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KLUB • E SC U LT U R A • A R Q U IT E T U R A • LI T E R A T U R A • C IN E M A • M Ú SI C A • T E A T R O • P IN T U R A ÍCONES DAS 7 ARTES BAIXE JÁ! na sua banca virtual KLUB EDITORIAL LTDA. ME Av. Nova Cantareira, 5027 Tremembé, São Paulo, SP CEP 02341-002 klubeditorial@gmail.com PUBLISHER, DIREÇÃO DE ARTE E DESIGNER GRÁFICO: Silvio Reschiliani JORNALISTA RESPONSÁ- VEL E EDITORA: Ieda Maria Cerqueira Registro no Sindicato dos Jornalistas de SP Mtb 18401 WHATSAPP: +55 11 99588-7493 ieda@klubeditorial.com.br REDES SOCIAIS: @klubeditorial CONSULTORA PEDAGÓGICA E MARKETING: Jussara Irajah H. DISTRIBUIÇÃO EM BANCAS DIGITAIS: EDICASE ASSESSORIA: www.edicase.com.br CONSULTOR CONTÁBIL: Jairo Pereira jairo0702@gmail.com CONSULTOR JURÍDICO: Eric Hirai N0 31, Ano3, fev/22, R$ 24,90 - ISSN 2525-7382 © Todos os direitos reser- vados. A ARTE KLUB é uma publicação mensal da Klub Editorial Ltda ME. CNPJ 19.037.586/0001-97. Registro no Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), em Brasília, sob o número 2525-7382 do International Standard Serial Number. NOSSAS PUBLICAÇÕES: ARTE KLUB, CANTINHO DO CHEF, IDEIAS E REVOLUÇÕES, SPAÇO PETS, SPORTS 365, SUSHI ART, THYANNA, UNIVERSO BEBÊ E CRIANÇA, VIAGENS E DESTINOS. COMERCIAL: Edson Borges - Borguinho contato@klubeditorial.com.br zap: 11 9.9988-9943 AS 11 ARTES O termo “sétima arte”, usado para de- signar o cinema, foi estabelecido por Ricciotto Canudo no “Manifesto das Sete Artes”, em 1912 (publicado apenas em 1923). Posteriormente, foram propostas outras formas de arte, como a fotografia (8a) e HQs (9a). Trouxemos aqui um espe- cial com os ícones das 7 artes. Confira! Ieda Maria Cerqueira 4 A RT E K LU B 5 A RT E K LU BPintura de Joseph Karl Stieler (1781–1858) TOP 11 ARTES: 1a arte - música LUDWIG VAN BEETHOVEN O compositor Ludwig van Beethoven criou algumas das obras de maior influência na história musical. Ele transformou a música clássica ocidental. Por exemplo, Beethoven estabeleceu novos padrões para as sinfo- nias, compondo obras mais longas que ser- viam para expressar ideias importantes e sentimentos profundos, e não apenas para divertir. Seus trabalhos compreen- dem nove sinfonias, uma ópera e muitas peças mu- sicais para pequenos gru- pos e para instrumentos solistas, como o piano. 4 A RT E K LU B 5 A RT E K LU BPintura de Joseph Karl Stieler (1781–1858) TOP 11 ARTES: 1a arte - música LUDWIG VAN BEETHOVEN O compositor Ludwig van Beethoven criou algumas das obras de maior influência na história musical. Ele transformou a música clássica ocidental. Por exemplo, Beethoven estabeleceu novos padrões para as sinfo- nias, compondo obras mais longas que ser- viam para expressar ideias importantes e sentimentos profundos, e não apenas para divertir. Seus trabalhos compreen- dem nove sinfonias, uma ópera e muitas peças mu- sicais para pequenos gru- pos e para instrumentos solistas, como o piano. 6 A RT E K LU B 7 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 1a arte - música Beethoven nasceu em Bonn, na atual Alemanha, em dezembro de 1770. Ele aprendeu composição musical com o organista oficial da corte de um nobre. Tor- nou-se organista assistente aos 11 anos e logo depois publicou sua primeira composição. Em 1787, Beethoven mudou-se para Viena, na Áustria, para estudar com o grande com- positor Wolfgang Amadeus Mozart. No en- tanto, precisou voltar a Bonn pouco tempo depois. Não se sabe ao certo se Mozart e Bee- thoven chegaram a se conhecer. Cinco anos mais tarde, Beethoven foi morar em Viena permanentemente. Lá, estudou com Joseph Haydn e outros compositores famosos. Beethoven se tornou conhecido como pia- nista de imenso talento. Muitos moradores ricos de Viena apreciavam sua música e pa- gavam bem para ouvi-lo tocar. Em 1800, ele apresentou algumas de suas obras em um grande concerto público em Viena. Esse even- to contribuiu para torná-lo muito famoso. No final da década de 1790, Beethoven começou a perder a audição. Durante algum tempo, continuou a compor e a se apresentar como antes. Em 1819, no entanto, já estava completamente surdo. Daí por diante, não se apresentou mais em público, dedicando a maior parte de sua energia a compor música. Ludwig van Beetho- ven, 250 anos depois de seu nascimento, é considerado um dos pilares da mú- sica ocidental, pelo incontestável desen- volvimento, tanto da linguagem como do conteúdo musical de- monstrado nas suas obras, permanecendo como um dos compo- sitores mais respeita- dos e mais influentes de todos os tempos. "O resumo de sua obra é a liberdade", observou o crítico alemão Paul Bekker (1882–1937), "a liber- dade política, a liber- dade artística do indi- víduo, sua liberdade de escolha, de credo e a liberdade individual em todos os aspectos da vida". Estúdio de Beetho- ven em 1827 por J.N. Hoechle Vienna Museum Foto Web Gallery of Art 6 A RT E K LU B 7 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 1a arte - música Beethoven nasceu em Bonn, na atual Alemanha, em dezembro de 1770. Ele aprendeu composição musical com o organista oficial da corte de um nobre. Tor- nou-se organista assistente aos 11 anos e logo depois publicou sua primeira composição. Em 1787, Beethoven mudou-se para Viena, na Áustria, para estudar com o grande com- positor Wolfgang Amadeus Mozart. No en- tanto, precisou voltar a Bonn pouco tempo depois. Não se sabe ao certo se Mozart e Bee- thoven chegaram a se conhecer. Cinco anos mais tarde, Beethoven foi morar em Viena permanentemente. Lá, estudou com Joseph Haydn e outros compositores famosos. Beethoven se tornou conhecido como pia- nista de imenso talento. Muitos moradores ricos de Viena apreciavam sua música e pa- gavam bem para ouvi-lo tocar. Em 1800, ele apresentou algumas de suas obras em um grande concerto público em Viena. Esse even- to contribuiu para torná-lo muito famoso. No final da década de 1790, Beethoven começou a perder a audição. Durante algum tempo, continuou a compor e a se apresentar como antes. Em 1819, no entanto, já estava completamente surdo. Daí por diante, não se apresentou mais em público, dedicando a maior parte de sua energia a compor música. Ludwig van Beetho- ven, 250 anos depois de seu nascimento, é considerado um dos pilares da mú- sica ocidental, pelo incontestável desen- volvimento, tanto da linguagem como do conteúdo musical de- monstrado nas suas obras, permanecendo como um dos compo- sitores mais respeita- dos e mais influentes de todos os tempos. "O resumo de sua obra é a liberdade", observou o crítico alemão Paul Bekker (1882–1937), "a liber- dade política, a liber- dade artística do indi- víduo, sua liberdade de escolha, de credo e a liberdade individual em todos os aspectos da vida". Estúdio de Beetho- ven em 1827 por J.N. Hoechle Vienna Museum Foto Web Gallery of Art 8 A RT E K LU B 9 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 1a arte - música SERVIÇO: Pernoites por Daniel Lanne Local: Galeria Kogan Amaro Período expositivo: até 29 de novembro Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, Horário: das 11h às 15h, com agendamento prévio Informações: (11) 3045-0755/0944 Instagram/GaleriaKoganAmaro Facebook.com/galeriakoganamaro/ http://www.galeriakoganamaro.com Beethoven começou a compor música como nunca antes se houvera ouvido. A partir de Beethoven a música nunca mais foi a mesma. As suas composições eram cria- das sem a preocupação em respeitar regras que, até então, eram seguidas. Considerado um poeta-músico, foi o primeiro romântico apaixonado pelo lirismo dramático e pela li- berdade de expressão. Foi sempre condicio- nado pelo equilíbrio, pelo amor à natureza e pelos grandes ideais humanitários. Inaugu- ra, portanto, a tradição de compositor livre, que escreve música para si, sem estar vin- culado a um príncipeou a um nobre. Hoje em dia muitos críticos o consideram como o maior compositor do século XIX, a quem se deve a inauguração do período Românti- co, enquanto outros o distinguem como um dos poucos homens que merecem a adjeti- vação de “gênio”. Nos últimos anos de vida, Beethoven criou obras mais longas e mais complexas. Em 1824, regeu a primeira apresentação de sua “Nona Sinfonia”, com grande sucesso — apesar de não conseguir mais escutar a música. Ludwig van Beethoven morreu em Viena, em 26 de março de 1827. As obras- -primas que ele criou continuam a ser exe- cutadas, quase dois séculos depois de sua morte. Pintura de Joseph Willibrord Mähler (1778–1860).Depois de 1812, a surdez progressiva aliada à perda das esperanças matrimo- niais e problemas com a custódia do sobri- nho levaram-no a uma crise criativa. A partir de 1818, Ludwig, apa- rentemente recupera- do, passou a compor mais lentamente, mas com um vigor reno- vado. Surgem então algumas de suas maio- res obras: a “Sonata nº 29 em Si bemol Maior, Op.106”, intitulada de Hammerklavier, entre 1817 e 1818; a “Sona- ta nº 30 em Mi Maior, Op.109” (1820). A cul- minância destes anos foi a “Sinfonia nº 9 em Ré Menor, Op.125” (1822–1824), para muitos a sua obra-pri- ma. Pela primeira vez é inserido um coral num movimento de uma sinfonia. 8 A RT E K LU B 9 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 1a arte - música SERVIÇO: Pernoites por Daniel Lanne Local: Galeria Kogan Amaro Período expositivo: até 29 de novembro Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, Horário: das 11h às 15h, com agendamento prévio Informações: (11) 3045-0755/0944 Instagram/GaleriaKoganAmaro Facebook.com/galeriakoganamaro/ http://www.galeriakoganamaro.com Beethoven começou a compor música como nunca antes se houvera ouvido. A partir de Beethoven a música nunca mais foi a mesma. As suas composições eram cria- das sem a preocupação em respeitar regras que, até então, eram seguidas. Considerado um poeta-músico, foi o primeiro romântico apaixonado pelo lirismo dramático e pela li- berdade de expressão. Foi sempre condicio- nado pelo equilíbrio, pelo amor à natureza e pelos grandes ideais humanitários. Inaugu- ra, portanto, a tradição de compositor livre, que escreve música para si, sem estar vin- culado a um príncipe ou a um nobre. Hoje em dia muitos críticos o consideram como o maior compositor do século XIX, a quem se deve a inauguração do período Românti- co, enquanto outros o distinguem como um dos poucos homens que merecem a adjeti- vação de “gênio”. Nos últimos anos de vida, Beethoven criou obras mais longas e mais complexas. Em 1824, regeu a primeira apresentação de sua “Nona Sinfonia”, com grande sucesso — apesar de não conseguir mais escutar a música. Ludwig van Beethoven morreu em Viena, em 26 de março de 1827. As obras- -primas que ele criou continuam a ser exe- cutadas, quase dois séculos depois de sua morte. Pintura de Joseph Willibrord Mähler (1778–1860).Depois de 1812, a surdez progressiva aliada à perda das esperanças matrimo- niais e problemas com a custódia do sobri- nho levaram-no a uma crise criativa. A partir de 1818, Ludwig, apa- rentemente recupera- do, passou a compor mais lentamente, mas com um vigor reno- vado. Surgem então algumas de suas maio- res obras: a “Sonata nº 29 em Si bemol Maior, Op.106”, intitulada de Hammerklavier, entre 1817 e 1818; a “Sona- ta nº 30 em Mi Maior, Op.109” (1820). A cul- minância destes anos foi a “Sinfonia nº 9 em Ré Menor, Op.125” (1822–1824), para muitos a sua obra-pri- ma. Pela primeira vez é inserido um coral num movimento de uma sinfonia. 10 A RT E K LU B 11 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 1a arte - música O filme “O Segredo de Beetho- ven” relata um momento mar- cante da vida do compositor. O longa, lançado em novembro de 2006, teve ninguém menos que Ed Harris interpretando Ludwig. O filme se passa durante o fim da vida de Bee- thoven, quando sua surdez encontra- va-se em grau elevado, e ele precisava de uma pessoa para transcrever suas partituras, momento em que contrata Anna Holz (Diane Kruger), uma jovem estudante de piano do Conservatório Musical. Apesar da afeição mútua que cres- ce entre os dois, Beethoven despreza a composição de Anna que, desespe- rada, vai embora pensando em largar de vez o mundo da música. O Maes- tro vai atrás dela, implorando pra que volte e termine com ele esse último trabalho, depois do qual pode libertá- -la para se tornar o que ele diz que ela nasceu para ser: uma compositora. “A música deve trazer paz no coração dos homens; e lágrimas aos olhos de uma mulher.” Ludwig van Beethoven Criador de obras que desafia- ram os limites de seu tem- po, levaram ao desenvol- vimento de instrumentos novos e seguem sendo o ponto alto de sua arte, Ludwig van Beethoven (1770-1827) personifica a forma- ção de uma sensibilidade moderna na música. Fruto de mais de uma década de trabalho, a biografia es- crita por Jan Swafford alia rigor e entusiasmo ao oferecer um retra- to detalhado da vida e da obra do compositor alemão. Ele mesmo um compositor reno- mado, Swafford comenta a evolu- ção do trabalho de Beethoven em análises ao mesmo tempo eruditas e acessíveis, sem perder de vista o leitor leigo. Além da compreensão profunda do músico revolucioná- rio, Swafford busca fontes até en- tão pouco exploradas para retraçar a vida íntima do homem, desfazen- do mitos persistentes e descobrindo novos detalhes sobre as principais influências formadoras do autor da “Nona Sinfonia”. FILME O SEGREDO DE BEETHOVEN LIVRO BEETHOVEN: ANGÚSTIA E TRIUNFO 1h 44min Drama, Histórico, Musical Direção: Agnieszka Holland Elenco: Ed Harris, Diane Kruger, Matthew Goode. Nacionalidades: EUA, Hungria, Alemanha Gênio irascível; contemporâ- neo do Iluminismo alemão e símbolo do Romantismo eu- ropeu; colecionador de frus- trações amorosas; vítima de uma surdez progressiva que se manifestou no auge da fama... 10 A RT E K LU B 11 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 1a arte - música O filme “O Segredo de Beetho- ven” relata um momento mar- cante da vida do compositor. O longa, lançado em novembro de 2006, teve ninguém menos que Ed Harris interpretando Ludwig. O filme se passa durante o fim da vida de Bee- thoven, quando sua surdez encontra- va-se em grau elevado, e ele precisava de uma pessoa para transcrever suas partituras, momento em que contrata Anna Holz (Diane Kruger), uma jovem estudante de piano do Conservatório Musical. Apesar da afeição mútua que cres- ce entre os dois, Beethoven despreza a composição de Anna que, desespe- rada, vai embora pensando em largar de vez o mundo da música. O Maes- tro vai atrás dela, implorando pra que volte e termine com ele esse último trabalho, depois do qual pode libertá- -la para se tornar o que ele diz que ela nasceu para ser: uma compositora. “A música deve trazer paz no coração dos homens; e lágrimas aos olhos de uma mulher.” Ludwig van Beethoven Criador de obras que desafia- ram os limites de seu tem- po, levaram ao desenvol- vimento de instrumentos novos e seguem sendo o ponto alto de sua arte, Ludwig van Beethoven (1770-1827) personifica a forma- ção de uma sensibilidade moderna na música. Fruto de mais de uma década de trabalho, a biografia es- crita por Jan Swafford alia rigor e entusiasmo ao oferecer um retra- to detalhado da vida e da obra do compositor alemão. Ele mesmo um compositor reno- mado, Swafford comenta a evolu- ção do trabalho de Beethoven em análises ao mesmo tempo eruditas e acessíveis, sem perder de vista o leitor leigo. Além da compreensão profunda do músico revolucioná- rio, Swafford busca fontes até en- tão pouco exploradas para retraçar a vida íntima do homem, desfazen- do mitos persistentes e descobrindo novos detalhes sobre as principais influências formadoras do autor da “Nona Sinfonia”. FILME O SEGREDO DE BEETHOVEN LIVRO BEETHOVEN: ANGÚSTIA E TRIUNFO1h 44min Drama, Histórico, Musical Direção: Agnieszka Holland Elenco: Ed Harris, Diane Kruger, Matthew Goode. Nacionalidades: EUA, Hungria, Alemanha Gênio irascível; contemporâ- neo do Iluminismo alemão e símbolo do Romantismo eu- ropeu; colecionador de frus- trações amorosas; vítima de uma surdez progressiva que se manifestou no auge da fama... 12 A RT E K LU B 13 A RT E K LU BRodrigues em 1971 Foto Arquivo Nacional TOP 11 ARTES: 2a arte - teatro NELSON RODRIGUES FO N TE : E N C IC LO PÉ D IA IT A Ú C U LT U RA L D E A RT E E C U LT U RA B RA SI LE IR A S Autor de frases impactantes e controversas como “Toda oração é linda. Duas mãos pos- tas são sempre tocantes, ainda que rezem pelo vampiro de Dusseldorf” ou ainda “Na vida, o importante é fracassar”, redigiu 17 peças teatrais que são tidas como clássicas. Com certeza uma de suas maiores proezas foi a peça “Vestido de Noiva”, até hoje viva no imaginá- rio popular brasileiro. Frases “Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta.” “Não se apresse em per- doar. A misericórdia também corrompe.” Nelson Rodrigues 12 A RT E K LU B 13 A RT E K LU BRodrigues em 1971 Foto Arquivo Nacional TOP 11 ARTES: 2a arte - teatro NELSON RODRIGUES FO N TE : E N C IC LO PÉ D IA IT A Ú C U LT U RA L D E A RT E E C U LT U RA B RA SI LE IR A S Autor de frases impactantes e controversas como “Toda oração é linda. Duas mãos pos- tas são sempre tocantes, ainda que rezem pelo vampiro de Dusseldorf” ou ainda “Na vida, o importante é fracassar”, redigiu 17 peças teatrais que são tidas como clássicas. Com certeza uma de suas maiores proezas foi a peça “Vestido de Noiva”, até hoje viva no imaginá- rio popular brasileiro. Frases “Sou reacionário. Minha reação é contra tudo que não presta.” “Não se apresse em per- doar. A misericórdia também corrompe.” Nelson Rodrigues 14 A RT E K LU B 15 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 2a arte - teatro A primeira peça de Nelson já traz uma evi- dente carga psicológica, em que o jogo neurótico invade e transforma as rela- ções. O que move a ação de “A Mulher sem Peca- do” é o ciúme, doença aceita nos extratos mais recatados da sociedade. A narrativa se mantém dentro do comportamento social, só permitin- do ao espectador acesso ao mundo interior das personagens através desse filtro. Na encenação do texto pela bem comportada companhia Co- média Brasileira, em 1942, o que é o latente esti- lo rodriguiano passa despercebido. Em “Vestido de Noiva”, Nelson cria um arti- fício dividindo a ação em três planos - da me- mória, alucinação e realidade - permitindo ao espectador acessar toda a complexidade da psique da personagem central. O texto suge- re insuspeitas perversões psicológicas, mas a temática não ultrapassa a traição entre irmãs e o apelo da vida mundana sobre a fantasia fe- minina. A encenação realizada por Ziembinski com o grupo Os Comediantes, em 1943, torna- -se um marco histórico. A peça passa por várias montagens no decorrer das próximas décadas. Em “Álbum de Família”, texto seguinte, es- crito em 1945, Nelson elabora um mergulho radical na inconsciência primitiva de suas personagens, que se tornam arquétipos, tra- balhando sua narrativa sobre as verdades profundas e inimagináveis do ser humano a Nelson Falcão Ro- drigues (Recife - PE - 1912 - Rio de Janeiro RJ - 1980). Autor. Ao longo de sua trajetó- ria artística, Nelson Rodrigues é alvo de uma polêmica que o faz conhecer tanto o sucesso absoluto, como em “Vestido de Noiva”, 1943, cuja encenação por Ziembinski marca o surgimento do teatro moderno no Brasil, quanto a total execra- ção, como em “Anjo Negro”, 1948, ousa- da montagem para a época pelo Teatro Popular de Arte. Dis- tante de qualquer modismo, tendência ou movimento, cria um estilo próprio e é hoje considerado um dos maiores drama- turgos brasileiros. Busto de Nel- son Rodrigues no Fluminense. Foto: Alexandre Magno Barreto Berwanger 14 A RT E K LU B 15 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 2a arte - teatro A primeira peça de Nelson já traz uma evi- dente carga psicológica, em que o jogo neurótico invade e transforma as rela- ções. O que move a ação de “A Mulher sem Peca- do” é o ciúme, doença aceita nos extratos mais recatados da sociedade. A narrativa se mantém dentro do comportamento social, só permitin- do ao espectador acesso ao mundo interior das personagens através desse filtro. Na encenação do texto pela bem comportada companhia Co- média Brasileira, em 1942, o que é o latente esti- lo rodriguiano passa despercebido. Em “Vestido de Noiva”, Nelson cria um arti- fício dividindo a ação em três planos - da me- mória, alucinação e realidade - permitindo ao espectador acessar toda a complexidade da psique da personagem central. O texto suge- re insuspeitas perversões psicológicas, mas a temática não ultrapassa a traição entre irmãs e o apelo da vida mundana sobre a fantasia fe- minina. A encenação realizada por Ziembinski com o grupo Os Comediantes, em 1943, torna- -se um marco histórico. A peça passa por várias montagens no decorrer das próximas décadas. Em “Álbum de Família”, texto seguinte, es- crito em 1945, Nelson elabora um mergulho radical na inconsciência primitiva de suas personagens, que se tornam arquétipos, tra- balhando sua narrativa sobre as verdades profundas e inimagináveis do ser humano a Nelson Falcão Ro- drigues (Recife - PE - 1912 - Rio de Janeiro RJ - 1980). Autor. Ao longo de sua trajetó- ria artística, Nelson Rodrigues é alvo de uma polêmica que o faz conhecer tanto o sucesso absoluto, como em “Vestido de Noiva”, 1943, cuja encenação por Ziembinski marca o surgimento do teatro moderno no Brasil, quanto a total execra- ção, como em “Anjo Negro”, 1948, ousa- da montagem para a época pelo Teatro Popular de Arte. Dis- tante de qualquer modismo, tendência ou movimento, cria um estilo próprio e é hoje considerado um dos maiores drama- turgos brasileiros. Busto de Nel- son Rodrigues no Fluminense. Foto: Alexandre Magno Barreto Berwanger 16 A RT E K LU B 17 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 2a arte - teatro SERVIÇO: Pernoites por Daniel Lanne Local: Galeria Kogan Amaro Período expositivo: até 29 de novembro Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, Horário: das 11h às 15h, com agendamento prévio Informações: (11) 3045-0755/0944 Instagram/GaleriaKoganAmaro Facebook.com/galeriakoganamaro/ http://www.galeriakoganamaro.com partir da célula da família. Aqui o tema se alo- ja em um dos maiores tabus sociais - o incesto em todas as direções, entre irmãos, mãe e fi- lho, pai e filha. O autor nomeia seu estilo de “teatro desagradável” e reconhece que este teatro, que se inicia a partir de “Álbum de Fa- mília”, inviabiliza a repetição do sucesso de “Vestido de Noiva”, porque “são obras pesti- lentas, fétidas, capazes, por si só, de produzir o tifo e a malária na plateia”. Em 1953, “A Falecida”, primeira tragédia carioca de Nelson retratando a peculiaridade da Zona Norte do Rio de Janeiro, é encenada por José Maria Monteiro, com a Companhia Dramática Nacional - CDN, tendo Sônia Oitici- ca e Sergio Cardoso como protagonistas. Na sequência, surge “Senhora dos Afogados”. A montagem que, inicialmente estrearia no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC -, tem seu curso interrompido após meses de ensaios, sendo retomada em 1954 pela CDN, com di- reção de Bibi Ferreira. Ao final da estreia, ao subir, em uma extremidade do palco, o autor, e, na outra, a diretora, o público vira-se na di- reção dele e vaia, volta-se para ela e aplaude, exaltando o espetáculo para repudiar o tex- to. A causa do horror do público é outra vez a relação incestuosa, o amor da filha pelo pai, que faz com que a mãe se vingue traindo o marido com o noivo da filha, motivando as- sassinatos entre os membros da família. Estátua de Nelson Rodriguesem Copacabana Foto: NMaia “O Beijo no Asfalto” é escrita sob enco- menda de Fernan- da Montenegro a Nelson. Em 21 dias, o autor apresenta mais uma de suas tragédias cariocas, agora abordando a sordidez não só da imprensa, mas tam- bém da polícia, numa trama forjada que destrói a reputação de um homem, acu- sado de homicida e homossexual. “O Teatro dos Sete” es- treia o espetáculo em 1961, sob a direção de Fernando Torres, com cenografia de Gianni Ratto, con- tando com Fernan- da, Sergio Britto, Os- waldo Loureiro, Ítalo Rossi, entre outros. 