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1 AUDITORIA AMBIENTAL 2 AUDITORIA AMBIENTAL 3 SUMÁRIO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E AUDITORIA AMBIENTAL ............................. 5 Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico .......................................................... 5 Desenvolvimento Sustentável ................................................................................... 12 Gestão Ambiental ...................................................................................................... 14 Normas ISO 14.000 e a Gestão Ambiental ............................................................... 25 O QUE É AUDITORIA AMBIENTAL .......................................................................... 35 HISTÓRICO DA AUDITORIA AMBIENTAL ............................................................... 37 AUDITORIA AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO EMPRESARIAL E POLÍTICA PÚBLICA DA EVOLUÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL NO MUNDO ......................................................................................... 45 Auditoria .................................................................................................................... 47 Auditoria Ambiental ................................................................................................... 48 Impactos e Passivos Ambientais ............................................................................... 51 CLASSIFICAÇÃO DAS AUDITORIAS AMBIENTAIS (TIPOS DE AUDITORIAS) ........................................................................................................... 62 Classificação de Acordo com os Objetivos da Auditoria ............................................ 64 ITENS ESSENCIAIS À APLICAÇÃO DA AUDITORIA AMBIENTAL ......................... 65 O Auditor Ambiental .................................................................................................. 70 AS ETAPAS DA AUDITORIA AMBIENTAL ............................................................... 73 PLANEJAMENTO E PREPARAÇÃO DA AUDITORIA .............................................. 75 APLICAÇÃO DA AUDITORIA NO LOCAL ................................................................ 81 Plano de Ação ......................................................................................................... 100 4 ROTEIRO PARA A APLICAÇÃO DE AUDITORIAS AMBIENTAIS ......................... 103 QUESTIONÁRIO DE PRÉ-AUDITORIA .................................................................. 105 Modelos de Questionários de Pré-Auditoria ............................................................ 105 PROTOCOLO DE AUDITORIA AMBIENTAL .......................................................... 109 O CENÁRIO ATUAL E AS TENDÊNCIAS DA AUDITORIA AMBIENTAL ............... 135 Certificação de Sistemas de Gestão Ambiental ...................................................... 137 SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO ................................................................ 141 Importância e Tendências das Auditorias Compulsórias ......................................... 142 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 146 5 SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL E AUDITORIA AMBIENTAL Antes de aprofundar o conteúdo sobre Auditoria Ambiental é necessário introduzir alguns conceitos, como a Gestão Ambiental, e explicar o porquê da importância crescente da adoção de técnicas de melhoria ambiental no mundo globalizado. Afinal, a melhoria ambiental, o desenvolvimento sustentável e seus imperativos são diretrizes do processo de Gestão Ambiental, que, por sua vez, tem como uma de suas ferramentas a Auditoria Ambiental. Este curso tem como objetivo contribuir com a difusão dos conhecimentos, técnicas e modos de aplicação da Auditoria Ambiental no contexto brasileiro. Nos diversos módulos procura-se mostrar a sua importância e a adoção de posturas ambientalmente corretas não só como ferramenta para inclusão no mercado globalizado, mas também pelos impactos positivos propiciados para a sociedade como um todo. O público-alvo do curso são os estudantes, empresários, profissionais autônomos, associações e organizações que trabalham com a área ambiental ou desejam conhecer mais sobre este tema. Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico A partir da segunda metade do século XX o acelerado crescimento demográfico mundial e a expansão da capacidade técnico-produtiva das indústrias começaram a colocar em evidência que os recursos naturais mundiais e sua capacidade de regeneração natural são limitados, e que sua escassez pode significar uma séria ameaça ao futuro e bem-estar da humanidade. E para agravar a situação observa-se o aumento crescente da demanda mundial por produtos e serviços, o que explica a forte pressão sobre os meios de produção de energia e a busca por novas fontes energéticas. Os recursos naturais são fundamentais para a sobrevivência da humanidade, pois além de propiciarem o desenvolvimento tecnológico eles são responsáveis pela manutenção da vida na Terra, já que estão diretamente ligados aos processos energéticos e aos ciclos bioquímicos, como o hidrológico, o do carbono, do fósforo, etc. 6 É importante citar que na natureza não existe lixo, pois o resíduo de um processo natural é matéria-prima de outro, estabelecendo uma contínua reciclagem de matéria e energia, o que garante a renovação dos recursos naturais (observe a figura 1). Exemplo: animais comem as plantas, animais morrem, bactérias decompositoras decompõem o corpo do animal em nutrientes e minerais que nutrem o solo, plantas precisam de nutrientes do solo para crescer. Em sua definição, recursos naturais são elementos da natureza com utilidade para o homem, com o objetivo de desenvolvimento da civilização, sobrevivência e conforto da sociedade em geral. Podem ser renováveis, ou seja, após certo tempo serão naturalmente repostos, como a energia do Sol e do vento, e não renováveis, como o petróleo, o gás natural e minérios em geral, recursos estes com estoques limitados. CICLOS NATURAIS DE RECICLAGEM DOS RECURSOS NATURAIS EVIDENCIAM QUE NA NATUREZA NÃO EXISTEM RESÍDUOS No entanto, é necessário entender o conceito de capacidade de suporte do meio, que é o nível de utilização dos recursos ambientais que um sistema ambiental ou um ecossistema pode suportar, garantindo-se a sustentabilidade e a conservação de tais recursos e o respeito aos padrões de qualidade ambiental (vide figura 2). Não 7 importa se o recurso é renovável ou não renovável, o meio ambiente sempre tem uma capacidade máxima de suporte relacionada ao tempo que aquele recurso leva para se regenerar naturalmente (exemplo: capacidade de autodepuração de corpos d’água). POPULAÇÃO MÁXIMA SUSTENTÁVEL PELO BRASIL CONSIDERANDO O IMPACTO AMBIENTAL DE CADA HABITANTE FONTE: Revista Veja, edição 2071, 30 jul. 2008. Todos os problemas ambientais atuais são resultantes de um padrão de desenvolvimento econômico que não buscava mitigar os impactos ambientais de sua produção e desenvolvimento tecnológico, ou seja, não adotava posturas ambientalmente corretas ou trabalhava dentro da capacidade de suporte do meio ambiente. A figura 3, a seguir, ilustra a relação entre meio ambiente e desenvolvimento econômico: o meio ambiente fornece os insumos e energia necessária, ou seja, toda a matéria-prima que entra nas diversas fases de uma cadeia produtiva, desde a extração do recurso natural até o uso e consumo final do produto,e em todas as fases são gerados resíduos que são dispostos no meio ambiente, muitas vezes, sem o tratamento adequado ou acima da capacidade de suporte do meio. Essa interação insustentável entre o homem e o ambiente gerou os problemas ambientais atuais que causam consequências adversas, principalmente à saúde humana e para a economia mundial. 8 FIGURA - EFEITOS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO SOBRE O MEIO AMBIENTE A maneira de gerir a utilização dos recursos naturais é o fator que determina o grau de impacto das ações antrópicas sobre o ambiente natural. O grau de impacto é função de três variáveis: a diversidade dos recursos extraídos do ambiente, a velocidade de extração destes recursos (se permite ou não a sua reposição) e a forma de disposição e tratamento dos seus resíduos e efluentes. Uma análise da United Nations Environment Programme (UNEP) ou Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente sobre os grandes problemas mundiais da atualidade em relação ao ambiente levantou 12 grandes dificuldades que preocupam pesquisadores, administradores e gerentes da área ambiental, são elas: 1. Crescimento demográfico rápido: Mesmo considerando que a taxa de fecundidade das mulheres está diminuindo nos países desenvolvidos, o crescimento demográfico aliado ao desenvolvimento tecnológico acelera a pressão sobre os sistemas e recursos naturais, e em geral traz como consequência, mais 9 impactos ambientais, em razão do aumento na produção industrial e aos padrões de consumo. 2. Urbanização acelerada: além do rápido crescimento demográfico, a aglomeração de população em áreas urbanas está gerando grandes centros com 15 milhões de habitantes ou mais. Esses centros de alta densidade populacional demandam maiores recursos, energia e infraestrutura, além de criarem problemas complexos de caráter ambiental, econômico e principalmente social. TABELA- VARIAÇÃO DO CRESCIMENTO POPULACIONAL ESTIMADO EM 1992, PARA O PERÍODO DE 1965 A 2025 FONTE: Sebrae, 2004. 3. Desmatamento: a taxa anual de desmatamento das florestas, especialmente das tropicais, ocasiona diversos problemas como erosão, diminuição da produtividade dos solos, perda de biodiversidade, assoreamento de corpos hídricos, etc. 4. Poluição marinha: a poluição marinha está se agravando cada vez mais devido a: descargas de esgotos domésticos e industriais, por meio de emissários submarinos, desastres ecológicos de grandes proporções, como naufrágio de petroleiros, acúmulo de metais pesados no sedimento marinho nas regiões costeiras e estuários, perda de biodiversidade (exemplo: espécies frágeis de corais), poluição térmica de efluentes de usinas nucleares, etc. 10 5. Poluição do ar e do solo: ocasionada principalmente pelas indústrias, agroindústria e automóveis, por meio de: emissões atmosféricas das indústrias, disposição inadequada de resíduos sólidos (exemplo: lixões) e de resíduos industriais que causam poluição do solo, acúmulo de aerossóis na atmosfera, provenientes da poluição veicular e industrial, contaminação do solo por pesticidas e herbicidas, etc. 6. Poluição e eutrofização de águas interiores – rios, lagos e represas: a poluição orgânica proveniente dos centros urbanos e atividades agropecuárias gera uma variedade de efeitos sobre os recursos hídricos continentais, os quais são fundamentais para o abastecimento público das populações. Essa pressão resulta na deterioração da qualidade da água, causada pelo fenômeno da eutrofização, acúmulo de metais pesados no sedimento, alterações no estoque pesqueiro e geralmente inviabiliza alguns dos usos múltiplos dos recursos hídricos. 7. Perda da diversidade genética: o desmatamento e outros problemas ambientais acarretam perda de biodiversidade, ou seja, em extinção de espécies e perda da variabilidade da flora e da fauna. A biodiversidade e seus recursos genéticos são fundamentais para futuros desenvolvimentos tecnológicos. 8. Efeitos de grandes obras civis: a construção de obras civis de grande porte, como represas de usinas hidrelétricas, portos e canais, gera impactos consideráveis e difíceis de mensurar sobre sistemas aquáticos e terrestres. 9. Alteração global do clima: o aumento da concentração dos gases estufa na troposfera terrestre (primeira camada da atmosfera) e de partículas de poluentes está causando um fenômeno conhecido como aquecimento global, que é o aumento da temperatura do planeta, devido à maior retenção da radiação infravermelha térmica na atmosfera. Cada grau Celsius de aumento da temperatura terrestre irá trazer consequências diferentes e estas são acumulativas. Segundo o 2º relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), apenas 1ºC a mais já é suficiente para derreter as geleiras de topos de montanha do mundo todo, comprometendo abastecimentos locais de água, e se o aumento chegar a 4ºC estima-se que até 3,2 bilhões de pessoas poderão sofrer com a falta d’água e que a subida do nível do mar irá ameaçar a existência de cidades costeiras em todo o 11 planeta. As previsões de aquecimento para o fim deste século estimam entre 1,8ºC e 4ºC a mais na média da temperatura mundial. 10. Aumento progressivo das necessidades energéticas e suas consequências ambientais: o aumento da demanda energética devido ao crescimento populacional, urbanização e crescente desenvolvimento tecnológico geram a necessidade da construção de novas usinas hidrelétricas e termelétricas, grandes e pequenas usinas nucleares, etc. E quanto maior a utilização de combustíveis fósseis (termelétricas, carvão mineral) mais gases de efeito estufa são lançados na atmosfera. Outros tipos de matrizes energéticas como hidrelétricas e usinas nucleares possuem impactos ambientais associados à sua construção e operação (exemplo: falta de tratamento para os resíduos nucleares). 11. Produção de alimentos e agricultura: a agricultura de alta produção é uma grande consumidora de energia, de pesticidas e de fertilizantes. A expansão das fronteiras agrícolas aumenta as taxas de desmatamento e perda de biodiversidade. 12. Falta de saneamento básico: principalmente nos países subdesenvolvidos, a falta de saneamento básico é um problema crucial devido às inter-relações entre doenças de veiculação hídrica, distribuição de vetores, expectativa de vida adulta e taxa de mortalidade infantil. E também pela poluição orgânica gerada pelo aporte de esgotos domésticos e drenagem pluvial em corpos d’água devido à falta de infraestrutura adequada e a lançamentos irregulares. Dentre os problemas ambientais que afetam o Brasil, podemos listar os mais críticos: 1. Desmatamento, que acarreta em perda de Biodiversidade; 2. Erosão devido a desmatamento e manejo inadequado do solo na agricultura e pecuária; 3. Poluição das águas e solos devido à falta de saneamento básico nas áreas urbanas e rurais; 4. Falta de políticas de gerenciamento de resíduos sólidos nas áreas urbanas, gerando “lixões”; 5. Poluição industrial. 12 No entanto, a partir da década de 70 a humanidade começou a tomar consciência dos seus impactos sobre a natureza em virtude, principalmente, às consequências econômicas que as reações da natureza a esses impactos geravam, como mais gastos com saúde pública. Isso levou ao surgimento de uma nova abordagem de desenvolvimento econômico conciliatório com a preservação ambiental. Surgiu assim o conceito de desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento Sustentável A expressão “Desenvolvimento Sustentável” foi criada em 1987 com a publicação do Relatório Brundtland, intitulado “Nosso futuro comum”, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas. E em 1992, na Conferência Mundial sobre Meio Ambiente no Rio de Janeiro (Rio-92), ao assinarem a “Agenda21” quase 200 países firmaram um compromisso de busca coletiva por um mundo sustentável do ponto de vista ecológico e socioeconômico, ou seja, atingir a sustentabilidade passou a ser o maior desafio para a humanidade no século XXI. Para alcançar a sustentabilidade é necessário primeiro que o desenvolvimento da sociedade seja sustentável. Assim surgiu o conceito de Desenvolvimento Sustentável, que é definido como o desenvolvimento que “atende às necessidades das presentes gerações sem prejudicar o atendimento das necessidades das gerações futuras”. O desenvolvimento sustentável não consiste apenas na busca de um novo modelo de desenvolvimento aliado à conservação do meio ambiente, mas sim na busca pelo desenvolvimento que seja ao mesmo tempo ambientalmente adequado, economicamente viável e socialmente justo, estes três fatores formam o triângulo da sustentabilidade. 13 TRIÂNGULO DA SUSTENTABILIDADE FONTE: Ecoesfera Empreendimentos Sustentáveis, 2008. O conceito de Desenvolvimento Sustentável parece certamente um objetivo utópico e inatingível, pois envolve uma mudança de comportamento em toda a sociedade, afinal está diretamente associado ao modo como trabalhamos, produzimos, vivemos nossas vidas e ao modo com que os países e instituições conduzem suas políticas. Mas as pressões de consumidores e organizações sobre as cadeias produtivas, e dos indivíduos sobre os governos e instituições, vêm gerando modelos de desenvolvimento, sistemas de gestão e ferramentas, como a auditoria ambiental, que buscam compatibilizar o desenvolvimento econômico, o social e o meio ambiente. Há dois conceitos muito utilizados na área ambiental e diretamente relacionados com os pressupostos do desenvolvimento sustentável: preservação e conservação; são conceitos distintos, mas erroneamente são empregados com o mesmo significado. 14 Conservação implica uso racional de um recurso qualquer, ou seja, em adotar um manejo de forma a obter rendimentos garantindo a autossustentação do meio ambiente explorado. Já preservação apresenta um sentido mais restrito, significando a ação de apenas proteger um ecossistema ou recurso natural de dano ou degradação, ou seja, não utilizá-lo, mesmo que racionalmente e de modo planejado. Gestão Ambiental A gestão ambiental pode ser entendida como um processo adaptativo e contínuo, por intermédio do qual as organizações definem seus objetivos e metas relativos à proteção do meio ambiente, à saúde de seus empregados e aos seus impactos sobre clientes e comunidades, além de selecionar estratégias e meios para atingir estes objetivos. Os sistemas de gestão ambiental podem ser aplicados a qualquer atividade econômica, pública ou privada, principalmente nos empreendimentos potencialmente poluidores, como indústrias e agroindústrias, pois esse sistema possibilita que a organização controle e minimize os riscos ambientais das suas atividades. A gestão ambiental é um processo contínuo, ou seja, envolve constante avaliação da interação da empresa com o meio ambiente externo. Assim, os objetivos e metas podem ser redefinidos várias vezes durante o processo. 15 MEIO AMBIENTE EXTERNO À ORGANIZAÇÃO FONTE: Fiesp, 2007. A gestão ambiental integra em seu significado: 1. A política ambiental, que é o conjunto consistente de princípios doutrinários que conformam as aspirações sociais e/ou governamentais no que concerne à regulamentação ou modificação no uso, controle, proteção e conservação do ambiente. Uma estratégia ambiental adequada, expressa por meio de uma política ambiental. É o marco inicial para que as empresas considerem os aspectos ambientais das suas operações. 