões bem mais próximas da vida 
do(a) discente e fáceis de serem entendidas, o 
que faz o processo interessante para todos(as). 
Esses temas e práticas não somente podem, 
como devem ser discutidos e, sobretudo, vi-
venciados no cotidiano escolar e não apenas 
em momentos específicos. Afinal, estar na es-
cola traz a possibilidade de vermos como re-
gras são pensadas e executadas (desde os ca-
lendários letivos, horários de entrada e saída, 
74 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
Quer saber mais?Quer saber mais?
Neste artigo, você encontrará reflexões sobre como abordar os temas da Política e Democracia 
com crianças e adolescentes. Acesse o site ou veja no QRCode: https://claudia.abril.com.br/politica-
-poder/criando-cidadaos-como-tratar-de-politica-com-criancas-e-adolescentes .
avaliações); como há interesses diferentes e 
como a vida social requer negociações (como 
os pactos estabelecidos entre docentes e dis-
centes); como se pode participar de decisões 
seja na condição de eleitores(as) (como na 
eleição de diretores(as)) ou de integrantes de 
instâncias colegiadas de tomada de decisão 
(como o Conselho Escolar e Grêmios Estudan-
tis). A escola gera a reflexão sobre como a edu-
cação é um direito social que impacta a vida 
das pessoas, como os direitos são violados e 
o que pode ser feito para que isso não ocorra. 
Todas essas situações são extremamente pe-
dagógicas e podem ser trabalhadas em sala 
de aula à medida que vão surgindo. A política 
na vida cotidiana então se torna o material 
para a análise.
Consideramos, portanto, que não há lu-
gar mais fértil para essas discussões, afinal 
a escola é também espaço do contraditório, 
das diferenças e da diversidade. Um lugar, 
portanto, para se exercitar empatia, respei-
to, tolerância e capacidade de negociação, 
tudo o que compõe a ideia de democracia.
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 75
6
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 
E CIDADANIA
Vimos que a educação política pode 
ser bem instigante para os(as) dis-
centes e docentes. No ambiente 
escolar, pode-se utilizar ferramen-
tas e recursos educacionais que auxiliem 
no desenvolvimento de conhecimentos e 
habilidades que dialogam com conceitos e 
práticas ligadas à cidadania. 
O cinema, por exemplo, pode ser um 
aliado. A partir de filmes e documentários 
é possível mobilizar as turmas para a rea-
lização de debates sobre acontecimentos 
históricos, políticos, culturais e sociais. As 
eleições de grêmios escolares também são 
uma oportunidade educativa e participativa 
ímpar para se discutir sobre o formato da 
democracia brasileira. Demonstram, na prá-
tica, como se dá a representação política, 
que bandeiras e proposições são defendidas 
e como ocorrem as escolhas feitas através 
do voto (Martins; Dayewll: 2013). Esses são 
apenas alguns exemplos práticos que po-
dem auxiliar nas discussões sobre conceitos 
clássicos como democracia, representação 
e participação popular. 
As disciplinas eletivas que surgem na 
esteira do Novo Ensino Médio aparecem 
como oportunidades para reforçar uma 
educação política mais eficaz nas escolas. 
É possível, por exemplo, ministrar uma 
disciplina sobre Fake News, onde os(as) 
estudantes, além de entenderem sobre os 
malefícios das notícias falsas na sociedade, 
também podem aprender a realizar a che-
cagem de notícias e estimular que produ-
zam experiências inovadoras.
Além dos recursos já consagrados em sala 
de aula, o uso de metodologias ativas são fer-
ramentas importantes nesse processo: assim 
se inverte a lógica da produção de conheci-
mento e se estimulam posturas mais ativas 
que promovam o verdadeiro protagonismo 
estudantil, algo tão presente na BNCC. Os ex-
perimentos sociais, produção de pesquisas 
realizadas por estudantes, oficinas, rodas de 
conversa e uso de games temáticos são algu-
mas dessas possibilidades.
Para as crianças e pré-adolescentes, a 
própria experiência cotidiana em sala de 
aula pode ser aproveitada para trazer à tona 
essas temáticas, além da oferta de livros 
infanto-juvenis que tratam do assunto. Já 
há um bom número de obras sobre política, 
cidadania e temas afins para esse público.
VOCÊ SABIA? VOCÊ SABIA? 
A Coordenadoria de Protagonismo Estudantil da Secretaria de Educação do Es-
tado do Ceará tem uma Célula de Projetos Educacionais, Articulação e Mobilização 
Estudantil (CEPEA). Ela é responsável pelos seguintes programas: Grêmio Estudan-
til, Grupos Cooperativos de Apoio à Escola (Gcape), Círculo de Leitura, Jovens Em-
baixadores, Jovem Senador, Parlamento Jovem Brasileiro e Eleitor do Futuro. Para 
conhecer mais, acesse https://www.seduc.ce.gov.br/protagonismo-estudantil/
76 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
SUGESTÃO: SUGESTÃO: 
Como diversos estudos de-
monstram, a educação política nas 
escolas pode acontecer, também, 
através da criação de um podcast 
escolar. Os próprios alunos, com a 
ajuda dos professores, podem ficar 
encarregados de falar sobre temá-
ticas que envolvam política e cida-
dania a partir de uma linguagem e 
de exemplos práticos que sejam in-
teressantes ao público-alvo. É uma 
atividade que pode interessar aos 
estudantes e tem um baixo custo 
para sua efetivação. Acesse o QRco-
de e veja a sugestão de um artigo 
para inspirar você! (Moura; Carva-
lho: 2006) 
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 77
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Fe-
derativa do Brasil. Brasília, DF: Senado 
Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Ministério da Educação. Base 
Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
BRASIL. Ministério da Educação. Se-
cretaria de Educação Básica. Secretaria 
de Educação Continuada, Alfabetização, 
Diversidade e Inclusão. Secretaria de 
Educação Profissional e Tecnológica. 