16 A RT E K LU B 17 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 2a arte - teatro SERVIÇO: Pernoites por Daniel Lanne Local: Galeria Kogan Amaro Período expositivo: até 29 de novembro Endereço: Rua Gumercindo Saraiva, Horário: das 11h às 15h, com agendamento prévio Informações: (11) 3045-0755/0944 Instagram/GaleriaKoganAmaro Facebook.com/galeriakoganamaro/ http://www.galeriakoganamaro.com partir da célula da família. Aqui o tema se alo- ja em um dos maiores tabus sociais - o incesto em todas as direções, entre irmãos, mãe e fi- lho, pai e filha. O autor nomeia seu estilo de “teatro desagradável” e reconhece que este teatro, que se inicia a partir de “Álbum de Fa- mília”, inviabiliza a repetição do sucesso de “Vestido de Noiva”, porque “são obras pesti- lentas, fétidas, capazes, por si só, de produzir o tifo e a malária na plateia”. Em 1953, “A Falecida”, primeira tragédia carioca de Nelson retratando a peculiaridade da Zona Norte do Rio de Janeiro, é encenada por José Maria Monteiro, com a Companhia Dramática Nacional - CDN, tendo Sônia Oitici- ca e Sergio Cardoso como protagonistas. Na sequência, surge “Senhora dos Afogados”. A montagem que, inicialmente estrearia no Teatro Brasileiro de Comédia - TBC -, tem seu curso interrompido após meses de ensaios, sendo retomada em 1954 pela CDN, com di- reção de Bibi Ferreira. Ao final da estreia, ao subir, em uma extremidade do palco, o autor, e, na outra, a diretora, o público vira-se na di- reção dele e vaia, volta-se para ela e aplaude, exaltando o espetáculo para repudiar o tex- to. A causa do horror do público é outra vez a relação incestuosa, o amor da filha pelo pai, que faz com que a mãe se vingue traindo o marido com o noivo da filha, motivando as- sassinatos entre os membros da família. Estátua de Nelson Rodrigues em Copacabana Foto: NMaia “O Beijo no Asfalto” é escrita sob enco- menda de Fernan- da Montenegro a Nelson. Em 21 dias, o autor apresenta mais uma de suas tragédias cariocas, agora abordando a sordidez não só da imprensa, mas tam- bém da polícia, numa trama forjada que destrói a reputação de um homem, acu- sado de homicida e homossexual. “O Teatro dos Sete” es- treia o espetáculo em 1961, sob a direção de Fernando Torres, com cenografia de Gianni Ratto, con- tando com Fernan- da, Sergio Britto, Os- waldo Loureiro, Ítalo Rossi, entre outros. 18 A RT E K LU B 19 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 2a arte - teatro Em 1965, Ziembinski retoma a parceria com Nelson, para lançar “Toda Nudez Será Castiga- da”, a história de um homem conservador que se apaixona por uma prostituta, que acaba por traí- -lo com o próprio filho. Ela suicida-se após a fuga do rapaz com um outro homem, e deixa uma gravação revelando toda a verdade ao marido. Para incorporar a protagonista Geni, muitas atri- zes são consultadas, mas recusam o papel, que é tomado com paixão por Cleyde Yáconis. Sobre a assimilação e receptividade da obra rodriguiana na cena nacional, escreve seu maior estudioso, o crítico Sábato Magaldi: “Nel- son Rodrigues tornou-se desde a sua morte, em 21/12/1980, aos 68 anos de idade, o dramatur- go brasileiro mais representado - não só o clás- sico da nossa literatura teatral moderna, hoje unanimidade nacional. Enquanto a maioria dos autores passa por uma espécie de purgatório, para renascer uma ou duas gerações mais tar- de, Nelson Rodrigues conheceu de imediato a glória do paraíso, e como por milagre desapare- ceram as reservas que, às vezes, teimavam em circunscrever sua obra no território do sensacio- nalismo, da melodramaticidade, da morbidez ou da exploração sexual”. “Parece que, superado o ardor polêmico, restava apenas a adesão irrestri- ta. As propostas vanguardistas, que a princípio chocaram, finalmente eram assimiláveis por um público maduro para acolhê-las. Ninguém, antes de Nelson, havia apreendido tão profundamen- te o caráter do país. E desvendado, sem nenhum véu mistificador, a essência da própria natureza do homem”. O retrato sem retoques do indivíduo, ainda Nelson Rodrigues tem vinte de suas histórias transpostas para a tela do cinema, algu- mas em duas versões, como “Boca de Ouro”, de Nelson Pereira dos Santos, 1962, e de Walter Avancini, 1990, e “Bonitinha, mas Ordinária”, de R. P. de Carvalho, 1963, e de Braz Che- diak, 1980. Algumas das realizações mais bem-sucedidas são “A Falecida”, de Leon Hirszman, 1965, e “O Casamento”, de Arnal- do Jabor, 1975. Suas crônicas para O Jor- nal, sob o pseudônimo de Suzana Flag, são publicadas em livros, como “Meu Destino é Pecar”, “As Escravas do Amor” e “O Homem Proibido”. Assinando artigos sobre esporte, não priva o leitor de seu estilo dramático. A consagração, com vários su- cessos, transformou-o no maior dramaturgo brasileiro do sé- culo XX, apesar de suas obras terem sido, quando lançadas, tachadas por críticos como “obscenas”, “imorais” e “vulga- res”. Em 1962, começou a es- crever crônicas esportivas, dei- xando transparecer toda a sua paixão pelo futebol. “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcio- nista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico (desde menino).“ 18 A RT E K LU B 19 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 2a arte - teatro Em 1965, Ziembinski retoma a parceria com Nelson, para lançar “Toda Nudez Será Castiga- da”, a história de um homem conservador que se apaixona por uma prostituta, que acaba por traí- -lo com o próprio filho. Ela suicida-se após a fuga do rapaz com um outro homem, e deixa uma gravação revelando toda a verdade ao marido. Para incorporar a protagonista Geni, muitas atri- zes são consultadas, mas recusam o papel, que é tomado com paixão por Cleyde Yáconis. Sobre a assimilação e receptividade da obra rodriguiana na cena nacional, escreve seu maior estudioso, o crítico Sábato Magaldi: “Nel- son Rodrigues tornou-se desde a sua morte, em 21/12/1980, aos 68 anos de idade, o dramatur- go brasileiro mais representado - não só o clás- sico da nossa literatura teatral moderna, hoje unanimidade nacional. Enquanto a maioria dos autores passa por uma espécie de purgatório, para renascer uma ou duas gerações mais tar- de, Nelson Rodrigues conheceu de imediato a glória do paraíso, e como por milagre desapare- ceram as reservas que, às vezes, teimavam em circunscrever sua obra no território do sensacio- nalismo, da melodramaticidade, da morbidez ou da exploração sexual”. “Parece que, superado o ardor polêmico, restava apenas a adesão irrestri- ta. As propostas vanguardistas, que a princípio chocaram, finalmente eram assimiláveis por um público maduro para acolhê-las. Ninguém, antes de Nelson, havia apreendido tão profundamen- te o caráter do país. E desvendado, sem nenhum véu mistificador, a essência da própria natureza do homem”. O retrato sem retoques do indivíduo, ainda Nelson Rodrigues tem vinte de suas histórias transpostas para a tela do cinema, algu- mas em duas versões, como “Boca de Ouro”, de Nelson Pereira dos Santos, 1962, e de Walter Avancini, 1990, e “Bonitinha, mas Ordinária”, de R. P. de Carvalho, 1963, e de Braz Che- diak, 1980. Algumas das realizações mais bem-sucedidas são “A Falecida”, de Leon Hirszman, 1965, e “O Casamento”, de Arnal- do Jabor, 1975. Suas crônicaspara O Jor- nal, sob o pseudônimo de Suzana Flag, são publicadas em livros, como “Meu Destino é Pecar”, “As Escravas do Amor” e “O Homem Proibido”. Assinando artigos sobre esporte, não priva o leitor de seu estilo dramático. A consagração, com vários su- cessos, transformou-o no maior dramaturgo brasileiro do sé- culo XX, apesar de suas obras terem sido, quando lançadas, tachadas por críticos como “obscenas”, “imorais” e “vulga- res”. Em 1962, começou a es- crever crônicas esportivas, dei- xando transparecer toda a sua paixão pelo futebol. “Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcio- nista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico (desde menino).“ 20 A RT E K LU B 21 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 2a arte - teatro Crônicas, que falam de amor, adul- tério, futebol, juventude e até sobre a tragédia que culminou nas mortes do irmão e do pai do drama- turgo Nelson Rodrigues. Fernanda Montenegro orienta interpretação de Otávio Müller em episódios basea- dos nas crônicas do livro organizado por Sônia Rodrigues, filha do autor. A dupla de roteiristas George Mou- ra e Sergio Goldenberg estão crian- do uma nova série para a plataforma Globoplay baseada na obra de Nel- son Rodrigues. A atração tem um nome genérico, “Paraíso Perdido”, uma supersérie com 50 capítulos. O enredo mescla personagens das pe- ças “A Mulher Sem Pecado”, “Toda Nudez Será Castigada”, “Bonitinha, mas Ordinária” e “Os Sete Gatinhos”. Frases “Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam.” “Não há admiração mais deli- ciosa do que a do inimigo.” Nelson Rodrigues Nelson Rodrigues revolu- cionou a dramaturgia bra- sileira com as 17 peças que escreveu ao longo de quase quarenta anos. Sua escrita po- lêmica e inovadora abalou os alicerces da nossa sociedade, dividindo opiniões, provocan- do intensos debates e tornan- do o teatro brasileiro conheci- do internacionalmente. Dividida em dois volumes, esta edição segue a organiza- ção estabelecida pelo crítico Sábato Magaldi, em meados de 1980, sob a supervisão do próprio Nelson: peças psico- lógicas e peças míticas, no pri- meiro; tragédias cariocas, no segundo. Os livros contam ain- da com um caderno de fotos de montagens históricas e tex- tos críticos do próprio Nelson Rodrigues. SÉRIE NELSON - POR ELE MESMO LIVRO TEATRO COMPLETO NELSON RODRIGUES Série Drama - 2017 Globoplay Uma adaptação do projeto que viaja pelo Brasil fazendo leitu- ras de textos de Nelson Rodri- gues: amor, adultério, futebol, juventude... por Nelson Rodrigues (Autor) Formato: eBook disponível Páginas: 1.392 Editora Nova Fronteira 20 A RT E K LU B 21 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 2a arte - teatro Crônicas, que falam de amor, adul- tério, futebol, juventude e até sobre a tragédia que culminou nas mortes do irmão e do pai do drama- turgo Nelson Rodrigues. Fernanda Montenegro orienta interpretação de Otávio Müller em episódios basea- dos nas crônicas do livro organizado por Sônia Rodrigues, filha do autor. A dupla de roteiristas George Mou- ra e Sergio Goldenberg estão crian- do uma nova série para a plataforma Globoplay baseada na obra de Nel- son Rodrigues. A atração tem um nome genérico, “Paraíso Perdido”, uma supersérie com 50 capítulos. O enredo mescla personagens das pe- ças “A Mulher Sem Pecado”, “Toda Nudez Será Castigada”, “Bonitinha, mas Ordinária” e “Os Sete Gatinhos”. Frases “Só acredito nas pessoas que ainda se ruborizam.” “Não há admiração mais deli- ciosa do que a do inimigo.” Nelson Rodrigues Nelson Rodrigues revolu- cionou a dramaturgia bra- sileira com as 17 peças que escreveu ao longo de quase quarenta anos. Sua escrita po- lêmica e inovadora abalou os alicerces da nossa sociedade, dividindo opiniões, provocan- do intensos debates e tornan- do o teatro brasileiro conheci- do internacionalmente. Dividida em dois volumes, esta edição segue a organiza- ção estabelecida pelo crítico Sábato Magaldi, em meados de 1980, sob a supervisão do próprio Nelson: peças psico- lógicas e peças míticas, no pri- meiro; tragédias cariocas, no segundo. Os livros contam ain- da com um caderno de fotos de montagens históricas e tex- tos críticos do próprio Nelson Rodrigues. SÉRIE NELSON - POR ELE MESMO LIVRO TEATRO COMPLETO NELSON RODRIGUES Série Drama - 2017 Globoplay Uma adaptação do projeto que viaja pelo Brasil fazendo leitu- ras de textos de Nelson Rodri- gues: amor, adultério, futebol, juventude... por Nelson Rodrigues (Autor) Formato: eBook disponível Páginas: 1.392 Editora Nova Fronteira 22 A RT E K LU B 23 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Vincent van Gogh, Autorretrato, 1887 VINCENT VAN GOGH FO N TE S W IK IP ED IA H O LA N D A E M U SE U V A N G O G H Vincent Willem van Gogh foi um pintor pós- -impressionista holandês. Considerado uma das figuras mais famosas e influentes da história da arte ocidental, ele criou mais de dois mil trabalhos. Suas obras abrangem paisagens, natureza-morta, retratos e autorretratos caracterizados por cores dramáticas e vibrantes, além de pinceladas impulsivas e expressivas que contribuíram para as fundações da arte moderna. Ele enfrentou problemas de saúde e solidão até co- meçar a pintar em 1881, mudando-se para a casa de seus pais. Seu irmão mais jovem, Theo, lhe apoiou financeiramente e os dois mantiveram uma duradou- ra correspondência. Trabalhou como vendedor de arte quando jovem e viajou frequentemente, porém entrou em depressão depois de ser transferi- do para Londres. 22 A RT E K LU B 23 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Vincent van Gogh, Autorretrato, 1887 VINCENT VAN GOGH FO N TE S W IK IP ED IA H O LA N D A E M U SE U V A N G O G H Vincent Willem van Gogh foi um pintor pós- -impressionista holandês. Considerado uma das figuras mais famosas e influentes da história da arte ocidental, ele criou mais de dois mil trabalhos. Suas obras abrangem paisagens, natureza-morta, retratos e autorretratos caracterizados por cores dramáticas e vibrantes, além de pinceladas impulsivas e expressivas que contribuíram para as fundações da arte moderna. Ele enfrentou problemas de saúde e solidão até co- meçar a pintar em 1881, mudando-se para a casa de seus pais. Seu irmão mais jovem, Theo, lhe apoiou financeiramente e os dois mantiveram uma duradou- ra correspondência. Trabalhou como vendedor de arte quando jovem e viajou frequentemente, porém entrou em depressão depois de ser transferi- do para Londres. 24 A RT E K LU B 25 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Nascido em uma família de classe mé- dia alta, Van Gogh começou a dese- nhar ainda criança, sendo descrito como uma pessoa séria, quieta e pensativa. Trabalhou como vendedor de arte quando jovem e viajou frequentemente, porém en- trou em depressão depois de ser transferi- do para Londres. Van Gogh voltou-se para a religião e passou um tempo como missio- nário protestante na Bélgica. Ele mudou-se para Antuérpia em novem- bro de 1886 e alugou um quarto sobre uma loja de artigos de pintura. Passou a viver na pobreza e comia pouco, preferindo gastar o dinheiro enviado por Theo em materiais e modelos. Pão, café e tabaco tornaram-se sua dieta padrão. O pintor dedicou-se na Antuérpia ao estudo da teoria das cores e passava boa parte do tempo dentro de mu- seus, particularmente estudando as obras de Peter Paul Rubens, ampliando sua pale- ta para incluir carmim, azul-cobalto e verde- -esmeralda. Van Gogh comprou xilogravuras ukiyo-e japonesas nas docas, posteriormente incor- porando elementos desse estilo no fundo de algumas de suas pinturas. Ele passou a beber muito outra vez e foi hospitalizado entre fevereiroe março de 1886, possivel- mente também tendo sido tratado por sífilis. Em 1885, Van Gogh pintou várias natu- rezas-mortas. Ele completou diversos desenhos e aquarelas durante sua estadia de dois anos em Nue- nen (Holanda), além de quase duzentas pinturas. Sua pale- ta de cores consistia principalmente de tons terrosos som- brios, especialmente marrom escuro, mos- trando nenhum indí- cio das cores vívidas que distinguem seus trabalhos posteriores. Head of a skele- ton with a bur- ning cigarette, 1886 24 A RT E K LU B 25 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Nascido em uma família de classe mé- dia alta, Van Gogh começou a dese- nhar ainda criança, sendo descrito como uma pessoa séria, quieta e pensativa. Trabalhou como vendedor de arte quando jovem e viajou frequentemente, porém en- trou em depressão depois de ser transferi- do para Londres. Van Gogh voltou-se para a religião e passou um tempo como missio- nário protestante na Bélgica. Ele mudou-se para Antuérpia em novem- bro de 1886 e alugou um quarto sobre uma loja de artigos de pintura. Passou a viver na pobreza e comia pouco, preferindo gastar o dinheiro enviado por Theo em materiais e modelos. Pão, café e tabaco tornaram-se sua dieta padrão. O pintor dedicou-se na Antuérpia ao estudo da teoria das cores e passava boa parte do tempo dentro de mu- seus, particularmente estudando as obras de Peter Paul Rubens, ampliando sua pale- ta para incluir carmim, azul-cobalto e verde- -esmeralda. Van Gogh comprou xilogravuras ukiyo-e japonesas nas docas, posteriormente incor- porando elementos desse estilo no fundo de algumas de suas pinturas. Ele passou a beber muito outra vez e foi hospitalizado entre fevereiro e março de 1886, possivel- mente também tendo sido tratado por sífilis. Em 1885, Van Gogh pintou várias natu- rezas-mortas. Ele completou diversos desenhos e aquarelas durante sua estadia de dois anos em Nue- nen (Holanda), além de quase duzentas pinturas. Sua pale- ta de cores consistia principalmente de tons terrosos som- brios, especialmente marrom escuro, mos- trando nenhum indí- cio das cores vívidas que distinguem seus trabalhos posteriores. Head of a skele- ton with a bur- ning cigarette, 1886 26 A RT E K LU B 27 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Em março de 1886, Van Gogh mu- dou-se para Paris onde dividiu um apartamento com Theo. Em Paris, ele pintou vários retratos de amigos e conhecidos, pinturas de natureza- -morta, vistas do Moinho da Galette e cenas de Montmartre, Asnières e ao longo do Rio Sena. Os irmãos Van Gogh ficaram ami- gos em novembro de 1887 de Paul Gauguin, que tinha acabado de chegar em Paris. Van Gogh conse- guiu uma exibição no final do ano ao lado de Bernard, Anquetin e Toulouse-Lautrec no Grand-Bouil- lon Restaurant du Chalet em Mont- martre. Bernard escreveu em um re- lato contemporâneo que a exibição estava na vanguarda de qualquer outra coisa na capital francesa. Foi lá que Bernard e Anquetin vende- ram seus primeiros quadros, en- quanto Van Gogh trocou trabalhos com Gauguin. Discussões sobre arte, artistas e suas situações sociais ocorreram nesta exibição, que con- tinuou e expandiu-se para incluir visitantes como Signac, Seurat e Ca- mille Pissarro com seu filho Lucien Pissarro. Van Gogh deixou Paris em fevereiro de 1888 por estar se sen- tindo cansado, tendo pintado mais de duzentos quadros nos dois anos que passou lá. Paisagem Marinha em Saintes-Maries, 1888 Ele adotou uma pa- leta mais brilhante e pinceladas mais for- tes, particularmente em pinturas como “Paisagem Marinha em Saintes-Maries”. Van Gogh mudou-se para o subúrbio de Asnières no norte de Paris, onde conhe- ceu Paul Signac. Ele adotou elementos do pontilhismo, técnica em que vários pontos coloridos são aplica- dos na tela para criar uma mistura ótica de tons quando vista à distância. O estilo salienta a habilidade das cores complemen- tares a fim de criar contrastes vibrantes. 26 A RT E K LU B 27 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Em março de 1886, Van Gogh mu- dou-se para Paris onde dividiu um apartamento com Theo. Em Paris, ele pintou vários retratos de amigos e conhecidos, pinturas de natureza- -morta, vistas do Moinho da Galette e cenas de Montmartre, Asnières e ao longo do Rio Sena. Os irmãos Van Gogh ficaram ami- gos em novembro de 1887 de Paul Gauguin, que tinha acabado de chegar em Paris. Van Gogh conse- guiu uma exibição no final do ano ao lado de Bernard, Anquetin e Toulouse-Lautrec no Grand-Bouil- lon Restaurant du Chalet em Mont- martre. Bernard escreveu em um re- lato contemporâneo que a exibição estava na vanguarda de qualquer outra coisa na capital francesa. Foi lá que Bernard e Anquetin vende- ram seus primeiros quadros, en- quanto Van Gogh trocou trabalhos com Gauguin. Discussões sobre arte, artistas e suas situações sociais ocorreram nesta exibição, que con- tinuou e expandiu-se para incluir visitantes como Signac, Seurat e Ca- mille Pissarro com seu filho Lucien Pissarro. Van Gogh deixou Paris em fevereiro de 1888 por estar se sen- tindo cansado, tendo pintado mais de duzentos quadros nos dois anos que passou lá. Paisagem Marinha em Saintes-Maries, 1888 Ele adotou uma pa- leta mais brilhante e pinceladas mais for- tes, particularmente em pinturas como “Paisagem Marinha em Saintes-Maries”. Van Gogh mudou-se para o subúrbio de Asnières no norte de Paris, onde conhe- ceu Paul Signac. Ele adotou elementos do pontilhismo, técnica em que vários pontos coloridos são aplica- dos na tela para criar uma mistura ótica de tons quando vista à distância. O estilo salienta a habilidade das cores complemen- tares a fim de criar contrastes vibrantes. 