2. O planejamento ambiental, que é o estudo prospectivo que visa a adequação do uso, controle e proteção do ambiente às aspirações sociais e/ou governamentais expressas formal ou informalmente em uma política ambiental, por meio da coordenação, compatibilização, articulação e implantação de projetos de intervenções estruturais e não estruturais; 3. O gerenciamento ambiental, que é o conjunto de ações destinado a regular o uso, controle, proteção e conservação do meio ambiente, e a avaliar a conformidade da situação corrente com os princípios doutrinários estabelecidos pela política ambiental. 16 Observa-se assim que o gerenciamento ambiental, um conceito muito confundido com gestão ambiental, na verdade é parte integrante da gestão ambiental. A gestão ambiental é uma abordagem sistêmica de preocupação com os aspectos ambientais em todos os processos de uma organização (figura 6), incluindo até os aspectos de segurança e saúde ocupacional dos funcionários da operação. A figura 6 demonstra como o meio ambiente é um assunto universal em uma empresa, abrangendo um universo muito mais amplo do que a princípio se parece. Por ser um processo adaptativo e contínuo, a gestão ambiental busca a melhoria contínua, ou seja, é um processo de inovação incremental, focada e contínua, envolvendo toda a organização, que visa trazer uma contribuição significativa para a empresa por meio de pequenos ciclos sistemáticos de mudanças. Uma das definições para melhoria contínua é a busca pela excelência e por melhores resultados e níveis de desempenho de processos, produtos e atividades da empresa. A figura demonstra como a melhoria contínua é intrínseca a todas as etapas do processo da gestão ambiental por intermédio do ciclo PDCA. Assim, após o estabelecimento da Política Ambiental da organização, segue-se o Planejamento das Ações a serem tomadas (P), sua implementação e Operação (D), o Monitoramento dos resultados (C) e consequentes Ações Corretivas (A). 17 FIGURA - LIGAÇÃO DA ÁREA DE MEIO AMBIENTE COM AS DEMAIS ÁREAS FUNCIONAIS DE UMA ORGANIZAÇÃO FONTE: Adaptado de Seiffert, 2005. A MELHORIA CONTÍNUA EM TODAS AS ETAPAS DA GESTÃO AMBIENTAL 16 18 FONTE: Fiesp, 2007. O que significa ciclo PDCA? Na implantação de um sistema de gestão ambiental e em sua reavaliação periódica aplica-se o ciclo PDCA. Este ciclo possui quatro fases específicas: 1 – Plan: etapa de planejamento, quando são definidas as metas e métodos para desenvolvimento do plano de execução; 2 – Do: etapa de execução propriamente dita das ações e medição dos resultados; 3 – Check: etapa de avaliação, que consiste na comparação dos resultados obtidos com as metas planejadas na fase P; 4 – Act: etapa de ação, que envolve buscar soluções para eliminar problemas que tenham sido identificados na etapa de avaliação. Após a escolha da 19 solução mais efetiva, recomeça o ciclo com o planejamento de sua implantação (P). Se a etapa de avaliação não identifica problemas, novas metas devem ser estabelecidas e o ciclo novamente recomeçado. DETALHAMENTO DAS ETAPAS DO CICLO PDCA FONTE: Sebrae, 2004. Cada volta do ciclo PDCA deve sempre gerar um progresso, mesmo pequeno, assim cada mudança dá início a um novo ciclo que tem como base o ciclo anterior. Ou seja, o ciclo PDCA é uma espiral que promove a Melhoria Contínua (figura 9). ESPIRAL DO CICLO PDCA QUE CARACTERIZA SUA MELHORIA CONTÍNUA 18 20 FONTE: Sebrae, 2004. Objetivos de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA): Estabelecer uma Política Ambiental; Identificar e controlar aspectos e impactos ambientais; Definir e documentar tarefas, responsabilidades, autoridades e procedimentos; Identificar, monitorar e cumprir requisitos legais (a empresa precisa atender todas as exigências da legislação ambiental em vigor, como o licenciamento ambiental); Promover comunicaçãoentre os setores da empresa e com os clientes; Estabelecer objetivos, metas e medir desempenho ambiental; Treinar colaboradores internos (funcionários) e parceiros; Atender e evitar situações de emergência; Identificar oportunidades de negócios ambientais; Integrar o SGA com outros sistemas existentes e; Promover melhoria contínua. 21 Para cumprir estes objetivos, um Sistema de Gestão Ambiental possui alguns elementos ou ferramentas básicas: Política Ambiental; Implantação do Programa de Gestão Ambiental considerando a avaliação ambiental inicial da empresa (isto é, os programas e práticas ambientais já existentes); Definir a estrutura organizacional e área corporativa que responderá pela gestão ambiental; Integração da gestão ambiental com as várias atividades da organização; Monitoramento, medição e registros dos aspectos ambientais; Ações corretivas e preventivas; Auditorias ambientais; Análises críticas do Sistema de Gestão Ambiental; Treinamento dos funcionários e comunicação interna entre os diversos setores da empresa; Comunicação com clientes e fornecedores; Analisando os itens acima, podemos observar que a auditoria ambiental é uma ferramenta para assegurar que política ambiental e os objetivos ambientais da empresa sejam atingidos, e que também ajuda a controlar e aperfeiçoar o desempenho ambiental de acordo com a política ambiental da companhia. 22 FIGURA- COMPONENTES DA GESTÃO AMBIENTAL E SUAS RELAÇÕES FONTE: Sebrae, 2004. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE (2004) existem cinco itens que procedimentos simples de gestão ambiental devem enfocar na busca de melhoria do desempenho ambiental e de aspectos econômicos de uma companhia. São os cinco menos que são mais: 1) Minimização do desperdício de água na produção; 2) Minimização do desperdício de energia por unidade de produção; 3) Minimização das perdas de matéria-prima por unidade de produção; 4) Minimização da geração de resíduos; 5) Minimização da poluição. Assim, dentro de um contexto organizacional a gestão ambiental abrange o conceito de ecoeficiência: produzir mais com o menor impacto ambiental possível, ou seja, reduzindo o consumo de recursos naturais e a geração de resíduos; e é uma forma de fazer com que as organizações evitem problemas com multas ambientais ou inadimplência legal, pois preconiza o respeito a toda a legislação vigente. Uma das grandes razões para a adoção da prática de ecoeficiência são os 23 ganhos financeiros envolvidos, pois se reduzem as perdas na cadeia produtiva, principalmente as perdas de matéria-prima. Afinal, por que implementar Sistemas de Gestão Ambiental? A crescente conscientização ambiental da sociedade aumentou a pressão sobre a comunidade empresarial de que os padrões de produção e consumo correntes são insustentáveis. Assim, as empresas entenderam que, para continuarem funcionando, terão que integrar, cada vez mais, componentes ambientais às suas estratégias comerciais e seu planejamento estratégico. Atualmente as empresas que oferecem mais informações sobre o seu desempenho ambiental melhoram as relações com acionistas, fornecedores e consumidores e isso representa uma vantagem de mercado. Normalmente a implementação de um sistema de gestão ambiental é um processo voluntário. O grande motivo para a implantação desse sistema é que o meio ambiente representa ao mesmo tempo riscos e oportunidades. Para que uma empresa seja bemsucedida ela deve controlar os riscos e desenvolver as oportunidades. Ao optar pela implantação de um SGA, as companhias não recebem apenas benefícios financeiros, como economia de matéria-prima, menores gastos com resíduos, aumento na eficiência na produção e vantagens de mercado, mas sim, estão também diminuindo os riscos de não gerenciar adequadamente seus aspectos ambientais, como acidentes, multas por descumprimento da legislação ambiental, incapacidade de obter crédito bancário e outros investimentos de capitais, e perda de mercados por incapacidade competitiva. MOTIVOS PARA A IMPLEMENTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL FONTE: Sebrae, 2004. 24 Benefícios da adoção de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA): Conformidade legal, evita: Penalidades; Indenizações civis e processo criminal; Menor tolerância das autoridades; Paralisação das atividades; Mudança de local. Melhoria da imagem da companhia (reputação), pois: Os consumidores preferem produtos ecologicamente corretos, e o mercado reconhece e valoriza organizações ambientalmente corretas cada vez mais; Instituições financeiras e seguradoras avaliam o desempenho ambiental das empresas; Transparência e empresas “limpas” são bem vistas. Melhoria da competitividade (vantagem de mercado), pois: Compromisso ambiental é prática básica no comércio internacional; Consumidores mais influentes começam a exigir critérios ambientais; Padrões internacionais mais rigorosos para acesso a mercados; Com a globalização da economia mundial e a criação de grandes blocos internacionais, como a União Europeia, o cuidado com o meio ambiente passa a ser um fator estratégico. Redução de custos, devido à: Minimização dos desperdícios de matéria-prima e insumos; Eliminação de risco de passivo ambiental e despesas dele decorrentes. Conformidade junto à matriz e/ou clientes; Prevenir problemas X corrigir problemas (minimiza despesas com remediação e multas); 25 Melhoria contínua (estar sempre um passo adiante dos concorrentes). Concluindo, cuidado com meio ambiente não é apenas sinônimo de despesa, pois o gerenciamento ambiental também pode significar economia de insumos, maior valor agregado ao produto, novas oportunidades de negócios e boa reputação para as empresas identificadas como ecologicamente corretas. Normas ISO 14.000 e a Gestão Ambiental NORMAS ISO 14.000: O compêndio de normas ISO 14.000 é um pacote internacional de regulamentações de adesão voluntária para a certificação de sistemas de gestão ambiental (SGA) e outras ações de caráter ambiental. A adoção e certificação de normas ISO 14.000 por uma organização demonstra sua preocupação com o meio ambiente, pois obriga que a empresa assuma posturas proativas com relação às questões ambientais e tenha capacidade técnica para se adaptar às mudanças que o mercado exigir. A Série de Normas ISO 14.000 foi elaborada e publicada internacionalmente em 1996 pela ISSO, sigla em inglês para “Organização Internacional de Normalização”. Esta organização reúne organizações de normalização de mais de 100 países do mundo, entre as quais a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) do Brasil. A área da ISO responsável pela Série ISO 14.000 é o Comitê Técnico Ambiental 207, chamado ISO/TC207, que foi fundado em 1993, o comitê correspondente no Brasil é o de Gestão Ambiental, o CB-38 da ABNT. Estas normas foram traduzidas para o português pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e no Brasil são chamadas de família de normas NBR ISO 14.000. CERTIFICADO: É o produto da Certificação, uma declaração formal e explícita de “autenticidade”, de que a empresa está atuando dentro dos padrões necessários pela norma para obter a certificação. É válido apenas por um período específico de tempo. Para renovação do certificado a empresa precisa demonstrar seu comprometimento com a melhoria contínua. 26 EXEMPLO DE CERTIFICADO ISO 14001:2004 EMITIDO EM INGLÊS PARA UMA EMPRESA DO SETOR AERONÁUTICO FONTE: Fiesp, 2007. As normas ISO 14.000 não buscam estabelecer padrões e parâmetrosde desempenho ambiental mínimo, os quais devem ser preconizados pela legislação ambiental local, mas sim padronizar processos. Elas apresentam os elementos necessários à construção de um sistema que alcance as metas ambientais estabelecidas pela organização. O objetivo do compêndio de normas ISO 14000 é estabelecer uma base comum para uma gestão ambiental mais uniforme, eficiente e eficaz, assim será mais fácil confiar na autenticidade das declarações de processos certificados por estas normas. TABELA - COMPÊNDIO DE NORMAS NBR ISO 14.000 FAMÍLIA DE NORMAS NBR ISO 14.000 NORMAS PASSÍVEIS DE AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE ISO 14.001 Sistema de Gestão Ambiental - Especificações para Implantação e Guia ISO 14.040 Análise do Ciclo de Vida - Princípios Gerais 27 FONTE: Sebrae-SC, 2004. Podemos observar na tabela acima que dentro do compêndio de normas ISO 14.000, as normas ISO 14.010, 14.011 e 14.012 tratam exclusivamente de auditorias ambientais, seus princípios gerais, procedimentos e critérios para a qualificação de auditores. A norma ISO 14.001 define os requisitos mínimos para que um sistema de gestão ambiental (SGA) seja eficaz e as etapas para sua implantação como: estabelecimento de uma política ambiental adequada à realidade da empresa, planejamento, implementação e operação, avaliação, ações corretivas (ciclo PDCA) e auditoria ambiental. NORMAS AUXILIARES ISO 14.004 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) - Diretrizes Gerais ISO 14.010 Guias para Auditoria Ambiental - Diretrizes Gerais ISO 14.011 Diretrizes para Auditoria Ambiental e Procedimentos para Auditorias ISO 14.012 Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios de Qualificação de Auditores ISO 14.020 Rotulagem Ambiental - Princípios Básicos ISO 14.021 Rotulagem Ambiental - Termos e Definições ISO 14.022 Rotulagem Ambiental - Simbologia para Rótulos ISO 14.023 Rotulagem Ambiental - Testes e Metodologias de Verificação ISO 14.031 Avaliação da Performance Ambiental ISO 14.032 Avaliação da Performance Ambiental dos Sistemas de Operadores ISO 14.041 Análise do Ciclo de Vida – Inventário ISO 14.042 Análise do Ciclo de Vida - Análise dos Impactos ISO 14.043 Análise do Ciclo de Vida - Migração dos Impactos 28 FIGURA - RESUMO DO CICLO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL CERTIFICADO PELA ISO Observa-se que o ciclo PDCA é intrínseco ao processo FONTE: Sebrae, 2004. Atualmente, a certificação de um Sistema de Gestão Ambiental pela ISO 14.001 é um requisito essencial para as empresas que desejam competitividade em um contexto de mercado globalizado por meio da melhoria de seu desempenho ambiental, e pode ser aplicada a qualquer atividade econômica, fabril ou prestadora de serviços. Em 2004, a norma internacional de Sistema de Gestão Ambiental ISO 14.001 foi revisada e atualizada e já está publicada em português pela ABNT, como NBR ISO 14001:2004. A certificação, hoje, é um fator determinante de competitividade não só para empresas de grande porte, mas para as de médio e pequeno porte também. No contexto internacional, apesar das normas ISO 14.000 serem de adesão voluntária pelas organizações, elas são consideradas importantes instrumentos de controle da qualidade ambiental. Nas páginas a seguir estão figuras com gráficos e tabelas extraídos do Anuário 2008 - Análise Gestão Ambiental, uma publicação da Análise Editorial, que 26 29 compila as práticas ambientais das maiores empresas do Brasil. O objetivo destes extratos do anuário é demonstrar a realidade atual da gestão e certificação ambiental no país. O anuário resume os dados coletados em 2008 e compara com os dados anteriores de 2007. Observe com atenção os dados dos extratos abaixo, principalmente aqueles destacados em vermelho. Eles demonstram como os conceitos sobre gestão ambiental adquiridos nas seções anteriores são aplicados na prática. A figura demonstra a amostra utilizada para totalização dos resultados do anuário. No total, 649 empresas de diversos setores econômicos foram entrevistadas. Observe que os ramos de atividades mais entrevistados foram: alimentos, metalurgia e siderurgia, química e petroquímica, e de veículos e peças; ou seja, indústrias com características de alto potencial poluidor. FIGURA – QUALIFICAÇÃO DA AMOSTRA TOTALIZADA (649 EMPRESAS) DO ANUÁRIO 2008 - ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL FONTE: Adaptado de Análise Gestão Ambiental, 2008. 30 FIGURA - RESULTADOS DE PRÁTICAS E PROCEDIMENTOS DO ANUÁRIO 2008 - ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL FONTE: Adaptado de Análise Gestão Ambiental, 2008. 28 31 FIGURA - CONTINUAÇÃO DOS RESULTADOS DE PRÁTICAS E PROCEDIMENTOS DO ANUÁRIO 2008 - ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL 29 32 FONTE: Adaptado de Análise Gestão Ambiental, 2008. FIGURA – TOTALIZAÇÃO POR SETOR DOS RESULTADOS DE PRÁTICAS E PROCEDIMENTOS DO ANUÁRIO 2008 ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL FONTE: Adaptado de Análise Gestão Ambiental, 2008. 30 33 Observa-se nas figuras que a principal norma aplicada além da ISO 14.001 (sobre SGA) é a norma de Auditorias Ambientais, e o setor que mais a aplica é o Industrial. TOTALIZAÇÃO POR SETOR DOS RESULTADOS DE ORGANIZAÇÃO E RESPONSABILIDADES PELA GESTÃO AMBIENTAL DO ANUÁRIO 2008 - ANÁLISE GESTÃO 31 AMBIENTAL FONTE: Adaptado de Análise Gestão Ambiental, 2008. 34 RESULTADOS RELATIVOS À TREINAMENTO E POLÍTICAS DE DIVULGAÇÃO E INFORMAÇÃO DO ANUÁRIO 2008 - ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL 32 FONTE: Adaptado de Análise Gestão Ambiental, 2008. 