Conselho Nacional da Educação. Câmara 
Nacional de Educação Básica. Diretrizes 
Curriculares Nacionais Gerais da Educação 
Básica. Ministério da Educação. Secretaria 
de Educação Básica. Diretoria de Currículos 
e Educação Integral. Brasília: MEC, SEB, DI-
CEI, 2013. 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, LDB. 9394/1996.
BENEVIDES, M. V. Educação para a demo-
cracia. Lua Nova, São Paulo, n. 38, p. 223-
237, 1996.
DALLARI. D. A. Um breve histórico dos 
direitos humanos. In: CARVALHO, J. S. 
(Org.). Educação, cidadania e direitos hu-
Neste fascículo, fizemos uma discussão 
sobre o papel da escola como promotora 
da educação para a cidadania. Vimos que, 
além dos conteúdos que constituem pro-
priamente a atuação pedagógica em sala 
de aula, o ambiente escolar proporciona 
uma diversidade de experiências e práticas 
a partir das quais podemos refletir sobre 
política, democracia e cidadania. Feito esse 
percurso, te convidamos a experimentar e 
construir novos repertórios no campo da 
educação política para a cidadania!
78 Fundação Demócrito Rocha | Universidade Aberta do Nordeste
SOBRE AS AUTORAS: 
Danyelle Nilin Gonçalvesé cientista social, 
Mestra e Doutora em Sociologia pelo Programa 
de Pós-Graduação em Sociologia da Universi-
dade Federal do Ceará. Professora do Depar-
tamento de Ciências Sociais da UFC. Coorde-
nadora de Sociologia do Programa Residência 
Pedagógica/Capes. Coordenadora Nacional do 
Mestrado Profissional de Sociologia em Rede 
Nacional (Profsocio).
Maria Clara Ribeiro Martins é cientista so-
cial, Mestra e Doutoranda em sociologia pelo 
Programa de Pós-Graduação em Sociologia da 
Universidade Federal do Ceará.
manos. Petrópolis: Vozes, 2004. p. 19-42.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: 
saberes necessários à prática educati-
va. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
MADEIRA, Michelande Cardoso et al.. Prá-
tica pedagógica e cidadania: contradi-
ções nas práticas que formam o cida-
dão. Anais IV FIPED... Campina Grande: 
Realize Editora, 2012. Disponível em: <ht-
tps://editorarealize.com.br/artigo/visuali-
zar/466>. Acesso em: 22/07/2023 13:40
MARTINS, André S.; DAYRELL, Juarez T. 
Juventude e Participação: o grêmio 
estudantil como espaço educativo. 
Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 38, 
n. 4, p. 1267-1282, out./dez. 2013. 
MOURA, Adelina.; CARVALHO, Ana Amélia A. 
Podcast: potencialidades na educação. 
Prisma.com, Portugal, n. 3, p. 88-110, 2006. 
PADILHA, Paulo R. Educação em direitos 
humanos sob a ótica dos ensinamentos 
de Paulo Freire. Revista Múltiplas Leitu-
ras, v.1, n. 2, p. 23-35, jul. / dez, 2008.
EDUCAÇÃO POLÍTICA PARA CIDADANIA 79
AUTORES:
Maria Clara Ribeiro
Cientista social, mestra e doutoranda em sociologia pelo Programa de Pós-Gra-
duação em Sociologia da Universidade Federal do Ceará.
Danyelle Nilin Gonçalves
Cientista social, mestra e Doutora em sociologia pelo Programa de Pós-Gradua-
ção em Sociologia da Universidade Federal do Ceará. Professora do Departa-
mento de Ciências Sociais da UFC. Coordenadora de Sociologia do programa 
residência pedagógica/Capes. Coordenadora nacional do Mestrado Profissional 
de Sociologia em Rede Nacional ( Profsocio).
Apoio: Parceria: Realização:
Todos os direitos desta edição reservados à:
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Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora 
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fundacao@fdr.org.br
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Luciana Dummar Presidente | André Avelino de Azevedo Diretor Administrativo-Financeiro | Marcos Tardin Gerente-Geral | Lia Leite Gerente Editorial | 
Andréa Araújo Gerente de Marketing e Design | Chico Marinho Gerente de Audiovisual | Raymundo Netto Gerente de Projetos | Aurelino Freitas e 
Fabrícia Góis Analistas de Projetos | Narcez Bessa Analista de Contas
UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE)
Deglaucy Jorge Gerente Educacional | Jôsy Cavalcante Coordenadora Pedagógica | Marisa Ferreira Coordenadora de Cursos | Márcia Doudement 
Secretária Escolar | Isabela Marques Desenvolvedora Front-End | Ágata Ribeiro e Alisson Aragão Estagiários(as) em Mídias e Tecnologias para Educação 
| Bianka Silva, Lucas Gomes Gonçalves e Wesley Militão Fernandes Mendes Estagiários(as) em Letras
POLÍTICO, EU!?! – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO POLÍTICO-CIDADÃ
Valéria Xavier Concepção e Coordenadora Geral | Monalisa Soares Coordenadora de Conteúdo | Lia Leite Coordenadora Editorial | Daniel Oiticica 
Revisor | Andrea Araujo Projeto Gráfico e Editora de Design | Mariana Araujo e Welton Travassos Designer Gráfico | Carlus Campos Ilustrador | 
Daniele de Andrade Analista de Projetos 
ISBN: 978-65-5383-073-8

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