28 A RT E K LU B 29 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Avanço artístico - Arles Em fevereiro de 1888, Van Gogh pro- curou um refúgio em Arles (França). A Casa Amarela precisava ser mobiliada antes que ele pudesse mudar-se por completo, porém mesmo assim ele con- seguia usar o estúdio. Queria uma gale- ria onde pudesse exibir seus trabalhos, começando uma série de pinturas: a “Cadeira de Van Gogh”, “Quarto em Ar- les”, “O Café à Noite”, “Terraço do Café à Noite”, “Noite Estrelada Sobre o Róda- no” e “Natureza-Morta: Vaso com Doze Girassóis”, todos feitos em 1888 com a intenção de servirem de decoração para a Casa Amarela. Ele escreveu que desejava “expressar a ideia de que o café é um lugar onde alguém pode arruinar-se, ficar louco ou cometer um crime” com o quadro “O Café à Noite”. Gauguin concordou em visitar Arles em 1888, com Van Gogh esperando al- cançar uma amizade e a realização da sua ideia de um coletivo de artistas. En- quanto esperava, ele pintou “Girassóis”. Boch o visitou novamente e Van Gogh pintou um retrato dele, além do estudo “O Poeta Contra um Céu Estrelado”. O tempo passado em Arles foi um dos perío- dos mais prolíficos da carreira de Van Gogh: ele completou duzen- tas pinturas e mais de cem desenhos e aqua- relas. Ficou encantado pela paisagem local e a luz; seus trabalhos nes- se período são ricos em amarelo, azul ultrama- rino e malva. Seus qua- dros incluem colhei- tas, campos de trigo e marcos rurais gerais da área, como por exem- plo “O Velho Moinho”, uma estrutura pitores- ca acima dos campos de trigo. Esta foi uma de sete telas enviadas para Pont-Aven em troca de obras de Gau- guin, Bernard, Charles Laval e outros. O Velho Moinho, 1888 28 A RT E K LU B 29 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Avanço artístico - Arles Em fevereiro de 1888, Van Gogh pro- curou um refúgio em Arles (França). A Casa Amarela precisava ser mobiliada antes que ele pudesse mudar-se por completo, porém mesmo assim ele con- seguia usar o estúdio. Queria uma gale- ria onde pudesse exibir seus trabalhos, começando uma série de pinturas: a “Cadeirade Van Gogh”, “Quarto em Ar- les”, “O Café à Noite”, “Terraço do Café à Noite”, “Noite Estrelada Sobre o Róda- no” e “Natureza-Morta: Vaso com Doze Girassóis”, todos feitos em 1888 com a intenção de servirem de decoração para a Casa Amarela. Ele escreveu que desejava “expressar a ideia de que o café é um lugar onde alguém pode arruinar-se, ficar louco ou cometer um crime” com o quadro “O Café à Noite”. Gauguin concordou em visitar Arles em 1888, com Van Gogh esperando al- cançar uma amizade e a realização da sua ideia de um coletivo de artistas. En- quanto esperava, ele pintou “Girassóis”. Boch o visitou novamente e Van Gogh pintou um retrato dele, além do estudo “O Poeta Contra um Céu Estrelado”. O tempo passado em Arles foi um dos perío- dos mais prolíficos da carreira de Van Gogh: ele completou duzen- tas pinturas e mais de cem desenhos e aqua- relas. Ficou encantado pela paisagem local e a luz; seus trabalhos nes- se período são ricos em amarelo, azul ultrama- rino e malva. Seus qua- dros incluem colhei- tas, campos de trigo e marcos rurais gerais da área, como por exem- plo “O Velho Moinho”, uma estrutura pitores- ca acima dos campos de trigo. Esta foi uma de sete telas enviadas para Pont-Aven em troca de obras de Gau- guin, Bernard, Charles Laval e outros. O Velho Moinho, 1888 30 A RT E K LU B 31 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Girassóis (1888) O Café à Noite na Place Lamartine, 1888 “Quarto em Arles” 1888 30 A RT E K LU B 31 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Girassóis (1888) O Café à Noite na Place Lamartine, 1888 “Quarto em Arles” 1888 32 A RT E K LU B 33 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Hospital em Arles Não se sabe a exata sequência de even- tos que levaram à mutilação da orelha es- querda de Van Gogh. Gauguin afirmou quinze anos depois que houve várias circunstâncias na noite anterior de um comportamento fisicamente ameaça- dor. Van Gogh voltou para a Casa Ama- rela depois de ter brigado com Gauguin, ouvindo vozes e cortando sua orelha es- querda com uma lâmina, não se sabe se parcialmente ou totalmente, causando um sangramento sério. Ele enfaixou a ferida, enrolou a orelha em papel e en- viou o pacote para Gabrielle Berlatier, criada de um bordel que frequentava com Gauguin. Van Gogh foi encontrado inconsciente na manhã seguinte por um policial e levado ao hospital. Ele não tinha memórias do incidente, o que sugere que talvez tenha passado por um surto mental agudo. Apesar dos diagnósticos pessimistas, Van Gogh re- cuperou-se e voltou para a Casa Amarela em 7 de janeiro de 1889. Passou os meses seguintes entre hospital e casa, sofrendo alucinações e delírios de envenenamen- to. Ele deixou Arles dois meses depois e se internou voluntariamente em um hos- pício de Saint-Rémy-de-Provence. “Às vezes humores de indescritível an- gústia, às vezes mo- mentos em que o véu do tempo e a fatali- dade das circunstân- cias parecem ser des- pedaçados por um instante.” Van Gogh se inter- nou no hospício de Saint-Paul-de-Mau- sole em 1889. Ele tinha duas celas com janelas gradeadas, uma das quais usou como estúdio. A clí- nica e seu jardim tornaram-se temas de seus quadros. Ele realizou vários estu- dos dos interiores do hospital como “Cor- redor no Hospício” e “Entrada do Hos- pício”. Algumas de suas obras da época foram caracterizadas por redemoinhos, por exemplo “A Noite Estrelada”. A Noite Estrelada, 1889 32 A RT E K LU B 33 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Hospital em Arles Não se sabe a exata sequência de even- tos que levaram à mutilação da orelha es- querda de Van Gogh. Gauguin afirmou quinze anos depois que houve várias circunstâncias na noite anterior de um comportamento fisicamente ameaça- dor. Van Gogh voltou para a Casa Ama- rela depois de ter brigado com Gauguin, ouvindo vozes e cortando sua orelha es- querda com uma lâmina, não se sabe se parcialmente ou totalmente, causando um sangramento sério. Ele enfaixou a ferida, enrolou a orelha em papel e en- viou o pacote para Gabrielle Berlatier, criada de um bordel que frequentava com Gauguin. Van Gogh foi encontrado inconsciente na manhã seguinte por um policial e levado ao hospital. Ele não tinha memórias do incidente, o que sugere que talvez tenha passado por um surto mental agudo. Apesar dos diagnósticos pessimistas, Van Gogh re- cuperou-se e voltou para a Casa Amarela em 7 de janeiro de 1889. Passou os meses seguintes entre hospital e casa, sofrendo alucinações e delírios de envenenamen- to. Ele deixou Arles dois meses depois e se internou voluntariamente em um hos- pício de Saint-Rémy-de-Provence. “Às vezes humores de indescritível an- gústia, às vezes mo- mentos em que o véu do tempo e a fatali- dade das circunstân- cias parecem ser des- pedaçados por um instante.” Van Gogh se inter- nou no hospício de Saint-Paul-de-Mau- sole em 1889. Ele tinha duas celas com janelas gradeadas, uma das quais usou como estúdio. A clí- nica e seu jardim tornaram-se temas de seus quadros. Ele realizou vários estu- dos dos interiores do hospital como “Cor- redor no Hospício” e “Entrada do Hos- pício”. Algumas de suas obras da época foram caracterizadas por redemoinhos, por exemplo “A Noite Estrelada”. A Noite Estrelada, 1889 34 A RT E K LU B 35 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Morte Em 27 de julho de 1890, Van Gogh dis- parou um revólver contra seu peito. Não houve testemunhas e ele morreu trinta horas depois. O disparo talvez tenha ocor- rido no campo de trigo em que estava pin- tando ou em um celeiro local. Ele foi capaz de voltar andando, onde foi atendido por médicos, porém não havia um cirurgião e assim a bala não pôde ser removida. Os médicos cuidaram dele da melhor maneira que puderam e então o deixaram sozinho em seu quarto fumando cachimbo. Theo correu para junto do irmão no dia seguin- te, encontrando-o de bom humor. Ele mor- reu em 29 de julho de 1890. Theo afirmou que as últimas palavras do irmão foram “A tristeza vai durar para sempre”. Enquanto estava vivo, ele só conseguiu vender um único quadro. Cem anos depois, no final do século XX, suas obras começa- ram a ser vendidas por milhões de dólares. Criou mais de oitocentas pinturas a óleo, além de setecentos desenhos. Van Gogh exerceu grande influência no movimento artístico chamado Expressionismo, em que o artista demonstra as emoções desperta- das nele por objetos e acontecimentos. A fama de Van Gogh alcançou seu primeiro pico na Áustria-Hun- gria e Alemanha an- tes da Primeira Guerra Mundial. O romancis- ta Irving Stone publi- cou em 1934 uma nar- rativa sobre a vida de Van Gogh intitulada “Lust for Life”, tendo por base as cartas tro- cadas com Theo. Esse livro e o filme homôni- mo de 1956 elevaram ainda mais sua fama. As obras de Van Gogh estão entre as mais caras do mundo. En- tre as vendidas por mais de 100 milhões de dólares estão “Re- trato do Dr. Gachet”, “Retrato de Joseph Roulin” e “Lírios”. A versão de “Campo de Trigo com Ciprestes” do Museu Metropoli- tano de Arte foi ad- quirida em 1993 por 57 milhões. Retrato de Joseph Roulin, 1889 34 A RT E K LU B 35 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Morte Em 27 de julho de 1890, Van Gogh dis- parou um revólver contra seu peito. Não houve testemunhas e ele morreu trinta horas depois. O disparo talvez tenha ocor- rido no campo de trigo em que estava pin- tando ou em um celeiro local. Ele foi capaz de voltar andando, onde foi atendido por médicos, porém não havia um cirurgião e assim a bala não pôde ser removida. Os médicos cuidaram dele da melhor maneira que puderam e então o deixaram sozinho em seu quarto fumando cachimbo. Theo correu para junto do irmão no dia seguin- te, encontrando-o de bom humor. Ele mor- reu em 29 de julho de 1890. Theoafirmou que as últimas palavras do irmão foram “A tristeza vai durar para sempre”. Enquanto estava vivo, ele só conseguiu vender um único quadro. Cem anos depois, no final do século XX, suas obras começa- ram a ser vendidas por milhões de dólares. Criou mais de oitocentas pinturas a óleo, além de setecentos desenhos. Van Gogh exerceu grande influência no movimento artístico chamado Expressionismo, em que o artista demonstra as emoções desperta- das nele por objetos e acontecimentos. A fama de Van Gogh alcançou seu primeiro pico na Áustria-Hun- gria e Alemanha an- tes da Primeira Guerra Mundial. O romancis- ta Irving Stone publi- cou em 1934 uma nar- rativa sobre a vida de Van Gogh intitulada “Lust for Life”, tendo por base as cartas tro- cadas com Theo. Esse livro e o filme homôni- mo de 1956 elevaram ainda mais sua fama. As obras de Van Gogh estão entre as mais caras do mundo. En- tre as vendidas por mais de 100 milhões de dólares estão “Re- trato do Dr. Gachet”, “Retrato de Joseph Roulin” e “Lírios”. A versão de “Campo de Trigo com Ciprestes” do Museu Metropoli- tano de Arte foi ad- quirida em 1993 por 57 milhões. Retrato de Joseph Roulin, 1889 36 A RT E K LU B 37 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Filme biográfico de anima- ção, o primeiro totalmen- te pintado. Conta a história do pintor Vincent van Gogh e foi escrito e dirigido por Dorota Kobiela e Hugh Wel- chman. A ideia de um filme ilustrado sobre Van Gogh surgiu de Dorota Kobiela, que também é pintora, após se aprofundar nas técnicas e história do artista. Cada um dos 65.000 qua- dros do filme é uma pintura a óleo sobre tela, usando a mesma técnica de Van Gogh, tudo feito por uma equipe de 115 pintores. Frases “Transformando-se em uma obra-prima por direito próprio.” — NBC Nightly News “Incrivelmente deslum- brante.” — Metro UK Vincent Willem van Gogh, filho de Theo e Johanna e sobrinho de Van Gogh, herdou a propriedade das obras e cartas de Van Gogh após a morte de sua mãe em 1925. Posteriormente, negociou com o governo holandês e cuidaria do conjunto de obras de Van Gogh. O Museu Van Gogh foi inaugurado em 1973 no espaço público Museum- plein de Amsterdã. Ele tornou-se o segundo mu- seu mais popular dos Paí- ses Baixos atrás do Museu Nacional e costuma rece- ber regularmente mais de 1,5 milhão de visitas por ano. O museu alcançou em 2015 seu recorde de visitantes: cerca de 1,9 milhão, 85% dos quais vindos de outros países. FILME COM AMOR, VAN GOGH MUSEU MUSEU VAN GOGH “Uma obra-prima animada! Eu nunca vi nada na vida da tela antes.” — Deadline Hollywood “É realmente muito surpreen- dente.” — The Independent “Nunca experimentei nada pare- cido antes.” — The Telegraph O Museu Van Gogh guarda a maior coleção das obras de Van Gogh de todo o mundo. 36 A RT E K LU B 37 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 3a arte - pintura Filme biográfico de anima- ção, o primeiro totalmen- te pintado. Conta a história do pintor Vincent van Gogh e foi escrito e dirigido por Dorota Kobiela e Hugh Wel- chman. A ideia de um filme ilustrado sobre Van Gogh surgiu de Dorota Kobiela, que também é pintora, após se aprofundar nas técnicas e história do artista. Cada um dos 65.000 qua- dros do filme é uma pintura a óleo sobre tela, usando a mesma técnica de Van Gogh, tudo feito por uma equipe de 115 pintores. Frases “Transformando-se em uma obra-prima por direito próprio.” — NBC Nightly News “Incrivelmente deslum- brante.” — Metro UK Vincent Willem van Gogh, filho de Theo e Johanna e sobrinho de Van Gogh, herdou a propriedade das obras e cartas de Van Gogh após a morte de sua mãe em 1925. Posteriormente, negociou com o governo holandês e cuidaria do conjunto de obras de Van Gogh. O Museu Van Gogh foi inaugurado em 1973 no espaço público Museum- plein de Amsterdã. Ele tornou-se o segundo mu- seu mais popular dos Paí- ses Baixos atrás do Museu Nacional e costuma rece- ber regularmente mais de 1,5 milhão de visitas por ano. O museu alcançou em 2015 seu recorde de visitantes: cerca de 1,9 milhão, 85% dos quais vindos de outros países. FILME COM AMOR, VAN GOGH MUSEU MUSEU VAN GOGH “Uma obra-prima animada! Eu nunca vi nada na vida da tela antes.” — Deadline Hollywood “É realmente muito surpreen- dente.” — The Independent “Nunca experimentei nada pare- cido antes.” — The Telegraph O Museu Van Gogh guarda a maior coleção das obras de Van Gogh de todo o mundo. 38 A RT E K LU B 39 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Michelangelo: Pietà, 1499. Basílica de São Pedro, Vaticano MICHELANGELO, O DIVINO FO N TE W IK IP ED IA IT A LY Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (Caprese, 6 de março de 1475 — Roma, 18 de fevereiro de 1564), mais conhecido simples- mente como Michelangelo ou Miguel Ânge- lo, foi pintor, escultor, poeta e arquiteto ita- liano, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente. Ainda em vida foi con- siderado o maior artis- ta de seu tempo; cha- mavam-no de O Divino, e ao longo dos séculos, até os dias de hoje, vem sendo tido como um dos maiores que já viveram e como o pro- tótipo do gênio. Ele desenvolveu o seu trabalho artístico por mais de setenta anos entre Florença e Roma, onde viveram seus grandes mecenas, a família Medici de Flo- rença, e vários papas romanos. FOTO STANISLAV TRAYKOV 38 A RT E K LU B 39 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Michelangelo: Pietà, 1499. Basílica de São Pedro, Vaticano MICHELANGELO, O DIVINO FO N TE W IK IP ED IA IT A LY Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (Caprese, 6 de março de 1475 — Roma, 18 de fevereiro de 1564), mais conhecido simples- mente como Michelangelo ou Miguel Ânge- lo, foi pintor, escultor, poeta e arquiteto ita- liano, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente. Ainda em vida foi con- siderado o maior artis- ta de seu tempo; cha- mavam-no de O Divino, e ao longo dos séculos, até os dias de hoje, vem sendo tido como um dos maiores que já viveram e como o pro- tótipo do gênio. Ele desenvolveu o seu trabalho artístico por mais de setenta anos entre Florença e Roma, onde viveram seus grandes mecenas, a família Medici de Flo- rença, e vários papas romanos. FOTO STANISLAV TRAYKOV 40 A RT E K LU B 41 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Iniciou-se como aprendiz dos irmãos Davide e Domenico Ghirlandaio em Florença. Tendo o seu talento logo reconhecido, tornou-se um protegi- do dos Medici, para quem realizou várias obras. Depois fixou-se em Roma, onde deixou a maior parte de suas obras mais representativas. Sua carreira se desenvolveu na transi- ção do Renascimento para o Maneirismo, e seu estilo sintetizou influências da arte da Antiguidade clássica, do primeiro Re- nascimento, dos ideais do Humanismo e do Neoplatonismo, centrado na represen- tação da figura humana e em especial no nu masculino, que retratou com enorme pujança. Várias de suas criações estão entre as mais célebres da arte do ocidente, desta- cando-se na escultura “o Baco”, a “Pietà”, o “David”, as duas tumbas Medici e o “Moi- sés”; na pintura o vasto ciclo do teto da Capela Sistina e o “Juízo Final” no mesmo local, e dois afrescos na Capela Paulina; ser- viu como arquiteto da Basílica de São Pedro implementando grandes reformas em sua estrutura e desenhando a cúpula, remode- lou a praça do Capitólio romano e projetou diversos edifícios, e escreveu grande núme- ro de poesias. O escultor, pintor e arquiteto italiano Mi- chelangelo é conside- rado um dos maiores artistas de todos os tempos. Suas criações já se destacavam na época do Renascimen- to, período conhecido por extraordinárias realizações nas artes e na literatura. Em Roma, pediram-lhe que esculpisse uma Pie- tà — obrade arte que mostra a Virgem Maria segurando no colo o corpo de Jesus Cristo morto. (Pietà signifi- ca “Piedade”; por isso, Maria, representada nesse momento, rece- be o nome de Nossa Senhora da Piedade). A “Pietà” de Michelan- gelo é uma escultura grande, trabalhada em um único bloco de már- more. Sua perfeição e sua beleza tornaram Michelangelo famoso. Michelangelo: Centauromaquia, c. 1492. Casa Buonarroti, Florença Foi um dos primeiros artistas oci- dentais a ter sua biografia publica- da ainda em vida. Sua fama era ta- manha que, como nenhum artista anterior ou contemporâneo seu, sobrevivem registros numerosos so- bre sua carreira e personalidade, e objetos que ele usara ou simples es- boços para suas obras eram guarda- dos como relíquias por uma legião de admiradores. Para a posteridade Michelangelo permanece como um dos poucos artistas que foram capa- zes de expressar a experiência do belo, do trágico e do sublime numa dimensão cósmica e universal. 40 A RT E K LU B 41 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Iniciou-se como aprendiz dos irmãos Davide e Domenico Ghirlandaio em Florença. Tendo o seu talento logo reconhecido, tornou-se um protegi- do dos Medici, para quem realizou várias obras. Depois fixou-se em Roma, onde deixou a maior parte de suas obras mais representativas. Sua carreira se desenvolveu na transi- ção do Renascimento para o Maneirismo, e seu estilo sintetizou influências da arte da Antiguidade clássica, do primeiro Re- nascimento, dos ideais do Humanismo e do Neoplatonismo, centrado na represen- tação da figura humana e em especial no nu masculino, que retratou com enorme pujança. Várias de suas criações estão entre as mais célebres da arte do ocidente, desta- cando-se na escultura “o Baco”, a “Pietà”, o “David”, as duas tumbas Medici e o “Moi- sés”; na pintura o vasto ciclo do teto da Capela Sistina e o “Juízo Final” no mesmo local, e dois afrescos na Capela Paulina; ser- viu como arquiteto da Basílica de São Pedro implementando grandes reformas em sua estrutura e desenhando a cúpula, remode- lou a praça do Capitólio romano e projetou diversos edifícios, e escreveu grande núme- ro de poesias. O escultor, pintor e arquiteto italiano Mi- chelangelo é conside- rado um dos maiores artistas de todos os tempos. Suas criações já se destacavam na época do Renascimen- to, período conhecido por extraordinárias realizações nas artes e na literatura. Em Roma, pediram-lhe que esculpisse uma Pie- tà — obra de arte que mostra a Virgem Maria segurando no colo o corpo de Jesus Cristo morto. (Pietà signifi- ca “Piedade”; por isso, Maria, representada nesse momento, rece- be o nome de Nossa Senhora da Piedade). A “Pietà” de Michelan- gelo é uma escultura grande, trabalhada em um único bloco de már- more. Sua perfeição e sua beleza tornaram Michelangelo famoso. Michelangelo: Centauromaquia, c. 1492. Casa Buonarroti, Florença Foi um dos primeiros artistas oci- dentais a ter sua biografia publica- da ainda em vida. Sua fama era ta- manha que, como nenhum artista anterior ou contemporâneo seu, sobrevivem registros numerosos so- bre sua carreira e personalidade, e objetos que ele usara ou simples es- boços para suas obras eram guarda- dos como relíquias por uma legião de admiradores. Para a posteridade Michelangelo permanece como um dos poucos artistas que foram capa- zes de expressar a experiência do belo, do trágico e do sublime numa dimensão cósmica e universal. 