35 As informações iniciais da figura, relativas ao treinamento, demonstram que o treinamento dos funcionários é essencial nas implantações de sistemas de gestão ambiental e de outras ações ambientais. Aproximadamente 90% das empresas entrevistadas afirmam realizar treinamentos relativos à gestão e riscos ambientais. Já os dados da figura sobre as políticas de divulgação e informação demonstram a veracidade da informação de que as organizações que possuem programas ambientais procuram dar publicidade das suas ações visando marketing, vantagens de mercado e melhoria da imagem institucional, pois 80% das empresas pesquisadas afirmam possuir programa de comunicação das suas ações ambientais. Observando o quadro da figura 19, que assegura que 49 empresas gastaram R$ 7,4 bilhões de reais nos últimos três anos com passivos ambientais, isto é, remediando os seus impactos negativos sobre o meio ambiente, podemos ter uma ideia dos altos benefícios financeiros que podem ser proporcionados pela implantação de sistemas de gestão ambiental, já que os mesmos visam principalmente impedir a ocorrência de passivos ambientais. O QUE É AUDITORIA AMBIENTAL Atualmente a auditoria ambiental é considerada uma das ferramentas da gestão ambiental de mais destaque. A competição internacional e o processo acelerado de fusões e aquisições de empresas passaram a requerer verificações rigorosas, para que passivos ambientais existentes pudessem ser avaliados e seu valor levado em consideração nos negócios, criando assim a necessidade de auditorias ambientais. Além de necessitarem de grandes custos para sua remediação, passivos e danos ambientais pode ferir a imagem de uma empresa, o que levou as organizações a estabelecerem processos sistemáticos de verificação dos cuidados com o meio ambiente, como a auditoria ambiental, em suas matrizes e filiais. A Norma NBR ISO 14.010 define Auditoria Ambiental como o “processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos, sistemas de gestão e condições ambientais específicosou as informações relacionadas a 36 estes estão em conformidade com os critérios de auditoria e para comunicar os resultados deste processo ao cliente”. Resumindo e simplificando o conceito acima temos que a Auditoria Ambiental é “um processo sistemático e formal de verificação, por uma parte auditora, se a conduta ambiental e/ou desempenho ambiental de uma entidade auditada atendem a um conjunto de critérios especificados”. (PHILIPPI JR. & AGUIAR, 2004). A auditoria ambiental é o retrato do desempenho ambiental da empresa em um determinado momento, ou seja, verifica se até aquele ponto a empresa está atendendo os padrões ambientais estabelecidos pela legislação ambiental vigente. Ou seja, a auditoria ambiental visa principalmente verificar o sistema de gestão ambiental de uma organização. É uma ferramenta importante que deve ser usada pelas empresas para controlar a observância a critérios e medidas estipulados com o objetivo de evitar a degradação ambiental, que em geral decorre quando há falta ou pouco controle do impacto ambiental das operações. A auditoria ambiental identifica áreas de risco e problemas de infração ou desvio no cumprimento das normas padronizadas, apontando tanto os pontos fortes da operação quanto os fracos. Assim, é interessante que a operação candidata à certificação ambiental estude e conheça mais sobre os benefícios e exigências da ferramenta auditoria ambiental antes da implantação de um sistema de gestão ambiental. É importante diferenciar que a auditoria ambiental é uma ferramenta de gestão ambiental e não um instrumento de controle ambiental, pois não estabelece as normas e padrões a serem seguidos e a tecnologia necessária para tal, mas sim busca avaliar se as normas existentes estão sendo observadas pela operação, se a empresa possui uma política ambiental e se é capaz de melhorar o seu desempenho ambiental constantemente (melhoria contínua). Assim, o sistema de gestão ambiental passou a sistematizar a auditoria ambiental como a prática que permite melhoria contínua, pois sua metodologia permite identificar práticas que não estão em conformidade (práticas não adequadas também chamadas comumente de práticas não conformes) e quais as medidas necessárias para corrigir esses erros. 37 FIGURA - CICLO DE MELHORIA CONTÍNUA GERADO PELAS AUDITORIAS FONTE: Philippi Jr. & Aguiar, 2004. A classificação de uma auditoria ambiental é definida pelo seu objetivo. Nos próximos módulos serão detalhados todos os diversos tipos de auditorias ambientais para diferentes necessidades, tais como: 1. Auditoria Ambiental de certificação; 2. Auditoria Ambiental de acompanhamento; 3. Auditoria Ambiental de verificação de correções (ou de follow-up); 4. Due dilligence; 5. Auditoria de descomissionamento (decomissioning); 6. Auditoria de desempenho ambiental; 7. Auditoria pontual. HISTÓRICO DA AUDITORIA AMBIENTAL HISTÓRICO DA EVOLUÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL NO MUNDO 38 FONTE: Sebrae, 2004. Acompanhando a evolução da gestão ambiental no mundo, a partir da década de 1970 as indústrias começaram a se preocupar com a aplicação e a melhoria das tecnologias para tratamento das emissões de poluentes. Nessa época, diversos processos, em especial na indústria química, petroquímica e de energia, estavam sujeitos a acidentes graves, como vazamentos tóxicos, explosões e incêndios, e esses acidentes ocorriam e geravam prejuízos não só ambientais, mas também sociais e econômicos. Assim, a auditoria ambiental surgiu nos Estados Unidos no final da década de 70, como obrigação imposta por agências regulamentadoras após acidentes graves. A primeira destas exigências foi aplicada em 1978 para a Allied Chemical. A empresa então estabeleceu um programa corporativo de auditorias de meio ambiente, saúde e segurança ocupacional, em consequência de um acidente ocorrido em 1977. Outros acidentes que geraram auditorias ocorreram em 1979, com a United States Steel, e com a Occidental Petroleum, em 1980. Além desses casos, outros acontecimentos foram os que mais influenciaram na adoção de Programas de Auditorias Ambientais, como: 1- O vazamento radioativo na usina de Three Mile Island, nos EUA, em 1979; 39 2- E o vazamento de Isocianato de Metila na Fábrica da Union Carbide, em Bhopal, na Índia, em 1984 (quando mais de 2.000 pessoas morreram). Na mesma época muitas empresas também começaram a aplicar a auditoria ambiental para se prepararem para inspeções da Environmental Protection Agency - EPA (Agência de Proteção Ambiental – órgão governamental de controle ambiental americano) e/ou para melhorar suas relações com o poder público. Já na Europa, a auditoria ambiental começou a ser utilizada nas filiais de empresas norte-americanas por influência das suas matrizes. O primeiro registro de auditoria ambiental na Europa ocorreu na Holanda em 1985. Em seguida, a prática da auditoria passou a ser disseminada em outros países, como Inglaterra, Noruega e Suécia, também por influência de matrizes americanas. Mesmo que a prática da gestão e da auditoria ambiental tenha surgido na década de 70, foi apenas no início dos anos 90 que apareceram as primeiras normas para padronização dos métodos de implantação destes sistemas. Em 1992, no Reino Unido, surgiu a primeira norma de sistema de gestão ambiental normatizando a auditoria ambiental: a BS 7750 (BSI, 1994), baseada na BS 5770 de Sistema de Gestão da Qualidade. Em seguida, outros países, como França e Espanha, também criaram normas para a implantação de sistemas de gestão ambiental e condução de auditorias ambientais. Em 1995, entrou em vigor o Regulamento da Comunidade Econômica Europeia - CEE no 1.836/93, que trata do sistema de gestão e auditoria ambiental da União Europeia (Environmental Management and Auditing Scheme - EMAS). Em 2001 este sistema foi revisado e foi aberto para todos os setores econômicos, incluindo serviços públicos e privados. Uma comissão propôs revisar o regulamento novamente em 2008. A busca de uma normalização padronizada internacionalmente para a auditoria ambiental começou a ser discutida em 1991 com a criação do Strategic Advisory Group on Environment – Sage no âmbito da ISO - sigla em inglês para “Organização Internacional de Normalização”. O resultado dessa discussão foi a Série de Normas ISO 14.000, elaborada e publicada internacionalmente em 1996 por esta organização que reúne organizações de normalização de mais de 100 40 países do mundo, entre as quais a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), do Brasil. É importante lembrar que em 2004 a norma internacional para a certificação de Sistemas de Gestão Ambiental ISO 14.001 foi revisada e atualizada e já está publicada em português pela ABNT, como NBR ISO 14001:2004. Já no Brasil, a auditoria ambiental surgiu por meio da legislação de alguns estados e municípios no início da década de 90. Também na mesma época algumas filiais no país de empresas norte- americanas conduziram auditorias ambientais por exigência de suas matrizes. Atualmente no Brasil, a auditoria ambiental não é mais um procedimento restrito somente a filiais ou subsidiárias de empresas estrangeiras. No entanto, esta prática continua sendo mais aplicada em filiais de empresas estrangeiras e em empresas que apresentam algum vínculo mercadológico com o setor externo, principalmente nas que buscam maior competitividade no exterior. VANTAGENS E DESVANTAGENS EM APLICAR A AUDITORIA AMBIENTAL A auditoria ambiental pode ser entendida como uma ferramenta básica para indicar a saúde ambiental de uma empresa. Assim, quando a direção da empresa está comprometida com melhoria contínua e possui recursos disponíveis para corrigir as não conformidades detectadas,a auditoria ambiental permite obter benefícios como: Identificação e registro das práticas que estão conformes e não conformes com a legislação vigente; Identificação e registro das práticas que estão conformes e não conformes com a política ambiental da empresa (caso haja uma); Conscientização da diretoria sobre as práticas não conformes da empresa e necessidades de mudanças, evitando surpresas e possibilitando planejamento de ações; 41 Assessoria na implementação e melhoria da qualidade ambiental da empresa; Assessoramento na alocação eficiente de recursos (financeiro, tecnológico e humano) segundo as necessidades de melhoria mais urgentes: priorização de investimentos; Avaliação, controle e redução do impacto ambiental gerado pela atividade; Identificação de passivos ambientais, existentes ou potenciais; Minimização dos resíduos gerados e dos recursos usados pela empresa, o que pode levar à diminuição de custos de produção; Produção de informações e dados organizados sobre o desempenho ambiental da empresa, que podem ser acessadas por investidores e clientes; Promoção de conscientização e educação ambiental dos empregados, além de melhorias à saúde ocupacional; Prevenção de acidentes e multas ambientais; Melhoria da imagem junto ao público, à comunidade e o setor público; Redução de conflitos com os órgãos públicos responsáveis pelo controle ambiental; Melhoria de posicionamento em mercados com requerimentos ambientais específicos, como para exportação. No entanto, existem desvantagens na aplicação da auditoria ambiental, como: Necessidade de recursos adicionais (financeiro, tecnológico e humano) para implementar os programas de melhoria; Possibilidade de ocorrer gasto expressivo de recursos para atender a melhoria das não conformidades detectadas; Falsa-sensação de segurança em relação à prevenção de acidentes e multas ambientais, caso a auditoria tenha sido conduzida de modo incompleto e de forma inexperiente; Possibilidade que a empresa sofra pressões de órgãos governamentais e grupos ambientais para demonstrar seus resultados de desempenho ambiental. 42 Uma vantagem externa proporcionada pela auditoria ambiental é que para o setor público e a sociedade sua aplicação pelas empresas, com a divulgação dos resultados e desempenho, é tida como um instrumento auxiliar dos órgãos ambientais na proteção do meio ambiente. AUDITORIA AMBIENTAL E LEGISLAÇÃO Um dos principais critérios a ser considerado na realização de auditorias ambientais é o efetivo cumprimento da legislação. O tipo de legislação ambiental a ser considerado é variável e irá depender do tipo de auditoria que está sendo realizado e do perfil de negócios da empresa. O levantamento, análise e identificação da legislação vigente aplicável às atividades da organização a ser auditada é uma etapa indispensável e imprescindível à execução da auditoria ambiental, pois a verificação do cumprimento da legislação federal, estadual e municipal é um dos seus principais objetivos. A auditoria ambiental ainda não é prevista pela legislação federal, existe apenas um projeto de lei no Congresso Nacional (Projeto de Lei nº 1.254/2003). No entanto, em alguns estados e municípios brasileiros ela já se encontra incorporada à legislação ambiental. No Rio de Janeiro a auditoria ambiental deve ser realizada anualmente e é exigida para refinarias, oleodutos e terminais de petróleo e seus derivados, instalações portuárias, instalações destinadas à estocagem de substâncias tóxicas e perigosas, unidades de tratamento de resíduos tóxicos ou perigosos e de esgoto doméstico, fontes térmicas e radioativas para geração de energia elétrica e para a instalação de indústrias petroquímicas, químicas, siderúrgicas e metalúrgicas (art. 5º da Lei nº 1.898/1991). 43 TABELA - EXEMPLOS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE AUDITORIA AMBIENTAL Estado/Município Situação Lei no 10.627 de 16/01/1992 regulamentação Espírito Santo Lei no 4.802 de 02/08/1993 Regulamentada 3 anos Não Cita Santos (SP) Lei no 10.627 de 05/011/1991 Sem regulamentação 2 anos Externa São Sebastião (SP) Lei no 848 de 10/04/1992 Regulamentada 2 anos Externa Vitória (ES) Lei no 3.968 de 15/09/1993 Regulamentada 2 anos Externa FONTE: Adaptado de D’Avignon et al., 2001. Também no estado do Rio de Janeiro a Lei nº 1.898/1991, em seu artigo 1º, afirma que se denomina auditoria ambiental a realização de avaliações e estudos destinados a determinar: níveis efetivos ou potenciais de poluição ou de degradação ambiental, provocados por atividades de pessoas físicas ou jurídicas; condições de operação e de manutenção dos equipamentos e sistemas de controle da poluição; Periodicidade Critérios para auditoria Federal Lei n o 9.966 de 28/04/2000 (portos, instalações portuárias, plataformas e instalações de apoio) Em vigor anos 2 Externa Rio de Janeiro Lei n o 1.898 de 26/11/1991 Regulamentada 1 ano Interna / Externa Minas Gerais Sem 3 anos Externa 44 medidas a serem tomadas para restaurar o meio ambiente e proteger a saúde humana; capacitação dos responsáveis pela operação e manutenção dos sistemas, rotinas, instalações e equipamentos de proteção do meio ambiente e da saúde dos trabalhadores. Abaixo estão alguns artigos da Lei nº 1.898/1991 que ilustram a aplicação prática de conceitos vistos nas seções anteriores. Art. 6º - Sempre que constatadas quaisquer infrações deverão ser realizadas auditorias trimestrais até a correção das irregularidades, independentemente da aplicação de penalidade administrativas. Art. 7º - As diretrizes para a realização de auditorias ambientais em indústrias poderão incluir, entre outras, avaliações relacionadas aos seguintes aspectos: I - Impactos sobre o meio ambiente provocados pelas atividades de rotina; II - Avaliação de riscos de acidentes e dos planos de contingência para evacuação e proteção dos trabalhadores e da população situada na área de influência, quando necessária; III - Atendimento aos regulamentos e normas técnicas em vigor no que se refere aos aspectos mencionados nos Incisos I e II deste artigo. IV - Alternativas tecnológicas, inclusive de processo industrial, e sistemas de monitoração contínua disponíveis no Brasil e em outros países, para a redução dos níveis de emissão de poluentes; V - Saúde dos trabalhadores e da população vizinha. Art. 8º - Todos os documentos relacionados às auditorias ambientais, incluindo as diretrizes específicas e o currículo dos técnicos responsáveis por sua realização, serão acessíveis à consulta pública. Art. 9º - A realização de auditorias ambientais não exime as atividades efetiva ou potencialmente poluidoras ou causadoras de degradação ambiental do atendimento a outros requisitos da legislação em vigor. (Lei nº 1.898/1991 do Rio de Janeiro). 45 Com o aumento da legislação ambiental que trata do tema constata-se a existência de conflitos e incompatibilidades entre os atos normativos, principalmente em relação aos seguintes aspectos: Definições; Objetivos; Classificação dos tipos de auditoria; Tipologia das atividades a serem auditadas; Diretrizes e periodicidade das auditorias; Fases de execução do processo; Permitir a participação popular no processo (consulta pública) ou não; Relatório final e sua publicidade; Requisitos e exigências de qualificação de auditores ambientais; Responsabilidades e atuações dos órgãos ambientais; Infrações e sanções. Assim, são necessários estudos urgentes para harmonizar, compatibilizar e padronizar as exigências da legislação ambiental que regulamentamas auditorias ambientais. Principalmente quando as leis são aplicáveis a um mesmo local, exemplo: estados e municípios, ambos com legislações sobre o assunto, como Espírito Santo e Vitória (a capital do estado). AUDITORIA AMBIENTAL COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO EMPRESARIAL E POLÍTICA PÚBLICA DA EVOLUÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL NO MUNDO A auditoria ambiental é um processo que nasceu na iniciativa privada, mas que vem sendo gradativamente incorporado às políticas públicas como instrumento de gestão e controle ambiental. Na maioria dos estados a auditoria ambiental não é um instrumento obrigatório por lei, sendo de caráter voluntário, e mesmo assim devido às suas características próprias é um instrumento eficiente de auxílio à fiscalização pelos órgãos públicos de controle ambiental. 46 No entanto, não se devem confundir as auditorias ambientais com outros processos de avaliação, como as fiscalizações realizadas pelos órgãos ambientais. A auditoria é um instrumento de gestão e melhoria contínua, não só uma inspeção de conformidade. As fiscalizações dos órgãos ambientais, por exemplo, em geral podem ser feitas sem aviso prévio e a companhia não pode recusar a visita, já as auditorias são programadas e voluntárias. Após a observação dos resultados da utilização sistemática da auditoria ambiental por algumas empresas, esta ferramenta passou a ser cogitada pelos governos e órgãos ambientais como um instrumento eficaz de política pública para o controle e monitoramento das atividades potencialmente poluidoras. Nas políticas públicas as auditorias podem ser usadas como instrumentos voluntários ou como obrigatórios, geralmente dentro dos processos de licenciamento ambiental. Outro exemplo de auditoria como instrumento obrigatório ocorreu em 2000, em que após acidentes ocorridos nas instalações da Petrobrás o Conselho Nacional de Meio ambiente (CONAMA) exigiu auditorias ambientais por parte da empresa. Porém, no caso em que a empresa realize o processo de auditoria ambiental voluntariamente, que é geralmente o que ocorre, seria interessante que fosse previsto algum benefício em lei para estes empreendedores, como a simplificação do seu processo de licenciamento ambiental. Principalmente por que a auditoria ambiental é um instrumento que verifica todas as ações de controle ambiental e todos os aspectos ambientais de uma empresa, ou seja, é um procedimento que tem o mesmo objetivo que o Licenciamento Ambiental (observe os extratos abaixo). 