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Exame DP - Angela Técnicas de Avaliação da Inteligência: Uma Visão Abrangente Introdução ao Psicodiagnóstico O psicodiagnóstico é um processo clínico que visa identificar as forças e fraquezas do funcionamento psicológico do indivíduo. Um de seus principais objetivos é verificar a presença de alterações psicopatológicas e compreender os limites da variabilidade normal. Este processo utiliza a psicometria para garantir a cientificidade e confiabilidade das avaliações, tornando-se uma ferramenta crucial na prática psicológica. Evolução Histórica do Psicodiagnóstico A evolução do psicodiagnóstico foi fortemente influenciada pelos estudos de Kraepelin, que classificou as doenças mentais, e Freud, que introduziu uma compreensão dinâmica do funcionamento psíquico, diferenciando estados neuróticos de psicóticos. Posteriormente, surgiram os testes projetivos como o Rorschach, o TAT (Teste de Apercepção Temática), e outros como o Szondi e o MMPI. Atualmente, há uma ênfase crescente no uso de instrumentos mais objetivos, como os testes WISC (Wechsler Intelligence Scale for Children), WAIS (Wechsler Adult Intelligence Scale), e o RAVEN, além das avaliações computadorizadas, que oferecem novas estratégias para o psicólogo. Definição e Objetivos do Psicodiagnóstico Conforme Jurema Cunha (2010), o psicodiagnóstico é um processo científico e limitado no tempo, que utiliza técnicas e testes psicológicos para entender problemas, identificar e avaliar aspectos específicos, classificar casos e prever seu curso possível, comunicando os resultados e propondo soluções. Este processo deve ser planejado meticulosamente, traduzindo hipóteses iniciais em instrumentos especialmente selecionados para cada sujeito. Utilização de Testes Psicológicos Os testes psicológicos, quando utilizados, devem estar de acordo com as determinações do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e serem aplicados conforme os rigores determinados nos manuais dos instrumentos. Um bom rapport entre psicólogo e paciente é fundamental para a aplicação de qualquer teste. A análise dos resultados deve ser integrada ao restante das informações obtidas ao longo das sessões, permitindo ao psicólogo fazer inferências e chegar a um diagnóstico e prognóstico. Relatórios e Comunicação dos Resultados O psicólogo tem a responsabilidade de construir relatórios e laudos de fácil compreensão, respeitando as determinações do CFP. A comunicação dos dados ao cliente, seu responsável e a quem solicitou a avaliação é o último passo do processo psicodiagnóstico. Críticas às Descrições Fatoriais da Inteligência As descrições fatoriais da inteligência, focadas no desempenho, têm sido criticadas por não capturarem a essência da inteligência. A psicologia cognitiva, apesar de seus experimentos, não alcançou uma uniformidade de posições. A inteligência geral é avaliada por tarefas que envolvem compreensão, raciocínio e resolução de problemas, predominando funções cognitivas complexas. Estudos cognitivistas recentes reforçam a importância dos componentes relacionais e inferenciais na descrição da inteligência. Classificação dos Testes de Inteligência Os testes de inteligência podem ser classificados em testes de aplicação coletiva e de aplicação individual. Novas concepções e conhecimentos sobre dificuldades de aprendizagem não substituem a avaliação de inteligência, mas complementam com outros recursos. A avaliação das aptidões cognitivas é um domínio com ampla aplicação tanto em crianças quanto em adultos, com a medida cognitiva sendo a melhor capacidade preditiva de desempenho profissional. Controvérsias sobre os Testes de Inteligência A controvérsia sobre os testes de inteligência intensificou-se em períodos de grande uso, como no pós-guerra e na década de 60 nos EUA. Argumentos incluem o baixo valor científico e a falta de neutralidade social. A busca por estandardização e objetividade não garante a avaliação precisa da inteligência. Uma proposta abrangente é o programa SOMPA, que integra informações da escala Wechsler com dados de entrevistas, avaliações sensório-motoras e inventários de comportamentos. Teorias da Inteligência A teoria bi-fatorial de Spearman, a teoria multifatorial de Thurstone e a evolução do sistema (Gf)-(Gc) por Cattell e Horn são marcos na compreensão da inteligência. A inteligência fluida (Gf) está associada a componentes não verbais e à genética, enquanto a inteligência cristalina (Gc) está ligada