42 A RT E K LU B 43 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Michelangelo: David, 1501– 1504. Galleria dell’Accademia, Florença Em 1501, Michelan- gelo voltou a Floren- ça e criou “David”, estátua imensa de mármore, cujo jovem esculpido segura um estilingue — David (ou Davi) foi um rei do antigo Israel e sua vida é contada no Velho Testamento da Bíblia. Quando era menino, Davi ven- ceu o gigante Golias usando apenas uma funda (ou um esti- lingue). O Davi de Michelangelo é uma das mais importantes estátuas do mundo e representa o ideal de perfeição do corpo humano do Renasci- mento. Pietá e David A obra “Um Baco embriagado”, de gran- des dimensões e traços claramente clássi- cos, foi feita a pedido do banqueiro Jacopo Galli, que solicitou ainda um Cupido em pé, e através de quem Michelangelo conheceu o Cardeal Jean de la Grolaye de Villiers, em- baixador da França junto ao Papa, que en- comendou a célebre “Pietà”, um tema raro na Itália mas comum na França, que foi imediatamente aclamada como uma obra- -prima, alçando-o à fama. Logo recebeu ou- tras comissões, incluindo quinze estatuetas de santos para o Cardeal Francesco Picco- lomini, mas realizou destas apenas quatro, interrompendo o trabalho em 1501 para atender um chamado da Catedral de Flo- rença. A encomenda foi de um David, a ser instalado nos contrafortes da Catedral. Michelangelo escolheu para a obra um enorme bloco de mármore que havia sido trabalhado parcialmente por outros escultores mas permanecia abandonado há quarenta anos, com mais de 5 metros de altura. Talhar uma obra desse vulto ainda hoje é um desafio técnico enorme, e quando pronta em 1504 o resultado foi considerado tão brilhante e magnifi- cente que foi formada uma comissão de notáveis para decidir onde colocá-la, pois se julgou merecer uma posição mais des- FOTO RICO HEIL 42 A RT E K LU B 43 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Michelangelo: David, 1501– 1504. Galleria dell’Accademia, Florença Em 1501, Michelan- gelo voltou a Floren- ça e criou “David”, estátua imensa de mármore, cujo jovem esculpido segura um estilingue — David (ou Davi) foi um rei do antigo Israel e sua vida é contada no Velho Testamento da Bíblia. Quando era menino, Davi ven- ceu o gigante Golias usando apenas uma funda (ou um esti- lingue). O Davi de Michelangelo é uma das mais importantes estátuas do mundo e representa o ideal de perfeição do corpo humano do Renasci- mento. Pietá e David A obra “Um Baco embriagado”, de gran- des dimensões e traços claramente clássi- cos, foi feita a pedido do banqueiro Jacopo Galli, que solicitou ainda um Cupido em pé, e através de quem Michelangelo conheceu o Cardeal Jean de la Grolaye de Villiers, em- baixador da França junto ao Papa, que en- comendou a célebre “Pietà”, um tema raro na Itália mas comum na França, que foi imediatamente aclamada como uma obra- -prima, alçando-o à fama. Logo recebeu ou- tras comissões, incluindo quinze estatuetas de santos para o Cardeal Francesco Picco- lomini, mas realizou destas apenas quatro, interrompendo o trabalho em 1501 para atender um chamado da Catedral de Flo- rença. A encomenda foi de um David, a ser instalado nos contrafortes da Catedral. Michelangelo escolheu para a obra um enorme bloco de mármore que havia sido trabalhado parcialmente por outros escultores mas permanecia abandonado há quarenta anos, com mais de 5 metros de altura. Talhar uma obra desse vulto ainda hoje é um desafio técnico enorme, e quando pronta em 1504 o resultado foi considerado tão brilhante e magnifi- cente que foi formada uma comissão de notáveis para decidir onde colocá-la, pois se julgou merecer uma posição mais des- FOTO RICO HEIL 44 A RT E K LU B 45 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Michelangelo: Um dos nus do teto da Capela Sistina FOTO WEB GALLERY OF ART Em 1505, o papa Júlio II chamou Mi- chelangelo a Roma, para trabalhar nas estátuas do túmu- lo papal. Em 1508, convenceu-o a pin- tar o teto da Capela Sistina, no Vaticano. Nos anos que se se- guiram, Michelan- gelo criou, no teto da capela, maravi- lhosos afrescos, pin- turas criadas sobre reboco úmido. Ele trabalhava sobre uma plataforma de 18 metros de altura (o equivalente a um edifício de seis an- dares). As principais cenas mostram his- tórias bíblicas, como os profetas hebreus e a obra-prima“A criação de Adão”. tacada do que a prevista anteriormente. Assim, foi instalada diante do Palácio dos Priores, a sede administrativa da Repúbli- ca, como um símbolo das virtudes cívicas florentinas. Durante esses anos envolvido com o David, Michelangelo ainda achou tempo para criar várias Madonnas para patronos privados, uma em forma de estátua, duas em relevo e uma pintura, esta sendo espe- cialmente significativa como um exemplo precursor do Maneirismo florentino. De- pois do sucesso absoluto de seu David, Mi- chelangelo foi atraído para projetos mo- numentais. O Papa Júlio II era tão fascinado pelo gran- dioso quanto Michelangelo, e era volunta- rioso; seus atritos com o artista, cujo tem- peramento também era forte, se tornaram lendários. Planejara erguer uma portentosa tumba para si mesmo, com quarenta está- tuas. Definido o desenho, Michelangelo via- jou para as minas de mármore em Carrara para selecionar as pedras, passando lá oito meses. Quando o material chegou a Roma ocupou boa parte da Praça de São Pedro. Mas estando Júlio engajado ao mesmo tem- po na reconstrução da vasta Basílica de São Pedro, os fundos para o trabalho logo se- caram. Michelangelo supôs que o arquiteto de São Pedro, Bramante, havia envenenado o papa contra ele, e deixou Roma, voltando para Florença. 44 A RT E K LU B 45 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Michelangelo: Um dos nus do teto da Capela Sistina FOTO WEB GALLERY OF ART Em 1505, o papa Júlio II chamou Mi- chelangelo a Roma, para trabalhar nas estátuas do túmu- lo papal. Em 1508, convenceu-o a pin- tar o teto da Capela Sistina, no Vaticano. Nos anos que se se- guiram, Michelan- gelo criou, no teto da capela, maravi- lhosos afrescos, pin- turas criadas sobre reboco úmido. Ele trabalhava sobre uma plataforma de 18 metros de altura (o equivalente a um edifício de seis an- dares). As principais cenas mostram his- tórias bíblicas, como os profetas hebreus e a obra-prima “A criação de Adão”. tacada do que a prevista anteriormente. Assim, foi instalada diante do Palácio dos Priores, a sede administrativa da Repúbli- ca, como um símbolo das virtudes cívicas florentinas. Durante esses anos envolvido com o David, Michelangelo ainda achou tempo para criar várias Madonnas para patronos privados, uma em forma de estátua, duas em relevo e uma pintura, esta sendo espe- cialmente significativa como um exemplo precursor do Maneirismo florentino. De- pois do sucesso absoluto de seu David, Mi- chelangelo foi atraído para projetos mo- numentais. O Papa Júlio II era tão fascinado pelo gran- dioso quanto Michelangelo, e era volunta- rioso; seus atritos com o artista, cujo tem- peramento também era forte, se tornaram lendários. Planejara erguer uma portentosa tumba para si mesmo, com quarenta está- tuas. Definido o desenho, Michelangelo via- jou para as minas de mármore em Carrara para selecionar as pedras, passando lá oito meses. Quando o material chegou a Roma ocupou boa parte da Praça de São Pedro. Mas estando Júlio engajado ao mesmo tem- po na reconstrução da vasta Basílica de São Pedro, os fundos para o trabalho logo se- caram. Michelangelo supôs que o arquiteto de São Pedro, Bramante, havia envenenado o papa contra ele, e deixou Roma, voltando para Florença. 46 A RT E K LU B 47 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Michelangelo: A figura feminina da Sibila Cumeia. Capela Sistina, Vaticano Pietà de Florença, c. 1550. Museo dell’Opera del Duomo FOTO WIKIMEDIA COMMONS FOTO WIKIMEDIA COMMONS 46 A RT E K LU B 47 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Michelangelo: A figura feminina da Sibila Cumeia. Capela Sistina, Vaticano Pietà de Florença, c. 1550. Museo dell’Opera del Duomo FOTO WIKIMEDIA COMMONS FOTO WIKIMEDIA COMMONS 48 A RT E K LU B 49 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Freud disse que ne- nhuma outra obra de arte o impressio- nara tanto como o “Moisés”, deu uma interpretação psi- cológica para ele relacionando-o a figuras de autorida- de e à força da justa indignação, e viu em seu idealismo patriarcal uma ex- pressão concreta da mais alta conquista intelectual possível para a humanidade. Foi admirado até por artistas das van- guardas iconoclas- tas do século XX, como Henry Moore, que o chamou de sobre-humano. Michelangelo: Moisés, 1513– 1515. Basílica de São Pedro Acor- rentado, Roma FOTO JÖRG BITTNER UNNA do para Florença. O papa fez pressão so- bre as autoridades florentinas exigindo o seu retorno, e em vez de continuar as obras da sua tumba mandou-o criar uma colossal estátua sua em bronze para insta- lar em Bolonha, que recém havia conquis- tado em suas expedições militares. Depois de pronta o fez aceitar, a contragosto, o encargo de pintar o enorme teto da Ca- pela Sistina, completado em apenas qua- tro anos, entre 1508 e 1511. O resultado foi muito além das expectativas papais, e mesmo que Michelangelo não estivesse muito à vontade com a técnica da pintura, preferindo sempre a escultura, deu provas de possuir um gênio pictórico comparável ao que produziu o “David” e a “Pietà”. Em 1527 Roma foi invadida e violenta- mente saqueada por tropas rebeldes de Car- los V, imperador do Sacro Império. O papa fugiu, e Florença se revoltou novamente contra os Medici, banindo-os. Em seguida a cidade foi assediada, e nesse período Mi- chelangelo foi empregado pelo governo local em obras de engenharia, projetando fortificações. Esta década e a seguinte fo- ram especialmente difíceis para ele. Seu pai morrera em 1521 e em seguida seu irmão favorito. 48 A RT E K LU B 49 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Freud disse que ne- nhuma outra obra de arte o impressio- nara tanto como o “Moisés”, deu uma interpretação psi- cológica para ele relacionando-o a figuras de autorida- de e à força da justa indignação, e viu em seu idealismo patriarcal uma ex- pressão concreta da mais alta conquista intelectual possível para a humanidade. Foi admirado até por artistas das van- guardas iconoclas- tas do século XX, como Henry Moore, que o chamou de sobre-humano. Michelangelo: Moisés, 1513– 1515. Basílica de São Pedro Acor- rentado, Roma FOTO JÖRG BITTNER UNNA do para Florença. O papa fez pressão so- bre as autoridades florentinas exigindo o seu retorno, e em vez de continuar as obras da sua tumba mandou-o criar uma colossal estátua sua em bronze para insta- lar em Bolonha, que recém havia conquis- tado em suas expedições militares. Depois de pronta o fez aceitar, a contragosto, o encargo de pintar o enorme teto da Ca- pela Sistina, completado em apenas qua- tro anos, entre 1508 e 1511. O resultado foi muito além das expectativas papais, e mesmo que Michelangelo não estivesse muito à vontade com a técnica da pintura, preferindo sempre a escultura, deu provas de possuir um gênio pictórico comparável ao que produziu o “David” e a “Pietà”. Em 1527 Roma foi invadida e violenta- mente saqueada por tropas rebeldes de Car- los V, imperador do Sacro Império. O papa fugiu, e Florença se revoltou novamente contra os Medici, banindo-os. Em seguida a cidade foi assediada, e nesse período Mi- chelangelo foi empregado pelo governo local em obras de engenharia, projetando fortificações. Esta década e a seguinte fo- ram especialmente difíceis para ele. Seu pai morrera em 1521 e em seguida seu irmão favorito. 50 A RT E K LU B 51 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Michelangelo: “O Juízo Final”. Capela Sistina Em sua vida afetiva se ligou forte- mente a homens jovens, em especial a Tommaso dei Cavalieri, trocando calorosa correspondência e escreven- do-lhes poesias de grande qualidade, tratando do tema do amor na tradição de Petrarca e expressando ideias neo- platônicas. Essas ligações e esses teste- munhos materiais têm sido considera-dos por grande número de estudiosos como evidências de homossexualida- de, mas para uma minoria influente, da qual participa Gilbert Creighton, editor da Britannica, é provável que ele esti- vesse mais preocupado em encontrar um filho adotivo e que seu transborda- mento emocional não passasse de retó- rica literária. Em 1530 os Medici conseguiram impor definitivamente seu governo em Florença, Michelangelo voltou ao projeto das tumbas da família e pro- duziu duas esculturas, um “Gênio da Vitória”, que se tornou um protótipo para os escultores maneiristas, e um “David”, às vezes identificado tam- bém como Apolo. Em 1534 deixou a cidade pela última vez, a chamado do novo papa, Paulo III, passando a residir em Roma, embora tenha sem- pre alimentado a esperança de po- Em 1534, Miche- langelo começou outro afresco, “O Juízo Final”, para a Capela Sistina. Passou a maior parte de seus úl- timos anos tra- balhando nessa grande pintura e escrevendo poe- mas. Além disso, projetou a impres- sionante cúpula da Basílica de São Pedro e a Praça do Capitólio, em Roma — cidade em que morreu, no dia 18 de feverei- ro de 1564. 50 A RT E K LU B 51 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Michelangelo: “O Juízo Final”. Capela Sistina Em sua vida afetiva se ligou forte- mente a homens jovens, em especial a Tommaso dei Cavalieri, trocando calorosa correspondência e escreven- do-lhes poesias de grande qualidade, tratando do tema do amor na tradição de Petrarca e expressando ideias neo- platônicas. Essas ligações e esses teste- munhos materiais têm sido considera- dos por grande número de estudiosos como evidências de homossexualida- de, mas para uma minoria influente, da qual participa Gilbert Creighton, editor da Britannica, é provável que ele esti- vesse mais preocupado em encontrar um filho adotivo e que seu transborda- mento emocional não passasse de retó- rica literária. Em 1530 os Medici conseguiram impor definitivamente seu governo em Florença, Michelangelo voltou ao projeto das tumbas da família e pro- duziu duas esculturas, um “Gênio da Vitória”, que se tornou um protótipo para os escultores maneiristas, e um “David”, às vezes identificado tam- bém como Apolo. Em 1534 deixou a cidade pela última vez, a chamado do novo papa, Paulo III, passando a residir em Roma, embora tenha sem- pre alimentado a esperança de po- Em 1534, Miche- langelo começou outro afresco, “O Juízo Final”, para a Capela Sistina. Passou a maior parte de seus úl- timos anos tra- balhando nessa grande pintura e escrevendo poe- mas. Além disso, projetou a impres- sionante cúpula da Basílica de São Pedro e a Praça do Capitólio, em Roma — cidade em que morreu, no dia 18 de feverei- ro de 1564. 52 A RT E K LU B 53 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Michelangelo foi o primeiro artista oci- dental a reivindicar consistentemente sua independência criativa, e o prestí- gio de que desfrutou em vida, tornando-o um iluminado, um ser tocado pelo divi- no. Desencadeou um processo de inversão das hierarquias do sistema de produção e consumo de arte que culminou na visão romântica do artista como um gênio isola- do, incompreendido, semilouco, preocupa- do apenas com a ex- pressão de si mesmo, atormentado por ane- los insatisfeitos pelo infinito, à frente de seu tempo, persegui- do por filisteus insen- síveis e absolutamen- te livre de obrigações sociais ou morais para com seu público. Pintura de Sebastiano del Piombo: Retrato de Michelangelo, c. 1520–1525 der voltar e terminar seus projetos inaca- bados. Em 1563 foi eleito primus inter pares da Accademia del Disegno de Florença, recém- -fundada por Cosimo I de Medici e Vasari, e somente depois disso, às portas dos noven- ta anos de idade, sua saúde e vigor começa- ram a declinar rápida e visivelmente. Pouco tempo lhe restava, e na passagem de 1563 para 1564 se tornou claro que já não pode- ria sair à rua a qualquer hora e sob qualquer tempo como costumava, e nem podia mais recusar a ajuda de outros como fora seu há- bito perene. Em 14 de fevereiro de 1564 sofreu uma espécie de ataque, e espalhou-se a notícia de que ele estava doente. Não obstante, seu amigo Tiberio Calcagni, que foi visitá-lo, o encontrou na rua debaixo da chuva, dizen- do que não encontrava sossego de forma al- guma. De acordo com o relato, sua face es- tava com uma péssima aparência e sua fala era hesitante. Entrando em casa, recolheu-se para descansar. Outros amigos vieram para atendê-lo, no dia seguinte pressentiu a morte e mandou chamar seu sobrinho Lionardo, mas este não chegou a tempo de vê-lo vivo. Faleceu pacificamente pouco antes das cinco da tarde do dia 18. 52 A RT E K LU B 53 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura Michelangelo foi o primeiro artista oci- dental a reivindicar consistentemente sua independência criativa, e o prestí- gio de que desfrutou em vida, tornando-o um iluminado, um ser tocado pelo divi- no. Desencadeou um processo de inversão das hierarquias do sistema de produção e consumo de arte que culminou na visão romântica do artista como um gênio isola- do, incompreendido, semilouco, preocupa- do apenas com a ex- pressão de si mesmo, atormentado por ane- los insatisfeitos pelo infinito, à frente de seu tempo, persegui- do por filisteus insen- síveis e absolutamen- te livre de obrigações sociais ou morais para com seu público. Pintura de Sebastiano del Piombo: Retrato de Michelangelo, c. 1520–1525 der voltar e terminar seus projetos inaca- bados. Em 1563 foi eleito primus inter pares da Accademia del Disegno de Florença, recém- -fundada por Cosimo I de Medici e Vasari, e somente depois disso, às portas dos noven- ta anos de idade, sua saúde e vigor começa- ram a declinar rápida e visivelmente. Pouco tempo lhe restava, e na passagem de 1563 para 1564 se tornou claro que já não pode- ria sair à rua a qualquer hora e sob qualquer tempo como costumava, e nem podia mais recusar a ajuda de outros como fora seu há- bito perene. Em 14 de fevereiro de 1564 sofreu uma espécie de ataque, e espalhou-se a notícia de que ele estava doente. Não obstante, seu amigo Tiberio Calcagni, que foi visitá-lo, o encontrou na rua debaixo da chuva, dizen- do que não encontrava sossego de forma al- guma. De acordo com o relato, sua face es- tava com uma péssima aparência e sua fala era hesitante. Entrando em casa, recolheu-se para descansar. Outros amigos vieram para atendê-lo, no dia seguinte pressentiu a morte e mandou chamar seu sobrinho Lionardo, mas este não chegou a tempo de vê-lo vivo. Faleceu pacificamente pouco antes das cinco da tarde do dia 18. 54 A RT E K LU B 55 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura “Michelangelo - Infinito”, de 2018, é o primeiro filme de arte sobre o génio do Renascimento e da his- tória da arte universal: Mi- chelangelo Buonarroti. Um documentário onde o cinema e o mundo da arte se encon- tram para traçar o retrato do homem secreto e pertur- bado, capaz de contrastes e paixões fortes, mas também de mostrar grande coragem quando se trata de apoiar as suas crenças e ideologias. Uma personalidade imortal, um dos maiores artistas que o mundo já viu, cuja rica e variada produção artística se tornou um marco na história da arte universal. “Michelangelo - Infinito” é um documentário biográfico di- rigido por Emanuele Imbucci sobre a vida e obra de Miche- langelo Buonarroti, produzi- do pela Sky e MAGNITUDO Film, em colaboração com os Museus do Vaticano. O teto da Ca- pela Sistina é constituído por um extenso afres- co, concebido por Michelangelo en- tre 1508 e 1512. O trabalho, feito a pedido do papa Júlio II, é considera- do não só um marco da pintura da Alta Renascença, mas também uma das mais famosas obras da história da arte e um dos maiores tesouros da Santa Sé. A Capela Sistina,localizada no Vati- cano, foi construída entre 1477 e 1480, a mando do papa Sisto IV, em home- nagem ao qual foi nomeada. No local, acontecem o concla- ve e outros impor- tantes eventos da Igreja Católica. FILME MICHELANGELO - INFINITO VATICANO CAPELA SISTINA Este filme surpreendente, fil- mado com as mais avançadas tecnologias de filmagem, re- faz a principal produção pic- tórica e escultórica de Miche- langelo, mostrando as suas obras mais famosas. É famosa pela sua arquitetura, inspirada no Templo de Salomão do Antigo Tes- tamento, e sua decoração em afrescos, pintada pelos maiores artistas da Renas- cença, incluindo Michelangelo, Rafael, Perugino e Sandro Botticelli. FOTO PATRICK LANDY 54 A RT E K LU B 55 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 4a arte - escultura “Michelangelo - Infinito”, de 2018, é o primeiro filme de arte sobre o génio do Renascimento e da his- tória da arte universal: Mi- chelangelo Buonarroti. Um documentário onde o cinema e o mundo da arte se encon- tram para traçar o retrato do homem secreto e pertur- bado, capaz de contrastes e paixões fortes, mas também de mostrar grande coragem quando se trata de apoiar as suas crenças e ideologias. Uma personalidade imortal, um dos maiores artistas que o mundo já viu, cuja rica e variada produção artística se tornou um marco na história da arte universal. “Michelangelo - Infinito” é um documentário biográfico di- rigido por Emanuele Imbucci sobre a vida e obra de Miche- langelo Buonarroti, produzi- do pela Sky e MAGNITUDO Film, em colaboração com os Museus do Vaticano. O teto da Ca- pela Sistina é constituído por um extenso afres- co, concebido por Michelangelo en- tre 1508 e 1512. O trabalho, feito a pedido do papa Júlio II, é considera- do não só um marco da pintura da Alta Renascença, mas também uma das mais famosas obras da história da arte e um dos maiores tesouros da Santa Sé. A Capela Sistina, localizada no Vati- cano, foi construída entre 1477 e 1480, a mando do papa Sisto IV, em home- nagem ao qual foi nomeada. No local, acontecem o concla- ve e outros impor- tantes eventos da Igreja Católica. FILME MICHELANGELO - INFINITO VATICANO CAPELA SISTINA Este filme surpreendente, fil- mado com as mais avançadas tecnologias de filmagem, re- faz a principal produção pic- tórica e escultórica de Miche- langelo, mostrando as suas obras mais famosas. É famosa pela sua arquitetura, inspirada no Templo de Salomão do Antigo Tes- tamento, e sua decoração em afrescos, pintada pelos maiores artistas da Renas- cença, incluindo Michelangelo, Rafael, Perugino e Sandro Botticelli. FOTO PATRICK LANDY 56 A RT E K LU B 57 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura Oscar Niemeyer em 1968. OSCAR NIEMEYER FO N TE © E N C IC LO PÉ D IA IT A Ú C U LT U RA L D E A RT E E C U LT U RA B RA SI LE IR A S Arquiteto e urbanista. Oscar Niemeyer é o arquiteto moderno brasileiro de maior renome internacional. Pensando no edi- fício como uma escultura, destaca-se pe- las formas curvilíneas que dá a suas edi- ficações, inaugurando um novo padrão estético na arquitetura brasileira. Niemeyer foi mais conhecido pelos projetos de edifícios cí- vicos para Brasília, uma cida- de planejada que se tornou a capital do Brasil em 1960, bem como por sua colabora- ção no grupo de arquitetos indicados pelos Estados- -membros da ONU que pro- jetaram a sede das Nações Unidas em Nova York, nos Estados Unidos. Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho (Rio de Janeiro, 15 de de- zembro de 1907 – Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2012) foi um arquite- to brasileiro, considera- do uma das figuras-chave no desenvolvimento da arquitetura moderna. FOTO GETTY IMAGES 56 A RT E K LU B 57 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura Oscar Niemeyer em 1968. OSCAR NIEMEYER FO N TE © E N C IC LO PÉ D IA IT A Ú C U LT U RA L D E A RT E E C U LT U RA B RA SI LE IR A S Arquiteto e urbanista. Oscar Niemeyer é o arquiteto moderno brasileiro de maior renome internacional. Pensando no edi- fício como uma escultura, destaca-se pe- las formas curvilíneas que dá a suas edi- ficações, inaugurando um novo padrão estético na arquitetura brasileira. Niemeyer foi mais conhecido pelos projetos de edifícios cí- vicos para Brasília, uma cida- de planejada que se tornou a capital do Brasil em 1960, bem como por sua colabora- ção no grupo de arquitetos indicados pelos Estados- -membros da ONU que pro- jetaram a sede das Nações Unidas em Nova York, nos Estados Unidos. Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho (Rio de Janeiro, 15 de de- zembro de 1907 – Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2012) foi um arquite- to brasileiro, considera- do uma das figuras-chave no desenvolvimento da arquitetura moderna. FOTO GETTY IMAGES 58 A RT E K LU B 59 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura Sua exploração das possibilidades cons- trutivas do concreto armado foi alta- mente influente na época, tal como na arquitetura do final do século XX e início do século XXI. Elogiado e criticado por ser um “escultor de monumentos”, Niemeyer foi um grande artista e um dos maiores arquite- tos de sua geração por seus partidários. Ele alegou que sua arquitetura foi fortemente influenciada por Le Corbusier, mas, em en- trevista, assegurou que isso “não impediu que (sua) arquitetura seguisse em uma dire- ção diferente”. Nascido no Rio de Janeiro, Niemeyer es- tudou na Escola Nacional de Belas Artes (atual UFRJ) e durante seu terceiro ano es- tagiou com seu futuro colega na construção de Brasília, Lúcio Costa, com quem acabou colaborando no projeto para o Ministério de Educação e Saúde, atual Palácio Gustavo Ca- panema, no Rio de Janeiro. Contando com a presença de Le Corbusier, Niemeyer teve a chance de trabalhar junto com o mestre suí- ço, sendo ele uma grande influência em sua arquitetura. O primeiro grande trabalho de arquitetura individual de Niemeyer foram os projetos de uma série de edifícios na Pampulha, um su- búrbio planejado no norte de Belo Horizonte, tendo como parceiro o engenheiro Joaquim Antes de convidar Niemeyer para auxi- liá-lo no projeto do Pavilhão Brasileiro na Feira Internacional de Nova York, em 1939, Lúcio Costa o indica para compor a equi- pe de arquitetos que projeta o Ministério da Educação e Saúde (MES), no Rio de Janei- ro, com a supervisão do suíço Le Corbusier (1887-1965). Este é fundamental para a constituição da iden- tidade arquitetônica de Niemeyer, que se interessa pela ideia do edifício como uma unidade escultural e pela concisão arqui- tetônica de Le Corbu- sier, de quem absorve aspectos como o rigor formal e a liberdade de desenho. Igreja São Francisco de Assis FOTO WIKIMEDIA COMMONS 58 A RT E K LU B 59 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura Sua exploração das possibilidades cons- trutivas do concreto armado foi alta- mente influente na época, tal como na arquitetura do final do século XX e início do século XXI. Elogiado e criticado por ser um “escultor de monumentos”, Niemeyer foi um grande artista e um dos maiores arquite- tos de sua geração por seus partidários. Ele alegou que sua arquitetura foi fortemente influenciada por Le Corbusier, mas, em en- trevista, assegurou que isso “não impediu que (sua) arquitetura seguisse em uma dire- ção diferente”. Nascido no Rio de Janeiro, Niemeyer es- tudou na Escola Nacional de Belas Artes (atual UFRJ) e durante seu terceiro ano es- tagiou com seu futuro colega na construção de Brasília, Lúcio Costa, com quem acabou colaborando no projeto para o Ministério de Educação e Saúde, atual Palácio Gustavo Ca- panema, no Rio de Janeiro. Contando com a presença de Le Corbusier, Niemeyer teve a chance de trabalhar junto com o mestre suí- ço, sendo ele uma grande influênciaem sua arquitetura. O primeiro grande trabalho de arquitetura individual de Niemeyer foram os projetos de uma série de edifícios na Pampulha, um su- búrbio planejado no norte de Belo Horizonte, tendo como parceiro o engenheiro Joaquim Antes de convidar Niemeyer para auxi- liá-lo no projeto do Pavilhão Brasileiro na Feira Internacional de Nova York, em 1939, Lúcio Costa o indica para compor a equi- pe de arquitetos que projeta o Ministério da Educação e Saúde (MES), no Rio de Janei- ro, com a supervisão do suíço Le Corbusier (1887-1965). Este é fundamental para a constituição da iden- tidade arquitetônica de Niemeyer, que se interessa pela ideia do edifício como uma unidade escultural e pela concisão arqui- tetônica de Le Corbu- sier, de quem absorve aspectos como o rigor formal e a liberdade de desenho. Igreja São Francisco de Assis FOTO WIKIMEDIA COMMONS 60 A RT E K LU B 61 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura Michelangelo: David, 1501– 1504. Galleria dell’Accademia, Florença Ainda na década de 1950, Niemeyer é convidado por Ciccil- lo Matarazzo (1898- 1977) para projetar o Parque do Ibirapue- ra, idealizado para ser um marco da ci- dade de São Paulo. O parque é constituído de cinco edifícios culturais conectados por uma grande mar- quise de desenho leve e orgânico, pro- piciado pelo uso do concreto armado. Os vãos desses prédios tornam-se ainda mais largos, e as colunas, mais estreitas; os pontos de apoio são delicados; o conjunto tem um aspecto leve e curvilíneo. Todo esse complexo é arti- culado em harmonia a uma extensa área verde. Cardozo — que viria a ser o autor dos cálculos de suas principais obras em Brasília. Esse tra- balho, especialmente a Igreja São Francisco de Assis, recebeu elogios da crítica nacional e estrangeira, chamando a atenção internacio- nal para Niemeyer. Entre 1940 e 1944, projeta, por enco- menda do então prefeito de Belo Horizon- te, Juscelino Kubitschek (1902-1976), o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, que se configura como um marco de sua obra, pois rompe com os conceitos rigorosos do funcionalismo e utiliza uma linguagem de formas novas, livres, curvas e sensuais, ex- plorando as possibilidades plásticas do con- creto armado. O conjunto é composto pela Casa do Baile, o Iate Clube, a Igreja de São Francisco e o Cassino, e conta com a impor- tante colaboração do engenheiro Joaquim Cardozo (1897-1978) e do paisagista Burle Marx (1909-1994). Ao longo dos anos 1940 e 1950, Nieme- yer se tornou um dos arquitetos mais pro- líficos do Brasil, projetando uma série de edifícios, tanto no país como no exterior. Isso incluiu o projeto de diversas residên- cias e edifícios públicos, e ainda a colabora- ção com Le Corbusier (e outros) no projeto da sede das Nações Unidas em Nova York, o que provocou convites para ensinar na Universidade Yale e na Escola de Design da Universidade Harvard. FOTO ANDRÉ DEAK FOTO WIKIMEDIA COMMONS Auditório Ibirapuera Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, popularmente conhecido como Oca 60 A RT E K LU B 61 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura Michelangelo: David, 1501– 1504. Galleria dell’Accademia, Florença Ainda na década de 1950, Niemeyer é convidado por Ciccil- lo Matarazzo (1898- 1977) para projetar o Parque do Ibirapue- ra, idealizado para ser um marco da ci- dade de São Paulo. O parque é constituído de cinco edifícios culturais conectados por uma grande mar- quise de desenho leve e orgânico, pro- piciado pelo uso do concreto armado. Os vãos desses prédios tornam-se ainda mais largos, e as colunas, mais estreitas; os pontos de apoio são delicados; o conjunto tem um aspecto leve e curvilíneo. Todo esse complexo é arti- culado em harmonia a uma extensa área verde. Cardozo — que viria a ser o autor dos cálculos de suas principais obras em Brasília. Esse tra- balho, especialmente a Igreja São Francisco de Assis, recebeu elogios da crítica nacional e estrangeira, chamando a atenção internacio- nal para Niemeyer. Entre 1940 e 1944, projeta, por enco- menda do então prefeito de Belo Horizon- te, Juscelino Kubitschek (1902-1976), o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, que se configura como um marco de sua obra, pois rompe com os conceitos rigorosos do funcionalismo e utiliza uma linguagem de formas novas, livres, curvas e sensuais, ex- plorando as possibilidades plásticas do con- creto armado. O conjunto é composto pela Casa do Baile, o Iate Clube, a Igreja de São Francisco e o Cassino, e conta com a impor- tante colaboração do engenheiro Joaquim Cardozo (1897-1978) e do paisagista Burle Marx (1909-1994). Ao longo dos anos 1940 e 1950, Nieme- yer se tornou um dos arquitetos mais pro- líficos do Brasil, projetando uma série de edifícios, tanto no país como no exterior. Isso incluiu o projeto de diversas residên- cias e edifícios públicos, e ainda a colabora- ção com Le Corbusier (e outros) no projeto da sede das Nações Unidas em Nova York, o que provocou convites para ensinar na Universidade Yale e na Escola de Design da Universidade Harvard. FOTO ANDRÉ DEAK FOTO WIKIMEDIA COMMONS Auditório Ibirapuera Pavilhão Lucas Nogueira Garcez, popularmente conhecido como Oca 62 A RT E K LU B 63 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura Vista panorâmica da Praça dos Três Poderes: à esquerda, o Supremo Tribunal Federal (3), no centro o Congresso Nacional – (12) e à direita, o Palácio do Planalto (16) Em 1947, é convidado pela Or- ganização das Nações Unidas (ONU) a participar da comissão de arquitetos encarregada de de- finir os planos de sua futura sede em Nova York. Seu projeto, junto com o de Le Corbusier, é esco- lhido, e Niemeyer consolida seu prestígio no exterior. Em 1949, é nomeado membro da American Academy of Arts and Sciences (Academia Americana de Artes e Ciências). No início da década de 1950, o debate crítico em torno da obra de Niemeyer se intensifi- ca. O arquiteto greco-americano Stamo Papadaki (1906-1992) pu- blica a primeira monografia so- bre a obra do arquiteto carioca, em 1950. Em 1956, Juscelino Kubits- check, já presidente da Repúbli- ca, convida Niemeyer para proje- tar os prédios públicos de Brasília, futura capital do Brasil, cujo pla- no urbanístico é confiado a Lúcio Costa. De acordo com Niemeyer, os edifícios de Brasília são uma tomada de posição contra os limi- Em 1956, Niemeyer foi convidado pelo novo presidente do Brasil, Jusce- lino Kubitschek, para projetar os pré- dios públicos da nova capital do Bra- sil, que seria construída no centro do país. Seus projetos para o Congresso Nacional do Brasil, o Palácio da Alvo- rada, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e a Catedral de Bra- sília, todos concluídos anteriormente a 1960, foram em grande parte de na- tureza experimental e foram ligados por elementos de design comuns. Esse trabalho levou à sua nomeação como diretor do departamento de arquite- tura da Universidade de Brasília, bem como membro honorário do Instituto Americano de Arquitetos. FOTO ERIC GABA 62 A RT E K LU B 63 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura Vista panorâmica da Praça dos Três Poderes: à esquerda, o Supremo Tribunal Federal (3), no centro o Congresso Nacional – (12) e à direita, o Palácio do Planalto (16) Em 1947, é convidado pela Or- ganização das Nações Unidas (ONU) a participar da comissão de arquitetos encarregada de de- finir os planos de sua futura sede em Nova York. Seu projeto, junto com o de Le Corbusier, é esco- lhido, e Niemeyer consolida seu prestígio no exterior. Em 1949, é nomeado membro da American Academy of Arts and Sciences (Academia Americana de Artes e Ciências). No início da década de 1950, o debate crítico em torno da obra de Niemeyer se intensifi- ca. O arquiteto greco-americano Stamo Papadaki (1906-1992) pu- blica a primeira monografia so-bre a obra do arquiteto carioca, em 1950. Em 1956, Juscelino Kubits- check, já presidente da Repúbli- ca, convida Niemeyer para proje- tar os prédios públicos de Brasília, futura capital do Brasil, cujo pla- no urbanístico é confiado a Lúcio Costa. De acordo com Niemeyer, os edifícios de Brasília são uma tomada de posição contra os limi- Em 1956, Niemeyer foi convidado pelo novo presidente do Brasil, Jusce- lino Kubitschek, para projetar os pré- dios públicos da nova capital do Bra- sil, que seria construída no centro do país. Seus projetos para o Congresso Nacional do Brasil, o Palácio da Alvo- rada, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e a Catedral de Bra- sília, todos concluídos anteriormente a 1960, foram em grande parte de na- tureza experimental e foram ligados por elementos de design comuns. Esse trabalho levou à sua nomeação como diretor do departamento de arquite- tura da Universidade de Brasília, bem como membro honorário do Instituto Americano de Arquitetos. FOTO ERIC GABA 64 A RT E K LU B 65 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura tes do funcionalismo e o envelhe- cimento de algumas fórmulas da arquitetura moderna. Sua “preo- cupação fundamental consiste em conceber um elemento novo e diferente, que não copiasse os modelos habituais nos quais a ar- quitetura moderna se atola, mas que suscitasse um sentimento de surpresa e emoção”. A cidade é inaugurada em 1960 e causa admiração. O escritor An- dré Malraux diz que as colunas do Palácio da Alvorada “são o evento arquitetônico mais importante des- de as colunas gregas”. Le Corbusier acha Brasília “magnífica de inven- ções, de coragem e de otimismo”. Devido à sua ideologia de es- querda e sua militância no Par- tido Comunista Brasileiro (PCB), Niemeyer deixou o país após o golpe militar de 1964 e, poste- riormente, abriu um escritório em Paris. Na década de 1960, a violência e a perseguição política da ditadura militar fazem o arqui- teto se exilar na França e voltar a sua carreira para o exterior, onde obtém muito êxito. Em 1967, é convidado para projetar a nova sede da Editora Arnaldo Mon- dadori, nos arredores de Milão. Niemeyer atende ao pedido do proprietário, Giorgio Mondadori (1917-2009), que deseja um pré- dio como o do Palácio Itamaraty, e cria um conjunto monumental. A obra é centrada em um longo edifício de vidro e aço envolto por um espelho d’água. Ele é consti- tuído de um sistema de grandes arcos de concretos, que, por te- rem larguras diferentes, dão uma espécie de “ritmo musical” à fa- chada, nas palavras do arquiteto. 1 Espaço de atendimento ao turista 2 Pombal por Oscar Niemeyer 3 Supremo Tribunal Federal (poder judiciário) 4 Escultura "A Justiça" por Alfredo Ceschiatti 5 Entrada do Espaço Lúcio Costa 6 Anexo IV da Câmara dos Deputados 7 Museu da Cidade (museu histórico de Brasília) 8 Monumento Israel Pinheiro 9 Palácio Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) 10 Ministérios 11 Marco de Brasília (monumento UNESCO) 12 Congresso Nacional (sede do poder legislativo) 12a Câmara dos Deputados 12b Senado Federal 13 Torre de TV 14 Escultura "Os Guerreiros" (ou "Os Candangos") por Bruno Giorgi 15 Anexo II do Senado Federal 16 Palácio do Planalto (sede do poder executivo) 64 A RT E K LU B 65 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura tes do funcionalismo e o envelhe- cimento de algumas fórmulas da arquitetura moderna. Sua “preo- cupação fundamental consiste em conceber um elemento novo e diferente, que não copiasse os modelos habituais nos quais a ar- quitetura moderna se atola, mas que suscitasse um sentimento de surpresa e emoção”. A cidade é inaugurada em 1960 e causa admiração. O escritor An- dré Malraux diz que as colunas do Palácio da Alvorada “são o evento arquitetônico mais importante des- de as colunas gregas”. Le Corbusier acha Brasília “magnífica de inven- ções, de coragem e de otimismo”. Devido à sua ideologia de es- querda e sua militância no Par- tido Comunista Brasileiro (PCB), Niemeyer deixou o país após o golpe militar de 1964 e, poste- riormente, abriu um escritório em Paris. Na década de 1960, a violência e a perseguição política da ditadura militar fazem o arqui- teto se exilar na França e voltar a sua carreira para o exterior, onde obtém muito êxito. Em 1967, é convidado para projetar a nova sede da Editora Arnaldo Mon- dadori, nos arredores de Milão. Niemeyer atende ao pedido do proprietário, Giorgio Mondadori (1917-2009), que deseja um pré- dio como o do Palácio Itamaraty, e cria um conjunto monumental. A obra é centrada em um longo edifício de vidro e aço envolto por um espelho d’água. Ele é consti- tuído de um sistema de grandes arcos de concretos, que, por te- rem larguras diferentes, dão uma espécie de “ritmo musical” à fa- chada, nas palavras do arquiteto. 1 Espaço de atendimento ao turista 2 Pombal por Oscar Niemeyer 3 Supremo Tribunal Federal (poder judiciário) 4 Escultura "A Justiça" por Alfredo Ceschiatti 5 Entrada do Espaço Lúcio Costa 6 Anexo IV da Câmara dos Deputados 7 Museu da Cidade (museu histórico de Brasília) 8 Monumento Israel Pinheiro 9 Palácio Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores) 10 Ministérios 11 Marco de Brasília (monumento UNESCO) 12 Congresso Nacional (sede do poder legislativo) 12a Câmara dos Deputados 12b Senado Federal 13 Torre de TV 14 Escultura "Os Guerreiros" (ou "Os Candangos") por Bruno Giorgi 15 Anexo II do Senado Federal 16 Palácio do Planalto (sede do poder executivo) 66 A RT E K LU B 67 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura Museu de Arte Contemporânea de Niterói, 1996. FOTO MARCIO SETTE No início dos anos 1980, realiza im- portantes obras públicas. A Casa da Cultura de Le Havre é inaugurada em 1982, na França. O conjunto é uma das obras mais escultó- ricas de Niemeyer. Sobre um amplo ter- reno, o arquiteto re- laciona plasticamen- te grandes edifícios. Um de seus últimos trabalhos, o Memo- rial da América Lati- na, construído entre 1988 e 1989, em São Paulo, já não tem a mesma força dos projetos anteriores. Em 1991, desenha o Museu de Arte Con- temporânea (MAC- -Niterói), construído às margens da baía de Guanabara. Em 2007, ao completar 100 anos, recebe ho- menagens no Brasil e no exterior. 66 A RT E K LU B 67 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura Museu de Arte Contemporânea de Niterói, 1996. FOTO MARCIO SETTE No início dos anos 1980, realiza im- portantes obras públicas. A Casa da Cultura de Le Havre é inaugurada em 1982, na França. O conjunto é uma das obras mais escultó- ricas de Niemeyer. Sobre um amplo ter- reno, o arquiteto re- laciona plasticamen- te grandes edifícios. Um de seus últimos trabalhos, o Memo- rial da América Lati- na, construído entre 1988 e 1989, em São Paulo, já não tem a mesma força dos projetos anteriores. Em 1991, desenha o Museu de Arte Con- temporânea (MAC- -Niterói), construído às margens da baía de Guanabara. Em 2007, ao completar 100 anos, recebe ho- menagens no Brasil e no exterior. 68 A RT E K LU B 69 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura Ele retornou ao Brasil em 1985 e foi premiado com o prêmio Pritzker de arquitetura, em 1988. Entre seus projetos mais recentes se destacam o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (1996), o Museu Oscar Nie- meyer, em Curitiba (2002), a Cida- de Administrativa de Minas Gerais (2010), o Centro Cultural Interna- cional Oscar Niemeyer, na Espanha (2011) e o Memorial Luiz Carlos Pres- tes (projeto de 2012, obra concluída em 2017). Niemeyer continuou a trabalhar até dias antes de sua morte, em 5 de dezembro de 2012, aos 104 anos. Seu último projeto foi idealizado pouco antes de morrer: a “cidade das artes e da cultura”, em Essaoui- ra, região litorânea do Marrocos. O rei Mohammed VI esperou oito anos para analisar e dar aval ao projeto.Autor de obras arquitetônicas de notoriedade no século XX, Oscar Nie- meyer valoriza em suas construções a inovação e a beleza plástica que comovem e surpreendem. O arquite- to concebe em seus projetos um ele- mento novo e diferente, rompendo com modelos convencionais da ar- quitetura. O Centro Cultural Le Havre, atual- mente chamado Le Volcan (o Vulcão), se situa em frente à Place du Général- -de-Gaulle, em Le Havre. Foi projeta- da por Oscar Nie- meyer e inaugura- da em 1982. FOTO WIKIMEDIA COMMONS 68 A RT E K LU B 69 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura Ele retornou ao Brasil em 1985 e foi premiado com o prêmio Pritzker de arquitetura, em 1988. Entre seus projetos mais recentes se destacam o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (1996), o Museu Oscar Nie- meyer, em Curitiba (2002), a Cida- de Administrativa de Minas Gerais (2010), o Centro Cultural Interna- cional Oscar Niemeyer, na Espanha (2011) e o Memorial Luiz Carlos Pres- tes (projeto de 2012, obra concluída em 2017). Niemeyer continuou a trabalhar até dias antes de sua morte, em 5 de dezembro de 2012, aos 104 anos. Seu último projeto foi idealizado pouco antes de morrer: a “cidade das artes e da cultura”, em Essaoui- ra, região litorânea do Marrocos. O rei Mohammed VI esperou oito anos para analisar e dar aval ao projeto. Autor de obras arquitetônicas de notoriedade no século XX, Oscar Nie- meyer valoriza em suas construções a inovação e a beleza plástica que comovem e surpreendem. O arquite- to concebe em seus projetos um ele- mento novo e diferente, rompendo com modelos convencionais da ar- quitetura. O Centro Cultural Le Havre, atual- mente chamado Le Volcan (o Vulcão), se situa em frente à Place du Général- -de-Gaulle, em Le Havre. Foi projeta- da por Oscar Nie- meyer e inaugura- da em 1982. FOTO WIKIMEDIA COMMONS 70 A RT E K LU B 71 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas mon- tanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.” Edifício Copan, São Paulo “Mão”, escultura de Niemeyer no Memorial da América Latina, São Paulo, 1989. FOTO MONICA EVELYN DA SILVA FOTO KLEBER NARVAES 70 A RT E K LU B 71 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura “Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas mon- tanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.” Edifício Copan, São Paulo “Mão”, escultura de Niemeyer no Memorial da América Latina, São Paulo, 1989. FOTO MONICA EVELYN DA SILVA FOTO KLEBER NARVAES 72 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 5a arte - arquitetura O legado do arquiteto é a prova da pereni- dade, beleza e ousadia de Oscar Niemeyer, o mais produtivo e radical mestre da arquitetura moderna no século XX. O livro ain- da traz um perfil assinado por Eric Nepomuceno, que acompanhou o arqui- teto até seu centenário; Chico Homem de Melo enfoca uma faceta pouco conhecida de Niemeyer: a de artista gráfico; e André Corrêa do Lago e Jean- -Louis Cohen fazem uma análise do projeto de Bra- sília. Além disso, o livro res- gata textos do próprio arquiteto, assim como de alguns de seus mais notáveis colaboradores, como os calculistas Joa- quim Cardozo e Samuel Rawet. LIVRO OSCAR NIEMEYER: VIDA E GENIALIDADE A arquitetura de Oscar Nie- meyer vista por ângulos que nem mesmo ele imaginou. Nes- te livro, a genialidade e o tra- çado de um dos maiores arqui- tetos do mundo são retratados pelo fotógrafo Leonardo Finot- ti, que apresenta novos e sur- preendentes olhares para obras consagradas, como o Palácio do Planalto em Brasília e para edi- fícios menos conhecidos como o Eiffel em São Paulo. BAIXE JÁ! na sua banca virtual 74 A RT E K LU B 75 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura Machado aos 57 anos, 1896 MACHADO DE ASSIS Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 – Rio de Ja- neiro, 29 de setembro de 1908) foi um es- critor brasileiro, considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores um dos maiores senão o maior nome da litera- tura do Brasil. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, jornalista e crítico literário. Nascido no Morro do Livramento, Rio de Ja- neiro, de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca frequentou universida- de. Para o considerado crítico literário norte-a- mericano Harold Bloom, Machado de Assis é o maior escritor negro de todos os tempos. Testemunhou a Aboli- ção da escravatura e a mudança política no país quando a República subs- tituiu o Império, além das mais diversas reviravol- tas pelo mundo em finais do século XIX e início do XX, tendo sido grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época. FOTO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL 74 A RT E K LU B 75 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura Machado aos 57 anos, 1896 MACHADO DE ASSIS Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 – Rio de Ja- neiro, 29 de setembro de 1908) foi um es- critor brasileiro, considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores um dos maiores senão o maior nome da litera- tura do Brasil. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, jornalista e crítico literário. Nascido no Morro do Livramento, Rio de Ja- neiro, de uma família pobre, mal estudou em escolas públicas e nunca frequentou universida- de. Para o considerado crítico literário norte-a- mericano Harold Bloom, Machado de Assis é o maior escritor negro de todos os tempos. Testemunhou a Aboli- ção da escravatura e a mudança política no país quando a República subs- tituiu o Império, além das mais diversas reviravol- tas pelo mundo em finais do século XIX e início do XX, tendo sido grande comentador e relator dos eventos político-sociais de sua época. FOTO FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL 76 A RT E K LU B 77 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura Filho de um descendente de negros alforriados e de uma lavadeira portu- guesa, seus biógrafos notam que, in- teressado pela boemia e pela corte, lutou para subir socialmente abastecendo-se de superioridade intelectual e da cultura da capital brasileira. Para isso, assumiu diver- sos cargos públicos, passando pelo Minis- tério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas, e conseguindo precoce no- toriedade em jornais onde publicava suas primeiras poesias e crônicas. Machado de Assis pôde assistir, durante sua vida, que abarca o final da primeira metade do sécu- lo XIX até os anos iniciais do século XX, a enormes mudanças históricas na política, na economia e na sociedade brasileira e também mundial. Com a publicação de “Memórias Póstu- mas de Brás Cubas” (1881), o romance é posto ao lado de todas suas produções pos- teriores, “Quincas Borba”, “Dom Casmur- ro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”, ortodoxamente conhecidas como perten- centes à sua segunda fase, em que notam- -se traços de crítica social, ironia e até pes- simismo, embora não haja rompimento de resíduos românticos. Dessa fase, os críticos destacam que suas melhores obras são as do que se passou a chamar de “Trilogia Realista”. Fundou e foi o pri- meiro presidente unânime da Aca- demia Brasileira de Letras. Sua extensa obra constitui-se de dez romances, duzentoscontos, dez peças teatrais, cinco coletâneas de poemas e sonetos, e mais de seiscentas crônicas. Machado de Assis é considera- do o introdutor do Realismo no Brasil, com a publicação de “Memórias Póstu- mas de Brás Cubas” (1881). Casa do Cosme Velho, número 18. Nesta resi- dência, Machado de As- sis e Carolina viveram grande parte da vida. FOTO BRAZILIAN NATIONAL ARCHIVES 76 A RT E K LU B 77 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura Filho de um descendente de negros alforriados e de uma lavadeira portu- guesa, seus biógrafos notam que, in- teressado pela boemia e pela corte, lutou para subir socialmente abastecendo-se de superioridade intelectual e da cultura da capital brasileira. Para isso, assumiu diver- sos cargos públicos, passando pelo Minis- tério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas, e conseguindo precoce no- toriedade em jornais onde publicava suas primeiras poesias e crônicas. Machado de Assis pôde assistir, durante sua vida, que abarca o final da primeira metade do sécu- lo XIX até os anos iniciais do século XX, a enormes mudanças históricas na política, na economia e na sociedade brasileira e também mundial. Com a publicação de “Memórias Póstu- mas de Brás Cubas” (1881), o romance é posto ao lado de todas suas produções pos- teriores, “Quincas Borba”, “Dom Casmur- ro”, “Esaú e Jacó” e “Memorial de Aires”, ortodoxamente conhecidas como perten- centes à sua segunda fase, em que notam- -se traços de crítica social, ironia e até pes- simismo, embora não haja rompimento de resíduos românticos. Dessa fase, os críticos destacam que suas melhores obras são as do que se passou a chamar de “Trilogia Realista”. Fundou e foi o pri- meiro presidente unânime da Aca- demia Brasileira de Letras. Sua extensa obra constitui-se de dez romances, duzentos contos, dez peças teatrais, cinco coletâneas de poemas e sonetos, e mais de seiscentas crônicas. Machado de Assis é considera- do o introdutor do Realismo no Brasil, com a publicação de “Memórias Póstu- mas de Brás Cubas” (1881). Casa do Cosme Velho, número 18. Nesta resi- dência, Machado de As- sis e Carolina viveram grande parte da vida. FOTO BRAZILIAN NATIONAL ARCHIVES 78 A RT E K LU B 79 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura Aos 21 anos de idade Machado já era uma personalidade consi- derada entre as rodas intelectuais cariocas. A esta altura já era co- nhecido por Quintino Bocaiúva, que o con- vidou para o Diário do Rio de Janeiro, onde Machado trabalhou intensamente como repórter e jornalista de 1860 a 1867. Co- laborou para o Jor- nal das Famílias sob pseudônimos: Job, Vitor de Paula, Lara, Max, e para a Semana Ilustrada, assinando seu nome ou pseu- dônimos. Bocaiúva admirava o gosto de Machado pelo teatro, mas considerava suas obras destinadas à lei- tura e não à encena- ção. Com a morte do pai, Machado lhe dedi- ca a coletânea de poe- sias “Crisálidas”: “À Memória de Francisco José de Assis e Maria Leopoldina Machado de Assis, meus Pais.” Sua primeira fase literária é constituída de obras como “Ressurreição”, “A Mão e a Luva”, “Helena” e “Iaiá Garcia”, onde no- tam-se características herdadas do Roman- tismo, ou “convencionalismo”, como prefe- re a crítica moderna. Sua obra foi de fundamental importância para as escolas literárias brasileiras do sé- culo XIX e do século XX e surge nos dias de hoje como de grande interesse acadêmico e público para entender o Brasil e o mun- do. Influenciou grandes nomes das letras, como Olavo Bilac, Lima Barreto, Drum- mond de Andrade, John Barth, Donald Barthelme e muitos outros. Ainda em vida, alcançou fama e prestígio pelo Brasil e paí- ses vizinhos. Hoje em dia, por sua inovação literária e por sua audácia em temas sociais e preco- ces, é frequentemente visto como o escritor brasileiro de produção sem precedentes, de modo que, recentemente, seu nome e sua obra têm alcançado diversos críticos, influenciado estudiosos e admiradores do mundo inteiro. Machado de Assis é conside- rado um dos grandes gênios da história da literatura, ao lado de autores como Dante, Shakespeare e Camões. Machado de Assis e Eça de Queiroz são considerados os dois maiores escritores em língua portuguesa do século XIX. É homenageado pelo principal prêmio literário brasileiro, o Prêmio Macha- do de Assis. O jovem Machado aos 25 anos, 1864, gostava de teatro e lutava para subir socialmente. Foto: Insley Pacheco 78 A RT E K LU B 79 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura Aos 21 anos de idade Machado já era uma personalidade consi- derada entre as rodas intelectuais cariocas. A esta altura já era co- nhecido por Quintino Bocaiúva, que o con- vidou para o Diário do Rio de Janeiro, onde Machado trabalhou intensamente como repórter e jornalista de 1860 a 1867. Co- laborou para o Jor- nal das Famílias sob pseudônimos: Job, Vitor de Paula, Lara, Max, e para a Semana Ilustrada, assinando seu nome ou pseu- dônimos. Bocaiúva admirava o gosto de Machado pelo teatro, mas considerava suas obras destinadas à lei- tura e não à encena- ção. Com a morte do pai, Machado lhe dedi- ca a coletânea de poe- sias “Crisálidas”: “À Memória de Francisco José de Assis e Maria Leopoldina Machado de Assis, meus Pais.” Sua primeira fase literária é constituída de obras como “Ressurreição”, “A Mão e a Luva”, “Helena” e “Iaiá Garcia”, onde no- tam-se características herdadas do Roman- tismo, ou “convencionalismo”, como prefe- re a crítica moderna. Sua obra foi de fundamental importância para as escolas literárias brasileiras do sé- culo XIX e do século XX e surge nos dias de hoje como de grande interesse acadêmico e público para entender o Brasil e o mun- do. Influenciou grandes nomes das letras, como Olavo Bilac, Lima Barreto, Drum- mond de Andrade, John Barth, Donald Barthelme e muitos outros. Ainda em vida, alcançou fama e prestígio pelo Brasil e paí- ses vizinhos. Hoje em dia, por sua inovação literária e por sua audácia em temas sociais e preco- ces, é frequentemente visto como o escritor brasileiro de produção sem precedentes, de modo que, recentemente, seu nome e sua obra têm alcançado diversos críticos, influenciado estudiosos e admiradores do mundo inteiro. Machado de Assis é conside- rado um dos grandes gênios da história da literatura, ao lado de autores como Dante, Shakespeare e Camões. Machado de Assis e Eça de Queiroz são considerados os dois maiores escritores em língua portuguesa do século XIX. É homenageado pelo principal prêmio literário brasileiro, o Prêmio Macha- do de Assis. O jovem Machado aos 25 anos, 1864, gostava de teatro e lutava para subir socialmente. Foto: Insley Pacheco 80 A RT E K LU B 81 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura De pé: Rodolfo Amoedo, Artur Azevedo, Inglês de Sousa, Bilac, Verís- simo, Bandeira, Filinto de Almeida, Passos, Magalhães, Bernardelli, Rodrigo Octavio, Peixoto; sentados: João Ribeiro, Machado, Lúcio de Men- donça e Silva Ramos. FOTO ACERVO ABL Inspirados na Academia Francesa, Medeiros e Albuquerque, Lúcio de Mendonça, e o grupo de intelectuais da Revista Bra- sileira idealizaram e fun- daram, em 1897, junto ao entusiasmado e apoiador Machado de Assis, a Aca- demia Brasileira de Letras, com o objetivo de cultuar a cultura brasileira e, prin- cipalmente, a literatura nacional. Unanimemente, Machado de Assis foi elei- to o primeiro presidente da Academia logo que ela se instalou, no dia 28 de janeiro do mesmo ano. 80 A RT E K LU B 81 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura De pé: Rodolfo Amoedo, Artur Azevedo, Inglês de Sousa, Bilac, Verís- simo, Bandeira, Filinto de Almeida, Passos, Magalhães, Bernardelli, Rodrigo Octavio, Peixoto; sentados: João Ribeiro, Machado, Lúcio de Men- donça e Silva Ramos. FOTO ACERVO ABL Inspirados na Academia Francesa,Medeiros e Albuquerque, Lúcio de Mendonça, e o grupo de intelectuais da Revista Bra- sileira idealizaram e fun- daram, em 1897, junto ao entusiasmado e apoiador Machado de Assis, a Aca- demia Brasileira de Letras, com o objetivo de cultuar a cultura brasileira e, prin- cipalmente, a literatura nacional. Unanimemente, Machado de Assis foi elei- to o primeiro presidente da Academia logo que ela se instalou, no dia 28 de janeiro do mesmo ano. 82 A RT E K LU B 83 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura A temática de Machado envol- ve desde o uso de citações refe- rentes a eventos de sua época até os mais intricados conflitos da condição humana. É capaz de retratar desde relações impli- citamente homossexuais e ho- moeróticas, como no conto “Pí- lades e Orestes”, até temas mais complexos e explícitos como a escravidão sob o ponto de vis- ta cínico do senhor de escravos, sempre criticando-o de forma oblíqua. Sobre a escravidão, Ma- chado de Assis já havia tido uma experiência familiar, quer por seus avós paternos terem sido escravos, quer porque lia os jor- nais com anúncios de escravos fugitivos. Em seu tempo, a literatura que denunciava crenças etnocêntri- cas que posicionavam os negros no último grau da escala social era distorcida ou tolhida, de modo que este tema encontra uma grande expressividade na obra do autor. A começar, a obra “Me- mórias Póstumas de Brás Cubas” narra o que seria uma das pági- nas de ficção mais perturbadoras já escritas sobre a psicologia do escravismo: o negro liberto com- pra seu próprio escravo para tirar sua desforra. Nos últimos tempos, com recen- tes traduções para outras línguas, Machado de Assis tem sido consi- derado, por críticos e artistas do mundo inteiro, um “gênio injus- tamente relegado à negligência mundial” que, com o tempo, vem sendo corrigida. Harold Bloom o posicionou entre os 100 maiores gênios da literatura universal e “o maior literato negro surgido até o presente”. Machado de Assis estampa o principal prêmio literário brasi- leiro, o Prêmio Machado de As- sis, oferecido a escritores pelo conjunto da obra. Com “Memó- rias Póstumas de Brás Cubas”, é o introdutor do Realismo no Brasil, da narrativa fantástica e também da primeira obra da li- teratura brasileira que ultrapas- sa os limites nacionais, sendo um grande autor universal. E, apesar de Álvares de Aze- FOTO BRAZILIAN NATIONAL ARCHIVES 82 A RT E K LU B 83 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura A temática de Machado envol- ve desde o uso de citações refe- rentes a eventos de sua época até os mais intricados conflitos da condição humana. É capaz de retratar desde relações impli- citamente homossexuais e ho- moeróticas, como no conto “Pí- lades e Orestes”, até temas mais complexos e explícitos como a escravidão sob o ponto de vis- ta cínico do senhor de escravos, sempre criticando-o de forma oblíqua. Sobre a escravidão, Ma- chado de Assis já havia tido uma experiência familiar, quer por seus avós paternos terem sido escravos, quer porque lia os jor- nais com anúncios de escravos fugitivos. Em seu tempo, a literatura que denunciava crenças etnocêntri- cas que posicionavam os negros no último grau da escala social era distorcida ou tolhida, de modo que este tema encontra uma grande expressividade na obra do autor. A começar, a obra “Me- mórias Póstumas de Brás Cubas” narra o que seria uma das pági- nas de ficção mais perturbadoras já escritas sobre a psicologia do escravismo: o negro liberto com- pra seu próprio escravo para tirar sua desforra. Nos últimos tempos, com recen- tes traduções para outras línguas, Machado de Assis tem sido consi- derado, por críticos e artistas do mundo inteiro, um “gênio injus- tamente relegado à negligência mundial” que, com o tempo, vem sendo corrigida. Harold Bloom o posicionou entre os 100 maiores gênios da literatura universal e “o maior literato negro surgido até o presente”. Machado de Assis estampa o principal prêmio literário brasi- leiro, o Prêmio Machado de As- sis, oferecido a escritores pelo conjunto da obra. Com “Memó- rias Póstumas de Brás Cubas”, é o introdutor do Realismo no Brasil, da narrativa fantástica e também da primeira obra da li- teratura brasileira que ultrapas- sa os limites nacionais, sendo um grande autor universal. E, apesar de Álvares de Aze- FOTO BRAZILIAN NATIONAL ARCHIVES 84 A RT E K LU B 85 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura Para provar até mesmo a sua popularidade, a Mocidade Independente de Padre Mi- guel homenageou a vida e obra de Machado de Assis no carnaval de 2009. Seu legado é capaz de abranger “uma herança crítica que salva o Brasil do excesso de ufanismo nacionalista”. Já em 1868, José de Alen- car chamaria Machado de “o primeiro crítico brasilei- ro.” Além de ter sido um dos idealizadores da Aca- demia Brasileira de Letras, Machado de Assis animou com suas crônicas e ideias políticas a Revista Brasilei- ra, promoveu os poetas do Parnasianismo e estreitou relações com os maiores in- telectuais de seu tempo, de José Veríssimo a Nabuco, de Taunay a Graça Aranha. De qualquer modo, existiria uma certa “riqueza mental” e “beleza moral” que Macha- do teria legado aos escrito- res no Brasil, e de fato al- guns autores escrevem que “Machado de Assis é funda- mental para quem quer es- crever.” vedo e Bernardo Guimarães já escreverem contos pertinentes em meados do século XIX, os crí- ticos notam que é com Machado que o gênero atinge novas pos- sibilidades. Uma dessas possibi- lidades seria a de inaugurar, em livros como “Contos Fluminen- ses” (1870), “Histórias da Meia- -Noite” (1873) e “Papéis Avulsos” (1882), “uma nova perspectiva estilística e uma nova visão da realidade, mais complexa e ma- tizada.” Esses livros trazem con- tos como “O Alienista”, “Teoria do Medalhão” , “O Espelho”, etc., em que aborda o poder, as insti- tuições e também a loucura e a homossexualidade, que seriam temas literários muito precoces para a época. No gênero romance, com “Dom Casmurro” (1899), por exemplo, traz à tona intertextualidade e metalinguagem inovadoras e sem precedentes na literatura e também muito influentes no fu- turo para escritores do mundo inteiro. FOTO ASQUELADD Estátua de Machado de Assis em Madrid, Espanha, inaugurada em 1998. Trata-se de uma reprodução em bronze do monumento em ho- menagem ao autor feito por Hum- berto Cozzo em 1929 para a sede da Academia Brasileira de Letras, no centro do Rio de Janeiro. 84 A RT E K LU B 85 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura Para provar até mesmo a sua popularidade, a Mocidade Independente de Padre Mi- guel homenageou a vida e obra de Machado de Assis no carnaval de 2009. Seu legado é capaz de abranger “uma herança crítica que salva o Brasil do excesso de ufanismo nacionalista”. Já em 1868, José de Alen- car chamaria Machado de “o primeiro crítico brasilei- ro.” Além de ter sido um dos idealizadores da Aca- demia Brasileira de Letras, Machado de Assis animou com suas crônicas e ideias políticas a Revista Brasilei- ra, promoveu os poetas do Parnasianismo e estreitou relações com os maiores in- telectuais de seu tempo, de José Veríssimo a Nabuco, de Taunay a Graça Aranha. De qualquer modo, existiria uma certa “riqueza mental” e “beleza moral” que Macha- do teria legado aos escrito- res no Brasil, e de fato al- guns autores escrevem que “Machado de Assis é funda- mental para quem quer es- crever.” vedo e Bernardo Guimarães já escreverem contos pertinentes em meados do século XIX, os crí- ticos notam que é com Machado que o gênero atinge novas pos- sibilidades. Uma dessas possibi- lidades seria a de inaugurar, em livros como “Contos Fluminen- ses” (1870), “Histórias da Meia- -Noite” (1873) e “Papéis Avulsos” (1882), “uma nova perspectiva estilística e uma nova visão da realidade,mais complexa e ma- tizada.” Esses livros trazem con- tos como “O Alienista”, “Teoria do Medalhão” , “O Espelho”, etc., em que aborda o poder, as insti- tuições e também a loucura e a homossexualidade, que seriam temas literários muito precoces para a época. No gênero romance, com “Dom Casmurro” (1899), por exemplo, traz à tona intertextualidade e metalinguagem inovadoras e sem precedentes na literatura e também muito influentes no fu- turo para escritores do mundo inteiro. FOTO ASQUELADD Estátua de Machado de Assis em Madrid, Espanha, inaugurada em 1998. Trata-se de uma reprodução em bronze do monumento em ho- menagem ao autor feito por Hum- berto Cozzo em 1929 para a sede da Academia Brasileira de Letras, no centro do Rio de Janeiro. 