47 A Resolução normativa CONAMA nº 237/1997 define o licenciamento ambiental como o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. A licença ambiental é um documento com prazo de validade definido, em que o órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas de controle ambiental a serem seguidas pela atividade que está sendo licenciada. Ao receber a Licença Ambiental o empreendedor assume os compromissos para a manutenção da qualidade ambiental do local em que se instala. PLANEJAMENTO E CONDUÇÃO DA AUDITORIA AMBIENTAL Antes de abordar os novos conteúdos sobre a aplicação de uma auditoria ambiental é importante relembrarmos alguns conceitos apresentados anteriormente. CONCEITOS Auditoria A auditoria é um instrumento de gestão que pode ser definido como o processo de exame e/ou avaliação independente que tem o objetivo de identificar se uma determinada operação cumpre certos requisitos e critérios estabelecidos. Ou seja, são características importantes dos processos de auditoria: 1) O cliente que será auditado e que paga pelo processo; 2) O profissional auditor, que conduz a auditoria; 3) A auditoria é independente, só pode ser realizada por pessoas não envolvidas com a unidade auditada; 48 4) O objetivo, o escopo e o tipo de auditoria que irão definir o que será auditado. Para que uma auditoria seja bem-sucedida ela deve conter algumas características chaves: FIGURA - CARACTERÍSTICAS CHAVES DA AUDITORIA Auditoria Ambiental No módulo anterior já abordamos a definição de auditoria ambiental, no entanto, devido aos conteúdos novos que serão apresentados a seguir é necessário reforçar o mesmo conceito. O artigo 1º da Lei Estadual do Paraná nº 13.448 de 11/01/2002, que regulamenta a auditoria ambiental neste estado, traz uma definição mais atual e completa para este conceito: Art. 1º - Para os efeitos desta lei, denomina-se Auditoria Ambiental Compulsória a realização de avaliações e estudos destinados a verificar: I - o cumprimento das Normas Legais Ambientais em vigor; II -os níveis efetivos ou potenciais de poluição ou de degradação ambiental por atividades de pessoas físicas ou jurídicas; 49 III -as condições de operação e de manutenção dos equipamentos e sistemas de controle de poluição; IV -as medidas necessárias para assegurar a proteção do meio ambiente, saúde humana e minimizar impactos negativos e recuperar o meio ambiente. Por meio da leitura do conceito acima podemos perceber que existe uma série de problemas e riscos ambientais da operação que um programa de auditoria ambiental deve identificar, desde a parte da operação e dos processos fabris até relacionados à exposição ocupacional e a segurança dos funcionários. Assim, existe uma evolução natural de um programa de auditoria ambiental: 1. Em um primeiro estágio a auditoria ambiental visa identificar os problemas, as não conformidades e corrigi-los; 2. No segundo estágio a auditoria apresenta os pontos a melhorar para garantir que haja conformidade com a política ambiental da empresa; 3. Já no terceiro estágio a auditoria verifica se a gestão ambiental da empresa está condizente com um desempenho ambiental considerado “bom”. FIGURA – EVOLUÇÃO NATURAL DE UM PROGRAMA DE AUDITORIA AMBIENTAL FONTE: D’Avignon et al., 2001. 50 Lembrando que a auditoria ambiental é um instrumento para avaliar a gestão ambiental de uma operação, mas não a substitui, e os seus resultados devem ser motivadores de melhoria contínua para o sistema de gestão ambiental e para a operação. Auditoria Ambiental Compulsória Em geral, os países desenvolvidos, como os Estados Unidos e Canadá, adotam a auditoria ambiental como uma atividade eminentemente voluntária. Já no Brasil, em sentido oposto a essa tendência mundial, está crescendo o número de legislações que objetivam tornar a auditoria ambiental um procedimento obrigatório para diversos setores industriais e empresariais, principalmente os que desenvolvem atividades com alto potencial poluidor. Essa auditoria obrigatória por lei é chamada de auditoria ambiental compulsória e é um tipo específico de auditoria ambiental. Na auditoria ambiental compulsória os dados coletados são divulgados para que o estado e a sociedade tenham controle dos aspectos ambientais e riscos da atividade. Os órgãos públicos são responsáveis por estabelecer os critérios e formas de execução destas auditorias e as empresas são responsáveis pela sua realização, e inclusive pelos custos decorrentes. Assim, este tipo de auditoria também é chamado de auditoria pública, pois é utilizada como instrumento de controle pelo poder público. Atualmente, o setor econômico, principalmente o industrial, faz forte pressão política contra as legislações que obrigam as empresas à realização de auditorias ambientais, principalmenteporque não concorda em assumir os custos destas auditorias. No entanto, alguns estados e municípios já possuem leis regulamentadas, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Vitória, etc. Um caso interessante e bem-sucedido de auditoria ambiental compulsória foi a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) no 265, de 27 de janeiro de 2000, que obrigou o setor industrial petrolífero e as demais empresas com atividades na área de petróleo no estado do Rio de Janeiro a realizar auditorias 51 ambientais, isto devido ao grave acidente de derramamento de óleo ocorrido na Baía de Guanabara na época. Impactos e Passivos Ambientais A resolução CONAMA no 001, de 1986, considera impacto ambiental: ... qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: A saúde, a segurança e o bem-estar da população; As atividades sociais e econômicas; A biota; As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; A qualidade dos recursos ambientais. Um impacto ambiental pode ser negativo ou positivo, ou seja, ele pode tanto trazer prejuízos como benefícios. Podemos dizer também que um impacto ambiental é significativo quando este é importante em relação a outros impactos, que poderiam ser julgados mais como efeitos, ou seja, como simples consequências de uma modificação induzida pelo homem, sem acarretarem prejuízos de valor econômico. Já o passivo ambiental representa uma obrigação de promover investimentos em ações para a extinção ou amenização dos danos causados ao meio ambiente, ações como implantação de procedimentos e tecnologias, indenização às populações, recuperação da área degradada, etc. O passivo ambiental pode ser entendido como o valor econômico de um impacto ambiental que não foi prevenido ou remediado, pois impactos ambientais não mitigados geram custos para sua recuperação, e este valor é o passivo ambiental. Para acabar com um passivo ambiental é necessário um investimento financeiro, que muitas vezes não trará nenhum outro benefício a não ser o ambiental, assim, ocorre frequentemente de ninguém querer assumir a responsabilidade de um passivo ambiental. 52 Outra questão pertinente é que ainda é muito difícil mensurar o valor monetário de um dano ambiental. Um processo produtivo é o ato de transformar matérias-primas em um produto específico por meio de uma linha de produção, a qual tem entradas (insumos e energia) e geram saídas (poluentes e resíduos). A figura 24 demonstra essas principais entradas e saídas. Observe que as saídas podem gerar impactos ambientais adversos e também apresentar riscos para a saúde dos trabalhadores, o que chamamos de riscos ocupacionais. Assim, um programa de gestão ambiental visa justamente minimizar todos os efeitos adversos que possam ser decorrentes destas entradas e saídas de processos produtivos, e por sua vez uma auditoria ambiental tende avaliar a conformidade e o desempenho deste programa. FIGURA – ENTRADAS E SAÍDAS DE UM PROCESSO PRODUTIVO A importância dos conceitos apresentados neste item é demonstrar a parte técnica e de tecnologias ambientais existentes dentro da execução de uma auditoria ambiental. Além disso, será abordado no decorrer desse material as metodologias para o planejamento e a execução de auditorias ambientais, quando se tornará visível o quanto é fundamental entender os conceitos de impacto e passivo ambiental, e de entradas e saídas dos processos produtivos, já que são justamente estes aspectos que constituem o objeto de estudo da gestão e da auditoria ambiental. 53 FIGURA – RAMOS ECONÔMICOS E IMPACTOS AMBIENTAIS De acordo com o ramo econômico de uma empresa, ou seja, com a atividade que ela desenvolve (também chamado de tipologia), os seus impactos ambientais são maiores ou menores (figura 25). Em geral, empresas do ramo industrial possuem os mais altos impactos ambientais justamente porque possuem processos produtivos que geram inúmeros poluentes, o que explica também porque as indústrias oferecem mais riscos ocupacionais para os seus trabalhadores e para o meio ambiente, e porque são atualmente os maiores clientes de auditorias ambientais. 51 FONTE: Seiffert, 2004. 54 A figura abaixo demonstra a relação entre as principais saídas dos processos produtivos, sua dispersão e disposição no meio ambiente, ou seja, no ar, na água e no solo. DISPERSÃO E TRANSPORTE DOS POLUENTES ENTRE AR, ÁGUA E SOLO FONTE: Lora, 2002. Nas páginas a seguir estão algumas figuras com tabelas extraídas do Anuário 2008 - Análise Gestão Ambiental, uma publicação da Análise Editorial, que compila as práticas ambientais das maiores empresas do Brasil. O anuário resume os dados coletados em 2008 e compara com os dados anteriores de 2007. Lembrando que no 55 total, 649 empresas de diversos setores econômicos foram entrevistadas. O objetivo destes extratos do Anuário é demonstrar a realidade atual da gestão ambiental no país, em termos da adoção de práticas de diminuição do consumo de recursos naturais e do tratamento dos resíduos gerados. Observe com atenção os dados, principalmente aqueles destacados em vermelho, eles demonstram como os conceitos sobre diminuição dos impactos ambientais das operações são aplicados na prática. Na figura 27 note que em relação ao consumo de água e energia elétrica os dois principais insumos de processos produtivos, menos do que 7% dos entrevistados, afirmam não desenvolver ações específicas. E na figura 28 note que em 2008 mais do que 40% dos entrevistados afirmam possuir metas de redução do consumo de combustíveis fósseis e de lenha e carvão. Esses dados demonstram a relevância econômica da redução do consumo destes recursos naturais, principalmente em termos de custos. Já as figuras 29 e 30 demonstram os tipos de ações que as empresas brasileiras desenvolvem atualmente em relação aos aspectos ambientais das saídas dos processos produtivos como resíduos, efluentes líquidos, emissões atmosféricas, ruídos e vibrações. Ressaltamos que na figura 28 a expressão “combustíveis fósseis” significa a utilização de gás natural e/ou óleo diesel e/ou gasolina como insumos dos processos produtivos. E na figura 29 a expressão “tratamento de efluentes” significa tratamento de todas as águas residuais ou efluentes líquidos gerados no processo produtivo. 56 RESULTADOS DE PRÁTICAS ADOTADAS EM RELAÇÃO AO CONSUMO DE RECURSOS NATURAIS DO ANUÁRIO 2008 - ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL F ON TE: Ada pta do de Aná lise Ge stã o Am bie ntal , 200 8. C ONTINUAÇÃO DOS RESULTADOS DE PRÁTICAS ADOTADAS EM RELAÇÃO AO CONSUMO DE RECURSOS NATURAIS DO ANUÁRIO 2008 - ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL 57 FONTE: Adaptado de Análise Gestão Ambiental, 2008. RESULTADOS DE PRÁTICAS ADOTADAS EM RELAÇÃO AO TRATAMENTO DE RESÍDUOS GERADOS NO PROCESSO PRODUTIVO DO ANUÁRIO 2008 - ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL 55 58 FONTE: Adaptado de Análise Gestão Ambiental, 2008. CONTINUAÇÃO DOS RESULTADOS DE PRÁTICAS ADOTADAS EM RELAÇÃO AO TRATAMENTO DE RESÍDUOS GERADOS NO PROCESSO PRODUTIVO DO ANUÁRIO 2008 - ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL 56 59 Conforme citado anteriormente, as figuras demonstram os tipos de ações que as empresas brasileiras desenvolvem atualmente em relação aos aspectos ambientais das saídas dos seus processos produtivos, como resíduos, efluentes líquidos, emissões atmosféricas, ruídos e vibrações. Assim, analisando essas figuras, podemos concluir que as principais ações adotadas são: Reúso dos resíduosgerados no próprio processo produtivo ou em outras unidades industriais; Coleta seletiva e reciclagem; 57 FONTE: Adaptado de Análise Gestão Ambiental, 2008. 60 Processos para diminuir a geração de resíduos; Investimento em tecnologia para reduzir a geração de resíduos ou em tecnologias que não gerem resíduos (tecnologias limpas); Processos para diminuir os impactos ambientais dos resíduos; Unidades de tratamento dos resíduos. Com o passar do tempo percebeu-se que a geração de resíduos industriais, em especial, é resultado da ineficiência de transformação de insumos (como matérias-primas, água e energia) em produtos, acarretando em danos ao meio ambiente e custos para a empresa. E a geração de resíduos passou a ser considerada como um desperdício de dinheiro com compra de insumos, desgaste de equipamentos, horas de empregados, etc., além dos demais custos envolvidos com o seu armazenamento, tratamento, transporte e disposição final. A solução para a minimização destes problemas veio com a adoção de técnicas como a produção mais limpa e a prevenção à poluição, detalhadas a seguir. →P + L ou produção mais limpa: significa a aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica integrada aos processos e produtos, a fim de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas, água e energia, por intermédio da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo, e consequentemente, reduzir os riscos ao homem e o ao meio ambiente. É uma abordagem corretiva, visa minimizar os impactos ambientais gerados pela produção por meio da revisão e adoção de novos procedimentos. A prioridade da produção mais limpa é evitar a geração de resíduos e emissões, e sua aplicação dentro de uma empresa está relacionada ao seu processo produtivo, aos produtos e aos serviços, da seguinte forma: i. Processos Produtivos: na conservação de matérias-primas, água e energia, eliminação de matérias-primas tóxicas e na redução na fonte da quantidade e toxicidade dos resíduos e emissões gerados; ii. Produtos: na redução dos impactos negativos dos produtos ao longo do seu ciclo de vida, desde a extração de matérias-primas até a sua disposição final; 61 iii. Serviços: na incorporação das questões ambientais no planejamento e execução dos serviços. → 2P ou prevenção à poluição: É o uso de práticas, processos, técnicas ou tecnologias que evitem ou minimizem a geração de resíduos e poluentes na fonte geradora, reduzindo os riscos globais à saúde humana e ao meio ambiente. Inclui modificações nos equipamentos, nos processos ou procedimentos, reformulação ou replanejamento de produtos, substituição de matéria-prima e melhorias nos gerenciamentos administrativos e técnicos da entidade/empresa, resultando em aumento de eficiência no uso dos insumos (matérias-primas, energia, água, etc.). As práticas de reciclagem fora do processo, tratamento e disposição dos resíduos gerados, não são consideradas atividades de prevenção à poluição, uma vez que não implicam redução da quantidade de resíduos e/ou poluentes na fonte geradora, mas atuam de forma corretiva sobre os efeitos e as consequências oriundas do resíduo gerado. As técnicas de prevenção à poluição (P2) estão englobadas dentro da técnica de produção mais limpa (P+L). Assim, podemos concluir que a busca para se atingir a produção sustentável consiste no desenvolvimento de ações capazes de promover a redução de desperdícios, a conservação dos recursos naturais, a redução ou eliminação de substâncias tóxicas, a redução da quantidade de resíduos gerados por processo e produtos e, consequentemente, a redução de poluentes lançados para o ar, solo e águas. A figura 31 abaixo demonstra como existe uma evolução na adoção de técnicas de redução de impactos ambientais. A primeira abordagem sempre é reduzir a geração e diminuir o desperdício de insumos; a segunda etapa busca minimizar os impactos ambientais por meio da melhoria dos processos visando uma produção mais limpa; a terceira esfera já é mais abrangente e só pode ser atingida se as etapas anteriores tiverem sido contempladas, que é o desenvolvimento sustentável. 62 NÍVEIS DE REDUÇÃO DO IMPACTO AMBIENTAL E SUA RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CLASSIFICAÇÃO DAS AUDITORIAS AMBIENTAIS (TIPOS DE AUDITORIAS) As auditorias ambientais podem ser classificadas de acordo com a natureza da parte auditora e de acordo com os critérios e objetivos da auditoria. No entanto, a classificação mais utilizada é em relação aos objetivos da auditoria. Em geral, é esta classificação das auditorias ambientais que define comumente os tipos de auditoria ambiental (detalhados a seguir). 60 FONTE: Adaptado de Seiffert, 2004. 63 Classificação de Acordo com a Parte Auditora De acordo com a função e o interesse da parte auditora, as auditorias podem ser denominadas de primeira, segunda ou de terceira parte. 1) Auditoria ambiental de primeira parte: é aquela realizada por equipe formada por funcionários da organização auditada. No entanto, como a auditoria deve ser feita por auditores independentes, para manter esta independência, funcionários de uma área devem auditar outras áreas. Em geral a auditoria de primeira parte é requisitada pela alta administração da organização. Não se deve confundir auditoria de primeira parte com auditoria interna, a auditoria interna é realizada segundo critérios e procedimentos da própria empresa. 2) Auditoria ambiental de segunda parte: é realizada por uma equipe com membros ou representantes de uma parte interessada nos aspectos ambientais da organização auditada e que tem poder legal ou de negociação para exigir que seja realizada a auditoria. Os principais exemplos de auditoria de segunda parte são as realizadas por fornecedores ou clientes de uma operação, e as auditorias realizadas por possíveis compradores em processo de aquisição ou fusão com a operação. 3) Auditoria ambiental de terceira parte: é realizada por uma instituição independente, que não tem interesse ou relação direta com as atividades da organização auditada. O principal exemplo são as auditorias de certificação dos sistemas de gestão ambiental pela norma NBR ISO 14.001. Classificação de Acordo com os Critérios da Auditoria As auditorias também podem ser classificadas de acordo com os tipos de critérios utilizados como referência e padrão de conformidade na auditoria, ou seja, 64 os critérios com os quais serão comparados os aspectos ambientais da atividade, como, por exemplo: a) Auditoria de conformidade legal: os critérios desta auditoria são os requisitos da legislação ambiental e regulamentos aplicáveis (normas e resoluções técnicas) em vigor. b) Auditoria de desempenho ambiental: a auditoria que verifica os indicadores de desempenho setorial dos aspectos ambientais da operação, geralmente comparando-os com padrões ou com metas que haviam sido definidas. Exemplo: auditoria de passivo ambiental que visa verificar se o mau desempenho da operação gerou externalidades econômicas. c) Auditorias de sistemas de gestão ambiental: avalia se o sistema de gestão ambiental (SGA) da organização auditada está cumprindo as normas, critérios e procedimentos que foram estabelecidos pelo mesmo. Estas auditorias podem ser de: i. Adequação: para verificar se o sistema atende (é adequado) a padrões exigidos em norma; ii. Conformidade: para verificar se o sistema foi implantado em conformidade com o que havia sido planejado. iii. Eficácia: se os objetivos e metas propostos estão sendo atingidos. Classificação de Acordo com os Objetivos da Auditoria Como já foi mencionada anteriormente, essaé a classificação mais utilizada atualmente: definir o tipo da auditoria segundo os seus objetivos. a) Auditoria ambiental de certificação: avalia a conformidade da empresa com os princípios estabelecidos pelas normas nas quais a empresa deseja se certificar. Este tipo de auditoria deve ser conduzido por uma organização comercial, independente e credenciada para emitir a certificação por um organismo competente. O principal exemplo é a auditoria de certificação ambiental pela série de normas NBR ISO 14.000. Em geral as empresas contratam este tipo de auditoria quando desejam obter uma certificação específica. 