a experiências educacionais e culturais. Horn expandiu este conceito, acrescentando capacidades cognitivas que formaram uma estrutura mais complexa. Teoria das Três Camadas de John Carroll John Carroll propôs uma teoria de três estratos: capacidades específicas, capacidades amplas ou gerais, e uma capacidade geral única. A integração dos modelos de Carroll e Horn-Cattell resultou no modelo Cattell-Horn-Carroll (CHC), que decompõe conceitos clássicos e permite a elaboração de instrumentos de medida mais precisos. Inteligência Emocional A Inteligência Emocional (IE) é um conceito que aborda a interface entre inteligência e emoção. Segundo Mayer e Salovey (1997), o processamento de informações emocionais envolve quatro níveis: perceber, avaliar e expressar emoções; gerar sentimentos que facilitem o pensamento; compreender emoções e o conhecimento emocional; e controlar emoções para promover crescimento emocional e intelectual. A percepção emocional, a emoção facilitadora do pensamento, a compreensão emocional e o gerenciamento emocional são habilidades interconectadas que definem a IE. Aplicação e Análise do WISC-IV A Escala Wechsler de Inteligência para Crianças (WISC-IV) é amplamente utilizada para avaliar a inteligência de crianças e adolescentes. O WISC-IV consiste em 15 subtestes agrupados em quatro índices: Compreensão Verbal, Organização Perceptual, Memória Operacional e Velocidade de Processamento. A análise dos resultados inclui cálculos de QI, percentis e intervalos de confiança, permitindo identificar forças e fraquezas cognitivas. Subtestes Principais: 1. Cubos (Cubos): · Objetivo: Avalia a habilidade de análise e síntese visoespaciais não verbais. · Descrição: O examinando é solicitado a construir figuras tridimensionais com cubos coloridos. 2. Semelhanças (Semelhanças): · Objetivo: Avalia a capacidade de abstração verbal e formação de conceitos. · Descrição: O examinando deve explicar como dois conceitos são semelhantes. 3. Dígitos (Dígitos): · Objetivo: Avalia a memória de curto prazo e a memória operacional verbal. · Descrição: Consiste em repetir sequências de números na ordem apresentada (Dígitos Diretos) e na ordem inversa (Dígitos Inversos). 4. Conceitos Figurativos (CF): · Objetivo: Avalia a capacidade de abstração e o raciocínio indutivo. · Descrição: O examinando deve identificar o princípio comum entre figuras abstratas. 5. Código (Código): · Objetivo: Avalia a velocidade de processamento de informações e a atenção visual. · Descrição: O examinando deve repetir símbolos numéricos que correspondem a símbolos simples impressos em uma folha. 6. Vocabulário (Vocabulário): · Objetivo: Avalia a competência linguística e o conhecimento de palavras. · Descrição: O examinando deve definir palavras e explicar o significado de conceitos verbais. 7. Sequência de Números e Letras (NL): · Objetivo: Avalia a memória de trabalho e a capacidade de sequenciar informações. · Descrição: O examinando deve repetir sequências de números e letras. 8. Raciocínio Matricial (RM): · Objetivo: Avalia a capacidade de raciocínio não verbal e de solução de problemas. · Descrição: O examinando deve completar padrões em matrizes. 9. Compreensão (CP): · Objetivo: Avalia o raciocínio social e a compreensão de regras sociais. · Descrição: O examinando deve responder perguntas sobre situações sociais e compreender relações interpessoais. 10. Procurar Símbolos (PS): · Objetivo: Avalia a velocidade de processamento e a atenção visual. · Descrição: O examinando deve encontrar símbolos específicos em um conjunto de símbolos. Subtestes Suplementares: 1. Completar Figuras (CF):· Objetivo: Avalia a percepção visual e a capacidade de reconhecer padrões. · Descrição: O examinando deve identificar e completar figuras incompletas. 2. Cancelamento (Can): · Objetivo: Avalia a atenção visual e a capacidade de concentração. · Descrição: O examinando deve encontrar e marcar alvos específicos em um campo visual. 3. Informação (Inf): · Objetivo: Avalia o conhecimento geral adquirido pela educação formal e experiência. · Descrição: O examinando deve responder a perguntas sobre fatos gerais. 4. Aritmética (Ar): · Objetivo: Avalia a habilidade de raciocínio matemático. · Descrição: O examinando deve resolver problemas aritméticos verbais. 5. Raciocínio com Palavras (RP): · Objetivo: Avalia a capacidade de compreensão verbal e de abstração verbal. · Descrição: O examinando deve responder a questões que envolvem compreensão e manipulação de palavras.