86 A RT E K LU B 87 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura Prometido para o seminário desde o nascimento, o jovem carioca Benti- nho precisa encontrar um jeito de fugir da vida na Igreja e realizar seu verdadei- ro sonho: casar-se com a vizinha Capi- tu. Uma história de paixão, obsessão e ciúme se desenrola, em uma narrativa cheia de reviravoltas, que aos poucos constrói um retrato da sociedade brasi- leira. Com este romance publicado em 1899, o maior nome da literatura nacio- nal, Machado de Assis, torna-se também parte do cânone mundial. “Dom Casmur- ro” traz contundentes reflexões sobre o Brasil de sua época, ainda muito rele- vantes para os dias atuais, e faz isso com a narrativa repleta de ironia que é uma marca do autor. A nova edição da Antofágica traz o texto integral de Machado com notas e posfácio do especialista Rogério Fernan- des dos Santos, além de ilustrações de Paula Siebra, apresentação da produto- ra de conteúdo Camilla Dias e posfácios da atriz e escritora Maria Ribeiro, e do escritor Geovani Martins. Paixão, ciúme, amizade e adultério. Misture tudo isso com uma boa dose de rancor, amargura e ironia, e você terá uma pequena amostra do que o espera ao abrir as páginas deste romance – um dos mais famosos da literatura brasileira. Boa parte do texto empre- gado no filme constitui-se de citações literais de Macha- do de Assis. A fotografia é de Pedro Farkas e a direção de arte é de Adrian Cooper. A trilha sonora é de Mário Man- ga. A história se passa no sé- culo XIX, mostrando um Rio de Janeiro na época do Império e tudo que cercou a vida do de- funto-autor Brás Cubas (prota- gonizado por Reginaldo Faria e Petrônio Gontijo). O diretor Klotzer seguiu quase à risca o roteiro, mantendo a essência e a ironia do texto de Machado. Além disso, a fotografia é mui- to bonita, em uma produção de época elegante, requintada e muito bem cuidada. LIVRO DOM CASMURRO CINEMA MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS (2001) “Dom Casmurro” (1899) é o sétimo romance publicado por Machado de Assis (1839-1908) e o terceiro de sua fase madu- ra, inaugurada com “Memó- rias Póstumas de Brás Cubas” (1881). Considerando o per- curso como romancista, é o seu testemunho definitivo da pro- sa realista brasileira. Esta e a melhor adaptação para o cinema de uma obra de Machado de Assis. Após sua vida, no ano de 1869, Brás Cubas decide por nar- rar sua história e revisitar os fatos mais importan- tes de sua vida, a fim de se distrair na eternidade. Começa então a relembrar dos amigos, como Quincas Borba, da sua displicente formação acadêmica em Portugal, dos amores de sua vida e, ainda, do pri- vilégio que teve de nunca ter precisado trabalhar em sua vida. RE PR O D U Ç Ã O 86 A RT E K LU B 87 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 6a arte - literatura Prometido para o seminário desde o nascimento, o jovem carioca Benti- nho precisa encontrar um jeito de fugir da vida na Igreja e realizar seu verdadei- ro sonho: casar-se com a vizinha Capi- tu. Uma história de paixão, obsessão e ciúme se desenrola, em uma narrativa cheia de reviravoltas, que aos poucos constrói um retrato da sociedade brasi- leira. Com este romance publicado em 1899, o maior nome da literatura nacio- nal, Machado de Assis, torna-se também parte do cânone mundial. “Dom Casmur- ro” traz contundentes reflexões sobre o Brasil de sua época, ainda muito rele- vantes para os dias atuais, e faz isso com a narrativa repleta de ironia que é uma marca do autor. A nova edição da Antofágica traz o texto integral de Machado com notas e posfácio do especialista Rogério Fernan- des dos Santos, além de ilustrações de Paula Siebra, apresentação da produto- ra de conteúdo Camilla Dias e posfácios da atriz e escritora Maria Ribeiro, e do escritor Geovani Martins. Paixão, ciúme, amizade e adultério. Misture tudo isso com uma boa dose de rancor, amargura e ironia, e você terá uma pequena amostra do que o espera ao abrir as páginas deste romance – um dos mais famosos da literatura brasileira. Boa parte do texto empre- gado no filme constitui-se de citações literais de Macha- do de Assis. A fotografia é de Pedro Farkas e a direção de arte é de Adrian Cooper. A trilha sonora é de Mário Man- ga. A história se passa no sé- culo XIX, mostrando um Rio de Janeiro na época do Império e tudo que cercou a vida do de- funto-autor Brás Cubas (prota- gonizado por Reginaldo Faria e Petrônio Gontijo). O diretor Klotzer seguiu quase à risca o roteiro, mantendo a essência e a ironia do texto de Machado. Além disso, a fotografia é mui- to bonita, em uma produção de época elegante, requintada e muito bem cuidada. LIVRO DOM CASMURRO CINEMA MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS (2001) “Dom Casmurro” (1899) é o sétimo romance publicado por Machado de Assis (1839-1908) e o terceiro de sua fase madu- ra, inaugurada com “Memó- rias Póstumas de Brás Cubas” (1881). Considerando o per- curso como romancista, é o seu testemunho definitivo da pro- sa realista brasileira. Esta e a melhor adaptação para o cinema de uma obra de Machado de Assis. Após sua vida, no ano de 1869, Brás Cubas decide por nar- rar sua história e revisitar os fatos mais importan- tes de sua vida, a fim de se distrair na eternidade. Começa então a relembrar dos amigos, como Quincas Borba, da sua displicente formação acadêmica em Portugal, dos amores de sua vida e, ainda, do pri- vilégio que teve de nunca ter precisado trabalhar em sua vida. RE PR O D U Ç Ã O 88 A RT E K LU B 89 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Glauber Rocha GLAUBER ROCHA FO N TE © E N C IC LO PÉ D IA IT A Ú C U LT U RA L D E A RT E E C U LT U RA B RA SI LE IR A S Glauber Pedro de Andrade Rocha (Vitó- ria da Conquista, Bahia, 1939 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1981). Cineas- ta, escritor. Um dos líderes do Cinema Novo, movimento de vanguarda da dé- cada de 1960, Glauber Rocha propõe um cinema alinhado à realidade socioeconô- mica do chamado “Terceiro Mundo”. Glauber Rocha traduz, de modo explícito, a célebre formulação do poeta russo Vladimir Maiakóvski (1893- 1930): “não existe arte revolucionária sem for- ma revolucionária”. O Cinema Novo é um mo- vimento de renovação da linguagem cinematográ- fica brasileira, marcado pelo realismo e pela crí- tica social do país. Seus filmes caracterizam-se pela concepção de cine- ma autoral e pelo baixo orçamento de produção, coerente com as condi- ções do Brasil da época. FOTO ARQUIVO NACIONAL 88 A RT E K LU B 89 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Glauber Rocha GLAUBER ROCHA FO N TE © E N C IC LO PÉ D IA IT A Ú C U LT U RA L D E A RT E E C U LT U RA B RA SI LE IR A S Glauber Pedro de Andrade Rocha (Vitó- ria da Conquista, Bahia, 1939 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1981). Cineas- ta, escritor. Um dos líderes do Cinema Novo, movimento de vanguarda da dé- cada de 1960, Glauber Rocha propõe um cinema alinhado à realidade socioeconô- mica do chamado “Terceiro Mundo”. Glauber Rocha traduz, de modo explícito, a célebre formulação do poetarusso Vladimir Maiakóvski (1893- 1930): “não existe arte revolucionária sem for- ma revolucionária”. O Cinema Novo é um mo- vimento de renovação da linguagem cinematográ- fica brasileira, marcado pelo realismo e pela crí- tica social do país. Seus filmes caracterizam-se pela concepção de cine- ma autoral e pelo baixo orçamento de produção, coerente com as condi- ções do Brasil da época. FOTO ARQUIVO NACIONAL 90 A RT E K LU B 91 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Em 1958, viaja pelo sertão nordesti- no e entra em contato com a cultura popular. No mesmo ano, ingressa na faculdade de Direito da Bahia e frequenta a escola de teatro da instituição. Em 1959, lança o curta experimental “Pátio”, com a atriz Helena Ignez (1942), e filma “Cruz na Praça”, obra inacabada. Em 1961, inicia as gravações de “Barravento”, exibido no Bra- sil, em 1967. Gravado na Praia de Buraquinho, na Bahia, o filme conta a história do retorno de Firmino à comunidade natal, formada por pescadores negros descendentes de es- cravos. O filme apresenta aspectos da cul- tura afro-brasileira (a capoeira, o samba de roda e o candomblé), ao mesmo tempo em que o personagem denuncia seu caráter alienante (o “feitiço religioso” considerado por Firmino como causa da passividade da comunidade diante da exploração da in- dústria pesqueira). Em 1963, publica o livro “Revisão Crítica do Cinema Brasileiro” e, no ano seguinte, lança seu filme mais importante: “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964). Neste lon- ga, Glauber Rocha amplia sua crítica social ao associar a miséria do sertão à explora- ção do trabalho do sertanejo e ao fervor religioso. No interior dessa divisão, Deus e Durante o ensino médio, em Salvador, frequenta o Clube de Cinema da Bahia, diri- gido pelo crítico Wal- ter da Silveira (1915- 1970). Entre 1956 e 1957, organiza no colégio as Jogralescas espetáculos com dra- matização de poemas modernistas; colabora como crítico em jor- nais; apresenta um programa de rádio sobre cinema e funda a produtora Yemanjá Filmes. FOTO: DIVULGAÇÃO 90 A RT E K LU B 91 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Em 1958, viaja pelo sertão nordesti- no e entra em contato com a cultura popular. No mesmo ano, ingressa na faculdade de Direito da Bahia e frequenta a escola de teatro da instituição. Em 1959, lança o curta experimental “Pátio”, com a atriz Helena Ignez (1942), e filma “Cruz na Praça”, obra inacabada. Em 1961, inicia as gravações de “Barravento”, exibido no Bra- sil, em 1967. Gravado na Praia de Buraquinho, na Bahia, o filme conta a história do retorno de Firmino à comunidade natal, formada por pescadores negros descendentes de es- cravos. O filme apresenta aspectos da cul- tura afro-brasileira (a capoeira, o samba de roda e o candomblé), ao mesmo tempo em que o personagem denuncia seu caráter alienante (o “feitiço religioso” considerado por Firmino como causa da passividade da comunidade diante da exploração da in- dústria pesqueira). Em 1963, publica o livro “Revisão Crítica do Cinema Brasileiro” e, no ano seguinte, lança seu filme mais importante: “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964). Neste lon- ga, Glauber Rocha amplia sua crítica social ao associar a miséria do sertão à explora- ção do trabalho do sertanejo e ao fervor religioso. No interior dessa divisão, Deus e Durante o ensino médio, em Salvador, frequenta o Clube de Cinema da Bahia, diri- gido pelo crítico Wal- ter da Silveira (1915- 1970). Entre 1956 e 1957, organiza no colégio as Jogralescas espetáculos com dra- matização de poemas modernistas; colabora como crítico em jor- nais; apresenta um programa de rádio sobre cinema e funda a produtora Yemanjá Filmes. FOTO: DIVULGAÇÃO 92 A RT E K LU B 93 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema O Dragão da Maldade Contra o Santo Guer- reiro O diretor é reconhe- cido por se apropriar de inovações formais do cinema moderno europeu para filmar a realidade dos cha- mados “países subde- senvolvidos”. O uso da câmera na mão, a montagem descontí- nua, a teatralização do espaço e da en- cenação, a presença cênica da natureza, o improviso dos ato- res são alguns dos recursos formais utilizados. Eles se incorporam às mani- festações da cultura popular, sobretudo às religiosas, e às ale- gorias políticas, dis- tanciando os filmes do cinema comercial. Diabo tornam-se forças sociais em conflito. A teatralidade do filme vinculada à literatu- ra de cordel é visível na sequência em que os personagens Corisco, Dadá, Manuel e Rosa aguardam o encontro com Antônio das Mortes. Como destaca Ismail Xavier (1947) “[...] câmera e atores se deslocam de modo a traduzir visualmente o que é dito nos versos, numa representação que funde o espaço das imagens e o espaço da can- ção de cordel”. A estreia do filme acontece alguns me- ses depois do golpe civil-militar, em abril de 1964, mas sua exibição é interditada pelo governo. Entretanto, com o êxito interna- cional no Festival de Cannes, o longa é li- berado para maiores de 18 anos. O diretor viaja pela Europa e América, permanecen- do fora do país até 1965, ano em que apre- senta o manifesto “Estética da Fome”. Na volta ao Brasil, é preso com outros sete intelectuais por protestar contra o regi- me militar em reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA). O episódio ga- nha repercussão internacional. Em 1966, realiza os documentários “Amazonas Ama- zonas” e “Maranhão 66”, que contribuem para a concepção estética e política do lon- ga seguinte, “Terra em Transe” (1967), com exibição proibida no país durante meses. A geografia da floresta amazô- nica e as imagens do comício po- pulista de José Sarney (1930) são reencontradas nesse longa. Como no filme anterior, “Terra em Tran- se” condensa nos personagens as forças sociais em conflito, desta vez no Brasil da primeira metade da década de 1960. E exibe aspec- tos grotescos da realidade brasi- leira e a distância entre política institucional e população. O filme tem grande repercussão e torna- -se referência cultural do final dos anos de 1960, influenciando pro- duções de cinema, teatro e músi- ca popular. Em 1969, realiza “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, retornando ao tema do cangaço, às manifes- tações da cultura sertaneja e ao personagem Antônio das Mortes. Com longos planos- -sequências e improviso dos atores, o filme alegoriza a con- juntura sociopolítica do Brasil da época. O dragão represen- ta os limites políticos de uma luta que parece extemporâ- nea à conjuntura nacional e à modernização conservadora da ditadura em fins dos anos 1960. 92 A RT E K LU B 93 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema O Dragão da Maldade Contra o Santo Guer- reiro O diretor é reconhe- cido por se apropriar de inovações formais do cinema moderno europeu para filmar a realidade dos cha- mados “países subde- senvolvidos”. O uso da câmera na mão, a montagem descontí- nua, a teatralização do espaço e da en- cenação, a presença cênica da natureza, o improviso dos ato- res são alguns dos recursos formais utilizados. Eles se incorporam às mani- festações da cultura popular, sobretudo às religiosas, e às ale- gorias políticas, dis- tanciando os filmes do cinema comercial. Diabo tornam-se forças sociais em conflito. A teatralidade do filme vinculada à literatu- ra de cordel é visível na sequência em que os personagens Corisco, Dadá, Manuel e Rosa aguardam o encontro com Antônio das Mortes. Como destaca Ismail Xavier (1947) “[...] câmera e atores se deslocam de modo a traduzir visualmente o que é dito nos versos, numa representação que funde o espaço das imagens e o espaço da can- ção de cordel”. A estreia do filme acontece alguns me- ses depois do golpe civil-militar, em abril de 1964, mas sua exibição é interditada pelo governo. Entretanto, com o êxito interna- cional noFestival de Cannes, o longa é li- berado para maiores de 18 anos. O diretor viaja pela Europa e América, permanecen- do fora do país até 1965, ano em que apre- senta o manifesto “Estética da Fome”. Na volta ao Brasil, é preso com outros sete intelectuais por protestar contra o regi- me militar em reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA). O episódio ga- nha repercussão internacional. Em 1966, realiza os documentários “Amazonas Ama- zonas” e “Maranhão 66”, que contribuem para a concepção estética e política do lon- ga seguinte, “Terra em Transe” (1967), com exibição proibida no país durante meses. A geografia da floresta amazô- nica e as imagens do comício po- pulista de José Sarney (1930) são reencontradas nesse longa. Como no filme anterior, “Terra em Tran- se” condensa nos personagens as forças sociais em conflito, desta vez no Brasil da primeira metade da década de 1960. E exibe aspec- tos grotescos da realidade brasi- leira e a distância entre política institucional e população. O filme tem grande repercussão e torna- -se referência cultural do final dos anos de 1960, influenciando pro- duções de cinema, teatro e músi- ca popular. Em 1969, realiza “O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro”, retornando ao tema do cangaço, às manifes- tações da cultura sertaneja e ao personagem Antônio das Mortes. Com longos planos- -sequências e improviso dos atores, o filme alegoriza a con- juntura sociopolítica do Brasil da época. O dragão represen- ta os limites políticos de uma luta que parece extemporâ- nea à conjuntura nacional e à modernização conservadora da ditadura em fins dos anos 1960. 94 A RT E K LU B 95 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Em “Terra em Transe”, o po- pulista Porfîrio Diaz (Paulo Autran) assume a presidência, promete igualdade social e se associa aos corruptos. FOTO DIVULGAÇÃO “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1963), “Terra em Transe” (1967) e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (1969) são três filmes paradigmáticos, nos quais uma crítica social feroz se alia a uma forma de filmar que pretendia cortar radicalmente com o estilo im- portado dos Estados Unidos. Essa pre- tensão era compartilhada pelos outros cineastas do Cinema Novo, corrente ar- tística nacional liderada principalmente por Rocha e grandemente influenciada pelo movimento francês Nouvelle Va- gue e pelo Neorrealismo italiano. Seu último filme, “A Idade da Terra”, é um afresco de episó- dios decisivos da his- tória da humanidade, projetados no Brasil do final da década de 1970. A narrativa fragmentada, o im- proviso dos atores, as cenas documentais e os planos-sequências procuram condensar a formação social do Brasil, dividida entre classe dirigente e po- pulação trabalhadora e expressa em mani- festações culturais e religiosas. Inspirada pela rea- lidade brasileira, es- pecialmente a de fora dos grandes centros urbanos, a filmogra- fia de Glauber Rocha é caracterizada sobre- tudo pela inovação da linguagem cinemato- gráfica e pela incan- sável denúncia políti- ca e social durante os anos de repressão. 94 A RT E K LU B 95 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Em “Terra em Transe”, o po- pulista Porfîrio Diaz (Paulo Autran) assume a presidência, promete igualdade social e se associa aos corruptos. FOTO DIVULGAÇÃO “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1963), “Terra em Transe” (1967) e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (1969) são três filmes paradigmáticos, nos quais uma crítica social feroz se alia a uma forma de filmar que pretendia cortar radicalmente com o estilo im- portado dos Estados Unidos. Essa pre- tensão era compartilhada pelos outros cineastas do Cinema Novo, corrente ar- tística nacional liderada principalmente por Rocha e grandemente influenciada pelo movimento francês Nouvelle Va- gue e pelo Neorrealismo italiano. Seu último filme, “A Idade da Terra”, é um afresco de episó- dios decisivos da his- tória da humanidade, projetados no Brasil do final da década de 1970. A narrativa fragmentada, o im- proviso dos atores, as cenas documentais e os planos-sequências procuram condensar a formação social do Brasil, dividida entre classe dirigente e po- pulação trabalhadora e expressa em mani- festações culturais e religiosas. Inspirada pela rea- lidade brasileira, es- pecialmente a de fora dos grandes centros urbanos, a filmogra- fia de Glauber Rocha é caracterizada sobre- tudo pela inovação da linguagem cinemato- gráfica e pela incan- sável denúncia políti- ca e social durante os anos de repressão. 96 A RT E K LU B 97 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Perseguição política Em 1971, com a radicalização do regime, Glauber partiu para o exílio, de onde nunca retornou total- mente. Em 1977, viveu seu maior trauma: a morte da irmã, a atriz Anecy Rocha, que, aos 34 anos, caiu em um fosso de elevador. Em 2014, documentos revelados pela Comissão da Verdade indicaram que o governo militar pre- tendia matar Glauber Rocha, que se encontrava exilado em Portugal. O relatório foi produzido pela Aeronáutica, e descreve Glauber como um dos líde- res da esquerda brasileira. A monitoração de Glau- ber era feita através de entrevistas que ele concedia a publicações europeias, criticando o governo mili- tar e a repressão promovida por ele, considerando seus depoimentos um “violento ataque ao país”. Morte Glauber faleceu vítima de septicemia, ou como foi declarado no atestado de óbito, de choque bac- teriano, provocado por broncopneumonia que o atacava havia mais de um mês, na Clínica Bambi- na, no Rio de Janeiro, depois de ter sido transferido de um hospital de Lisboa, capital de Portugal, onde permaneceu 18 dias internado. Residia havia me- ses em Sintra, cidade de veraneio portuguesa, e se preparava para rodar “Império de Napoleão”, a par- tir do argumento escrito em colaboração com Ma- nuel Carvalheiro, quando começou a passar mal. Curiosidades •O cineasta Martin Scor- sese nunca escondeu sua paixão pela arte de Glauber Rocha. Os dois estiveram juntos três vezes: em Nova York, Los Angeles e, por último, no Festival de Veneza em 1980. •Em 1976, o diretor fil- mou, sob protestos da fa- mília, o velório do pintor Di Cavalcanti. O material rendeu um curta, que foi proibido de ser exibido depois que a filha do artista entrou com uma ação na justiça. •Em 2004, o diretor Silvio Tendler finalizou “Glauber – O Filme Labi- rinto do Brasil”, que fala sobre a morte do cineas- ta. Demorou 21 anos para ficar pronto porque a família de Glauber demorou a autorizar sua realização. •Sua mãe mantém um acervo com mais de 80 mil documentos e ima- gens feitos pelo cineas- ta. Eles estão guardados na sede do instituto Tempo Glauber, no Rio de Janeiro. 96 A RT E K LU B 97 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Perseguição política Em 1971, com a radicalização do regime, Glauber partiu para o exílio, de onde nunca retornou total- mente. Em 1977, viveu seu maior trauma: a morte da irmã, a atriz Anecy Rocha, que, aos 34 anos, caiu em um fosso de elevador. Em 2014, documentos revelados pela Comissão da Verdade indicaram que o governo militar pre- tendia matar Glauber Rocha, que se encontrava exilado em Portugal. O relatório foi produzido pela Aeronáutica, e descreve Glauber como um dos líde- res da esquerda brasileira. A monitoração de Glau- ber era feita através de entrevistas que ele concedia a publicações europeias, criticando o governo mili- tar e a repressão promovida por ele, considerando seus depoimentos um “violento ataque ao país”. Morte Glauber faleceu vítima de septicemia, ou como foi declarado no atestado de óbito, de choque bac- teriano, provocado por broncopneumonia que o atacava havia mais de um mês, na Clínica Bambi- na, no Rio de Janeiro, depois de ter sido transferido de um hospital de Lisboa, capital de Portugal, ondepermaneceu 18 dias internado. Residia havia me- ses em Sintra, cidade de veraneio portuguesa, e se preparava para rodar “Império de Napoleão”, a par- tir do argumento escrito em colaboração com Ma- nuel Carvalheiro, quando começou a passar mal. Curiosidades •O cineasta Martin Scor- sese nunca escondeu sua paixão pela arte de Glauber Rocha. Os dois estiveram juntos três vezes: em Nova York, Los Angeles e, por último, no Festival de Veneza em 1980. •Em 1976, o diretor fil- mou, sob protestos da fa- mília, o velório do pintor Di Cavalcanti. O material rendeu um curta, que foi proibido de ser exibido depois que a filha do artista entrou com uma ação na justiça. •Em 2004, o diretor Silvio Tendler finalizou “Glauber – O Filme Labi- rinto do Brasil”, que fala sobre a morte do cineas- ta. Demorou 21 anos para ficar pronto porque a família de Glauber demorou a autorizar sua realização. •Sua mãe mantém um acervo com mais de 80 mil documentos e ima- gens feitos pelo cineas- ta. Eles estão guardados na sede do instituto Tempo Glauber, no Rio de Janeiro. 