65 b) Auditoria ambiental de acompanhamento: este tipo de auditoria visa verificar se as condições da certificação continuam sendo cumpridas. c) Auditoria ambiental de follow-up ou de verificação de correções: objetiva verificar se problemas e não conformidades detectadas em auditorias anteriores foram corrigidas. d) Auditoria de decomissioning ou descomissionamento: ocorre quando há a paralisação definitiva de uma atividade (geralmente pela desativação da unidade) e objetiva avaliar possíveis danos ambientais causados à população e área do entorno de alguma unidade empresarial em consequência dessa desativação. e) Auditoria ambiental de due dilligence ou de responsabilidade: geralmente utilizada em aquisições ou fusões de operações, pois serve para indicar ao futuro proprietário ou sócio os possíveis investimentos, riscos e responsabilidades monetárias decorrentes da recuperação de possíveis passivos ambientais existentes. Este tipo de auditoria objetiva avaliar o passivo ambiental das empresas e suas responsabilidades ambientais efetivas e potenciais. Na condução deste tipo de auditoria é recomendável que o auditor entreviste a população do entorno para identificar potenciais reclamações sobre a atividade. f) Auditoria ambiental de sítio: objetiva avaliar o estágio de contaminação de uma área específica. g) Auditoria compulsória: aquela cuja condução é obrigatória por exigência legal (vide item 2.1.3 que detalha mais sobre este tipo de auditoria). h) Auditoria ambiental pontual: objetiva otimizar um aspecto pontual da operação, por exemplo: melhorar a gestão dos recursos, a eficiência do processo produtivo, o uso de energia ou de outros insumos, minimizar geração de resíduos, etc. ITENS ESSENCIAIS À APLICAÇÃO DA AUDITORIA AMBIENTAL Para a aplicação bem-sucedida de uma auditoria ambiental e para garantir a eficiência na sua execução, alguns itens são essenciais, ou seja, a auditoria ambiental só deve ser executada caso esses itens estejam contemplados: a operação deve possuir recursos suficientes para apoiar a auditoria; 66 deve ser feita uma definição clara, objetiva e bem documentada do objetivo e do escopo da auditoria; em função do objetivo e do escopo da auditoria (vide parêntesis abaixo) são definidos os seus critérios e também a abrangência do processo; planejamento da auditoria, com a definição de um plano para sua aplicação; cooperação da operação que será auditada de expor os seus problemas e riscos ambientais; que a equipe de auditores seja independente da operação e qualificada para executar o processo; comprometimento da alta direção da empresa com o controle dos critérios e medidas corretivas estipuladas para evitar a degradação e prevenir riscos ambientais. Critérios da Auditoria Em geral os critérios da auditoria dependem do tipo de auditoria que será executada. Por exemplo, uma auditoria de certificação utilizará os critérios da certificadora, uma auditoria pontual utilizará critérios técnicos, uma auditoria de conformidade legal utilizará os critérios da legislação aplicável, etc. 64 Diferença entre objetivo e escopo em auditoria Objetivo : fim a ser atingido por meio da auditoria, como por exemplo, verificar se a empresa segue a legislação aplicável em uma auditoria de conformidade legal. Escopo : determina a extensão e os limites da auditoria, sua abrangência, como por exemplo, quais as atividades da empresa serão auditadas. 67 No entanto, existem alguns critérios que são um ponto em comum entre as auditorias, como o cumprimento da legislação ambiental aplicável ao setor. A Resolução CONAMA nº 306/2002 estabelece os requisitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais. Esta resolução foi formulada para orientar como deveriam ser realizadas as auditorias dispostas na Resolução CONAMA nº 265, de 27 de janeiro de 2000, como pode observar por intermédio da leitura do seu artigo 1o: Art. 1o - Estabelecer os requisitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais, objetivando avaliar os sistemas de gestão e controle ambiental nos portos organizados e instalações portuárias, plataformas e suas instalações de apoio e refinarias, tendo em vista o cumprimento da legislação vigente e do licenciamento ambiental. Essa resolução também define que as auditorias ambientais têm o objetivo de verificar o cumprimento da legislação ambiental aplicável e avaliar o desempenho da gestão ambiental das atividades. Assim sendo, a resolução define os seguintes critérios listados nas tabelas abaixo. TABELA– PRINCIPAIS CRITÉRIOS A SEREM VERIFICADOS QUANTO AO CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICÁVEL I - identificação da legislação ambiental federal, estadual e municipal, bem como das normas ambientais vigentes aplicáveis à instalação da organização auditada; II - verificação da conformidade da instalação da organização auditada com as leis e normas ambientais vigentes; III - identificação da existência e validade das licenças ambientais; IV - verificação do cumprimento das condições estabelecidas nas licenças ambientais; V - identificação da existência dos acordos e compromissos, tais como termos de compromisso ambiental e/ou termos de ajustamento de conduta ambiental e eventuais planos de ação definidos nesta Resolução; e 68 VI - verificação do cumprimento das obrigações assumidas no que se refere o inciso V. FONTE: Resolução Conama nº 306/2002. TABELA – PRINCIPAIS CRITÉRIOS A SEREM VERIFICADOS QUANTO À AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DA GESTÃO AMBIENTAL 69 I - a verificação da existência de uma política ambiental documentada, implementada, mantida e difundida a todas as pessoas que estejam trabalhando na instalação auditada, incluindo funcionários de empresas terceirizadas; II - a verificação da adequabilidade da política ambiental com relação à natureza, escala e impactos ambientais da instalação auditada, e quanto ao comprometimento da mesma com a prevenção da poluição, com a melhoria contínua e com o atendimento da legislação ambiental aplicável; III - a verificação da existência e implementação de procedimento que propiciem a identificação e o acesso à legislação ambiental e outros requisitos aplicáveis; IV - a identificação e atendimento dos objetivos e metas ambientais das instalações e a verificação se os mesmos levam em conta a legislação ambiental e o princípio da prevenção da poluição, quando aplicável; V - a verificação da existência e implementação de procedimentos para identificar os aspectos ambientais significativos das atividades, produtos e serviços, bem como a adequação dos mesmos; VI - a verificação da existência e implementação de procedimentos e registros da operação e manutenção das atividades/equipamentos relacionados com os aspectos ambientais significativos; VII - a identificação e implementação de planos de inspeções técnicas para avaliação das condições de operação e manutenção das instalações e equipamentos relacionados com os aspectos ambientais significativos; VIII - a identificação e implementação dos procedimentospara comunicação interna e externa com as partes interessadas; IX - a verificação dos registros de monitoramento e medições das fontes de emissões para o meio ambiente ou para os sistemas de coleta e tratamento de efluentes sólidos, líquidos e gasosos; X - a existência de análises de risco atualizadas da instalação; XI - a existência de planos de gerenciamento de riscos; XII - a existência de plano de emergência individual e registro dos treinamentos e simulações por ele previstos; XIII - a verificação dos registros de ocorrência de acidentes; 70 FONTE: Resolução Conama nº 306/2002. O objetivo de demonstrar os critérios definidos pela Resolução CONAMA nº 306 de 2002 (Vide tabelas acima) foi exemplificar o que é avaliado em uma auditoria ambiental em geral. O Auditor Ambiental A legislação estabelece alguns requisitos básicos para a qualificação de auditores ambientais, assim como algumas normas como a ISO 14.012 (Diretrizes para Auditoria XIV - a verificação da existência e implementação de mecanismos e registros para a análise crítica periódica do desempenho ambiental e sistema de auditorias internas; XV - a verificação da existência de definição de responsabilidades relativas aos aspectos ambientais significativos; XVI - a existência de registros da capacitação do pessoal cujas tarefas possam resultar em impacto significativo sobre o meio ambiente XVII - a existência de mecanismos de controle de documentos; XVIII - a existência de procedimentos e registros na ocorrência de não conformidades ambientais; e XIX - a verificação das condições de manipulação, estocagem e transporte de produtos que possam causar danos ao meio ambiente Como saber quais critérios usar em uma auditoria? Resposta: De acordo com os objetivos definidos estabelecem-se os critérios. Após a definição dos objetivos da auditoria, os critérios que serão utilizados são definidos na etapa de planejamento da mesma. 71 Ambiental - Critérios de Qualificação de Auditores) que foi substituída pela NBR ISO 19.011 em 2002 (Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental). Portaria do Ministério do Meio Ambiente No 319, de 15 de Agosto de 2003: Estabelece os requisitos mínimos quanto ao credenciamento, registro, certificação, qualificação, habilitação, experiência e treinamento profissional de auditores ambientais para execução de auditorias ambientais que especifica. (Em anexo) Alguns conceitos importantes: Auditor: indivíduo que realiza uma auditoria, ou parte dela (como membro da equipe de auditoria), e que atende aos critérios especificados nas normas e legislações pertinentes. Auditor líder: auditor que lidera uma auditoria específica e que atende aos critérios especificados nas normas e legislações pertinentes. O auditor líder deve possuir experiência adicional na condução de auditorias, pois ele será responsável por conduzir, orientar e supervisionar todo o processo. As normas e a legislação pertinente requerem que os auditores tenham completado treinamento formal e prático, visando desenvolver as competências necessárias para a condução de auditorias ambientais. Estes treinamentos formais podem ser oferecidos pela própria organização do auditor (instituições certificadoras) ou por entidades externas e, em geral, devem atender: 1. Ciência e tecnologia ambiental (conhecer os principais poluentes e seus impactos ambientais e técnicas como produção mais limpa, prevenção à poluição, etc.); 2. Aspectos técnicos e ambientais de instalações operacionais; 3. Legislação ambiental, regulamentos e documentos pertinentes; 4. Sistema de Gestão Ambiental e principais normas técnicas nacionais e internacionais; 5. Procedimentos, processos e técnicas de auditoria. 72 Além de possuírem formação técnica e experiência comprovada em auditorias, os auditores também precisam possuir alguns atributos e habilidades pessoais que são essenciais para garantir que tenham um desempenho eficiente e eficaz durante a auditoria, como: Competência em expressar conceitos e ideias por meio da escrita e oralmente, de forma objetiva e clara; Boa conduta interpessoal e facilidade de trabalho em equipe, por exemplo: diplomacia, tato e capacidade de ouvir, paciência, cooperação, etc.; Responsabilidade com as suas funções; Boa organização pessoal e atenção aos detalhes. Também é fundamental ter boa capacidade de observação e capacidade de realizar julgamentos concretos, amparados em evidências objetivas; Manter os cuidados profissionais devidos, como aderir a um código de ética apropriado. Os resultados observados durante a execução da auditoria são de interesse apenas às partes interessadas, ou seja, não devem ser divulgados e comentados com mais ninguém. Além de buscarem sempre adquirir mais experiência e conhecimentos por meio de novas auditorias e treinamentos, os auditores devem se atualizar constantemente em relação aos seguintes tópicos: Legislação ambiental, Sistemas de Gestão Ambiental e normas nacionais e internacionais relacionadas; Processos, procedimentos e técnicas de auditoria; Aspectos relevantes da ciência e tecnologia ambiental, como novas descobertas, e sobre aspectos técnicos e ambientais dos principais processos produtivos (exemplo: indústrias de alimentos, siderúrgicas, etc.). Como se tornar um auditor ambiental? Em termos de formação técnica, para ser um auditor ambiental é necessário uma formação que atribua ao profissional, competências técnicas relacionadas à gestão e tecnologias ambientais, assim o curso de graduação mais recomendado é a Engenharia Ambiental. No entanto, profissionais formados em administração, 73 biologia e nas outras engenharias podem realizar especializações e mestrado na área de gestão e tecnologias ambientais. Além da formação técnica, o auditor precisa se qualificar por meio de treinamentos formais específicos oferecidos por instituições certificadoras, principalmente quando se deseja atuar na certificação de sistemas ambientais segundo o compêndio de normas NBR ISO 14.001 e a norma ISO 19.011. AS ETAPAS DA AUDITORIA AMBIENTAL Como já foi visto anteriormente, as auditorias ambientais variam em função do seu objetivo, critérios, cliente, etc. No entanto, mesmo com essas variações os procedimentos a serem seguidos na aplicação dos diversos tipos de auditoria são semelhantes, assim não foi desenvolvida uma metodologia específica para cada tipo de auditoria. A tabela mostra em geral as três principais etapas de uma auditoria ambiental. TABELA 6 - ETAPAS DE UMA AUDITORIA AMBIENTAL Etapas Procedimentos Pré-Auditoria (Planejamento) Definição do objetivo e escopo da auditoria por meio de reunião entre os auditores e o cliente; Formação da equipe de auditores; Coleta de informações preliminares; Elaboração do plano de auditoria. 74 Podemos observar que a auditoria é composta de três etapas principais: o planejamento, a aplicação e o relatório final. Assim, concluímos que o processo de uma auditoria consiste em realizar estas etapas por intermédio da realização das ações e itens inclusos em cada uma delas. A figura 32 a seguir demonstra o processo genérico de uma auditoria ambiental. Para facilitar sua análise enquadramos os itens do processo em sua respectiva etapa da auditoria: os destaques em verde indicam a etapa de pré- auditoria ou planejamento, os destaques em azul são parte da etapa de aplicação da auditoria e os em vermelho constituem a etapa de pós-auditoria. Aplicação da Auditoria (Trabalho de campo) Apresentação por meio de reunião de abertura; Compreensão da unidade e do sistema de gestão.Inclui reunião de trabalho, visita de reconhecimento e se necessário revisão do plano de auditoria; Coleta de evidências para avaliação e verificação; Avaliação das evidências; Apresentação dos resultados. Pós-Auditoria (Conclusão) Preparação do relatório final; Revisão e distribuição do relatório final; Desenvolvimento do plano de ação, incluindo propostas de ação corretiva, responsabilidades pela execução do plano de ação e prazos para execução; Acompanhamento do plano de ação. 75 FIGURA – PROCESSO GENÉRICO DE AUDITORIA AMBIENTAL FONTE: D’Avignon et al., 2001. PLANEJAMENTO E PREPARAÇÃO DA AUDITORIA O planejamento de uma auditoria ambiental é sempre o primeiro passo a ser executado após a contratação do serviço e deve englobar todos os itens essenciais de uma auditoria, conforme demonstra o croqui abaixo. 76 FIGURA - ITENS ESSENCIAIS DE UMA AUDITORIA A resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) nº 306, de 2002, estabelece o conteúdo mínimo que um plano de auditoria deve conter visando que todos os itens essenciais estejam contemplados. 77 TABELA– CONTEÚDO MÍNIMO DO PLANO DE AUDITORIA F ON TE: Res olu ção Co na ma nº 306 /20 02. A seg uir det alharemos mais cada um dos itens inclusos na etapa de planejamento da auditoria, que são essenciais para garantir o sucesso da sua aplicação. 1 - Escopo: para descrever a extensão e os limites de localização física e de atividades da empresa. 2 - Preparação da auditoria: I - definição e análise da documentação; II - prévia da instalação aditada; III - formação da equipe de auditores; IV - definição das atribuições dos auditores; V - definição da programação e planos de trabalho para a execução da auditoria. 3 - Execução da auditoria: I - entrevistas com os gerentes e os responsáveis pelas atividades e funções da instalação; II - inspeções e vistorias nas instalações; III - análise de informações e documentos; IV - análise das observações e constatações; V - definição das conclusões da auditoria; VI - consulta prévia aos órgãos ambientais competentes a fim de verificar o histórico de incidentes ambientais, inclusive de seus desdobramentos jurídico-administrativos, e dos cadastros ambientais; VII - elaboração de relatório final. 78 Definição do Objetivo O objetivo deve ser definido de forma clara para atender as necessidades do cliente da auditoria e gerar o resultado final desejado. Nesta etapa se decide o que a auditoria pretende verificar, como a conformidade legal, a certificação ambiental, a existência de passivo, etc. Definição do Escopo O escopo é definido pelo auditor líder em conjunto com o cliente e visa delimitar o campo de atuação da auditoria, de acordo com o seu objetivo, ou seja, os limites da auditoria. Assim, na delimitação do escopo estão inclusos: Local da auditoria: definir onde será realizada a auditoria; Limites organizacionais: definir os limites organizacionais da auditoria, como em quais setores e unidades da operação ela será aplicada; Objeto de auditagem: definir o que será auditado; Período: definir a duração, a periodicidade e o cronograma da auditoria; Tema ambiental: definir quais os aspectos ambientais que serão avaliados na auditoria, como consumo de recursos naturais, gestão de resíduos, etc. Em geral, a definição do tema ambiental está correlacionada ao tipo de auditoria e à tipologia da atividade auditada. Definição dos Critérios da Auditoria Os critérios da auditoria são as referências para o auditor e irão nortear as informações sobre as práticas, políticas, procedimentos e/ou regulamentos que devem ser coletados como evidências da auditoria. Conforme citado anteriormente neste módulo, os critérios são selecionados em função do objetivo da auditoria. Definição dos Recursos Usados Os recursos que serão utilizados na auditoria devem ser previamente definidos e suficientes para que seja possível atingir o objetivo final segundo o 79 escopo proposto. Estes recursos são compostos por recursos humanos (pessoal), físicos (infraestrutura, exemplo: equipamentos de comunicação e transporte) e financeiros (despesas). Definição da Equipe de Auditores O número de membros da equipe de auditores e as suas respectivas qualificações são definidos de acordo com a complexidade e com a tipologia da operação auditada. Por exemplo, auditar uma estação de tratamento de água em geral é menos complexo do que auditar uma siderúrgica e exige auditores com conhecimentos específicos sobre os impactos ambientais destes processos produtivos. Na etapa de planejamento da auditoria pode ser identificada a necessidade de adicionar à equipe de auditores um profissional especialista em determinado aspecto ambiental, como por exemplo, em tratamento de efluentes líquidos. Esse especialista é apenas um acompanhante para sanar eventuais dúvidas, ou seja, não tem contato direto com o auditado e não pode conduzir as entrevistas e testes de verificação. A equipe também pode incluir auditores em treinamento e observadores, que são futuros auditores nos primeiros estágios de treinamento. Obtenção de Informações Preliminares É interessante obter informações preliminares e aplicar um questionário prévio, também chamado de questionário de pré-auditoria, nos setores a serem auditados, para ajudar a definir as prioridades e organizar a aplicação da auditoria. TABELA– INFORMAÇÕES PRELIMINARES A SEREM LEVANTADAS SOBRE AS ATIVIDADES AUDITADAS 80 Após o recebimento destas informações preliminares a equipe de auditores irá analisa-las visando otimizar a aplicação da auditoria no local, ou seja, gastar o mínimo de tempo e de recursos possível e obter os melhores resultados. E por meio dessa análise os auditores irão preparar os documentos, os protocolos e as listas de verificação (check-list) que serão utilizados nos trabalhos de campo. Logo, esses instrumentos serão mais bem detalhados neste material, os quais geralmente são utilizados na realização de uma auditoria ambiental. Definição do Cronograma da Auditoria O auditor líder é o responsável por montar o cronograma da auditoria, ou seja, por 78 dividir as tarefas e montar a programação detalhada das atividades e o Informações gerais: razão social, endereço, número de funcionários, horários e tempo de funcionamento; Organograma gerencial da empresa com identificação de responsabilidades pelos setores; Estrutura de gestão da unidade auditada, como política, sistema de comunicação e de informação, corporação a qual pertence, etc.; Mercado que a unidade atende e levantamento dos principais fornecedores; Principais produtos e insumos utilizados; Planta da unidade auditada; Fluxograma do processo produtivo; Registro e inventário de fontes de poluição (líquidos, gasosos, sólidos e material radioativo), ruídos, vibrações e odores; Existência ou não de licenças ambientais; Registro de acidentes; Legislações, normas e regulamentos pertinentes; Exigências específicas para a unidade a ser auditada; Registro de treinamentos de funcionários; Relatório de auditorias ambientais ou fiscalizações e inspeções anteriores (se existirem). 81 período da sua realização, como demonstra o croqui abaixo. A programação pode ser flexibilizada durante a execução da auditoria caso seja necessário. É fundamental que as datas do cronograma sejam agendadas entre auditores e auditados, e que todos os trabalhadores da unidade tenhamconhecimento do cronograma de realização da auditoria, visando incentivar sua cooperação com o processo. APLICAÇÃO DA AUDITORIA NO LOCAL É fundamental para a preparação e aplicação da auditoria no local que haja colaboração e aceitação do auditado, em geral isso nunca é um problema quando a auditoria é contratada e o auditado é o cliente, mas pode significar um no caso de auditorias compulsórias. A aplicação da auditoria só deve ser iniciada após a conclusão da etapa de planejamento, visando garantir a otimização do processo, melhores resultados finais e minimizar o tempo desperdiçado. A duração dos trabalhos de campo depende do objetivo, do escopo, da complexidade da auditoria e do tamanho e qualificação da equipe de auditores. Se a etapa de pré-auditoria tiver sido bem realizada, em geral ocorrerá maior rapidez e eficiência na aplicação da auditoria. 82 O objetivo da aplicação de uma auditoria é obter, analisar e avaliar evidências que atestem ou não se a operação está obedecendo aos critérios estabelecidos na auditoria. Para isso, utiliza-se a verificação in loco, isto é, no local, dos procedimentos, atribuições de responsabilidade, gestão interna, processo produtivo da empresa, registros, controles, monitoramento, etc. E para realizar a verificação são conduzidas entrevistas, observações, testes e análise da documentação e dos procedimentos pertinentes à unidade auditada. Resumindo: a aplicação da auditoria é a etapa que busca identificar as práticas que estão conformes e não conformes, isto é, adequadas e não adequadas, com os critérios estabelecidos, por meio da coleta de evidências na unidade auditada. A etapa de aplicação de uma auditoria compreende os seguintes itens ou sub etapas: 1) Apresentação; 2) Compreensão da unidade e de sua gestão; 3) Coleta de evidências; 4) Avaliação das evidências; 5) Apresentação dos resultados. Estas etapas são as mesmas para todos os tipos de auditoria. Apresentação O primeiro passo da aplicação da auditoria no local é uma reunião de abertura entre os auditores e auditados para apresentação da equipe e do cronograma de auditoria, bem como dos instrumentos que serão utilizados e critérios estabelecidos. Os auditados devem também informar a estrutura disponível para apoiar a auditoria. 83 Compreensão da Unidade e de sua Gestão Para compreender a unidade e sua gestão é necessário conhecer bem as atividades desenvolvidas para ampliar a visão da operação, assim esta subetapa visa ampliar e confirmar as informações preliminares apresentadas e para isso envolve: a) Reunião de trabalho: reunião dos auditores com os gerentes das unidades auditadas para discutir os aspectos ligados à operação e à estrutura organizacional da unidade, e estabelecer quais pessoas da unidade serão entrevistadas. b) Visita de reconhecimento: visita da equipe de auditores à unidade, acompanhada pelos gerentes e funcionários indicados. Nesta visita a equipe pode avaliar melhor os processos e procedimentos relativos a aspectos ambientais, os possíveis riscos e impactos ambientais existentes e já detectar conformidades e não conformidades. c) Revisão do plano de auditoria: após a visita de reconhecimento e as reuniões de trabalho, a equipe já compreende a unidade e sua gestão e sabe avaliar melhor o que será necessário para a aplicação da auditoria, como tempo e recursos, assim sendo a equipe se reúne para confirmar se o planejamento da auditoria foi bem realizado ou se há necessidade de revisar o plano de auditoria. Coleta de Evidências Em geral esta é a sub etapa mais demorada na aplicação de uma auditoria, pois para a coleta de informações confiáveis é necessário ir além da análise das informações preliminares e dos documentos existentes, assim, geralmente são utilizadas três técnicas: Entrevista: podem ser entrevistados todos os funcionários da empresa, desde a alta gerência até operários, a população no entorno, fornecedores e prestadores de serviços, etc. As entrevistas em geral são informais, curtas e com 84 hora marcada. O auditor deve se preparar e organizar para as entrevistas, como formular as questões previamente, para garantir que as informações necessárias sejam obtidas. As respostas devem ser registradas e anotadas para evitar a perda de informações relevantes. O cruzamento de respostas e informações obtidas nas entrevistas pode indicar evidências de não conformidades, que muitas vezes não estão visíveis na operação. Em geral, as auditorias realizam muitas entrevistas curtas para garantir uma coleta abrangente de informações. Observação: o auditor deve observar toda a operação atentamente buscando elementos de informação e de constatação. Teste de verificação: utilizado para avaliar os sistemas de controle interno, como gestão e técnica, pode ser completado por meio de amostragens para obter as evidências necessárias. Essas técnicas podem ser usadas em conjunto ou isoladamente, depende do escopo da auditoria. Na busca das evidências existem cinco perguntas as quais os auditores devem procurar responder sobre todos os processos por intermédio da utilização das técnicas de entrevista, observação e teste de verificação. Estas perguntas são: 1) QUEM? 2) O QUE? 3) COMO? 4) ONDE? 5) QUANDO? Resumindo, as evidências são obtidas por meio de entrevistas com empregados, observação das operações, exame dos processos de produção, controle dos equipamentos, revisão dos procedimentos e documentação pertinente, como manuais, mapas, fluxogramas, etc. 85 A importância da coleta de evidências é a comprovação das não conformidades por intermédio de provas concretas. Avaliação das Evidências As evidências coletadas devem ser avaliadas criteriosamente pelos auditores para confirmar se há “provas” suficientes para que sejam consideradas evidências e para que caracterizem uma conformidade ou uma não conformidade. Esta avaliação visa também verificar se as evidências são confiáveis. Este processo de avaliação deve ser realizado durante a coleta das evidências para garantir que a auditoria não gere resultados indesejados e incompletos como falta de evidências, evidências mal interpretadas, extensão do cronograma, etc. Assim, ao final do dia de trabalho os auditores devem se reunir para apresentar e discutir as evidências encontradas e quais as razões (“provas”) que as tornam evidências e confiáveis. Este processo é muito importante, pois permite sanar possíveis dúvidas sobre as evidências coletadas no dia seguinte, evitando que seja necessário estender a duração da auditoria e que a mesma termine sem evidências suficientes. Existem dois tipos de reuniões que são conduzidas para avaliação das evidências: Reunião da equipe de auditores: cada auditor verifica se respondeu a todos os questionários do protocolo e da lista de verificação e apresenta o sumário das evidências e observações coletadas no dia, dificuldades e obstáculos encontrados nas verificações. Após a apresentação de cada auditor, os membros da equipe discutem se as evidências coletadas são comprováveis e confiáveis, e se os objetivos da auditoria estão sendo alcançados. Para finalizar a equipe combina os procedimentos de auditoria do dia seguinte e determina como serão sanadas possíveis dúvidas encontradas. Reunião com o pessoal da unidade auditada: os auditores apresentam as evidências e observações coletadas no dia e dificuldades e obstáculos encontrados nas verificações para os gerentes da unidade auditada (em geral), visando esclarecer pontos polêmicos ou divergentes encontrados, esclarecer 86 dúvidas e melhorar a aplicação da auditoria. Este procedimento é importante para garantir que possíveisnão conformidades detectadas sejam efetivamente comprovadas. A figura abaixo demonstra o processo de gestão do programa de auditoria pelos auditores, ou seja, as funções e responsabilidades dos auditores durante a auditoria. O destaque em vermelho demonstra a etapa de avaliação das evidências. PROCESSO DE GESTÃO PELOS AUDITORES DE UM PROGRAMA DE AUDITORIA FONTE: NBR ISO 19.011 de 2002. 84 87 Apresentação dos Resultados Após a coleta e a avaliação das evidências o auditor líder e a equipe de auditores apresentam ao auditado os resultados preliminares da auditoria. Tanto as conformidades como as não conformidades detectadas devem ser apresentadas por meio de um relatório preliminar, que também deve incluir as recomendações mais imediatas. O objetivo desta reunião é encerrar os trabalhos de campo da auditoria e definir o tempo necessário para apresentação do relatório final. Anexo Ministério do Meio Ambiente Gabinete da Ministra PORTARIA Nº 319, DE 15 DE AGOSTO DE 2003 Estabelece os requisitos mínimos quanto ao credenciamento, registro, certificação, qualificação, habilitação, experiência e treinamento profissional de auditores ambientais para execução de auditorias ambientais que especifica. A MINISTRA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o disposto na Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003 e na Resolução no 306, de 5 de julho de 2002, resolve: Art. 1o Estabelecer os requisitos mínimos quanto ao credenciamento, registro, certificação, qualificação, habilitação, experiência e treinamento profissional que os auditores ambientais deverão cumprir para executarem as auditorias ambientais, de sistemas de gestão e controle ambiental nos portos organizados, instalações portuárias, plataformas e suas instalações de apoio, dutos e refinarias, conforme disposto na Resolução CONAMA no 306, de 5 de julho de 2002: Art. 2o Para os fins do disposto nesta Portaria, são adotadas as seguintes definições: 88 I - Auditoria ambiental: processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências que determinem se as atividades, eventos, sistemas de gestão e condições ambientais especificados ou as informações relacionados a estes estão em conformidade com os critérios de auditoria estabelecidos na Resolução CONAMA no 306, de 2002, e para comunicar os resultados deste processo; II - auditor ambiental: profissional que tenha certificação e registro para realizar auditorias de sistema de gestão e controle ambiental e que atenda os requisitos estabelecidos nesta Portaria para realizar auditorias ambientais; III - auditor ambiental líder: profissional que tenha certificação e registro para liderar auditorias de sistema de gestão e controle ambiental e que atenda os requisitos estabelecidos nesta Portaria para liderar auditorias ambientais; IV - curso de formação de auditores: curso de formação de auditores reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente, com a duração de, no mínimo, quarenta horas, sobre princípios e práticas de auditoria ambiental e de gerenciamento da equipe de auditoria, tendo como enfoque principal a gestão ambiental com base na Resolução CONAMA no 306, de 2002; V - especialista técnico: profissional que provê conhecimentos ou habilidades específicas à equipe auditora, mas que não participa como auditor; VI - organismo de certificação de auditores ambientais: organismo credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) e reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente; VII - parte interessada: indivíduo ou grupo interessado ou afetado pelo desempenho ambiental de uma instalação; e VIII - sistema de gestão: parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental da instalação. Art. 3o As auditorias ambientais determinadas pela Resolução CONAMA no 306, de 2002, deverão ser executadas por auditores ambientais que atendam aos seguintes requisitos de qualificação: 89 I - escolaridade: o auditor deve possuir escolaridade correspondente à formação superior, comprovada pela apresentação de diploma fornecido por entidade reconhecida oficialmente; II - experiência profissional: o auditor deve possuir quatro anos de experiência profissional em horário integral ou, o equivalente, em horário parcial, em função técnica ou gerencial com responsabilidade e autoridade para tomada de decisões: a) a experiência profissional deve ser adquirida em pelo menos uma das seguintes áreas: 1. Procedimentos, processos e técnicas de auditoria de sistemas de gestão ambiental, devidamente normalizados; 2. Aspectos técnicos e ambientais da operação das instalações; 3. Ciência e tecnologia ambiental; 4. Princípios e técnicas de gerenciamento ambiental; e 5. Requisitos aplicáveis de leis e regulamentos ambientais, bem como outros documentos relacionados; III - especialização: o auditor deve ter sido aprovado em um curso de formação de auditores ambientais com duração de, no mínimo, quarenta horas, credenciado pelo INMETRO e reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente; IV - experiência em gestão ambiental: o auditor deve possuir, além da experiência profissional mencionada no inciso II deste artigo, dois anos de experiência em horário integral ou, o equivalente, em horário parcial, no planejamento, implantação, operação de sistema de gestão ambiental ou auditorias de sistema de gestão ambiental: a) a aquisição dessa experiência pode ser concomitante com a experiência profissional, mas deve ter ocorrido nos seis anos imediatamente anteriores à solicitação da certificação; b) a experiência similar em sistemas da qualidade ou de saúde e segurança ocupacional pode ser utilizada para abatimento de metade da experiência exigida em sistema de gestão ambiental, limitada a um ano; V - experiência em auditorias: no cálculo do número de dias de auditoria deve ser incluído tanto o tempo despendido nas instalações do auditado, quanto aquele 90 utilizado nas atividades de análise da documentação, planejamento da auditoria e elaboração do relatório: a) auditor ambiental: participação obrigatória como membro de equipes auditoras em pelo menos quatro auditorias de Sistema de Gestão Ambiental com pelo menos vinte dias de duração, dos quais quinze dias tenham sido nas instalações do auditado, sendo que cada uma deve ter duração de, pelo menos, dois dias nas instalações do auditado; b) auditor líder: participação obrigatória em três auditorias como líder de equipe auditora com, no mínimo, dois auditores e duração mínima de quinze dias, sendo dez dias nas instalações do auditado, além da satisfação dos requisitos da alínea anterior. § 1o A experiência em auditorias deve ter sido adquirida nos três anos imediatamente anteriores à solicitação da certificação. § 2o O desempenho do auditor ambiental poderá ser verificado pelo Organismo de Certificação de Auditores Ambientais junto ao auditor líder das auditorias em que participou. § 3o A experiência do auditor ambiental líder em pelo menos uma auditoria completa deve ser adquirida sob o testemunho de um verificador, que deve ser certificado como auditor líder, o qual não pode testemunhar todas as auditorias apresentadas para fins de comprovação. § 4o Toda a experiência em auditorias deve ser descrita em documento denominado Comprovação de Realização de Auditoria, que deverá conter as seguintes informações: I - data de cada auditoria; II - descrição do tempo nas instalações do auditado e o despendido nas atividadesde análise da documentação, planejamento da auditoria e elaboração do relatório, de forma discriminada; III - norma de gestão ambiental utilizada na auditoria; IV - nomes e detalhes de contato dos auditados; V - número de auditores da equipe; VI - nomes e detalhes de contato da empresa que contratou o auditor; 91 VII - nome e detalhes de contato do líder da equipe auditora e, no caso de auditorias verificadas, do auditor verificador; VIII - função do candidato na auditoria; e IX - itens da norma de gestão ambiental e/ou requisitos legais e regulamentares verificados. § 5o Apenas auditorias independentes podem ser utilizadas para comprovação de experiência, devendo auditor e organização auditada ter gestão e estrutura operacional autônomas. Art. 4o A validade da certificação será de três anos, sendo que durante esse período o auditor ou auditor líder deverá manter ou ampliar sua experiência, mediante o atendimento dos requisitos relacionados abaixo, submetendo ao Organismo de Certificação de Pessoal a sua comprovação a fim de obter a renovação de sua certificação: I - desenvolvimento profissional: mínimo de quinze horas de desenvolvimento profissional adequado para cada ano do período em que estiver certificado; II experiência em auditorias: participação em auditorias de, no mínimo, vinte dias no período de três anos, a qual deve ser adquirida em, pelo menos, quatro auditorias de sistema de gestão ambiental com duração de, no mínimo, dois dias nas instalações do auditado. Art. 5o Os auditores devem ser certificados ou registrados em Organismos de Certificação de Auditores Ambientais credenciados pelo INMETRO e reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente. Art. 6o Até que a estrutura de certificação seja implantada pelo Ministério do Meio Ambiente, poderão realizar auditorias: I - os profissionais certificados como auditores de sistema de gestão ambiental, por entidades credenciadas no Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade-SBAC ou por entidades de outros países que assinaram o Acordo de Reconhecimento Multilateral da International Auditor and Training Certification Association-IATCA para organismo de certificação de auditor (USARAB, Inglaterra- IRCA, Japão-JRCA, Austrália-QSA, China-CNAT e Singapura-SAC), por um prazo máximo de nove meses, a contar da data de publicação desta Portaria. 