98 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Foi com “Terra em Transe” que se tornou reconhecido, conquistan- do o Prêmio da Crítica do Festival de Cannes, o Prêmio Luis Buñuel na Espanha, o Grande Prêmio do Júri da Juventude de Melhor Filme do Festival Internacional de Cinema de Locarno, e o Golfinho de Ouro de melhor filme do ano, no Rio de Janeiro. Outro filme premiado de Glauber foi “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro”, prêmio de melhor direção no Festival de Cannes e, outra vez, o Prêmio Luiz Buñuel na Espanha. O filme pode ser lido como uma grande parábola da história do Brasil no período 1960-66, na medida em que metaforiza em seus personagens diferentes tendências políticas presen- tes no Brasil no contexto. Realiza uma exaustiva crítica de todos aqueles que participaram desse processo, incluindo as diferentes correntes da chamada esquerda brasileira. Esse foi um dos motivos pelos quais foi tão mal recebi- do pela crítica e pelos intelectuais na- cionais. FILME TERRA EM TRANSE Em abril de 1967, o filme foi proibido em todo o território nacional, por ser considerado subver- sivo e irreverente com a Igreja e só foi liberado com a condição de que fosse dado um nome ao padre interpretado por Jofre Soares. Porfirio Díaz foi o nome de um ditador que governou o México por 31 anos. Em novembro de 2015 o filme entrou na lista feita pela Associação Brasilei- ra de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 me- lhores filmes brasileiros de todos os tempos. O filme esteve proibido pela censura fascista por- tuguesa até 1974. Ideias e RevoluçõesSérieS Saiba mais Curiosidades Análise: no divã BAIXE JÁ! na sua banca virtual 10 0 A RT E K LU B 10 1 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Alfred Hitchcock, 1956 ALFRED JOSEPH HITCHCOCK FO N TE S © W IK IM ED IA C O M M O N S E EN C IC LO PÉ D IA B RI TA N N IC A Amplamente considerado um dos mais reverenciados e influentes cineastas de todos os tempos, Hitchcock foi eleito pelo The Telegraph o maior diretor da história da Grã-Bretanha e, pela Enter- tainment Weekly, o maior do cinema mundial. Em 2002, Hitchcock foi eleito o segundo maior di- retor da história do cinema no consenso entre os críti- cos e os diretores pesquisa- dos pela Sight & Sound e o British Film Institute, atrás apenas de Orson Welles, e uma pesquisa do site They Shoot Pictures o situa como o cineasta mais acla- mado de todos os tempos. Conhecido como “o Mes- tre do Suspense”, dirigiu 53 longas-metragens ao longo de seis décadas de carreira. Tornou-se tam- bém famoso por conta de diversas entrevistas, das frequentes aparições em seus filmes (cameo) e da apresentação do progra- ma Alfred Hitchcock Pre- sents (1955-1965). FOTO: FRED PALUMBO 10 0 A RT E K LU B 10 1 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Alfred Hitchcock, 1956 ALFRED JOSEPH HITCHCOCK FO N TE S © W IK IM ED IA C O M M O N S E EN C IC LO PÉ D IA B RI TA N N IC A Amplamente considerado um dos mais reverenciados e influentes cineastas de todos os tempos, Hitchcock foi eleito pelo The Telegraph o maior diretor da história da Grã-Bretanha e, pela Enter- tainment Weekly, o maior do cinema mundial. Em 2002, Hitchcock foi eleito o segundo maior di- retor da história do cinema no consenso entre os críti- cos e os diretores pesquisa- dos pela Sight & Sound e o British Film Institute, atrás apenas de Orson Welles, e uma pesquisa do site They Shoot Pictures o situa como o cineasta mais acla- mado de todos os tempos. Conhecido como “o Mes- tre do Suspense”, dirigiu 53 longas-metragens ao longo de seis décadas de carreira. Tornou-se tam- bém famoso por conta de diversas entrevistas, das frequentes aparições em seus filmes (cameo) e da apresentação do progra- ma Alfred Hitchcock Pre- sents (1955-1965). FOTO: FRED PALUMBO 10 2 A RT E K LU B 10 3 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema O estilo hitchcockiano inclui o uso de movimento de câmera para emular o olhar de uma pessoa, tornando os espectadores em voyeurs, e conceben- do planos para maximizar a ansiedade e o medo. O crítico de cinema Robin Wood disse que o significado de um filme de Hit- chcock “está no método, na progressão de plano a plano. Um filme de Hitchcock é um organismo, com o todo manifestando-se em cada detalhe e cada detalhe estando li- gado ao todo”. Até 1960 Hitchcock já havia dirigido quatro filmes recorrentemente classificados entre os melhores de todos os tempos: “Rear Window” (1954), “Vertigo” (1958), “North by North- west” (1959) e “Psycho” (1960). Em 1979 ele recebeu o AFI Life Achievement Award e, em dezembro do mesmo ano, o título de cavalhei- ro da Ordem do Império Britânico — quatro meses antes de sua morte. Em 1920, aos vinte e um anos, o jovem leu em uma revista que uma empresa de cinema dos Estados Unidos, a Famous Players-Lasky Company, iria criar um estúdio em Londres. Hitchcock apresentou-se nos escritórios da Fa- mous levando consigo alguns esboços de le- treiros para filmes mudos que tinha projetado com a ajuda de seu chefe no departamento de publicidade da Henley. Nascido nos arre- dores de Londres, Hitchcock ingressou na indústria cinema- tográfica em 1919, como designer de intertítulos. Seu pri- meiro filme de suces- so, “The Lodger: A Story of the London Fog” (1927), ajudou a conceber o gêne- ro suspense; de ou- tro modo, o filme “Blackmail” (1929), foi o primeiro filme britânico falado. Por volta de 1939, Hitch- cock já era reconhe- cido internacional- mente e o produtor americano David O. Selznick o conven- ceu a mudar-se para Hollywood. Deu-se, então, uma série de filmes de sucesso. FO TO : D IV U LG A Ç Ã O 10 2 A RT E K LU B 10 3 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema O estilo hitchcockiano inclui o uso de movimento de câmera para emular o olhar de uma pessoa, tornando os espectadores em voyeurs, e conceben- do planos para maximizar a ansiedade e o medo. O crítico de cinema Robin Wood disse que o significado de um filme de Hit- chcock “está no método, na progressão de plano a plano. Um filme de Hitchcock é um organismo, com o todo manifestando-se em cada detalhe e cada detalhe estando li- gado ao todo”. Até 1960 Hitchcock já havia dirigido quatro filmes recorrentemente classificados entre os melhores de todos os tempos: “Rear Window” (1954), “Vertigo” (1958), “North by North- west” (1959) e “Psycho” (1960). Em 1979 ele recebeu o AFI Life Achievement Award e, em dezembro do mesmo ano, o título de cavalhei- ro da Ordem do Império Britânico — quatro meses antes de sua morte. Em 1920, aos vinte e um anos, o jovem leu em uma revista que uma empresa de cinema dos Estados Unidos, a Famous Players-Lasky Company,iria criar um estúdio em Londres. Hitchcock apresentou-se nos escritórios da Fa- mous levando consigo alguns esboços de le- treiros para filmes mudos que tinha projetado com a ajuda de seu chefe no departamento de publicidade da Henley. Nascido nos arre- dores de Londres, Hitchcock ingressou na indústria cinema- tográfica em 1919, como designer de intertítulos. Seu pri- meiro filme de suces- so, “The Lodger: A Story of the London Fog” (1927), ajudou a conceber o gêne- ro suspense; de ou- tro modo, o filme “Blackmail” (1929), foi o primeiro filme britânico falado. Por volta de 1939, Hitch- cock já era reconhe- cido internacional- mente e o produtor americano David O. Selznick o conven- ceu a mudar-se para Hollywood. Deu-se, então, uma série de filmes de sucesso. FO TO : D IV U LG A Ç Ã O 10 4 A RT E K LU B 10 5 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Hitchcock mudou- -se para os Estados Unidos em 1939 e tornou-se cidadão norte-americano em 1955. “Vertigo” (“Um Corpo Que Cai”) foi lançado no auge da fama do diretor, po- rém não foi muito bem recebido pela crítica. “Vertigo” é reconhecido por ter influenciado vários diretores e roteiristas nas décadas seguin- tes. O filme foi eleito entre os cem melho- res filmes de todos os tempos pelo Ins- tituto Americano do Cinema em 1998. Imediatamente, a empresa o contratou como desenhista de letreiros. No primeiro ano traba- lhou como letrista em vários filmes, e no ano seguinte passou a ser responsável por cená- rios e pequenos diálogos em novos filmes. Ele escrevia sob a direção de George Fitzmaurice, que também lhe ensinou as primeiras técnicas de filmagem. Em 1925, Balcon lhe propôs dirigir uma co-produção anglo-alemã intitulada “The Pleasure Garden”. Era sua primeira oportu- nidade como diretor. O resultado, agradou os dirigentes do estúdio e naquele mesmo ano ele veio a dirigir outros dois filmes “The mountain eagle” (que não existe mais, o que apenas sobrou foram seis fotos), “The Lodger: A Story of the London Fog”, foi seu início no suspense, que mostra a história de uma família que desconfia que seu in- quilino seja Jack, o Estripador. O três filmes estrearam em 1927. Em 2 de dezembro de 1926 casou-se com Alma Reville, conhecida nos estúdios, de acordo com rituais católi- cos e se estabeleceram em Cromwell Road, em Londres. Na estreia, os filmes foram bem recebidos pelo público e críticos. Neles, o diretor apa- recia discretamente como figurante, sem ser incluído como parte do elenco ou roteiro, era a sua maneira de assinatura em seus filmes, que mais tarde se tornou tão popular. Aproveitando o sucesso, ele mudou de pro- dutora, e no final de 1927 filmou “The Ring”, ele tam- bém assinava o roteiro do filme que foi produzido pela British International Pictu- res. Com este filme se tor- nou um dos diretores mais conhecidos da Inglaterra e deu início ao seu caminho para a fama internacional. A estreia de Alfred Hit- chcock em Hollywood foi “Psycho” (“Psicose”), de 1960, ajudou a mudar a abordagem cinematográfica sobre o terror. A reação do público foi impressionante, com filas que dobra- vam os quarteirões e muita gritaria na plateia nas cenas mais aterrorizantes. O filme teve como protagonista Janet Leigh, Anthony Perkins e Vera Miles, venceu o Globo de Ouro na categoria melhor atriz coadjuvante (Janet Leigh). O filme trouxe uma das cenas mais co- nhecidas da história do cinema, a famo- sa cena do chuveiro, quando a perso- nagem de Janet Leigh é assassinada a facadas. O filme ficou na décima oitava posição entre os 100 melhores filmes do Instituto de Cinema Americano. 10 4 A RT E K LU B 10 5 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema Hitchcock mudou- -se para os Estados Unidos em 1939 e tornou-se cidadão norte-americano em 1955. “Vertigo” (“Um Corpo Que Cai”) foi lançado no auge da fama do diretor, po- rém não foi muito bem recebido pela crítica. “Vertigo” é reconhecido por ter influenciado vários diretores e roteiristas nas décadas seguin- tes. O filme foi eleito entre os cem melho- res filmes de todos os tempos pelo Ins- tituto Americano do Cinema em 1998. Imediatamente, a empresa o contratou como desenhista de letreiros. No primeiro ano traba- lhou como letrista em vários filmes, e no ano seguinte passou a ser responsável por cená- rios e pequenos diálogos em novos filmes. Ele escrevia sob a direção de George Fitzmaurice, que também lhe ensinou as primeiras técnicas de filmagem. Em 1925, Balcon lhe propôs dirigir uma co-produção anglo-alemã intitulada “The Pleasure Garden”. Era sua primeira oportu- nidade como diretor. O resultado, agradou os dirigentes do estúdio e naquele mesmo ano ele veio a dirigir outros dois filmes “The mountain eagle” (que não existe mais, o que apenas sobrou foram seis fotos), “The Lodger: A Story of the London Fog”, foi seu início no suspense, que mostra a história de uma família que desconfia que seu in- quilino seja Jack, o Estripador. O três filmes estrearam em 1927. Em 2 de dezembro de 1926 casou-se com Alma Reville, conhecida nos estúdios, de acordo com rituais católi- cos e se estabeleceram em Cromwell Road, em Londres. Na estreia, os filmes foram bem recebidos pelo público e críticos. Neles, o diretor apa- recia discretamente como figurante, sem ser incluído como parte do elenco ou roteiro, era a sua maneira de assinatura em seus filmes, que mais tarde se tornou tão popular. Aproveitando o sucesso, ele mudou de pro- dutora, e no final de 1927 filmou “The Ring”, ele tam- bém assinava o roteiro do filme que foi produzido pela British International Pictu- res. Com este filme se tor- nou um dos diretores mais conhecidos da Inglaterra e deu início ao seu caminho para a fama internacional. A estreia de Alfred Hit- chcock em Hollywood foi “Psycho” (“Psicose”), de 1960, ajudou a mudar a abordagem cinematográfica sobre o terror. A reação do público foi impressionante, com filas que dobra- vam os quarteirões e muita gritaria na plateia nas cenas mais aterrorizantes. O filme teve como protagonista Janet Leigh, Anthony Perkins e Vera Miles, venceu o Globo de Ouro na categoria melhor atriz coadjuvante (Janet Leigh). O filme trouxe uma das cenas mais co- nhecidas da história do cinema, a famo- sa cena do chuveiro, quando a perso- nagem de Janet Leigh é assassinada a facadas. O filme ficou na décima oitava posição entre os 100 melhores filmes do Instituto de Cinema Americano. 10 6 A RT E K LU B 10 7 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema “The Birds” (“Os Pássaros” ), de 1963 é baseado num conto de mesmo nome da escritora britânica Daphne Du Mau- rier e é protago- nizado por Rod Taylor, Jessica Tandy e Tippi He- dren, esta última uma descoberta de Hitchcock. O filme inovou na trilha sonora e em efeitos especiais, e por este último motivo foi nomea- do para o Oscar. Tippi Hedren, mãe da futura atriz Melanie Griffith, ganhou o Globo de Ouro. com “Rebecca” (1940), que veio a vencer o Oscar de melhor filme. Este foi o único filme do diretor a ganhar um Oscar nessa catego- ria. A obra gira em torno do romance entre um rico viúvo e uma inocente jovem, que acabam se casando rapidamente. Tudo pa- recia perfeito, até que Rebecca, a falecida es- posa, volta para assombrar a jovem. O elen- co do filme contava com Laurence Olivier e Joan Fontaine, ambos indicados ao Oscar por suas atuações. Na década de 1940, os filmes de Hitchcock tornaram-se mais diversificados, passando pelo gênero da comédia em “Mr. & Mrs. Smith” (“Um Casal do Barulho” - de 1941), ao filme noir em “Shadow of a Doubt” (“A Sombra de Uma Dúvida”, de 1943) e a ficção sobre leis em “The Paradine Case” (“Agonia de Amor”), de 1947. O suspense de Hitchcock trouxe inova- ções técnicas nas posições e movimentos das câmeras, nas elaboradas edições e nas surpreendentes trilhas sonoras que realçamos efeitos de suspense e terror. O clima de suspense é acentuado pelo uso de música forte e dos efeitos de luz. Em “Psycho”, so- mente o espectador vê a porta se entreabrir, esperando algo acontecer enquanto o dete- tive sobe a escada. Hitchcock usou em vários de seus filmes o que é conhecido como cameo (literalmente camafeu, significando uma “participação es- 10 6 A RT E K LU B 10 7 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema “The Birds” (“Os Pássaros” ), de 1963 é baseado num conto de mesmo nome da escritora britânica Daphne Du Mau- rier e é protago- nizado por Rod Taylor, Jessica Tandy e Tippi He- dren, esta última uma descoberta de Hitchcock. O filme inovou na trilha sonora e em efeitos especiais, e por este último motivo foi nomea- do para o Oscar. Tippi Hedren, mãe da futura atriz Melanie Griffith, ganhou o Globo de Ouro. com “Rebecca” (1940), que veio a vencer o Oscar de melhor filme. Este foi o único filme do diretor a ganhar um Oscar nessa catego- ria. A obra gira em torno do romance entre um rico viúvo e uma inocente jovem, que acabam se casando rapidamente. Tudo pa- recia perfeito, até que Rebecca, a falecida es- posa, volta para assombrar a jovem. O elen- co do filme contava com Laurence Olivier e Joan Fontaine, ambos indicados ao Oscar por suas atuações. Na década de 1940, os filmes de Hitchcock tornaram-se mais diversificados, passando pelo gênero da comédia em “Mr. & Mrs. Smith” (“Um Casal do Barulho” - de 1941), ao filme noir em “Shadow of a Doubt” (“A Sombra de Uma Dúvida”, de 1943) e a ficção sobre leis em “The Paradine Case” (“Agonia de Amor”), de 1947. O suspense de Hitchcock trouxe inova- ções técnicas nas posições e movimentos das câmeras, nas elaboradas edições e nas surpreendentes trilhas sonoras que realçam os efeitos de suspense e terror. O clima de suspense é acentuado pelo uso de música forte e dos efeitos de luz. Em “Psycho”, so- mente o espectador vê a porta se entreabrir, esperando algo acontecer enquanto o dete- tive sobe a escada. Hitchcock usou em vários de seus filmes o que é conhecido como cameo (literalmente camafeu, significando uma “participação es- 10 8 A RT E K LU B 10 9 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema pecial”, em português), onde uma pes- soa famosa aparece em um filme. Porém, nos filmes de Hitchcock, quem aparecia era ele próprio. Ele é visto em aparições breves, geralmente no início de seus fil- mes. Para não distrair o público do enre- do principal, no decorrer de sua obra o diretor passou a aparecer logo no início dos filmes. Doris Day, que protagonizou “O Homem que Sabia Demais”, acredita- va que o diretor estava mais ocupa- do com as câmaras e as luzes do que propriamente com a sua atuação. Per- turbada pela situação, a atriz acabou, mais tarde, por confrontar Hitchcock. Ele confessou que não tinha razões para se preocupar com a sua atuação, e revelou: “Minha querida Miss Day, se não me desse aquilo que eu queria, aí teria o trabalho de a dirigir!”, retrucou o realizador à atriz. Em 1980 Alfred Hitchcock recebeu a KBE da Ordem do Império Britânico, das mãos da Rainha Elizabeth II. Ele morreu quatro meses depois, de insuficiência renal, em sua casa em Los Angeles. O corpo de Hitchcok foi cremado, e suas cinzas espalhadas. A sua mulher Alma Reville morreu dois anos depois. Curiosidades Várias são as cenas inesque- cíveis que fazem parte do seu currículo: o chuveiro em “Psycho” o ataque na bomba de gasolina em “Os Pássa- ros”... Veja algumas curiosida- des. •Apesar de ser um dos mais conhecidos realizadores da história do cinema, Alfred Hit- chcock nunca chegou a levar uma das estatuetas do Oscar para casa. O cineasta foi no- meado algumas vezes, atra- vés de filmes como “Rebecca” (vencedor de Melhor Filme), “Lifeboat” ou “Rear Window”. •”Psycho” é um marco na história do cinema. O final do filme tem uma reviravolta muito inesperada, que Hit- chcock não queria que fosse revelada. Para evitar que a surpresa fosse estragada, o realizador proibiu a entrada de qualquer pessoa na sala de cinema se a transmissão já tivesse começado. 10 8 A RT E K LU B 10 9 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema pecial”, em português), onde uma pes- soa famosa aparece em um filme. Porém, nos filmes de Hitchcock, quem aparecia era ele próprio. Ele é visto em aparições breves, geralmente no início de seus fil- mes. Para não distrair o público do enre- do principal, no decorrer de sua obra o diretor passou a aparecer logo no início dos filmes. Doris Day, que protagonizou “O Homem que Sabia Demais”, acredita- va que o diretor estava mais ocupa- do com as câmaras e as luzes do que propriamente com a sua atuação. Per- turbada pela situação, a atriz acabou, mais tarde, por confrontar Hitchcock. Ele confessou que não tinha razões para se preocupar com a sua atuação, e revelou: “Minha querida Miss Day, se não me desse aquilo que eu queria, aí teria o trabalho de a dirigir!”, retrucou o realizador à atriz. Em 1980 Alfred Hitchcock recebeu a KBE da Ordem do Império Britânico, das mãos da Rainha Elizabeth II. Ele morreu quatro meses depois, de insuficiência renal, em sua casa em Los Angeles. O corpo de Hitchcok foi cremado, e suas cinzas espalhadas. A sua mulher Alma Reville morreu dois anos depois. Curiosidades Várias são as cenas inesque- cíveis que fazem parte do seu currículo: o chuveiro em “Psycho” o ataque na bomba de gasolina em “Os Pássa- ros”... Veja algumas curiosida- des. •Apesar de ser um dos mais conhecidos realizadores da história do cinema, Alfred Hit- chcock nunca chegou a levar uma das estatuetas do Oscar para casa. O cineasta foi no- meado algumas vezes, atra- vés de filmes como “Rebecca” (vencedor de Melhor Filme), “Lifeboat” ou “Rear Window”. •”Psycho” é um marco na história do cinema. O final do filme tem uma reviravolta muito inesperada, que Hit- chcock não queria que fosse revelada. Para evitar que a surpresa fosse estragada, o realizador proibiu a entrada de qualquer pessoa na sala de cinema se a transmissão já tivesse começado. 11 0 A RT E K LU B TOP 11 ARTES: 7a arte - cinema O roteiro foi escrito por Joseph Stefano, baseado no romance homônimo de Robert Bloch, que por sua vez fora vagamente inspirado nos crimes do assassino de Wisconsin, Ed Gein. Hitchcock comprou anonimamente os direitos do livro de Robert Bloch, que deu origem ao roteiro do filme; ele pa- gou onze mil dólares e depois comprou todas as cópias disponíveis no mercado para que ninguém o lesse e, consequen- temente, seu final não fosse revelado. “Psicose” custou 800 mil dólares e fatu- rou 60 milhões de dólares nas bilheterias do mundo inteiro. “Psicose” recebeu inicialmente críticas mistas, mas, em razão da excelente bilhe- teria, o filme obteve uma reconsideração que o levou à aclamação da crítica e qua- tro nomeações ao Oscar, incluindo Me- lhor Atriz Coadjuvante para Janet Leigh e Melhor Diretor para Hitchcock. Em 1992, a Biblioteca do Congresso, considerou o filme “culturalmente, histo- ricamente, ou esteticamente significan- te” e selecionou-o para preservação no National Film Registry. FILME PSYCHO Hoje é considerado um dos melhores filmes de Hitchcock e elogiado como uma obra de arte cinematográfica por crí- ticos internacionais de cinema e estudiosos da área. Classificado entre os melhores filmes de todos os tempos, ele estabeleceu um novo nível de aceitabilidade para a violência, com- portamento desviante e sexualidade nos fil- mes americanos. Após a morte de Hitchcock, a Universal Studios distribuiu três sequên- cias, um telefilme, um remake e uma série de TV. BAIXE JÁ! na sua banca virtual AS 11 ARTES NUMERAÇÃO DAS ARTES IL U ST RA Ç Õ ES : F RE EP IK O termo “Belas Artes”, constan- te na Enciclopédia de Diderot e d’Alembert, aludia a quatro artes: Arquitetura, Escultura,Pintura e Gravura. Hegel, na obra “Estética”, estabeleceu uma escala decrescen- te e de expressividade crescente, distinguindo seis artes: Arquitetura, Escultura, Pintura, Música, Dança e Poesia. O termo “sétima arte”, usado para designar o cinema, foi estabelecido por Ricciotto Canudo no “Manifesto das Sete Artes”, em 1912 (publicado apenas em 1923). Posteriormente, fo- ram propostas outras formas de arte. Presentemente, esta é a numera- ção das artes mais consensual, ape- nas indicativa, em que cada uma é ca- racterizada pelos elementos básicos que formatam a sua linguagem. Fo- ram classificadas da seguinte forma: 1a arte – Música (som) 2a arte - Artes Cênicas- Teatro, Dança,Coreografia (movimento) 3a arte – Pintura (cor) 4a arte - Escultura (volume) 5a arte – Arquitetura (espaço) 6a arte – Literatura (palavra) 7a arte – Cinema (animação) 8a arte – Fotografia (imagem) 9a arte - História em Quadrinhos 10a arte - Jogos de Vídeo (games) 11a arte - Arte Digital (artes gráficas) Você já deve ter ouvido por aí a expressão “sétima arte” para designar o cinema. Mas você sabe quais são as outras seis? Será que existem a 8ª, 9ª... Todo mês em ARTE KLUB, acompanhe um pot-pourri das onze artes, com artistas inspiradores, imagens incríveis, obras únicas e muita criatividade. Enfim, divirta-se! Cantinho do Chef Restaurante Sallero Ceviche Peruano Receitas •Bolinho de Siri Gurjão de Peixe com Chips •Lula empanada •Petit Gateau •Fetuccine de camarão com molho cremoso do mar DEFICIÊNCIA DE FERRO É COISA SÉRIA! OS BENEFÍCIOS DAS FRUTAS VERMELHAS BAIXE JÁ! na sua banca virtual Ideias e RevoluçõesSérieS Saiba mais Curiosidades Personagens BAIXE JÁ! na sua banca virtual