92 II - os profissionais certificados como auditores de sistema de gestão ambiental por entidades credenciadas no SBAC, no período após o nono mês e o décimo oitavo mês, a contar da data de publicação desta Portaria. III - somente os profissionais certificados no âmbito do SBAC, e em total conformidade com os requisitos estabelecidos nesta Portaria, após o décimo oitavo mês. Art. 7o Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. MARINA SILVA (Of. El. nº 2980) Educação RELATÓRIO FINAL E INSTRUMENTOS PARA A REALIZAÇÃO DA AUDITORIA AMBIENTAL RELATÓRIO FINAL DA AUDITORIA AMBIENTAL Conteúdo do Relatório O relatório final de auditoria é o documento que registra formalmente o resultado dos trabalhos de uma auditoria ambiental. Ele é o documento pelo qual a equipe de auditores apresenta as evidências de conformidades e de não conformidades detectadas de acordo com os critérios da auditoria. Assim, ele constitui-se em um instrumento de trabalho para os gestores da empresa, pois permite melhor conhecimento do estágio em que a operação se encontra em relação a questões ambientais para os órgãos ambientais, trabalhadores, acionistas, fornecedores, clientes, comunidade local e outros interessados, e é baseado em seu conteúdo que o cliente vai tomar futuras decisões, como por exemplo, de investimentos a serem realizados. Alguns itens básicos devem estar sempre inclusos em um relatório final de auditoria, como também demonstra a tabela: 1. Identificação da unidade auditada e do cliente da auditoria; 2. Objetivos; 93 3. Escopo, data de condução e período de duração da auditoria (de preferência contextualizando a situação histórica da empresa auditada naquele momento); 4. Critérios utilizados; 5. Identificação dos membros da equipe de auditores e do auditor-líder, e respectivas participações na auditoria; 6. Identificação dos membros da unidade auditada que mais contribuíram com a auditoria; 7. Sumário do processo da auditoria, incluindo obstáculos encontrados e métodos utilizados para coleta de evidências; 8. Conclusões; 9. Certificação de confidencialidade da auditoria; 10. Lista de distribuição do relatório final – organizações e pessoas que receberão o relatório. TABELA - CONTEÚDO MÍNIMO DO RELATÓRIO FINAL DE AUDITORIA O Relatório final de Auditoria deverá conter, no mínimo: I - composição da equipe auditora e respectivas atribuições; II - descrição funcional e administrativa da empresa ou setor da empresa e características das instalações auditadas; III - metodologia e critérios utilizados; IV - período coberto pela auditoria; V - lista de documentos legais, normas e regulamentos de referência; VI - lista de documentos analisados e unidades auditadas; VII - lista das pessoas contatadas durante a auditoria e respectivas atribuições; VIII - conclusões da auditoria, incluindo as constatações de conformidades e não conformidades em relação aos critérios estabelecidos e avaliação da capacidade da instalação auditada em assegurar a contínua adequação aos critérios estabelecidos. FONTE: Resolução Conama nº 306/2002. 94 A norma NBR ISO 14.011 (Diretrizes para Auditoria Ambiental e Procedimentos para Auditorias) estabelece também como conteúdo mínimo de Relatórios de Auditoria de Sistema de Gestão Ambiental a apresentação de: Evidências de conformidade do sistema de gestão ambiental da unidade auditada com os critérios da auditoria; Indicações de que o Sistema de Gestão Ambiental está apropriadamente implementado e mantido; Indicações de que o processo de revisão da gestão interna (melhoria contínua, ciclo PDCA) é capaz de assegurar a continuidade da efetividade do Sistema de Gestão Ambiental. Formato do Relatório Todo relatório final de auditoria ambiental deve ter quatro características básicas: clareza, objetividade, precisão e concisão. O relatório não deve gerar dúvidas, por isso deve ser escrito de modo claro e objetivo, e usando linguagem adequada e familiar ao seu público-alvo (para quem ele será distribuído). A maior parte de um relatório final de auditoria ambiental é composta pela descrição das conformidades, não conformidades, evidências e observações encontradas. As conformidades em geral são relatadas em parágrafos simples, descrevendo o que foi observado e destacando os principais documentos correlacionados ou procedimentos vistoriados relacionados àquela observação. As não conformidades também são relatadas em parágrafos simples, porém, devem incluir em seu relato três itens: o requisito violado, que corresponde ao que não foi atendido, a não conformidade, que é a descrição da exigência não atendida, e a evidência objetiva, que é o fato que caracteriza a não conformidade encontrada. As figuras 35 e 36 abaixo são exemplos de redação de não conformidades. 95 EXEMPLO DE REDAÇÃO DE UMA NÃO CONFORMIDADE FONTE: Philippi Jr. & Aguiar, 2004. OUTRO EXEMPLO DE REDAÇÃO DE UMA NÃO CONFORMIDADE FONTE: Philippi Jr. & Aguiar, 2004. As não conformidades devem ser relatadas evitando conclusões precipitadas, a emissão de opiniões de natureza jurídica, a estimação de consequências, generalizações, o uso de mensagens contraditórias, a nomeação de indivíduos responsáveis e evitando usar adjetivos e superlativos. Observe os exemplos abaixo: 96 Conclusõesprecipitadas: o Errado: Não foram realizados treinamentos para situações de risco e emergência com os funcionários no primeiro semestre de 2008 (Programa de prevenção e controle de vazamentos e emergências). o Certo: Não foram apresentados registros referentes à realização dos treinamentos para situações de risco e emergência com os funcionários no primeiro semestre de 2008 (Programa de prevenção e controle de vazamentos e emergências). Emissão de opiniões de natureza jurídica: o Errado: Os efluentes líquidos da atividade estão com baixo valor de pH, contrariando o padrão de lançamento da Resolução CONAMA no 357/2005. o Certo: Por meio de amostragem dos efluentes líquidos da atividade, verificou-se que todas as 60 amostras coletadas diariamente apresentaram baixo valores de pH, entre 4,0 e 4,5 (Resolução CONAMA no 357/2005). Estimação de consequências: o Errado: Apenas 30% dos funcionários realizaram treinamentos para situações de risco e emergência no primeiro semestre de 2008 (programa de prevenção e controle de vazamentos e emergências), o que representa sérios riscos ocupacionais em caso de emergências. o Certo: Os registros dos treinamentos para situações de risco e emergência do primeiro semestre de 2008 (Programa de prevenção e controle de vazamentos e emergências) demonstram que apenas 30% dos funcionários participaram. Generalizações: o Errado: O Programa de prevenção e controle de vazamentos e emergências encontra-se completamente inadequado. o Certo: Foram detectadas as seguintes falhas no Programa de prevenção e controle de vazamentos e emergências: Falta de registros de treinamentos; 97 Cronograma de treinamentos insuficientes para garantir a participação de todos os funcionários. Uso de mensagens contraditórias: o Errado: Apesar do programa de prevenção e controle de vazamentos e emergências demonstrar efetividade, verifica-se que o mesmo encontra-se completamente inadequado. o Certo: O programa de prevenção e controle de vazamentos e emergências já foi iniciado, porém apresenta algumas falhas. Nomeação de indivíduos responsáveis: o Errado: O funcionário “Fulano de tal” relatou que nunca participou de um treinamento do programa de prevenção e controle de vazamentos e emergências. o Certo: Dentre os funcionário da operação foi observado que alguns nunca participaram de treinamentos do programa de prevenção e controle de vazamentos e emergências. Usar adjetivos e superlativos: o Errado: O controle dos treinamentos do programa de prevenção e controle de vazamentos e emergências é péssimo e completamente inadequado. o Certo: Em entrevistas foi constatado que foram realizados treinamentos mensais no primeiro semestre de 2008, totalizando seis treinamentos, no entanto o relatório de controle de treinamentos do programa de prevenção e controle de vazamentos e emergências não registrava nenhum treinamento. Quanto ao conteúdo e à forma de apresentação do relatório final não existe uma regra preestabelecida, assim o formato do relatório final é influenciado pelo seu objetivo e destinatário final, pois dependendo do objetivo da auditoria, o relatório será disponibilizado para pessoas ou organismos distintos como acionistas, clientes, órgão ambiental e público em geral. 98 Assim, é interessante moldar a forma de apresentação do relatório de acordo com o objetivo e o seu destinatário, mantendo o seu conteúdo básico, que foi relacionado nos parágrafos anteriores (como exemplifica as tabelas 10 e 11 abaixo). O importante é que todos os resultados da auditoria devem ser claramente comunicados pelo relatório, ou seja, todas as não conformidades, evidências e fatos relevantes da empresa relacionados ao objetivo da auditagem, devem estar registrados. TABELA– MODELOS DE RELATÓRIOS DE AUDITORIA AMBIENTAL Modelo I Modelo II INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Objetivo Data e local Escopo Participantes da auditoria (equipe de auditores) Data e local Objetivo Participantes da auditoria (equipe de auditores) Escopo da auditoria Sumário do processo da auditoria Escopo do relatório REQUISITOS LEGAIS Histórico da unidade auditada Critérios: Ar, Água, Resíduos, etc. Sumário do processo da auditoria Conformidades: Ar, Água, Resíduos, etc. CONFORMIDADES Não conformidades: Ar, Água, Resíduos, etc. Legal: Evidências, Ar, Água, Resíduos, etc. POLÍTICA Política: Evidências, Ar, Água, Resíduos, etc. Critérios: Ar, Água, Resíduos, etc. NÃO CONFORMIDADES Conformidades: Ar, Água, Resíduos, etc. Legal: Evidências, Ar, Água, Resíduos, etc. Não conformidades: Ar, Água, Resíduos, Política: Evidências, Ar, Água, Resíduos, etc. etc. OBSERVAÇÕES GERAIS CONCLUSÃO Itens preocupáveis ANEXOS 99 CONCLUSÃO Critérios utilizados: Ar, Água, Resíduos, etc. ANEXOS FONTE: Adaptado de D’avignon et al., 2001. TABELA – CONTINUAÇÃO MODELOS DE RELATÓRIOS DE AUDITORIA AMBIENTAL Modelo III Modelo IV SUMÁRIO EXECUTIVO SUMÁRIO EXECUTIVO GERAL GERAL Objetivo Objetivo Escopo Escopo Data e local Data e local Participantes da auditoria (equipe de auditores) Participantes da auditoria (equipe de auditores) Sumário do processo da auditoria Sumário do processo da auditoria RESULTADOS RESULTADOS Critérios: Critérios/Evidências: Legal: Ar, Água, Resíduos, etc. Ar: requisitos legais, política da companhia, desempenho do programa, maiores riscos, etc. Outros critérios: Ar, Água, Resíduos, Risco, Gestão, etc. Água: requisitos legais, política da companhia, desempenho do programa, maiores riscos, etc. EVIDÊNCIAS Resíduos: requisitos legais, política da companhia, desempenho do programa, maiores riscos, etc. Conformidade: Ar, Água, Resíduos, Risco, Gestão, etc. Outros: requisitos legais, política da companhia, desempenho do programa, maiores riscos, etc. 100 Não conformidades: Ar, Água, Resíduos, Risco, Gestão, etc. OBSERVAÇÕES GERAIS CONCLUSÃO Itens preocupáveis ANEXOS ANEXOS CONCLUSÃO FONTE: Adaptado de D’Avignon et al., 2001. DICA: A equipe de auditores deve estabelecer um formato padrão de relatório final para as auditorias de cada empresa, de modo que seja possível comparar os resultados de auditorias ambientais futuras com a auditoria atual, visando principalmente verificar a evolução dos aspectos ambientais da empresa. Plano de Ação Um dos resultados de uma auditoria ambiental pode ser o desenvolvimento de um plano de ação por parte da equipe auditora. Isso depende do escopo da auditoria, ou seja, da sua abrangência. A elaboração do plano de ação não é então um procedimento obrigatório da etapa de pós-auditoria, pois pode ser realizada também por outra empresa contratada para este fim. Enquanto a auditoria ambiental é um procedimento que deve sempre ser realizado por profissionais independentes, o plano de ação pode ser elaborado até mesmo pela própria unidade auditada, com base nos resultados da auditoria ambiental. No entanto, mesmo não sendo obrigatório o plano de ação é um instrumento muito importante, pois é principalmente por intermédio dele que os pontos fracos dos aspectos ambientais da organização auditada podem ser efetivamente melhorados. 101 O ponto de partida do plano de ação são as não conformidades detectadas, no entanto, à organização auditada que é responsável por definir quais não conformidades têm prioridades para correção e quais são os recursos e prazos disponíveis, e funcionários responsáveis. A figura 37 abaixo demonstra o fluxo de informações em uma auditoria. Ela reúne os conhecimentos adquiridos anteriormente sobre critérios de avaliação e coleta de evidências. O destaque em vermelho indica justamente o objeto de trabalho de um planode ação: evitar as possíveis consequências das não conformidades detectadas; por exemplo, uma empresa que está lançando efluentes em um corpo receptor fora do padrão de lançamento está sujeita a multas dos órgãos ambientais de controle e fiscalização. Após a identificação desta não conformidade por meio de uma auditoria ambiental, o plano de ação geraria as ações necessárias para corrigi-la e evitar possíveis consequências, como a multa. FLUXO DE INFORMAÇÕES EM UMA AUDITORIA 102 FONTE: Philippi JR. & Aguiar, 2004. O croqui abaixo apresenta os dois passos de um plano de ação: seu desenvolvimento e acompanhamento. E a tabela 12 a seguir relaciona o conteúdo mínimo sugerido para um plano de ação. TABELA - CONTEÚDO MÍNIMO DO PLANO DE AÇÃO O Plano de Ação deverá conter, no mínimo: I - ações corretivas e preventivas associadas às não conformidades e deficiências identificadas na auditoria ambiental; II - cronograma físico para implementação das ações previstas; III - indicação da área da organização responsável pelo cumprimento do cronograma estabelecido; IV - cronograma físico das avaliações do cumprimento das ações do plano e seus respectivos relatórios. FONTE: Resolução Conama nº 306/2002. 103 ROTEIRO PARA A APLICAÇÃO DE AUDITORIAS AMBIENTAIS A tabela a seguir apresenta o sumário das etapas gerais de uma auditoria ambiental, que se constitui em um roteiro básico a ser seguido para a execução destas auditorias. Para relembrar bem os conhecimentos adquiridos anteriormente e no início deste material, observe com atenção as três etapas principais da tabela: Pré-Auditoria, Aplicação da auditoria no local e Pós-Auditoria, e os itens inclusos em cada uma delas. TABELA – DETALHAMENTO DAS ETAPAS DE UMA AUDITORIA AMBIENTAL Pré-Auditoria Planejamento da auditoria: Definição do objetivo; Definição do escopo: Seleção da unidade; e Aviso à unidade, confirmando a data da auditoria. Definição dos critérios; Definição dos recursos necessários; Formação da equipe de auditores; Confecção do cronograma da auditoria; Preparação da auditoria: Coleta de informações: Discussão do escopo; Elaboração do questionário de pré-auditoria; Análise das respostas do questionário de pré-auditoria. Elaboração do plano de auditoria: Identificação dos tópicos prioritários; Preparação do protocolo ou listas de verificação; Alocação de recursos (humanos e materiais). Aplicação da Auditoria no Local 104 Apresentação: Reunião de abertura; Compreensão da unidade e de sua gestão: Reunião de trabalho; Visita de reconhecimento: Verificação dos controles internos; e Entrevistas com responsáveis pela unidade. Visitas complementares para coleta de evidências; Revisão do plano de auditoria; Coleta de evidências: Verificação de documentação; Observação e avaliação das práticas; Entrevistas; Testes dos sistemas e procedimentos. Avaliação das evidências: Sumário das evidências; Confirmação de existência de comprovação das evidências; Confirmação quanto à suficiência das evidências; Registro das evidências de conformidade, de não conformidade e das observações; Reunião diária da equipe de auditores; Reunião diária da equipe de auditores com os auditados. Apresentação dos resultados: Apresentação e discussão das conformidades e não conformidades com os auditados em reunião de encerramento. Relatório de Auditoria Ambiental (Pós-Auditoria) Preparação e distribuição de minuta do relatório; Revisão da minuta do relatório; Elaboração e distribuição do relatório final; Desenvolvimento e acompanhamento do Plano de Ação (a existência desta atividade depende do escopo da auditoria). 105 QUESTIONÁRIO DE PRÉ-AUDITORIA O questionário de pré-auditoria é um instrumento muito interessante utilizado na etapa 103 de Pré-Auditoria ou de Planejamento da Auditoria. Ele ajuda a definir as prioridades e a organizar a aplicação da auditoria, visando gastar o mínimo de tempo e de recursos possível e obter os melhores resultados. Este questionário é composto por uma série de perguntas e tabelas, e visa a obtenção de respostas sobre procedimentos, rotinas, registros e responsabilidades da unidade auditada. A equipe de auditores também pode solicitar cópias de documentos pertinentes à auditoria ambiental. As respostas do questionário são utilizadas como base para a elaboração dos protocolos e das listas de verificação (check- list), instrumentos que são utilizados para a aplicação da auditoria no local. Modelos de Questionários de Pré-Auditoria Em geral a equipe de auditores deve criar um modelo de questionário de auditoria específico para cada operação auditada, pois as perguntas do questionário vão variar muito em função da tipologia e complexidade da unidade auditada, e em função do escopo, do objetivo e do tipo de auditoria ambiental que será conduzida. As tabelas abaixo demonstram modelos de perguntas que geralmente estão inclusas em questionários de pré-auditoria. 106 TABELA– QUESTIONÁRIOS PARA IDENTIFICAÇÃO DE RESPONSÁVEIS DA UNIDADE AUDITADA Favor responder os responsáveis na empresa pelos seguintes setores e atividades (para responder questões específicas durante a auditoria) TABELA - QUESTIONÁRIO PARA AVALIAR O HISTÓRICO DE AUDITORIAS DA UNIDADE A empresa já realizou alguma auditoria ambiental anterior? Sim Não Em caso afirmativo, marque os documentos abaixo que estão disponíveis para consulta Sim Não Setores Responsável Planejamento Operação e Manutenção Comercial Administrativo Financeiro Meio Ambiente, Saúde e Segurança Atividades Responsável Gerenciamento de efluentes líquidos Gerenciamento de emissões gasosas Gerenciamento de resíduos sólidos Prevenção e controle de emergência Higiene e saúde ocupacional Gerenciamento de materiais (estocagem) 107 Questionário Protocolo Lista de verificação Relatório Final Plano de ação TABELA– LEVANTAMENTO DO MONITORAMENTO AMBIENTAL REALIZADO A empresa realiza monitoramento ambiental periódico dos seguintes parâmetros: Sim Não Emissões atmosféricas Efluentes líquidos Resíduos Ruídos e vibrações Odores Iluminação Ventilação 108 MODELO DE PERGUNTA DE QUESTIONÁRIO DE PRÉ-AUDITORIA FONTE: D’Avignon et al., 2001. 109 Documentos que Podem Ser Solicitados A equipe de auditores também pode solicitar cópias de documentos pertinentes à auditoria ambiental. Em geral, dois tipos de documentos são solicitados como anexos aos questionários de pré-auditoria: 1 – Informações sobre exigências governamentais e internas pertinentes à operação: a) Licença Ambiental; b) Legislação aplicável como padrões de efluentes, emissões e regulamentações sobre resíduos; c) Políticas e procedimentos, manuais correntes, planos de emergência, etc.; d) Planos de ação de auditorias ambientais, relatórios de inspeções anteriores; e) Relatórios ambientais selecionados ou qualquer outro documento pertinente. 2 – Informações sobre o processo produtivo: a) Fluxograma do processo; b) Layout e diagramas ilustrando a localização das áreas operacionais e dos processos e sistemas de controle dos componentes ambientais; c) Inventário de matérias-primas e produtos; d) Organograma; e) Relação de tanques de armazenagem existentes, incluindo subterrâneos. PROTOCOLO DE AUDITORIA AMBIENTAL O protocolo de auditoria ambiental é um instrumento que o auditor utiliza na aplicação da auditoriaambiental no local, para garantir que a mesma atinja os seus objetivos. O protocolo resume todos os tópicos e itens que devem ser verificados na operação da unidade auditada, visando que a coleta de evidências seja completa. O 110 protocolo de auditoria é elaborado de acordo com o objetivo e o escopo da auditoria e de acordo com a tipologia e complexidade da operação auditada, e será utilizado como um guia para orientar e conduzir a aplicação da auditoria ambiental no local. A aplicação da auditoria só pode ser finalizada após a verificação de todos os itens do protocolo. Modelo de Protocolo de Auditoria Em geral, um protocolo de auditoria contém os seguintes itens: 1. Índice; 2. Informações preliminares - Resultados do questionário de pré-auditoria; 3. Anotações e comentários do auditor – registros pertinentes do auditor durante a auditoria; 4. Relação dos tópicos – lista detalhada dos itens que serão auditados; 5. Registro de evidências de conformidades, de não conformidades e das observações, com espaço para anotação do documento de referência que contém o critério para a constatação realizada. Geralmente, os protocolos de auditoria ambiental abrangem os seguintes aspectos: 1. Controle gerencial: política ambiental, desempenho ambiental, estrutura gerencial, fornecedores, segurança do trabalho, transporte e distribuição, processos de produção e operação, etc.; 2. Gerenciamento de efluentes líquidos; 3. Gerenciamento de resíduos; 4. Gerenciamento de emissões gasosas; 5. Ruídos e odores; 6. Gerenciamento de materiais (matérias-primas e estoques); 7. Prevenção e controle de vazamentos e emergências. As figuras a seguir apresentam modelos de protocolo de auditoria ambiental. 111 MODELO DE PROTOCOLO DE AUDITORIA AMBIENTAL FONTE: D’Avignon et al., 2001. 109 112 MODELO DE PROTOCOLO DE AUDITORIA AMBIENTAL FONTE: D’Avignon et al., 2001. 110 113 LISTAGEM DE VERIFICAÇÃO DO PROCESSO Para a aplicação de auditorias ambientais, a NBR ISO 14.011 (Diretrizes para Auditoria Ambiental e Procedimentos para Auditorias) faz referência à utilização de alguns instrumentos de trabalho como as listas de verificação. A listagem de verificação, também conhecida como Check-list, é outro instrumento muito utilizado na realização de auditorias ambientais, que consiste em um questionário de sim e não, longo e detalhado, que visa verificar e garantir que a auditoria está levantando todas as informações necessárias sobre a operação, para que seus objetivos sejam atingidos. Assim como o protocolo de auditoria, a listagem de verificação é elaborada de acordo com o objetivo e o escopo da auditoria e de acordo com a tipologia e complexidade da operação auditada, e será utilizada como um guia para orientar e conduzir a aplicação da auditoria ambiental no local. A aplicação da auditoria só pode ser finalizada quando toda a lista de verificação estiver sido preenchida. Modelos de Listas de Verificação Existem diversos modelos de lista de verificação, pois são elaborados de acordo com o objetivo e o escopo da auditoria e de acordo com a tipologia e complexidade da operação auditada. O modelo de lista de verificação apresentado nas figuras 41 a 62 a seguir são de autoria de D’avignon et al., 2001; observe bem os itens em destaque, eles estão relacionados a conhecimentos e conceitos apresentados anteriormente. As abreviações das figuras significam: S = Sim, N = Não, NA = Não avaliado, OBS. = Observações. 114 MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO CHECK-LIST PARA AUDITORIA AMBIENTAL FONTE: D’Avignon et al., 2001. 112 115 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 113 116 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 114 FONTE: D’Avignon et al., 2001. 117 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 1 1 5 C 118 ONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 116 FONTE: D’Avignon et al., 2001. 119 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO” PARA AUDITORIA AMBIENTAL 117 120 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 118 FONTE: D’Avignon et al., 2001. 121 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 119 122 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL FONTE: D’Avignon et al., 2001. 120 123 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 121 124 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 122 FONTE: D’Avignon et al., 2001. 125 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 123 FONTE: D’Avignon et al., 2001. 126 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL FONTE: D’Avignon et al., 2001. 124 127 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 125 FONTE: D’Avignon et al., 2001. 128 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 126 FONTE: D’Avignon et al., 2001. 129 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 127 FONTE: D’Avignon et al., 2001. 130 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 128 FONTE: D’Avignon et al., 2001. 131 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL FONTE: D’Avignon et al., 2001. 132 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL 1 F FONTE: D’Avignon et al., 2001. 133 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO P FONTE: D’Avignon et al., 2001. 134 ARA AUDITORIA AMBIENTAL CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL FONTE: D’Avignon et al., 2001. 132 135 CONT. DO MODELO DE LISTA DE VERIFICAÇÃO PARA AUDITORIA AMBIENTAL FONTE: D’Avignon et al., 2001. O CENÁRIO ATUAL E AS TENDÊNCIAS DA AUDITORIA AMBIENTAL O SISTEMA BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL O Sistema Brasileiro de Certificação Ambiental é constituído pelas organizações credenciadas para certificarem, pelas empresas habilitadas e pelo Inmetro, órgão do governo brasileiro responsável por regular a estrutura de certificação no Brasil. De todas as normas do compêndio ISO 14.000, apenas a NBR ISO 14.001 sobre Sistema de Gestão Ambiental e a NBR ISO 14.040 sobre Análise 136 do Ciclo de Vida são passíveis de avaliação de conformidade. Assim, quando uma empresa possui uma certificação ISO 14.001 automaticamente sabemos que o seu Sistema de Gestão Ambiental encontra-se em conformidade com o estabelecido na NBR ISO 14.001:2004. Para obter uma certificação ISO 14.001 é necessário contratar um Organismo de Certificação de Sistema de Gestão Ambiental (OCA), que são empresas certificadas pelo Inmetro que conduzem e concedem a certificação de conformidade, com basena norma ISO 14.001. A relação das organizações credenciadas para certificarem e das empresas brasileiras com certificação ISO 14.001 está disponível para consulta pública no portal do Inmetro na Internet (veja figura abaixo). WEBSITE DO INMETRO COM A RELAÇÃO DAS EMPRESAS CERTIFICADAS ISO 14001 <http://www.inmetro.gov.br/gestao14001/entrada.asp?Chamador=INMETRO1 4>. É importante lembrar que atualmente a certificação de um Sistema de Gestão Ambiental pela ISO 14.001:2004 é um requisito essencial para as empresas que desejam competitividade em um contexto de mercado globalizado, por meio da melhoria de seu desempenho ambiental, e pode ser aplicada a qualquer atividade econômica, fabril ou prestadora de serviços. 137 Certificação de Sistemas de Gestão Ambiental Para a certificação de um sistema de gestão ambiental é necessária à aplicação de uma auditoria de certificação na atividade a ser certificada. A NBR ISO 14.001 é a norma que certifica, no entanto, as outras normas do compêndio ISO 14.000, como as NBRs ISO 14.010, ISO 14.011 e ISO 14.012 que são normas de apoio que também devem ser obedecidas na certificação. TABELA - COMPÊNDIO DE NORMAS NBR ISO 14.000 FAMÍLIA DE NORMAS NBR ISO 14.000 NORMAS PASSÍVEIS DE AVALIAÇÃO DE CONFORMIDADE ISO 14.001 Sistema de Gestão Ambiental - Especificações para Implantação e Guia ISO 14.040 Análise do Ciclo de Vida - Princípios Gerais NORMAS AUXILIARES ISO 14.004 Sistema de Gestão Ambiental (SGA) - Diretrizes Gerais ISO 14.010 Guias para Auditoria Ambiental - Diretrizes Gerais ISO 14.011 Diretrizes para Auditoria Ambiental e Procedimentos para Auditorias ISO 14.012 Diretrizes para Auditoria Ambiental - Critérios de Qualificação de Auditores ISO 14.020 Rotulagem Ambiental - Princípios Básicos ISO 14.021 Rotulagem Ambiental - Termos e Definições ISO 14.022 Rotulagem Ambiental - Simbologia para Rótulos ISO 14.023 Rotulagem Ambiental - Testes e Metodologias de Verificação ISO 14.031 Avaliação da Performance Ambiental ISO 14.032 Avaliação da Performance Ambiental dos Sistemas de Operadores ISO 14.041 Análise do Ciclo de Vida - Inventário ISO 14.042 Análise do Ciclo de Vida - Análise dos Impactos ISO 14.043 Análise do Ciclo de Vida - Migração dos Impactos FONTE: Sebrae-SC, 2004. 138 No entanto, como demonstra a figura 64 abaixo, as NBRs ISO 14.010, ISO 14.011 e ISO 14.012 foram substituídas pela NBR ISO 19011:2002 da ABNT. Porém, neste material, serão apresentadas as definições e procedimentos para auditoria ambiental de certificação de Sistemas de Gestão Ambiental propostos pela NBR ISO 14.011:1996. A NBR ISO 14.011:1996 estabelece as diretrizes para a auditoria ambiental de certificação de Sistemas de Gestão Ambiental. A NBR ISO 14.011 apresenta as seguintes definições: Auditoria do sistema de gestão ambiental: “Processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se o sistema de gestão ambiental de uma organização está em conformidade com os critérios de auditoria do sistema de gestão ambiental, e para comunicar os resultados deste processo ao cliente”. 1. Critérios de auditoria do sistema de gestão ambiental: os requisitos da NBR ISO 14.001 e, se aplicável, qualquer outro requisito adicional. CABEÇALHO DA NBR ISO 19011:2002 DA ABNT FONTE: ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2008. 137 139 A NBR ISO 14.011 estabelece os objetivos, funções e responsabilidades da auditoria do sistema de gestão ambiental (SGA) e apresenta recomendações referentes à auditoria em si e aos participantes do processo (auditor-líder, auditor, cliente e auditado), conforme demonstra a tabela abaixo. Por meio da sua leitura detalhada é possível perceber como os conceitos apresentados anteriormente são aplicados na prática e são fundamentais para a certificação de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA). TABELA– OBJETIVOS, FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES DA AUDITORIA DO SGA FONTE: Publicação IPT 2768, 2001. 140 A NBR ISO 14.011 também estabelece quatro etapas para o processo de auditoria do sistema de gestão ambiental: etapa 1 (início da auditoria); etapa 2 (preparação da auditoria); etapa 3 (execução da auditoria); e etapa 4 (elaboração do relatório de auditoria). As atividades que são executadas em cada uma dessas etapas estão apresentadas nas tabelas a seguir. TABELA- ATIVIDADES DAS ETAPAS 1, 2 E 3 DO PROCESSO DE AUDITORIA DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL – INÍCIO, PREPARAÇÃO DA AUDITORIA E REALIZAÇÃO DA AUDITORIA 139 141 FONTE: Publicação IPT 2768, 2001. TABELA - ATIVIDADES DA ETAPA 4 DO PROCESSO DE AUDITORIA DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL – RELATÓRIO DE AUDITORIA F FONTE: Publicação IPT 2768, 2001. SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO Uma das tendências mundiais é unificar as normas de auditoria ambiental e de auditoria da qualidade, assim sistemas integrados de gestão abordam tanto os aspectos ambientais como de qualidade da atividade. No Brasil, isso foi realizado 142 pela Norma Técnica da ABNT NBR ISO 19.011 - Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental de novembro de 2002. AUDITORIAS COMPULSÓRIAS Antes de falar sobre as tendências para as auditorias compulsórias é essencial alguns conceitos já apresentados. Relembrando Conceitos A auditoria obrigatória por lei é chamada de auditoria ambiental compulsória e é um tipo específico de auditoria ambiental, caracterizado por ser um procedimento obrigatório pela legislação para diversos setores industriais e empresariais, principalmente os que desenvolvem atividades com alto potencial poluidor. Os órgãos públicos são responsáveis por estabelecer os critérios e formas de execução destas auditorias, e as empresas são responsáveis pela sua realização, inclusive pelos custos decorrentes. Na auditoria ambiental compulsória os dados coletados são divulgados, para que o estado e a sociedade tenham controle dos aspectos ambientais e riscos da atividade. Assim, esse tipo de auditoria também é chamado de auditoria pública, pois é utilizada como instrumento de controle da atividade pelo poder público. Importância e Tendências das Auditorias Compulsórias Em geral, a tendência dos países desenvolvidos, como os Estados Unidos e Canadá, é que a auditoria ambiental seja uma atividade eminentemente voluntária. Já no Brasil, em sentido oposto a essa tendência mundial, está crescendo o número de legislações que objetivam tornar a auditoria ambiental um procedimento obrigatório para diversos setores industriais e empresariais, principalmente os que desenvolvem atividades com alto potencial poluidor. 143 O principal motivador para esta tendência é o reconhecimento do potencial da auditoria compulsória para o controle dos aspectos ambientais das atividades altamente poluidoras pelo poder público, principalmente na verificação do atendimento à legislação pertinente. Outro fator motivador é que a auditoria compulsória identifica oportunidades de melhoria e gera um Plano de Ação. Assim, baseados nestes planos de ação propostos são refinados os documentos de Termos de Compromisso Ambiental (TAC) assinados entre as atividades que causaram danos ambientais e o órgão público de controle ambiental. O Termo de Compromisso Ambiental (TAC) é um documento assinado entre uma atividade que causou um dano ambiental, o órgão público de controle ambiental, e em alguns casos o Ministério Público, por meio do qual a atividade se compromete a adotar medidas para recuperar o passivo ambiental gerado, e até mesmo medidas compensatóriaspara os danos causados. Outro fator interessante sobre as auditorias compulsórias é que o seu relatório final é disponibilizado para consulta pública, assim as empresas que, após a divulgação de um relatório com sérias não conformidades registradas, investem na correção destes problemas de modo autêntico e transparente, podem tornar-se modelos e exemplos para outras empresas, o que também propicia melhoria da sua imagem e confiança perante o público em geral. Assim, as auditorias ambientais compulsórias são uma prática cada vez mais frequente no Brasil, pois constituem um instrumento legal de apoio à fiscalização, ao licenciamento ambiental, à elaboração de TACs, etc. O que comprova que a auditoria ambiental é um instrumento muito poderoso para a prevenção, verificação e monitoramento das atividades potencialmente poluidoras. 144 FIGURA– COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS AOS AUDITORES AMBIENTAIS FONTE: D’Avignon et al., 2001. Um aspecto interessante da auditoria ambiental é que ela é um procedimento que permite identificar quais são os problemas que estão impedindo que a situação atual seja igual à situação desejada (Figura 66), e depois formular um plano de ação para corrigir estes problemas. FIGURA– O PROBLEMA CONSISTE NA DIFERENÇA ENTRE A SITUAÇÃO ATUAL FONTE: Seiffert, 2005. 145 O cenário atual é um ambiente econômico extremamente competitivo internacionalmente, no qual as sociedades estão cada vez mais conscientes e exigentes quanto aos aspectos ambientais das atividades econômicas. Esse cenário demonstra uma tendência crescente para as auditorias ambientais, tanto voluntárias como compulsórias, que tendem a ser cada vez mais compreendidas e aplicadas. 146 REFERÊNCIAS ABNT NBR ISO 19011 - Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da qualidade e/ou ambiental. Disponível em: <http://www.abnt.org.br/Erratas/NBR%20ISO%2019011.PDF>. Acesso em: 20 nov. 2002. ANTUNES, Paulo de Bessa. 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